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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

LEGISLAÇÃO E DIDÁTICA
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e
apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho
e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico responsabilidade.
e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade humanos, a consciência socioambiental e o consumo
com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este responsável em âmbito local, regional e global, com
documento normativo aplica-se exclusivamente à educação posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes outros e do planeta.
e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)1 , e 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
visam à formação humana integral e à construção de uma reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado capacidade para lidar com elas.
nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
Referência nacional para a formulação dos currículos cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
dos sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
Federal e dos Municípios e das propostas pedagógicas das diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
instituições escolares, a BNCC integra a política nacional da identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras qualquer natureza.
políticas e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da inclusivos, sustentáveis e solidários.
educação.
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar Os marcos legais que embasam a BNCC
a fragmentação das políticas educacionais, enseje o
fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de A Constituição Federal de 19885, em seu Artigo 205,
governo e seja balizadora da qualidade da educação. Assim, reconhece a educação como direito fundamental compartilhado
para além da garantia de acesso e permanência na escola, é entre Estado, família e sociedade ao determinar que a educação,
necessário que sistemas, redes e escolas garantam um patamar direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
comum de aprendizagens a todos os estudantes, tarefa para a incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
qual a BNCC é instrumento fundamental. Ao longo da Educação desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de Para atender a tais finalidades no âmbito da educação
dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito escolar, a Carta Constitucional, no Artigo 210, já reconhece a
pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. necessidade de que sejam “fixados conteúdos mínimos para o
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica
Competências gerais da base nacional comum curricular comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e
regionais” (BRASIL, 1988). Com base nesses marcos
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente constitucionais, a LDB, no Inciso IV de seu Artigo 9º, afirma que
construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para cabe à União estabelecer, em colaboração com os Estados, o
entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
colaborar para a construção de uma sociedade justa, Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que
democrática e inclusiva. nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996; ênfase
própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a adicionada).
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver decisivos para todo o desenvolvimento da questão curricular no
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos Brasil. O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece a
conhecimentos das diferentes áreas. relação entre o que é básico-comum e o que é diverso em
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e matéria curricular: as competências e diretrizes são comuns, os
culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas currículos são diversos. O segundo se refere ao foco do
diversificadas da produção artístico-cultural. currículo. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, do desenvolvimento de competências, a LDB orienta a definição
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem das aprendizagens essenciais, e não apenas dos conteúdos
como conhecimentos das linguagens artística, matemática e mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções fundantes da
científica, para se expressar e partilhar informações, BNCC.
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. é retomada no Artigo 26 da LDB, que determina que os
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser
diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se complementada, em cada sistema de ensino e em cada
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida
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pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para
da economia e dos educandos (BRASIL, 1996; ênfase resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser
adicionada). proativo para identificar os dados de uma situação e buscar
Essa orientação induziu à concepção do conhecimento soluções, conviver e aprender com as diferenças e as
curricular contextualizado pela realidade local, social e individual diversidades.
da escola e do seu alunado, que foi o norte das diretrizes Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o
curriculares traçadas pelo Conselho Nacional de Educação seu compromisso com a educação integral13. Reconhece,
(CNE) ao longo da década de 1990, bem como de sua revisão assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao
nos anos 2000. desenvolvimento humano global, o que implica compreender a
Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento,
organizando o conceito de contextualização como “a inclusão, a rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a
valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa,
diversidade cultural resgatando e respeitando as várias ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do
manifestações de cada comunidade”, conforme destaca o adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como
Parecer CNE/CEB nº 7/20106. Em 2014, a Lei nº 13.005/20147 sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada
promulgou o Plano Nacional de Educação (PNE), que reitera a ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno,
necessidade de estabelecer e implantar, mediante pactuação nas suas singularidades e diversidades. Além disso, a escola,
interfederativa [União, Estados, Distrito Federal e Municípios], como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve
diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não
comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem preconceito e respeito às diferenças e diversidades.
e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino Independentemente da duração da jornada escolar, o
Fundamental e Médio, respeitadas as diversidades regional, conceito de educação integral com o qual a BNCC está
estadual e local (BRASIL, 2014). comprometida se refere à construção intencional de processos
educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as
Os fundamentos pedagógicos da BNCC necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes
e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. Isso
Foco no desenvolvimento de competências O conceito supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as
de competência, adotado pela BNCC, marca a discussão diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas
pedagógica e social das últimas décadas e pode ser inferido no de existir.
texto da LDB, especialmente quando se estabelecem as Assim, a BNCC propõe a superação da fragmentação
finalidades gerais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua
(Artigos 32 e 35). aplicação na vida real, a importância do contexto para dar
Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em
longo deste início do século XXI9, o foco no desenvolvimento de sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.
competências tem orientado a maioria dos Estados e Municípios
brasileiros e diferentes países na construção de seus O PACTO INTERFEDERATIVO E A IMPLEMENTAÇÃO DA
currículos10. É esse também o enfoque adotado nas avaliações BNCC
internacionais da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o Programa Base Nacional Comum Curricular: igualdade, diversidade e
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês)11, equidade
e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), que instituiu o No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos
Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da entes federados, acentuada diversidade cultural e profundas
Educação para a América Latina (LLECE, na sigla em espanhol). desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas
decisões pedagógicas devem estar orientadas para o pedagógicas que considerem as necessidades, as possibilidades
desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara e os interesses dos estudantes, assim como suas identidades
do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de linguísticas, étnicas e culturais.
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do Nesse processo, a BNCC desempenha papel
que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses fundamental, pois explicita as aprendizagens essenciais que
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver todos os estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem ser
cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das consideradas e atendidas. Essa igualdade deve valer também
competências oferece referências para o fortalecimento de ações para as oportunidades de ingresso e permanência em uma
que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na BNCC. escola de Educação Básica, sem o que o direito de aprender não
se concretiza.
O compromisso com a educação integral O Brasil, ao longo de sua história, naturalizou
desigualdades educacionais em relação ao acesso à escola, à
A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e permanência dos estudantes e ao seu aprendizado. São
inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que amplamente conhecidas as enormes desigualdades entre os
aprender, para que aprender, como ensinar, como promover grupos de estudantes definidos por raça, sexo e condição
redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o socioeconômica de suas famílias.
aprendizado. No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu Diante desse quadro, as decisões curriculares e
contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico- didático-pedagógicas das Secretarias de Educação, o
crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, planejamento do trabalho anual das instituições escolares e as
produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de rotinas e os eventos do cotidiano escolar devem levar em
informações. Requer o desenvolvimento de competências para consideração a necessidade de superação dessas
aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez desigualdades. Para isso, os sistemas e redes de ensino e as
mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos instituições escolares devem se planejar com um claro foco na
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equidade, que pressupõe reconhecer que as necessidades dos diferentes modalidades de ensino (Educação Especial, Educação
estudantes são diferentes. de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar
De forma particular, um planejamento com foco na Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação a Distância),
equidade também exige um claro compromisso de reverter a atendendo-se às orientações das Diretrizes Curriculares
situação de exclusão histórica que marginaliza grupos – como os Nacionais. No caso da Educação Escolar Indígena, por exemplo,
povos indígenas originários e as populações das comunidades isso significa assegurar competências específicas com base nos
remanescentes de quilombos e demais afrodescendentes – e as princípios da coletividade, reciprocidade, integralidade,
pessoas que não puderam estudar ou completar sua espiritualidade e alteridade indígena, a serem desenvolvidas a
escolaridade na idade própria. Igualmente, requer o partir de suas culturas tradicionais reconhecidas nos currículos
compromisso com os alunos com deficiência, reconhecendo a dos sistemas de ensino e propostas pedagógicas das instituições
necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e de escolares. Significa também, em uma perspectiva intercultural,
diferenciação curricular, conforme estabelecido na Lei Brasileira considerar seus projetos educativos, suas cosmologias, suas
de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). lógicas, seus valores e princípios pedagógicos próprios (em
consonância com a Constituição Federal, com as Diretrizes
Base Nacional Comum Curricular e currículos Internacionais da OIT – Convenção 169 e com documentos da
ONU e Unesco sobre os direitos indígenas) e suas referências
A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de específicas, tais como: construir currículos interculturais,
princípios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB e diferenciados e bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e
as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um aprendizagem, tanto dos conteúdos universais quanto dos
compromisso com a formação e o desenvolvimento humano conhecimentos indígenas, bem como o ensino da língua
global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, indígena como primeira língua.
ética, moral e simbólica. É também da alçada dos entes federados responsáveis
Além disso, BNCC e currículos têm papéis pela implementação da BNCC o reconhecimento da experiência
complementares para assegurar as aprendizagens essenciais curricular existente em seu âmbito de atuação. Nas duas últimas
definidas para cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais décadas, mais da metade dos Estados e muitos Municípios vêm
aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de elaborando currículos para seus respectivos sistemas de ensino,
decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas inclusive para atender às especificidades das diferentes
decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade modalidades. Muitas escolas públicas e particulares também
local, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de acumularam experiências de desenvolvimento curricular e de
ensino e das instituições escolares, como também o contexto e criação de materiais de apoio ao currículo, assim como
as características dos alunos. instituições de ensino superior construíram experiências de
Essas decisões, que resultam de um processo de envolvimento e consultoria e de apoio técnico ao desenvolvimento curricular.
participação das famílias e da comunidade, referem-se, entre Inventariar e avaliar toda essa experiência pode contribuir para
outras ações, a: aprender com acertos e erros e incorporar práticas que
• contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, propiciaram bons resultados.
identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, Por fim, cabe aos sistemas e redes de ensino, assim
exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e
na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens competência, incorporar aos currículos e às propostas
estão situadas; pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que
• decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos afetam a vida humana em escala local, regional e global,
componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre
das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente
interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei nº
aprendizagem; 9.503/199717), educação ambiental (Lei nº 9.795/1999, Parecer
• selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº 2/201218),
pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e educação alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/200919),
a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei
as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e nº 10.741/200320), educação em direitos humanos (Decreto nº
cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº
socialização etc.; 1/201221), educação das relações étnico-raciais e ensino de
• conceber e pôr em prática situações e procedimentos para história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis nº
motivar e engajar os alunos nas aprendizagens; 10.639/2003 e 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e
• construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de Resolução CNE/CP nº 1/200422), bem como saúde, vida familiar
processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as e social, educação para o consumo, educação financeira e fiscal,
condições de aprendizagem, tomando tais registros como trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer
referência para melhorar o desempenho da escola, dos CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/201023). Na
professores e dos alunos; BNCC, essas temáticas são contempladas em habilidades dos
• selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e componentes curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e
tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma
• criar e disponibilizar materiais de orientação para os contextualizada.
professores, bem como manter processos permanentes de
formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
dos processos de ensino e aprendizagem;
• manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996.
pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito
das escolas e sistemas de ensino. (Vide Decreto nº 3.860, de 2001)
(Vide Lei nº 10.870, de 2004)
Essas decisões precisam, igualmente, ser consideradas (Vide Adin 3324-7, de 2005)
na organização de currículos e propostas adequados às (Vide Lei nº 12.061, de 2009)
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(Vide Lei nº 13.666, de 2018) (Vigência) XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo
da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018)
Regulamento
TÍTULO III
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será
efetivado mediante a garantia de:
TÍTULO I
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
Da Educação (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma:
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de
culturais. 2013)

§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
predominantemente, por meio do ensino, em instituições
próprias. II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de
idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
trabalho e à prática social. III - atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com deficiência, transtornos globais do
TÍTULO II desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação
dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu para todos os que não os concluíram na idade própria;
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
trabalho.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes criação artística, segundo a capacidade de cada um;
princípios:
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na educando;
escola;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos,
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, com características e modalidades adequadas às suas
o pensamento, a arte e o saber; necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; saúde; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a
variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos
VII - valorização do profissional da educação escolar; indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem.
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e
da legislação dos sistemas de ensino; X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino
fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a
IX - garantia de padrão de qualidade; partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade.
(Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008).
X - valorização da experiência extra-escolar;
Art. 5o O acesso à educação básica obrigatória é direito público
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
sociais. associação comunitária, organização sindical, entidade de classe
ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público,
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. acionar o poder público para exigi-lo. (Redação dada
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) pela Lei nº 12.796, de 2013)

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§ 1o O poder público, na esfera de sua competência federativa,


deverá: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios;
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade
escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
educação básica; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de
2013) seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à
escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e
II - fazer-lhes a chamada pública; supletiva;

III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
escola. Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, assegurar formação básica comum;
nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais
níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
constitucionais e legais. Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para
identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou
legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito
sumário a ação judicial correspondente. V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;

§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento
garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser escolar no ensino fundamental, médio e superior, em
imputada por crime de responsabilidade. colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição
de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o
Poder Público criará formas alternativas de acesso aos VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-
diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização graduação;
anterior.
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições
Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das de educação superior, com a cooperação dos sistemas que
crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;
idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as respectivamente, os cursos das instituições de educação
seguintes condições: superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.
(Vide Lei nº 10.870, de 2004)
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do
respectivo sistema de ensino; § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de
Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade
II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo permanente, criado por lei.
Poder Público;
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no terá acesso a todos os dados e informações necessários de
art. 213 da Constituição Federal. todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.

TÍTULO IV § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser


delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
Da Organização da Educação Nacional mantenham instituições de educação superior.

Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas
de ensino. I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais dos seus sistemas de ensino;
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição
relação às demais instâncias educacionais. proporcional das responsabilidades, de acordo com a população
a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos uma dessas esferas do Poder Público;
termos desta Lei.
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em
Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento) consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação,
integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com Municípios;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
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IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta
respectivamente, os cursos das instituições de educação pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013,
superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; de 2009)

V - baixar normas complementares para o seu sistema de VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz
ensino; competente da Comarca e ao respectivo representante do
Ministério Público a relação dos alunos que apresentem
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual
o ensino médio a todos que o demandarem, respeitado o permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001)
disposto no art. 38 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº
12.061, de 2009) IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de
combate a todos os tipos de violência, especialmente a
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas;
(Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003) (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)

Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz
competências referentes aos Estados e aos Municípios. nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)

Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições I - participar da elaboração da proposta pedagógica do


oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e estabelecimento de ensino;
planos educacionais da União e dos Estados;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; pedagógica do estabelecimento de ensino;

III - baixar normas complementares para o seu sistema de III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
ensino;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do menor rendimento;
seu sistema de ensino;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, participar integralmente dos períodos dedicados ao
com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas
plenamente as necessidades de sua área de competência e com VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as
recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela famílias e a comunidade.
Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
ensino. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão
democrática do ensino público na educação básica, de acordo
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
(Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003)
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se projeto pedagógico da escola;
integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um
sistema único de educação básica. II - participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas
comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades
escolares públicas de educação básica que os integram
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e
de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiro público.
financeiros;
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula (Regulamento)
estabelecidas;
I - as instituições de ensino mantidas pela União;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
docente; II - as instituições de educação superior criadas e mantidas pela
iniciativa privada;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor
rendimento; III - os órgãos federais de educação.

VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal
processos de integração da sociedade com a escola; compreendem:

VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo
se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
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II - educação superior.
II - as instituições de educação superior mantidas pelo Poder
Público municipal; CAPÍTULO II

III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e DA EDUCAÇÃO BÁSICA


mantidas pela iniciativa privada;
Seção I
IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
respectivamente. Das Disposições Gerais

Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o
infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para
sistema de ensino. o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores.
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de educação anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
infantil mantidas pelo Poder Público municipal; períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade,
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela organização, sempre que o interesse do processo de
iniciativa privada; aprendizagem assim o recomendar.

III – os órgãos municipais de educação. § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se
tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais.
classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
(Regulamento) (Regulamento) § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades
locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas
mantidas e administradas pelo Poder Público; letivas previsto nesta Lei.

II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o
seguintes categorias: (Regulamento) (Regulamento) ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um
mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o
I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são tempo reservado aos exames finais, quando houver;
instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
jurídicas de direito privado que não apresentem as
características dos incisos abaixo; II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira
do ensino fundamental, pode ser feita:
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, a) por promoção, para alunos que cursaram, com
inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;
incluam na sua entidade mantenedora representantes da
comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.020, de b) por transferência, para candidatos procedentes de outras
2009) escolas;

III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por c) independentemente de escolarização anterior, mediante
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas avaliação feita pela escola, que defina o grau de
que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua
ao disposto no inciso anterior; inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação
do respectivo sistema de ensino;
IV - filantrópicas, na forma da lei.
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por
TÍTULO V série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão
parcial, desde que preservada a sequência do currículo,
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino observadas as normas do respectivo sistema de ensino;

CAPÍTULO I IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de


séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na
Da Composição dos Níveis Escolares matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros
componentes curriculares;
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino critérios:
fundamental e ensino médio;

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a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, § 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da
com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos escola, é componente curricular obrigatório da educação básica,
e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada
provas finais; pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis
atraso escolar; horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº
verificação do aprendizado; 10.793, de 1º.12.2003)

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em
situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento
escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de
seus regimentos; 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema
de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de
cento do total de horas letivas para aprovação; 1º.12.2003)

VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do
certificados de conclusão de cursos, com as especificações povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e
cabíveis. europeia.

§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do § 5o No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano,
caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº
médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de 13.415, de 2017)
ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil
horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017. § 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) linguagens que constituirão o componente curricular de que trata
o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de
§ 2o Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de 2016)
educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do § 7o A integralização curricular poderá incluir, a critério dos
art. 4o. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas
transversais de que trata o caput. (Redação dada pela Lei
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis nº 13.415, de 2017)
alcançar relação adequada entre o número de alunos e o
professor, a carga horária e as condições materiais do § 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá
estabelecimento. componente curricular complementar integrado à proposta
pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei nº
das condições disponíveis e das características regionais e 13.006, de 2014)
locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto
neste artigo. § 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de
todas as formas de violência contra a criança e o adolescente
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino serão incluídos, como temas transversais, nos currículos
fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a
a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida Adolescente), observada a produção e distribuição de material
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, didático adequado. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº
12.796, de 2013) § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter
obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, aprovação do Conselho Nacional de Educação e de
obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da homologação pelo Ministro de Estado da Educação.
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
realidade social e política, especialmente do Brasil.
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de
§ 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo
regionais, constituirá componente curricular obrigatório da da história e cultura afro-brasileira e indígena. (Redação
educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
2017)
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
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caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as
dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei nº
dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, 12.796, de 2013)
a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na
formação da sociedade nacional, resgatando as suas I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção,
à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído
2008). pela Lei nº 12.796, de 2013)

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,
e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho
todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
artística e de literatura e história brasileiras. (Redação dada
pela Lei nº 11.645, de 2008). III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias
para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de
ordem democrática; 2013)

II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em V - expedição de documentação que permita atestar os
cada estabelecimento; processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
III - orientação para o trabalho;
Seção III
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas
desportivas não-formais. Do Ensino Fundamental

Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9
sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis)
sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão,
especialmente: mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)

I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
necessidades e interesses dos alunos da zona rural; meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II - organização escolar própria, incluindo adequação do II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
climáticas; fundamenta a sociedade;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo
em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas formação de atitudes e valores;
e quilombolas será precedido de manifestação do órgão
normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da assenta a vida social.
comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014)
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
Seção II fundamental em ciclos.

Da Educação Infantil § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por


série podem adotar no ensino fundamental o regime de
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e sistema de ensino.
social, complementando a ação da família e da comunidade.
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem.
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três
anos de idade; § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a
distância utilizado como complementação da aprendizagem ou
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos em situações emergenciais.
de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

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§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá,


obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de 13.415, de 2017)
julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do
Adolescente, observada a produção e distribuição de material III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído
didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007). pela Lei nº 13.415, de 2017)

§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela
tema transversal nos currículos do ensino fundamental. Lei nº 13.415, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011).
§ 1o A parte diversificada dos currículos de que trata o caput
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar
integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada
dos horários normais das escolas públicas de ensino a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
(Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) § 2o A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino
médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de educação
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº
para a definição dos conteúdos do ensino religioso e 13.415, de 2017)
estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos
professores. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) § 3o O ensino da língua portuguesa e da matemática será
obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas
pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
conteúdos do ensino religioso. (Incluído pela Lei nº
9.475, de 22.7.1997) § 4o Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente,
o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol,
menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários
progressivamente ampliado o período de permanência na escola. definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº
13.415, de 2017)
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas
alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 5o A carga horária destinada ao cumprimento da Base
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de
tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído
pela Lei nº 13.415, de 2017)
Seção IV
§ 6o A União estabelecerá os padrões de desempenho
Do Ensino Médio esperados para o ensino médio, que serão referência nos
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
duração mínima de três anos, terá como finalidades:
§ 7o Os currículos do ensino médio deverão considerar a
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
prosseguimento de estudos; formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de § 8o Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação
se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou processual e formativa serão organizados nas redes de ensino
aperfeiçoamento posteriores; por meio de atividades teóricas e práticas, provas orais e
escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de tal forma
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, que ao final do ensino médio o educando demonstre:
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
intelectual e do pensamento crítico;
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415, de
processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no 2017)
ensino de cada disciplina.
II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem.
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes
do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base
conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, que
deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local
13.415, de 2017)
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e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Redação da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) 13.415, de 2017)

I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº § 8o A oferta de formação técnica e profissional a que se refere
13.415, de 2017) o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou em
parceria com outras instituições, deverá ser aprovada
II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei previamente pelo Conselho Estadual de Educação, homologada
nº 13.415, de 2017) pelo Secretário Estadual de Educação e certificada pelos
sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada
pela Lei nº 13.415, de 2017) § 9o As instituições de ensino emitirão certificado com validade
nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio ao
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada prosseguimento dos estudos em nível superior ou em outros
pela Lei nº 13.415, de 2017) cursos ou formações para os quais a conclusão do ensino médio
seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº
13.415, de 2017) § 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, o
ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o
§ 1o A organização das áreas de que trata o caput e das sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído
respectivas competências e habilidades será feita de acordo com pela Lei nº 13.415, de 2017)
critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (Redação
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 11. Para efeito de cumprimento das exigências curriculares do
ensino médio, os sistemas de ensino poderão reconhecer
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de competências e firmar convênios com instituições de educação a
2017) distância com notório reconhecimento, mediante as seguintes
formas de comprovação: (Incluído pela Lei nº 13.415, de
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
2017)
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, de
III – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.684, de 2017)
2008)
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra experiência
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008) adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela Lei nº
13.415, de 2017)
§ 3o A critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto
itinerário formativo integrado, que se traduz na composição de III - atividades de educação técnica oferecidas em outras
componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular - instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº
BNCC e dos itinerários formativos, considerando os incisos I a V 13.415, de 2017)
do caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocupacionais;
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008) (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)

§ 5o Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais ou
na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
cursar mais um itinerário formativo de que trata o caput.
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou
educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela
§ 6o A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação Lei nº 13.415, de 2017)
com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela
Lei nº 13.415, de 2017) § 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de
escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor produtivo previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
ou em ambientes de simulação, estabelecendo parcerias e
fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos estabelecidos Seção IV-A
pela legislação sobre aprendizagem profissional; (Incluído
pela Lei nº 13.415, de 2017) Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
II - a possibilidade de concessão de certificados intermediários
de qualificação para o trabalho, quando a formação for Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo,
estruturada e organizada em etapas com terminalidade. o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) prepará-lo para o exercício de profissões técnicas.
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 7o A oferta de formações experimentais relacionadas ao inciso
V do caput, em áreas que não constem do Catálogo Nacional Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e,
dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua continuidade, do facultativamente, a habilitação profissional poderão ser
reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual de desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio
Educação, no prazo de três anos, e da inserção no Catálogo ou em cooperação com instituições especializadas em educação
Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

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Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será Da Educação de Jovens e Adultos
desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº
11.741, de 2008) Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles
que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos
I - articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento
11.741, de 2008) para a educação e a aprendizagem ao longo da vida.
(Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
2008) jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio consideradas as características do alunado, seus interesses,
deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; permanência do trabalhador na escola, mediante ações
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) integradas e complementares entre si.

II - as normas complementares dos respectivos sistemas de § 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de
seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
2008) supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio regular.
articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei,
será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
2008)
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o de quinze anos;
ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a
conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de
na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única dezoito anos.
para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos
já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada mediante exames.
curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008) CAPÍTULO III

a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL


oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei
nº 11.741, de 2008) Da Educação Profissional e Tecnológica
(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento
nº 11.741, de 2008) dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes
níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho,
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela Lei nº
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao 11.741, de 2008)
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído
pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão
ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional construção de diferentes itinerários formativos, observadas as
técnica de nível médio, quando registrados, terão validade normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído
nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na pela Lei nº 11.741, de 2008)
educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os
Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
nível médio, nas formas articulada concomitante e subsequente,
quando estruturados e organizados em etapas com I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
qualificação para o trabalho após a conclusão, com
aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação II – de educação profissional técnica de nível médio;
para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Seção V III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-


graduação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
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desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os


§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015)
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a
objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e
curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de programas: (Regulamento)
Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que
educação continuada, em instituições especializadas ou no tenham concluído o ensino médio ou equivalente;
ambiente de trabalho. (Regulamento) (Regulamento) (Redação dada pela Lei nº 11.632, de 2007).
(Regulamento)
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em
tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de processo seletivo;
avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento
ou conclusão de estudos. (Redação dada pela Lei nº III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado
11.741, de 2008) e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e
outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de
Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, graduação e que atendam às exigências das instituições de
além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, ensino;
abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade
de aproveitamento e não necessariamente ao nível de IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
escolaridade. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
ensino.
CAPÍTULO IV
§ 1º. Os resultados do processo seletivo referido no inciso II do
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR caput deste artigo serão tornados públicos pelas instituições de
ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: nominal dos classificados, a respectiva ordem de classificação,
bem como do cronograma das chamadas para matrícula, de
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito acordo com os critérios para preenchimento das vagas
científico e do pensamento reflexivo; constantes do respectivo edital. (Incluído pela Lei nº
11.331, de 2006) (Renumerado do parágrafo único para § 1º
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, pela Lei nº 13.184, de 2015)
aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições
colaborar na sua formação contínua; públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao
candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais de um
visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei nº
criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o 13.184, de 2015)
entendimento do homem e do meio em que vive;
§ 3o O processo seletivo referido no inciso II considerará as
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, competências e as habilidades definidas na Base Nacional
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de
outras formas de comunicação; Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de
ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e abrangência ou especialização. (Regulamento)
profissional e possibilitar a correspondente concretização, (Regulamento)
integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa
estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como
geração; o credenciamento de instituições de educação superior, terão
prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo processo regular de avaliação. (Regulamento)
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços (Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004)
especializados à comunidade e estabelecer com esta uma
relação de reciprocidade; § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso,
visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da em desativação de cursos e habilitações, em intervenção na
criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da
instituição. autonomia, ou em descredenciamento. (Regulamento)
(Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004)
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da
educação básica, mediante a formação e a capacitação de § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o responsável por sua manutenção acompanhará o processo de

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saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários,


para a superação das deficiências. a) caso o curso mantenha disciplinas com duração diferenciada,
a publicação deve ser semestral; (Incluída pela lei nº
§ 3o No caso de instituição privada, além das sanções previstas 13.168, de 2015)
no § 1o deste artigo, o processo de reavaliação poderá resultar
em redução de vagas autorizadas e em suspensão temporária b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início das
de novos ingressos e de oferta de cursos. (Incluído pela Lei nº aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
13.530, de 2017)
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo docente
§ 4o É facultado ao Ministério da Educação, mediante até o início das aulas, os alunos devem ser comunicados sobre
procedimento específico e com aquiescência da instituição de as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
ensino, com vistas a resguardar os interesses dos estudantes,
comutar as penalidades previstas nos §§ 1o e 3o deste artigo por V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei
outras medidas, desde que adequadas para superação das nº 13.168, de 2015)
deficiências e irregularidades constatadas. (Incluído pela Lei nº
13.530, de 2017) a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de ensino
superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
§ 5o Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Federal
deverão adotar os critérios definidos pela União para autorização b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular de cada
de funcionamento de curso de graduação em Medicina. curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela lei
(Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017) nº 13.168, de 2015)

Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em cada
do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele curso
acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação profissional
finais, quando houver. do docente e o tempo de casa do docente, de forma total,
contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de
§ 1o As instituições informarão aos interessados, antes de cada 2015)
período letivo, os programas dos cursos e demais componentes
curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos
professores, recursos disponíveis e critérios de avaliação, estudos, demonstrado por meio de provas e outros instrumentos
obrigando-se a cumprir as respectivas condições, e a publicação de avaliação específicos, aplicados por banca examinadora
deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras formas especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de
concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
2015)
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo
I - em página específica na internet no sítio eletrônico oficial da nos programas de educação a distância.
instituição de ensino superior, obedecido o seguinte:
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no período
noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como título qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a oferta
“Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de noturna nas instituições públicas, garantida a necessária
2015) previsão orçamentária.

b) a página principal da instituição de ensino superior, bem como Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando
a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a forma registrados, terão validade nacional como prova da formação
de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma recebida por seu titular.
finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica
prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas
próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições não-
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo
eletrônico, deve criar página específica para divulgação das Conselho Nacional de Educação.
informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº
13.168, de 2015) § 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades
estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que
d) a página específica deve conter a data completa de sua última tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente,
atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou
equiparação.
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino
superior, por meio de ligação para a página referida no inciso I; § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por
universidades que possuam cursos de pós-graduação
III - em local visível da instituição de ensino superior e de fácil reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) em nível equivalente ou superior.

IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a
acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido, transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese
observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
2015)
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Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na forma § 1º Para garantir a autonomia didático-científica das
da lei. (Regulamento) universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa
decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
Art. 50. As instituições de educação superior, quando da (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade de I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio. (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)

Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas como II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada
universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e pela Lei nº 13.490, de 2017)
admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses
critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se com III - elaboração da programação dos cursos; (Redação
os órgãos normativos dos sistemas de ensino. dada pela Lei nº 13.490, de 2017)

Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão;
formação dos quadros profissionais de nível superior, de (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano,
que se caracterizam por: (Regulamento) (Regulamento) V - contratação e dispensa de professores; (Redação
dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo
sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei
ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional; nº 13.490, de 2017)

II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação § 2o As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas a
acadêmica de mestrado ou doutorado; setores ou projetos específicos, conforme acordo entre doadores
e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017)
III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.
§ 3o No caso das universidades públicas, os recursos das
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição, com
especializadas por campo do saber. (Regulamento) destinação garantida às unidades a serem beneficiadas.
(Regulamento) (Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017)

Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão,
universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: na forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às
peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas pelo Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do
de educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às regime jurídico do seu pessoal. (Regulamento)
normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo (Regulamento)
sistema de ensino; (Regulamento)
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas
as diretrizes gerais pertinentes; poderão:

III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e
científica, produção artística e atividades de extensão; administrativo, assim como um plano de cargos e salários,
atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade disponíveis;
institucional e as exigências do seu meio;
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em as normas gerais concernentes;
consonância com as normas gerais atinentes;
III - aprovar e executar planos, programas e projetos de
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral,
de acordo com os recursos alocados pelo respectivo Poder
VII - firmar contratos, acordos e convênios; mantenedor;

VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral,
bem como administrar rendimentos conforme dispositivos V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas
institucionais; peculiaridades de organização e funcionamento;

IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com
no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos; aprovação do Poder competente, para aquisição de bens
imóveis, instalações e equipamentos;
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e
cooperação financeira resultante de convênios com entidades VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
públicas e privadas. providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial
necessárias ao seu bom desempenho.

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§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
estendidas a instituições que comprovem alta qualificação para o integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
pelo Poder Público. competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,
bem como para aqueles que apresentam uma habilidade
Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
desenvolvimento das instituições de educação superior por ela V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
mantidas. suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
regular.
Art. 56. As instituições públicas de educação superior
obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional de
existência de órgãos colegiados deliberativos, de que alunos com altas habilidades ou superdotação matriculados na
participarão os segmentos da comunidade institucional, local e educação básica e na educação superior, a fim de fomentar a
regional. execução de políticas públicas destinadas ao desenvolvimento
pleno das potencialidades desse alunado. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão nº 13.234, de 2015)
setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e
comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com altas
modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha habilidades ou superdotação, os critérios e procedimentos para
de dirigentes. inclusão no cadastro referido no caput deste artigo, as entidades
responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos de acesso
Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o aos dados do cadastro e as políticas de desenvolvimento das
professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos
aulas. (Regulamento) em regulamento.

CAPÍTULO V Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino


estabelecerão critérios de caracterização das instituições
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta financeiro pelo Poder Público.
Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
12.796, de 2013) habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de
ensino, independentemente do apoio às instituições previstas
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades
da clientela de educação especial. TÍTULO VI

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas Dos Profissionais da Educação


ou serviços especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, não for possível a sua Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica
integração nas classes comuns de ensino regular. os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados
em cursos reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste 12.014, de 2009)
artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da
vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. I – professores habilitados em nível médio ou superior para a
60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018) docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e
médio; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas II – trabalhadores em educação portadores de diploma de
habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº pedagogia, com habilitação em administração, planejamento,
12.796, de 2013) supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
organização específicos, para atender às suas necessidades;
III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (Incluído
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, pela Lei nº 12.014, de 2009)
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
menor tempo o programa escolar para os superdotados; IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
III - professores com especialização adequada em nível médio áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados
ou superior, para atendimento especializado, bem como por titulação específica ou prática de ensino em unidades
professores do ensino regular capacitados para a integração educacionais da rede pública ou privada ou das corporações
desses educandos nas classes comuns; privadas em que tenham atuado, exclusivamente para atender

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ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei nº 13.415, § 8o Os currículos dos cursos de formação de docentes terão
de 2017) por referência a Base Nacional Comum Curricular. (Incluído
pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº 13.415, de 2017)
V - profissionais graduados que tenham feito complementação
pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Nacional de Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso
Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-
pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo habilitações
Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de tecnológicas. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
modo a atender às especificidades do exercício de suas
atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os
modalidades da educação básica, terá como fundamentos: profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em
(Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de
educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou
I – a presença de sólida formação básica, que propicie o tecnológicos e de pós-graduação. (Incluído pela Lei nº
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas 12.796, de 2013)
competências de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.014, de
2009) Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de
educação básica a cursos superiores de pedagogia e licenciatura
II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios será efetivado por meio de processo seletivo diferenciado.
supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
Lei nº 12.014, de 2009)
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput deste
III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em artigo os professores das redes públicas municipais, estaduais e
instituições de ensino e em outras atividades. (Incluído pela federal que ingressaram por concurso público, tenham pelo
Lei nº 12.014, de 2009) menos três anos de exercício da profissão e não sejam
portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica nº 13.478, de 2017)
far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena,
admitida, como formação mínima para o exercício do magistério § 2o As instituições de ensino responsáveis pela oferta de cursos
na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios adicionais
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. de seleção sempre que acorrerem aos certames interessados
(Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017) em número superior ao de vagas disponíveis para os respectivos
cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em
regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a § 3o Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem definidos em
continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. regulamento pelas universidades, terão prioridade de ingresso os
(Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009). professores que optarem por cursos de licenciatura em
matemática, física, química, biologia e língua portuguesa.
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a
distância. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009). Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
(Regulamento)
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará
preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso I - cursos formadores de profissionais para a educação básica,
de recursos e tecnologias de educação a distância. inclusive o curso normal superior, destinado à formação de
(Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009). docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do
ensino fundamental;
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência em II - programas de formação pedagógica para portadores de
cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na diplomas de educação superior que queiram se dedicar à
educação básica pública. (Incluído pela Lei nº 12.796, de educação básica;
2013)
III - programas de educação continuada para os profissionais de
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios educação dos diversos níveis.
incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar
na educação básica pública mediante programa institucional de Art. 64. A formação de profissionais de educação para
bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação
cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educacional para a educação básica, será feita em cursos de
educação superior. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a
critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima base comum nacional.
em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino médio
como pré-requisito para o ingresso em cursos de graduação para Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior,
formação de docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
- CNE. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-
§ 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas
de mestrado e doutorado.

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Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade desenvolvimento do ensino público. (Vide Medida
com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência Provisória nº 773, de 2017) (Vigência encerrada)
de título acadêmico.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou
profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos pelos Estados aos respectivos Municípios, não será considerada,
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo
público: que a transferir.

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos
títulos; mencionadas neste artigo as operações de crédito por
antecipação de receita orçamentária de impostos.
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com
licenciamento periódico remunerado para esse fim; § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos
mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita
III - piso salarial profissional; estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o caso,
por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais, com base
IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e no eventual excesso de arrecadação.
na avaliação do desempenho;
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos
incluído na carga de trabalho; percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a
cada trimestre do exercício financeiro.
VI - condições adequadas de trabalho.
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da
§ 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação,
termos das normas de cada sistema de ensino. observados os seguintes prazos:
(Renumerado pela Lei nº 11.301, de 2006)
I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada mês,
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8o do até o vigésimo dia;
art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de
magistério as exercidas por professores e especialistas em II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de
educação no desempenho de atividades educativas, quando cada mês, até o trigésimo dia;
exercidas em estabelecimento de educação básica em seus
diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de
docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
e assessoramento pedagógico. (Incluído pela Lei nº
11.301, de 2006) § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção
monetária e à responsabilização civil e criminal das autoridades
§ 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, ao competentes.
Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos
públicos para provimento de cargos dos profissionais da Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e
educação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à
consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais
TÍTULO VII de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a:

Dos Recursos financeiros I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais


profissionais da educação;
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os
originários de: II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
instalações e equipamentos necessários ao ensino;
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios; III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

II - receita de transferências constitucionais e outras IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando


transferências; precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do
ensino;
III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;
V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento
IV - receita de incentivos fiscais; dos sistemas de ensino;

V - outros recursos previstos em lei. VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas
e privadas;
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito,
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a
cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis atender ao disposto nos incisos deste artigo;
Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as
transferências constitucionais, na manutenção e
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VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos que
programas de transporte escolar. efetivamente frequentam a escola.

Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: favor do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios se estes
oferecerem vagas, na área de ensino de sua responsabilidade,
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei,
quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, em número inferior à sua capacidade de atendimento.
precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua
expansão; Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei, sem
assistencial, desportivo ou cultural; prejuízo de outras prescrições legais.

III - formação de quadros especiais para a administração pública, Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas
sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
confessionais ou filantrópicas que:
IV - programas suplementares de alimentação, assistência
médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam
de assistência social; resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela de
seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
V - obras de infra-estrutura, ainda que realizadas para beneficiar
direta ou indiretamente a rede escolar; II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;

VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola
quando em desvio de função ou em atividade alheia à comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no
manutenção e desenvolvimento do ensino. caso de encerramento de suas atividades;

Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos.
desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados
refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal. a bolsas de estudo para a educação básica, na forma da lei, para
os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, falta de vagas e cursos regulares da rede pública de domicílio do
na prestação de contas de recursos públicos, o cumprimento do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
disposto no art. 212 da Constituição Federal, no art. 60 do Ato prioritariamente na expansão da sua rede local.
das Disposições Constitucionais Transitórias e na legislação
concernente. § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão
receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive mediante
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito bolsas de estudo.
Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de
oportunidades educacionais para o ensino fundamental, baseado TÍTULO VIII
no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar
ensino de qualidade. Das Disposições Gerais

Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das
calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
ano subsequente, considerando variações regionais no custo dos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e
insumos e as diversas modalidades de ensino. pesquisa, para oferta de educação escolar bilingue e intercultural
aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Estados
será exercida de modo a corrigir, progressivamente, as I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas
de ensino. identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;

§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula de II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às
domínio público que inclua a capacidade de atendimento e a informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade
medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.
Federal ou do Município em favor da manutenção e do
desenvolvimento do ensino. Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas
de ensino no provimento da educação intercultural às
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo será definida comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados
pela razão entre os recursos de uso constitucionalmente de ensino e pesquisa.
obrigatório na manutenção e desenvolvimento do ensino e o
custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo de qualidade. § 1º Os programas serão planejados com audiência das
comunidades indígenas.
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a
União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos
Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:
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sobre a matéria. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de


I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de 2008)
cada comunidade indígena;
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
II - manter programas de formação de pessoal especializado, 11.788, de 2008)
destinado à educação escolar nas comunidades indígenas;
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, admitida a
III - desenvolver currículos e programas específicos, neles equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos
incluindo os conteúdos culturais correspondentes às respectivas sistemas de ensino.
comunidades;
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas
específico e diferenciado. instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu
rendimento e seu plano de estudos.
§ 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo de
outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria
nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de poderá exigir a abertura de concurso público de provas e títulos
ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à para cargo de docente de instituição pública de ensino que
pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. estiver sendo ocupado por professor não concursado, por mais
(Incluído pela Lei nº 12.416, de 2011) de seis anos, ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41
da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições
Art. 79-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de Constitucionais Transitórias.
9.1.2003)
Art. 86. As instituições de educação superior constituídas como
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro universidades integrar-se-ão, também, na sua condição de
como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. (Incluído pela instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e
Lei nº 10.639, de 9.1.2003) Tecnologia, nos termos da legislação específica.

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a TÍTULO IX


veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. Das Disposições Transitórias
(Regulamento) (Regulamento)
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime a partir da publicação desta Lei.
especiais, será oferecida por instituições especificamente
credenciadas pela União. § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta
Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes,
exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para
distância. Todos.

§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de § 2º (Revogado). (Redação dada pela lei nº 12.796, de
programas de educação a distância e a autorização para sua 2013)
implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino,
podendo haver cooperação e integração entre os diferentes § 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e,
sistemas. (Regulamento) supletivamente, a União, devem: (Redação dada pela Lei
nº 11.330, de 2006)
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado,
que incluirá: I - (revogado); (Redação dada pela lei nº 12.796, de
2013)
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de
radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de a) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de
comunicação que sejam explorados mediante autorização, 2006)
concessão ou permissão do poder público; (Redação
dada pela Lei nº 12.603, de 2012) b) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de
2006)
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente
educativas; c) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de
2006)
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público,
pelos concessionários de canais comerciais. II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos
insuficientemente escolarizados;
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições de
ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições III - realizar programas de capacitação para todos os professores
desta Lei. em exercício, utilizando também, para isto, os recursos da
educação a distância;
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de
realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal

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IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino fundamental


do seu território ao sistema nacional de avaliação do rendimento Art. 1o  É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE,
escolar. com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta
Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do disposto
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela lei nº 12.796, no art. 214 da Constituição Federal.
de 2013) Art. 2o  São diretrizes do PNE:
I - erradicação do analfabetismo;
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a II - universalização do atendimento escolar;
progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino III - superação das desigualdades educacionais, com
fundamental para o regime de escolas de tempo integral. ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as
formas de discriminação;
§ 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao Distrito IV - melhoria da qualidade da educação;
Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos seus V - formação para o trabalho e para a cidadania, com
Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art. 212 da ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a
Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes pelos sociedade;
governos beneficiados. VI - promoção do princípio da gestão democrática da
educação pública;
Art. 87-A. (VETADO). (Incluído pela lei nº 12.796, de 2013) VII - promoção humanística, científica, cultural e
tecnológica do País;
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
adaptarão sua legislação educacional e de ensino às disposições públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto
desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da data de sua - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão,
publicação. (Regulamento) (Regulamento) com padrão de qualidade e equidade;
IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes Art. 3o  As metas previstas no Anexo desta Lei serão
estabelecidos. cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não haja
prazo inferior definido para metas e estratégias específicas.
§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o disposto nos Art. 4o  As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter
incisos II e III do art. 52 é de oito anos. como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
- PNAD, o censo demográfico e os censos  nacionais da
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na
ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da data da publicação desta Lei.
publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de Parágrafo único.  O poder público buscará ampliar o
ensino. escopo das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir
informação detalhada sobre o perfil das populações de 4 (quatro)
Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime a 17 (dezessete) anos com deficiência.
anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo Art. 5o  A execução do PNE e o cumprimento de suas
Conselho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste, metas serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:
autonomia universitária. I - Ministério da Educação - MEC;
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e
Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal;
III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de 20 de IV - Fórum Nacional de Educação.
dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968, não § 1o  Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995 e I - divulgar os resultados do monitoramento e das
9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, avaliações nos respectivos sítios institucionais da internet;
de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a
as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
outras disposições em contrário. III - analisar e propor a revisão do percentual de
investimento público em educação.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência e 108º § 2o  A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de
da República. vigência deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para aferir
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO a evolução  no cumprimento das metas estabelecidas no Anexo
Paulo Renato Souza desta Lei, com informações organizadas por ente federado e
consolidadas em âmbito nacional, tendo como referência os
Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.12.1996 estudos e as pesquisas de que trata o art. 4o, sem prejuízo de
outras fontes e informações relevantes.
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014. § 3o  A meta progressiva do investimento público em
educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e
Aprova o Plano Nacional de poderá ser ampliada por meio de lei para atender às
Educação - PNE e dá outras necessidades financeiras do cumprimento das demais metas.
 
providências. § 4o  O investimento público em educação a que se
referem o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: do art. 212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das
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Disposições Constitucionais Transitórias, bem como os recursos diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo de
aplicados nos programas de expansão da educação profissional 1 (um) ano contado da publicação desta Lei.
e superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as § 1o  Os entes federados estabelecerão nos respectivos
bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os planos de educação estratégias que:
subsídios concedidos em programas de financiamento estudantil I - assegurem a articulação das políticas educacionais
e o financiamento de creches, pré-escolas e de educação com as demais políticas sociais, particularmente as culturais;
especial na forma do art. 213 da Constituição Federal. II - considerem as necessidades específicas das
§ 5o  Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento populações do campo e das comunidades indígenas e
do ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos quilombolas, asseguradas a equidade educacional e a
do art. 212 da Constituição Federal, além de outros recursos diversidade cultural;
previstos em lei, a parcela da participação no resultado ou da III - garantam o atendimento das necessidades
compensação financeira pela exploração de petróleo e de gás específicas na educação especial, assegurado o sistema
natural, na forma de lei específica, com a finalidade de assegurar educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. 214 da IV - promovam a articulação interfederativa na
Constituição Federal. implementação das políticas educacionais.
Art. 6o  A União promoverá a realização de pelo menos 2 § 2o  Os processos de elaboração e adequação dos
(duas) conferências nacionais de educação até o final do planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos
decênio, precedidas de conferências distrital, municipais e Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão realizados
estaduais, articuladas e coordenadas pelo Fórum Nacional de com ampla participação de representantes da comunidade
Educação, instituído nesta Lei, no âmbito do Ministério da educacional e da sociedade civil.
Educação. Art. 9o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 1o  O Fórum Nacional de Educação, além da atribuição deverão aprovar leis específicas para os seus sistemas de
referida no caput: ensino, disciplinando a gestão democrática da educação pública
I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento de nos respectivos âmbitos de atuação, no prazo de 2 (dois) anos
suas metas; contado da publicação desta Lei, adequando, quando for o caso,
II - promoverá a articulação das conferências nacionais de a legislação local já adotada com essa finalidade.
educação com as conferências regionais, estaduais e municipais Art. 10.  O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
que as precederem. os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito Federal
§ 2o  As conferências nacionais de educação realizar-se- e dos Municípios serão formulados de maneira a assegurar a
ão com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as
objetivo de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a diretrizes, metas e estratégias deste PNE e com os respectivos
elaboração do plano nacional de educação para o decênio planos de educação, a fim de viabilizar sua plena execução.
subsequente. Art. 11.  O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Art. 7o  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Básica, coordenado pela União, em colaboração com os
Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte de
alcance das metas e à implementação das estratégias objeto informação para a avaliação da qualidade da educação básica e
deste Plano. para a orientação das políticas públicas desse nível de ensino.
§ 1o  Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais § 1o  O sistema de avaliação a que se refere
e do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais o caput produzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos:
necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE. I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao
§ 2o  As estratégias definidas no Anexo desta Lei não desempenho dos (as) estudantes apurado em exames nacionais
elidem a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de de avaliação, com participação de pelo menos 80% (oitenta por
instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os cento) dos (as) alunos (as) de cada ano escolar periodicamente
entes federados, podendo ser complementadas por mecanismos avaliado em cada escola, e aos dados pertinentes apurados pelo
nacionais e locais de coordenação e colaboração recíproca. censo escolar da educação básica;
§ 3o  Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito II - indicadores de avaliação institucional, relativos a
Federal e dos Municípios criarão mecanismos para o características como o perfil do alunado e do corpo dos (as)
acompanhamento local da consecução das metas deste PNE e profissionais da educação, as relações entre dimensão do corpo
dos planos previstos no art. 8o. docente, do corpo técnico e do corpo discente, a infraestrutura
§ 4o  Haverá regime de colaboração específico para a das escolas, os recursos pedagógicos disponíveis e os
implementação de modalidades de educação escolar que processos da gestão, entre outras relevantes.
necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a § 2o  A elaboração e a divulgação de índices para
utilização de estratégias que levem em conta as identidades e avaliação da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento da
especificidades socioculturais e linguísticas de cada comunidade Educação Básica - IDEB, que agreguem os indicadores
envolvida, assegurada a consulta prévia e informada a essa mencionados no inciso I do § 1o não elidem a obrigatoriedade de
comunidade. divulgação, em separado, de cada um deles.
§ 5o  Será criada uma instância permanente de § 3o  Os indicadores mencionados no § 1o serão
negociação e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito estimados por etapa, estabelecimento de ensino, rede escolar,
Federal e os Municípios. unidade da Federação e em nível agregado nacional, sendo
§ 6o  O fortalecimento do regime de colaboração entre os amplamente divulgados, ressalvada a publicação de resultados
Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de individuais e indicadores por turma, que fica admitida
instâncias permanentes de negociação, cooperação e pactuação exclusivamente para a comunidade do respectivo
em cada Estado. estabelecimento e para o órgão gestor da respectiva rede.
§ 7o  O fortalecimento do regime de colaboração entre os § 4o  Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e
Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos de dos indicadores referidos no § 1o.
desenvolvimento da educação. § 5o  A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em
Art. 8o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exames, referida no inciso I do § 1o, poderá ser diretamente
deverão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou realizada pela União ou, mediante acordo de cooperação, pelos
adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com as Estados e pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas de
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ensino e de seus Municípios, caso mantenham sistemas próprios na área de educação com a expansão da oferta na rede escolar
de avaliação do rendimento escolar, assegurada a pública;
compatibilidade metodológica entre esses sistemas e o nacional, 1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as)
especialmente no que se refere às escalas de proficiência e ao profissionais da educação infantil, garantindo, progressivamente,
calendário de aplicação. o atendimento por profissionais com formação superior;
Art. 12.  Até o final do primeiro semestre do nono ano de 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos
vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao de pesquisa e cursos de formação para profissionais da
Congresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e
Poder, o projeto de lei referente ao Plano Nacional de Educação propostas pedagógicas que incorporem os avanços de pesquisas
a vigorar no período subsequente, que incluirá diagnóstico, ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às teorias
diretrizes, metas e estratégias para o próximo decênio. educacionais no atendimento da população de 0 (zero) a 5
Art. 13.  O poder público deverá instituir, em lei específica, (cinco) anos;
contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema 1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e
Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os das comunidades indígenas e quilombolas na educação infantil
sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação nas respectivas comunidades, por meio do redimensionamento
das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de da distribuição territorial da oferta, limitando a nucleação de
Educação. escolas e o deslocamento de crianças, de forma a atender às
Art. 14.  Esta Lei entra em vigor na data de sua especificidades dessas comunidades, garantido consulta prévia e
publicação. informada;
Brasília,  25  de  junho de 2014; 193o da Independência e 1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a
126o da República. oferta do atendimento educacional especializado complementar
DILMA ROUSSEFF e suplementar aos (às) alunos (as) com deficiência, transtornos
Guido Mantega globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
José Henrique Paim Fernandes assegurando a educação bilíngue para crianças surdas e a
Miriam Belchior transversalidade da educação especial nessa etapa da educação
básica;
Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.6.2014 - 1.12) implementar, em caráter complementar, programas
Edição extra  de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das
áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no
ANEXO desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de
METAS E ESTRATÉGIAS  idade;
1.13) preservar as especificidades da educação infantil na
Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na organização das redes escolares, garantindo o atendimento da
pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos que
idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação
forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do (a)
crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental;
Estratégias: 1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os acesso e da permanência das crianças na educação infantil, em
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão especial dos beneficiários de programas de transferência de
das respectivas redes públicas de educação infantil segundo renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos públicos
padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades de assistência social, saúde e proteção à infância;
locais; 1.15) promover a busca ativa de crianças em idade
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja correspondente à educação infantil, em parceria com órgãos
inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de públicos de assistência social, saúde e proteção à infância,
frequência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos preservando o direito de opção da família em relação às crianças
oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado e as de até 3 (três) anos;
do quinto de renda familiar per capita mais baixo; 1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a
1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, colaboração da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a
levantamento da demanda por creche para a população de até 3 cada ano, levantamento da demanda manifesta por educação
(três) anos, como forma de planejar a oferta e verificar o infantil em creches e pré-escolas, como forma de planejar e
atendimento da demanda manifesta; verificar o atendimento;
1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE, 1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo
normas, procedimentos e prazos para definição de mecanismos integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos,
de consulta pública da demanda das famílias por creches; conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e a Educação Infantil.
respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional de Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove)
construção e reestruturação de escolas, bem como de aquisição anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e
de equipamentos, visando à expansão e à melhoria da rede garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos
física de escolas públicas de educação infantil; alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último
1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE, ano de vigência deste PNE.
avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) Estratégias:
anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim de 2.1) o Ministério da Educação, em articulação e
aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condições colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de deverá, até o final do 2o (segundo) ano de vigência deste PNE,
acessibilidade, entre outros indicadores relevantes; elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de Educação,
1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches precedida de consulta pública nacional, proposta de direitos e
certificadas como entidades beneficentes de assistência social objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os (as)
alunos (as) do ensino fundamental;
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2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Conselho Nacional de Educação - CNE, até o 2 o(segundo) ano
Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § de vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de
5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de
aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base ensino médio, a serem atingidos nos tempos e etapas de
nacional comum curricular do ensino fundamental; organização deste nível de ensino, com vistas a garantir
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento formação básica comum;
individualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; 3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o §
acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos 5o do art. 7o desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de
beneficiários de programas de transferência de renda, bem como aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base
das situações de discriminação, preconceitos e violências na nacional comum curricular do ensino médio;
escola, visando ao estabelecimento de condições adequadas 3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de
para o sucesso escolar dos (as) alunos (as), em colaboração forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva,
com as famílias e com órgãos públicos de assistência social, integrada ao currículo escolar;
saúde e proteção à infância, adolescência e juventude; 3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de
2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes fluxo do ensino fundamental, por meio do acompanhamento
fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assistência individualizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar defasado
social, saúde e proteção à infância, adolescência e juventude; e pela adoção de práticas como aulas de reforço no turno
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem, complementar, estudos de recuperação e progressão parcial, de
de maneira articulada, a organização do tempo e das atividades forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira compatível
didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, considerando com sua idade;
as especificidades da educação especial, das escolas do campo 3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio -
e das comunidades indígenas e quilombolas; ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a curricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e
organização flexível do trabalho pedagógico, incluindo psicométricas que permitam comparabilidade de resultados,
adequação do calendário escolar de acordo com a realidade articulando-o com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
local, a identidade cultural e as condições climáticas da região; Básica - SAEB, e promover sua utilização como instrumento de
2.8) promover a relação das escolas com instituições e avaliação sistêmica, para subsidiar políticas públicas para a
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de educação básica, de avaliação certificadora, possibilitando
atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) aferição de conhecimentos e habilidades adquiridos dentro e fora
dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que as da escola, e de avaliação classificatória, como critério de acesso
escolas se tornem polos de criação e difusão cultural; à educação superior;
2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis no 3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de
acompanhamento das atividades escolares dos filhos por meio ensino médio integrado à educação profissional, observando-se
do estreitamento das relações entre as escolas e as famílias; as peculiaridades das populações do campo, das comunidades
2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em indígenas e quilombolas e das pessoas com deficiência;
especial dos anos iniciais, para as populações do campo, 3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o
indígenas e quilombolas, nas próprias comunidades; monitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens
2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino beneficiários (as) de programas de transferência de renda, no
fundamental, garantida a qualidade, para atender aos filhos e ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento escolar e
filhas de profissionais que se dedicam a atividades de caráter à interação com o coletivo, bem como das situações de
itinerante; discriminação, preconceitos e violências, práticas irregulares de
2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo exploração do trabalho, consumo de drogas, gravidez precoce,
aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive em colaboração com as famílias e com órgãos públicos de
mediante certames e concursos nacionais; assistência social, saúde e proteção à adolescência e juventude;
2.13) promover atividades de desenvolvimento e estímulo 3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze)
a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um plano de a 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os
disseminação do desporto educacional e de desenvolvimento serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescência
esportivo nacional. e à juventude;
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar 3.10) fomentar programas de educação e de cultura para
para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e a população urbana e do campo de jovens, na faixa etária de 15
elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa (quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com qualificação
líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco social e profissional para aqueles que estejam fora da escola e
por cento). com defasagem no fluxo escolar;
Estratégias: 3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos
3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das escolas
ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com de ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, de
abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre acordo com as necessidades específicas dos (as) alunos (as);
teoria e prática, por meio de currículos escolares que organizem, 3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino
de maneira flexível e diversificada, conteúdos obrigatórios e médio, garantida a qualidade, para atender aos filhos e filhas de
eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho, profissionais que se dedicam a atividades de caráter itinerante;
linguagens, tecnologia, cultura e esporte, garantindo-se a 3.13) implementar políticas de prevenção à evasão
aquisição de equipamentos e laboratórios, a produção de motivada por preconceito ou quaisquer formas de discriminação,
material didático específico, a formação continuada de criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão;
professores e a articulação com instituições acadêmicas, 3.14) estimular a participação dos adolescentes nos
esportivas e culturais; cursos das áreas tecnológicas e científicas.
3.2) o Ministério da Educação, em articulação e Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17
colaboração com os entes federados e ouvida a sociedade (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do
mediante consulta pública nacional, elaborará e encaminhará ao desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso
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à educação básica e ao atendimento educacional especializado, bem como da permanência e do desenvolvimento escolar dos
preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, beneficiários (as) de programas de transferência de renda,
públicos ou conveniados. juntamente com o combate às situações de discriminação,
Estratégias: preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de condições adequadas para o sucesso educacional, em
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, as assistência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e
matrículas dos (as) estudantes da educação regular da rede à juventude;
pública que recebam atendimento educacional especializado 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o
complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo dessas desenvolvimento de metodologias, materiais didáticos,
matrículas na educação básica regular, e as matrículas equipamentos e recursos de tecnologia assistiva, com vistas à
efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na promoção do ensino e da aprendizagem, bem como das
educação especial oferecida em instituições comunitárias, condições de acessibilidade dos (as) estudantes com deficiência,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
com o poder público e com atuação exclusiva na modalidade, superdotação;
nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007; 4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas
4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a interdisciplinares para subsidiar a formulação de políticas
universalização do atendimento escolar à demanda manifesta públicas intersetoriais que atendam as especificidades
pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com educacionais de estudantes com deficiência, transtornos globais
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação que
habilidades ou superdotação, observado o que dispõe a Lei requeiram medidas de atendimento especializado;
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as 4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e
diretrizes e bases da educação nacional; políticas públicas de saúde, assistência social e direitos
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos humanos, em parceria com as famílias, com o fim de desenvolver
multifuncionais e fomentar a formação continuada de professores modelos de atendimento voltados à continuidade do atendimento
e professoras para o atendimento educacional especializado nas escolar, na educação de jovens e adultos, das pessoas com
escolas urbanas, do campo, indígenas e de comunidades deficiência e transtornos globais do desenvolvimento com idade
quilombolas; superior à faixa etária de escolarização obrigatória, de forma a
4.4) garantir atendimento educacional especializado em assegurar a atenção integral ao longo da vida;
salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços 4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da
especializados, públicos ou conveniados, nas formas educação para atender à demanda do processo de escolarização
complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com dos (das) estudantes com deficiência, transtornos globais do
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, garantindo
habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de a oferta de professores (as) do atendimento educacional
educação básica, conforme necessidade identificada por meio de especializado, profissionais de apoio ou auxiliares, tradutores
avaliação, ouvidos a família e o aluno; (as) e intérpretes de Libras, guias-intérpretes para surdos-cegos,
4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de professores de Libras, prioritariamente surdos, e professores
apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições bilíngues;
acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de saúde, 4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE,
assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o trabalho indicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão
dos (as) professores da educação básica com os (as) alunos (as) para o funcionamento de instituições públicas e privadas que
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas prestam atendimento a alunos com deficiência, transtornos
habilidades ou superdotação; globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
4.6) manter e ampliar programas suplementares que 4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação,
promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, a
garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas
deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta de com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
transporte acessível e da disponibilização de material didático habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos;
próprio e de recursos de tecnologia assistiva, assegurando, 4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e
ainda, no contexto escolar, em todas as etapas, níveis e nos demais cursos de formação para profissionais da educação,
modalidades de ensino, a identificação dos (as) alunos (as) com inclusive em nível de pós-graduação, observado o disposto
altas habilidades ou superdotação; no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais
4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de
Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na ensino-aprendizagem relacionados ao atendimento educacional
modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, de alunos com deficiência, transtornos globais do
aos (às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva de 0 (zero) desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes bilíngues e em 4.17) promover parcerias com instituições comunitárias,
escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto no 5.626, de confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da Convenção com o poder público, visando a ampliar as condições de apoio ao
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como a atendimento escolar integral das pessoas com deficiência,
adoção do Sistema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos; transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino;
exclusão do ensino regular sob alegação de deficiência e 4.18) promover parcerias com instituições comunitárias,
promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
atendimento educacional especializado; com o poder público, visando a ampliar a oferta de formação
4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do continuada e a produção de material didático acessível, assim
acesso à escola e ao atendimento educacional especializado, como os serviços de acessibilidade necessários ao pleno
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acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com em comunidades pobres ou com crianças em situação de
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas vulnerabilidade social;
habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de 6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração,
ensino; programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas
4.19) promover parcerias com instituições comunitárias, públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades
com o poder público, a fim de favorecer a participação das culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros
famílias e da sociedade na construção do sistema educacional e outros equipamentos, bem como da produção de material
inclusivo. didático e da formação de recursos humanos para a educação
Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o em tempo integral;
final do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental. 6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes
Estratégias: espaços educativos, culturais e esportivos e com equipamentos
5.1) estruturar os processos pedagógicos de públicos, como centros comunitários, bibliotecas, praças,
alfabetização, nos anos iniciais do ensino fundamental, parques, museus, teatros, cinemas e planetários;
articulando-os com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, 6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação
com qualificação e valorização dos (as) professores (as) da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da
alfabetizadores e com apoio pedagógico específico, a fim de rede pública de educação básica por parte das entidades
garantir a alfabetização plena de todas as crianças; privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de
5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional periódicos forma concomitante e em articulação com a rede pública de
e específicos para aferir a alfabetização das crianças, aplicados ensino;
a cada ano, bem como estimular os sistemas de ensino e as 6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art.
escolas a criarem os respectivos instrumentos de avaliação e 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009 , em atividades
monitoramento, implementando medidas pedagógicas para de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da
alfabetizar todos os alunos e alunas até o final do terceiro ano do rede pública de educação básica, de forma concomitante e em
ensino fundamental; articulação com a rede pública de ensino;
5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias 6.7) atender às escolas do campo e de comunidades
educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo
diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o integral, com base em consulta prévia e informada,
acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em considerando-se as peculiaridades locais;
que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, 6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas
preferencialmente, como recursos educacionais abertos; com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17
educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional
assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo especializado complementar e suplementar ofertado em salas de
escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as recursos multifuncionais da própria escola ou em instituições
diversas abordagens metodológicas e sua efetividade; especializadas;
5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, 6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de
indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da
produção de materiais didáticos específicos, e desenvolver jornada para o efetivo trabalho escolar, combinado com
instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da atividades recreativas, esportivas e culturais.
língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em
cultural das comunidades quilombolas; todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e
5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias
de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o nacionais para o Ideb:
conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas
pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre IDEB 2 2 2 2
programas de pós-graduação stricto sensu e ações de formação 015 017 019 021
continuada de professores (as) para a alfabetização; Anos iniciais do ensino 5 5 5 6
5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência, fundamental ,2 ,5 ,7 ,0
considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização Anos finais do ensino 4 5 5 5
bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de fundamental ,7 ,0 ,2 ,5
terminalidade temporal. Ensino médio 4 4 5 5
Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no ,3 ,7 ,0 ,2
mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de
forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos
Estratégias:
(as) alunos (as) da educação básica.
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação
Estratégias:
interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e
6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de
a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos
educação básica pública em tempo integral, por meio de
de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para
atividades de acompanhamento pedagógico e multidisciplinares,
cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a
inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo de
diversidade regional, estadual e local;
permanência dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua
7.2) assegurar que:
responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70%
diárias durante todo o ano letivo, com a ampliação progressiva
(setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental e
da jornada de professores em uma única escola;
do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de
6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de
aprendizado em relação aos direitos e objetivos de
construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário
aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50%
adequado para atendimento em tempo integral, prioritariamente
(cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável;

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b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) 015 018 021
estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham Média dos resultados em 4 4 4
alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos matemática, leitura e ciências 38 55 73
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu
ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível 7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e
desejável; divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas
o Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo
indicadores de avaliação institucional com base no perfil do escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de métodos
alunado e do corpo de profissionais da educação, nas condições e propostas pedagógicas, com preferência para softwares livres
de infraestrutura das escolas, nos recursos pedagógicos e recursos educacionais abertos, bem como o acompanhamento
disponíveis, nas características da gestão e em outras dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas;
dimensões relevantes, considerando as especificidades das 7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as)
modalidades de ensino; estudantes da educação do campo na faixa etária da educação
7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das escolar obrigatória, mediante renovação e padronização integral
escolas de educação básica, por meio da constituição de da frota de veículos, de acordo com especificações definidas
instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia -
fortalecidas, destacando-se a elaboração de planejamento INMETRO, e financiamento compartilhado, com participação da
estratégico, a melhoria contínua da qualidade educacional, a União proporcional às necessidades dos entes federados,
formação continuada dos (as) profissionais da educação e o visando a reduzir a evasão escolar e o tempo médio de
aprimoramento da gestão democrática; deslocamento a partir de cada situação local;
7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas 7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de
dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas para a atendimento escolar para a população do campo que considerem
educação básica pública e às estratégias de apoio técnico e as especificidades locais e as boas práticas nacionais e
financeiro voltadas à melhoria da gestão educacional, à internacionais;
formação de professores e professoras e profissionais de 7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste
serviços e apoio escolares, à ampliação e ao desenvolvimento PNE, o acesso à rede mundial de computadores em banda larga
de recursos pedagógicos e à melhoria e expansão da de alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação
infraestrutura física da rede escolar; computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de educação
7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da
à fixação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos informação e da comunicação;
conforme pactuação voluntária entre os entes, priorizando 7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar
sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da média nacional; mediante transferência direta de recursos financeiros à escola,
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de garantindo a participação da comunidade escolar no
avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de forma planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação
a englobar o ensino de ciências nos exames aplicados nos anos da transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão
finais do ensino fundamental, e incorporar o Exame Nacional do democrática;
Ensino Médio, assegurada a sua universalização, ao sistema de 7.17) ampliar programas e aprofundar ações de
avaliação da educação básica, bem como apoiar o uso dos atendimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da educação
resultados das avaliações nacionais pelas escolas e redes de básica, por meio de programas suplementares de material
ensino para a melhoria de seus processos e práticas didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
pedagógicas; 7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação da básica o acesso a energia elétrica, abastecimento de água
qualidade da educação especial, bem como da qualidade da tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos,
educação bilíngue para surdos; garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva,
7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, a bens culturais e artísticos e a equipamentos e laboratórios de
de forma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a ciências e, em cada edifício escolar, garantir a acessibilidade às
diferença entre as escolas com os menores índices e a média pessoas com deficiência;
nacional, garantindo equidade da aprendizagem e reduzindo pela 7.19) institucionalizar e manter, em regime de
metade, até o último ano de vigência deste PNE, as diferenças colaboração, programa nacional de reestruturação e aquisição
entre as médias dos índices dos Estados, inclusive do Distrito de equipamentos para escolas públicas, visando à equalização
Federal, e dos Municípios; regional das oportunidades educacionais;
7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os 7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos
resultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional de digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a todas
avaliação da educação básica e do Ideb, relativos às escolas, às as escolas públicas da educação básica, criando, inclusive,
redes públicas de educação básica e aos sistemas de ensino da mecanismos para implementação das condições necessárias
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para a universalização das bibliotecas nas instituições
assegurando a contextualização desses resultados, com relação educacionais, com acesso a redes digitais de computadores,
a indicadores sociais relevantes, como os de nível inclusive a internet;
socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a 7.21) a União, em regime de colaboração com os entes
transparência e o acesso público às informações técnicas de federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois) anos
concepção e operação do sistema de avaliação; contados da publicação desta Lei, parâmetros mínimos de
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação qualidade dos serviços da educação básica, a serem utilizados
básica nas avaliações da aprendizagem no Programa como referência para infraestrutura das escolas, recursos
Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA, tomado como pedagógicos, entre outros insumos relevantes, bem como
instrumento externo de referência, internacionalmente instrumento para adoção de medidas para a melhoria da
reconhecido, de acordo com as seguintes projeções: qualidade do ensino;

PISA 2 2 2
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7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financeira
públicas e das secretarias de educação dos Estados, do Distrito da União, em articulação com o sistema nacional de avaliação,
Federal e dos Municípios, bem como manter programa nacional os sistemas estaduais de avaliação da educação básica, com
de formação inicial e continuada para o pessoal técnico das participação, por adesão, das redes municipais de ensino, para
secretarias de educação; orientar as políticas públicas e as práticas pedagógicas, com o
7.23) garantir políticas de combate à violência na escola, fornecimento das informações às escolas e à sociedade;
inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas à 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância
capacitação de educadores para detecção dos sinais de suas com as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a
causas, como a violência doméstica e sexual, favorecendo a formação de leitores e leitoras e a capacitação de professores e
adoção das providências adequadas para promover a construção professoras, bibliotecários e bibliotecárias e agentes da
da cultura de paz e um ambiente escolar dotado de segurança comunidade para atuar como mediadores e mediadoras da
para a comunidade; leitura, de acordo com a especificidade das diferentes etapas do
7.24) implementar políticas de inclusão e permanência na desenvolvimento e da aprendizagem;
escola para adolescentes e jovens que se encontram em regime 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os
de liberdade assistida e em situação de rua, assegurando os Municípios e o Distrito Federal, programa nacional de formação
princípios da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da de professores e professoras e de alunos e alunas para
Criança e do Adolescente; promover e consolidar política de preservação da memória
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a nacional;
história e as culturas afro-brasileira e indígenas e implementar 7.35) promover a regulação da oferta da educação básica
ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639, de 9 de pela iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e o
janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008, cumprimento da função social da educação;
assegurando-se a implementação das respectivas diretrizes 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que
curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o mérito
fóruns de educação para a diversidade étnico-racial, conselhos do corpo docente, da direção e da comunidade escolar.
escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil; Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18
7.26) consolidar a educação escolar no campo de (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no
populações tradicionais, de populações itinerantes e de mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência
comunidades indígenas e quilombolas, respeitando a articulação deste Plano, para as populações do campo, da região de menor
entre os ambientes escolares e comunitários e garantindo: o escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais
desenvolvimento sustentável e preservação da identidade pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não
cultural; a participação da comunidade na definição do modelo negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
de organização pedagógica e de gestão das instituições, Estatística - IBGE.
consideradas as práticas socioculturais e as formas particulares Estratégias:
de organização do tempo; a oferta bilíngue na educação infantil e 8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecnologias
nos anos iniciais do ensino fundamental, em língua materna das para correção de fluxo, para acompanhamento pedagógico
comunidades indígenas e em língua portuguesa; a individualizado e para recuperação e progressão parcial, bem
reestruturação e a aquisição de equipamentos; a oferta de como priorizar estudantes com rendimento escolar defasado,
programa para a formação inicial e continuada de profissionais considerando as especificidades dos segmentos populacionais
da educação; e o atendimento em educação especial; considerados;
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas 8.2) implementar programas de educação de jovens e
específicas para educação escolar para as escolas do campo e adultos para os segmentos populacionais considerados, que
para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os estejam fora da escola e com defasagem idade-série, associados
conteúdos culturais correspondentes às respectivas a outras estratégias que garantam a continuidade da
comunidades e considerando o fortalecimento das práticas escolarização, após a alfabetização inicial;
socioculturais e da língua materna de cada comunidade 8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação da
indígena, produzindo e disponibilizando materiais didáticos conclusão dos ensinos fundamental e médio;
específicos, inclusive para os (as) alunos (as) com deficiência; 8.4) expandir a oferta gratuita de educação profissional
7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil, técnica por parte das entidades privadas de serviço social e de
articulando a educação formal com experiências de educação formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de forma
popular e cidadã, com os propósitos de que a educação seja concomitante ao ensino ofertado na rede escolar pública, para os
assumida como responsabilidade de todos e de ampliar o segmentos populacionais considerados;
controle social sobre o cumprimento das políticas públicas 8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e
educacionais; assistência social, o acompanhamento e o monitoramento do
7.29) promover a articulação dos programas da área da acesso à escola específicos para os segmentos populacionais
educação, de âmbito local e nacional, com os de outras áreas, considerados, identificar motivos de absenteísmo e colaborar
como saúde, trabalho e emprego, assistência social, esporte e com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a
cultura, possibilitando a criação de rede de apoio integral às garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de maneira a
famílias, como condição para a melhoria da qualidade estimular a ampliação do atendimento desses (as) estudantes na
educacional; rede pública regular de ensino;
7.30) universalizar, mediante articulação entre os órgãos 8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola
responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o pertencentes aos segmentos populacionais considerados, em
atendimento aos (às) estudantes da rede escolar pública de parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção à
educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e juventude.
atenção à saúde; Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com
7.31) estabelecer ações efetivas especificamente voltadas 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e
para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde e à cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste
integridade física, mental e emocional dos (das) profissionais da PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50%
educação, como condição para a melhoria da qualidade (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional.
educacional; Estratégias:
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9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica na adultos com a educação profissional, em cursos planejados, de
idade própria; acordo com as características do público da educação de jovens
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino e adultos e considerando as especificidades das populações
fundamental e médio incompletos, para identificar a demanda itinerantes e do campo e das comunidades indígenas e
ativa por vagas na educação de jovens e adultos; quilombolas, inclusive na modalidade de educação a distância;
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e 10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens e
adultos com garantia de continuidade da escolarização básica; adultos com deficiência e baixo nível de escolaridade, por meio
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de do acesso à educação de jovens e adultos articulada à educação
transferência de renda para jovens e adultos que frequentarem profissional;
cursos de alfabetização; 10.5) implantar programa nacional de reestruturação e
9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melhoria da
de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime de rede física de escolas públicas que atuam na educação de
colaboração entre entes federados e em parceria com jovens e adultos integrada à educação profissional, garantindo
organizações da sociedade civil; acessibilidade à pessoa com deficiência;
9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos, 10.6) estimular a diversificação curricular da educação de
que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos jovens e adultos, articulando a formação básica e a preparação
com mais de 15 (quinze) anos de idade; para o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações entre
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e
educação de jovens e adultos por meio de programas da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço
suplementares de transporte, alimentação e saúde, inclusive pedagógicos adequados às características desses alunos e
atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos, em alunas;
articulação com a área da saúde; 10.7) fomentar a produção de material didático, o
9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos, desenvolvimento de currículos e metodologias específicas, os
nas etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas privadas instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e
de liberdade em todos os estabelecimentos penais, laboratórios e a formação continuada de docentes das redes
assegurando-se formação específica dos professores e das públicas que atuam na educação de jovens e adultos articulada à
professoras e implementação de diretrizes nacionais em regime educação profissional;
de colaboração; 10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e
9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores continuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada à
na educação de jovens e adultos que visem ao desenvolvimento educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e com
de modelos adequados às necessidades específicas desses (as) apoio de entidades privadas de formação profissional vinculadas
alunos (as); ao sistema sindical e de entidades sem fins lucrativos de
9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem atendimento à pessoa com deficiência, com atuação exclusiva na
os segmentos empregadores, públicos e privados, e os sistemas modalidade;
de ensino, para promover a compatibilização da jornada de 10.9) institucionalizar programa nacional de assistência
trabalho dos empregados e das empregadas com a oferta das ao estudante, compreendendo ações de assistência social,
ações de alfabetização e de educação de jovens e adultos; financeira e de apoio psicopedagógico que  contribuam para
9.11) implementar programas de capacitação tecnológica garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a conclusão
da população jovem e adulta, direcionados para os segmentos com êxito da educação de jovens e adultos articulada à
com baixos níveis de escolarização formal e para os (as) alunos educação profissional;
(as) com deficiência, articulando os sistemas de ensino, a Rede 10.10) orientar a expansão da oferta de educação de
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, as jovens e adultos articulada à educação profissional, de modo a
universidades, as cooperativas e as associações, por meio de atender às pessoas privadas de liberdade nos estabelecimentos
ações de extensão desenvolvidas em centros vocacionais penais, assegurando-se formação específica dos professores e
tecnológicos, com tecnologias assistivas que favoreçam a efetiva das professoras e implementação de diretrizes nacionais em
inclusão social e produtiva dessa população; regime de colaboração;
9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e 10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de
adultos, as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem
políticas de erradicação do analfabetismo, ao acesso a considerados na articulação curricular dos cursos de formação
tecnologias educacionais e atividades recreativas, culturais e inicial e continuada e dos cursos técnicos de nível médio.
esportivas, à implementação de programas de valorização e Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional
compartilhamento dos conhecimentos e experiência dos idosos e técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo
à inclusão dos temas do envelhecimento e da velhice nas menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento
escolas. público.
Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por Estratégias:
cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos 11.1) expandir as matrículas de educação profissional
ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação técnica de nível médio na Rede Federal de Educação
profissional. Profissional, Científica e Tecnológica, levando em consideração
Estratégias: a responsabilidade dos Institutos na ordenação territorial, sua
10.1) manter programa nacional de educação de jovens e vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais locais e
adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à formação regionais, bem como a interiorização da educação profissional;
profissional inicial, de forma a estimular a conclusão da 11.2) fomentar a expansão da oferta de educação
educação básica; profissional técnica de nível médio nas redes públicas estaduais
10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e de ensino;
adultos, de modo a articular a formação inicial e continuada de 11.3) fomentar a expansão da oferta de educação
trabalhadores com a educação profissional, objetivando a profissional técnica de nível médio na modalidade de educação a
elevação do nível de escolaridade do trabalhador e da distância, com a finalidade de ampliar a oferta e democratizar o
trabalhadora;
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acesso à educação profissional pública e gratuita, assegurado para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço das
padrão de qualidade; vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes por
11.4) estimular a expansão do estágio na educação professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de
profissional técnica de nível médio e do ensino médio regular, aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que
preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerário valorizem a aquisição de competências de nível superior;
formativo do aluno, visando à formação de qualificações próprias 12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e
da atividade profissional, à contextualização curricular e ao gratuita prioritariamente para a formação de professores e
desenvolvimento da juventude; professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de
11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimento ciências e matemática, bem como para atender ao défice de
de saberes para fins de certificação profissional em nível técnico; profissionais em áreas específicas;
11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação 12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência
profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas de estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições públicas,
formação profissional vinculadas ao sistema sindical e entidades bolsistas de instituições privadas de educação superior e
sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com deficiência, beneficiários do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de
com atuação exclusiva na modalidade; que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001, na educação
11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à superior, de modo a reduzir as desigualdades étnico-raciais e
educação profissional técnica de nível médio oferecida em ampliar as taxas de acesso e permanência na educação superior
instituições privadas de educação superior; de estudantes egressos da escola pública, afrodescendentes e
11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualidade indígenas e de estudantes com deficiência, transtornos globais
da educação profissional técnica de nível médio das redes do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, de
escolares públicas e privadas; forma a apoiar seu sucesso acadêmico;
11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratuito 12.6) expandir o financiamento estudantil por meio do
integrado à formação profissional para as populações do campo Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei
e para as comunidades indígenas e quilombolas, de acordo com no 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição de fundo
os seus interesses e necessidades; garantidor do financiamento, de forma a dispensar
11.10) expandir a oferta de educação profissional técnica progressivamente a exigência de fiador;
de nível médio para as pessoas com deficiência, transtornos 12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; de créditos curriculares exigidos para a graduação em
11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média programas e projetos de extensão universitária, orientando sua
dos cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social;
Educação Profissional, Científica e Tecnológica para 90% 12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da formação
(noventa por cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação na educação superior;
de alunos (as) por professor para 20 (vinte); 12.9) ampliar a participação proporcional de grupos
11.12) elevar gradualmente o investimento em programas historicamente desfavorecidos na educação superior, inclusive
de assistência estudantil e mecanismos de mobilidade mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma da lei;
acadêmica, visando a garantir as condições necessárias à 12.10) assegurar condições de acessibilidade nas
permanência dos (as) estudantes e à conclusão dos cursos instituições de educação superior, na forma da legislação;
técnicos de nível médio; 12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a
11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais necessidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa e
no acesso e permanência na educação profissional técnica de mundo do trabalho, considerando as necessidades econômicas,
nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, sociais e culturais do País;
na forma da lei; 12.12) consolidar e ampliar programas e ações de
11.14) estruturar sistema nacional de informação incentivo à mobilidade estudantil e docente em cursos de
profissional, articulando a oferta de formação das instituições graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional,
especializadas em educação profissional aos dados do mercado tendo em vista o enriquecimento da formação de nível superior;
de trabalho e a consultas promovidas em entidades empresariais 12.13) expandir atendimento específico a populações do
e de trabalhadores  campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais
superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para para atuação nessas populações;
33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de
(vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e formação de pessoal de nível superior, destacadamente a que se
expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas refere à formação nas áreas de ciências e matemática,
matrículas, no segmento público. considerando as necessidades do desenvolvimento do País, a
Estratégias: inovação tecnológica e a melhoria da qualidade da educação
12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física e básica;
de recursos humanos das instituições públicas de educação 12.15) institucionalizar programa de composição de
superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de forma a acervo digital de referências bibliográficas e audiovisuais para os
ampliar e interiorizar o acesso à graduação; cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às pessoas
12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e com deficiência; 
interiorização da rede federal de educação superior, da Rede 12.16) consolidar processos seletivos nacionais e
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do regionais para acesso à educação superior como forma de
sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a superar exames vestibulares isolados;
densidade populacional, a oferta de vagas públicas em relação à 12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas
população na idade de referência e observadas as ociosas em cada período letivo na educação superior pública;
características regionais das micro e mesorregiões definidas pela 12.18) estimular a expansão e reestruturação das
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, instituições de educação superior estaduais e municipais cujo
uniformizando a expansão no território nacional; ensino seja gratuito, por meio de apoio técnico e financeiro do
12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos Governo Federal, mediante termo de adesão a programa de
cursos de graduação presenciais nas universidades públicas reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua
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contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e as 13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
necessidades dos sistemas de ensino dos entes mantenedores cursos de graduação presenciais nas universidades públicas, de
na oferta e qualidade da educação básica; modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições
12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e fomentar a
qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os melhoria dos resultados de aprendizagem, de modo que, em 5
procedimentos adotados na área de avaliação, regulação e (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta por cento) dos
supervisão, em relação aos processos de autorização de cursos estudantes apresentem desempenho positivo igual ou superior a
e instituições, de reconhecimento ou renovação de 60% (sessenta por cento) no Exame Nacional de Desempenho
reconhecimento de cursos superiores e de credenciamento ou de Estudantes - ENADE e, no último ano de vigência, pelo
recredenciamento de instituições, no âmbito do sistema federal menos 75% (setenta e cinco por cento) dos estudantes
de ensino; obtenham desempenho positivo igual ou superior a 75% (setenta
12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento ao e cinco por cento) nesse exame, em cada área de formação
Estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº profissional;
10.260, de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade 13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as)
para Todos - PROUNI, de que trata a Lei no11.096, de 13 de profissionais técnico-administrativos da educação superior.
janeiro de 2005, os benefícios destinados à concessão de Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na
financiamento a estudantes regularmente matriculados em pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual
cursos superiores presenciais ou a distância, com avaliação de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil)
positiva, de acordo com regulamentação própria, nos processos doutores.
conduzidos pelo Ministério da Educação; Estratégias:
12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios 14.1) expandir o financiamento da pós-graduação stricto
multifuncionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas definidas sensu por meio das agências oficiais de fomento;
pela política e estratégias nacionais de ciência, tecnologia e 14.2) estimular a integração e a atuação articulada entre a
inovação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e CAPES e as agências estaduais de fomento à pesquisa;
ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em 14.3) expandir o financiamento estudantil por meio do
efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior Fies à pós-graduação stricto sensu;
para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 14.4) expandir a oferta de cursos de pós-
35% (trinta e cinco por cento) doutores. graduação stricto sensu, utilizando inclusive metodologias,
Estratégias: recursos e tecnologias de educação a distância;
13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da 14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades
Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei no 10.861, de 14 étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das
de abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação, regulação populações do campo e das comunidades indígenas e
e supervisão; quilombolas a programas de mestrado e doutorado;
13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de 14.6) ampliar a oferta de programas de pós-
Desempenho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o graduação stricto sensu, especialmente os de doutorado,
quantitativo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz nos campi novos abertos em decorrência dos programas de
respeito à aprendizagem resultante da graduação; expansão e interiorização das instituições superiores públicas;
13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das 14.7) manter e expandir programa de acervo digital de
instituições de educação superior, fortalecendo a participação referências bibliográficas para os cursos de pós-graduação,
das comissões próprias de avaliação, bem como a aplicação de assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência;
instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem 14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos de
fortalecidas, destacando-se a qualificação e a dedicação do pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles ligados às
corpo docente; áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, Informática e
13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de outros no campo das ciências;
pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de instrumento 14.9) consolidar programas, projetos e ações que
próprio de avaliação aprovado pela Comissão Nacional de objetivem a internacionalização da pesquisa e da pós-graduação
Avaliação da Educação Superior - CONAES, integrando-os às brasileiras, incentivando a atuação em rede e o fortalecimento de
demandas e necessidades das redes de educação básica, de grupos de pesquisa;
modo a permitir aos graduandos a aquisição das qualificações 14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológico,
necessárias a conduzir o processo pedagógico de seus futuros nacional e internacional, entre as instituições de ensino, pesquisa
alunos (as), combinando formação geral e específica com a e extensão;
prática didática, além da educação para as relações étnico- 14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco em
raciais, a diversidade e as necessidades das pessoas com desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como incrementar
deficiência; a formação de recursos humanos para a inovação, de modo a
13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades, buscar o aumento da competitividade das empresas de base
direcionando sua atividade, de modo que realizem, efetivamente, tecnológica;
pesquisa institucionalizada, articulada a programas de pós- 14.12) ampliar o investimento na formação de doutores de
graduação stricto sensu; modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por 1.000 (mil)
13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de habitantes;
Estudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano do curso 14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o
de graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, a desempenho científico e tecnológico do País e a competitividade
fim de apurar o valor agregado dos cursos de graduação; internacional da pesquisa brasileira, ampliando a cooperação
13.7) fomentar a formação de consórcios entre científica com empresas, Instituições de Educação Superior - IES
instituições públicas de educação superior, com vistas a e demais Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs;
potencializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de 14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e
desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior promover a formação de recursos humanos que valorize a
visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, diversidade regional e a biodiversidade da região amazônica e
pesquisa e extensão; do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no
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semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de magistério, construída em regime de colaboração entre os entes
emprego e renda na região; federados;
14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES e 15.12) instituir programa de concessão de bolsas de
das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção e estudos para que os professores de idiomas das escolas
registro de patentes. públicas de educação básica realizem estudos de imersão e
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a aperfeiçoamento nos países que tenham como idioma nativo as
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo línguas que lecionem;
de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de 15.13) desenvolver modelos de formação docente para a
formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos educação profissional que valorizem a experiência prática, por
I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro meio da oferta, nas redes federal e estaduais de educação
de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras profissional, de cursos voltados à complementação e certificação
da educação básica possuam formação específica de nível didático-pedagógica de profissionais experientes.
superior, obtida em curso de licenciatura na área de Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50%
conhecimento em que atuam. (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o
Estratégias: último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as)
15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano profissionais da educação básica formação continuada em sua
estratégico que apresente diagnóstico das necessidades de área de atuação, considerando as necessidades, demandas e
formação de profissionais da educação e da capacidade de contextualizações dos sistemas de ensino.
atendimento, por parte de instituições públicas e comunitárias de Estratégias:
educação superior existentes nos Estados, Distrito Federal e 16.1) realizar, em regime de colaboração, o planejamento
Municípios, e defina obrigações recíprocas entre os partícipes; estratégico para dimensionamento da demanda por formação
15.2) consolidar o financiamento estudantil a estudantes continuada e fomentar a respectiva oferta por parte das
matriculados em cursos de licenciatura com avaliação positiva instituições públicas de educação superior, de forma orgânica e
pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - articulada às políticas de formação dos Estados, do Distrito
SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, Federal e dos Municípios;
inclusive a amortização do saldo devedor pela docência efetiva 16.2) consolidar política nacional de formação de
na rede pública de educação básica; professores e professoras da educação básica, definindo
15.3) ampliar programa permanente de iniciação à diretrizes nacionais, áreas prioritárias, instituições formadoras e
docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, a processos de certificação  das atividades formativas;
fim de aprimorar a formação de profissionais para atuar no 16.3) expandir programa de composição de acervo de
magistério da educação básica; obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários, e
15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para programa específico de acesso a bens culturais, incluindo obras
organizar a oferta e as matrículas em cursos de formação inicial e materiais produzidos em Libras e em Braille, sem prejuízo de
e continuada de profissionais da educação, bem como para outros, a serem disponibilizados para os professores e as
divulgar e atualizar seus currículos eletrônicos; professoras da rede pública de educação básica, favorecendo a
15.5) implementar programas específicos para formação construção do conhecimento e a valorização da cultura da
de profissionais da educação para as escolas do campo e de investigação;
comunidades indígenas e quilombolas e para a educação 16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para subsidiar
especial; a atuação dos professores e das professoras da educação
15.6) promover a reforma curricular dos cursos de básica, disponibilizando gratuitamente materiais didáticos e
licenciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a pedagógicos suplementares, inclusive aqueles com formato
assegurar o foco no aprendizado do (a) aluno (a), dividindo a acessível;
carga horária em formação geral, formação na área do saber e 16.5) ampliar a oferta de bolsas de  estudo  para pós-
didática específica e incorporando as modernas tecnologias de graduação dos professores e das professoras e demais
informação e comunicação, em articulação com a base nacional profissionais da educação básica;
comum dos currículos da educação básica, de que tratam as 16.6) fortalecer a formação dos professores e das
estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE; professoras das escolas públicas de educação básica, por meio
15.7) garantir, por meio das funções de avaliação, da implementação das ações do Plano Nacional do Livro e
regulação e supervisão da educação superior, a plena Leitura e da instituição de programa nacional de disponibilização
implementação das respectivas diretrizes curriculares; de recursos para acesso a bens culturais pelo magistério público.
15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das
cursos de formação de nível médio e superior dos profissionais redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu
da educação, visando ao trabalho sistemático de articulação rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com
entre a formação acadêmica e as demandas da educação escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência
básica; deste PNE.
15.9) implementar cursos e programas especiais para Estratégias:
assegurar formação específica na educação superior, nas 17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educação,
respectivas áreas de atuação, aos docentes com formação de até o final do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum
nível médio na modalidade normal, não licenciados ou permanente, com representação da União, dos Estados, do
licenciados em área diversa da de atuação docente, em efetivo Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores da
exercício; educação, para acompanhamento da atualização progressiva do
15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível valor do piso salarial nacional para os profissionais do magistério
médio e tecnológicos de nível superior destinados à formação, público da educação básica;
nas respectivas áreas de atuação, dos (as) profissionais da 17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o
educação de outros segmentos que não os do magistério; acompanhamento da evolução salarial por meio de indicadores
15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD,
desta Lei, política nacional de formação continuada para os (as) periodicamente divulgados pela Fundação Instituto Brasileiro de
profissionais da educação de outros segmentos que não os do Geografia e Estatística - IBGE;

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17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, do 19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da
Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os (as) União na área da educação para os entes federados que tenham
profissionais do magistério das redes públicas de educação aprovado legislação específica que regulamente a matéria na
básica, observados os critérios estabelecidos na Lei no 11.738, área de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e
de 16 de julho de 2008, com implantação gradual do que considere, conjuntamente, para a nomeação dos diretores e
cumprimento da jornada de trabalho em um único diretoras de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho,
estabelecimento escolar; bem como a participação da comunidade escolar;
17.4) ampliar a assistência financeira específica da União 19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às)
aos entes federados para implementação de políticas de conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e controle
valorização dos (as) profissionais do magistério, em particular o social do Fundeb, dos conselhos de alimentação escolar, dos
piso salarial nacional profissional. conselhos regionais e de outros e aos (às) representantes
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a educacionais em demais conselhos de acompanhamento de
existência de planos de Carreira para os (as) profissionais da políticas públicas, garantindo a esses colegiados recursos
educação básica e superior pública de todos os sistemas de financeiros, espaço físico adequado, equipamentos e meios de
ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da transporte para visitas à rede escolar, com vistas ao bom
educação básica pública, tomar como referência o piso salarial desempenho de suas funções;
nacional profissional, definido em lei federal, nos termos 19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os
do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação,
Estratégias: com o intuito de coordenar as conferências municipais, estaduais
18.1) estruturar as redes públicas de educação básica de e distrital bem como efetuar o acompanhamento da execução
modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste PNE, deste PNE e dos seus planos de educação;
90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos 19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a
profissionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e
mínimo, dos respectivos profissionais da educação não docentes associações de pais, assegurando-se-lhes, inclusive, espaços
sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e estejam em adequados e condições de funcionamento nas escolas e
exercício nas redes escolares a que se encontrem vinculados; fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos
18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica e escolares, por meio das respectivas representações;
superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes, 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de
supervisionados por equipe de profissionais experientes, a fim de conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como
fundamentar, com base em avaliação documentada, a decisão instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e
pela efetivação após o estágio probatório e oferecer, durante educacional, inclusive por meio de programas de formação de
esse período, curso de aprofundamento de estudos na área de conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento
atuação do (a) professor (a), com destaque para os conteúdos a autônomo;
serem ensinados e as metodologias de ensino de cada 19.6) estimular a participação e a consulta de
disciplina; profissionais da educação, alunos (as) e seus familiares na
18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, a formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos
cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares,
PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito Federal assegurando a participação dos pais na avaliação de docentes e
e os Municípios, mediante adesão, na realização de concursos gestores escolares;
públicos de admissão de profissionais do magistério da 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica,
educação básica pública; administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de
18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da ensino;
educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 19.8) desenvolver programas de formação de diretores e
licenças remuneradas e incentivos para qualificação profissional, gestores escolares, bem como aplicar prova nacional específica,
inclusive em nível de pós-graduação stricto sensu; a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos para o
18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de provimento dos cargos, cujos resultados possam ser utilizados
vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educação, em por adesão.
regime de colaboração, o censo dos (as) profissionais da Meta 20: ampliar o investimento público em educação
educação básica de outros segmentos que não os do magistério; pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por
18.6) considerar as especificidades socioculturais das cento) do Produto Interno Bruto - PIB do País no 5 o (quinto) ano
escolas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por
no provimento de cargos efetivos para essas escolas; cento) do PIB ao final do decênio.
18.7) priorizar o repasse de transferências federais Estratégias:
voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito 20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e
Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da
estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissionais da educação básica, observando-se as políticas de colaboração
educação; entre os entes federados, em especial as decorrentes do art. 60
18.8) estimular a existência de comissões permanentes do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do § 1o do
de profissionais da educação de todos os sistemas de ensino, art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que tratam
em todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos da capacidade de atendimento e do esforço fiscal de cada ente
competentes na elaboração, reestruturação e implementação federado, com vistas a atender suas demandas educacionais à
dos planos de Carreira. luz do padrão de qualidade nacional;
Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de
para a efetivação da gestão democrática da educação, acompanhamento da arrecadação da contribuição social do
associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à salário-educação;
consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas 20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do
públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art.
Estratégias: 212 da Constituição Federal, na forma da lei específica, a
parcela da participação no resultado ou da compensação
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financeira pela exploração de petróleo e gás natural e outros DIDÁTICA NOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
recursos, com a finalidade de cumprimento da meta prevista  
no inciso VI do caput do art. 214 da Constituição Federal; Aspectos constitutivos da mediação docente e seus efeitos
20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que no processo de aprendizagem e desenvolvimento
assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 , a transparência e o Anna Helena Altenfelder
controle social na utilização dos recursos públicos aplicados em  
educação, especialmente a realização de audiências públicas, a Introdução
criação de portais eletrônicos de transparência e a capacitação
dos membros de conselhos de acompanhamento e controle A psicopedagogia nos últimos anos vem sendo reconhecida
social do Fundeb, com a colaboração entre o Ministério da como área dotada de objeto próprio de pesquisa e intervenção e,
Educação, as Secretarias de Educação dos Estados e dos ao mesmo tempo, como área interdisciplinar apta a articular e
Municípios e os Tribunais de Contas da União, dos Estados e integrar conhecimentos capazes de iluminar a compreensão
dos Municípios; sobre a aprendizagem e seus processos, bem como acerca dos
20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de desafios e dificuldades que neles ocorrem.
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, Nesse contexto, as relações entre ensino e
estudos e acompanhamento regular dos investimentos e custos aprendizagem certamente se constituem em tema de relevância
por aluno da educação básica e superior pública, em todas as e interesse para os profissionais que atuam na área,
suas etapas e modalidades; principalmente se discutidas a partir de uma perspectiva teórica,
20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, como a psicologia sócio histórica de Vigotsky e seus seguidores,
será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi, que, como afirma Freitas, "não reduz o pedagógico ao
referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos na psicológico, mas incorpora neste o social, o cultural e o
legislação educacional  e cujo financiamento será  calculado com histórico". (Freitas, 2006, p.37)
base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo de Rompendo dicotomias como interno e externo, objetivo
ensino-aprendizagem e será progressivamente reajustado até a e subjetivo, social e psicológico, cognitivo e afetivo, a psicologia
implementação plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ; sócio histórica encontra formas mais integradas de estudar e
20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ como compreender o processo do desenvolvimento humano,
parâmetro para o financiamento da educação de todas etapas e constituindo categorias que podem explicá-lo em sua totalidade.
modalidades da educação básica, a partir do cálculo e do Nossa intenção, neste artigo, é discutir uma das categorias
acompanhamento regular dos indicadores de gastos centrais na obra de Vigotsky - a mediação - e, a partir dela,
educacionais com investimentos em qualificação e remuneração compreender o papel de mediador do professor, uma vez que
do pessoal docente e dos demais profissionais da educação sabemos que a qualidade desta mediação é um fator
pública, em aquisição, manutenção, construção e conservação fundamental para que o aluno possa aprender e se desenvolver.
de instalações e equipamentos necessários ao ensino e em Nessa direção, pretendemos considerar não apenas os efeitos
aquisição de material didático-escolar, alimentação e transporte cognitivos, mas também os políticos, culturais e afetivos, uma
escolar; vez que o professor é um sujeito histórico e a ação docente
20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e nunca é neutra. Mais ainda, a afetividade expressa pelo
será continuamente ajustado, com base em metodologia professor ao mediar as interações do aluno com os objetos de
formulada pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado conhecimento é constitutiva dos significados e sentidos que o
pelo Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo Conselho aluno irá construir sobre si mesmo como sujeito que usa
Nacional de Educação - CNE e pelas Comissões de Educação socialmente estes objetos e sobre estes próprios objetos, ou
da Câmara dos Deputados e de Educação, Cultura e Esportes seja, o sucesso ou o fracasso do aluno têm determinantes
do Senado Federal; construídas no próprio processo de ensino e aprendizagem,
20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art. exercendo a mediação do professor papel fundamental.
211 da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por lei Ressaltamos também a importância de se considerar as
complementar, de forma a estabelecer as normas de cooperação condições de formação e trabalho do professor, uma vez que a
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em mediação revela os conhecimentos, as possibilidades, mas
matéria educacional, e a articulação do sistema nacional de também os limites que a condição social, profissional e pessoal
educação em regime de colaboração, com equilíbrio na determina. Por fim, discutimos a relevância dessa reflexão para o
repartição das responsabilidades e dos recursos e efetivo exercício da atividade profissional do psicopedagogo e o
cumprimento das funções redistributiva e supletiva da União no desenvolvimento do seu papel de mediador.
combate às desigualdades educacionais regionais, com especial  
atenção às regiões Norte e Nordeste; Psicologia sócio histórica e a categoria mediação
20.10) caberá à União, na forma da lei, a
complementação de recursos financeiros a todos os Estados, ao A psicologia sócio histórica, ultrapassando visões
Distrito Federal e aos Municípios que não conseguirem atingir o objetivistas e idealistas, não considera o homem como simples
valor do CAQi e, posteriormente, do CAQ; reflexo do meio, nem tampouco como dotado de estruturas
20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de inatas a serem desenvolvidas, mas sim como um indivíduo
Responsabilidade Educacional, assegurando padrão de inserido em um contexto sócio histórico e que, ao agir neste
qualidade na educação básica, em cada sistema e rede de contexto e na relação com outros homens, constitui-se como ser
ensino, aferida pelo processo de metas de qualidade aferidas por humano ao mesmo tempo em que constitui o seu meio. Em
institutos oficiais de avaliação educacionais; outras palavras, o sujeito se organiza nas suas condições de
20.12) definir critérios para distribuição dos recursos vida social sem que seja, contudo, um efeito linear dessas
adicionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que condições.
considerem a equalização das oportunidades educacionais, a Dessa forma, reconhecemos a natureza cultural do
vulnerabilidade socioeconômica e o compromisso técnico e de psiquismo e de seu desenvolvimento. Isso significa que o mundo
gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na instância psicológico se configura a partir da relação do homem com o seu
prevista no § 5o do art. 7o desta Lei. meio, que não podemos esquecer é marcado por uma cultura e

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uma historicidade, logo um mundo objetivo, coletivo, social e entanto, desempenham funções diversas, uma vez que os
cultural. instrumentos agem sobre o ambiente e têm como função
Portanto, é mediante sua inserção na cultura que o modificar os objetos. Já as diferentes formas de atividades que
homem constitui a própria consciência. Esta é sempre única e usam signos têm a função de ação reversa, isto é, agem sobre o
singular, sendo entendida como um processo que abriga o indivíduo, o que confere à operação psicológica formas
psicológico, os registros que o homem faz de suas experiências qualitativamente novas e superiores.
e relações como o mundo - um processo portanto sempre em Evidencia-se, assim, por que a categoria mediação é
elaboração, que produz as formas de pensar, agir e sentir. central na obra de Vigotsky e, consequentemente, na psicologia
Compreender o sujeito e seu desenvolvimento nessa sócio histórica, e por que essa categoria permite compreender
perspectiva, significa considerar que fatores cognitivos, sociais e que a relação do homem com o real não é direta e mecânica,
emocionais não guardam entre si uma relação direta e mecânica, mas mediatizada pela atividade que, por sua vez, tem a
muito pelo contrário, constituem-se mutuamente em uma relação mediação da linguagem e das relações sociais, em um
dinâmica e dialética, o que impede de serem pensados movimento dinâmico e dialético.
separadamente. Em síntese, desse ponto de vista, quando falamos em
Assim, podemos afirmar que o homem transforma-se de mediação, estamos nos referindo "a uma instância que relaciona
sujeito biológico em sujeito sócio histórico, uma vez que a objetos, processos ou situações entre si" (Severino, 2002, p. 44)
transmissão das aquisições humanas não se dá apenas pelo e que atua como "centro organizador" da relação do homem com
código genético, mas, sobretudo, nos e pelos processos sociais o mundo (Aguiar e Ozella, 2006:225). Uma instância que, como
de transmissão de cultura. ressalta Leite (2006), não tem apenas efeitos cognitivos, mas
Destaca-se aqui o papel da linguagem, que nasce a também e ao mesmo tempo afetivos.
partir da necessidade de comunicação, e constitui-se, segundo  
Leontiev (s/d, p.76), em marco fundamental no desenvolvimento Mediação docente
humano. Luria (1986, p.22), na mesma direção, afirma que a
linguagem é um dos fatores decisivos que determinam a A palavra mediação tem diferentes sentidos e
diferença entre a conduta animal e a atividade consciente do significados nas diversas esferas de atuação social. Até mesmo
homem. na psicologia o conceito varia a partir da perspectiva teórica. No
Desse modo as funções psicológicas superiores, contexto educacional, os entendimentos do que seja a mediação
características exclusivas dos humanos - como a atenção, a são diversos, desde reflexões com embasamento teórico sólido e
memória e a abstração -, diferentemente das funções que contribuem significativamente para a compreensão da
psicológicas elementares, que são involuntárias, são produto do importância dessa categoria na atividade docente, até
desenvolvimento histórico e social. É nesse sentido que enunciados vagos, que traduzem o senso comum, ou posturas
podemos dizer que o desenvolvimento do sujeito vai do plano espontaneístas que acabam por descaracterizar a função social
social para o plano pessoal. do professor.
Nessa perspectiva, Vigotsky (2000, p.75) estabelece Conceitos de mediação ou descrições do que consiste o
uma lei genética geral do desenvolvimento, segundo a qual toda papel de mediador do professor são frequentes na literatura e no
função aparece duas vezes no processo de desenvolvimento: a próprio discurso dos educadores, algumas vezes inclusive em
primeira no nível social, Inter psicológico, e a segunda no interior oposição a, ou até mesmo negação da própria atividade docente.
do sujeito, no nível intrapsicológico. Mais recentemente, o debate sobre ambientes virtuais de
A internalização, conceito chave na teoria vigotskiana, aprendizagem e cursos de educação a distância trouxe novos
se caracteriza, assim, por uma série de transformações, na qual significados e entendimentos ao conceito.
um processo interpessoal torna-se um processo intrapessoal Assim, consideramos importante ressaltar que quando
como resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao falamos em professor mediador, não estamos localizando a
longo do desenvolvimento. discussão em uma modalidade (presencial ou a distância) e
É importante ressaltar que o processo de internalização muito menos esvaziando a função docente; muito pelo contrário,
resulta da interação do sujeito com o mundo, interação mediada estamos (re)afirmando o que ela tem de essencial e o que a
pelos signos e pela relação com os outros homens. distingue de outras atividades humanas.
Com efeito, os homens, desde os estágios mais Dessa perspectiva, é importante considerar que
primitivos do desenvolvimento histórico, principalmente na estamos nos referindo a um fenômeno situado em uma atividade
atividade do trabalho, em relação com outros homens, profissional, em um determinado contexto, ou seja, constituído
inventaram e utilizaram instrumentos para se relacionar com o por determinantes culturais, sociais e políticos e que deve ser
meio e satisfazer as suas necessidades, como, por exemplo, o entendido em sua historicidade.
uso de armas para abater a caça e alimentar-se. Mais ainda, É importante considerar também que o professor
criaram, também, estímulos artificiais ou autogerados - os signos desenvolve sua atividade em uma instância social específica, a
- como meios auxiliares para solucionar um dado problema escola. Assim, "é improvável poder abordar a temática da
psicológico: utilizar, por exemplo, nós ou entalhes na madeira docência separada do lugar em que se produz enquanto
para ampliar a memória. Ou seja, ao longo do seu profissão". (Cunha, 2006, p.56)
desenvolvimento, o homem rompe com o aqui e agora, por meio Com efeito, cada nova geração, participando das
da construção de instrumentos e de signos - como a linguagem, diversas formas de atividade social, mediadas pelos fenômenos
o desenho, a escrita, o sistema de numeração -, o que faz com e instrumentos da cultura nas e pelas relações com outros
que sua atividade deixe de ser direta e imediata e passe a ser homens, vai se apropriando do que foi construído ao longo do
mediada. desenvolvimento histórico, ao mesmo tempo em que seus
Como afirma Vigotsky (2000, p. 72), a diferença de integrantes desenvolvem sua consciência, constituindo-se
atividade imediata e mediada está no uso de instrumentos e enquanto sujeitos.
signos, construídos socialmente, na interação e comunicação São várias e diversas as atividades sociais das quais
entre os homens e na própria possibilidade da consciência crianças, adolescentes e jovens participam, que podem
humana de refletir sobre si mesma e sua prática. potencialmente contribuir para o desenvolvimento da
Podemos dizer, então, que instrumentos e signos foram consciência. A educação formal, desenvolvida pela escola, é
criados no processo histórico de desenvolvimento humano e que uma delas, que vale lembrar assume diferentes formas e funções
são mediadores entre o homem e o mundo natural e cultural. No a partir da própria maneira como a sociedade se organiza.
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Em uma sociedade democrática a escola é a mesmo tempo ser comprometido e ter condições de contribuir
responsável por garantir que as gerações mais jovens tenham a para o bem comum - em resumo, ser dono da sua própria
oportunidade de se apropriarem dos instrumentos culturais história.
básicos que permitam compreender a realidade social e Dessa forma, podemos afirmar que a mediação nunca é neutra,
promover o seu desenvolvimento. uma vez que os professores não são seres abstratos, mas sim
Desse foco a escola deve ter como tarefa ensinar bem, indivíduos situados no tempo e no espaço e dotados de uma
responsabilizar-se pelos resultados, garantindo a aprendizagem identidade social e cultural. Assim, sua atividade parte sempre de
de todos os seus alunos. Para tanto, é preciso ultrapassar a uma visão de mundo, homem, sociedade e está a serviço de um
esfera cotidiana e desenvolver um conjunto de ações fim, ou seja, apresenta uma dimensão cultural e política.
intencionais, conscientes, dirigidas para o fim especifico de Nessa direção, Mellouki e Gaultier ampliam a
promover a apropriação dos instrumentos concretizados e compreensão do papel de mediador do professor, ao afirmarem
organizados no currículo escolar que, como aponta Severino que a escola é uma instituição cultural, ressaltando que a cultura
(2008, p. 122), é a "mediação substantiva privilegiada da não se reduz apenas a uma soma de conhecimentos, mas é, ao
formação educacional humana". mesmo tempo, "conhecimento e relação construída, relação em
Vigotsky traz um importante elemento para se pensar a construção, sempre inacabada, relação consigo mesmo, com o
função da escola, ao afirmar que "o único bom ensino é o que se Outro e com o mundo". ( 2004:543)
adianta ao desenvolvimento. A aprendizagem impulsiona o Para esses autores, os professores têm papel
desenvolvimento, este não acompanha aquele como uma fundamental e protagonista no processo educativo, o que lhes
sombra que acompanha o objeto que a projeta". (Vigotsky, confere a condição de intelectuais, uma vez que são herdeiros,
1991:49) críticos e intérpretes dessa cultura.
Na visão vigotskiana, aprendizado não é Seguindo nessa direção, podemos dizer, de forma
desenvolvimento. No entanto, existe uma importante inter- sintética, que o professor é herdeiro, uma vez que faz parte de
relação entre estes dois processos, uma vez que o aprendizado um coletivo que tem uma determinada história, organização
adequadamente organizado põe em movimento vários processos social, crença, valores. Enfim, é um sujeito que faz parte de uma
de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de cultura que é constitutiva de sua identidade. É crítico, ao
acontecer. Para elaborar as dimensões desse aprendizado, exercitar a capacidade de olhar e analisar sua herança cultural,
Vigotsky (1991) formula o conceito de Zona de Desenvolvimento compreendendo o contexto social e histórico no qual foi
Proximal. produzida, identificando suas determinações assim como seus
Esse conceito considera dois níveis de vieses, contribuindo para a sua transformação. Por fim, é
desenvolvimento. O primeiro nível é o de desenvolvimento real, intérprete: para que crenças, valores, regras de conduta e os
que indica aquilo que a criança consegue fazer por si mesma; o próprios conhecimentos sejam compreendidos e apropriados
segundo, o nível de desenvolvimento potencial, caracteriza pelos alunos, é preciso todo um esforço de interpretação, que se
aquilo que ela consegue fazer com a ajuda dos outros e que, traduz em posturas e ações que explicam, decodificam, leem e
segundo Vigotsky, poderia ser "muito mais indicativo de seu compreendem textos, situações, e sentimentos.
desenvolvimento mental do que aquilo que consegue fazer A condição de herdeiro, crítico e intérprete da cultura, no
sozinha". (1991:49) entender dos dois autores, nada mais são do que facetas do
A distância entre o nível de desenvolvimento real, papel de mediação do professor. Assim, podemos dizer que o
determinado por aquilo que a criança soluciona de forma professor desempenha seu papel de mediador ao transmitir o
independente, e o nível de desenvolvimento potencial, conhecimento cultural acumulado ao longo do tempo, ajudando
caracterizado pela solução de problemas orientados por um seus alunos a analisá-lo de forma crítica, identificando, por
adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes é o exemplo, preconceitos, ou explicações naturalizantes das
que Vigotsky (1991, p.113) chama de Zona de Desenvolvimento relações sociais, em um esforço de interpretação que se traduz
Proximal. nas formas como expõe, explica, organiza a sala e as diferentes
Desse ponto de vista, a educação deve incidir não no espaço no atividades, observando as diversas formas de expressão dos
qual o aluno resolve problemas de forma independente, mas seus alunos para reorganizar e conduzir a própria atividade.
justamente no espaço onde pode solucionar problemas com Como enfatizam Mellouki e Gauthier: "É nessa tarefa de
ajuda. mediação que se revela o papel de intelectual do professor,
É exatamente esta ajuda - aquela que o professor dá ao papel não só de portador, intérprete e crítico de uma cultura, mas
aluno para que possa resolver problemas que este não também de produtor e de divulgador de conhecimentos, técnicas
conseguiria sozinho - a essência da mediação docente. e procedimentos pedagógicos, e de agente de socialização, de
Para que essa mediação se concretize é necessário que intérprete e de guardião responsável pela consolidação das
o professor, tomando como ponto de partida a realidade de seus regras de conduta e daquelas maneiras de ser valorizadas pela
alunos e tendo clareza daquilo que já podem fazer sozinhos e de sociedade e pela escola." (2004:545)
que ajuda de fato necessitam, estabeleça objetivos claros e Por fim, mas não menos importante, é essencial
precisos e, com base neles, recorra a técnicas e conhecimentos considerar, como já afirmamos anteriormente, que a mediação
científicos de como ensinar, ou seja, se apoie em instrumentos não tem somente efeitos cognitivos, mas também afetivos que,
teóricos e práticos para planejar, prever, organizar e dirigir segundo Leite (2006:26), determinarão as futuras relações que
situações de ensino, acompanhando a progressão da se estabelecerão entre os sujeitos e os objetos de conhecimento.
aprendizagem de todos e de cada um, para poder tomar De fato, a afetividade tem papel preponderante na determinação
decisões de reorganização da ação, quando a aprendizagem não da natureza do vínculo que se estabelece entre sujeito e objeto
se efetiva. de conhecimento, tendo reflexos importantes, inclusive na
Em síntese, o professor constitui-se como mediador ao motivação e disposição do aluno em realizar as atividades
organizar a relação do aluno com os objetos de conhecimento, propostas em sala de aula.
dando concretude, viabilizando e garantindo o processo de Podemos compreender, assim, que experiências
aprendizagem. prazerosas com determinado objeto de conhecimento, nas quais
É importante observar que não estamos falando de os alunos se sintam respeitados em seus interesses e em sua
qualquer aprendizagem, mas de um processo que permita que o realidade, nas quais se sintam capazes, possam mobilizar
indivíduo possa se desenvolver plenamente, ou seja, dispor de positivamente o aluno para continuar a aprender. Por outro lado,
condições de satisfazer suas necessidades e aspirações e ao situações nas quais se sentem desrespeitados, incapazes de
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aprender, podem criar aversão a determinado conhecimento ou docente constitui e é constituída pela articulação entre teoria e
mesmo disciplina escolar. prática.
Tão importante quanto afetar a mobilização do sujeito Uma das características fundamentais da mediação docente é a
para aprender é influenciar sua autoestima. Tudo indica como reflexão sobre a própria atividade. Tal reflexão possibilita não só
aponta Leite (2006, p. 18), que o sucesso ou o fracasso da que o professor possa (re)organizar e (re) planejar sua prática,
aprendizagem tenha claras implicações no autoconceito e na modificando-a em função da aprendizagem dos alunos, mas que
autoestima do aluno. também modifique suas formas de pensar, agir e sentir, ou seja,
O autor explica que o sujeito, ao objetivar e subjetivar suas amplie a sua consciência. Em outras palavras, é no exercício de
relações com o outro, constrói, no plano cognitivo, a percepção sua atividade, na relação com seus alunos, pares e formadores
de si mesmo - o seu autoconceito. Essa percepção, no plano que o professor se constitui como mediador.
afetivo, é acompanhada de um sentimento de valor que configura De fato, a reflexão sobre a própria consciência e a
a autoestima. própria prática, que para Vigotsky (2000, p72) constitui uma das
Assim, "em uma perspectiva sócio histórica, pode-se diferenças essenciais entre atividade imediata e mediada, é ao
entender que o autoconceito é a percepção que a pessoa tem de mesmo tempo condição para o exercício da mediação. Dessa
si mesma, ao passo que a autoestima é uma percepção que ela forma, podemos afirmar que ao assumir o papel de mediador, o
tem do seu próprio valor." (Leite, 2006, p. 18) professor está promovendo a aprendizagem e desenvolvimento
Em outras palavras, podemos entender a autoestima dos seus alunos e o próprio desenvolvimento profissional.
como o nível de satisfação que o sujeito atribui ao autoconceito e É importante ressaltar, contudo, que este
que, tanto um, como outro processo são constituídos nas e pelas desenvolvimento não se dá de forma mecânica e direta, ou pela
relações pessoais. Assim, evidencia-se que a mediação exercida simples execução ou aplicação de materiais estruturados ou
pelo professor tem papel preponderante na formação tanto do protocolos de ensino, mas é fruto da articulação entre o próprio
autoconceito como da autoestima dos alunos. trabalho e um conhecimento teórico sistematizado. Evidencia-se
Em síntese, podemos afirmar que se o conjunto das experiências assim o papel fundamental da formação no desenvolvimento do
de aprendizagem, bem como das relações vividas com os papel de mediador do professor.
professores geraram sentimentos aversivos de insegurança, De fato, seria incoerente com a perspectiva teórico-
incapacidade, estranhamento das propostas em relação aos metodológica que orienta este trabalho e com o conceito de
seus interesses e necessidades, certamente os alunos se mediação docente defendido, menosprezar o papel da formação
sentirão desmotivados e perderão a confiança em sua no desenvolvimento profissional do professor e deixar de
capacidade de aprender. ressaltar que deve ser um processo que não pode se desvincular
Isso não significa, contudo, que experiências aversivas da atividade docente, por ser parte integrante desta e que, por
determinem que o indivíduo fique, indefinidamente, isso mesmo, deve contemplar todas as suas dimensões:
desinteressado ou pouco motivado para realizar determinadas cognitiva, afetiva, cultural e política.
atividades. Novas experiências podem produzir diferentes Desse modo, uma formação que efetivamente contribua
registros e emoções, gerando necessidades que configuram para o desenvolvimento do papel de herdeiro, crítico e intérprete
motivos que podem impulsionar o aluno a aprender. Em suma, é do professor tem que se centrar em fundamentos teóricos sólidos
possível reverter à situação, com base em uma mediação e instrumentos práticos concretos, levando em conta os
planejada e consciente para esse fim. conhecimentos prévios dos professores, suas crenças, valores
A partir do exposto acima, podemos afirmar que o para, a partir disso, promover a reflexão e a construção de novos
professor, herdeiro de uma determinada cultura, que é conhecimentos. Na medida em que a mediação revela a
constitutiva de sua identidade, exerce seu papel de mediador ao articulação entre teoria e prática, para exercê-la, o professor
organizar a relação entre seus alunos e os objetos de precisa ser formado a partir dessa premissa.
conhecimento. Isso se traduz nas ações regulares e cotidianas Assim, não deixa de causar preocupação um fenômeno
da sua atividade profissional, O professor, portanto, atua como mencionado por vários autores, entre eles Tedesco (2006): a
mediador ao estabelecer objetivos de aprendizagem relevantes teoria educacional está se separando da prática. O autor afirma
para a realidade, interesse e contexto do aluno, identificando que temos teorias sem base empírica e trabalho prático sem
aquilo que este já sabe, o que pode fazer sozinho e de que tipo fundamentação teórica. Os professores dizem: "el que sabe soy
de ajuda necessita para avançar no processo de aprendizagem e yo, porque soy el que estoy haciendo las cosas". No entanto, não
desenvolvimento. têm fundamento teórico para sistematizar e explicar o que fazem.
A partir daí, o professor organiza os conteúdos em uma Por outro lado, a produção teórica carece de apoio empírico e
sequência didática, escolhendo procedimentos e atividades de produz-se teoria sem considerar o que acontece na sala de aula.
ensino capazes de envolver e motivar os alunos, ajudando-os a Pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC), que
compreender e analisar a realidade de forma crítica. analisou currículos de cursos de Pedagogia e licenciaturas de
Nesse processo o professor está atento não só aos Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Biológicas, assim
avanços cognitivos dos alunos, mas também aos afetos como as exigências feitas nos concursos públicos para
envolvidos, percebendo posturas corporais dos alunos que professores em todo o Brasil, revela com clareza a situação
revelam desconforto, não entendimento, falta de interesse, ou descrita por Tedesco acerca da pouca articulação entre teoria e
pelo contrário, entusiasmo e compreensão e lampejos de prática na formação docente.
entendimento, animando-os nas dificuldades, incentivando-os e A análise dos currículos dos cursos de Pedagogia e de
reconhecendo suas conquistas e sucessos, contribuindo para a licenciatura em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências
formação de uma autoimagem positiva, em um processo Biológicas mostra que os alunos não aprendem o que e como
avaliativo constante que está a serviço do aluno e do seu ensinar, ou seja, a parte curricular que propicia o
desenvolvimento. desenvolvimento de habilidades profissionais específicas para a
Enfim, o professor é mediador ao articular, em sua atuação nas escolas e nas salas de aula fica bem reduzida.
atividade profissional, as dimensões cognitiva, afetiva e política Em relação aos concursos públicos para docentes, são muito
do processo de ensino-aprendizagem, em seus aspectos poucas as questões relativas à didática específica ou
práticos e teóricos. Dessa forma a sua mediação revela, ao metodologias de ensino e a imensa maioria dos itens exigidos
mesmo tempo, os conhecimentos que tem sobre o que e como tem um enfoque apenas teórico, o que significa que a relação
ensinar, os afetos envolvidos e seu grau de comprometimento teoria-prática não se acha contemplada.
com a emancipação de seus alunos. Em síntese, a mediação
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Podemos concluir com base no estudo de Gatti e Nunes Do mesmo modo as experiências vividas na escola pelo
(2009), que os aspectos constitutivos da mediação, aquilo que aluno e suas relações com os objetos de conhecimento
caracteriza o papel de mediador do professor, não são mediadas pelo professor afetam significativamente suas formas
abordados na formação inicial e nem considerados de se perceber como sujeito que aprende e o reconhecimento de
conhecimento relevante nos concursos. suas potencialidades e possibilidades de desenvolvimento. Em
Como já salientamos, a mediação docente revela a outras palavras, a relação do aluno com o conhecimento,
articulação entre teoria e prática, articulação esta que é mediada pelo professor, é constitutiva dos sucessos, fracassos,
constituída e desenvolvida na própria atividade, tendo a avanços e dificuldades no processo de aprendizagem.
formação um papel fundamental. Desse modo, podemos afirmar Evidencia-se, assim, que a reflexão sobre a mediação
que uma formação precária pode causar um vazio de saberes de docente é importante para o psicopedagogo, uma vez que não
diferentes naturezas, que dificulta e por vezes até mesmo só possibilita ampliar a compreensão sobre os diferentes
impossibilita que o professor assuma seu mandato de herdeiro, aspectos constitutivos das dificuldades de aprendizagem, mas
crítico e intérprete da cultura e possa assim exercer seu papel de também fornece elementos importantes para se pensar no
mediador. próprio papel de mediador, que sem dúvida tem como uma de
De maneira similar, as condições concretas e objetivas suas facetas fundamentais proporcionar às crianças,
de trabalho também afetam significativamente a qualidade da adolescentes e jovens, com os quais trabalha, experiências que
mediação desenvolvida. permitam novos registros que possam possibilitar a construção
Cunha (2013, p. 614) resgata a importante contribuição de uma autoestima mais positiva, apta a impulsioná-los a
de Paulo Freire, que nos ensina que o professor é um ser do avançar no processo de aprendizagem.
mundo e não pode ser pensado fora dessa perspectiva. A autora Por outro lado, refletir sobre mediação docente pode
complementa afirmando: "Não há professores no vazio, em uma trazer luzes ao planejamento e desenvolvimento de processos de
visão etérea, propondo deslocamentos entre sujeito e contexto. formação continuada de professores que frequentemente
O professor se faz professor em uma instituição cultural e psicopedagogos são convidados a assumir. É preciso considerar
humana depositária de valores e expectativas de uma que esses processos não podem estar desvinculados da vida e
determinada sociedade, compreendida em um tempo histórico." dos anseios dos professores, e que precisam possibilitar a
(Cunha, 2013) construção de novos sentidos e significados sobre a própria
Não podemos deixar de enfatizar que estamos falando atividade que os ajudem vencer crenças deterministas de
de professores brasileiros, que em sua imensa maioria trabalham dificuldades dos alunos, ou concepções de ensino e
nas redes públicas de ensino e vivenciam no seu dia a dia, como aprendizagem que pouco lugar dão ao papel do professor, enfim,
mostram diferentes estudos, fatores de precarização do seu processos formativos que lhes permitam resgatar o próprio saber
trabalho como remuneração insuficiente, falta de reconhecimento e fazer e ampliar a consciência do seu papel de mediador.
social da profissão, inexistência de progressão na carreira, Finalmente, como educadores comprometidos com uma
acesso difícil a material didático e recursos tecnológicos, além de educação de qualidade para todos, a reflexão sobre mediação
organização dos espaços, tempos e rotinas na escola que não docente e as condições necessárias para que ela ocorra mobiliza
facilitam a sua tarefa. um compromisso político com a valorização do trabalho do
Tais fatores sem dúvida têm impacto significativo no professor em nossa sociedade.
desenvolvimento de uma mediação que articule teoria e prática,
considere os aspectos cognitivos, políticos, culturais e afetivos e ABORDAGENS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
efetivamente promova a aprendizagem e o desenvolvimento dos  
alunos. Concepções de aprendizagem e práticas pedagógicas
Compreender a realidade e as condições reais e  
concretas em que os professores atuam, em nosso entender, Julgamos que o tratamento do tema proposto deva
não significa considerá-las como um destino inevitável, nem começar pondo em destaque um fato: o conhecimento
mesmo como determinantes absolutas da atividade docente; por psicológico não constitui um todo harmonioso, assim como não
outro lado, ignorá-las não permite compreender o fenômeno em são harmoniosas as sociedades no interior das quais ele vem
sua totalidade e pensar nos limites e possibilidades do exercício sendo produzido.
da mediação, na formação necessária para tanto. Se admitimos que as contradições existentes no mundo
Defendemos assim que a formação, tanto inicial quanto da produção material têm os seus reflexos no mundo das idéias,
continuada, é condição para que o professor possa desenvolver porque se trata, na verdade, de um único e mesmo mundo,
o papel e atuar como mediador, formação esta que deve ser um teremos que admitir, igualmente, que a Psicologia não se
processo não apenas centrado em aspectos técnicos e configura como um bloco monolítico. Como seria de se esperar,
científicos, mas que também leve em conta a vida e os anseios proliferam as teorias que concebem o indivíduo como um ente
dos professores. desvinculado da História, e essas são, por razões políticas, as
  teorias tornadas oficiais. Elas não definem, porém, o campo total
Conclusão da produção do conhecimento psicológico, e muito menos o
esgotam. Trata-se de teorias idealistas, porque não estão
Compreender a mediação docente nessa perspectiva fundadas na realidade da vida dos homens e a elas se
significa compreender que ela é constitutiva tanto do processo de contrapõem aquelas que ou veem o indivíduo situado
aprendizagem do aluno como do desenvolvimento profissional do historicamente, ou, pelo menos, comportam a definição do
professor. individuo como conjunto das relações sociais, como síntese de
De fato, as relações e experiências vividas na própria múltiplas determinações. Tal síntese, sendo subjetiva, porque
atividade possibilitam novos registros que mobilizam o professor, constitutiva do próprio EU, é compartilhada por muitos
objetivamente, para novas ações, buscas e aprendizagens. indivíduos, por força das condições históricas objetivas que os
É possível dizer que, em sua atividade, que é mediada unem.
pelas relações sociais, o professor constitui e desenvolve sua Esse conceito de indivíduo desfaz o preconceito de
consciência, um processo que, como já apontamos, está sempre identificar a Psicologia como "a ciência do indivíduo", no sentido
em construção, e que redunda nas formas de pensar, sentir e de uma subjetividade pura, e permite defini-la como a ciência da
agir. conduta, englobando tanto os comportamentos observáveis,
como os processos conscientes e inconscientes, que lhes são
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efetividade e que apresentam uma dimensão humano-genérica, Psicologia vem definida como a "ciência do comportamento"
uma dimensão diferenciada a partir da condição dos sujeitos (observável) e o comportamento é entendido como produto das
como pertencentes a uma classe social, a um grupo, a uma pressões do ambiente, significando o conjunto de reações a
comunidade, etc., e, por fim, uma dimensão individual, no sentido estímulos, reações essas que podem ser medidas, previstas e
já expresso anteriormente. Aqui já não há mais lugar para a controladas.
oposição individualidade X coletividade. Em virtude disso, é Nessa via de interpretação, ganha sentido a definição
possível falar-se com mais propriedade sobre o coletivo, de aprendizagem como "mudança de comportamento resultante
atribuindo-lhe um significado mais verdadeiro: o que não suprime do treino ou da experiência". Aqui, tem-se uma definição em que
o individual. Como bem afirma Lefebvre, "[...] nada se ganha a dissolução do sujeito do conhecimento é evidente. Ele é
transformando num "sujeito" coletivo o sujeito individual". realmente aquela cera mole de que se falou anteriormente e, por
(LEFEBVRE, 1975, p. 75). isso, a aprendizagem é identificada com o condicionamento.
Ultrapassando-se as análises apoiadas nas dicotomias Entende-se, assim, porque o behaviorismo, corrente cujas
sujeito X objeto, indivíduo X sociedade e congêneres, ganham primeiras sistematizações foram realizadas por Watson, nasce
relevância, portanto, as mútuas inter-relações que tem lugar no apoiado nos trabalhos de Pavlov acerca do condicionamento
seio da totalidade representada pela relação respondente.
indivíduo/sociedade. O condicionamento de tipo pavloviano, também
Vale ainda lembrar que as transformações sociais são conhecido como condicionamento clássico ou respondente,
resultantes, evidentemente, de ações coletivas. Entretanto, é consistindo no esquema ER, foi, em seus primórdios,
importante que os processos para tais transformações se façam considerado como o elemento básico de aprendizagem, ponto de
com vistas a contar efetivamente com o indivíduo, conforme partida para a formação de todos os hábitos. Era tempo de
definido por Agnes Heller, quando diz: euforia geral entre os positivistas, pois as pesquisas de Pavlov
[...] o homem torna-se indivíduo na medida em que produz uma ofereciam a possibilidade de se atribuir, às atividades complexas,
síntese em seu EU, em que transforma conscientemente os o sentido de uma composição de simples elos soldados. O
objetivos e as aspirações sociais em objetivos e aspirações condicionamento clássico diz respeito à relação entre um
particulares de si mesmo e em que, desse modo, socializa "sua estímulo antecedente e uma resposta que lhe é, naturalmente,
particularidade". (HELLER, 1982, p. 80). consequente. Inicia-se com a observação de respostas
Em conformidade com tal postura, tentaremos tratar o incondicionadas a estímulos incondicionados, mas o interesse
tema em questão, buscando discutir as concepções de central se firma na obtenção de uma determinada resposta,
aprendizagem que subsidiam as práticas pedagógicas e as provocada por um estímulo previamente neutro, quando este é
consequências daí advindas. associado a um estimulo incondicionado. Com o passar do
Evitaremos, na exposição do tema, o ranço positivista tempo, o condicionamento respondente revelou-se insuficiente
de apresentar as teses prontas e a produção do conceito de para a explicação de aprendizagem complexas, e sua validação
aprendizagem como linear e cumulativo. O tema vai ser restringiu-se à explicação dos comportamentos involuntários e
analisado, portanto, de forma a deixar claros o movimento e as das reações emocionais. Foi, então, superado pelo
contradições que permearam e permeiam seu estudo. condicionamento operante (skinneriano), o qual desloca a ênfase
Não temos a pretensão de ser exaustivos, uma vez que do estímulo antecedente para o estímulo consequente (reforço),
a função do presente artigo é proceder a uma leitura crítica como recurso para garantir a manutenção ou extinção de certo(s)
acerca do conceito de aprendizagem, na tentativa de que comportamento(s).
possamos chegar tanto à convicção do que não nos serve, O condicionamento operante ocupa-se, pois, das
quanto às pistas importantes rumo à materialização da proposta relações entre o comportamento a ser aprendido e as suas
que desejamos colocar em prática. Falamos de pistas e não de consequências. Os adeptos da teoria do reforço consideraram-no
teorias, porque não são as teorias prontas que resolverão nossos capaz de explicar a aquisição dos comportamentos voluntários
problemas. Serão seguramente a prática que atestará se as de todos os tipos. O esquema continua muito simples: o
pistas são ou não necessárias. E, a partir daí, poderemos chegar organismo emite uma resposta a um estímulo cujo conhecimento
a uma verdadeira teoria: a teoria de uma prática. não é necessário, e essa resposta, dependendo das
  consequências geradas por ela, será ou não mantida. Logo, são
CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM os estímulos que se seguem à resposta (reforços) que
representam o núcleo da teoria, e não os que a antecedem.
O conceito de aprendizagem emergiu das investigações As pesquisas sobre condicionamento iniciaram-se
empiristas em Psicologia, ou seja, de investigações levadas a sempre com experimentos com animais e se aplicaram
termo com base no pressuposto de que todo conhecimento posteriormente, a sujeitos humanos. Dado o seu grande poder
provém da experiência. Isso significa afirmar o primado absoluto de controle do comportamento, essas pesquisas foram se
do objeto e considerar o sujeito como uma tabula rasa, uma cera sofisticando cada vez mais. Têm sido incessantes os esforços
mole, cujas impressões do mundo, fornecidas pelos órgãos dos para provar que o comportamento é modelado, razão porque
sentidos, são associadas umas às outras, dando lugar ao devem as investigações fornecer o maior número possível de
conhecimento. O conhecimento é, portanto, uma cadeia de dados sobre estímulos reforçadores, estímulos aversivos, tipos
idéias atomisticamente formada a partir do registro dos fatos e se de reforços, esquemas de reforço, contra condicionamento, etc.
reduz a uma simples cópia do real. Acredita-se que o aprofundamento dessa linha de análise findará
Em virtude de sua epistemológica, tais investigações por oferecer um modelo de aprendizagem que resolverá todos os
formam o corpo do que se chama associacionismo, cuja problemas.
expressão mais imponente é o behaviorismo, tanto em sua É notório o fato de que, embora com recursos mais
versão mais clássica, quanto em sua versão contemporânea. aprimorados e com a possibilidade de lidar com certas
A meta do behaviorismo sempre foi a construção de aquisições complexas, o condicionamento instrumental não
uma psicologia "científica", livre da introspecção e fundada numa implica nenhuma mudança de pressuposto epistemológico com
metodologia "materialista" que lhe garantisse a objetividade das referência ao condicionamento respondente.
ciências da natureza. O conceito positivista de aprendizagem que acabamos
A objetividade perseguida pelo behaviorismo é a mesma de expor é inteiramente refutado pela gestalt, uma corrente
do positivismo em geral e, por isso, termos como consciência, psicológica que nasce na Alemanha, no princípio do século (com
inconsciente e similares banidos da linguagem psicológica. A Wertheier, Kohler e Koffka) e que encontra terreno fértil nos
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Estados Unidos, onde passaram a trabalhar três dos seus perspectiva foi abraçada com entusiasmo. Entretanto, não tardou
maiores expoentes: Koffka, Kohler e Lewin. que se descobrisse o seu caráter idealista. Dicotomizando o
A gestalt opõe-se ao behaviorismo por ter um homem no que é e no que não é observável, e escolhendo
fundamento epistemológico de tipo racionalista, ou, mais ocupar-se do que é observável, o behaviorismo expõe-se à
precisamente, por pressupor que todo conhecimento é anterior à constatação de sua fragilidade, pelo menos por três razões:
experiência, sendo fruto do exercício de estruturas racionais, pré-  Por separar o que é inseparável, fragmentando a
formadas no sujeito. unidade indissolúvel do sujeito e do objeto;
Se a unilateralidade do positivismo consiste em  Porque, procedendo a tal cisão e ocupando-se apenas
desprezar a ação o sujeito sobre o objeto, a do racionalismo da ação do objeto, deixa o sujeito à mercê das
consiste em desprezar a ação do objeto sobre o sujeito. Ambas especulações metafísicas; e
as posições, portanto, cindem os dois polos do conhecimento de
modo irremediável.
 Porque seu materialismo é uma forma de mecanismo,
um falso materialismo, uma vez que ignora as
Qualificar a gestalt como uma teoria racionalista não
condições históricas dos sujeitos psicológicos, tendo
significa, entretanto, afirmar que ela negue a objetividade do
descartado a consciência, a subjetividade, ao invés de
mundo. Significa isto sim, que ela não postula essa objetividade
provar seu caráter de síntese das relações sociais.
no sentido de uma interferência na construção das estruturas
mentais através das quais o sujeito apreende o real. Admite-se
Não é necessário dizer mais nada para concluirmos que
que experiência passada possa influir na percepção e no
o behaviorismo acentua o primado do objeto, mas ignora a
comportamento, mas não a afirma como uma condição
objetividade, destruindo-se, portanto, pela sua própria prática.
necessária para tal. E, por isso, é às variáveis biológicas e à
Essas considerações esclarecem, consequentemente, o fracasso
situação imediata que se deve recorrer para explicar a conduta.
das ações pedagógicas assentadas na concepção positivista de
As variáveis históricas, por não serem determinantes,
aprendizagem, as quais silenciam os alunos, isolam-nos e os
apresentam pouco interesse para os gestaltistas.
submetem à autoridade do saber dos professores, dos
Note-se que não falamos em aprendizagem e, sim em
conferencistas, dos textos, dos livros, das instruções
percepção. Na verdade, contrariando o pressuposto
programadas, das normas ditatoriais da instituição, e tudo isso
epistemológico do behaviorismo, a gestalt rejeita a tese de que o
para chegar a um único resultado: ao falso conhecimento e à
conhecimento seja fruto da aprendizagem. De acordo com seus
subordinação.
adeptos, os sujeitos reagem não a estímulos específicos, mas a
Dissemos que a gestalt não levaria a práticas e efeitos
configurações perceptuais. As gestaltens (configurações) são as
diversos. É possível que duas teorias com bases
legítimas unidades mentais, e é para elas que a Psicologia deve
epistemológicas antagônicas possam ser equivalentes? As
voltar-se.
evidências falam por nós.
Vê-se, pois, que a gestalt lida com o conceito de
A gestalt, ao preconizar as estruturas mentais como
estruturas mentais, enquanto totalidades, numa extrema
totalidades organizadas segundo princípios inerentes à razão
oposição ao atomismo behaviorista. É conveniente esclarecer
humana, toma partido pela "pré-formação". Se as estruturas são,
que tais totalidades são organizadas em função de princípios de
de fato, pré-formadas e não fruto da ação do sujeito sobre o
organização inerentes à razão humana. Logo a estrutura da
mundo objetivo e do mundo objetivo sobre o sujeito, não há por
gestalt é uma estrutura sem gênese, não comportando, pois,
que apelar para a atividade desse sujeito. Fica patente que,
uma formação.
assim como o behaviorismo é um objetivismo sem objetividade, a
Vale ainda a pena dizer que o conceito de totalidade
gestalt é um subjetivismo sem subjetividade, o que dá no
com o qual a Gestalt trabalha é irredutível à soma ou ao produto
mesmo.
das partes. Por isso, o todo é apreendido de forma subida,
Em virtude dessa autonegação, as práticas pedagógicas
imediata, por reestruturação do campo perceptual (insight).
que apostam numa "intuição racional" de tipo gestaltista apoiam-
Se a aprendizagem não contribui para a estruturação do
se, também, em técnicas que não apelam para a atividade do
conhecimento, justifica-se o pouco interesse que os gestaltistas
sujeito, e, portanto, para a sua vida concreta. O saber acumulado
apresentam pela questão. Aliás, nos estudos de aprendizagem
é tranquilamente transmitido, respeitando os princípios da boa
realizados pela gestalt, a aprendizagem se confunde com
forma, e os alunos podem incorporá-los, pois a experiência
solução se problema, que, por sinal, não decorre de
apresentada sob boas formas é isomorfa às estruturas mentais,
aprendizagem, e, sim, de insight. Diante disso, torna-se
ou seja: as estruturas mentais têm sempre, na experiência, o seu
fundamental conhecer os princípios que o regem: relação figura-
equivalente. Apesar disso, estruturas mentais e experiências
fundo, fechamento (lei de pregnância), similaridade, proximidade,
persistem como dois polos distintos.
direção, etc., que são, em síntese, os princípios universais da
É claro que essa cisão entre subjetividade e objetividade
boa forma.
nada mais é que o reflexo da divisão social do trabalho, da
A leitura, mesmo rápida, do que foi exposto, associada
separação entre o fazer e o pensar, da prática e da teoria. E,
ao conhecimento que nós, professores, temos das praticas
nesses casos, assiste-se a uma supervalorização da teoria,
pedagógicas dominantes, permite-nos ver que, em geral, as
porque, sendo aquela que sabe, tem o direito de comandar a
referidas práticas se debatem entre as duas concepções de
prática. A esta, como ignorante, nada mais resta do que
aprendizagem apresentadas, sendo, muitas vezes, difícil
obedecer à teoria. E dada a falsidade da relação de dominação
identificar se o ensino está fundado numa teoria ou noutra. A
entre teoria X prática, não poderíamos esperar que a escola,
ração dissonos parece óbvia: ambas as abordagens conduzem
instituição legitimadora e produtora desse tipo de dominação,
ao mesmo resultado e as práticas pedagógicas equivalentes.
pudesse ter encarado a transmissão do conhecimento de uma
Vejamos por quê.
forma diversa daquelas que impedem a autonomia intelectual e a
O tratamento dado à aprendizagem pelas duas
produção de um conhecimento verdadeiro e, por isso, libertador.
correntes em foco é, antes de tudo, reducionista. O
Após termos apresentado as concepções de
behaviorismo, como toda teoria positivista, reduz o sujeito ao
aprendizagem de teor mecanicista e idealista, cumpre-nos
objeto. A gestalt, como uma teoria racionalista, faz o contrario.
averiguar se se encontram, na Psicologia, formulações que as
O behaviorismo, por ter condenado a introspecção e se voltado
superem. Nesse sentido, acreditamos que o grupo de pesquisas
para o observável, o materializado, gerou a crença de que se
que compõe aquilo a que chamamos psicologia genética tenha
tratava de uma teoria materialista, que superava a metafísica da
muito a contribuir. Desse grupo, salientamos as que mais se
psicologia precedente. Na Rússia, após a Revolução de 1917, tal
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voltaram para o problema da aprendizagem segundo uma operando da periferia para o centro, na direção dos mecanismos
perspectiva que nos parece extremamente promissora: as centrais da ação do sujeito (dando lugar ao conhecimento lógico-
inauguradas por Piaget, Vygotsky e Wallon. matemático) e das propriedades intrínsecas do objeto (dando
Aqui nos deteremos mais na posição de Piaget, por ser, lugar ao conhecimento do mundo). Essa direção no sentido do
entre nós, a mais divulgada (embora não bem conhecida) e, em sujeito e do objeto não deve ser entendida como uma
razão dessa mesma divulgação, a que mais dominamos. polarização: o conhecimento lógico-matemático e o
Começamos por afirmar que a posição de Piaget com conhecimento do mundo objetivo se relacionam mutualmente.
relação à aprendizagem não pode ser entendida senão no É fácil verificar, pois, que, para Piaget, o sujeito constitui
contexto de sua produção teórica mais geral. Fazem-se como o meio uma totalidade, sendo, portanto, passível de
necessárias, então, algumas considerações sobre essa desequilíbrio, em função das perturbações desse meio. Isso o
produção. obriga a um esforço de adaptação, de readaptação, a fim de que
Na qualidade de epistemólogo, Piaget dedicou toda a o equilíbrio seja restabelecido.
sua vida à investigação de um problema central: a formação e o A adaptação, ou o restabelecimento do equilíbrio,
desenvolvimento do conhecimento. Afirmar isso, entretanto, é comporta dois processos distintos, porém indissociáveis, que são
muito pouco. É preciso explicitar melhor a significação dessa sua a assimilação e a acomodação.
preocupação. A assimilação cognitiva consiste na incorporação, pelo
Inicialmente, merece realce o fato de que, ao pesquisar sujeito, de um elemento do mundo exterior às suas estruturas de
a formação e o desenvolvimento do conhecimento, Piaget conhecimento, aos seus esquemas sensório-motores ou
inaugura a Epistemologia Genética, definindo-a como conceituais. Na assimilação, portanto, o sujeito age sobre os
[...] pesquisa essencialmente interdisciplinar que se propõe objetos que o rodeiam, aplicando esquemas já constituídos ou já
estudar a significação dos conhecimentos, das estruturas solicitados anteriormente. A acomodação, termo complementar
operatórias ou de noções, recorrendo, de uma parte, a sua da relação sujeito/objeto, representa o momento da ação do
historia e ao seu funcionamento atual em uma ciência objeto sobre o sujeito. A solicitação do meio não é atendida pelos
determinada (sendo os dados fornecidos por especialistas dessa esquemas de assimilação, para que a adaptação possa efetivar-
ciência e sua epistemologia) e, de outra, ao seu aspecto lógico se, impondo-lhe a modificação de seu ciclo assimilador, para que
(recorrendo aos lógicos) e enfim à sua forma psicogenética ou às a adaptação posso efetivar-se.
suas relações com as estruturas mentais (esse aspecto dando Chamamos a atenção para o fato de que a
lugar às pesquisas de psicólogos de profissão, interessados assimilação/acomodação, desde os seus primórdios, apresenta-
também na Epistemologia). (PIAGET, 1977, p. 77). se como um ponto de partida relativo, como suporte para
Por essa definição, vê-se que a perspectiva uma equilibração majorante, isso é, para o restabelecimento do
epistemológica de Piaget é extremamente complexa e original. equilíbrio não apenas como uma volta ao equilíbrio anterior, mas
Ao contrário dos epistemólogos de Piaget é extremamente como formação de um novo equilíbrio, ou, mais precisamente, de
complexa e original. Ao contrário dos epistemólogos um melhor equilíbrio. Esse equilíbrio de nível superior funciona,
neopositivistas, os mais fieis ao sentido literal do termo então, como um novo ponto de partida, e assim sucessivamente.
epistemologia (teoria da ciência), Piaget não se interessa apenas A Figura 1 que se segue ilustra o processo:
pelo conhecimento científico. A razão disso situa-se no fato de  
que a explicação das formas de conhecimento típicas da ciência
só é possível, para Piaget, recorrendo-se à gênese dessas
formas e ao estudo dos caminhos percorridos. Isso significa,
pois, tratar, também, das formas de conhecimento que são hoje
consideradas como características do conhecimento pré-
científico, mas que, do ponto de vista cognitivo, não se podem
negligenciar, porque foram precursoras dos progressos
posteriores.
A tese exposta conduz Piaget à pesquisa sobre a
psicologia gênese do conhecimento, não só porque a
psicogênese completa a sociogênese (o ponto de partida de
qualquer ciência foi fruto de um pensamento já formado), como
também porque ela pode constituir um mecanismo experimental
capaz de caracterizar a Epistemologia Genética como uma
disciplina científica.
Os trabalhos iniciados por Piaget e os que incorporam  
as contribuições dos especialistas do Centro de Epistemologia Para que essa equilibração majorante tenha lugar,
Genética forneceram os elementos necessários à sustentação do Piaget acentua uma função paralela à adaptação: a função da
que ele qualifica como ideia central de sua teoria: a de que "[...] o organização. A adaptação não pode ser dissociada da função de
conhecimento não procede nem da experiência única dos organização, pois, à medida que o indivíduo assimila/acomoda, a
objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, organização se faz presente, para integrar uma nova estrutura a
mas de construções sucessivas com elaborações constantes de uma outra estrutura pré-existente, que, mesmo total, passa a
estruturas novas". (PIAGET, 1976, prefácio). funcionar como subestrutura. Constata-se então, que a função
Essa afirmação não deixa duvidas quanto à recusa de de organização garante a totalidade, através da solidariedade
Piaget em relação ao behaviorismo e à Gestalt, mas não dos mecanismos de diferenciação e de integração, preservando
esclarece, de uma vez por todas, como essas construções a continuidade e a transformação.
sucessivas têm lugar e quais os elementos nelas envolvidos. As considerações feitas tornam patente o relativismo
Para Piaget, elas são resultantes da relação sujeito X dialético no qual se assenta a Epistemologia Genética. Lefebvre
objeto, relação essa em que os dois termos não se opõem, mas esclarece o sentido do relativismo dialético, quando diz: "O
se solidarizam, formando um todo único. As ações do sujeito relativismo dialético admite a relatividade de nossos
sobre o objeto e deste sobre aquele são recíprocas. O ponto de conhecimentos, não no sentido de uma negação da verdade
partida não é o sujeito, nem o objeto, e, sim, a periferia de objetiva, mas no sentido de uma perpétua superação dos limites
ambos; assim, o desenvolvimento da inteligência vai-se de nosso conhecimento." (LEVEBVRE, 1979, p. 98).
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É esse o significado do relativismo dialético que permeia teoria de aprendizagem, classificando-a como uma teoria do
as elaborações de Piaget, tanto no que se refere à sociogênese, desenvolvimento. Admite, porém, que ela possa ser vista
quanto no que diz respeito à psicogênese. Apesar disso, entre o também como uma teoria da aprendizagem, desde que tenha o
desenvolvimento psicogenético e o sociogenético existe uma seu conceito ampliado, de maneira a incorporar os processos de
diferença fundamental: aquele é limitado, enquanto este aparece equilibração, que não internos, mas não hereditários.
como uma possibilidade real de superação dos limites Quanto às aprendizagens conceituais tipicamente
individuais. Vale mais uma vez invocar Lefebvre, por expressar escolares, Piaget as subordina às estruturas já formadas,
essa diferença de maneira lapidar, ao afirmar: sugerindo que aquelas devam apoiar-se nestas, porque só assim
O pensamento humano pretende, legitimamente, deter a podem contribuir para sua consolidação e ampliação.
possibilidade, o poder de atingir a verdade absoluta. O Por força de tais limitações, e principalmente pelo fato
pensamento humano pretende possuir a soberania sobre o de Piaget não ter tido uma preocupação incisiva com a totalidade
mundo e o direito absoluto sobre a verdade 'infinita'. O psicológica (já que sua meta era a compreensão do sujeito
pensamento dos indivíduos não pode ter tais pretensões; é epistêmico), julgamos necessário que se compete a sua
sempre finito, limitado, relativo. Mas essa contradição é resolvida abordagem com outras que lhe sejam compatíveis. É aí que
pela sucessão das gerações humanas e pela cooperação dos apontamos para as linhas de investigação iniciadas por Wallon e
indivíduos nessa obra coletiva que é a ciência. (LEVEBVRE, Vygotsky.
1979, p. 100). Os estudos de Wallon, apesar de pouco divulgados nos
Essa citação expressa exatamente a tese de Piaget últimos tempos, conduzem ao reconhecimento de uma enorme
acerca da sociogênese e da psicogênese. contribuição à Psicologia. Voltados para a evolução psicológica
No que se refere à psicogênese, Piaget a considera um processo da criança, o seu legado ultrapassou os limites desse momento
dialético, colocando a atividade como ponto de partida da vida da vida, ao fornecer elementos para a compreensão da dinâmica
psíquica, e concebendo o desenvolvimento cognitivo como do processo de conhecimento. Wallon vai à gênese desse
resultante de estruturações e reestruturação progressivas da processo, teorizando sobre a passagem do orgânico ao psíquico
ação. Localizando, portanto, a gênese das operações do e apontando caminhos para a análise dialética de teorias
pensamento na inteligência sensório-motora, Piaget pesquisa o reducionistas que privilegiam ora o orgânico, ora o social, no
curso do desenvolvimento psicogenético, passando pelas curso do desenvolvimento humano.
atividades que preparam e organizam a inteligência operatória A passagem do orgânico ao psíquico, que equivale à
concreta e, por fim, a inteligência operatória formal, que marca síntese entre o individual e o social, é, para o Wallon, um dos
os limites do desenvolvimento individual. problemas cruciais da Psicologia. Ela tenta explicá-la por meio
Piaget faz questão de afirmar que tais limites constituem de quatro elementos estreitamente interligados: a emoção, a
uma realidade do presente e não um fechamento definitivo e que motricidade, a imitação e o socius.
mesmo esses limites atuais só o são do ponto de vista A emoção permite à criança nascer para a vida
psicogenético, pois a perspectiva sociogenética abre psíquica, por ter como função inicial a comunhão como outro, a
possibilidades de geração para geração. união entre os indivíduos, em virtude das suas reações
A essa altura, vale lembrar que a teoria de Piaget tem orgânicas, da sua fragilidade. No principio, ela é indistinta, mas
tido as mais diversas interpretações: a de uma forma de engendrará as oposições e os desdobramentos que
empirismo, de kantismo evolutivo, de hegelianismo, havendo, gradualmente vão dando origem às estruturas da consciência.
até, quem afirme sua tendência marxista. A primeira expressão da emoção é o movimento, que é, ao
Somos de opinião que a Epistemologia Genética, como mesmo tempo, o seu substrato. A motricidade é, então, para
uma produção coletiva e vastíssima, é, parcialmente, tudo isso. Wallon, o tecido comum e original de onde procedem as
Mas lembramos, com Agnes Heller, que "[...] não há nada mais realizações da vida psíquica.
belo e sábio do que poder escolher, numa teoria, o que é mais Essa primeira fase das trocas do indivíduo com os
necessário". (HELLER, 1982, p. 22). outros, e com o mundo em geral, corresponde a um tipo de
É na perspectiva de escolher o que é necessário na a inteligência discursiva, cuja manifestação inicial é a
teoria de Piaget que nos colocamos, sem impedimentos radicais, representação. A imitação é o elemento responsável pela
já que suas elaborações muito contribuem para resgatar a superação d um tipo de inteligência pelo outro.
condição libertadora do conhecimento. Ao tratar das origens do pensamento, entendido como
Tememos, por outro lado, que, na falta de teorias mais inteligência discursiva, Wallon se volta para uma descrição
completas, seja colocada na teoria de Piaget uma expectativa psicologia de crianças de 5 a 7 anos, pois todas as etapas
que ela não estará à altura de concretizar. Por isso, achamos anteriores tinham sido já estudadas exaustivamente, nas obras
que é o momento de explicitar alguns pontos mais problemáticos. precedentes. E ele privilegia, nessa descrição, os obstáculos
Apesar de a referida teoria acentuar a unidade do sujeito com o com os quais as crianças deparam para explicitar seu
mundo, ela não se preocupou em qualificar esse mundo como o pensamento, e as contradições entre o instituído e suas
meio social concreto, sendo seus resultados isentos do experiências, entre o formalismo da linguagem e a fluidez dos
compromisso com a luta de classes. Piaget esteve mesmo dados empíricos, em si mesmos contraditórios, em última
interessado em fornecer um quadro de referência para a análise, entre o real e a sua representação.
compreensão do sujeito epistêmico, entendido como Em toda a extensão da obra de Wallon, encontra-se a
possibilidade humana de conhecer, uma possibilidade que é, preocupação de concentrar suas análises em processos, por
assim, humano-genérica. Por outro lado, essa perspectiva não considerar que é o confronto do indivíduo com a sociedade que à
anula a outra, mas, ao contrário, dela necessita, mesmo para fins construção da inteligência. A afirmação a seguir é basilar para
de enriquecimento dessa compreensão. confirmar isso:
Em função desse seu interesse, Piaget se preocupa com a Jamais pude dissociar o biológico do social, não porque
formação dos instrumentos do pensamento que propiciam o os creia redutíveis um ao outro, mas porque me parecem, no
conhecimento, e acaba por afluir na Lógica Formal, homem, tão estreitamente complementares desde o nascimento
negligenciando a Lógica Dialética. que é impossível encarar a vida psíquica de outro modo que não
No que tange a uma concepção de aprendizagem, é seja sob a forma de suas relações recíprocas. (WALLON, 1951
claro que Piaget discorda das concepções anteriormente apud ZAZZO, 1978, p. 51).
discutidas, tendo sido essas discordâncias exaustivamente Apenas essa afirmação nos basta para constatarmos
expressas em toda sua obra. Ele nega que sua teoria seja uma que, apesar de sua teoria se centrar no desenvolvimento, não
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exclui a aprendizagem, cujo sentido positivista é superado pela respeitem a concepção de aprendizagem em foco
indissociação do biológico e do social. devem apoiar-se em duas verdades fundamentais: 
Com respeito a Vygotsky (1984), merece realce, -A de que todo conhecimento provém da prática social e
inicialmente, o fato de ele ter uma posição que representou um a ela retorna; 
avanço para a psicologia soviética. Sabe-se que, após a -A de que o conhecimento é um empreendimento
Revolução de 1917, as formulações de Pavlov imperaram na coletivo, nenhum conhecimento é produzido na solidão
Rússia, por sua característica anti-idealista. Em contrapartida, do sujeito, mesmo porque essa solidão é impossível.
abandona-se o estudo da consciência, implicando isto, segundo
Vygotsky, uma limitação da Psicologia a problemas poucos PLANEJAMENTO DA AÇÃO EDUCATIVA.
complexos, além de fazer perdurar o caráter dualista e  
espiritualista do subjetivismo anterior. Visando, então, a uma Organização do trabalho docente e os fundamentos do
coerente psicologia materialista, Vygotsky e seus colaboradores planejamento
se empenham em recuperar o estudo da consciência, inserindo
as contribuições de Pavlov numa perspectiva mais ampla de O planejamento é um processo de sistematização e
investigação. Instauram-se, a partir daí, a reação ao organização das ações do professor. É um instrumento da
comportamentismo vulgar e a luta pela instituição de um método racionalização do trabalho pedagógico que articula a atividade
que tratasse a consciência de maneira objetiva e concreta. A escolar com os conteúdos do contexto social (LIBÂNEO, 1991).
hipótese que norteia suas sucessivas pesquisas é expressa nos O ato de planejar está presente em todos os momentos da vida
seguintes termos: humana. A todo o momento as pessoas são obrigadas a
Os processos psíquicos mudam no homem do mesmo planejar, a tomar decisões que, em alguns momentos, são
modo como mudam os processos de sua atividade prática. Vale definidas a partir de improvisações; em outros, são decididas
dizer que também aqueles são mediatizados. É exatamente pelo partindo de ações previamente organizadas (KENSKI, 1995). No
uso dos meios, é pela relação mediata com as condições de capitulo 1 do livro Planejamento Dialógico: como construir o
existência que a atividade psíquica do homem se distingue projeto político – pedagógico da escola (PADILHA, 2003), são
radicalmente da atividade psíquica animal. (LEONTIJEV; LURIA, apresentados alguns conceitos de planejamento que
1973) intencionalmente leva-nos a entender seu significado. Caro(a)
Utilizando-se do método histórico-crítico, Vygotsky empreende aluno(a), apresentarei a seguir alguns desses conceitos,
um estudo original e profundo do desenvolvimento intelectual da acreditando que serão discutidos e ressignificados por cada um
criança, cujos resultados demonstraram ser o desenvolvimento no momento de organizar sua prática pedagógica.
das funções psicointelectuais superiores um processo • O significado do termo ‘planejamento’ é muito ambíguo, mas no
absolutamente único. A esse respeito, conclui Vygotsky: seu uso trivial ele compreende a ideia de que sem um mínimo de
Todas as funções psicointelectuais superiores se conhecimento das condições existentes numa determinada
apoiam de dois modos no curso do desenvolvimento da criança: situação e sem um esforço de previsões das alterações
por um lado, nas atividades coletivas, como atividades sociais, possíveis desta situação nenhuma ação de mudança será eficaz
isto é, como funções Inter psíquicas; por outro lado, nas e eficiente, ainda que haja clareza dos objetivos dessa ação.
atividades individuais, como propriedades do pensamento da Nesse sentido trivial, qualquer indivíduo razoavelmente
criança, isto é, como funções intrapsíquicas. (VYGOTSKY, 1973, equilibrado é um planejador [...]. Não há uma ‘ciência do
p. 160). planejamento’ nem mesmo há métodos de planejamentos gerais
Do ponto de vista do conceito de aprendizagem, a e abstratos que possam ser aplicados a tantas variedades de
importância dos estudos de Vygotsky é inquestionável, situações sociais e educacionais principalmente se
destacando-se o seu trabalho sobre "[...] o problema da considerarmos a natureza política, histórica, cultural, econômica
aprendizagem do desenvolvimento intelectual na idade escolar". etc. (AZANHA, 1993, p. 70-78).
Aqui, Vigotsky critica as teorias que separam a aprendizagem do • Planejamento é um processo de busca de equilíbrio entre
desenvolvimento, e conclui, afirmando: meios e fins, entre recursos e objetivos, na busca da melhoria do
[...] Não há necessidade de sublinhar que a característica funcionamento do sistema educacional. Como processo o
essencial da aprendizagem é que dá lugar à área do planejamento não corre em um momento do ano, mas a cada
desenvolvimento potencial, isto é, faz nascer, estimula e ativa, na dia. A realidade educacional é dinâmica. Os problemas, as
criança, processos internos de desenvolvimento no quadro das reivindicações não têm hora nem lugar para se manifestarem.
inter-relações com outros que, em seguida, são absorvidas, no Assim, decide-se a cada dia a cada hora (SOBRINHO, 1994,
curso do desenvolvimento interno, tornando-se aquisições p.3).
próprias da criança... A Aprendizagem, por isso, é um momento • Planejamento é um “processo de tomada de decisão sobre uma
necessário e universal para o desenvolvimento, na criança, ação. Processo que num planejamento coletivo (que é nossa
daquelas características humanas não naturais, mas formadas meta) envolve busca de informações, elaboração de propostas,
historicamente. (VYGOTSKY, 1973, p. 161) encontro de discussões, reunião de decisão, avaliação
 A concepção de aprendizagem que resulta do confronto permanente” (MST, 1995, p.5).
e da colaboração entre essas três últimas abordagens, • Planejamento é processo de reflexão, de tomada de decisão
e das correções a que se pode submetê-las conduz, [...] enquanto processo, ele é permanente (VASCONCELOS,
inevitavelmente, à superação da dicotomia transmissão 1995, p.43).
X produção do saber, porque essa concepção permite
resgatar: Em síntese, o planejamento é uma tomada de decisão
 A unidade do conhecimento, através de uma visão da sistematizada, racionalmente organizada sobre a educação, o
relação sujeito/objeto, em que se afirma, ao mesmo educando, o ensino, o educador, as matérias, as disciplinas, os
tempo, a objetividade do mundo e a subjetividade, conteúdos, os métodos e técnicas de ensino, a organização
(SCHAFF, 1975) considerada como um momento administrativa da escola e sobre a comunidade escolar. O
individual de internalização da objetividade; A realidade planejamento da educação é composto por diferentes níveis de
concreta da vida dos indivíduos, como fundamento para organização. Assim, podemos pensar em nível macro no
toda e qualquer investigação. Nesses termos, chega-se Planejamento do Sistema de Educação, que corresponde ao
à conclusão de que as práticas pedagógicas que planejamento da educação em âmbito nacional, estadual e

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municipal. Este planejamento elabora, incorpora e reflete as intencionais. Definição de objetivos a serem alcançados, escolha
políticas educacionais. de conteúdos a serem aprendidos pelos alunos e a seleção das
O planejamento global da escola corresponde às ações atividades, técnicas de ensino, que serão desenvolvidas para
sobre o funcionamento administrativo e pedagógico da escola; que a aprendizagem dos alunos se efetive. Esse momento
para tanto, este planejamento necessita da participação em representa a organização da metodologia de ensino.
conjunto da comunidade escolar. Nos dias atuais, em que o 4. Sistematização do processo de avaliação da aprendizagem.
trabalho pedagógico tem sido solicitado em forma de projeto, o Avaliação entendida como um meio, não um fim em si mesma,
planejamento escolar pode estar contido no Projeto Político mas um meio que acompanha todo processo da metodologia de
Pedagógico – PPP, ou no Plano de Desenvolvimento Escolar – ensino. A avaliação deve diagnosticar, durante a aplicação da
PDE. O planejamento curricular é a organização da dinâmica metodologia de ensino, como os alunos estão aprendendo e o
escolar. É um instrumento que sistematiza as ações escolares do que aprenderam, para que a tempo, se for necessário, a
espaço físico às avaliações da aprendizagem. O planejamento metodologia mude seus procedimentos didáticos, favorecendo a
de ensino envolve a organização das ações dos educadores reelaboração do ensino, tendo em vista a efetiva aprendizagem.
durante o processo de ensino, integrando professores,
coordenadores e alunos na elaboração de uma proposta de Requisitos para o planejamento do ensino
ensino, que será projetada para o ano letivo e constantemente
avaliada. O planejamento de aula organiza ações referentes ao Agora que estudamos que o planejamento necessita de
trabalho na sala de aula. É o que o professor prepara para o um rigor de sistematização das atividades, apresentamos alguns
desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos requisitos essenciais para o professor realizar um planejamento
coerentemente articulado com o planejamento curricular, com o justo e coerente com seus alunos. Lembre-se, estes requisitos
planejamento escolar e com o planejamento de ensino. são saberes adquiridos ao longo da formação de professor, por
isso, aproveitem ao máximo cada disciplina, cada conteúdo e
Planejamento e ação pedagógica: dimensões técnicas e cada atividade.
políticas do planejamento • Conhecer em profundidade os conceitos centrais e leis gerais
da disciplina, conteúdos básicos, bem como dos seus
Todo planejamento deve retratar a prática pedagógica procedimentos investigativos (e como surgiram historicamente na
da escola e do professor. No entanto, a história da educação atividade científica).
brasileira tem demonstrado que o planejamento educacional tem • Saber avançar das leis gerais para a realidade concreta,
sido uma prática desvinculada da realidade social, marcada por entender a complexidade do conhecimento para poder orientar a
uma ação mecânica, repetitiva e burocrática, contribuindo pouco aprendizagem.
para mudanças na qualidade da educação escolar. Por isso, • Escolher exemplos concretos e atividades práticas que
caro(a) aluno(a), ao estudar esta unidade, reflita sobre a demonstrem os conceitos e leis gerais, os conteúdos e os
importância do planejamento como uma prática crítica e assuntos de maneira que todos os entendam.
transformadora do pedagogo; por isso, faz-se necessário que • Iniciar o ensino do assunto pela realidade concreta (objetos,
você compreenda as duas dimensões que constituem o fenômenos, visitas, filmes), para que os alunos formulem
planejamento:  relações entre conceitos, ideias- chave, das leis particulares às
Dimensão política – toda ação humana é eminentemente uma leis gerais, para chegar aos conceitos científicos mais
ação política. O planejamento não pode ser uma ação docente complexos.
encarada como uma atividade neutra, descompromissada e • Saber criar problemas e saber orientá-los (situações de
ingênua. Mesmo quando o docente “não” planeja, ele traduz uma aprendizagem mais complexas, com maior grau de incerteza que
escolha política. A ação de planejar é carregada de propiciam em maior medida a iniciativa e a criatividade do aluno).
intencionalidades, por isso, o planejamento deve ser uma ação
pedagógica comprometida e consciente. Elementos do planejamento: objetivos; conteúdo;
Dimensão técnica – o saber técnico é aquele que permite metodologia e avaliação da aprendizagem
viabilizar a execução do ensino, é o saber fazer a atividade
profissional. No caso da prática do planejamento educacional, o Objetivo da educação e do ensino
saber técnico determina a competência para organizar as ações
que serão desenvolvidas com visando à aprendizagem dos Toda ação humana tem um propósito orientado e
alunos. Cabe ao professor saber fazer, elaborar, organizar a dirigido em prol daquilo que se quer alcançar. Assim é a ação
prática docente. Veja, na unidade 1, o que diz Morin (1999) sobre docente que deve ser realizada em função dos objetivos
as quatro aprendizagens fundamentais para alicerçarem o educacionais.
conhecimento. Verifique que a dimensão técnica é a segunda Objetivos educacionais orientam a tomada de decisão
aprendizagem: aprender a fazer - para poder agir sobre o meio no planejamento, porque são proposições que expressam com
envolvente. A dimensão técnica do conhecimento é o aprender clareza e objetividade a aprendizagem que se espera do aluno.
do aluno a fazer fazendo. São os objetivos que norteiam a seleção e organização
dos conteúdos, a escolha dos procedimentos metodológicos e
Momentos ou etapas do planejamento definem o que avaliar. Os objetivos são finalidades que
pretendemos alcançar. Retratam os valores e os ideais
Por ser uma atividade de natureza prática, o educacionais, a aprendizagem dos conteúdos das ciências, as
planejamento organiza-se em etapas sequenciais, que devem expectativas e necessidades de um grupo social. Para
ser rigorosamente respeitadas no ato de planejar: articularmos os valores gerais da educação (concepção de
1.Diagnóstico sincero da realidade concreta dos alunos. Estudo educação) com as aprendizagens dos conteúdos programáticos
real da escola e a sua relação com todo contexto social que está e as atividades que o professor pretende desenvolver na sua
inserida. aula, devemos elaborar os objetivos gerais e os específicos.
2.Vamos relembrar: os alunos e os professores possuem uma O objetivo geral expressa propósitos mais amplos
experiência social e cultural que não pode ser ignorada pelo acerca da função da educação, da escola, do ensino,
planejamento. considerando as exigências sociais, do desenvolvimento da
3.Organização do trabalho pedagógico. Nesta etapa os personalidade ou do desenvolvimento profissional dos alunos.
elementos da Didática são sistematizados através de escolhas
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Podemos pontuar os seguintes objetivos gerais que Podemos dizer que os conteúdos retratam a experiência
orientam a prática dos professores: social da humanidade no que se refere a conhecimentos e
• a educação escolar deve possibilitar a compreensão do mundo modos de ação, transformando-se em instrumentos pelos quais
e os conteúdos de ensino; instrumentalizar culturalmente os os alunos assimilam, compreendem e enfrentam as exigências
professores e os alunos para o exercício consciente da teóricas e práticas da vida social. Constituem o objeto de
cidadania; mediação escolar no processo de ensino, no sentido de que a
• a escola deve garantir o acesso e a qualidade do ensino a assimilação e compreensão dos conhecimentos e modos de
todos, garantindo o desenvolvimento das capacidades físicas, ação se convertem em idéias sobre as propriedades e relações
mentais, emocionais dos professores e alunos; fundamentais da natureza e da sociedade, formando convicções
• a educação escolar deve formar a capacidade critica e criativa e critérios de orientação das opções dos alunos frente às
dos conteúdos das matérias de ensino. Sob a responsabilidade atividades teóricas e práticas postas pela vida social (1991,
do professor os alunos desenvolverão o raciocínio investigativo e p.128-129).
de reflexão; Desta forma, os conteúdos de ensino junto com a
• o percurso de escolarização visa atender à formação da metodologia são responsáveis pela produção e elaboração das
qualidade de vida humana. Professores e alunos deverão aprendizagens e dos saberes na escola. Libâneo (1991)
desenvolver uma atitude ética frente ao trabalho, aos estudos, à acrescenta que escolher os conteúdos de ensino não é tarefa
natureza etc. fácil; por isso, quanto mais planejado, ordenado e
O objetivo específico expressa as expectativas do esquematizado estiver mais os alunos entenderão a sua
professor sobre o que deseja obter dos alunos no processo de importância social; porém, a seleção e a organização dos
ensino. Ao iniciar o planejamento, o professor deve analisar e conteúdos não se confundem com uma mera listagem.
prever quais resultados ele pretende obter, com relação à Cabe ao professor selecionar e organizar o conteúdo
aprendizagem dos alunos. Esta aprendizagem pode ser da devidamente planejado para atender às necessidades dos seus
ordem dos conhecimentos, habilidades e hábitos, atitudes e alunos. Conteúdos de ensino bem selecionados devem atender
convicções, envolvendo aspectos cognitivo, afetivo, social e aos critérios de validade, flexibilidade, significação, possibilidade
motor. de elaboração pessoal; sem esses critérios, o professor corre o
Os objetivos específicos devem estar vinculados aos risco de escolher conteúdos sem relevância para seus alunos.
objetivos gerais, e retratar a realidade concreta da escola, do Atendendo aos critérios, o conteúdo terá validade quando
ensino e dos alunos. Correspondem às aprendizagens de apresenta o caráter científico do conhecimento, e faz parte de
conteúdos, atitudes e comportamentos. um conhecimento que reflete os conceitos, ideias e métodos de
uma ciência. O conteúdo será significativo quando expressar de
Seleção e organização dos conteúdos escolares forma coerente os objetivos sociais e pedagógicos da educação,
atendendo à formação cultural e científica do aluno; eles não são
Os estudos da Didática contribuem com o professor, rígidos, são flexíveis.
oferecendo possibilidades de escolher o que ensinar, para que o O conteúdo de ensino está a serviço da aprendizagem
aluno aprenda e descubra como aprendeu. Essa é uma dos alunos, e estes o utilizam para explicar a sua realidade. Todo
habilidade que requer conhecimento e um compromisso com a conteúdo de ensino deve ser articulado com a experiência social
realidade do aluno. Neste sentido, o professor deve ter do aluno. Para que haja a possibilidade de elaboração pessoal e
conhecimento do presente e perspectivas de futuro, tanto o domínio efetivo do conteúdo, conhecimento, o ensino não pode
pessoal como dos alunos. Em hipótese alguma o professor pode se limitar à memorização e repetição de fórmulas e regras. Deve,
se basear na ideia de que deve somente ensinar o que lhe fundamentalmente, possibilitar a compreensão teórica e prática
ensinaram. É neste sentido, que o Curso de Graduação em através de conhecimentos e habilidades, obtidas na aula ou
Licenciatura: Pedagogia, Matemática, Geografia etc. é obtidas em situações concretas da vida cotidiana (LIBÂNEO,
reconhecido como a formação inicial do professor. Para 1991).
permanecer planejando o ensino atualizado, contemporâneo e Podemos considerar três fontes que o professor deve
coerente com seus alunos, faz-se necessária a continuação dos utilizar para selecionar os conteúdos de ensino e organizar suas
estudos através da formação continuada. aulas: a primeira é a programação oficial, na qual são fixados os
Quando explico sobre o que ensinar, faço referência aos conteúdos de cada matéria; a segunda são os próprios
conteúdos de ensino. A seleção dos conteúdos que farão parte conhecimentos básicos das ciências transformados em matéria
do ensino é uma tomada de decisão carregada de de ensino; a terceira são as exigências teóricas e práticas que
intencionalidades. É da responsabilidade do professor escolher emergem da experiência de vida dos alunos, tendo em vista o
os conteúdos que desenvolverão aprendizagens nos alunos para mundo do trabalho e a participação democrática na sociedade.
que estes expliquem a realidade conscientemente. Deve-se
ensinar o que é significativo sobre o mundo, a vida, a experiência Veja, no quadro abaixo, a relação entre o desenvolvimento da
existencial, as possibilidades de mudança, o trabalho, o passado, aprendizagem e as possíveis atividades que deverão ser
o presente e o futuro do homem (MARTINS, 1995.) desenvolvidas no processo de ensino.
Veja o que escreve o professor Libâneo sobre os conteúdos
de ensino:
Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos,
habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação
social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista
a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida prática.
Englobam, portanto: conceitos, idéias, fatos, processos,
princípios, leis científicas, regras; habilidades cognoscitivas,
modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação,
hábitos de estudos, de trabalho e de convivência social; valores
convicções, atitudes. São expressos nos programas oficiais, nos
livros didáticos, nos planos de ensino e de aula, nas atitudes e
convicções do professor, nos exercícios nos métodos e forma de
organização do ensino.
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escola, à desigualdade e perversidades sociais e à “lógica de


exclusão” (idem). Por certo, esses fatores têm um peso
considerável no processo, mas as práticas escolares com
certeza também têm influência decisiva nesse quadro
educacional. As causas atribuídas a quem ensinamos
geralmente como a preguiça, o despreparo, as condições de
vida, entre outras, nem sempre são verdadeiras. Por vezes,
aquilo que ensinamos pode ser inadequado, ou a forma como
ensinamos pode não ser a melhor ou mais adequada para quem
aprende.
Dentre outros fatores, a forma como a escola interpreta
A avaliação da aprendizagem o erro ou uma produção inadequada do aluno merece ser revista,
pois temos o compromisso de escolaridade fundamental para
A avaliação escolar é parte integrante do processo de todos, não para alguns. O erro é um dado a ser trabalhado, não
ensino– aprendizagem, e não uma etapa ou momento isolado. uma constatação do fracasso do aluno como comumente
Faz parte da metodologia de ensino, está diretamente imbricada aparecia no ensino tradicional. Os dados da pesquisa revelaram
com os objetivos, os conteúdos e os procedimentos que a forma como os professores desenvolvem suas atividades
metodológicos expressos no planejamento e desenvolvidos no escolares tem uma influência decisiva no fracasso ou na evasão
decorrer do ensino. Avaliar é um ato de decisão e julgamento escolar, todavia, as práticas pedagógicas dos professores
que deve ser crítico e consciente, tanto do professor quando determinaram que o processo de ensino-aprendizagem ocorra. A
avalia, como do aluno quando realiza sua auto avaliação. Assim importância deste trabalho reside na preocupação de trazer à luz
como a metodologia, a escolha pelos instrumentos de avaliação a dimensão que envolve esse problema.
depende da concepção de ensino que o professor carrega no
seu referencial. Hoffmann, (2005, p.111-113) apresenta-nos a Ensinando uma experiência
avaliação a partir de duas concepções de educação:
A literatura e as pesquisas na área educacional
demonstram que a questão da interpretação do erro e das
práticas avaliativas na sala de aula e o fracasso na escola, está
associado e relacionado à ideia da diferença: um aluno que não
se sai bem na escola, demonstrando diferença entre seu
desempenho e aquele considerado adequado para sua idade ou
série, seja qual for a causa, a implicação para a educação é a
mesma: compensação ou remediação, ou seja, deve ser
corrigido de forma a encontrar as dificuldades que os alunos têm
em relação a um determinado conteúdo trabalhado pelo seu
professor. Se for importante identificar essas causas, anunciá-
las, criticá-las, mais importante ainda é tentar superá-las. Quais
alternativas de enfrentamento, entretanto, podem-se vislumbrar
para essa problemática tão delicada e tão presente no cotidiano
  do professor? Aquino indica-nos: “o trabalho do dia-a-dia
Saber avaliar é uma competência essencial do professor, o que centrado exclusivamente no conhecimento, prioridade e
avaliai? Como avaliar? E por que avaliar? São questões que privilegio, a rigor, do âmbito escolar.” (1997, p.107).
devem fazer parte dos momentos de elaboração dos Este autor observa em sua discussão de que a
instrumentos de avaliação. indisciplina escolar (Aquino, 1996b, pp.52-53) no interior do
espaço escolar, tornar-se uma espécie de roteiro traçado de
 ABORDAGENS DIDÁTICO-METODOLÓGICAS DE ENSINO determinado campo conceitual, que geralmente se dá através de
informações, fórmulas e leis já prontas. Assim, o objetivo da
Metodologia de ensino: Uma contribuição pedagógica para o educação escolar é de (re) construção das diferentes disciplinas,
processo de aprendizagem da diferenciação reinventando continuamente os conteúdos, as metodologias, a
relação. O qual acrescenta agora: “é preciso reinventar (ou
Introdução ´desinventar´) os processos de avaliação, pois eles certamente
representam o nó górdio da fabricação pedagógica do
O pretendido no texto são algumas reflexões sobre as erro/fracasso escolar.” (Aquino, 1997, p.107). As pesquisas
práticas pedagógicas que dinamizam o cotidiano da escola, demonstraram que o índice de reprovação e evasão no ensino
também, significa trazer á luz a própria experiência da fundamental tornou-se muito acentuado nos meios escolares,
pesquisadora, tendo como fio condutor evidenciar uma forma esta situação é abordada de diversas perspectivas, entre elas, se
inovadora de conduzir o problema que envolve o processo de indica que os alunos não são capazes, ou, tem dificuldades de
ensino-aprendizagem. Portanto, observamos que a compreensão assimilar os conhecimentos que seus professores lhes indicam,
mais profunda do processo que leva ao fracasso e à evasão ou, os professores trabalham com alunos que idealizaram nas
escolar na perspectiva aqui adotada implica numa reflexão sobre suas representações, esquecendo-se dos alunos reais que tem
o próprio significado das práticas pedagógica dos docentes e da na sua frente.
fundamentação que orientam as mesmas. A partir dessa realidade, percebe-se que a repetência e
Sendo assim, devemos ter lucidez em observar que não a evasão escolar, são duas realidades de um mesmo processo,
é um fator que está definindo esta realidade, pelo contrário, é isto é, o denominado fracasso escolar. Todavia, a exclusão
toda uma dinâmica socialmente configurada em nosso cotidiano. escolar também materializa a ideologia em transmitir
O problema que envolve a educação no âmbito do fracasso capacidades e valores que se julgam como certos e
escolar e da evasão é considerado o “maior sintoma da crise de fundamentais, básicos, portanto comuns e necessários a todos,
nossas escolas” (Aquino, 1997, p.21), é concebido por muitos, sem discutir a diversidade que forma o mundo escolar.
como fracasso do aluno ou por vezes, a condições exteriores à
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Em nossa realidade pesquisada podemos observar que aprendizagem que levaram ao “fracasso escolar”) remete a
os professores trabalham de forma diferenciada, pois, outras dimensões dentro e fora da escola, propondo à instituição
encontram-se inúmeras posturas pedagógicas no interior da sala de ensino uma nova configuração e dinâmica de trabalho.
de aula, vejamos como uma professora se expressa: “utilizo nas A orientação educacional, antes mais centrada no aluno
aulas leitura de textos do livro didático; exposição (explicação) do (nas relações interpessoais e dinâmicas de classe), começa a se
conteúdo em questão, tentando relacioná-lo com acontecimentos envolver diretamente na esfera pedagógica da vida escolar: os
ocorridos na atualidade, em épocas anteriores ou que podem debates em relação às práticas desenvolvidas em sala de aula,
ocorrer (...) tento não deixar o aluno sem respostas, mesmo que bem como, as concepções de ensino, a metodologia, a relação
o assunto questionado não esteja relacionado com o conteúdo professor/aluno e os objetivos pretendidos, entre outras.
abordado”. É neste contexto que começam a aparecer sugestões
Podemos auferir da colocação da professora que há pedagógicas concretas e estas tornam-se dominantes nos
uma preocupação muito evidente em possibilitar que o aluno espaços escolares, onde os professores e coordenadores,
consiga, não somente apreender um conhecimento, mais de tradicionalmente preocupados com as questões didático-
questioná-lo, um saber debatido, mas, em interpretá-lo, isto deixa metodológicas, percebem o processo de aprendizagem na sua
entrever que a professora oportuniza ao aluno de rever o relação com o indivíduo e a comunidade: seus valores, anseios,
conhecimento, e, sobretudo, favorecer o aspecto critico, o que conhecimentos socialmente compartilhados, modos de
oportunizara um espaço favorável para a produção de aproximação com o saber, significados implícitos e explícitos das
conhecimento por parte dos alunos e alunas. conquistas da pedagogia histórico-critica, desenvolvida
A este respeito podemos observar que: diferenciar o inicialmente por Saviani. A escola constata, assim, que
ensino é: “organizar as interações e atividades de modo que problemas de aprendizagem configuram-se como fracasso
cada aluno se defronte constantemente com situações didáticas institucional, tendo em vista os inúmeros fatores que interferem
que lhe sejam as mais fecundas” (Perrenoud, 1995, p.28) no aproveitamento dos alunos e na qualidade do ensino. Em
Os avanços científico-tecnológicos que proporcionam o contrapartida, o sucesso pedagógico merece ser pensado como
acesso a conhecimentos fora da escola, também levam-nos a um ideal que vai além do simples domínio de conteúdo.
questionar se a escola está exercendo sua função, se está Sob a ótica dos princípios educacionais nacionalmente
respondendo às necessidades sociais da atualidade, enfim se assumidos, o projeto educacional e a concretização da reforma
está atingindo o aluno na construção de seu saber e sua curricular pressupõem uma política de capacitação docente
preparação para o futuro. diferenciada, uma verdadeira mudança de mentalidade para que
Gasparin (2007) nos responde que, por mais que pareça os argumentos pedagógicos não permaneçam na esfera da
que os professores estejam sendo substituídos por retórica.
computadores e todo aparato tecnológico disponível, essa falsa Tanto no que diz respeito aos princípios do ensino como
impressão de que são dispensáveis desaparece no momento aqueles que estão relacionados aos meios e metas do ensino, o
que surgem preocupações com mudanças educacionais e que está em jogo na formação de professores é o desafio de
sociais: “Todavia, quando se buscam mudanças efetivas na sala substituir a “lógica do saber muito” pela possibilidade de se lidar
de aula e na sociedade, de imediato se pensa no mestre tanto do crítica e significativamente com o conhecimento, tendo em vista
ponto de vista didático-pedagógico quanto político.” objetivos que certamente superam o aprendizado de conteúdos
No entanto, é necessário rever constantemente a prática para alcançar o desenvolvimento das capacidades mentais e a
pedagógica, orientando com vistas a superar a reprodução e autonomia de julgamento, como diz Mazzeo (1998, p.62): “a
valorizar a produção crítica e criativa do saber. Essa humanização do trabalho docente implica uma ampliação da
preocupação com a prática pedagógica passa primeiramente autonomia do professor e, ao mesmo tempo, uma apropriação,
pela análise da relação professor e aluno, pois ambos são por ele, de conhecimentos, habilidades e valores fundamentais
coautores do processo ensino-aprendizagem. da cultura existente”.
Esta prática pedagógica pode ser encontrada em nossa MIZUKAMI (1986) ao discutir as abordagens que estão
realidade escolar, um professor assim observa: “aproveitar a presentes no espaço escolar salienta que nos diversos períodos
bagagem cultural que o aluno traz de sua realidade para a da história da educação encontramos as transformações que
escola. Encaminhar o educando para a construção da cidadania, ocorreram nas práticas dos professores em relação à forma
para que seja agente transformador na sociedade”. Na maioria como eles se relacionam com o conhecimento e o que
das situações escolares os professores e professores atuam com fundamenta sua ação docente, no início nos mostra que: “na
muita responsabilidade nas práticas pedagógicas, no entanto, o abordagem tradicional o professor em relação ao aluno ocupa
fracasso ou a validade de uma situação pedagógica estará uma posição vertical, aqui o mestre ocupa o centro de todo o
definida pela forma como se fundamentará seu ensino- processo educativo, cumprindo objetivos selecionados pela
aprendizagem. Estas colocações que dinamizam o espaço escola e pela sociedade. O professor comanda todas as ações
escolar é também uma preocupação de Paulo Freire (1996), da sala de aula e sua postura está intimamente ligada à
quando observa que tanto professores como alunos, assumindo- transmissão de conteúdos. Ao aluno, neste contexto, era
se como sujeitos da produção do saber, convençam-se reservado o direito de aprender sem qualquer questionamento,
definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, através da repetição e automatização de forma racional. (p.14-
mas criar as possibilidades para a produção ou construção social 15)
do aluno. Na experiência trabalhada e pesquisada encontramos
Estas preocupações estão relacionadas à forma como é posturas pedagógicas que se pautam e que se desenvolvem
trabalhado o conhecimento escolar e se relacionado às tendo como referencial teórico e prático estas manifestações
atividades de construir significados assimiláveis pelos alunos e didáticas; vejamos como um docente se posiciona em relação a
alunas, fazendo uso de razão, possibilitando organizá-los numa seus alunos: “trabalho muito com resolução de exercícios de
sequencia interpretativa e compreensível, isto é, numa realidade raciocínio lógico para que eles possam usar meios ou estratégias
que o permita ver-se como construtor da mesma. diferenciadas para a resolução dos mesmos. Outras vezes
A literatura que está voltada para a discussão do explico os conteúdos somente no quadro negro”. Podemos
“fracasso escolar”, em termos de pesquisa e debates teve seu observar que este tipo de abordagem privilegia a forma
período mais fértil, por volta da década de 80, quando os tradicional de desenvolver as atividades pedagógicas na sala de
educadores vão se dando conta de que a qualidade de ensino aula, porém, os professores lidam com algumas contradições, o
(ou a falta dela consubstanciada pelos problemas de
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mesmo docente, assim se expressa: “Muitas vezes através de múltiplos momentos da realidade, socialmente questionada e
situações problemas e valorizando as experiências dos alunos”. pensada, poderá levá-la a se transformar. Todavia, podemos
Encontramos que um professor ou uma professora ao tratar e observar que toda reflexão e toda ação que se desenvolve numa
discutir os conteúdos da sua área de conhecimento assume perspectiva histórico-crítica, deve levar em conta a premissa
posturas contraditórias, tanto tradicionais quanto cognitivista. fundamental de que: “a natureza humana não é dada ao homem,
SAVIANI (1999, p. 18), referindo-se à relação professor mas é por ele produzida sobre as bases da natureza biofísica.
e aluno, na escola tradicional, mostra-nos que o professor: Consequentemente, o trabalho educativo é um ato de produzir
"transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a
alunos. A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhes são humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo
transmitidos”. conjunto dos homens”.
Nesta abordagem pedagógica podemos observar que Esta afirmação de Saviani (1991) nos indica que a
os alunos têm uma participação nula no processo de questão do saber, do conhecimento assume papel de
conhecimento, não participando ativamente na construção de centralidade, que coincide com a produção não-material, onde o
uma realidade que venha a enunciar o seu conhecimento em saber que interessa diretamente à educação é aquele que
relação ao que esta aprendendo, aquilo que a própria LDB, resulta do processo de aprendizagem, como resultado do
demanda no seu artigo 32. trabalho educativo, tomando como referência o saber objetivo
Saviani (1999) destaca que para que a escola funcione produzido historicamente, fenômeno este, manifestado desde a
bem, é necessário que se utilizem métodos de ensino eficazes, origem do homem pelo desenvolvimento de processos educativo
por serem eles que estimularão a atividade e iniciativa dos do próprio ato de viver, culminando com a institucionalização e
alunos, no entanto sem abrir mão da iniciativa do professor. O surgimento da escola.
método deve favorecer o diálogo dos alunos entre si e com o Assim, a escola passa à forma dominante de educação
professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura o que coincide com a passagem histórica em que as relações
acumulada historicamente. sociais passaram a prevalecer sobre as naturais, onde o mundo
O método de ensino da Pedagogia Histórico Crítica da cultura, produção humana, tem privilégios sobre o mundo da
preconizado por Saviani (1986) e transformados em uma didática natureza. Os saberes metódicos, científicos e sistemáticos
por Gasparin (2007), é apresentada em suas múltiplas assumem predominância sobre o saber espontâneo e a escola
dimensões que podem compor todas as circunstancias que se passa a determinar a educação.
desenvolvem dentro da sala de aula e que remete à forma como Piaget desloca o foco da passividade do aluno em
o professor pode oportunizar condições favoráveis para que relação à informação. O professor passa a criar o cenário
ocorra uma melhor aprendizagem. necessário, pensando no estágio de desenvolvimento em que o
Gasparin confirma que na teoria que se pauta numa aluno se encontra, para que o aluno possa explorar o ambiente
abordagem histórico-cultural, a mediação é fundamental, para de forma predominantemente ativa. Neste ponto, o aluno não é
que o aluno desenvolva a aquisição do conhecimento. Esta um ser que recebe a informação passivamente, ele deverá
acontece pelo uso da linguagem e da fala. Assim, a experimentar racionalmente atividades de classificação, seriação
aprendizagem se dá por meio de um processo de interação e atividades hipotéticas. Assim, o professor sempre oferecerá ao
social entre as pessoas, as quais sempre estarão trocando aluno situações problemas que tragam a eles a necessidade de
símbolos socialmente conceitualizados. Dessa forma, a investigar, pensar, racionalizar a questão e construir uma
linguagem passa a desempenhar um papel essencial no resposta satisfatória.
processo de apropriação do conhecimento científico. É Num sentido oposto a este autor está Vigotsky (2001),
importante que o professor oportunize momentos para que os para ele, o ponto de partida para desenvolver um conhecimento
alunos falem, escrevam, trabalhem em pequenos grupos. crítico, é a prática social inicial, uma vez que o ser humano se
Partindo desse entendimento, Gasparin (2007) observa constrói socialmente, fora desta premissa não há possibilidade
que num momento de aprendizagem, que ele denomina catarse, de socialização. Sendo assim, o primeiro passo da ação docente
resulta numa fase em que o aluno sistematiza o que aprendeu em sala de aula é identificar os conceitos “espontâneos” dos
em relação aos conteúdos trabalhados nas fases anteriores. É a alunos, ou seja, segundo Vigotsky (2001), a zona de
fase que leva o aluno a uma reflexão e a produção de algumas desenvolvimento proximal (ZDP), por intermédio da prática
conclusões, o que indicaria o nível de aprendizagem que ele social.
alcançou nesse período de atividades escolares, isto é, o
momento da elaboração de sínteses, o que significa o momento Coexistência de caminhos únicos para resultados
efetivo da aprendizagem. diferenciados
Ë necessário que neste processo ocorra, segundo esse
autor, a prática social final, que se pautara pelo conhecimento A título de conclusão de pesquisa foi elaborado um
recebido. Nessa etapa todas as dimensões do conteúdo deverão quadro que retrata as forma de ensino-aprendizagem que
ser retomadas de forma consciente, na busca de uma visão ocorrem no espaço escolar, o primeiro retrata uma forma
totalizadora, concreta e crítica buscando o desvelamento da conservadora de desenvolver o conhecimento, e, a segunda, é a
realidade, e uso do conhecimento adquirido, o que significa o forma diferenciada de deflagrar o processo que fundamenta a
momento da transformação, pois, surge uma nova postura em prática do educador.
relação ás circunstancias sociais anteriores. Ao referir-se a esta
situação Gasparin (2007) nos coloca: “o aluno pode evidenciar Quadro I: formas de trabalhar o ato pedagógico
que a realidade que ele conhecia antes como “natural” não é
exatamente desta forma, mas é “histórica” porque produzida
pelos homens em determinado tempo e lugar, com intenções
políticas explicitas ou implícitas, atendendo a necessidades
socioeconômicas, situadas, desses mesmos homens. Ou seja,
nada em que o homem põe a sua mão é natural, mas tudo se
torna histórico, social, artificial, criado, modificado, feito por ele, a
sua imagem e semelhança”. (p.132)
Portanto, podemos observar que o próprio educador e o
educando, através de uma postura que leve em conta os
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Perrenoud centraliza o debate na ideia do ciclo,


relacionando-o a outros eixos fundamentais do sistema que são:
o currículo, a avaliação, a organização do trabalho, os
dispositivos de diferenciação, as abordagens didáticas, a
cooperação profissional e a formação de professores.
A ideia é desfragmentar as séries anuais e investir nos
ciclos de aprendizagem plurianuais, na tentativa de se ensinar
melhor, combater o fracasso escolar, as desigualdades e outros
fatores que comprometem a boa formação do indivíduo.
A finalidade é que, no final da formação escolar, os
alunos consigam alcançar os objetivos juntos, mesmo que, para
isso, seja necessário trilhar caminhos diferentes.
Os ciclos, ou qualquer outra estrutura, não têm o “poder”
de fazer com que essa finalidade e esses objetivos sejam
alcançados, eles apenas permitem que sejam construídos meios
ou formas que facilitem o ensino-aprendizagem, tornando
possível a realização de novas práticas pedagógicas.
Na escola que trabalha com uma estrutura seriada, o
aluno que não consegue atingir o objetivo no final do ano é
levado à reprovação ou ao apoio, o que não acontece nos ciclos
Na tentativa de conseguir elementos ilustrativos para de aprendizagem, já que não se espera o final do percurso para
uma análise e uma melhor compreensão do processo educativo fazer os balanços formativos.
na sala de aula do professor/a, consubstanciamos no quadro “Muitos deles expressam o temor de ver aumentarem as
acima a prática pedagógica do professor/a numa situação de variações porque, em um ciclo plurianual, alguns alunos
ensino e aprendizagem. poderiam mais facilmente ‘escapar da chuva’. No final do ciclo,
sofreriam graves lacunas e uma imagem depreciada de si
Quadro II: formas de trabalhar a ato pedagógico mesmos, pelo fato de suas dificuldades não terem recebido um
atendimento rápido. Esses temores não são absolutamente
absurdos. Se for mal administrado, se deixar os alunos ‘ao
abandono’ – não voluntariamente, mas devido a uma gestão
aproximada das progressões e a um otimismo infundado sobre
as virtudes do tempo que passa –, um ciclo de aprendizagem
pode provocar um aumento dos fracassos e das
desigualdades”.* (PERRENOUD: 2004, p.42)
Sendo assim, a construção de ciclos de aprendizagem
requer mais inovação pedagógica e organização do que a
gerência de uma estrutura anual, até porque a tarefa de
compartilhar o trabalho de maneira flexível e encaminhar
progressões diversificadas durante vários anos é mais complexa
do que se imagina. Por esse motivo, saber trabalhar em equipe é
fundamental, já que os objetivos a serem alcançados no final do
percurso precisam ser bem determinados entre professores,
alunos e pais.
Cada aluno sabe o que mais lhe interessa e o que é
O quadro acima nos revela as formas como se melhor para ele. É importante ressaltar que, numa classe
desenvolvem as práticas pedagógicas em sala de aula e, ilustra heterogênea, encontramos vários tipos de pessoas que pensam,
práticas educativas que caminham numa perspectiva mais crítica agem e têm necessidades diferentes. Portanto, para se obter um
e comprometida com a transformação e o distanciamento da bom resultado, é necessário que seja realizado um trabalho de
reprovação e do fracasso escolar. pedagogia diferenciada. Diferenciar, segundo Perrenoud, é
É bom salientar que os professores (as) e os alunos e propor a cada aluno, sempre que possível, uma situação de
alunas, procuram dar o melhor se si no desenvolvimento de suas aprendizagem e tarefas ótimas para ele, mobilizando-o em sua
atividades pedagógicas, isto se reforça quando os professores zona de desenvolvimento próximo. Dentro dessa perspectiva, é
(as) no cotidiano de seu trabalho conseguem articular o de fundamental importância que o professor avalie o aluno de
conhecimento enquanto processo de construção que implica maneira formativa. Saber o que ele conseguiu compreender, o
apreender a interpretar a realidade de uma forma contraditória e que mais lhe motiva, o que ele menos gosta e onde estão as
ponderação em todos os momentos do processo educativo. suas dificuldades auxiliam o professor na hora de otimizar as
Convém ressaltar que esses processos não são situações de aprendizagem.
estanques, livres, autônomos, fatos que acontecem isoladamente “Uma avaliação formativa aguçada não tem nada a ver
na prática pedagógica, mas se complementam. Dessa forma, com a redação de um boletim. Ela passa, principalmente, por um
entendemos que se torna imprescindível ao profissional da conjunto de operações mentais que constroem e depois utilizam
educação refletir nas e sobre suas ações, criticando, elaborando uma representação aprimorada dos objetivos e dos processos de
e reelaborando novos conhecimentos, superando as barreiras aprendizagem. Essa representação é elaborada a partir de
que encontramos na sala de aula. Este conhecimento é resultado indícios observáveis e de um diálogo com os alunos, mas ela se
dessa experiência, vivida no coletivo dos profissionais que atuam afasta disso para interpretar os dados por meio de quadros
nesta esfera fundamental da sociedade que é chamada de teóricos e de métodos que não estão ao alcance de qualquer um.
escola.
Fica, então, a questão de fundo: um balanço de final de
CICLOS DA APRENDIZAGEM. ciclo é certificativo? Responder sim seria encerrar cada ciclo em
  seus próprios objetivos e debilitar a continuidade da ação
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educativa. Na escolaridade obrigatória, não há nenhuma razão necessariamente reclamam disso. Ocorre, portanto, que, mesmo
para instaurar uma avaliação certificativa ao final de cada ciclo. estruturado em ciclos plurianuais, levando-se em conta os textos,
Isso só poderia reforçar a ideia de que os professores que um sistema educacional funciona de fato por graus anuais, de
recebem alunos estão no direito de esperar deles conhecimentos modo que cada professor fica responsável pelos alunos apenas
‘certificados’, garantindo que se pode considerá-los por um ano. Nesse caso, os ciclos não requerem nenhuma
suficientemente homogêneos, do ponto de vista de sua competência nova, porque na realidade nada mudou: o fim do
capacidade de seguir o programa. Os ciclos de aprendizagem ano letivo é sempre o horizonte do professor, pois ele sabe que
plurianuais tentam justamente romper com uma visão da em seguida um colega o substituirá.
construção dos saberes como uma sucessão de andares, um Se ao contrário, os professores precisam e desejam
devendo estar terminado para que o seguinte comece”. (p.119 e verdadeiramente gerir os percursos de formação por dois anos
121) ou mais, eles estão condenados a ampliar suas competências e
mesmo a desenvolver novas competências de planejamento e
Em síntese, a concepção global dos ciclos de aprendizagem orientação das progressões individuais. Com certeza não partem
plurianuais, proposta por Perrenoud, articula-se em nove do zero: " na maioria dos sistemas escolares que não funcionam
teses: em ciclos, certos professores ficam por dois anos com seus
alunos; obviamente, os programas continuam sendo anuais e
1. Um ciclo de aprendizagem é apenas um meio para ensinar apresenta-se um balanço ao final de cada ano letivo com base
melhor e para lutar contra o fracasso escolar e as desigualdades. no qual alguns alunos podem ser reprovados, mas a simples
2. Um ciclo de aprendizagem só pode funcionar se os objetivos certeza de poder continuar o trabalho no ano seguinte com os
de formação visados ao final do percurso estiverem claramente mesmos alunos modifica as estratégias de ensino, alivia a
definidos. Eles constituem o contrato para os professores, alunos pressão, facilita a diversificação de percursos e praticamente
e pais. elimina a repetência;
3. É importante desenvolver, nos ciclos plurianuais, vários " planejar as aprendizagens para vários anos não é um exercício
dispositivos ambiciosos de pedagogia diferenciada e de completamente diferente do de planejar para um ano; os
observação formativa. professores tem um certo hábito de comandar processos de
4. A duração de passagem em um ciclo deve ser padrão, para longo prazo, e trata-se simplesmente de ampliar essa
forçar a diferenciar por meio de outras dimensões além do tempo capacidade a etapas mais longas.
e para não favorecer uma reprovação disfarçada. Pode-se concluir que os ciclos, principalmente com dois
5. Um espaço-tempo de formação de vários anos só pode atingir anos de duração, só exigem dos professores uma adaptação
seus objetivos se os procedimentos e as situações de marginal. Seria a mesma coisa que alguém mudar para uma
aprendizagem forem repensados nesse âmbito. casa maior: um pouco surpreso no início, ele se habitua, adota
6. Dentro de um ciclo, os professores se organizam livre e novas referências e, depois de algum tempo, já não imagina
diversamente. O sistema lhes propõe instrumentos a título como pode ter vivido de outra maneira. Se o obrigássemos a
indicativo: balizas intermediárias, modelos de organização do voltar a sua antiga casa, ele se sentiria "apertado", não
trabalho e de agrupamento dos alunos, instrumentos de compreendendo por que resistiu à mudança.
diferenciação e de avaliação.
7. É desejável que um ciclo de aprendizagem seja confiado a Paradoxos
uma equipe pedagógica que se responsabilize por ele
coletivamente durante vários anos. Se os ciclos de aprendizagem plurianuais não exigem
8. Os professores têm de receber uma formação, um apoio dos professores nenhuma nova competência, eles não têm o que
institucional e um acompanhamento adequados para construir temer, já que todos conseguirão retomar suas rotinas após uma
novas competências. curta fase de adaptação. Quem poderia se queixar disso? Tal
9. A busca de um funcionamento eficaz em ciclos é uma longa cenário seria ótimo se não houvesse o risco de criar ciclos de
caminhada, que deve ser considerada como um processo aprendizagem que não mudam nada. Por que haveremos de
negociado de inovação, que se estende por vários anos. introduzir ciclos se não for para combater o fracasso escolar e,
*N. de R. T. Cabe aqui um alerta sobre a recorrente confusão no por conseqüência, para criar melhores condições para uma
meio educacional brasileiro entre essa postura de ampliação do pedagogia diferenciada para uma individualização dos percursos
tempo/espaço da aprendizagem e a denominada “progressão de formação?
automática” que propicia a conclusão de determinados graus de Primeiro paradoxo: se os professores conseguem
ensino em saberes fundamentais. rapidamente e sem dificuldade pôr em funcionamento ciclos
plurianuais é porque essa nova organização do trabalho não
Novos Espaços - Tempos de Formação aumenta verdadeiramente a eficácia da escola, não constitui um
progresso.
Ensinar é dispor de um tempo definido para atingir Segundo paradoxo: os professores só conseguem
objetivos. A introdução de ciclos de aprendizagem plurianuais aprender a dominar o funcionamento ótimo dos ciclos
modifica esse parâmetro: o professor não precisa prestar contas enfrentando um a um os problemas que eles apresentam e
de seu trabalho ao final de cada ano letivo, mas apenas na desenvolvendo novas competências.
conclusão do ciclo, no momento em que seus alunos passam Isso não significa que eles procedam de forma
para o ciclo seguinte. desordenada, por simples tentativa e erro, mas sim que
nenhuma formação atualmente pode proporcionar todos os
Uma zona mais extensa de autonomia e de responsabilidade conhecimentos e todas as competências requisitadas para
explorar todas as potencialidades dos ciclos plurianuais. Só se
Em princípio, a criação de um ciclo estende a zona de chegará a isso à custa de um trabalho de desenvolvimento
autonomia e de responsabilidade dos professores. Encarregados profissional de muito fôlego. Este pode ser apoiado por ofertas
de etapas plurianuais supõe-se que se organizem à sua maneira de formação e acompanhamento adequados; porém, em última
durante o ciclo, pelo menos se forem considerados profissionais. instância, ainda que seja coletivo esse trabalho cabe aos
Isso está longe de ser generalizado. Alguns sistemas que professores - e apenas a eles.
introduzem ciclos obstinam-se em conservar progressões Será, então, que não se está submetendo os alunos a
limitantes em etapas anuais. Os professores não riscos impensados? De modo nenhum, desde que os
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professores tenham a sabedoria de modificar progressivamente equipe pedagógica preparada para desenvolver novas
sua maneira de trabalhar, de forma a jamais perder o controle competências de planejamento e de gestão de progressões.
das aprendizagens e das defasagens entre os alunos. Não há Logo, essas competências serão ao mesmo tempo
nenhuma razão para reagir, em nome de uma espécie de individuais e coletivas. Os ciclos requerem uma outra
ortodoxia, para que um professor ou uma equipe comece a organização do trabalho, virtualmente mais poderosa, porém
estruturar um ciclo em etapas anuais. O essencial é que eles mais complexa. Quando se confia um ciclo a uma equipe de
trabalhem para se libertar progressivamente desse costume, sem professores, solidariamente responsáveis por todos os alunos
perder o controle dos acontecimentos. A verdadeira ruptura não durante vários anos, essa equipe disporá de várias salas de aula
consiste em fazer o contrário do que se fazia até agora do dia e de um pool de competências e de interesse que nenhum
para a noite. Ela consiste antes em pôr-se a caminho para professor reúne em si.
afastar-se gradualmente, e sabendo por que motivo, de uma A primeira preocupação de tal equipe será otimizar o
estruturação das aprendizagens contidas nos programas anuais. uso desses recursos. Não para aumentar o conforto dos
professores, e sim para otimizar as aprendizagens dos alunos,
Uma condição: saber por que se desenvolvem os ciclos em particular daqueles que têm dificuldades no sistema de graus
anuais. A equipe imaginará uma divisão do trabalho entre seus
A condição de tal desenvolvimento profissional é, membros, em função não apenas de suas competências, mas
evidentemente, perceber o interesse e a pertinência de uma também de um conjunto de dispositivos que deve funcionar
organização da escolaridade em ciclos plurianuais, sabendo que paralelamente ou em sequência no espírito de uma pedagogia
não se trata de um fim em si, mas de um meio de tornar a escola diferenciada: aulas convencionais, sem dúvida, para uma parte
mais justa e eficaz. Em outro trabalho (Perrenoud, 2004), do tempo escolar, além de grupos mais efêmeros e específicos,
procurei propor uma argumentação completa evocando grupos de níveis, de necessidades de projetos, de apoio ou
particularmente cinco razões para desenvolver ciclos plurianuais: módulos temáticos trabalhando certos componentes do
" definir as etapas mais compatíveis com as unidades de programa de forma intensiva.
progressão das aprendizagens; Desde o século XIX, o sistema educacional atribui a
" permitir um planejamento mais maleável das progressões e cada professor do ensino fundamental uma turma, uma sala de
uma diversificação das trajetórias; aula e um programa anual. No ensino médio, um professor
" favorecer uma maior flexibilidade para a incorporação trabalha com várias turmas, mas intervêm apenas algumas horas
diferenciada aos alunos, em diversos tipos de grupos e de por semana, de acordo com uma distribuição que varia em
dispositivos didáticos; função da disciplina que leciona. Dentro do espaço-tempo de
" assegurar maior continuidade e uma coerência mais uma aula e de um ano letivo, os professores organizam-se, em
forte, com a responsabilidade de uma equipe por vários anos; larga medida, à sua maneira. Portanto eles construíram
" perseguir os objetivos de aprendizagens referentes a vários competências de gestão de aula, de planejamento de atividades,
anos, que constituem referências essenciais para todos que de orientação dos percursos durante um ano letivo ou, ainda, de
orientam o trabalho dos professores. administração do espaço que lhe é atribuído.
Se os professores não estiverem convencidos, não se No âmbito dos ciclos plurianuais, a autoridade escolar
pode esperar que se empenhem em desenvolver novas atribui um conjunto de locais para uma equipe, confia-lhe um
competências. Se os ciclos forem impostos, sem a sua adesão, conjunto de alunos com idades diversas - até quatro anos de
eles se limitarão a adaptar marginalmente suas rotinas, diferença - e designa-lhes a tarefa de conduzi-los aos objetivos
procurando recriar um ambiente de trabalho estável, não muito de fim de ciclo. Em uma situação de completa profissionalização
diferente de seus hábitos. do ofício de professor, uma equipe pedagógica encarregada de
Para se colocar deliberadamente em desequilíbrio, é um ciclo deveria ter o direito, nesse contexto, de se organizar
preciso admitir que introduzir ciclos plurianuais não é um fim em como bem entendesse. Isso modificaria a partilha do poder de
si, mas um meio potencial de tornar a escola mais eficaz, única organizar o trabalho que é transferido em parte aos professores.
justificativa de uma mudança importante. Tal fato supõe um Essa transferência geralmente é muito limitada, em
duplo acordo: “sobre esse objetivo e, portanto, também sobre os razão do temor da administração de perder o controle, de sua
valores que eles subtendem (recusa do fracasso e das preocupação em não criar desigualdades de tratamento, de sua
desigualdades, democratização do acesso aos saberes sensibilidade às expectativas dos pais. Tudo isso costuma
escolares); conduzir as autoridades escolares a impor percursos-tipo e
“sobre o interesse potencial que apresentam os ciclos plurianuais balizas anuais, a regulamentar a divisão do trabalho entre
nessa perspectiva”. professores e a normalizar os modos de agrupamento dos
Os sistemas educacionais que impõem os ciclos alunos. Isso é lastimável, e é de se esperar que os professores
plurianuais aos professores, como qualquer reforma de estrutura, detenham um poder de organização do trabalho, não mais
criam ciclos no papel, sem interferir nos funcionamentos apenas em escala da sala de aula, mas de conjuntos mais
tradicionais, sendo logo reconstituídos sob um novo rótulo. amplos e por tempos mais longos que um ano letivo.
Lamentavelmente, os que decidem as reformas sempre É preciso ainda que eles tenham esse desejo e que
subestimam o trabalho prévio sem o qual os professores não se construam competências correspondentes. Os professores ainda
posicionam. Ora, se eles não são os primeiros a se empenhar necessitam de competências pontuais de cooperação, de
ativamente em construir ciclos plurianuais dignos desse nome, negociação, de regulação conjunta de dispositivos complexos, de
ninguém fará em seu lugar, mesmo que o sistema colocasse à resolução de problemas de justiça, como eles colocam desde o
disposição enormes recursos de pesquisa, de formação ou de momento em que os professores já não fazem todos exatamente
controle... o mesmo trabalho. Faltam-lhes igualmente competências de
gestão, maiores espaços-tempos de formação, de organização
Novas competências de organização do trabalho do trabalho, de gestão de agrupamentos de alunos nessa escala.
Ou seja, uma cultura no âmbito das pedagogias de grupos e do
Os professores que trabalharem em ciclos não porque acompanhamento personalizado dos percursos, com essa parte
receberam ordens para isso, mas porque julgam que estes serão de engenharia que evoca toda pedagogia diferenciada.
mais eficazes, em pouco tempo perceberão que trabalhar desse
modo só terá um real interesse se um ciclo for confiado a uma
Novas competências em didática e em avaliação
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Não se pode reduzir os ciclos a uma nova organização do


trabalho ou a uma maior cooperação profissional. O essencial é
que a organização e a cooperação favoreçam intervenções
didáticas mais eficazes, um melhor acompanhamento dos
alunos, uma individualização diferenciada de seus percursos,
uma avaliação realmente formativa.
Se a instauração de ciclos de aprendizagens não é
acompanhada de competências mais pontuais e amplas em
pedagogia, em didática e em avaliação, é de se temer que as
virtudes de tal estrutura sejam apenas virtuais. A regulação dos
processos de aprendizagem, dos dispositivos de diferenciação,
dos agrupamentos, e dos percursos dos alunos supõe
particularmente um excelente conhecimento dos objetivos de
formação, que é o fundamento de balanços lúdicos, passando
eles próprios por uma avaliação criteriosa, como também pela
observação fina do trabalho pelos alunos.
Contudo, essas competências permanecerão estéreis
sem uma formação ampla em didática ou nas disciplinas
ensinadas, combinada com um bom conhecimento das práticas
sociais de referência, assim como dos saberes eruditos, que são
a fonte da transposição didática. O desafio dos ciclos plurianuais
vai muito além, portanto, da organização do tempo e do espaço.
O que está em jogo nessa reforma, assim como em outras, é
elevar o nível de qualificação pedagógica e didática dos
professores.

Referência Bibliográfica

PERRENOUD, P. Os ciclos de aprendizagem; um caminho para


combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004. In
Revista Pátio - maio/julho 2004

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