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WELLINGTON BISPO DE SOUZA.

2023.

Curso AVA MEC realizado no mês de maio de


2023.

A BNCC NA EDUCAÇÃO BÁSICA.

A Base nacional comum curricular BNCC é um documento de carácter normativo que


define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver
ao longo da educação básica.

NAVIRAÍ-MS
2023
MÓDULO 1

ELABORAÇÃO DA BNCC:

A elaboração da BNCC não foi feita do dia para a noite! Veja como ocorreu todo o
processo de construção da Base ao longo dos últimos trinta anos!
Conteúdo dividido em abas

.1988
Promulgada a Constituição Federal: a criação de uma Base Nacional
Comum, com a fixação de conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental,
é prevista no artigo 210.
.1996
A Lei das Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Básica é aprovada e
reforça a necessidade de uma base nacional comum.
.1997 a 2000
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram consolidados em
partes: 1º ao 5º ano em 1997; 6º ao 9º ano em 1998; e, em 2000, foram
lançados os PCNs para o Ensino Médio.
.2010 a 2012
Novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) orientadas para o
planejamento curricular das escolas e sistemas de ensino, as resoluções
valiam para a Educação Infantil e os Ensinos Fundamental e Médio.
.2014
Plano Nacional de Educação (PNE) – A Lei n. 13.005, de 2014, instituiu o
PNE com vigência de dez anos. São vinte metas para melhorar a qualidade
da Educação Básica, sendo que quatro delas tratam da Base Nacional
Comum Curricular.

.2015
A Portaria nº 592 de 17 de junho de 2015 institui a Comissão de
Especialistas para a Elaboração de Proposta da BNCC. Em outubro, tem
início a consulta pública para a construção da primeira versão da BNCC
com contribuições da sociedade civil, de organizações e entidades
científicas.
.2016
Em março, após 12 milhões de contribuições, a primeira versão do
documento é finalizada. Em junho, seminários com professores, gestores e
especialistas abertos à participação pública são realizados por todo o Brasil
para debater a segunda versão da BNCC. Em agosto, começa a ser redigida
a terceira versão, em um processo colaborativo com base na versão 2.
.2017
Em abril, o MEC entregou a terceira versão da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). O CNE
elaborou parecer e projeto de resolução sobre a BNCC e homologou as
etapas da educação infantil e do Ensino Fundamental.
.2018
Foi promulgada a Portaria nº 331, de 5 de abril de 2018 que institui o
Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular
– ProBNCC e estabelece diretrizes, parâmetros e critérios para sua
implementação.
Em 8 de novembro, o Conselho Nacional de Educação (CNE) elaborou o
parecer CNE/CEB nº 3/2018 com a aprovação da atualização das novas
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Ensino Médio.

A BNCC, ao definir as aprendizagens essenciais, não suprime a necessidade de os


estados, os municípios e as escolas elaborarem seus próprios currículos, pelo contrário:
os currículos e as propostas pedagógicas devem ser orientados pela BNCC.

BASE E CURRÍCULO.

Deve ficar claro, portanto, que a BNCC não é currículo. Mas há uma relação de
complementaridade entre BNCC e currículo. Como se vê a seguir:
"  Os currículos devem adequar as proposições da BNCC à realidade local,
considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e das instituições
escolares, como também o contexto e as características dos alunos. " (BNCC, 2017, p.
16)

Deve-se entender que a BNCC deve fundamentar a concepção, formulação,


implementação, avaliação e revisão dos currículos, e consequentemente das propostas
pedagógicas das instituições escolares (Resolução CNE/CP 2/17, Art. 5, § 1º).

FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DA BNCC.


A BNCC se apoia em dois fundamentos pedagógicos: o compromisso com a educação
integral e o foco no desenvolvimento de competências.

Ao estabelecer a formação e o desenvolvimento humano global como um de seus


fundamentos, a BNCC assume uma visão plural, singular e integral da criança, do
adolescente, do jovem e do adulto, nos aspectos biopsicossociais e afetivos. Isso
significa que os alunos devem ser preparados para atuar com discernimento e
responsabilidade, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ser proativo para
identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as
diferenças e as diversidades, ter autonomia para tomar decisões e, ainda, aprender a
aprender. Essa visão de aluno não se concretiza por meio de práticas pedagógicas que
privilegiam apenas a transmissão ou o acúmulo de informações. E é nesse ponto que se
destaca o desenvolvimento de um currículo orientado por competências, o segundo
fundamento pedagógico da BNCC.

As competências gerais da Educação Básica

 1
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo
físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva.

 2
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a
criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos
conhecimentos das diferentes áreas.

 3
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-
cultural.

 4
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e
escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das
linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

 5
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação
de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva.
 6
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias
do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao
seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

 7
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

 8
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as
dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

 9
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-
se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.

 10
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Por que falar em competências e habilidades?

A BNCC apresenta competências gerais que devem ser desenvolvidas por todos os
alunos ao longo da Educação Básica. Ela também define competências específicas para
as áreas e os componentes curriculares do Ensino Fundamental. Além delas, há
habilidades descritas para os componentes ao longo dos nove anos. Você sabe qual a
relação entre competências e habilidades?
COMO A BASE ESTÁ ORGANIZADA?

Para explicitar as aprendizagens que devem garantidas ao longo da Educação Básica a


fim de assegurar, como resultado do processo de ensino e aprendizagem, o
desenvolvimento das competências gerais, a BNCC tem uma estrutura própria para cada
etapa – Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em conformidade com
seus fundamentos pedagógicos e com os ordenamentos legais.

Ainda que essa estrutura não represente um modelo único de arranjo curricular que
obrigatoriamente deve ser adotado nos currículos e propostas pedagógicas de todo o
país, ela pretende ser clara e precisa na explicitação do que se espera que todos os
alunos aprendam nos diferentes momentos de sua escolarização, de modo a subsidiar
sistemas, redes e escolas.

Veja como a BNCC está organizada: EDUCAÇÃO INFANTILENSINO


FUNAMENTAL (ANOS INICIAIS E FINAIS) ENSINO MÉDIO

ENSINO INFANTIL:

ENSINO FUNDAMENTAL:
ENSINO MÉDIO:

Organização de cada etapa

Para a Educação Infantil, os campos de experiências são comuns a todas as faixas


etárias, mas os objetivos de aprendizagem e de desenvolvimento são específicos para
cada uma delas. Para o Ensino Fundamental, são descritas habilidades específicas para
cada um dos componentes em cada ano do Ensino Fundamental.
No Ensino Médio, é relacionado um conjunto de habilidades para cada competência
específica de área.
Navegue pela BNCC para saber mais sobre essa organização! Observe que tanto os
objetivos de aprendizagem da Educação Infantil quanto as habilidades do Ensino
Fundamental são descritas por códigos alfanuméricos.
ENTENDA OS CÓDIGOS:

As aprendizagens especificadas na BNCC são organizadas para as diferentes etapas e


identificadas por um código alfanumérico. Na Educação Infantil, os códigos se iniciam
com EI, e no Ensino Fundamental com EF. Clique nos botões “+” e veja como esses
estão organizados.

O código EI02TS01 refere-se ao primeiro objetivo de aprendizagem e desenvolvimento


proposto no campo de experiências “Traços, sons, cores e formas” para as crianças bem
pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses). A numeração sequencial dos
códigos alfanuméricos não sugere ordem ou hierarquia entre os objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento.

O código EF67EF01 refere-se à primeira habilidade proposta em Educação Física no


bloco relativo ao 6º e 7º anos. Vale lembrar que o uso de numeração sequencial para
identificar as habilidades de cada ano ou bloco de anos não representa uma ordem ou
hierarquia esperada das aprendizagens.

O código EM13LGG103 refere-se à terceira habilidade proposta na área de Linguagens


e suas Tecnologias relacionada à competência específica 1, que pode ser desenvolvida
em qualquer série do Ensino Médio, conforme definições curriculares.
QUAL DESAFIO POSTO AOS ESTUDANTES.

A BNCC, ao definir as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas a todos os


estudantes brasileiros - ou, de forma simplificada, estabelecer um ponto de chegada
comum -, expressa um parâmetro de igualdade educacional que deve ser referência em
todas as escolas do país. Essa igualdade também deve se concretizar nas oportunidades
de acesso e de permanência da Educação Básica, condições para que o direito de
aprender seja assegurado.
No entanto, a qualidade educacional não se garante exclusivamente por parâmetros de
igualdade. É preciso, também, promover equidade.
Em termos da BNCC, igualdade significa definir as aprendizagens a que todos têm
direito. Equidade é oferecer condições adequadas às especificidades de cada indivíduo.
Na imagem, a BNCC é metaforicamente representada por um dos livros sobre os quais
os alunos se apoiam para ver além da cerca. Mas, é somente quando há outros apoios,
além da BNCC, que se alcança a equidade.

Promover a equidade supõe reconhecer que as necessidades dos estudantes são


diferentes, e portanto, orientar o planejamento e a ação curricular e didático-pedagógica
para a inclusão de todos e a superação das desigualdades. Em um país como o Brasil,
marcado por acentuada diversidade cultural e profundas desigualdades sociais, esse é
um compromisso fundamental e um grande desafio.
Isso significa fazer da escola um espaço de aprendizagem e de democracia
inclusiva para todos, considerando as necessidades, as possibilidades e os interesses dos
estudantes, assim como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais, e as
especificidades de cada contexto educativo.
“Promover a equidade supõe reconhecer que as necessidades dos estudantes são
diferentes, e portanto, orientar o planejamento e a ação curricular e didático-
pedagógica para a inclusão de todos e a superação das desigualdades.”

Em outras palavras, é no cotidiano escolar que se garantirão as aprendizagens a que


todos os alunos têm direito. Nesse contexto, BNCC, currículos e propostas pedagógicas
devem ser reconhecidos como instrumentos a serviço da melhoria da qualidade
educacional.

MAPA MENTAL DO QUE ESTUDAMOS

ATIVIDADES

Assinale a alternativa que representa o código EI 02 ET 03:

O terceiro objetivo de aprendizagem e desenvolvimento proposto no campo


“Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações” para crianças bem
pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses).

Assinale a alternativa que representa o código EF 09 MA 06:

A sexta habilidade proposta para o componente curricular Matemática, para o 9º


ano do Ensino Fundamental.
Assinale a alternativa que representa o código EI 01 EO 01:

Primeiro objetivo de aprendizagem e desenvolvimento proposto no campo de


experiências “O eu, o outro e o nós” para bebês (zero a 1 ano e 6 meses).

Na Educação Infantil devem ser assegurados seis direitos de aprendizagem e


desenvolvimento: conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se.
VERDADEIRO

A Educação Infantil está organizada em cinco áreas do conhecimento.

FALSO

As aprendizagens do Ensino Fundamental estão organizadas em cinco áreas do


conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e
Ensino Religioso.

VERDADEIRO

Língua Inglesa é um componente curricular contemplado a partir dos anos iniciais do


Ensino Fundamental.

FALSO

MÓDULO II

Os anos finais do Ensino Fundamental

Neste Módulo, serão debatidos os aspectos principais que orientam os componentes


curriculares, a organização dos conhecimentos relacionados às áreas, às aprendizagens
esperadas, à estrutura e às estratégias que podem ser utilizadas para o desenvolvimento
das competências e habilidades específicas desta etapa.
Características, princípios e fundamentos pedagógicos

Os anos finais do Ensino Fundamental colocam um grande desafio aos estudantes: os


vários componentes curriculares. É importante prepará-los para as mudanças de
professor generalista para o especialista, retomar e ressignificar as aprendizagens dos
anos iniciais, visando ao aprofundamento e à ampliação de repertórios de
conhecimentos. A mudança de etapa (dos anos iniciais para os finais) ocorre quase
paralelamente à transição entre infância e adolescência, marcada por intensas mudanças
decorrentes de transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais.

Qualidade e equidade

A promoção da equidade, por sua vez, depende de um esforço na ponta para, antes de
mais nada, reconhecer a individualidade de cada aluno e, então, fornecer as condições
necessárias às aprendizagens, considerando essas demandas diferenciadas do público
atendido em cada rede de ensino, escola e sala de aula.

O COMPONENTE HISTÓRIA NOS ANOS FINAIS DO EF

No Ensino Fundamental, a área se organiza a partir de dois componentes específicos,


Geografia e História.
O desafio para você, professor(a) dos anos finais do Ensino Fundamental, está em
garantir a especificidade de cada componente da área de Ciências Humanas e, ao
mesmo tempo, promover a interdisciplinaridade, pois, a partir do 6º ano, os
componentes são trabalhados por professores especialistas em Geografia e em História.

Os fundamentos pedagógicos do componente HISTÓRIA

O ensino de História deve proporcionar aos estudantes dos anos finais do Ensino
Fundamental a capacidade de interpretar o mundo, compreendendo processos e
fenômenos sociais, políticos e culturais que lhes permitam atuar de forma ética,
responsável e autônoma diante da sociedade em que vivem, no seu tempo e no seu
espaço.

Os conceitos de espaço e tempo são fundamentais nos componentes da área de Ciências


Humanas, especialmente nos componentes de Geografia e História.
Nos anos finais do Ensino Fundamental, tempo e espaço continuam sendo os eixos
conceituais em torno dos quais o ensino de História se estrutura, permitindo aos
estudantes identificar, comparar e conhecer o mundo, além de criar condições
adequadas para conhecer outros lugares, sociedades e temporalidades históricas,
considerando a perspectiva dos direitos humanos. Nessa etapa, os estudantes devem ser
capazes não somente de produzir e reproduzir a memória histórica, mas de questionar a
posição ética dos indivíduos em relação ao passado e ao presente.

Os temas que você, professor(a) dos anos finais, deve abordar se relacionam à
interculturalidade, à valorização das diferenças, ao movimento das populações e aos
direitos civis.

As habilidades nesses anos finais visam:


 identificar, classificar, comparar e organizar processos históricos, em contexto
local e global, com foco numa melhor compreensão de si e do outro, da escola e
da comunidade, do Estado, do país e do mundo;
 sistematizar e interpretar diversas ações humanas, em determinadas
temporalidades e espacialidades, relacionando-as com as vivências, experiências
e saberes, grupos e sociedades;
 permitir compreender e criticar atitudes políticas, econômicas, culturais e éticas.

De acordo com a BNCC (2018), alguns procedimentos possibilitam a sistematização


dos eventos históricos como:
 a cronologia, medida e datação (noção de tempo) num lugar produzido pelo ser
humano na relação com a natureza (espaço);
 a escolha de fontes e documentos, por meio da atitude historiadora na qual o
sujeito indaga o documento, observando-o e interrogando-o para conhecer e
compreender a sociedade que o produziu;
 a seleção de interpretações distintas para problematizar tais interpretações a
partir de visões e perspectivas distintas, possibilitando colocar-se no lugar do
outro. Esse processo torna-se importante para o desenvolvimento da alteridade.
Além disso, as conexões com outros espaços (Europa, América e África) dependem da
história local e esses espaços poderão ser abordados com enfoques e ênfases diferentes
de acordo com a especificidade de cada localidade e região.

Aprendizagens esperadas e processos envolvidos

O componente de História nos anos finais do Ensino Fundamental espera que os


estudantes sejam capazes de realizar abordagens reflexivas sobre memórias e narrativas
históricas, sobre patrimônios materiais e imateriais, que construam e redimensionem
suas identidades, e de se situar, se orientar, se posicionar e compreender a diversidade
dos processos históricos, ampliando suas leituras e visões de mundo. Tais leituras e
visões devem valorizar as referências produzidas coletivamente no passado e no
presente, em locais, regiões, países e no mundo, ou seja, em diferentes temporalidades e
espacialidades.
Veja como tais conhecimentos se materializam nas competências específicas de História
para o Ensino Fundamental.

 1
Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e
mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas,
econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar,
posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo.

 2
Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando
acontecimentos e processos de transformação e manutenção das estruturas
sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como problematizar os
significados das lógicas de organização cronológica.

 3
Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a
documentos, interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a
diferentes linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de
conflitos, a cooperação e o respeito.

 4
Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e
povos com relação a um mesmo contexto histórico e posicionar-se criticamente,
com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e
solidários.

 5
Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e
no espaço e seus significados históricos, levando em conta o respeito e a
solidariedade com as diferentes populações.

 6
Compreender e problematizar os conceitos e procedimentos norteadores da
produção historiográfica.

 7
Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de
modo crítico, ético e responsável, compreendendo seus significados para os
diferentes grupos ou estratos sociais.

À medida que os estudantes avançam no seu processo de escolarização seus processos


cognitivos processos cognitivos se expandem, envolvendo distintos graus de
complexidade.
Por exemplo, o trabalho com as fontes históricas, os vestígios e os registros se iniciam
com as vivências e saberes dos estudantes, dos registros e impressões sobre sua vida,
seu cotidiano. Posteriormente, transcende para outros grupos, comunidades, sociedades
e povos. Desta forma, as memórias individuais e coletivas se inter-relacionam,
possibilitando aos estudantes:
 compreender das relações entre indivíduo e sociedade nas questões dos
patrimônios culturais, materiais e imateriais;
 reconhecer-se como parte de um grupo, de uma sociedade, de uma etnia, de uma
raça ou de uma cultura;
 estabelecer relações de alteridade e de modo de vida em diferentes tempos.
Ao longo desse processo, espera-se que os estudantes se sensibilizem para a pesquisa,
valorizem a crítica documental, e que produzam textos históricos, com problematização,
hipóteses, argumentação e posicionamento a partir dos diversos documentos, das
diversas fontes históricas e das diferentes linguagens (oral, escrita, cartográfica, estética,
técnica etc.)

Aspectos de transição (dos anos iniciais para os anos finais e dos anos finais para o
Ensino Médio)

A transição dos anos iniciais para os anos finais da etapa Ensino Fundamental
deve ser cuidadosa, pois os estudantes se deparam com novos professores, com
transferências para outras escolas e ambientes diferentes do que costumavam
encontrar.
Para o componente História, além dos cuidados para todos os estudantes nessa
transição, também é necessário considerar que a sistematização dos novos
conhecimentos supõe a esperada aquisição das habilidades e competências
essenciais do segmento anterior.

Espera-se que a perspectiva de progressão, ampliação e aprofundamento dos conceitos,


temas e objetos do conhecimento continuem ocorrendo no Ensino Médio, possibilitando
o desenvolvimento de competências gerais da Educação Básica, presentes na BNCC ,
específicas da área e do componente cada vez mais complexas e que exijam processos
cognitivos mais elaborados em diálogo com os componentes curriculares da área de
Ciências Humanas e das demais áreas do currículo.

Ao ingressar no 6º ano, os estudantes estão deixando a infância e ingressando na pré-


adolescência, enquanto que, ao concluir esta etapa, na transição para o Ensino Médio,
estão na adolescência. Portanto, os anos finais marcam um momento difícil na vida dos
estudantes, momento marcado por mudanças físicas, psicológicas, emocionais, de
descobertas, de conflitos, de críticas e de inseguranças. É importante levar em
consideração todos esses aspectos ao promover a aprendizagem dos seus estudantes.
É preciso destacar que os estudantes dessa faixa etária vão se tornando mais
contestadores conforme avançam nos anos da escolarização. Isso não deve ser visto
como um obstáculo à aprendizagem, mas como uma janela de oportunidades.
Promovendo a interdisciplinaridade

Espera-se que os estudantes desenvolvam competências e habilidades que permitam o


aprofundamento das temáticas essenciais abordadas no ensino de História. Se os
estudantes desenvolveram as competências e habilidades esperadas nos anos iniciais e
dominam os objetos do conhecimento, será mais fácil promover atividades
interdisciplinares, pois estas estimularão o trabalho em grupo e a pesquisa, colocando
em prática conhecimentos, atitudes, valores, competências e habilidades aprendidas na
relação entre os componentes.

No caso da área de Linguagens, o trabalho interdisciplinar com a História se vê


favorecido justamente pelo uso de diferentes linguagens que se articulam com o ensino
de História. Os componentes da área são: Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e
Língua Inglesa.

As produções literárias e as danças são linguagens impregnadas de historicidade e


permitem resgatar a memória individual e coletiva, assim como valorizar a diversidade
cultural da população brasileira.

Veja agora exemplos que podem ser trabalhados com outros componentes, articulando a


interdisciplinaridade nos 8º e 9º anos:

8º ano - Interdisciplinaridade História e Língua Inglesa

Você, professor(a) de História, poderá se articular com o professor de Língua Inglesa


deste mesmo ano para realizar um trabalho interdisciplinar com foco no Eixo Leitura,
articulando as unidades temáticas e objetos de conhecimentos com as habilidades. Para
entender, melhor veja a tabela a seguir:

Componente História

Unidade Objeto do conhecimento Habilidade a ser desenvolvida


Temática

Os processos de A independência dos Estados Identificar e contextualizar as


independência nas Unidos especificidades dos diversos processos
Componente História

Américas de independência nas Américas, seus


aspectos populacionais e suas
conformações territoriais (EF08HI07)

Componente Língua Inglesa

Unidade Objeto do conhecimento Habilidade a ser desenvolvida


Temática

Estratégias de Construção de sentidos por Inferir informações e relações que não


leitura e Práticas meio de inferências e aparecem de modo explícito no texto
de leitura e fruição reconhecimento de implícitos para construção de sentidos
e Leitura de textos de cunho (EF08LI05);
artístico/literário Apreciar textos narrativos em língua
inglesa (contos, romances, entre outros,
em versão original ou simplificada),
como forma de valorizar o patrimônio
cultural produzido em língua inglesa
(EF08LI06); e
Explorar ambientes virtuais e/ou
aplicativos para acessar e usufruir do
patrimônio artístico literário em língua
inglesa (EF08LI07).

Como você pode trabalhar a interdisciplinaridade desses dois componentes?


Vocês, professor(a) de Língua Inglesa e professor(a) de História, podem selecionar
textos em inglês, literários ou históricos, que abordem o tema da independência dos
Estados Unidos, podendo também trabalhar com a versão em inglês da Declaração da
Independência, além de realizar pesquisas em ambientes virtuais em língua inglesa
sobre a temática da independência.

9º ano - Interdisciplinaridade História, Geografia e Matemática


Outra interdisciplinaridade possível se dá no 9º ano entre os componentes de História,
Geografia e Matemática.
Veja a tabela a seguir para entender as unidades temáticas, seus objetos de
conhecimentos e as habilidades de cada componente:
Componente História

Unidade Objeto do conhecimento Habilidade a ser desenvolvida


Temática

Totalitarismos e O colonialismo na África e As Caracterizar e discutir as dinâmicas do


conflitos guerras mundiais, a crise do colonialismo no continente africano e
mundiais colonialismo e o advento dos asiático e as lógicas de resistência das
nacionalismos africanos e populações locais diante das questões
asiáticos internacionais (EF09HI14)

Componente Geografia

Unidade Objeto do conhecimento Habilidade a ser desenvolvida


Temática

Conexões e Intercâmbios históricos e Analisar características de países e


escalas culturais entre Europa, Ásia e grupos de países europeus, asiáticos e
Oceania da Oceania em seus aspectos
populacionais, urbanos, políticos e
econômicos e discutir suas
desigualdades sociais e econômicas e
pressões sobre seus ambientes físico-
naturais (EF09GE09)

Componente Matemática

Unidade Objeto do conhecimento Habilidade a ser desenvolvida


Temática

Probabilidade e Leitura, interpretação e Escolher e construir o gráfico mais


estatística representação de dados de adequado (colunas, setores, linhas),
pesquisa expressos em tabelas com ou sem uso de planilhas
de dupla entrada, gráficos de eletrônicas, para apresentar um
colunas simples e agrupadas, determinado conjunto de dados,
gráficos de barras e de setores e destacando aspectos como as medidas
gráficos pictóricos de tendência central (EF09MA22)

A interdisciplinaridade sempre é possível, mas exige que você, professor(a) dos anos
finais do Ensino Fundamental, tenha um planejamento conjunto com outro componente,
articulação e comprometimento na sua prática pedagógica. O trabalho isolado do
componente curricular pode ser mais fácil de ser desenvolvido, mas certamente os
resultados da prática interdisciplinar são mais eficazes.

ATIVIDADES

Estrutura da BNCC: aspectos fundamentais

01
Atividade de múltipla escolha com resposta única
Com relação ao componente curricular de História do Ensino Fundamental – anos
finais, tendo como referencial a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pode-se
dizer que:
I. Os temas abordados nessa etapa do Ensino Fundamental se relacionam à
interculturalidade, à valorização das diferenças, ao movimento das populações,
aos direitos civis.
II. Nos anos finais do Ensino Fundamental, os estudantes devem ser capazes
apenas de reproduzir a memória histórica.
III. A definição de competências específicas para a área de Humanas na BNCC
facilita o desenvolvimento do trabalho interdisciplinar entre Geografia e
História, componentes curriculares da área, mas inviabiliza o diálogo com as
demais áreas do currículo.
IV. As habilidades nesses anos finais visam identificar, classificar, comparar e
organizar em contexto local e global, com foco numa melhor compreensão de si
e do outro, da escola e da comunidade, do Estado, do país e do mundo.
V. Tempo e espaço são os eixos conceituais em torno dos quais o ensino de
História se estrutura nos anos finais do Ensino Fundamental.Considerando as
afirmações sobre o componente curricular de História do Ensino
Fundamental, assinale a alternativa correta:
Estão corretas as afirmativas I, III e V.

Estão corretas as afirmativas II, III e V.

Estão corretas as afirmativas I, II e IV.

Estão corretas as afirmativas I, IV e V.

Estão corretas as afirmativas II, IV e V.

Parabéns, você acertou!


Tempo e espaço são os eixos conceituais em torno dos quais o ensino de História se
estrutura em todo o Ensino Fundamental, revelando uma progressão na complexidade
desses conceitos ao longo dos 9 anos. Nos anos finais, os temas abordados dizem
respeito à interculturalidade, à valorização das diferenças, ao movimento das
populações, aos direitos civis, enquanto as habilidades objetivam identificar, classificar,
comparar e organizar, em contexto local e global, enfatizando a construção do sujeito
em sua relação com o outro, valorizando a diversidade e as diferenças culturais,
políticas, econômicas e sociais. Portanto, as alternativas I, IV e V são corretas.
As alternativas II e III são incorretas, pois, nos anos finais do Ensino Fundamental, os
estudantes devem ser capazes de produzir e reproduzir a memória histórica e também
questionar a posição ética dos indivíduos em relação ao passado e ao presente. Além
disso, a definição de competências gerais e específicas favorecem a
interdisciplinaridade entre os componentes curriculares da área de Ciências Humanas e
também com os componentes das demais áreas.
02
Além das competências gerais, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresenta
aspectos que são comuns a todos os componentes e áreas do currículo. Um desses
aspectos comuns é a postura investigativa. No tocante ao ensino de História no Ensino
Fundamental, esse aspecto é importante, porque se articula diretamente com o ofício do
historiador, uma vez que a produção do conhecimento histórico exige:
I. Olhar os vestígios deixados pelas sociedades que viveram em outros tempos e
lugares com um olhar aguçado, procurando indagar esses vestígios (fontes
históricas) para compreender modos de vida, organização política e social,
manifestações culturais, relação com a natureza e sua transformação.
II. Que se construa uma interpretação objetiva, que perdure ao longo do tempo,
fazendo com que o conhecimento histórico seja fundamentado, exato e
comprovado apenas por fontes oficiais.
III. Fazer leituras, levantar hipóteses, fazer cruzamentos com informações de
outras fontes, com base nas quais a história vai sendo escrita e reescrita.
IV. Compreender a atitude historiadora, própria dos historiadores profissionais,
enquanto o saber histórico escolar deve se apropriar desse conhecimento e
reproduzi-lo.
V. Não apenas contar histórias, mas mobilizar métodos e atividades que
impliquem uma atitude historiadora, ou seja, fazer história.Considerando as
afirmações sobre o componente curricular de História do Ensino
Fundamental, assinale a alternativa correta:
Estão corretas as afirmativas I, III e V.

Estão corretas as afirmativas II, III e V.

Estão corretas as afirmativas I, II e IV.

Estão corretas as afirmativas I, IV e V.

Estão corretas as afirmativas II, IV e V.

Parabéns, você acertou!


Os métodos e as atividades utilizados pelos historiadores em seu ofício devem ser
utilizados pelos professores ao ensinar História no Ensino Fundamental. Esses métodos
e atividades dizem respeito ao trabalho de análise de diferentes fontes históricas, num
processo de indagação dessas fontes, que procure construir e reconstruir os
acontecimentos passados de maneira crítica, revelando que esse conhecimento é fruto de
leituras feitas a partir do presente, do levantamento de hipóteses, do cruzamento de
informações de fontes diversas, com base nas quais a história vai sendo escrita e
reescrita, construída e reconstruída, não sendo, portanto, estática, imutável, acabada. O
conhecimento histórico é um processo impregnado de dilemas e contradições. O saber
histórico escolar deve, assim, fazer uso de procedimentos similares aos utilizados pelos
historiadores profissionais, indagando o passado e promovendo uma atitude
historiadora. Sendo assim, são corretas apenas as afirmações I, III e V.

As competências específicas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se


desdobram em habilidades que resultam em aprendizagens essenciais para a formação
dos estudantes. Essas aprendizagens exigem, de acordo com cada componente
curricular, procedimentos e estratégias específicas. No caso do componente de História,
quanto aos procedimentos e estratégias, indique (V) se a afirmação é verdadeira ou (F)
se a afirmação é falsa:
O trabalho com os diversos documentos históricos, por exemplo, textos de
historiadores, documentos oficiais, fotografias, audiovisuais (gravações, filmes,
documentários, obras de ficção, obras literárias etc.), objetos, móveis,
vestuários, brinquedos, utensílios domésticos, de uso pessoal, veículos,
depoimentos, diários, cadernos de escola, de receita etc., são utilizados apenas
para ilustrar a história, mostrando aos estudantes como era a vida em outras
épocas.

 De acordo com a BNCC , o trabalho com as fontes históricas é central na


construção da identidade individual e coletiva, portanto, os vestígios e os
registros se iniciam com as vivências e os saberes dos estudantes, dos
registros e das impressões sobre sua vida, seu cotidiano, transcendendo
para outros grupos, comunidades, sociedades e povos.

V
 As memórias individuais e coletivas se inter-relacionam, possibilitando
aos estudantes a compreensão das relações entre indivíduo e sociedade,
nas questões dos patrimônios culturais, materiais e imateriais.

 A BNCC prevê uma metodologia de ensino do componente curricular de


História, baseada essencialmente na memorização de fatos,
acontecimentos e datas, por isso a ênfase na cronologia e na história
econômica.

 Reconhecer-se como parte de um grupo, de uma sociedade, de uma etnia,


de uma raça e de uma cultura é fundamental para a construção da
identidade, assim como para estabelecer relações de alteridade e de
modo de vida em diferentes tempos.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê uma metodologia de ensino, porém
os princípios, os conceitos, as unidades temáticas, os objetos de conhecimento e as
competências e as habilidades específicas indicam que o ensino de História no Ensino
Fundamental deve se apoiar no que a Base chama de “atitude historiadora”, o que
implica considerar as experiências (vivências e saberes) de alunos e professores, além
do o trabalho com os diversos documentos históricos. Isso indica que o trabalho com as
diversas fontes históricas é central na construção da identidade individual e coletiva,
sendo fundamental para estabelecer relações de alteridade e de modo de vida em
diferentes tempos. Portanto, apenas as afirmações 1 e 4 são falsas.

MÓDULO III

A implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas


aprendizagens
A BNCC, ao definir as aprendizagens às quais os estudantes têm direito, causa um
impacto nos currículos e nas propostas pedagógicas das escolas. No caso do Ensino
Médio, há um impacto diferenciado, em relação à oferta da BNCC e dos Itinerários
Formativos (profissionalizantes ou não) no currículo.
Esses impactos, por sua vez, reverberam nas condições de ensino-aprendizagem das
escolas, sejam elas condições físicas (de infraestrutura), materiais (livros didáticos e
material pedagógico) ou humanas (formação de professores, distribuição de aulas). Ao
mesmo tempo, a BNCC demanda a revisão dos processos de ensino e avaliação dessas
aprendizagens.
Neste módulo, você verá as ações necessárias para que a BNCC se torne realidade em
sua escola, quais mudanças são indispensáveis e, ainda, algumas dicas de estratégias
para essa implementação.

BNCC, currículo e proposta pedagógica

Ao longo dessa formação, já foi dito que a BNCC não é um currículo, tampouco
substitui os currículos já existentes. Pelo contrário, a BNCC, ao definir as aprendizagens
essenciais às quais os estudantes têm direito, propõe uma questão: “Meu currículo
promove essas aprendizagens?” O que se apresenta, portanto, é a necessidade de análise
e eventual revisão dos currículos já existentes.
Em relação às etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental Educação Infantil e
do Ensino Fundamental, que tiveram seus textos da BNCC homologados em 2017,
diferentes redes de ensino já iniciaram a revisão dos seus currículos. Veja, na imagem a
seguir:
No que diz respeito à implementação da Etapa do Ensino Médio, cujo texto foi
aprovado apenas em dezembro de 2018, algumas redes de ensino iniciaram a
implementação por meio do processo de escuta dos estudantes e da comunidade escolar
a fim de delinear os melhores caminhos para a oferta dos Itinerários formativos. Outras
redes estão em processo de implementação de projetos piloto para distribuição da carga-
horária docente, uso de tecnologias no apoio à implementação do Novo Ensino Médio e
definição coletiva de “unidades curriculares” a serem ofertadas (Guia de implementação
do novo ensino médio, 2018).

Em síntese, a proposta pedagógica da instituição educativa precisa estar alinhada ao


currículo da rede (e, por consequência, à BNCC). Afinal, ela é o instrumento que vai
orientar o trabalho educativo de toda a equipe escolar, de modo que as aprendizagens
essenciais definidas na BNCC sejam garantidas a todos os alunos.
Portanto, além de definir “o que ensinar”, a proposta pedagógica precisa explicitar
claramente “como ensinar”, “quando ensinar” e “o que avaliar”, deixando clara a
atuação de cada profissional da instituição para criar as condições necessárias para que
todos possam aprender, considerando a realidade local, as características e as condições
da escola e de sua comunidade.
Protagonismo e cooperação
A BNCC, sozinha, é “apenas um papel”. Do ponto de vista formal, a BNCC tem caráter
normativo, mas, ela não se implementa sozinha. Mesmo ao lado das propostas
pedagógicas e dos currículos, a BNCC não vai transformar a realidade. São as pessoas
que fazem isso. O sucesso das pessoas nesta empreitada depende de um conjunto de
fatores: diretrizes e objetivos claros, apoio institucional, colaboração de pares etc.

Em síntese, os diferentes profissionais que atuam na escola precisam estar


comprometidos com a aprendizagem de todos os alunos. A escola deve ser um espaço
em que todos aprendem e ensinam.

O CURRÍCULO EM AÇÃO: A IMPLEMENTAÇÃO DAS PROPOSTA


PEDAGÓGICAS.

Até este ponto da formação, deve ter ficado claro que a garantia das aprendizagens com
qualidade e equidade demanda planejamento e um conjunto de ações coordenadas,
intencionalmente dirigidas para este fim. A seguir, estão elencadas algumas dessas
ações e, também, dicas de como promovê-las.
Clima escolar, práticas docentes e práticas de gestão

O clima escolar pode ser entendido como o conjunto de percepções subjetivas que
docentes, discentes, a equipe gestora, funcionários e famílias têm da escola, em
diferentes âmbitos: suas normas e valores, e as relações humanas que se estabelecem
nela, além das estruturas física, pedagógica e administrativa, entre outros aspectos.
O diagrama representa algumas das dimensões que compõem o clima escolar: as
relações com o ensino e com a aprendizagem; as relações sociais e os conflitos na
escola; as regras, as sanções e a segurança na escola; as situações de intimidação entre
alunos; família, escola e comunidade; a infraestrutura e a rede física da escola; as
relações com o trabalho; e a gestão e a participação.
O clima escolar tem influência na dinâmica escolar e, por sua vez, é influenciado por
ela. Pesquisas recentes têm se dedicado a encontrar relações entre o clima escolar e o
processo de ensino e aprendizagem.

Acompanhamento e avaliação das aprendizagens

Até este ponto, deve ter ficado claro que a BNCC, ao definir as aprendizagens
essenciais, cria um patamar de qualidade para a educação básica. Também deve ter
ficado claro que, para formar o aluno que se deseja – descrito nas competências gerais
da educação básica –, são necessárias múltiplas ações, ou seja, práticas pedagógicas e de
gestão voltadas às aprendizagens e à melhoria do clima escolar.
Todo esse esforço só fará sentido se a comunidade escolar estiver preocupada, também,
em verificar se as aprendizagens estão sendo garantidas: trata-se do acompanhamento e
da avaliação das aprendizagem.

A competência 7 da BNCC descreve o seguinte direito essencial de aprendizagem:


"  Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável
em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado
de si mesmo, dos outros e do planeta. " (BNCC, 2017, p. 9).

Há um conjunto de aprendizagens que estão pressupostas e subentendidas nessa


competência. Faz sentido que um professor avalie, única e exclusivamente, a capacidade
de o estudante argumentar e defender uma ideia? Ou, ainda, será possível a um
professor afirmar que um aluno desenvolveu essa competência com base em seu
desempenho em uma prova de final de bimestre? A resposta é não.
Por esse motivo é que a BNCC detalha as aprendizagens essenciais e serem garantidas
em cada etapa da Educação Básica. Vamos retomar.
Na Educação Infantil, são definidos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento organizados em três grupos por faixa etária, a fim de que sejam
garantidos os direitos de aprendizagem e desenvolvimento a todas as crianças dessa
etapa.
No Ensino Fundamental, são definidas habilidades que devem ser desenvolvidas a
cada ano (ou bloco de anos) pelos alunos, para garantir o desenvolvimento, ao longo de
toda a etapa, de competências específicas de área e componente. Essas competências
específicas, por sua vez, explicitam como as dez competências gerais se expressam nas
áreas e nos componentes da etapa.
No Ensino Médio também são definidas as habilidades que devem ser desenvolvidas ao
longo de toda a etapa.
Assim, espera-se que cada professor possa afirmar que as aprendizagens essenciais
previstas (que, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento das competências
gerais) foram garantidas a seus alunos. Mas isso só pode ser feito a partir de um
conjunto de evidências demonstradas por esses alunos.
A coerência metodológica sobre a qual se fala é, justamente, a coerência necessária
entre as estratégias metodológicas utilizadas nas situações de aprendizagem e aquelas
propostas nas situações de avaliação formativa (seja uma avaliação de processo, seja
uma avaliação de resultados), assumindo a avaliação como inerente ao processo de
ensino e aprendizagem. Significa, então, oferecer ao aluno inúmeras oportunidades
para aprender e demonstrar suas aprendizagens (habilidades, conhecimentos, valores
e atitudes), de modo a acompanhar esse processo e, sempre que
necessário, reorientar as práticas pedagógicas (inclusive propondo ações
de recuperação paralela) para garantir essas aprendizagens.

Formação continuada e em serviço

A formação continuada é outro aspecto sobre o qual a BNCC tem um impacto indireto.
Observe o trecho a seguir
"  Referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e das redes
escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas
pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra a política nacional da
Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações, em
âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à
avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação. " (BNCC, 2017,
p. 10, grifo nosso).

Para isso, é importante que toda a equipe escolar (professores, gestores e demais
profissionais da escola), assim como os estudantes, estejam engajados, motivados e
dispostos a aprender a aprender, constituindo uma comunidade de aprendizagem em
que todos ensinam e aprendem.
ATIVIDADES

Clima escolar

Cada instituição educativa tem um clima próprio. E os gestores e professores são


fundamentais para a construção de um clima escolar positivo.
Um clima escolar positivo favorece o desenvolvimento integral dos alunos e oferece um
ambiente de confiança, participação e apoio aos professores, aos demais profissionais da
instituição e a toda a comunidade escolar.
Portanto, propomos a você uma primeira reflexão.
Na escola em que você atua, qual sua percepção com relação a cada dimensão do clima
escolar?
Atividade de escala likert
Ensino e aprendizagemEnsino e aprendizagem

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Atividade de escala likert

Relações sociais e conflitosRelações sociais e conflitos

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Regras, sanções e segurançaRegras, sanções e segurança

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Atividade de escala likert

Situações de intimidação entre alunosSituações de intimidação entre alunos

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Atividade de escala likert


Família, escola e comunidadeFamília, escola e comunidade

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Atividade de escala likert

Infraestrutura e rede físicaInfraestrutura e rede física

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Atividade de escala likert

Relações com o trabalhoRelações com o trabalho

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Atividade de escala likert


Gestão e participaçãoGestão e participação

Percepção positiva

Percepção intermediária

Percepção negativa

Para construir um clima escolar positivo, é de fundamental importância identificar os


aspectos que estejam provocando um clima escolar negativo e implantar estratégias e
ações intencionais e coordenadas para intervir nesses aspectos.
Então, propomos que você amplie sua reflexão. Para isso, considere aquelas dimensões
a respeito das quais você tem uma percepção negativa ou intermediária.
 Em sua opinião, quais dessas dimensões têm maior influência negativa no
processo de ensino e aprendizagem (e, por consequência, nos resultados de
aprendizagem dos alunos)?
 Que estratégias e ações você pode promover, como professor, para intervir
nessas dimensões?
 Que outros atores da comunidade escolar é importante envolver nessas
estratégias e ações para que a mudança no clima escolar seja mais efetiva?
Como você pode envolver esses atores?
 Como essas estratégias e ações podem ser acompanhadas e (re)adequadas na
medida das necessidades encontradas no acompanhamento, de modo a tornar o
clima escolar positivo?
Se possível, procure discutir com os demais membros da equipe escolar quais ações
podem ser incorporadas à rotina da instituição para melhorar o clima escolar.

Acompanhamento e avaliação das aprendizagens - Professores de Ensino Fundamental

Atividade de múltipla escolha com resposta única


Para garantir a todos os alunos as aprendizagens essenciais a que têm direito, a
comunidade escolar precisa "construir e aplicar procedimentos de avaliação
formativa de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as
condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar
o desempenho da escola, dos professores e dos alunos".
Cabe à escola, em um processo participativo com as famílias e a comunidade, a
proposta pedagógica das escolas Sobre o acompanhamento e a avaliação das
aprendizagens, é correto afirmar que:

 I
As estratégias metodológicas utilizadas nas situações de avaliação devem ser
coerentes com as propostas nas situações de ensino e aprendizagem.

 II
Os instrumentos de avaliação devem avaliar detalhadamente o desenvolvimento
de cada uma das habilidades trabalhadas nas situações de aprendizagem.

 III
A avaliação de cada componente curricular deve priorizar a verificação dos
conhecimentos específicos adquiridos pelos alunos.

 IV
Os resultados da avaliação devem ser utilizados como referência para melhorar o
desempenho dos alunos, dos professores e da escola.
Está correta apenas a afirmativa I.

Estão corretas apenas as afirmativas I e II.

Estão corretas apenas as afirmativas I e III.

Estão corretas apenas as afirmativas I e IV.

Parabéns, você acertou! Somente as afirmativas I e IV estão corretas.


Afinal, é necessário haver coerência metodológica entre as estratégias utilizadas nas
situações de aprendizagem (como ensinar) e aquelas propostas nas situações de
avaliação (como avaliar). Isso significa, então, oferecer ao aluno inúmeras
oportunidades para aprender e demonstrar suas aprendizagens (habilidades,
conhecimentos, valores e atitudes), de modo a acompanhar esse processo e, sempre que
necessário, reorientar as práticas pedagógicas (inclusive propondo ações de recuperação
paralela) para garantir essas aprendizagens

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