O ESTUDO DA ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-

PEDAGÓGICO DE UM COLÉGIO DA REDE ESTADUAL DE MARINGÁ

Allan Melchiotti Gonçalves1 - UNICENTRO

Eixo – Cultura, Currículo e Saberes

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este artigo é resultante de uma pesquisa que se deu no Colégio Estadual Dirce de Aguiar
Maia, localizado no Município de Maringá-Paraná, com o intuito de demonstrar a importância
do Projeto Político-Pedagógico (PPP) como algo construído e reconstruído coletivamente. O
PPP é um documento direcionador das ações e de todos fazeres pedagógicos, tendo em vista
as metas a serem atingidas para alcançar os resultados esperados. Além disso, explicita uma
filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a realidade da escola e
autonomia que se traduz em compromisso perante a comunidade escolar. Este estudo objetiva
apontar as razões pelas quais o Projeto Político-Pedagógico é um documento fundamental e
norteador das ações que formam a identidade da escola, contribuindo para a formação de uma
consciência coletiva de cidadania no cotidiano escolar. A elaboração do Projeto Político-
Pedagógico exige-se estabelecer meta a ser atingida, o desenvolvimento da capacidade crítica
de forma participativa na visão educativa emancipadora. Assim, a construção do PPP é
marcada por três atos distintos: a) O primeiro, ato situacional que descreve a realidade da
escola; b) Ato Conceitual que explana sobre a relação sociedade-homem que almeja formar;
c) Ato Operacional que são ações sendo operacionalizadas. O projeto pedagógico deve
caracterizar-se como uma ação consciente e organizada com o objetivo de garantir a prática
dos saberes historicamente acumulados pela sociedade. À escola cabe o papel fundamental de
propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitem o acesso ao saber elaborado (ciência)
por meio de um ensino voltado para a formação de valores e conhecimentos que capacite e
encoraje seus alunos a exercerem ativamente sua cidadania.

Palavras-chave: Projeto Político-Pedagógico; Gestão Democrática; Escola

1
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá. Especialista em Gestão Escolar, Educação
Ambiental e Tutoria em Educação a Distância. E-mail: allan_melchiotti@hotmail.com.

ISSN 2176-1396
 6140

Introdução

O presente trabalho, cuja pesquisa se deu no Colégio Estadual Dirce de Aguiar Maia,
tem por finalidade observar a importância do Projeto Político-Pedagógico (PPP), por meio da
Construção Coletiva que se efetive ao longo do cotidiano escolar com a participação de todos
atores envolvidos no processo educacional, contribuindo para a formação de uma consciência
coletiva de cidadania rumo a uma educação de qualidade.
A justificativa para a elaboração do presente artigo se faz pelo fato de considerar que o
Projeto Político-Pedagógico é um documento fundamental norteador das ações que formam a
identidade da escola. Considerando que, por um lado, a escola influencia todos os que dela
participam, por outro lado, estes são, ao mesmo tempo, construtores de sua história. Todos os
envolvidos no processo educativo constroem coletivamente a história da instituição.
Diante dessa realidade, o estudo deste trabalho tem como objetivo analisar a intencionalidade
da instituição, que é a de ensinar aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados
pela sociedade, preparando-os para o mundo do trabalho e para o exercício da cidadania.
O Projeto Político-Pedagógico é um documento importante que norteia as ações da
escola por meio do processo de mediação democrática, fins importantes de alcançar a
educação para a cidadania. A escola enquanto instituição tem a função essencial de educar o
cidadão, tendo em vista, a sua atualização histórico-cultural, visando à apropriação da cultura
humana a partir de princípios e valores democráticos.
Assim, para que a educação se efetive com qualidade, de forma democrática e com
respeito a diversidade é necessário a participação de todos os segmentos da escola com
responsabilidade e consciência ética. Nesse sentido, o Projeto Político-Pedagógico é uma
ferramenta importante de organização e direcionamento de todos os fazeres da escola, tendo
como objetivo primordial a difusão do saber sistematizado.

O Projeto Político-Pedagógico e a Gestão Democrática

A ideia de gestão democrática está vinculada a “vontade da maioria” e, em seu sentido

amplo e atual diz respeito a mediação para a construção da liberdade e da convivência social,
que inclui todos os meios e esforços para concretizar o entendimento entre grupos e pessoas a
partir de valores construídos historicamente.
 6141

Nesse sentido, a escola tem a função social de formar uma sociedade mais justa e
igualitária, tendo como objetivo fundamental a formação seres humanizados e sociais, por
meio da participação coletiva, garantindo assim, o exercício pleno da democracia.
A gestão democrática é importantíssima para o bom funcionamento da instituição,
tanto no âmbito educacional como em outros setores da sociedade brasileira. Entretanto, para
que a democracia efetive-se de fato é necessário que as decisões sejam tomadas de forma
coletiva, garantindo assim, a ação consciente e conjunta de todos envolvidos no processo
educacional, pois a escola é lugar privilegiado para o diálogo e o desenvolvimento crítico dos
cidadãos.
Cabe ainda, à escola o papel fundamental de propiciar um ensino voltado para a
formação de valores e conhecimentos, que capacite e encoraje seus alunos a exercerem
ativamente sua cidadania rumo a construção de uma sociedade melhor.
Diante disso, o Projeto Político-Pedagógico é um documento importante que dá
suporte para a formação da identidade da escola, mostrando os caminhos a serem seguidos e
as metas a serem atingidas, embasados sempre pelos princípios democráticos, no sentido de
gestar o trabalho pedagógico de forma organizada. Nele deve estar expressos com clareza os
ideais de homem e de sociedade que se pretende formar. Esses ideais devem estar pautados
nos princípios democráticos de formação do cidadão, por meio da igualdade, liberdade,
autonomia, qualidade e responsabilidade, garantindo o acesso e permanência do aluno na
escola com um ensino de qualidade e respeito a diversidade.
Nesse discurso, tendo em vista os modelos de organização e gestão educacional que
historicamente surgiram no Brasil cabe à escola, como instituição pública, rever sua prática de
gestão e a construção dos seus PPPs.
Desde então, os termos de gestão democrática ou participativa do ponto de vista legal,
tiveram alguns avanços, especialmente na década de 80. Na esteira do movimento de
redemocratização da sociedade, a Constituição Federal de 1988 assegurou a gestão
democrática no ensino público, que foi reafirmada pela lei de Diretrizes e Bases da Educação
– Lei n,9394/1996, em seu art. 3º, inciso VIII e Art. 14, incisos I e II(1996).
Acompanhando as mudanças de redemocratização da sociedade, a participação dos
pais e da comunidade escolar passou a ser vista como um movimento de “democratização” da
escola, em oposição a uma prática centralizadora e autoritária.
De acordo com Gonçalves (2014, p.54), na década de 1980 e início da década de 1990,
a escola passa a ser concebida como um local relevante para “conquistar” o espaço em defesa
 6142

da escola pública para a maioria da população com um ensino de qualidade. Essa qualidade
estaria pautada na elaboração de um Projeto Político-Pedagógico, sob as orientações gerais do
Projeto “Paraná: Construindo a Escola Cidadã, de 15 de outubro de 1992, no governo de
Roberto Requião de Melo e Silva (1991-1994).
Nesse contexto, cabe ao estado mobilizar a totalidade do poder de ação do magistério
para cumprir o Programa “Construindo a Escola Cidadã”. Para assegurar e consolidar a gestão
democrática, o documento incentiva as escolas a elaborarem e executarem automaticamente
seus projetos pedagógicos.
Ainda de acordo com Gonçalves (2014, p.55), o principal objetivo da proposta
“Paraná: Construindo a Escola Cidadã” é a formação de um indivíduo autônomo para não ser
dominado pelo discurso ou pela vontade do outro, com a intenção de formá-lo para o
exercício da cidadania.
Conceituando o Projeto Político-Pedagógico

O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um documento importante que direciona e

organiza todos os fazeres pedagógicos, tendo em vista as metas a serem atingidas para
alcançar os resultados esperados. Assim, de acordo com Veiga (1995, p.18), para alcançar os
resultados esperados é necessário a participação coletiva de todos os seguimentos da escola.
Neves afirmam que:

O Projeto Político-Pedagógico é um instrumento de trabalho que mostra o que vai

ser feito, quando, de que maneira, por quem, para chegar a que resultados. Além
disso, explicita uma filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a
realidade da escola, traduzindo sua autonomia e definindo seu compromisso com a
clientela. É a valorização da identidade da escola e um chamamento à
responsabilidade dos agentes com as racionalidades interna e externa. Esta ideia
implica a necessidade de uma relação contratual, isto é, o projeto deve ser aceito por
todos os envolvidos, daí a importância de que seja elaborado participativa e
democraticamente. (NEVES 1995, p. 110)

De acordo com Silva (2014), ao construirmos um projeto buscamos um rumo, uma

direção, numa ação intencional de fazer, de realizar com compromisso definido
coletivamente. Dessa forma, quem planeja precisa adotar ações indispensáveis de organização
com fundamentação sobre o que fazer no futuro e registrá-las coerentemente no que se chama
plano. Ainda nas palavras de Silva (2014, p.11), engana-se quem pensa que a gestão escolar se
reduz a pensar sobre o que fazer no futuro.
 6143

Gerir uma instituição escolar sem dar atenção ao presente e ao passado é arriscar a
organização, pois é no presente e no passado que estão as referências concretas para
se prospectar novas ações prevenindo os erros e as insuficiências e intensificando os
êxitos verificados. Por esse motivo é que devem existir os eventos de avaliação
institucional na escola. A avaliação, que sempre deve ser feita de maneira objetiva,
mostra os pontos fortes e os pontos fracos do trabalho coletivo. Sem avaliações
criteriosas e relatórios seguros qualquer planejamento se torna muito frágil. (SILVA
2014, p. 11)

Diante do exposto, cabe destacar que os atores e autores envolvidos no processo de

construção coletiva do projeto podem ter divergências de postura e ideias e que nem sempre o
planejamento ocorre mediante consenso. Desse modo, é preciso estabelecer desde o início dos
trabalhos que todo o debate deve ser propositivo tendo como referência a realidade verificada
no cotidiano escolar, juntamente com a ação contínua de avaliar, agir e planejar, daí decorre o
caráter dialético do Projeto Político-Pedagógico.

A Democracia Como Princípio Norteador Do Projeto Político-Pedagógico

De acordo com Veiga, o Projeto Político-Pedagógico é fundamental para a organização

do trabalho da escola como um todo. Nele deve estar expressos os princípios democráticos
que irão nortear o trabalho da escola pública e gratuita: (1995,p.16)

Veja nas palavras de Veiga, 1995:

-Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. (p. 16)
-Qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais. O desafio
que se coloca ao projeto político-pedagógico da escola é o de propiciar uma
qualidade para todos. ( p. 16 )
-Gestão democrática é o princípio consagrado pela constituição vigente e abrange as
dimensões pedagógica, administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica
na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das questões de exclusão e
reprovação e da não permanência do aluno na sala de aula, o que vem provocando a
marginalização das classes populares. Esse compromisso implica a construção
coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação das classes populares.
( p. 17 )
-Liberdade é outro princípio constitucional. O princípio da liberdade está sempre
associado à ideia de autonomia. O que é necessário, portanto, como ponto de
partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia e liberdade. A autonomia
e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. O significado de
autonomia remete-nos para regras criadas pelos próprios sujeitos da ação educativa,
sem imposições externas. ( p. 18 )
-Valorização do magistério é um princípio central na discussão do projeto político-
pedagógico. ( p. 19 )

Segundo Demo (1994, p.14), a qualidade formal: “(...) significa a habilidade de

manejar meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos desafios do
 6144

desenvolvimento”. Por outro, a qualidade política é condição imprescindível da participação,

está voltada para a competência e condição humana do sujeito em termos de se fazer história,
diante dos acontecimentos históricos da sociedade humana.
Nesta perspectiva, o PPP exige uma definição clara da qualidade que se pretende
alcançar. Assim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem
formar. A gestão democrática requer a ampla participação dos representantes dos diferentes
segmentos da escola nas decisões e ações administrativo- pedagógicas que venham ser
desenvolvidas. Para tanto, Marques (1990), assegura a ampla participação com transparência
nas decisões, ou seja, “A participação ampla assegura a transparência das decisões, fortalece
as pressões para que sejam elas legítimas, garante o controle sobre os acordos estabelecidos e,
sobretudo contribui para que de outra forma não estariam em cogitação.” (MARQUES,1990,
p.21).
Dessa forma, a escola é marcada como um espaço social que requer ações e reflexões
coletivas com a finalidade de se atingir a cidadania plena do indivíduo com liberdade de
decisões. Para Heller, essa liberdade é sempre liberdade para algo, de reconhecimento e
intervenção recíproca.
Heller (1982), afirma que:

A liberdade é sempre liberdade para algo e não apenas liberdade de algo. Se

interpretarmos a liberdade apenas como o fato de sermos livres de alguma coisa,
encontramo-nos no estado de arbítrio, definimo-nos de modo negativo. A liberdade
é uma relação e, como tal, deve ser continuamente ampliada. O próprio conceito de
liberdade contém o conceito de regra, de reconhecimento, de intervenção recíproca.
Com efeito, ninguém pode ser livre se, em volta dele, há outros que não o são!
(1982, p.155).

A qualidade do ensino na escola é um desafio que deve ser ministrado com sucesso na
tarefa de formar cidadãos capazes de participar da vida social, política e cultural do país.
Contudo, a formação continuada e valorização profissional é de primordial importância para o
fazer pedagógico com competência e qualidade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394/96 inicia com um
conceito de educação que situa, como processo, além dos espaços escolares:

Art. 1º, a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,
nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais. (BRASIL, 2010).
 6145

Sendo a educação um processo formativo que desenvolve entre várias instâncias,

desde a convivência familiar aos movimentos e organizações sociais e culturais, a escola não
pode assumir integralmente a educação, da mesma forma que não pode eximir-se do processo
educacional.
Diante disso, essa mesma lei nomina os principais agentes educativos:

Art. 2ª, a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios da

liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 2010).

Para tanto, a Constituição Federal em seu “Art. 205. Estabelece que a educação é um
direito de todos e dever do Estado e da família promover e incentivar a educação com a
colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2009).

Considerações sobre a Elaboração do PPP do Colégio Estadual Dirce de Aguiar Maia

Segundo VEIGA (1998), a construção do PPP é marcada por três atos distintos, ato
situacional, no qual se descreve a realidade da escola; ato conceitual que diz respeito à
concepção de sociedade e de homem que se pretende formar; ato operacional é a
operacionalização das ações.
Desse modo, a partir da leitura e análise do PPP do Colégio Dirce de Aguiar Maia,
vimos que contempla os três atos mencionados anteriormente, em que relataremos de que
maneira acontece essa construção.
a) Ato Situacional

Inicialmente denominada “Grupo Escolar Vila Santa Izabel”, localizada à Rua

Senador Accioly Filho, 197 – Vila Santa Isabel com a oferta do Ensino Fundamental e Médio.
A proposta de trabalho do Colégio Estadual Dirce de Aguiar Maia em relação ao
Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano, visa proporcionar condições de ensino e de
aprendizagem que possibilite aos educandos, por meio dos conteúdos selecionados, uma visão
ampla do seu papel de cidadão, tornando-o responsável, reflexivo e crítico, sendo capaz de
compreender, atuar e transformar a realidade em que vive.
O ensino médio é ofertado somente no período da manhã com duração de no mínimo
três anos, que tem como eixo articulador a cultura, o trabalho e o tempo, fatores essenciais e
 6146

que devem estar inter-relacionados com as disciplinas para favorecer a formação humana e
social dos jovens. Assim, o fazer pedagógico do Colégio Dirce de Aguiar Maia, pauta-se nos
princípios democráticos da Constituição Federal.
Os resultados das avaliações são computados trimestralmente e terão os registros de
notas expressos em uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) para os anos finais do Ensino
Fundamental e Médio, com frequência mínima de 75% do total de horas letivas e média anual
igual ou superior a 6,0 (seis vírgula zero) em cada disciplina. Sendo, os segmentos sociais
organizados e reconhecidos como Órgãos Colegiados de representação da comunidade escolar
estão legalmente instituídos por Estatutos e Regulamentos próprios conforme Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (LDB) no 9.394/96 e o Regimento Escolar.
Caracteriza-se trabalho pedagógico toda atividade teórico-prática desenvolvida pelos
profissionais da educação do estabelecimento de ensino para a realização do processo
educativo escolar. A sistematização desse trabalho ocorre por meio de ações encaminhadas
pelo: Conselho Escolar, Equipe de Direção, Órgãos Colegiados de representação da
comunidade escolar, Conselho de Classe, Equipe Pedagógica, Equipe Docente, Equipe
Técnico-administrativa e Equipe Auxiliar Operacional.
A Equipe de Direção do Colégio Dirce de Aguiar Maia é composta por Diretor e vice-
diretora escolhidos democraticamente em processo de eleição entre os componentes da
comunidade escolar, conforme legislação em vigor. É função dos diretores como responsáveis
pela efetivação da gestão democrática, assegurar os objetivos da educação definidos no PPP.
O Colégio Dirce de Aguiar Maia está localizado em um bairro periférico e a
comunidade atendida são oriundas da classe média baixa, ou seja, de famílias trabalhadoras
que saem cedo de casa e retornam somente ao final do dia. Há famílias comuns com pai, mãe
e filhos, mas há muitas famílias só de filhos e mãe; de filhos e pai; filhos, mãe e padrasto;
filhos, pais e madrasta, enquanto que poucos moram com tios, avós e irmãos casados.
b) Ato Conceitual

O Projeto Político Pedagógico da escola está coerente com os objetivos da escola

pública que o Estado do Paraná propõe, por concebê-lo como o documento norteador de todas
as atividades e ações educacionais e administrativas da escola, no qual estão expressos os
ideais de homem, de sociedade, de escola e de trabalho, pautados nos princípios da gestão
democrática por meio da igualdade, liberdade, autonomia, qualidade e responsabilidade com o
acesso e permanência dos alunos na escola com sucesso.
c) Ato Operacional
 6147

O Projeto Político-Pedagógico da Escola Dirce de Aguiar Maia contempla as ações

como:
– Formação continuada de professores por meio de grupos de estudos, semana pedagógica na
escola, parcerias com as instituições de Ensino Superior;

– O comprometimento com a educação no que diz respeito às relações étnico-raciais, à

valorização da história e cultura dos afro-brasileiros;

– O Projeto de Leitura por meio de escolha do livro pretendido na biblioteca para a realização
da leitura, que ocorre semanalmente, com o objetivo de ampliação de novos conhecimentos.

– Projeto Hino Nacional, por meio do canto, oportunizando um dia de cada semana para o
canto, a fim de que possam conhecer/reconhecer a letra da música, tornando sabedores do
hino nacional.

– Projeto Esporte na Escola com o objetivo de desenvolver capacidade esportivas;

– Projeto Semana Cultural e Esportiva, com o objetivo de criar espaços para as manifestações
artísticas, científicas e culturais.

– Projeto de Educação Ambiental, com o objetivo de contribuir para a formação de valores de

participação e responsabilidade dos alunos com relação à melhoria da qualidade ambiental do
espaço escolar.

Resultado da Análise do PPP do Colégio Dirce de Aguiar de Maia

O trabalho de pesquisa deste projeto realizou-se no Colégio Estadual Dirce de Aguiar

Maia por meio de “questionário” realizado com os professores. As perguntas foram
desenvolvidas de forma simples, buscando demonstrar a importância e a necessidade para a
efetivação do PPP como instrumento inovador das práticas educativas e da gestão
democrática.
Foram realizadas 10(dez) perguntas para 5 (cinco) professores selecionados pela
equipe pedagógica, no qual cada professor pode responder duas questões. Esses professores
foram denominadas de p1, p2, p3, p4 e p5.
1) A construção do PPP é uma ação conjunta. A direção e a equipe pedagógica de sua escola
proporciona momentos coletivos de reflexão do PPP?
 6148

R= P1- A construção do PPP da escola é uma ação conjunta. A direção e a equipe pedagógica
prevê momentos coletivos durante o início do ano letivo e após as férias de julho. Devendo
ser necessário também, discuti-la em outros momentos como reuniões de pais, reuniões
pedagógicas, APMF e Grêmio Estudantil. O pedagogo é peça fundamental na organização e
na viabilização destes momentos.

2) O “ato situacional do PPP realmente revela a identidade da sua escola?

R= P1 – Primeiramente, antes de tecer meus comentários, procurei a equipe pedagógica para

que mostrasse no PPP da escola o “Ato Situacional”, pois até então, não tinha prestado
atenção ou observado esse detalhe. Ao ler o PPP pude observar que o “Ato situacional”
revela, realmente o contexto histórico e a realidade do colégio.

3) No plano de ação da escola há metas para resolver os problemas nela existente, ou ele não
tem ligação nenhuma com o PPP?

R= P2- No plano de ação da escola estão contempladas as metas, tendo em vista sua
localização em um bairro periférico, atendendo à comunidade de classe média baixa. Uma das
metas bastante interessante é o projeto “Esporte na Escola” que tem o objetivo atender
crianças e jovens para que desenvolvam suas capacidades esportivas e, isso tem sido um fato
positivo, pois muitos desses alunos são indisciplinados na sala de aula e, ao participar do
projeto, os mesmos tem melhorado muito no comportamento e, consequentemente, na
aprendizagem.

4) Há uma coerência entre o que é descrito no Projeto, à prática realizada na sala de aula e a
gestão da escola?

R= P2 – O projeto é descrito de acordo com os princípios legais, visando a qualidade do

ensino. Na prática de sala de aula seguimos o currículo articulando experiências concretas
com os alunos e conhecimentos científicos que possibilite a formação de cidadãos capazes na
sociedade.

5) O PPP é construído e/ou reformulado com a participação de todos os seguimentos da

escola?

R= P3- Sim. Sempre no início do ano e depois das férias de julho nos reunimos para os
momentos de discussão do PPP, para verificar o acompanhamento das mudanças que vão
ocorrendo no cotidiano da escola.
 6149

6) Comente o que você entende por “Gestão Democrática”?

R= P3 – A gestão democrática no âmbito da escola pública envolve todos os professores,

direção, funcionários, equipe pedagógica, pais, alunos e comunidade num processo
pedagógico e coletivo, tomam decisões para o bom funcionamento da escola.

7) Ao falar em “gestão democrática” da escola pública, isso nos lembra necessariamente em

“autonomia” e “participação”. Como você interpreta esses dois conceitos?

R= P4 – A escola traça seus rumos e seus caminhos, de acordo os parâmetros legais definidos
pelo estado, juntamente com a participação de todos envolvidos no processo educacional.
Mas, para isso Estado precisa oferecer meios para a concretização dessa autonomia.

8) O que são órgão colegiados e como se dá a relação deles no PPP com a gestão
democrática?

R= P4 – Órgãos colegiados são grupos representativos da comunidade escolar. Eles têm

funções consultivas e fiscalizadoras, tendo em vista, sua participação de dirigir e avaliar todo
o processo da gestão escolar.

9) Quando falamos em “gestão democrática” da escola também remete-nos a falar em

cidadania. O que você entende por cidadania?

R= P5 – Cidadania é a participação do povo no planejamento nas decisões e controle das

políticas públicas. E a gestão democrática deve estimular todo esse processo na escola.

10) O PPP e o Regimento Escolar são os dois principais documentos de uma escola. Como
entendê-los no âmbito de uma gestão democrática?

R= P5 – O PPP deve ser entendido como um dos principais documentos para a organização do
trabalho e das atividades escolares. O regimento é o conjunto de regras que regem o bom
funcionamento da escola, devendo ser entendido como “Lei” da escola.

Considerações Finais

Até o presente momento, procuramos chamar atenção para o fato de que o PPP é um
documento fundamental que norteia a organização das ações do fazer pedagógico no
cotidiano da escola. Suas ações devem promover a gestão democrática, fortalecer o grupo
para trabalhar em equipe com responsabilidade e ideias coerentes, articuladas entre si e
reunidas em torno de objetivos, cujos os efeitos são a aprendizagem dos alunos.
 6150

O desafio que representa o projeto político-pedagógico traz consigo a exigência de

entender e considerar o projeto como processo sempre em construção, cujos os resultados são
gradativos e mediados. Desse modo, é de extrema importância de se estabelecerem condições
propícias de discussão criativa e crítica em torna de diretrizes de apoio.
Ao construir um projeto pedagógico, o essencial é cultivá-lo como fonte de inspiração
criativa e crítica, não como depósito estático de ideias, mas que deve renovar-se
constantemente. Assim, não basta que ele simplesmente exista, deve ser aceito por todos
envolvidos no processo educacional, e que seja o “retrato” da escola com seus limites e
perspectivas.
Portanto, projeto político-pedagógico é um instrumento de trabalho que ilumina
princípios filosóficos, define políticas, organiza ações, otimiza recursos humanos, materiais e
financeiros, facilita a continuidade administrativa e mobiliza os diferentes setores da escola
em busca de objetivos comuns. Em suma, o projeto pedagógico dá voz à escola e é a
concretização de sua identidade e, consequentemente, de sua autonomia.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Constituição Federal de 1988. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação

Edições Câmara, 2009.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº.9394, de 20 de dezembro

de 1996. 5 ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2010.

DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Campinas Papirus, 1994.

GONÇALVES, Ademir Nunes. Tópicos Avançados de Gestão Educacional, Fundamentos

da gestão escolar: História, bases e princípios. Guarapuava: Unicentro 2014. ( Coleção
Gestão Escolar e Contemporaneidade, 4)

HELLER, Agnes. Para mudar a Vida. São Paulo. Brasiliense, 1982.

MARQUES, Mário Osório. “Projeto Pedagógico: A marca da escola”. Revista Educação o

Contexto. Projeto Pedagógico e Identidade da Escola, nº18, Unijuí, Abril/Junho. 1990.

PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre Educação. São Paulo: xamã, 2001.

SILVA, Adnilson José da. Gestão do Projeto Pedagógico – Guarapuva: UAB, Unicentro,
2014. (Coleção Gestão Escolar e Contemporaneidade, 4)
 6151

VEIGA, Ilma Passos . Perspectivas para reflexão em torno do Projeto Político Pedagógico. In:
VEIGA, Ilma Passos; RESENDE, Lúcia Maria G. de (orgs). Escola: Espaço do Projeto
Político-Pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 1998.

NEVES, Carmen Moreira de Castro. Autonomia da Escola Pública: Um Enfoque operacional.

In VEIGA, I. P. A. da. Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma Construção Possível.
11. Ed. Campinas, SP : Papirus, 1995, p.95-129.