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Políticas em Educação
Especial
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1. OBJETIVOS
• Conhecer as principais políticas públicas na área da Edu-
cação Especial.
• Compreender as políticas que fundamentam a educação
inclusiva.
• Compreender a educação inclusiva como parte de um
movimento social, político, histórico e cultural.
2. CONTEÚDOS
• Evolução histórica das políticas em educação especial.
• Educação inclusiva na interface das políticas educacionais.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
[...] o conceito de inclusão escolar é ambíguo, porque ele assume
o significado dentro de contextos históricos determinados que lhe
dão definição, conclui-se também que cada comunidade deve bus-
car melhor forma de definir e fazer a sua própria política de inclu-
são escolar, respeitando as bases históricas, legais, filosóficas, polí-
ticas e também econômicas do contexto no qual ela irá efetivar-se
(MENDES, 2006, p. 401).
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É importante ressaltar que, de acordo com os princípios da normalização e inte-
gração, o aluno com deficiência poderia ser inserido na classe comum, desde que
demonstrasse condição para responder às exigências desse contexto. Ou seja, a
escola e, especificamente, a classe comum não se modificavam para atender às
necessidades desses alunos. Eram eles e suas famílias os responsáveis pelo su-
cesso ou insucesso escolar. A passagem do aluno de um serviço mais segregado
para outro “mais integrador" dependia, basicamente, do progresso do aluno. As
ideias defendidas pelos princípios da normalização e integração subsidiaram as
políticas oficiais de educação especial nas décadas de 1970 e 1980. Caso você
tenha alguma dúvida sobre os conceitos de normalização e integração estude
novamente a Unidade 1.
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Dando continuidade a nosso estudo, outro documento mui-
to importante que reflete na educação especial é a Constituição
Federal de 1988. Ela apresenta como um de seus principais ob-
jetivos "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação"
(BRASIL, 1988, p. 3), o que retrata a preocupação com a igualda-
de de condições e com a superação de práticas discriminatórias.
Tais ideias serão, gradativamente, fortalecidas em outras políticas
e acabam se configurando em questões centrais do pensamento
no final do século 20 e início do 21.
Ainda sobre a Constituição, merecem destaque os arts. 205,
206 e 208. Leia-os a seguir:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do estado e da famí-
lia, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princí-
pios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado median-
te a garantia de:
III - atendimento educacional especializado aos portadores de de-
ficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL,
1988, p. 137-138).
Esses professores também podem dar apoio aos professores do ensino comum,
viabilizando a inclusão dos alunos com necessidades especiais. Por exemplo, o
professor responsável pela sala de recursos de surdos deve, entre outras ativi-
dades, visitar as escolas comuns com surdos inseridos e orientar os professores
quanto aos procedimentos de ensino e avaliação dos alunos. O mesmo deve ser
realizado pelo professor especializado responsável pela sala de recursos para
cegos. Esses professores especializados, responsáveis pela sala de recursos
da rede estadual, podem, também, assumir o atendimento aos alunos matricula-
dos nas escolas municipais, bem como dar apoio aos seus professores. Dessa
maneira, estabelece-se uma parceria entre a rede municipal e a rede estadual
no atendimento do aluno com necessidades educacionais especiais. Entretanto,
com a ampliação de matrícula desses alunos na classe comum, muitas delas
municipais, o ideal é que a rede municipal também organize a sua própria equipe
de educação especial para apoiar a inclusão.
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O atendimento educacional especializado para a criança pe-
quena (de 0 a 3 anos de idade) deve ser realizado pelos serviços
de intervenção precoce em parceria com os serviços de saúde e
assistência social (BRASIL, 2007).
Em relação ao atendimento especializado ao aluno do Ensino
Fundamental e Médio, ele deve ser realizado em turno contrário
ao que o aluno frequenta o ensino comum e deve ser feito na pró-
pria escola, em outra que ofereça a sala de recursos, ou em centro
especializado que realize esse serviço. De acordo com os princí-
pios da educação inclusiva, o atendimento especializado deve ser
realizado, preferencialmente, por serviços disponíveis no próprio
ensino comum, como a sala de recursos.
A sala de recursos é responsável por apoiar o trabalho reali-
zado na classe comum. Portanto, organiza-se a partir do programa
pedagógico desenvolvido na classe comum. Ela incrementa esse
programa com recursos, conteúdos e procedimentos didáticos es-
pecíficos, os quais possibilitam o acesso ao currículo e o sucesso
acadêmico do aluno com necessidades educacionais especiais a
partir de programas individualizados de atendimento. Além disso,
o professor especializado também pode orientar os professores do
ensino comum em relação aos procedimentos de ensino e de ava-
liação mais adequados às especificidades do aluno.
6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Aproveite este momento para, por meio de uma autoavalia-
ção, saber como está indo a sua aprendizagem. Tente responder,
para si mesmo, às questões a seguir:
1) As políticas educacionais vigentes até a década de 1990 favoreceram a in-
tegração e a organização da Educação Especial como um sistema paralelo à
educação comum. Dê exemplos dessa afirmação e explique.
7. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você estudou as principais políticas que têm
orientado a Educação Especial no país. Adicionalmente, pôde co-
nhecer e compreender o significado das políticas que orientam a
Educação Inclusiva na atualidade. Percebeu as possibilidades que
elas apresentam, bem como os seus limites. Por fim, você deve
ter se conscientizado que as políticas, por melhores que sejam,
não são capazes, sozinhas, de promover o desenvolvimento da
educação inclusiva no país. É necessário que a sociedade, de uma
maneira geral, participe, lutando pelos direitos das pessoas com
necessidades educacionais especiais e fazendo valer o que já foi
politicamente conquistado.
8. EͳREFERÊNCIA
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política nacional de
educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2007.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>. Acesso em:
11 jan. 2011.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasília: Centro Gráfico, 1961.
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Brasília: Centro Gráfico, 1996.
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Brasília: Presidência da República, Casa Civil, 2002.
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______. Estatuto da criança e do adolescente no Brasil (lei nº. 8.069). Brasília: Centro
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______. Ministério da Educação: aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras
providências (lei nº. 10.172). Brasília, 2001.
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PEDROSO, C. C. A. O aluno surdo no ensino médio da escola pública: o professor fluente
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