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br/funeduinc-
g01076-fev-2024-grad-ead/)
1. Introdução
Seja bem-vindo(a) ao estudo de . Aqui vo-
cê encontrará o conteúdo básico das cinco unidades em que se divide este as-
sunto.
Para cumprir tais objetivos, selecionamos alguns assuntos que serão aborda-
dos no decorrer desta disciplina. Na primeira unidade você terá a oportunida-
de de conhecer as diferentes fases históricas sobre a concepção de de�ciência,
ou seja, como ela foi vista e identi�cada em diferentes momentos da história
da humanidade e como tais concepções in�uenciam até hoje as atitudes da
sociedade frente às pessoas com de�ciência.
Desejamos que você realize um bom estudo e esperamos contribuir com a sua
formação.
2. Informações da Disciplina
Ementa
História da : paradigmas e fatos signi�cativos no mundo e
no Brasil. Políticas da Educação Especial. O aluno com necessidades educaci-
onais especiais: processo ensino-aprendizagem, adaptações curriculares e re-
cursos pedagógicos. Prevenção, pro�ssionalização, empregabilidade, relações
interpessoais e qualidade de vida na terceira idade da pessoa com necessida-
des educacionais especiais.
Objetivo Geral
Os alunos de dos cursos de Graduação
na modalidade EaD do Claretiano, dado o Sistema Gerenciador de
Aprendizagem e suas ferramentas, serão capazes de conhecer a história da
Educação Especial e as concepções de de�ciência identi�cadas ao longo do
tempo; compreender as principais políticas relacionadas à Educação
Inclusiva; saber identi�car as principais características dos alunos com ne-
cessidades educacionais especiais, incluindo as de�nições, as causas e os as-
pectos do processo de aprendizagem, sendo enfatizadas as potencialidades do
indivíduo especial; reconhecer as possibilidades dos diferentes ambientes en-
quanto contextos de relações sociais da pessoa com necessidades educacio-
nais especiais e, ainda, re�etir acerca da realidade brasileira quanto à pro�ssi-
onalização e a qualidade de vida de pessoas com necessidades educacionais
especiais.
Ao �nal deste estudo, orientados pelo tutor, elaborarão um resumo, uma sínte-
se ou outra atividade sobre o tema estudado nesta disciplina. Para esse �m, le-
varão em consideração as ideias debatidas no Fórum e, também, suas consi-
derações disponíveis no Portfólio.
(https://md.claretiano.edu.br/funeduinc-g01076-
fev-2024-grad-ead/)
Objetivo
• Conhecer a evolução histórica das políticas de formação de professores, especi�camente
em relação ao atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Conteúdos
• A formação do professor na perspectiva da educação inclusiva: aspectos históricos e po-
líticos
• Diretrizes para a formação dos professores visando o atendimento de alunos com neces-
sidades educacionais especiais nos contextos comuns de ensino.
Lembre-se de anotar ou, então, grifar o que considerar mais importante nas leituras. Isso fa-
cilitará seus estudos para a avaliação �nal.
1. Introdução
Nas últimas décadas a educação brasileira vem passando por inúmeras mudanças decorren-
tes dos movimentos de democratização do acesso à escolarização básica e de educação inclu-
siva os quais colocam em questionamento a organização da escola, a formação de professores,
o processo de ensino e as práticas pedagógicas.
Como consequência desses movimentos grupos historicamente excluídos hoje estão tendo
acesso à escola. Esse é o caso, por exemplo, dos alunos com
, os quais foram atendidos, ao longo da história, predominantemente pelos serviços espe-
cializados e não puderam participar, na maioria das situações, dos contextos comuns de ensi-
no. Essa história você irá conhecer com maior detalhamento na Unidade 2 desta disciplina.
De acordo com Brasil (2008), os alunos com são aqueles com de�ciência (física, auditiva, vi-
sual, intelectual e múltipla), transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Como consequência da educação inclusiva cresce a cada ano o número de alunos com neces-
sidades educacionais especiais encaminhados para as escolas comuns, o que lança para os
professores e as escolas o desa�o de garantir também a aprendizagem desses alunos.
Ao longo da sua trajetória escolar você teve algum colega com necessidades educacionais es-
peciais na sua sala de aula? Possivelmente não, pois eles não frequentavam as classes co-
muns. Hoje a realidade é diferente. Os alunos com necessidades educacionais especiais estão
sendo, cada vez com maior frequência, encaminhados para as classes comuns. Portanto, você,
como um futuro professor, irá encontrá-los em sua sala de aula e deverá ensiná-los.
Inicialmente é importante que �que bem claro o que concebemos por educação inclusiva.
[...] a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade essa que
deve estar orientada por relações de acolhimento à diversidade humana, de aceitação das diferenças
individuais, de esforço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com qualidade,
em todas as dimensões da vida (BRASIL, 2001, p. 39-40)
Pela citação acima é possível perceber que a inclusão não se refere apenas à escola, mas a to-
dos os espaços comuns da vida. Entretanto, nesta disciplina iremos destacar a inclusão na es-
cola, pois, enquanto professores temos com ela um compromisso pro�ssional.
O que é importante destacar inicialmente é que esses documentos têm tido uma repercussão
signi�cativa na expansão das matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais
nas escolas comuns. Por outro lado, não têm garantido a melhoria da qualidade dos processos
educacionais.
Vivemos atualmente com essa contradição no Brasil: cresce o número de alunos com necessi-
dades educacionais especiais nas escolas, mas a melhoria das condições de atendimento não
está sendo viabilizada na proporção necessária. Ao longo desta Unidade você irá compreender
o por quê.
A expansão da inclusão de alunos com de�ciência nos contextos comuns pode ser con�rmada
pelos indicadores do censo escolar de 2008 e 2009 (BRASIL, Inep/MEC, 2009). De acordo com o
censo escolar (BRASIL, Inep/MEC, 2009), no ano de 2009, 450.407 alunos com de�ciência fo-
ram matriculados em classe comuns do ensino regular dos diferentes níveis de ensino da
educação básica. Interessante observar que quando comparados os dados do censo escolar de
2009 com os de 2008, veri�ca-se um aumento no número de matrículas apenas nos anos �-
nais do Ensino Fundamental, no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos. As matrí-
culas nos anos iniciais do ensino fundamental ocorreram de maneira mais signi�cativa nos
anos anteriores a 2008. Observa-se a .
7149 6131 31833 27510 287266 262212 86037 96489 16317 20080 31317 34730 2794 3255
: Brasil (2009, p. 05).
Além disso, o censo escolar mostra também que o crescimento no número de matrícula de
alunos com necessidades educacionais especiais ocorreu, predominantemente, na escola pú-
blica. Esse dado é muito interessante e reforça a necessidade dos cursos de licenciaturas se
preocuparem com a formação dos professores, principalmente as instituições de ensino supe-
rior privada que formam a maioria dos professores para as escolas públicas de educação bási-
ca.
Os alunos que estão cursando a graduação irão certamente encontrar em suas salas de aula
alunos com necessidades educacionais especiais e deverão assumir o compromisso de
ensiná-los. Esse é um princípio ético da pro�ssão.
(...) só o acesso não é su�ciente, e traduzir a �loso�a de inclusão das leis, dos planos e das intenções
para a realidade dos sistemas e das escolas requer conhecimento e prática. É preciso, portanto, questi-
onar: Qual a prática necessária? E o conhecimento necessário para fundamentar a prática? E este é,
sem dúvida nenhuma, um exercício para a pesquisa cientí�ca.
A escola atual é sensível às diferenças e promove as condições para que todos os alunos pos-
sam aprender independentemente de suas necessidades e especi�cidades?
Os dados têm mostrado que não, pelo contrário, a maneira como a escola se organiza ela acen-
tua as desigualdades associadas às diferenças de origens pessoais, sociais, econômicas, cultu-
rais e políticas. Por exemplo, o aluno com capital cultural baixo não encontra na escola as
condições que necessita para superar a sua desvantagem e �cará, provavelmente, cada vez
em maior desvantagem. Essa é a lógica que tem prevalecido na vida dos excluídos. Outro
exemplo, o aluno considerado bom, ou seja, aquele que corresponde aos ideais da escola tende
a aproveitar cada vez mais dos recursos oferecidos, ser cada vez melhor e corresponder cada
vez às expectativas da escola, pois ela foi organizada para o seu per�l. Na outra ponta está o
aluno com di�culdade e este, por falta de recursos da escola em compreendê-lo e em criar as
condições para que ele supere a sua di�culdade e aprenda, aproveitará menos os recursos ofe-
recidos pela escola e terá maior probabilidade de fracassar.
Dessa maneira, a escola tem sido um espaço de fortalecimento das diferenças individuais.
Essa característica contraria completamente o seu papel que é justamente o de garantir as
condições para a superação das desigualdades entre os homens e os diferentes grupos sociais.
A superação desse quadro excludente depende de uma mudança profunda na forma como a
escola se organiza. Depende, adicionalmente, de uma revisão dos professores em relação ao
seu papel. Os professores devem assumir o compromisso com o ensino de todos os alunos, in-
clusive e principalmente daqueles que apresentam pouco recurso, di�culdade e/ou necessida-
des especiais, pois a escola e o acesso ao conhecimento é que poderão tirá-los da condição de
excluídos e oprimidos.
No Brasil a expansão do acesso à escola básica, entretanto, não tem sido acompanhada de in-
vestimentos na implementação das mudanças necessárias nas diferentes dimensões: na for-
mação dos professores, nas políticas, nos currículos, nas condições de trabalho dos pro�ssio-
nais da educação (incluindo carreira e salários), na infraestrutura das escolas, na escola e na
reorganização das condições de ensino (GATTI e BARRETTO, 2009). Tais condições são essen-
ciais para a melhoria da qualidade da educação para todos os alunos e, especialmente, para
aqueles com necessidades educacionais especiais.
O Brasil tem reproduzido políticas internacionais, como é o caso da política de inclusão, mas
não tem viabilizado os recursos necessários.
[...] surgiu na década de 1990 e veio associado a uma prática de colocação de alunos com di�culdades
prioritariamente nas classes comuns, hoje o seu signi�cado aparece ampliado, englobando também a
noção de inserção de apoios, serviços e suportes nas escolas regulares, indicando que a inclusão bem-
sucedida implica �nanciamento (MENDES, 2006, 402).
Na superação desse quadro excludente, é imprescindível que a escola se (re)organize para eli-
minar as barreiras que podem di�cultar ou impedir a escolaridade nos contextos comuns de
ensino, garantindo acessibilidade a todos os alunos.
A reorganização da escola visando à inclusão deve envolver profundas mudanças, tais como
Mudanças nos parâmetros curriculares nacionais, mudanças nas leis de acessibilidade, mudança na
universalização do acesso à escola, mudanças na obrigatoriedade do ensino, mudanças na passagem
entre um tipo de escola quase sempre excludente e a fundação de outro tipo de escola que se pretende
inclusiva, que se pretende para todos, etc. (SKLIAR, 2006, p.16)
Paradoxalmente, a maioria das escolas brasileiras, especialmente as públicas, não tem de-
monstrado indícios de reorganização na direção de uma escola inclusiva. No Brasil, a inserção
do aluno com de�ciência nas classes comuns tem ocorrido por meio da inclusão total
(MENDES, 2002) ou inclusão incipiente (MRECH, 2001), as quais não preveem a ocorrência de
mudanças signi�cativas na escola que favoreçam a criação de verdadeiros contextos inclusi-
vos. Na próxima Unidade você irá estudar o conceito de inclusão total.
Os alunos com necessidades educacionais especiais, encaminhados cada vez com mais in-
tensidade para as classes comuns das escolas (BRASIL, Inep/MEC, 2009), não encontram, nes-
ses contextos, as condições mínimas que necessitam para aprender. Portanto, apesar de a es-
cola garantir o acesso, não tem garantido a superação da exclusão e a democratização das
condições de ensino, o que signi�ca favorecer o acesso ao conhecimento e o aproveitamento
acadêmico.
O panorama anteriormente descrito coloca a formação dos professores como uma questão im-
portante na reorganização da escola tendo em vista a educação inclusiva. Entretanto, conside-
rar o professor como peça fundamental na organização da escola inclusiva não signi�ca
considerá-lo como o único responsável por esse processo em detrimento dos limites, das am-
biguidades e dos problemas estruturais da educação no país, mas signi�ca “considerá-lo como
chave de�nitiva e importante para a mudança e a melhoria da escola” (PIMENTA, 2002, p. 11).
Frente a essa realidade é importante que o aluno dos cursos de licenciaturas e o professor en-
contrem condições, na formação inicial e continuada, de re�etir sobre a inclusão e a educação
especial para ser capaz de garantir interação com os alunos com necessidades educacionais
especiais; acompanhar e avaliar o aproveitamento do aluno e o programa de ensino; selecio-
nar estratégias de ensino adequadas às especi�cidades dos alunos; trabalhar de forma colabo-
rativa com os pro�ssionais especializados responsáveis pelo atendimento de alunos com ne-
cessidades especiais dentro e fora da sala de aula; adaptar o currículo e os recursos pedagógi-
cos; promover ações a�rmativas na escola; organizar planos de aula de acordo com a diversi-
dade presente na sala de aula; implementar adaptações curriculares, eliminar barreiras peda-
gógicas e atitudinais e promover interação entre os alunos.
En�m, é importante que o aluno das licenciaturas, além de adquirir nos cursos de formação
inicial uma consistente base teórica sobre as diferentes áreas de atuação da educação escolar,
dentre elas os conhecimentos sobre o ensino do aluno com necessidades educacionais especi-
ais na classe comum, seja orientado a re�etir a respeito de suas próprias concepções sobre
educação inclusiva, sobre a organização das condições de ensino dos alunos com necessida-
des educacionais especiais e sobre as práticas pedagógicas realizadas na escola, especialmen-
te em contextos inclusivos.
Como você percebe a educação inclusiva? Como você se sente frente ao aluno com necessida-
des educacionais especiais? Independentemente de suas respostas é importante que você te-
nha consciência que ser professor é antes de tudo ter o compromisso social com a aprendiza-
gem de todos os alunos. Quem escolhe ser professor escolhe acima de tudo participar ativa-
mente do processo de humanização do outro (criança, jovem ou adulto) o que signi�ca favore-
cer a aprendizagem e o acesso ao conhecimento de todos
A formação dos professores para essa demanda foi uma atribuição das habilitações especí�-
cas nas áreas da de�ciência mental, sensorial e física, atreladas, tradicionalmente, ao curso de
Pedagogia e atualmente extintas pelas atuais diretrizes curriculares desse curso (Resolução
CNE/CP no. 1/2006).
Essa realidade começa a ser modi�cada a partir da década de 1990, com o movimento de in-
clusão e a chegada de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas e classes
comuns, o que impulsiona a re�exão concernente à formação do professor para o ensino de to-
dos os alunos.
Toda quali�cação pro�ssional numa perspectiva inclusiva deve estar empenhada na oferta de
condições que favoreçam o desenvolvimento de uma competência voltada para a aceitação da
diversidade da clientela escolar, bem como o entendimento dos caminhos que o aluno percor-
re no processo de (re)construção de conhecimentos. É só com base na compreensão desse
processo que o pro�ssional da educação poderá desenvolver sua prática, criando novas for-
mas de ensinar e difundindo conhecimentos que atendam à heterogeneidade dos aprendizes
sob sua responsabilidade.
Para responder a essa nova realidade, o Ministério Público, no Estado de São Paulo,
antecipando-se à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), recomendou
a inclusão de uma disciplina sobre educação especial na matriz curricular dos cursos de
Pedagogia e licenciaturas em geral, visando preparar os futuros professores para essa nova re-
alidade.
a educação básica deve ser inclusiva, no sentido de atender a uma política de integração dos alunos
com necessidades educacionais especiais nas classes comuns dos sistemas de ensino. Isso exige que
a formação dos professores das diferentes etapas da educação básica inclua conhecimentos relativos
à educação desses alunos (BRASIL, 2001, p. 16).
Cabe considerar que a inserção de apenas uma disciplina não irá promover avanços signi�ca-
tivos na formação dos professores para o ensino de alunos com necessidades educacionais
especiais. É preciso ir além e possibilitar que os conhecimentos sobre as especi�cidades des-
ses alunos sejam estudados, re�etidos e pesquisados de maneira sistematizada, por diferentes
disciplinas do curso e pelo estágio.
Ao estudar as diferentes disciplinas do curso e ao realizar o estágio o aluno dos cursos de li-
cenciatura deve re�etir permanentemente sobre as condições oferecidas para que os alunos
aprendam e interajam com o conhecimento. Com fundamento na observação, análise e re�e-
xão relativas às práticas pedagógicas presentes na escola, o aluno em formação poderá rever
suas próprias concepções e práticas e produzir o novo.
De acordo com Mendes (2008, p. 98), apenas a regulamentação das legislações não é su�ciente
para uma educação inclusiva e�caz, pois [...] “ainda que estivessem garantidos cursos, disci-
plinas ou a mera introdução de conteúdos em cursos de formação inicial, isso ainda não seria
su�ciente para produzir mudança conceitual [...]”.
Ademais, para essa autora, a formação de professores do ensino regular deve ocorrer na for-
mação inicial, por meio de processos sistematizados, evitando assim a necessidade perma-
nente de preencher lacunas com cursos de formação continuada, realizados com o objetivo de
suprir a falta constante de professores habilitados para atuar com os alunos com necessida-
des educacionais especiais (MENDES, 2008).
É durante o curso de graduação que o aluno deve adquirir os conhecimentos necessários para
ele tenha competência de atuar pro�ssionalmente em contextos marcados pela diversidade.
O professor que hoje está atuando nas escolas e que realizou a sua formação antes da década
de 1990 não teve oportunidade de estudar as questões relacionadas à educação inclusiva.
Consequentemente, ele encontra di�culdade para ensinar aos alunos com necessidades edu-
cacionais especiais. A sua história será diferente, pois você está tendo oportunidade de estu-
dar e de adquirir conhecimentos sobre o tema. Portanto, você poderá fazer muita diferença na
realização da mudança na escola na direção da educação inclusiva.
É preciso romper com a uniformização escolar, que não tem conseguido dar respostas efetivas
aos alunos e às suas especi�cidades e expectativas, é preciso renovar as práticas pedagógicas
presentes no cotidiano escolar, visando assegurar o avanço acadêmico de todos os alunos, ca-
da um à sua própria medida.
Nesse sentido, cabe à escola rever sua identidade e reconstruí-la com o pressuposto de que a
aprendizagem de todos os alunos deva ser o centro de suas preocupações. Para tanto Nóvoa
(2009) propõe duas saídas: assegurar que todos os alunos adquiram uma base comum de co-
nhecimento, superando a ideia de que o insucesso e o fracasso sejam fatalidades impossíveis
de combater, e promover diferentes experiências de escolaridade, partindo-se de percursos
adaptados às inclinações e aos projetos de cada aluno. Complementando, os alunos, sobretudo
aqueles que vêm de meios desfavorecidos, devem encontrar um sentido para a escola, pois só
assim será possível garantir o sucesso de todos os alunos. Esses desa�os estão lançados e vo-
cê, como professor, deverá enfrentá-los com compromisso e competência pedagógica
A área da educação conta com ideias e diretrizes pertinentes e interessantes para a melhoria
da escola, elaboradas no âmbito da pesquisa, dos gabinetes e das políticas públicas, entretanto,
elas não são realizadas, possivelmente por não assumirem o professor como a �gura funda-
mental nessa transformação. Nesse caso, as políticas adentram o cotidiano escolar de manei-
ra autoritária e ao professor cabe a execução, sem que ele tenha tido a oportunidade de
compreendê-las plenamente e com a profundidade necessária. Isso tem ocorrido, por exem-
plo, com a implementação nas escolas dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações
Curriculares: estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais
(BRASIL, 1999), da Resolução CNE/CEB no. 2 (BRASIL, 2001c), a qual institui as diretrizes para a
organização da educação especial na educação básica; das determinações contidas no Decreto
5626/2005 (BRASIL, 2005) o qual dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, entre outras.
Seja crítico em relação à sua formação, se comprometa com a qualidade da educação, estude,
questione as políticas públicas, resista à acomodação e reprodução, recrie a escola. O futuro do
nosso país depende da educação das nossas crianças e, portanto, depende em parte de você
professor.
3. Considerações
Nesta unidade, você pôde compreender o signi�cado da disciplina
no contexto geral da sua formação. Possivelmente, você compreendeu que o futuro
da Educação Inclusiva no país depende de uma revisão profunda nas políticas educacionais,
nos currículos de formação de professores e na organização das escolas. Procuramos mostrar
aqui a importância da formação dos professores no contexto da Educação Inclusiva.
(https://md.claretiano.edu.br/funeduinc-
g01076-fev-2024-grad-ead/)
Objetivos
• Conhecer as fases históricas da concepção de de�ciência, identi�cadas
ao longo do tempo.
• Compreender a relação entre as concepções de de�ciência e as atitudes
da sociedade diante da pessoa com necessidades educacionais especi-
ais.
• Re�etir sobre a história pessoal de cada um e as atitudes frente à de�ci-
ência.
Conteúdos
• Marco histórico da educação especial nos países europeus e norte-
americanos e no Brasil.
• Concepções e atitudes sociais diante da de�ciência.
• Paradigmas e educação inclusiva.
1. Introdução
Minha casa �cava perto da APAE de minha cidade. Para ir à minha escola eu pas-
sava em frente à APAE todos os dias. No início, quando minha mãe ainda me leva-
va para a escola eu ouvia suas recomendações. Se eu não me comportasse e não
fosse estudiosa, ela me ameaçava me por na escola da APAE. Tempos depois, meu
irmão mais novo também começou a freqüentar a escola e eu passei a levá-lo. As
mesmas ameaças eu fazia à ele! (MENDES, 2001, s.p).
Vale ressaltar que embora esse resgate histórico perpasse pelos períodos da
antiguidade, idade média, renascimento, sociedade moderna e pós-moderna, é
possível (re) vivenciá-los ainda hoje.
Você deve estar se perguntando: mas como podemos reviver algo que aconte-
ceu na antiguidade ou na idade média?
Atualmente, a educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,
etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os
serviços e os recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores
quanto à sua utilização nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2007).
Conforme evidencia Amaral (1995), nos Livros III, V e VII da República, Platão
(428-348 a.C.) dava as seguintes recomendações:
[...] (a Medicina e jurisprudência) cuidarão apenas dos cidadãos bem formados de
corpo e alma, deixando morrer os que sejam corporalmente defeituosos [...] é o me-
lhor tanto para esses desgraçados como para a cidade em que vivem (PLATÃO, 1972,
p. 716 apud AMARAL, 1995, p. 44).
[...] os (�lhos) dos homens inferiores, e qualquer dos outros que seja disforme,
escondê-los-ão num lugar interditado e oculto como convém (PLATÃO, 1949, p. 229;
1972, p. 746 apud AMARAL, 1995, p. 44).
Com respeito a conhecer quais os �lhos que devem ser abandonados ou educados,
precisa existir uma lei que proíba nutrir toda criança deforme (ARISTÓTELES, 1966,
p. 150 apud AMARAL, 1995, p. 44).
O médico Jean Marc Itard foi reconhecido como a primeira pessoa a usar mé-
todos sistematizados para o ensino de de�cientes mentais. Itard trabalhou du-
rante cinco anos com Vítor, uma criança de doze anos, capturada na �oresta
de Aveyron, no sul da França, em 1800 (MAZZOTTA, 2005).
Mrech (1999) aponta que a ideia de que as pessoas com necessidades educaci-
onais especiais poderiam e deveriam participar da sociedade, desde que se
adaptassem às normas e valores sociais, sobressaíram especialmente nos paí-
ses nórdicos (região do norte europeu), na década de 1960; concomitantemente
ao processo de desinstitucionalização e das práticas médicas de atenção.
Além disso, a luta pela conquista dos direitos das pessoas com de�ciência se
intensi�caram com base nos movimentos sociais pelos direitos humanos, co-
mo relata Mendes (2006):
As pessoas com de�ciência têm o direito inerente ao respeito por sua dignidade hu-
mana. As pessoas de�cientes, qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de
suas de�ciências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da
mesma idade, o que implica antes de tudo, no direito de desfrutar uma vida decen-
te, tão normal e plena quanto possível (p. 1).
No Brasil, o cenário da educação especial não será diferente dos países euro-
peus e norte-americanos, em se tratando das fases que caracterizaram a con-
cepção de de�ciência. Apenas o momento de ocorrência das mesmas é que se-
rá diferente, ou seja, enquanto na Europa a sociedade medieval dava sinais de
rupturas, a história do Brasil estava apenas por começar.
Em relação à de�ciência podemos veri�car que o preconceito, na maioria das vezes, está
baseado em atitude comiserativa, resultante do desconhecimento, este considerado a
matéria-prima para a perpetuação das atitudes preconceituosas e das leituras estereotipa-
das da de�ciência – seja esse desconhecimento relativo ao fato em si, às emoções geradas
ou às reações subsequentes.
Tais campanhas foram assumidas pelo governo federal e tinha por �nalidade,
de um modo geral, promover em todo o país, a educação, treinamento, reabili-
tação, e assistência educacional das pessoas com necessidades educacionais
especiais. Como exemplo de campanha realizada pelo governo podemos con-
siderar a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de De�cientes
Mentais (CADEME).
Em 1969, havia mais de 800 estabelecimentos de ensino especial para pessoas com de�ci-
ência mental, ou seja, em torno de quatro vezes mais do que o encontrado até antes da déca-
da de 1960.
O princípio da normalização teve sua origem nos países escandinavos, com Bank-
Mikkelsen (1969) e Nirje (1969), que questionaram o abuso das instituições residen-
ciais e das limitações que esse tipo de serviço sobrepunha em termos de estilo de
vida. O princípio tinha como pressuposto básico a idéia de que toda pessoa com de-
�ciência teria o direito inalienável de experienciar um estilo ou padrão de vida que
seria comum ou normal em sua cultura, e que a todos indistintamente deveriam
ser fornecidas oportunidades iguais de participação em todas as mesmas ativida-
des partilhadas por grupos de idades equivalentes (MENDES, 2006, p. 389).
De acordo com Mendes (2006), em 1977 foi aprovada uma lei nos Estados
Unidos, que assegurou educação pública apropriada para todas as crianças
com necessidades educacionais especiais, instituindo o�cialmente, em âmbi-
to nacional, o processo de mainstreaming.
Mrech (1999) a�rma que o princípio da normalização diz respeito a uma colo-
cação seletiva do indivíduo com necessidades educacionais especiais na clas-
se comum, sendo que o professor de classe comum não recebe um suporte do
professor da área de educação especial; e ainda sim os estudantes do processo
de normalização precisam demonstrar que são capazes de permanecer na
classe comum.
Ao considerar as críticas apontadas por Mendes (2006), bem como outros in-
dicativos do movimento integracionista, tais como as di�culdades em
estabelecer-se uma política nacional da educação especial, várias ações edu-
cacionais junto às pessoas com necessidades educacionais foram revistas ao
longo da década de 1990.
- atender aos estudantes com necessidades especiais nas vizinhanças da sua resi-
dência;
- perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e pro-
cessos diferentes.
Portanto, são várias as ações educacionais de uma escola inclusiva, o que nos
leva a crer que a educação deveria ser inclusiva para todos e não apenas àque-
les com necessidades educacionais especiais.
O que é possível considerar por enquanto é que não há uma receita pronta pa-
ra a educação inclusiva e que é preciso contar com investimento e compro-
misso político e social com a questão. Além disso, cabe ponderar que apesar
das di�culdades é possível identi�car no nosso país algumas experiências de
inclusão bem sucedidas.
Não sabemos exatamente qual o melhor modelo de inclusão, pois eles são va-
riados. Sabemos que é preciso que haja investimento.
A questão sobre qual é a melhor forma de educar crianças e jovens com necessida-
des educacionais especiais não tem resposta ou receita pronta. Na atualidade, as
propostas variam desde a idéia da inclusão total – posição que defende que todos
os alunos devem ser educados apenas e só na classe da escola regular – até a idéia
de que a diversidade de características implica a existência e manutenção de um
contínuo de serviços e de uma diversidade de opções (MENDES, 2006, p. 396).
Pelo exposto parece que a manutenção do contínuo de serviços deve ser mes-
mo mantida. Entretanto, é preciso evitar que os alunos com necessidades edu-
cacionais sejam mantidos nos serviços segregados.
Para evitar que isso ocorra é preciso que os encaminhamentos aos serviços de
educação especial sejam responsáveis e criteriosos, visando evitar a exclusão
e a segregação e, principalmente, preservando o direito do aluno com necessi-
dades especiais de usufruir das mesmas oportunidades educacionais que os
demais alunos sem necessidades especiais.
[...] faltam aspectos básicos para garantir não apenas o acesso, mas a permanência
e o sucesso desses alunos com necessidades educacionais especiais matriculados
em classes comuns (MENDES, 2006, p. 399).
Em outras palavras, apenas o acesso á classe comum não pode ser visto como
sinônimo de inclusão, pois o aluno pode estar na classe comum, mas abando-
nado, ou seja, sem encontrar as condições que necessita para aprender. Como
é o caso do aluno surdo, sem o intérprete e/ou o professor �uente em Libras ele
vive o abandono e a exclusão dentro mesmo da classe comum.
Pelo exposto você deve ter percebido que há dois problemas que devem ser
evitados na implementação da educação inclusiva: a generalização e a radica-
lização. Nesse momento da história é necessário avaliar as experiências de
educação inclusiva já implementadas no Brasil visando delinear caminhos
mais adequados às nossas condições e evitar a reprodução de modelos que
não obtiveram sucesso. Para Mendes (2002) “ainda é preciso construir um
modelo de educação inclusiva que respeite nossas bases históricas, legais, �-
losó�cas e políticas” (p. 71).
Além da criação de modelo próprio que não seja radical a educação inclusiva
no Brasil depende da reorganização dos serviços e da formação dos professo-
res, inicial e continuada, visando o atendimento dos aluno com necessidades
educacionais especiais nos serviços especiais e nas classes comuns.
6. Considerações
Nesta unidade, você pôde conhecer os principais marcos históricos da
Educação Especial no mundo e no Brasil. A partir desse conhecimento, você
adquiriu os elementos necessários para compreender a evolução histórica do
conceito de inclusão, percebendo que ele não é um fenômeno isolado, mas um
elo da história da educação e da sociedade.
A Educação Inclusiva é um processo em construção, inserido em um movi-
mento maior de inclusão social, o qual visa a (re)construção de uma sociedade
mais justa e igualitária na qual não há espaço para a exclusão, a discrimina-
ção e a opressão.
Como professor do século 21, você é parte integrante desse projeto de recons-
trução social.
g01076-fev-2024-grad-ead/)
Objetivos
• Conhecer as principais políticas públicas na área da .
• Compreender as políticas que fundamentam a educação inclusiva.
• Compreender a educação inclusiva como parte de um movimento soci-
al, político, histórico e cultural.
Conteúdos
• Evolução histórica das políticas em educação especial.
• Educação inclusiva na interface das políticas educacionais.
1. Introdução
[...] o conceito de inclusão escolar é ambíguo, porque ele assume o signi�cado den-
tro de contextos históricos determinados que lhe dão de�nição, conclui-se também
que cada comunidade deve buscar melhor forma de de�nir e fazer a sua própria po-
lítica de inclusão escolar, respeitando as bases históricas, legais, �losó�cas, políti-
cas e também econômicas do contexto no qual ela irá efetivar-se (MENDES, 2006, p.
401).
Cabe salientar que este é um tema bastante amplo e complexo, portanto, per-
mite uma análise aprofundada. Entretanto, apresentaremos, aqui, um recorte
sobre ele, cuidando para que você tenha acesso aos aspectos que julgamos
fundamentais ao futuro professor.
Como já foi colocado, até a década de 1960, o atendimento dos alunos com de�-
ciência foi assumido, predominantemente, pelas instituições especializadas
privadas. Esses serviços apresentavam um caráter assistencialista e segrega-
cionista. Apesar disso, é importante considerar que a criação dessas institui-
ções representou uma conquista importante dos pais dos de�cientes e dos
pro�ssionais, pois naquele contexto os alunos com de�ciência eram excluídos
das escolas públicas.
Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que fôr possível, enquadrar-se no sis-
tema geral de educação, a �m de integrá-los na comunidade.
Art. 89. Tôda iniciativa privada considerada e�ciente pelos conselhos estaduais de
educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos tra-
tamento especial mediante bôlsas de estudo, empréstimos e subvenções (BRASIL,
1961, p. 15).
Pelo exposto, é possível concluir que a lei nº. 4.024/61 foi importante porque
dedicou dois artigos à a área da educação especial em uma política pública.
Entretanto, não repercutiu em avanços signi�cativos para a área. Pelo contrá-
rio, fortaleceu o caráter segregacionista e assistencialista e reforçou a organi-
zação do atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais
como um sistema paralelo ao ensino comum e não como parte integrante de-
le. Essa lei nº. 4.024/61 permaneceu em vigor por dez anos, quando foi substi-
tuída pela lei nº. 5.692/71.
Esse aspecto das classes especiais foi muito questionado pelos estudos publi-
cados na década de 1990. Nesse sentido, cabe ponderar que na Unidade anteri-
or mostramos a importância desses serviços como apoio à inclusão, entretan-
to, é necessário que o trabalho por eles realizado tenha qualidade e estreita re-
alização com o currículo da escola comum.
As classes comuns, historicamente, não se envolveram com o atendimento dos alunos com
necessidades educacionais especiais. Esse atendimento foi realizado, predominantemente,
pelas classes e instituições especiais. Consequentemente, os alunos considerados sem con-
dição para acompanhar o ensino comum foram excluídos desses contextos e encaminha-
dos, indiscriminadamente, para os serviços de educação especial. Entre eles, os alunos com
de�ciência mental leve, com defasagem idade/série ou com problemas de comportamento.
Pelo exposto, podemos concluir que a lei nº. 5.692/71 não promoveu “a organi-
zação de um sistema de ensino capaz de entender as necessidades educacio-
nais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as clas-
ses e escolas especiais” (BRASIL, 2007, p. 7).
Dessa maneira, as leis nº. 4.024/61 e nº. 5.692/71 contribuíram para que a edu-
cação especial se organizasse como um sistema paralelo à educação comum e
não como um sistema integrado a ele, como objetivam as atuais políticas na
área. Além disso, é importante considerar que ambas as leis correspondiam
aos princípios da integração e normalização.
Ainda sobre a Constituição, merecem destaque os arts. 205, 206 e 208. Leia-os
a seguir:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovi-
da e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvi-
mento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali�cação para
o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
O art. 206 acrescenta que “o ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola
[...]” (BRASIL, 1988, p. 138). Nele, é possível veri�car a preocupação em garantir
a todos o acesso e a permanência na escola.
Como já foi mencionado, o acesso à escola foi, tradicionalmente, restrito. No
entanto, a nova Constituição passa a assumir um compromisso não apenas
com a democratização do acesso, mas também com a permanência de todos
os alunos na escola.
Com base nessas ideias, expressas no art. 206, foram elaboradas políticas edu-
cacionais visando à reorganização da escola para atender aos alunos com ne-
cessidades educacionais especiais, ao avanço acadêmico e até à inserção nos
níveis mais elevados de ensino. Tais políticas serão estudadas no decorrer
desta unidade.
É importante que você perceba que, enquanto as políticas, pautadas pelos princípios da nor-
malização e da integração, defenderam o atendimento especializado paralelo ao ensino co-
mum e sua realização por professores com formação especí�ca, os demais professores não
se envolveram com o atendimento desses alunos. Portanto, o atendimento dos alunos com
necessidades educacionais especiais não foi uma temática presente nos currículos de for-
mação de professores de uma maneira geral. Hoje, temos uma lei que determina a inclusão
de disciplinas, no curso de Pedagogia e nas demais Licenciaturas, que tratem do atendi-
mento de alunos com necessidades educacionais especiais, atendendo aos princípios da
educação inclusiva. Esta disciplina, Fundamentos da Educação Inclusiva, é um exemplo
disso.
Apesar dos avanços atingidos quanto ao reconhecimento dos direitos, há, ain-
da, muito o que percorrer para que o Brasil se torne um país eticamente desen-
volvido. A escola e os professores têm um decisivo papel nesse processo!
2. Para que a educação básica se torne eqüitativa, é mister oferecer a todas as cri-
anças, jovens e adultos, a oportunidade de alcançar e manter um padrão mínimo
de qualidade da aprendizagem.
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade
de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola re-
gular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, ca-
paz de satisfazer a tais necessidades;
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
e�cazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedo-
ras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além
disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimo-
ram a e�ciência e, em última instância, o custo da e�cácia de todo o sistema educa-
cional (BRASIL, 1994, p. 1).
Pelo exposto, é possível veri�car que a Declaração de Salamanca reforça os
objetivos dos documentos anteriores e avança na defesa dos direitos da crian-
ça e de um sistema educacional inclusivo. Além disso, aponta caminhos para
a organização da educação especial na perspectiva da educação inclusiva e,
especi�camente, para a organização das instituições de ensino. Nesse sentido,
a partir da sua publicação, passa a ser uma referência na elaboração de políti-
cas de educação inclusiva nas esferas federal, estadual e municipal.
Em 1996, foi publicada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº.
9.394/96. Essa lei dedica, pela primeira vez, um capítulo especí�co para a edu-
cação especial, constituído pelos arts. 58, 59 e 60. Leia, a seguir, o primeiro de-
les:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais.
Em relação ao art. 58, cabe destacar, como um avanço, o fato da referida lei
considerar a educação especial como uma modalidade de educação. Além
disso, prevê a organização de serviços de apoio na escola comum. Contudo, ao
considerar a possibilidade de atendimento em classes, escolas ou serviços es-
pecializados em função das condições especí�cas do aluno, reforça a manu-
tenção dos serviços de educação especial.
Complementando a ideia exposta no art. 58, há o art. 59, que prevê uma série
de mudanças e adaptações visando atender ao aluno com necessidades edu-
cacionais especiais, como é possível veri�car a seguir:
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades espe-
ciais:
II - terminalidade especí�ca para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas de�ciências, e acele-
ração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
Fechando o capítulo da Lei de Diretrizes e Bases (lei nº. 9.394/96), o art. 60 pre-
vê o apoio governamental às instituições privadas de educação especial, de
acordo com o texto a seguir:
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de ca-
racterização das instituições privadas sem �ns lucrativos, especializadas e com
atuação exclusiva em educação especial, para �ns de apoio técnico e �nanceiro pe-
lo Poder Público (BRASIL, 1996, p. 24).
Para �nalizar essa breve análise sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, cabe considerar que esta não contempla a possibilidade e o direito
de a pessoa com de�ciência fazer a opção pela modalidade educacional a ser
frequentada, ou seja, modalidade especial ou comum. Essa escolha foi, predo-
minantemente, realizada pelos pro�ssionais ou pelos familiares.
É importante que você estude esse documento, pois, assim, irá conhecer as-
pectos mais práticos e objetivos que orientam a organização da educação in-
clusiva.
Em 2006, foi aprovada pela ONU a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com De�ciência. Tal documento estabelece que os Estados devem garantir um
sistema de educação inclusiva em todos os níveis, assegurando que:
[...] uma modalidade de ensino que atravessa todos os níveis, etapas e modalidades;
realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recur-
sos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua
utilização nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2007, p. 16).
De acordo com a Política de Educação Especial do ano de 2007, a educação especial deve
garantir o apoio que a escola comum necessita para atender aos alunos com necessidades
educacionais especiais. Então, se a escola comum recebe alunos com necessidades especi-
ais, ela deve buscar apoio e orientação com a área da educação especial. A Secretaria
Estadual conta, na Diretoria de Ensino, com a Assistente Técnica Pedagógica (ATP) da área
da Educação Especial. Além dessa referência, as escolas estaduais também contam com
professores especializados responsáveis pelas classes especiais e pelas salas de recursos.
Esses professores também podem dar apoio aos professores do ensino comum, viabilizando
a inclusão dos alunos com necessidades especiais. Por exemplo, o professor responsável
pela sala de recursos de surdos deve, entre outras atividades, visitar as escolas comuns
com surdos inseridos e orientar os professores quanto aos procedimentos de ensino e avali-
ação dos alunos. O mesmo deve ser realizado pelo professor especializado responsável pela
sala de recursos para cegos. Esses professores especializados, responsáveis pela sala de re-
cursos da rede estadual, podem, também, assumir o atendimento aos alunos matriculados
nas escolas municipais, bem como dar apoio aos seus professores. Dessa maneira,
estabelece-se uma parceria entre a rede municipal e a rede estadual no atendimento do alu-
no com necessidades educacionais especiais. Entretanto, com a ampliação de matrícula
desses alunos na classe comum, muitas delas municipais, o ideal é que a rede municipal
também organize a sua própria equipe de educação especial para apoiar a inclusão.
De acordo com a citação acima o Brasil conta hoje com muitas políticas para a
área da educação especial. Entretanto, apenas a existência delas não irá ga-
rantir o desenvolvimento da inclusão no país. É preciso que haja o envolvi-
mento de todos para que as propostas saiam do papel e adentrem as escolas e
as salas de aula. Nesse processo o professor tem uma participação decisiva.
Para isso é fundamental que ele estude as políticas e assuma o compromisso
com a defesa dos direitos das crianças e com a educação de qualidade.
3. Considerações
Nesta unidade, você estudou as principais políticas que têm orientado a
Educação Especial no país. Adicionalmente, pôde conhecer e compreender o
signi�cado das políticas que orientam a Educação Inclusiva na atualidade.
Percebeu as possibilidades que elas apresentam, bem como os seus limites.
Por �m, você deve ter se conscientizado que as políticas, por melhores que se-
jam, são capazes, sozinhas, de promover o desenvolvimento da educação in-
clusiva no país. É necessário que a sociedade, de uma maneira geral, participe,
lutando pelos direitos das pessoas com necessidades educacionais especiais e
fazendo valer o que já foi politicamente conquistado.
Nesse processo, os professores são peças fundamentais, pois, nas escolas, eles
podem lutar pelo direito dos alunos com necessidades educacionais especiais
ao ensino de qualidade e assumir o compromisso com este.
(https://md.claretiano.edu.br/funeduinc-
g01076-fev-2024-grad-ead/)
Objetivos
• Conhecer os níveis de prevenção das de�ciências.
• Conhecer os principais tipos e causas das de�ciências dos alunos com
necessidades educacionais especiais, segundo a política atual da educa-
ção especial na perspectiva da educação inclusiva.
Conteúdos
• Prevenção das de�ciências.
• Conceituação e causas das de�ciências.
1. Introdução
Ao longo da história da humanidade, os alunos com necessidades educacio-
nais especiais têm sido tratados conforme as concepções políticas, ideológi-
cas e culturais de cada época. Assim, você estudou, nas Unidades 1, 2 e 3, as
questões históricas e políticas que marcaram (e marcam) o cenário da educa-
ção especial.
• Medidas pré-natais:
3) planejamento familiar;
6) diagnóstico pré-natal.
• Medidas perinatais:
3) screening neonatal;
• Medidas pós-natais:
Apesar de este ser o último (e o primeiro) censo mais abrangente sobre a po-
pulação com algum tipo de de�ciência em nosso país, é possível imaginar o
quão signi�cativo é este dado, sendo que, de cada 100 brasileiros, no mínimo
14 apresentam alguma limitação física, sensorial ou mental.
Assim, associado aos outros critérios que serão descritos adiante, para ser di-
agnosticado como de�ciência mental, a pessoa deverá apresentar um funcio-
namento intelectual inferior ou igual a QI 70, sendo a de�ciência classi�cada
nos seguintes níveis: leve, moderada, grave, e profunda.
Mas, o que signi�ca Comportamento Adaptativo? Quais são as áreas que me-
recem atenção no processo de diagnóstico e avaliação?
É evidente que, quanto mais comprometida for esta pessoa, mais áreas adap-
tativas estarão comprometidas e, portanto, mais apoio ela irá requerer.
Contudo, para a maioria dos casos de de�ciência mental, essas áreas são pas-
síveis de desenvolvimento e aprendizagem.
Na maioria dos casos de De�ciência Mental (DM), especialmente os de níveis leve e mode-
rado não se pode identi�car as causas, �cando aí uma discussão acirrada entre autores or-
ganicista, que consideram a prevalência dos fatores constitucionais da DM e os autores so-
ciológicos, para os quais prevaleceriam as causas ambientais, como por exemplo, a falta de
estímulos adequados e em épocas precoces da vida. É um erro acreditar que a maioria das
crianças com DM tem um aspecto físico diferente das outras. A maioria dessas crianças é
portadora de DM leve e não se distinguem �sicamente das outras crianças. As exceções são
os casos de DM grave e severa, bem como na Síndrome de Dowm, onde elas guardam al-
guns aspectos comuns entre si, ditas sem necessidades educativas especiais. Outro engano
leigo é achar que o nível de funcionamento mental se mantém sempre igual e de�nitivo em
todos os casos. Nos casos de de�ciência mental leve os programas educativos intensivos e
adequados podem atenuar signi�cativamente essa situação (BALLONE, 2003).
Estes fatores incidem desde a concepção do bebê até o início do trabalho de parto:
• desnutrição materna;
• má assistência médica à gestante;
• doenças infecciosas: sí�lis, rubéola (http://www.saci.org.br/?modulo=ake-
mi¶metro=1699#rubeola_congenita), toxoplasmose;
• fatores tóxicos: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de remédi-
os (medicamentos teratogênitos afetam a estrutura e o desenvolvimento da
anatomia), poluição ambiental e tabagismo;
• fatores genéticos: alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais), ex.:
síndrome de Down (http://www.saci.org.br/?modulo=akemi¶me-
tro=1679#sindrome_down), síndrome de Martin Bell (http://www.saci.org.br
/?modulo=akemi¶metro=1679#sindrome_martin_bell), alterações gêni-
cas, como erros inatos do metabolismo (fenilcetonúria) (http://www.sa-
ci.org.br/?modulo=akemi¶metro=1679#fenilcetonuria), síndrome de
Williams (http://www.saci.org.br/?modulo=akemi¶metro=1679#sindro-
me_williams), esclerose tuberosa (http://www.saci.org.br/?modulo=akemi&
parametro=1679#esclerose_tuberosa), etc.
Estes fatores incidem do início do trabalho de parto até o 30º dia de vida do bebê:
Estes fatores incidem do 30º dia de vida do bebê até o �nal da adolescência.
De�ciência auditiva
De um modo geral, pode-se caracterizar a de�ciência auditiva pelo impedi-
mento parcial ou total das possibilidades em detectar o som. Tal impedimento
pode ser determinado por diferentes causas, variando em graus e níveis. A de-
�ciência auditiva pode ocorrer sozinha ou em associação com outras de�ciên-
cias (BEVILAQUA; FORMIGONI, 1997).
Considera-se uma pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreen-
de e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando
sua cultura, especialmente, pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras
(BRASIL, 2005).
Quanto ao local onde a lesão aconteceu, as perdas auditivas podem ser classi-
�cadas em: condutiva, neurossensorial e mista, podendo, ainda, ser unilate-
rais ou bilateriais.
Na perda , a pessoa pode perceber os sons da fala, bem como os sons am-
bientais em intensidade um pouco mais elevada. Assim, normalmente a perda
é descoberta tardiamente. A perda varia de 26 a 40 dB.
Causas congênitas
5. Exposição ao Raio X.
6. Desnutrição materna.
Causas adquiridas
1. Hipóxia, ou seja, a diminuição da oferta de oxigênio para o feto durante o
momento do nascimento. Dependendo de sua duração e intensidade, a hi-
póxia pode causar lesões graves no cérebro, nos ouvidos e em outras par-
tes do organismo.
2. Medicamentos ototóxicos, quando utilizados em múltiplas doses.
3. Ventilação mecânica por cinco dias ou mais.
4. Infecções por vírus ou bactérias, tais como a meningite, o sarampo, a ca-
xumba e a otite média recorrente ou persistente por mais de três meses.
No Brasil, estima-se que haja cerca de 15 milhões de pessoas com algum tipo de perda audi-
tiva. No Censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE),
3,3% da população responderam ter algum problema auditivo. Aproximadamente 1% decla-
rou ser incapaz de ouvir. Nesse mesmo senso, �cou revelado que há mais de 5 milhões de
pessoas com problemas relacionados à surdez, das quais 519 mil têm até 17 anos e 276 mil,
entre 18 e 24 anos (PEDROSO, 2008).
De�ciência visual
Apesar de algumas pessoas apresentarem di�culdades na visão, tais como
miopia e astigmatismo, as quais são, normalmente, compensadas com o uso
de óculos, considera-se de�ciência visual apenas os casos que se referem à
eà .
De acordo com Gil (2000), a visão subnormal, ou baixa visão, refere-se à altera-
ção da capacidade funcional decorrente de fatores como rebaixamento signi�-
cativo da acuidade visual, redução importante do campo visual e da sensibili-
dade aos contrastes e limitação de outras capacidades. A pessoa com visão
subnormal conserva resíduos da visão, contudo, não consegue enxergar com
clareza su�ciente para contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros, à
luz do dia.
De acordo com Conde (s. d.), pedagogicamente, delimita-se como cego aquele
que, mesmo possuindo visão subnormal, necessita de instrução em Braille
(sistema de escrita por pontos em relevo) e, como portador de visão subnor-
mal, aquele que lê tipos impressos ampliados ou com o auxílio de potentes re-
cursos ópticos.
Já as pessoas com baixa visão ou visão subnormal podem ver objetos a pou-
cos centímetros (cerca de 2 ou 3cm) e, no processo de ensino/aprendizagem,
necessitam, muitas vezes, de iluminação especial, auxílios ópticos etc.
• Quando for caminhar com um de�ciente visual, não procure erguê-lo com
seus movimentos. A maioria deles prefere segurar o braço do guia. Pergunte
qual é sua preferência. Fique com o braço paralelo a meio passo do DV e ca-
minhe na sua frente, isso pode ajudar.
• Quando for ultrapassar portas, coloque o de�ciente visual do mesmo lado das
dobradiças e abra a maçaneta com o mesmo braço no qual ele está seguran-
do. É interessante passar na frente e depois trazer o portador de de�ciência a
seu lado. O mesmo procedimento deve ser usado no caso de elevadores.
• Para ajudar uma pessoa portadora de de�ciência visual a sentar-se, você deve
guiá-la até a cadeira e colocar a mão dela sobre o encosto da cadeira, infor-
mando se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa se senta sozinha.
• Ao explicar direções para uma pessoa portadora de de�ciência visual, seja o
mais claro e especí�co possível. De preferência, indique a distância em me-
tros.
• Quando for subir uma escada, coloque as mãos do de�ciente visual no corri-
mão e informe-o se os degraus estão no sentido ascendente ou descendente.
Não é necessário dizer o número total de degraus a serem percorridos, pois
um erro nesse cálculo poderia causar acidentes. É interessante, depois de per-
correr o último degrau, dê um passo a frente do portador de de�ciência; faça
uma pausa para assinalar o �m da escada.
• Quando for atravessar a rua e encontrar um portador de de�ciência visual fa-
zendo a mesma coisa, antes de agarrar-lhe o braço, pergunte se ele efetiva-
mente precisa de ajuda. Se sim, procure atravessá-lo em linha reta, já que
desse modo ele não �cará desorientado na outra calçada. Não grite de longe
para alertá-lo sobre a presença de objetos, a não ser que esses não possam ser
detectados pela bengala (como o caso de um toldo colocado a baixa altura).
• Quando for entrar ou sair do carro, informe ao de�ciente visual a posição na
qual o veículo se encontra em relação à calçada (paralelo ou 45 graus).
Permita que a pessoa coloque as mãos na porta e no teto do carro para ter ori-
entação ao sentar-se no assento.
• Não se deve modi�car o posicionamento dos móveis nem deixar no caminho algo
que possa causar acidentes, como uma vassoura ou um balde.• Oriente o de�ciente
visual quanto à distribuição de alimentos em seu prato fazendo de conta que o pra-
to é um relógio. Por exemplo, o arroz está às 12h, o feijão, às 3h etc. Pergunte se ele
precisa de ajuda para cortar a carne.• Dê o copo ou os salgadinhos que são pegos
com as mãos diretamente para o portador de de�ciência visual, evitando assim que
ele precise apalpar toda a bandeja. O copo não deve estar muito cheio de bebida pa-
ra evitar derramamento.• Não deixe portas entreabertas no caminho, conserve-as
encostadas à parede ou fechadas.• É preciso tomar cuidado para não deixar objetos
cortantes ou muito aquecidos sobre a mesa da cozinha. É importante informar ao
portador de de�ciência visual onde �cam os lugares gordurosos, para que ele não
se encoste. (Disponível em: <http://www.saci.org.br/?modulo=akemi¶me-
tro=1689>. Acesso em: 27 jan. 2011).
De�ciência física
A de�ciência física pode ser de�nida como uma alteração completa ou parcial
de um ou mais segmentos do corpo humano, levando ao comprometimento da
função física e dos seguintes tipos: , paraparesia, monoplegia, mo-
noparesia, , tetraparesia, triplegia, triparesia, , hemipare-
sia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo,
membros com deformidade congênita ou adquirida (BRASIL, 2004).
Assim como também ocorre com os outros tipos de de�ciência, a física pode
ocorrer em três momentos: antes, durante ou após o nascimento. Problemas
com o bebê durante o nascimento (falta de oxigênio no cérebro), acidentes de
trabalho ou automobilísticos são algumas das principais causas da de�ciência
física.
Vale destacar que pessoas com de�ciência física requerem ambientes adapta-
dos, ou seja, a eliminação de barreiras arquitetônicas.
De�ciência múltipla
O termo De�ciência Múltipla refere-se aos casos em que a pessoa tem um ou
mais tipos de de�ciência associados e seu nível de comprometimento. Tais
associações podem ser física, sensorial, mental, emocional ou de comporta-
mento social, tendo como referência as possíveis associações: surdez com de-
�ciência mental leve ou severa; surdez com distúrbios neurológicos, de condu-
ta e emocionais; surdez com de�ciência física (leve ou severa); baixa visão
com de�ciência mental leve ou severa; baixa visão com distúrbios neurológi-
cos, emocionais e de linguagem e conduta; baixa visão com de�ciência física
(leve ou severa); cegueira com de�ciência física (leve ou severa); cegueira com
de�ciência mental (leve ou severa); cegueira com distúrbios emocionais, neu-
rológicos, conduta e linguagem.
A ideia de que o superdotado sempre vai bem na escola também é um mito. Muitas
vezes, ele apresenta desempenho acima da média em uma disciplina, mas não vai
tão bem nas outras. Além disso, di�culdades de aceitação e falta de valorização do
talento fazem muitos superdotados negarem suas habilidades e terem mau com-
portamento na sala de aula. O tédio em relação aos conteúdos da escola, que muitos
já dominam, também pode fazer que eles se desinteressem pelas tarefas. "Muitas
vezes, as atividades escolares são entediantes e direcionadas a um tipo só de res-
posta, sem a valorização do pensamento criativo. Quando o aluno não é atendido
em suas necessidades, tende a negar o talento", diz a psicóloga Jane Farias Chagas,
da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (MANTOVANI, 2006).
Uma vez identi�cado o talento acima da média, recomenda-se que sejam criadas
condições para que ele se desenvolva. Para isso, pode-se recorrer a atividades ex-
traclasse ou a um programa especializado, como as salas de recurso, onde a crian-
ça pode desenvolver projetos relacionados a suas potencialidades e conviver com
outras crianças de características parecidas. Quem mora em cidades que não te-
nham centros especializados como esses pode recorrer a mentores --especialistas
que aceitem acompanhar crianças que tenham talento para sua área de atuação.
Condutas Típicas
Joãozinho é um garoto que começou a freqüentar a primeira série do ensino funda-
mental, no início do ano. Ele parece ser meio esquisito, pois não olha no rosto das
pessoas, de jeito nenhum! Fica sempre cabisbaixo, e não fala com ninguém. Se al-
guém lhe faz uma pergunta, ele continua olhando na direção do chão, e não solta
um som sequer. A professora já tentou falar com ele, abordando assuntos diferen-
tes, convidando-o para brincar com os outros meninos, elogiando sua roupa,
mas...que nada! Ele continua sem falar, e sem olhar para ninguém. Quando a pro-
fessora propõe alguma atividade a ser feita na lousa, ele sequer levanta da carteira.
Se ela o segura pelo braço, e leva até a lousa, ele a acompanha com mansidão, mas
sempre olhando para o chão, sem dizer nada. Também não faz o que a professora
pede... Quando, de outra feita, a professora pede aos alunos que façam alguma ativi-
dade no caderno, ele ainda não se mexe. A professora, ou algum coleguinha lhe põe
o lápis de cor na mão, e ele o segura...mas ainda assim continua parado, olhando
para baixo, sem fazer o que lhe está sendo solicitado (BRASIL, 2006 p. 11).
O exemplo mostrado no início do tópico ilustra uma situação que, para muitos
professores, não soaria como conduta típica, pois o aluno “está sempre quieti-
nho”, “sem conversar”.
Pois é, mas este caso é tão preocupante quanto os mais conhecidos e ilustra-
dos na situação a seguir.
Mário, aluno da segunda série do 1.o ciclo, chega sempre atrasado para a aula e as-
sim que chega, parece que um liquidi�cador foi ligado na sala de aula! Ele não para
sentado um minuto sequer, puxa os cabelos da colega que se senta à carteira da
frente, põe o pé à frente do colega que está passando, pega a borracha de um, o lápis
de outro, a lancheira de outro! A professora já tentou conversar com ele com calma,
já �cou brava, já deu até uns berros com ele... que nada! Ele faz uma carinha de sa-
fado, dá de ombros, dá risada, e continua andando pela sala o tempo todo, mexendo
com tudo e com todos. Parece que a energia dele é in�nita, e que ele tem eletricida-
de dentro do corpo!! (BRASIL, 2006, p. 12).
1) Desatenção
2) Hiperatividade
3) Impulsividade
De acordo com o DSM IV, as pessoas com Transtorno Autista podem demons-
trar pouco ou nenhum interesse pelo estabelecimento de amizades; sendo que
aqueles que têm interesse por amizades, não compreendem as convenções da
interação social. Pode, também, ocorrer nessas pessoas uma falta de busca es-
pontânea pelo prazer compartilhado, interesses ou realizações com outras
pessoas. Uma falta de reciprocidade social ou emocional também pode estar
presente (por exemplo: não participar ativamente de jogos ou brincadeiras so-
ciais simples, preferindo atividades solitárias); podendo, ainda, ignorar as ou-
tras crianças (incluindo os irmãos), podem não ter ideia das necessidades dos
outros, ou não perceber o sofrimento de outra pessoa.
Outro fator que sofre alteração é a comunicação. Pode haver atraso ou falta to-
tal de desenvolvimento da linguagem falada, por exemplo. Além disso, podem
estar ausentes os jogos variados e espontâneos de faz-de-conta ou de imitação
social, apropriados ao nível de desenvolvimento.
4. Considerações
Nesta unidade, você estudou sobre a prevenção nos níveis primário, secundá-
rio e terciário, bem como as medidas que podem ser realizadas em cada um
desses níveis para evitar ou minimizar as de�ciências. Apresentamos, tam-
bém, as de�ciências que caracterizam os alunos com necessidades especiais,
os quais estão sendo incluídos na escola comum, e, ainda, suas principais ca-
racterísticas.
g01076-fev-2024-grad-ead/)
Objetivos
• Entender as possibilidades de adaptações curriculares necessárias ao
processo-ensino aprendizagem dos alunos com necessidades educacio-
nais especiais.
• Compreender a importância do uso de recursos pedagógicos no proces-
so ensino aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais es-
peciais.
• Reconhecer as estratégias e as metodologias mais adequadas na educa-
ção dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Conteúdos
• Adaptações curriculares de grande, médio e pequeno porte.
• Adaptações curriculares previstas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais para a .
Cabe ressaltar que a educação inclusiva deve ser uma meta prevista no
Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição. Do contrário, a cultura organi-
zacional da escola se constituirá em um obstáculo à implementação das adap-
tações necessárias, as quais devem ser concebidas como decisões institucio-
nais.
Vocês devem ter percebido que as adaptações curriculares não devem se de-
senvolver apenas entre o professor e seu aluno, mas devem contemplar tam-
bém o projeto político pedagógico, o currículo desenvolvido na sala de aula,
bem como o próprio aluno.As adaptações em nível do Projeto Político
Pedagógico são ajustes feitos no currículo, pretendendo sua �exibilização a�m
atender as necessidades dos alunos.
Percebe-se, então que a escola comum precisa implementar ações que tenham
sentido tanto para os alunos ouvintes quanto para os surdos. As questões re-
lacionadas a inclusão dos alunos com surdez no ensino comum vai além da
utilização de uma língua, os surdos precisam de ambientes educacionais esti-
muladores, que desa�em o pensamento, explorem suas capacidades, em todos
os sentidos.
Nesse sentido, Ann e Frierson apud Souza, 2009, referem que o professor só
poderá realizar um bom trabalho em relação à criança com altas habilidades,
se �car atento às suas reais necessidades e se for capaz de re�etir sobre a pre-
paração de programas educacionais que vão ao encontro do interesse da cri-
ança superdotada.
O documento deixa bem claro que a inclusão é uma ação coletiva, e por isso
requer o envolvimento de toda a comunidade escolar. No entanto, a participa-
ção de uma equipe de apoio formada por pro�ssionais especializados pode
ajudar sobremaneira, orientando as ações e dando suporte necessário à reso-
lução dos problemas que possam surgir no decorrer do processo de inclusão.
O material intitulado “Projeto Escola Viva” (BRASIL, 2002) veiculado pelo MEC
apresenta algumas sobre as adaptações dicas organizativas que podem auxi-
liar o professor em sala de aula. Estas dicas estão listadas abaixo:
Esses foram apenas alguns exemplos das adaptações curriculares que pode-
rão ser realizadas, em especial pelo professor, visando garantir o acesso dos
alunos com necessidades especiais ao currículo. Cabe destacar que as adapta-
ções não comprometem o trabalho realizado pelo professor, pelo contrário,
normalmente, a adaptação realizada para o aluno com necessidades especiais
acaba favorecendo a turma toda. Adicionalmente, a realização das adaptações
poderá ser orientada pelo professor especializado.
2. Considerações
Pelo exposto neste texto, você pôde veri�car que as políticas educacionais têm
apontado alguns caminhos, como as adaptações curriculares. Entretanto, o
governo tem atribuído muita responsabilidade à escola e não vem se compro-
metendo plenamente com a questão. Ele aponta, por exemplo, a necessidade
de reorganização das condições de ensino, mas não garante condições para
isso de fato, ou seja, não investe o necessário na organização das condições.
Sabe-se que o número de alunos na sala de aula é uma condição decisiva no
atendimento de alunos com necessidades especiais pelos contextos comuns
de ensino, todavia, as classes das escolas públicas continuam superlotadas
mesmo quando há alunos com necessidades especiais. A escola, sozinha, não
conseguirá organizar a educação inclusiva.
É preciso que haja muito compromisso e vontade política com a questão, o que
envolve investimento na organização das condições físicas, materiais e hu-
manas. Isso não signi�ca que o professor deve �car de braços cruzados espe-
rando as condições ideais. Pelo contrário. Ele deve se engajar na luta por uma
escola com melhor qualidade.