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críticas ao modelo
O MEC publicou uma portaria que suspende o cronograma de implementação do
plano durante 60 dias para avaliar e reestruturar a política nacional, vigente desde
2022
Desde que foi apresentado, o projeto foi alvo de críticas pela ausência de debate
sobre os interesses da sociedade, isso tanto em relação aos especialistas em
educação quanto por parte dos alunos. “Foi uma medida autoritária que não
manteve diálogo com a comunidade escolar, as entidades educacionais ou
estudantis”, caracteriza Bruna Brelaz, presidenta da União Nacional dos Estudantes
(UNE), em nota.
Mais do que isso, movimentos ligados à educação alegam, em carta aberta, que o
governo federal se ausentou das discussões sobre o assunto, deixando as
responsabilidades pelas mudanças a cargo apenas dos estados e municípios. “A
implementação nesse contexto revela mais uma de suas facetas perversas,
impossibilitando o debate democrático, dificultando o controle social e
aprofundando os processos de precarização e privatização da educação pública”,
diz o documento.
O ministro Santana defende que a suspensão assinada por ele é justamente uma
resposta direta a esse sentimento das organizações pedagógicas. “A questão
transcende a simples revogação e passa pelo debate sobre melhoria da qualidade”.
Somando os três anos previstos para o Ensino Médio, a carga horária completa
chega a 3 mil horas. Desse valor, há uma divisão de 60% da carga voltada para uma
formação geral básica, pela qual todos os alunos passam, e outros 40% voltados
para os chamados “itinerários formativos”, projetados para dar mais flexibilidade ao
currículo.
Com um teto para a formação geral básica de 1.800 horas, apenas as disciplinas de
Língua Portuguesa e Matemática são obrigatórias nos três anos. As outras áreas
do conhecimento não são ministradas de forma específica.
O novo modelo ainda é criticado por ser mais flexível em relação ao EAD. Hoje, é
regulamentado que até 20% da carga horária — ou 30% no caso das turmas
noturnas — seja realizada remotamente. “O ensino remoto emergencial durante a
pandemia demonstrou a imensa exclusão digital do Brasil, que impediu milhões de
estudantes de acessarem plataformas digitais de aprendizagem. Essas mesmas
ferramentas estão agora sendo empregadas pelos estados na oferta regular do
Ensino Médio, precarizando ainda mais as condições de escolarização dos
estudantes mais pobres”, destacam os autores da carta aberta.
Vale destacar que as escolas não são obrigadas a disponibilizar todas as trilhas
previstas pela secretaria de Educação de seu estado. Dessa forma, ainda pode
acontecer dos alunos enfrentarem problemas de não identificação com as
propostas temáticas de sua região.