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DENISE LIMA DA SILVA

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

DENISE LIMA DA SILVA

PRODUÇÃO TEXTUAL
“A Base Nacional Comum Curricular e as práticas pedagógicas”

Brasília de Minas - MG
2021
PRODUÇÃO TEXTUAL
“A Base Nacional Comum Curricular e as práticas pedagógicas”

Trabalho apresentado à Universidade Norte do Paraná,


como requisito parcial à aprovação no 2º semestre do
curso de Licenciatura em Pedagogia.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3
DESENVOLVIMENTO 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS 10
REFERÊNCIAS 11
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INTRODUÇÃO

Com origem em movimentos sociais, em tempos e contextos históricos


peculiares as tendências pedagógicas influenciaram as práticas pedagógicas e
buscaram atender às expectativas da sociedade, seja das classes dominantes ou
dos trabalhadores. Neste sentido, o objetivo, deste trabalho, é possibilitar apresentar
o conhecimento e conceitos das tendências.
As discussões em torno da construção de bases gerais para a elaboração dos
currículos da escola básica ocorreram em diferentes momentos da história da
educação nacional e se tornaram mais recorrentes na década de 1990, sendo objeto
de grande interesse dos órgãos diretores da educação, que as conduziam, dentre
outras razões, devido à necessidade de mudanças que visavam a democratização e
a modernização do ensino (GONTIJO, 2015).
O propósito deste trabalho é direcionado, então, da seguinte maneira:
apresentar as tendências pedagógicas e identificar a concepção pedagógica da
BNCC, em consonância com as tendências pedagógicas.
Para tratar do conceito de competência presente na BNCC e das tendências
pedagógicas, além dos textos dos documentos oficiais, buscamos consultar as
diversas literaturas que possuem ideias compatíveis às encontradas no documento
da base.
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DESENVOLVIMENTO

As Tendências Pedagógicas tiveram seu início no século XIX, com forte


influência das ideias da Revolução Francesa (1789), tais influências são:
“igualdade, liberdade, fraternidade”. Com algumas, contribuições do liberalismo do
ocidente e do capitalismo. Para tais tendências, a educação e o saber já adquiridos
(conteúdos) tem mais valia do que a vivencia pelos educandos no contexto
educacional. Essa concepção contribuiu para manter o saber como instrumento de
poder entre dominador e dominado.
Luckesi (1991) considera como tendência pedagógica diversas teorias
filosóficas que pretendem compreender e orientar práticas educacionais em diversos
momentos e circunstâncias da história humana na educação brasileira.
Ainda segundo Luckesi (1994), as concepções pedagógicas pretendem dar
conta da compreensão e da orientação dessa prática educacional em diversos
momentos e circunstâncias da história humana.
Libâneo (1989) classifica as pedagogias em dois grandes grupos: Pedagogia
Liberal (tradicional; renovadora progressivista; renovadora não diretiva e tecnicista) e
Pedagogia Progressista (libertadora; libertária e crítico-social dos conteúdos).
Os jesuítas, que foram os precursores da educação no Brasil, trouxeram a
tendência tradicional, onde o principal objetivo da escola é preparar os alunos para
assumirem papeis na sociedade, visto que quem tinha acesso à educação eram os
filhos dos burgueses, a escola tinha como papel principal de repassar o
conhecimento moral e intelectual, garantindo assim a ascensão da burguesia. Esse
modelo de educação é centrado na figura do professor, incontestável, o único que é
detentor do saber, e que tem a capacidade de repassar aos alunos.
As aulas são baseadas na memorização dos conteúdos, os alunos são
formados para serem sujeitos acríticos e passivos. A avaliação é usada como
instrumento de punição, onde a nota é reduzida, caso o aluno apresente um
comportamento inadequado.
Infelizmente, essa tendência ainda é utilizada por muitos professores. Os
educadores são fruto da formação escolar, social e política, refletindo na sua pratica
pedagógica, quando o educador não reflete sobre a sua pratica pedagógica, cria-se
um ciclo: formado sem reflexão – formo alunos sem reflexão.
Na Tendência Renovada a educação escolar assume o propósito de levar o
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aluno a aprender e construir conhecimento, considerando as fases do seu


desenvolvimento. Os conteúdos escolares passam a adequar-se aos interesses,
ritmos e fases de raciocínio do aluno. Sua proposta metodológica tem como
característica os experimentos e as pesquisas. O professor deixa de ser um mero
expositor e assume o papel de elaborar situações desafiadoras da aprendizagem. A
aprendizagem é construída através de planejamentos e testes. O professor passa a
respeitar e a atender as necessidades individuais dos alunos.
A Tendência Tecnicista começa a ganhar destaque no final dos anos 60,
quando do desprestígio da Escola Renovada, momento em que mais uma vez, sob a
força do regime militar no país, as elites dão destaque a um outro tipo de ensino,
sendo direcionado às grandes massas, no intuito de se manterem na posição de
dominação. Seu principal objetivo era atender aos interesses da sociedade
capitalista, inspirada especialmente na teoria behaviorista, corrente
comportamentalista organizada por Skinner que traz como verdade inquestionável a
neutralidade científica e a transposição dos acontecimentos naturais à sociedade.
Conhecida como Tecnismo Educacional, tem inspirações nas teorias da
aprendizagem e no ensino de forma sistêmica. As ações dos alunos e professores
são controladas, as atividades são repetitivas, totalmente programadas, e sem
nenhuma reflexão. Essa tendência pedagógica defende a racionalidade, a eficiência
e a produtividade. A educação é subordinada a sociedade capitalista.
Com o fim do regime militar, nos anos 70 e 80, ocorreu uma grande
mobilização dos educadores, a fim de implementar uma educação crítica, com o
objetivo de superar as desigualdades presentes na sociedade, desse movimento
nasce a Pedagogia Libertadora.
Nessa tendência, a educação é centrada na discussão de temas sociais e
políticos, o professor atua como um coordenador das atividades, organizando e
atuando em conjunto com os alunos. Paulo Freire, educador e filósofo, era um dos
defensores dessa tendência, sua luta é por uma educação que conscientize o aluno,
trazendo problemas da realidade social, e na luta pela transformação da sociedade
capitalista.
A tendência Progressista Libertária é contra o autoritarismo e a favor do
autogerenciamento. Como o próprio nome diz, ela dá liberdade para o aluno. Ele
aprende principalmente com base na troca do grupo, o que ajuda bastante na
transformação da sua personalidade, para que se torne mais independente.
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Entre as tendências pedagógicas progressistas, temos também a histórica-


crítica, que propõe a interação entre o conteúdo e a realidade que se vive. Para os
defensores dessa ideia, isso ajudaria a transformar a sociedade, sem aquele modelo
tradicional de ensino que fica ligado só na reprodução do conteúdo.
A avaliação vem com um diagnóstico contínuo, a fim recolher dados sobre o
desenvolvimento dos alunos. A ideia é que essas informações sirvam como base
para adaptar a prática pedagógica. Ela ainda coloca o estudante a par dos
resultados como agente da mudança.
Diante disso tudo qual é a relação entre a Base Nacional Comum Curricular e
as tendências pedagógicas?
Sobre o conceito e a finalidade da BNCC:
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
é um documento de caráter normativo que define o
conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens
essenciais que todos os alunos devem desenvolver
ao longo das etapas e modalidades da Educação
Básica, de modo a que tenham assegurados seus
direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em
conformidade com o que preceitua o Plano
Nacional de Educação (PNE). (BRASIL, 2017, p. 7,
grifo original do documento).
Os objetivos da BNCC é ajudar a superar a lacunas das políticas
educacionais, possibilitar o fortalecimento do regime de colaboração entre as três
esferas de governo e atuar como sustentação na qualidade da educação.
A necessidade de uma base comum curricular em nível nacional vinha sendo
apontada há anos e trazida a cada novo documento, reforçando sua necessidade;
até que, em 2015, se obteve uma versão preliminar da base, tendo sua versão final
homologada dois anos depois.
A ideia de uma base comum curricular nacional surge com a LDB (BRASIL,
1996, Art. 261), a ser complementada, nos sistemas de ensino e em cada escola,
por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.
Apesar de a BNCC não deixe claro qual é o seu referencial teórico, é
possível, por meio da leitura de seu texto, encontrar sinais que nos indiquem em que
concepção pedagógica o documento está fundamentado na Pedagogia das
Competências. Um dos conceitos presentes na BNCC e que embasa sua
constituição é o de competências. De acordo com o próprio documento:
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Na BNCC, competência é definida como a


mobilização de conhecimentos (conceitos e
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
(BRASIL, 2017, p. 8, grifo original do
documento).
A BNCC fundamenta sua concepção pedagógica no
desenvolvimento de competências, previsto na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB 9.394/96). As competências estabelecem não só aquilo que o
estudante “deve saber”, mas principalmente o que deve “saber fazer”, ao estimular
conhecimentos, atitudes, habilidades e valores e ao lidar com situações da vida
cotidiana.

A Tendência Progressista Libertadora, proposta por Paulo Freire que


orienta práticas não-formais de educação é voltada na transformação da realidade
social, é uma referência para questionar as relações de trabalho objetivando a
conscientização da classe social excluída de direitos econômicos e sociais para se
engajarem na luta pela melhoria de suas condições de vida (LIBÂNEO, 1994). Esta
tendência objetivava um ensino voltado para a denúncia dos meios de opressão da
classe dominante. Juntamente com esse conceito temos a educação integral da
BNCC, prezando pelo pleno desenvolvimento do indivíduo em todas as suas
dimensões formativas: intelectual, física, afetiva, social e cultural.

Uma Pedagogia progressista Libertária é uma pedagogia de


liberdade no sistema escolar, o indivíduo é visto como produto social. Essa
pedagogia valoriza a autogestão, acredita na liberdade total, com isso dá mais
importância no processo aprendizagem e nos conteúdos do ensino para o aluno. Em
consonância com essa tendência a BNCC estimula a autonomia do aluno, que é de
extrema importância para sua educação integral, pois somente o acúmulo de
informações não oferece as necessidades essenciais para o aluno atuar na
sociedade, como: Reconhecer-se em seus contextos histórico e cultural. Comunicar-
se de forma assertiva. Ser criativo.

A Tendência Histórica-Crítica tem por proposta a ação pedagógica


fundamentada na articulação entre a teoria e a prática (práxis), contribuindo para
que os ultrapassem a visão imediata dos fenômenos. Diante de tais fundamentos,
ousamos afirmar que se trata de uma “ teoria pedagógica revolucionária”. A BNCC
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traz a aprendizagem significativa, onde a aprendizagem ocorre quando uma nova


ideia se relaciona aos conhecimentos prévios, em uma situação relevante para o
estudante, proposta pelo professor. Nesse processo, o estudante amplia e atualiza a
informação anterior, atribuindo novos significados a seus conhecimentos.

As tendências pedagógicas podem não estar inseridas diretamente


na BNCC, contudo ao analisarmos as competências da BNCC encontramos
resquícios das abordagens pedagógicas.

b) Elabore uma apresentação contendo posturas e propostas que caminham


em direção ao desenvolvimento de cada uma das competências gerais indicadas na
BNCC.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante destacar que as tendências predominaram em determinado


período histórico, mas não significa que deixaram de coexistir no momento em que
outra tendência começava a ser desenvolvida, pensar dessa forma seria simplificar
demais as complexidades da educação.
Como qualquer outro documento norteador, a BNCC se coloca como um
documento normativo necessário e de constituição coletiva e amplamente discutida,
ao menos de acordo com os apontamentos dos documentos anteriores a ela. O que
nos inquieta, contudo, é compreender qual a verdadeira intenção de um currículo
nacional, pois se quer hegemonia ou treinamento, conforme discutimos
anteriormente.
É importante destacar que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não é
um currículo, mas sim um orientador curricular. Cabe aos estados e municípios
elaborarem seus currículos a partir dos princípios e aprendizagens definidos por ela
e também do Regime de Colaboração entre cidades e estados. “Nesse sentido,
espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas educacionais,
enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de governo e
seja balizadora da qualidade da educação” (BNCC, 2017, p. 8).
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf. Acesso em: 22
de out. 2021.

Gontijo, C. M. M. (2015). Base Nacional Comum Curricular (BNCC): comentários


críticos. Revista Brasileira de Alfabetização, 1(2), 174-190.

LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítica-social


dos conteúdos. 8. ed. São Paulo: Loyola, 1989.

LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991. (Coleção


magistério. 2º grau. Série formação do professor).

LUCKESI, C. C. 1994. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez.

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