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INTRODUÇÃO
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Licenciada em Letras pela Universidade Federal da Paraíba, especialista em Língua Portuguesa e
Literatura e Mestranda do Profletras-UEPB. E-mail:
nathallye.galvao.sousa.dantas@aluno.uepb.edu.br
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Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba, especialista em Educaçã o
Ambiental e Mestranda em Linguística e Ensino -UFPB. Email: inayara.elida@academico.ufpb.br
remoto e a inserçã o das TDICs no processo educativo se tornaram uma
oportunidade para a experimentaçã o de métodos e recursos inovadores, a tanto
tempo defendidos e aclamados no meio acadêmico como ferramentas de combate
à evasã o e ao fracasso escolar, adequando a escola à s necessidades
contemporâ neas da sociedade. Todavia, cabe salientar que, ainda que as
disparidades sociais tenham se acentuado durante o período, nã o é objeto deste
estudo analisá -las, apresentando sobretudo consideraçõ es acerca das
possibilidades de trabalho lú dico, coletivo, colaborativo e interativo, buscando o
apoio na coletividade e na interdisciplinaridade, aliando as teorias de
aprendizagem ativa à s prá ticas democrá ticas de ensino.
No tocante à modalidade de ensino remoto e/ou híbrido, o projeto se
baseou nos documentos e nas açõ es propostas pela Secretaria de Estado da
Educaçã o do Governo da Paraíba, além de analisar e aplicar as premissas da
Educaçã o Integral, buscando congregar as metodologias ativas à s novas
modalidades de ensino, adequando recursos diversos à s metas pré-estabelecidas
pela Comissã o Estadual da Escolas Integrais e aos documentos oficiais, como a
Base Nacional Comum Curricular e os Parâ metros Curriculares Nacionais da
Língua Portuguesa, preconizando a construçã o da autonomia dos indivíduos e da
formaçã o crítica a partir de prá ticas sociais, despertando a busca por melhores
condiçõ es de vida, para si pró prio e para a comunidade em que vivem, ampliando a
participaçã o política e tornando significativa a conquista de seu projeto de vida.
Em suma, este artigo deriva de observaçõ es realizadas sobre o projeto
interdisciplinar “Solte a língua e conquiste o mundo”, elaborado e desenvolvido
pelas autoras do estudo, concebido sob uma perspectiva de construçã o da
autonomia e da consciência cidadã , que visou favorecer a aquisiçã o e o
fortalecimento de habilidades linguísticas possibilitando a destreza social,
aplicando-as à s diferentes modalidades discursivas da língua, valendo-se, para
tanto, de metodologias ativas.
Dessa forma, o sustentá culo metodoló gico das açõ es encontra-se na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), mais especificamente nos campos pessoal e
da vida pú blica da á rea de linguagens, visto que eles promovem a competência
crítica, sensibilizando para o que o sujeito faz e pensa sobre o mundo, posto que é
na apreensã o do contexto em que vive que o homem tem condiçõ es para entendê-lo
e posicionar-se criticamente perante os outros, tornando-se agente formador de si
e de outrem. Sob tal ó tica, a Língua Portuguesa se torna o palco que possibilitará a
expressã o do pensamento e imprimirá a transformaçã o social. Portanto, ressalta-
se que o sujeito da linguagem fala, nã o de um lugar qualquer, mas de uma posiçã o
já definida social, histó rica e ideologicamente.
Por conseguinte, no biênio pandêmico, com a funçã o de desenvolver
habilidades específicas do ensino médio e ainda recuperar o déficit de
aprendizagem por meio de aulas de Nivelamento, as açõ es do projeto sã o
desenvolvidas com o intuito de promover o desenvolvimento integral dos alunos,
via ensino remoto e híbrido, trabalhando de forma colaborativa com outros
professores, criando situaçõ es de conversas interdisciplinares, visando
compartilhar desafios e propor a resoluçã o de problemas através de estratégias
articuladas que respondam à s demandas da educaçã o do século XXI, respeitando o
Projeto de Vida de cada um, incentivando-os à formaçã o individual, autô noma,
solidá ria e competente, capazes de projetarem seus sonhos, tornando-os os atores
principais do processo de ensino-aprendizagem.
Por fim, o meio virtual e todas as suas possibilidades se tornam o tablado
para que as metodologias ativas, aproveitando-se de momentos de trocas de
conhecimentos possibilitados por parcerias entre professores, alunos e
profissionais de outras á reas, sejam aplicadas com vistas a construir uma Educaçã o
em Direitos Humanos, que respeite as diferenças e dê voz à queles que geralmente
sã o silenciados pela sociedade.
Além do mais, longe de ser um estudo acabado, as açõ es desenvolvidas
servirã o a docentes e a pesquisadores de educaçã o que buscam compreender e
implementar novas metodologias de ensino em suas prá ticas escolares, de modo a
repensar os propó sitos da educaçã o no ensino médio, instaurando uma visã o nã o
só voltada à preparaçã o ao mercado de trabalho, mas, acima de tudo, que
preconiza a humanizaçã o e a preocupaçã o com o desenvolvimento crítico e
socioemocional dos indivíduos.
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Para maiores informaçõ es, acesse:
https://qedu.org.br/escola/25082493-eeefm-otavia-silveira/ideb. Acesso em: 13 out. 2022.
Gráfico 1- Consolidação da Avaliação Diagnóstica de Nivelamento- 3º Ano – Língua
Portuguesa
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Legenda: H1 – Interpretar com base no texto; H2 - Identificar os elementos constitutivos da
organização interna dos gêneros escritos; H3 - Diferenciar ideias centrais das secundárias de um
texto; H4 – Identificar os elementos constitutivos da organização interna dos gêneros escritos;
H5- Identificar o sentido de processos persuasivos utilizados em textos da ordem de
argumentar; H6- Reconhecer no texto o valor expressivo e o efeito de sentido de recursos
linguísticos; H7- Estabelecer relação entre termos de um texto a partir da repetição e/ou
substituição de um termo que contribui para a progressão e continuidade das ideias; H8-
Reconhecer, distinguir fato e/de opinião; H9- Realizar transformações de estruturas
gramaticais, observando suas consequências expressivas e de sentido; H10- Identificar recursos
semânticos expressivos em seguimentos de um poema, a partir de uma dada definição.
O referido projeto se sustenta teoricamente por meio da relação existente
entre letramentos, tecnologias e educação. A tríade conceitual já está sendo
discutida por estudiosos e pesquisadores a nível nacional e global, gerando
inúmeros trabalhos, publicações e, principalmente, criando espaços para
discussão desses temas, abarcando diferentes teorias e modelos de comunicação
e aprendizagem (RIBEIRO et al., 2010). Para Soares (2003), letrar é mais que
alfabetizar, é ensinar a ler e a escrever de modo que a experiência faça tanto
sentido como parte da vida do aluno. Sob tal perspectiva, adaptar-se
adequadamente ao ato de ler e escrever é “compreender, inserir-se, avaliar,
apreciar a escrita e a leitura". Assim, o letramento engloba desde a apropriação
das técnicas para a alfabetização até o aspecto de convívio e do hábito de
utilização da leitura e da escrita por meio dos aspectos sociais dessas atividades.
Além do mais, Soares (2003) também postula que o letramento não deve
ser responsabilidade apenas do professor de língua portuguesa ou dessa área,
mas de todos os educadores que trabalham com leitura e escrita. Dessa forma,
qualquer trabalho que se encarregue de letrar deve acontecer de modo
interdisciplinar e até transdisciplinar, o que já é defendido por diversos
especialistas.
Ademais, é importante ressaltar que há espaços distintos influenciando a
orientação das práticas de indivíduos e de comunidades para diferentes
letramentos, de tal maneira que a escola não é a única base de aquisição de
saberes. Contudo, salienta-se que a educação formal ainda se concretiza como
uma agência de letramento relevante, porém nem por isso é exclusiva na vida
das comunidades. Logo, indivíduos podem ser letrados em espaços diversos e
por meio de práticas distintas, mas igualmente necessárias para os usos daquela
sociedade, conforme menciona Kleiman (1995):
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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Lançado por meio da Secretaria de Estado da Educaçã o, em meados de abril de 2020, o Desafio de
Redaçã o Nota 1000 objetiva mobilizar, desenvolver a competência leitora e construir a cidadania a
partir da aquisiçã o de uma consciência crítica sobre a realidade, com respeito aos Direitos
Humanos, possibilitando aos estudantes da Rede Estadual de Ensino a manutençã o de uma rotina
de estudos, mesmo durante uma pandemia. (SEECT, 2020)
repertório sociocultural para a escrita da produção do gênero dissertação-
argumentativa e contribuindo com o Eixo da Educação em Direitos Humanos e
o respeito à diversidade.
Ainda nas aulas de Língua Portuguesa, os estudos remeteram ao
entendimento das regras gramaticais, à “Análise Linguística” e aos “Mecanismos
de Textualização”, de modo que se desenvolvesse a habilidade de produzir e
relacionar textos orais e escritos, realizando inferências sobre informações
implícitas e explícitas nos mais diferentes gêneros textuais, reafirmando o papel
de ampliar os debates e o entendimento sobre o mundo através das aulas de
Língua Portuguesa, a fim de acrescentar ao conhecimento dos estudantes
temáticas que contribuem para a construção de um repertório vasto e essencial
na construção de argumentos permanentes, corroborando o bom senso e a
autenticidade de produções textuais bem elaboradas e consistentes,
contribuindo para a apropriação da língua formal, atuando sobre procedimentos
de revisão de textos orais e escritos, conforme as regras da norma culta,
voltando-se sempre ao aprimoramento, ao empoderamento do indivíduo e à
adequação do discurso aos diferentes contextos de usos. Tais conteúdos foram
expostos no Prezi, testando os conhecimentos de forma divertida, por meio de
jogos e competições, utilizando site educativos de jogos, como Quizlet e Kahoot.
As aulas de gramática gamificadas tornam o processo de ensino-
aprendizagem mais natural e simpático. Dessa forma, essa metodologia foi
escolhida nesse tipo de conteúdo justamente porque, geralmente, os estudantes
costumam reclamar das muitas e “difíceis” regras gramaticais, visto que é um
desafio prender a atenção dos aprendentes diante de desafios linguísticos
abstratos. Portanto, segundo o site Ipog.edu (2018):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
PINTO, A.V. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez,
1989.