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Resumo
O presente trabalho investiga como se organizou a prática docente diante do cenário
pandêmico, realizando reflexões a partir da análise das normativas tomadas pelo
Conselho Nacional de Educação (CNE) para a Educação, especialmente para as escolas
da rede pública de ensino, estabelecendo medidas e protocolos para orientar e conter o
avanço do vírus que ressignificou os modos de produzir conhecimento nas escolas.
Tendo por objetivo discutir como se reorganizou as atividades escolares através do
Ensino Remoto, este estudo realiza um olhar crítico quanto a reorganização das práticas
educativas, refletindo acerca dos impactos da pandemia causados pela COVID-19 na
prática pedagógica docente. Com base nas contribuições de autores como Lima e Castro
(2020), Tavares e Cândido (2020) discutimos os textos dos pareceres 05/20 do CNE e
medida provisória nº 934, indicando como agiam as entidades públicas quanto as
práticas docentes no período. Com nossas reflexões concluímos que há uma inercia dos
órgãos públicos para resolver o desafio que a pandemia trouxe, deixando sob
responsabilidades dos professores a organização do retorno as aulas virtuais.
Palavras-chave:
Ensino Remoto Emergencial; Cenário Pandêmico; Educação; Pareceres; Conselho
Nacional de Educação.
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XXI Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino
Uberlândia - 20 a 27 de novembro de 2022
Introdução
O objetivo deste trabalho se concentra em discutir as orientações publicadas no
âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE), realizando uma pesquisa
bibliográfica e documental, utilizando como fontes principais de informação as
legislações pertinentes, dados, pareceres, propostas e orientações sobre as atividades
escolares durante o período de pandemia e informes publicados em sites oficiais e
portais do governo.
Sendo um recorte de uma pesquisa de mestrado, nosso estudo se volta a abordar
o período pandêmico e como se desdobrou a atuação de docentes através do Ensino
Remoto Emergencial, guiada pelas diretrizes, pareceres e decretos publicados pelo
Ministério da Educação (MEC) através do CNE, dando luz as definições postadas por
essas entidades nesse período e como se reordenou a prática docente mediante as
tomadas de decisões por órgãos que estão distantes da realidade da rede de ensino
pública.
Como métodos de pesquisa utilizamos a pesquisa nos sites dos órgãos
supracitados, além das contribuições de autores que se debruçam sobre a temática,
considerando ainda que análises sobre os impactos do cenário pandêmico na Educação
ainda são muito iniciais, haja visto que seus desdobramentos nas questões educacionais
ainda estão por ter fim.
Com destaque para as questões do uso massivo de dispositivos tecnológicos para
o desenvolvimento das atividades escolares durante o período pandêmico, dividimos
nossa abordagem em dois momentos. No primeiro momento, evidenciamos a conjuntura
que se iniciou com o isolamento social trazido com a pandemia da Covid-19 no ano de
2020. No segundo momento, trataremos das normativas que o MEC e CNE postaram
para orientar as atividades escolares de forma excepcional durante a conjuntura de
pandemia
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Com a descoberta da transmissão do coronavírus ao final do ano de 2019, o
isolamento social passou a ser utilizado como forma de controle do contágio de um
vírus que rapidamente transformou o mundo conhecido, ocasionando uma pandemia em
escala global, a do Covid-19. Nesse cenário, o poder público teve de estabelecer com
urgência orientações, protocolos e medidas para reorganizar as atividades educacionais
tanto na rede pública de ensino quanto no setor público, em que o fechamento das
escolas foi uma das principais ações dos governos dos estados brasileiros, que emitiram
os decretos a partir do Ministério da Saúde ter detectado os primeiros casos de infecção
em solo nacional.
Com a suspensão das atividades presenciais nas instituições escolares, tornou-se
necessário buscar por novas formas de executar as diretrizes educacionais, com o
objetivo não apenas de solucionar o problema da pandemia e seus impactos mais
imediatos sobre a Educação pública, mas ainda tentar dar seguimento ao ano letivo que
estava em curso e interrompido com em decorrência da pandemia da COVID-19.
Assim, diante da necessidade do contexto e a pressão por dar continuidade as atividades
escolares, o governo federal publica decretos através do MEC para uma modalidade
análoga a Educação a Distância (EAD), o Ensino Remoto Emergencial.
Dito de outro modo, o Ensino Remoto representa um interesse de determinados
grupos que pressionam o setor público de Educação para uma gestão empresarial, com
uma inserção de dispositivos tecnológicos cada vez mais constante no âmbito
educacional, sob o argumento da inadiável articulação entre o ensinar realizado pelos
professores e o meio digital, sendo aspirações de governos e empresas privadas que
atuam no setor educacional.
Como nos aponta Lima e Castro (2020), com a pandemia e o isolamento social
se transformou “o percurso escolar dos alunos, a qualidade da educação escolar pública
e o trabalho dos professores. [...]” (p. 40). Com essa crise sanitária e humanitária, a
atividade escolar se configura agora em novos espaços, o virtual, empregando
dispositivos tecnológicos para o desenvolvimento da prática docente, transformando e
ressignificando o modus operandi da escolarização de alunos em todo o país, com aulas
entre clicks e postagens de materiais e atividades em ambientes virtuais.
A pandemia representa, por fim, o avanço da tecnologia como solução para as
lacunas que a Educação tem apresentado para o processo de formação escolar de
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crianças e jovens, principalmente no setor público, possibilitando ainda a intensificação
do processo de privatização das políticas educacionais.
Neste contexto, “[...] A pandemia acentuou o quadro já existente de cortes no
orçamento e diminuição do financiamento da educação pública no Brasil, sob a égide de
políticas de austeridade e de desmonte de políticas públicas. (LIMA CASTRO. 2020, p.
40)”. Assim, de forma análoga a EAD, o ensino remoto se popularizou durante a
pandemia, demonstrando interferências do mundo capitalista, trazendo o controle
pedagógico gradativo e transformações nos sentidos da Educação e seus objetivos, que
sofre constantes ataques através das muitas reformas realizadas no setor.
Consoante a essa perspectiva, podemos inferir que o ensino remoto, além da
presença massiva de elementos da tecnologia no âmbito, tem a figura do professor como
principal protagonista, considerando que ele é o responsável por toda a organização e
planejamento das aulas remotas. Ainda assim, a partir da interferência realizada pelo
setor privado, o ensino remoto intensifica o movimento de precarização dos professores
com a intensificação de seu trabalho, haja visto que assumem responsabilidades que até
então não possuíam, bem como terem de utilizar nesse período pandêmicos seus
próprios recursos para a sua prática docente (LIMA; CASTRO, 2020).
O ensino remoto chega como forma viável para atender a urgência em dar
continuidade ao ano letivo, uma solução aos problemas enfrentados por professores e
alunos nesse período caótico e desconhecido, acarretando em maiores desafios que não
é possível ainda medir os impactos da pandemia sobre as questões educacionais, como a
própria desigualdade social e a acessibilidade aos estudos remotos proposto pelos
órgãos gestores da Educação, em que vemos o setor privado cada vez mais firmado no
setor público a partir das transformações provocadas pela pandemia e suas parceiras de
comercialização de pacotes pedagógicos, de dispositivos tecnológicos, assessoria de
especialistas, dentre outras formas de intervenção (TAVARES; CÂNDIDO, 2020;
HYPÓLITO; VIEIRA PIZZI, 2009).
Nesse contexto, a flexibilização e reestruturação do trabalho docente expressa a
precarização sofrida com as árduas transformações ocorridas com o cenário pandêmico,
principalmente pela mudança brusca a interrupção das atividades escolares presenciais.
Nessa perspectiva, as atividades escolares passaram a ser desenvolvidas através de
plataformas digitais, utilizando o Google meet, classroom, WhatsApp, mídias sociais,
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aplicativos e demais recursos tecnológicos, com adaptação das atividades pedagógicas
para o ambiente virtual e para um novo modo de fazer do trabalho docente.
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Bolsonaro e o Ministro da Educação Abraham Bragança de Vasconcelos Weintraub,
determinando no Art. 1º que:
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Em caráter excepcional, é possível reordenar a trajetória escolar reunindo em
continuum o que deveria ter sido cumprido no ano letivo de 2020 com o ano
subsequente. Ao longo do que restar do ano letivo presencial de 2020 e do
ano letivo seguinte, pode-se reordenar a programação curricular,
aumentando, por exemplo, os dias letivos e a carga horária do ano letivo de
2021, para cumprir, de modo contínuo, os objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento previstos no ano letivo anterior (Parecer CNE/CP nº 5/20,
p. 4).
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Com o ERE, as práticas presenciais ineficaz e mentalmente desgastante.
Conclusões
Em decorrência da amplitude do objeto discutidos nestas poucas páginas,
concluímos que existe uma carência de orientações nas definições das ações dos
professores, seja quanto a sua prática, seja quanto ao reordenamento curricular, da
didática durante esse período caótico e de incertezas, além da grande demora em tomar
importantes decisões no âmbito político educacional.
Dito isto, entendemos que a utilização de dispositivos tecnológicos apesar de
auxiliar no desenvolvimento da prática docente, não é a solução para todos os
problemas, tão pouco a única forma viável, como pregam os empresários do setor
privado.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP
nº 5/2020. Brasília: Ministério da Educação, 28 abr. 2020. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=14511-pcp005-
20&category_slud=marco-2020-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 19 maio 2022.
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https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/GuiaderetornodasAtividadesPresenciaisnaEduca
oBsica.pdf. Acesso em: 19 maio 2022.
HYPÓLITO, Álvaro Moreira; VIEIRA, Jarbas Santos; PIZZI, Laura Cristina Vieira.
Reestruturação Curricular e Auto-intensificação do Trabalho Docente. Currículo sem
Fronteiras, v.9, n.2, pp.100-112, Jul/Dez 2009.
LIMA, Elizabeth Miranda de; CASTRO, Franciana Carneiro de. Aulas remotas e
condição docente: entre cliques e telas ou como manter as ‘normalidades’ pedagógicas
em tempos de pandemia. In: PESSOA, Valda Fontenele; ÁUSTRIA, Rodrigues Brito;
JESUS, Carlos Renato de (orgs.). Linguagem, ensino e interculturalidade. – Rio
Branco: Nepan Editora, 2020.
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