Você está na página 1de 21

O Novo Ensino Médio é um modelo de aprendizagem por áreas de

conhecimento que permitirá ao jovem optar por uma formação


técnica e profissionalizante. Ao final do ensino médio o aluno
receberá além do certificado do ensino médio regular também o
certificado do curso técnico ou profissionalizante que cursou.
Qual é o principal objetivo do Novo Ensino Médio?

A mudança tem como objetivos garantir a oferta de educação de

qualidade à todos os jovens brasileiros e de aproximar as

escolas à realidade dos estudantes de hoje, considerando as

novas demandas e complexidades do mundo do trabalho e da

vida em sociedade.
• As disciplinas do Ensino Médio não serão abordadas individualmente, como
acontece no modelo antigo. Elas estão organizadas em quatro áreas do
conhecimento no novo modelo, assim como no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem):

• Ciências da Natureza e suas Tecnologias;


• Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
• Linguagens e suas Tecnologias;
• Matemática e suas Tecnologias.

• O que muda é a frequência de cada uma na grade curricular, dependendo


dos itinerários formativos que os estudantes escolherem.
• Os itinerários formativos são a principal novidade do Novo Ensino
Médio. Além de estudar as quatro áreas do conhecimento no ano letivo,
o aluno pode optar por fazer um itinerário formativo de acordo com a
sua vontade e seu projeto de vida.
• O itinerário formativo é uma unidade curricular que possibilita ao aluno
aprofundar seus conhecimentos em uma área do conhecimento, uma
formação técnica ou profissional.
• Cada escola pode decidir quais e quantos itinerários formativos
ofertar. Uma instituição de ensino pode decidir que vai ofertar apenas 3
itinerários formativos aos seus alunos, enquanto outra da mesma região
pode ofertar 10, por exemplo.
• Investigação Científica: o itinerário deve estimular a investigação da
realidade, o conhecimento de práticas e das produções científicas, além da
habilidade de pensar e do fazer científico, com o objetivo de promover a
melhoria da qualidade de vida da comunidade;
• Processos Criativos: é importante que exista o incentivo ao conhecimento
profundo da arte, cultura, mídia, do pensar e do fazer criativo. Este eixo
estruturante tem o objetivo de estimular soluções inovadoras para a vida
em comunidade;
• Mediação e Intervenção Sociocultural: o itinerário deve promover o
conhecimento relacionado à vida humana e ao planeta, assim como à
atuação socioambiental e cultural, à mediação de conflitos e aos problemas
da comunidade;
• Empreendedorismo: é preciso estimular o conhecimento do mundo do
trabalho e as iniciativas empreendedoras da área escolhida, articulando o
que será aprendido com o projeto de vida do aluno. Criatividade e inovação
são valores importantes para atuar com protagonismo na comunidade.
• Projeto de vida

• A Lei 3.415, que deu origem ao Novo Ensino Médio, destaca, no Art. 3°,
a necessidade de as escolas adotarem o projeto de vida nos três últimos
anos da Educação Básica. Esse é um componente interdisciplinar que
serve para ajudar os jovens a entenderem seus interesses pessoais,
sociais e profissionais.
• O projeto de vida não é bem uma novidade do Novo Ensino Médio. Esse
componente curricular já está previsto na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) para ser delineado com os estudantes desde o
Ensino Fundamental, além de ser um dos elementos que orientam as 10
competências gerais para a Educação Básica.
• A novidade está no caráter obrigatório do projeto de vida no Ensino
Médio.
1. Falta de debate com a sociedade
• A proposta de reformulação do Ensino Médio foi criada como uma
medida provisória — que tem tramitação rápida e parte do Executivo
—, durante o governo de Michel Temer. Em 2017, o texto foi aprovado
pelo Congresso Nacional no formato da Lei n° 13.415, que
estabeleceu a adoção do novo sistema de forma gradativa a partir de
2022 até 2024.
• movimentos ligados à educação alegam, em carta aberta, que o
governo federal se ausentou das discussões sobre o assunto,
deixando as responsabilidades pelas mudanças a cargo apenas dos
estados e municípios. “A implementação nesse contexto revela mais
uma de suas facetas perversas, impossibilitando o debate
democrático, dificultando o controle social e aprofundando os
processos de precarização e privatização da educação pública”, diz o
documento.
2. Exclusão de disciplinas
• Outro ponto de críticas ao novo Ensino Médio é a reorganização da
grade de aulas. No lugar das tradicionais disciplinas (História, Artes, Química,
Biologia etc.), o conteúdo é apresentado aos jovens em quatro áreas do
conhecimento integradas (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Linguagens e
suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e
suas Tecnologias).
• Com um teto para a formação geral básica de 1.800 horas, apenas as
disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática são obrigatórias nos três
anos. As outras áreas do conhecimento não são ministradas de forma
específica.
• O novo modelo ainda é criticado por ser mais flexível em relação ao EAD. Hoje,
é regulamentado que até 20% da carga horária — ou 30% no caso das turmas
noturnas — seja realizada remotamente. “O ensino remoto emergencial durante
a pandemia demonstrou a imensa exclusão digital do Brasil, que impediu
milhões de estudantes de acessarem plataformas digitais de aprendizagem.”
3. Realidade prática dos itinerários formativos
• Os itinerários formativos eram a grande promessa de diferencial para o novo
Ensino Médio. Apresentados como aulas optativas a serem cumpridas em
1.200 horas divididas pelos três anos, a proposta é integrar múltiplas áreas
do conhecimento em um mesmo planejamento pedagógico, de forma a
promover ao jovem uma formação técnica e profissional específica.
• Nesse modelo, os estados têm liberdade para desenvolver os itinerários
formativos que serão ofertados nas instituições da região a partir do que
deveria ser a demanda e o interesse da população. Assim, cada escola
poderá escolher quais trilhas de estudo vai oferecer aos seus alunos, sendo
obrigatória a disponibilidade de, pelo menos, dois itinerários.
• Mas, na prática, com a oferta de disciplinas como “Empreendedorismo”,
“Culinária”, “Agronegócio”, entre tantas outras, diversos profissionais da
educação têm apontado uma sobrecarga de atribuições e dificuldades para
ministrar suas aulas, presos pelas apostilas. Além disso, há casos de
matérias sendo atribuídas a pessoas sem formação docente e contratadas
precariamente para lidar com jovens em ambiente escolar.
• Enquanto disciplinas como História, Sociologia e Educação Física perdem
espaço, matérias fora do comum ou com nomes nada explicativos como “O que
rola por aí”, “RPG”, “Brigadeiro caseiro”, “Mundo Pets SA” e “Arte de morar”
começam a fazer parte da realidade de estudantes do ensino médio nas redes
públicas do país. Mudanças curriculares incluídas na reforma que atinge os
últimos três anos da educação básica — além de uma base nacional comum
obrigatória, há agora os chamados itinerários formativos, voltados para áreas de
conhecimento e formação técnica de interesse dos jovens — vêm incomodando
alunos, pais e professores, que apontam problemas também na falta de estrutura
das escolas, já que a maioria não possui laboratórios nem internet, e de preparo
do corpo docente para essa revolução em sala de aula.
• O resultado é uma enxurrada de mensagens nas redes do ministro da Educação,
Camilo Santana, pedindo a revogação do modelo, tema de abaixo-assinado
encabeçado pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). O ministro diz
que essa é uma “agenda complexa de política educacional” e, diante do desafio
da melhoria da qualidade do ensino médio, “respostas fáceis não cabem”:
• Escolas voltadas para atender as populações residentes do campo,
bem como os quilombolas e os povos indígenas, muitas vezes sofrem
com a escassez de recursos financeiros para o investimento em
profissionais e estrutura física. Para a escola oferecer, por exemplo, um
itinerário com foco em informática, é preciso, no mínimo, ter internet de
boa qualidade, computadores e um professor apto para ministrar as
aulas.
O estudo destaca que a maioria das instituições de Ensino Médio, 69%,
não é capaz de atender a promessa de liberdade de escolha colocada
pelo novo formato de currículo porque contam com apenas duas opções
de itinerários formativos. Em 14,6% (83 escolas), a situação é ainda
pior: apenas um itinerário formativo – o que contraria a própria
determinação da nova base curricular.
Redução de disciplinas essenciais:
- um dos impactos mais significativos da nova base curricular é a
fragmentação do conhecimento, uma vez que 40% da carga horária
passa a ser composta por unidades curriculares obrigatórias (como
Projeto de Vida), trilhas e eletivas.
- O limite de 1,8 mil horas para a formação geral reduz a carga horária
de disciplinas essenciais para a formação dos estudantes - como aulas
de Português (reduzida de 15 para nove períodos semanais) e
Matemática (que baixou de 18 para dez períodos semanais).
“A tentativa é jogar para a ‘uberização’ o estudante de escola pública”

Você também pode gostar