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Educacao Especial Apostila
Educacao Especial Apostila
Educação especial
SUMÁRIO
CAPÍTULO 2: Panorama histórico das concepções sociais e educacionais das pessoas com deficiência
3.3 Adaptações
3.4.2 Classificação
3.4.5 Adaptações
4.1.1 Classificação
4.1.3 Identificação
4.1.4 Adaptações
4.2.1 Causas
4.4 Autismo
4.4.1 Tratamento
7.1 A educação especial nas leis dos governos e dos órgãos internacionais
7.3 Declaração de Jomtien (confederação mundial sobre educação para todos – Tailândia, 1990)
7.4 Declaração de Salamanca (Confederação Mundial sobre necessidades educacionais especiais – Espanha, 1994)
7.5 Declaração da Guatemala (Convenção Interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as
pessoas portadoras de deficiência, 1999)
10.3 Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica – Resolução 02/ 2001
EMENTA
Educação Especial: conceitos, definições e princípios fundamentais. Panorama histórico das concepções sociais
e educacionais com relação às pessoas com deficiência. Alunos com necessidades educacionais especiais:
pessoas com deficiência. Atendimento educacional dos alunos com necessidades educacionais especiais.
OBJETIVOS
• Analisar a trajetória histórica da educação inclusiva no sistema educacional mundial e brasileiro.
• Apresentar conceitos e princípios da educação especial/inclusiva.
• Propiciar estudos sobre a construção da inclusão a partir da educação.
• Propiciar estudos sobre os alunos com necessidades educativas especiais.
• Apresentar a importância do educador frente à educação inclusiva.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
MAZZOTA, Marcos José Silveira. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez,
1999.
PERRENOUD, Phillippe. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
RODRIGUES, David (Org.). Inclusão e educação, doze olhares sobre a educação inclusiva. In: CORREIA, Luis
de Miranda. Dez anos de Salamanca, Portugal e os alunos com necessidades educativas especiais. São Paulo:
Summus Editorial, 2006.
SILVA, Shirley; VIZIM, Marli. Educação Especial: múltiplas leituras e diferentes significados. São Paulo:
Mercado das Letras, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação inclusiva: atendimento
educacional especializado para a Deficiência Mental. Brasília, 2005.
______. Política nacional de educação especial. Brasília: SEESP, 2001.
______. Secretaria de Educação Especial. Projeto Escola Viva. Garantindo o acesso e permanência de todos os
alunos na escola – Alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, 2000.
CARVALHO, Rosita E. A nova LDB e a educação especial. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
FERREIRA, Elisa Caputo; GUIMARAES, Marly. Educação inclusiva. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
GAIO, Roberta; MENEGUETTI, Rosa. Caminhos pedagógicos da educação especial. São Paulo: Vozes, 2004.
LIMA, P. A. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo: AVERCAMP, 2006.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
Portanto, a partir de alguns pontos de vista, a educação inclusiva pode ser considerada como
A fundamentação de uma sociedade inclusiva está pautada em uma filosofia que reconhece e valoriza a
diversidade, como característica essencial à constituição de qualquer sociedade. Por meio desse princípio ético,
Na década de 60, pais e familiares de pessoas com necessidades especiais se unem e se organizam em
prol de um atendimento de qualidade para as pessoas com necessidades educacionais especiais. Criticam a
segregação e o afastamento da sociedade. A educação especial, no Brasil, aparece pela primeira vez na Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) n. 4.024/61. Essa lei regulamenta as políticas e propostas educacionais para as pessoas
com necessidades especiais, estabelecendo, organizando e atribuindo funções aos serviços públicos e privados.
O atendimento das pessoas com necessidades especiais é realizado ainda de maneira inadequada, mas já é
introduzido um apoio financeiro para as instituições particulares credenciadas junto aos Conselhos Estaduais de
Educação.
Na década de 70, nos Estados Unidos, pesquisas científicas marcam avanços consideráveis na promoção
da qualidade de vida dos mutilados da Guerra do Vietnã. Dessa maneira, a educação inclusiva tem seu começo
nos Estados Unidos por meio da Lei n. 94.142/75, que gera uma mudança nos currículos e a criação de um
sistema integrado de informação entre escolas, bibliotecas, hospitais e clínicas (BENCINI, 2001).
Em 1996, na reunião dos ministros da educação da América Latina e do Caribe (Kingston), foi fechado
um acordo sobre o fortalecimento de condições e estratégias para o atendimento a crianças com necessidades
educacionais especiais, dificuldades de aprendizagem, escolaridade inadequada, vindas de ambientes sociais
periféricos.
No ano de 2000, na Reunião das Américas, preparatória do Fórum Mundial de Educação para Todos (São
Domingos), afirma-se o compromisso de elaborar políticas de educação inclusiva, dando-se preferência aos
grupos mais excluídos.
Em 2001, acontece a VII Reunião Regional de Ministros da Educação (Cochabamba). Nessa reunião, são
reafirmados a valorização, a diversidade e o interculturalismo como dados de desenvolvimento da
aprendizagem. Sugere-se que os procedimentos pedagógicos considerem as diferenças sociais, culturais, de
gênero, de capacidade e de interesses, com vistas a uma melhor aprendizagem, à compreensão mútua e à
convivência.
No ano de 2003, é criado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. Conforme os
pressupostos legais e conceituais de uma educação de qualidade para todos, o programa têm o objetivo de
difundir a política de educação inclusiva nos municípios brasileiros e de apoiar a formação de gestores e
educadores para concretizar a mudança dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos,
garantindo o direito de acesso e permanência escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais. O
programa contou com a adesão de 144 municípios-pólo, que atuam como multiplicadores da formação de mais
de 4.646 municípios da área de abrangência.
Por meio desse programa, o Ministério da Educação e a Secretaria de Educação Especial adotaram o
compromisso de fomentar a política de construção de sistemas educacionais inclusivos. O processo foi
implementado nos municípios brasileiros, agrupando recursos da comunidade e consolidando convênios e
parcerias para abonar o atendimento das necessidades educacionais especiais dos alunos. Numa ação
compartilhada, o programa disponibilizou equipamentos, mobiliários e material pedagógico para a implantação
de salas de recursos para a organização da oferta de atendimento educacional especializado nos municípios-
pólo, com vistas a apoiar o processo de inclusão educacional na rede pública de ensino.
CAPÍTULO 2: Panorama histórico das concepções sociais e educacionais das pessoas com
deficiência
Conforme define a atual LDB n. 9.394/96, educação especial é uma modalidade de educação escolar,
voltada para a formação de pessoas com necessidades educativas especiais. O projeto, a organização e a prática
pedagógica das instituições de ensino devem respeitar a diversidade dos alunos, como elemento principal,
integrante e distinto do sistema educacional, e oferecer diferenciações nos atos pedagógicos que contemplam as
necessidades educacionais de todos os alunos. Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não
podem se desenvolver isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação e visar as suas
finalidades gerais. Na LDB, são analisados dispositivos referentes à educação especial que apontam uma ação
mais ligada ao sistema e aos programas do ensino regular. A LDB n. 9394/96 reserva um capítulo exclusivo à
educação especial e reafirma o direito à educação pública e gratuita das pessoas com deficiência, com condutas
típicas e com altas habilidades.
Nas Leis n. 4.024/61 e n. 5.692/71, não se dava muita importância a essa modalidade educacional. A
presença da educação especial na LDB n. 9.394/96 certamente reflete um crescimento da área em relação à
educação geral nos sistemas de ensino.
Na Resolução CNE/CEB n. 2/2001, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,
consideram-se ajudas técnicas os elementos que permitem compensar uma das limitações funcionais motoras,
A definição de ajudas técnicas está conceituada no artigo 19, parágrafo único, do Decreto n. 3.298/99.
Essa definição, no âmbito pedagógico, relaciona- se com a ajuda que pode ser proporcionada a alunos e
professores e está contemplada no Parecer CNE/CEB n. 17/2001:
Conforme a Resolução CNE/CEB n. 2/2001, alunos com necessidades educacionais especiais são aqueles
que, durante o processo educacional, apresentam:
a) dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento, que
dificultam o acompanhamento das atividades curriculares e que são compreendidas em dois grupos:
• aquelas necessidades não vinculadas a uma causa orgânica específica;
• aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;
b) dificuldades que demandam a utilização de linguagem e códigos aplicados;
c) altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que levam a dominar rapidamente
conceitos, procedimentos e atitudes.
O trabalho realizado pelos profissionais da educação se volta ao auxílio desses alunos. Tais profissionais
necessitam estar preparados para atuar em classes comuns com alunos que apresentam alguma deficiência.
Nesse sentido, o art. 208 da Resolução CNE/CEB n. 2/2001 aponta algumas competências necessárias ao
professor:
• perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos;
• flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento;
• avaliar, continuamente, a eficácia do processo educativo;
• atuar em equipe, inclusive com professores especializados em educação especial.
O Parecer CNE/CEB n. 17/2001 deixa claro que cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa e às
universidades, o desenvolvimento de estudos na busca de melhores recursos para auxiliar/ampliar a capacidade
das pessoas com necessidades educacionais especiais de se comunicar, de se locomover e de participar de
Você percorreu um panorama histórico das concepções sociais e educacionais com relação às pessoas
com deficiência no contexto educacional. Agora é importante para você, discente do curso de Pedagogia, ter
conhecimento e embasamento sobre algumas deficiências discutidas na atualidade, tais como a deficiência física
e a deficiência auditiva.
Ressaltamos que a deficiência física e a auditiva estão citadas na Lei n. 7.853/89.
Para iniciar nossa conversa sobre os tipos de deficiências, é necessário que seja retomado o que a lei
garante quanto às condições de cada classificação e o que aprova em relação ao atendimento dos alunos com
necessidades educativas especiais. No artigo 1º do capítulo 1º do Decreto n. 3.298/99, que regulamenta a Lei n.
7.853/89, encontramos um conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos
direitos individuais e sociais das pessoas que apresentam alguma deficiência (BRASIL, 2002).
Podemos definir a deficiência como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou de uma função
psicológica, fisiológica ou anatômica (paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,
tetraparesia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral,
membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de funções) que torne um indivíduo incapaz de desempenhar uma atividade,
dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
A deficiência pode ser considerada permanente a partir do momento em que é possível descartar qualquer
recuperação ou probabilidade de alteração.
A incapacidade do deficiente implica na necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos
especiais para seu bem-estar ou o desempenho de determinada atividade (BRASIL, 2002).
3.3 Adaptações
Ao ensinar crianças e jovens com deficiência física a escrever, devemos escolher o processo mais rápido,
correto e fácil. Para alguns, embora com a mão deficiente, a aprendizagem da escrita é possível; para outros
3.4.5 Adaptações
É importante que a criança seja inserida em um sistema comunicativo em que sinais e falas estejam
presentes, para abrir a possibilidade do diálogo e da representação na criança surda; que seja inserida em sala de
aula em idade anterior à usual e em condições qualitativamente melhores; que seja aberta a possibilidade de
convívio e intercâmbio entre as crianças e as famílias, ampliando as vivências relativas à surdez e às suas
questões.
Atualmente, o uso de aparelhos auditivos e de implantes cocleares tem auxiliado no processo de
adaptação dos alunos com deficiência auditiva ao convívio escolar, familiar e social.
Ao dar explicações, o professor deve usar gestos bem acentuados e linguagem de sinais. A posição do
professor deve ser tal que a luz incida sobre o seu rosto para que o aluno possa vê-lo com facilidade,
4.1.1 Classificação
A deficiência visual pode ser classificada em cegueira e baixa-visão. Vejamos os dois casos.
a) Cegueira: perda total da visão em ambos os olhos ou resíduos mínimos de visão que levam o indivíduo
à necessidade do sistema Braille, como meio de leitura e escrita, e do sorobã, para o raciocínio lógico
matemático.
b) Baixa-visão: perda parcial da visão com correção óptica máxima que permita ao educando ler
impressos à tinta, desde que não se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais.
Variáveis que podem interferir no desenvolvimento educacional do deficiente visual:
• idade da manifestação;
• tempo transcorrido;
• tipo de manifestação (súbita ou gradativa);
• causa do distúrbio: pode indicar se o estado geral do indivíduo está comprometido ou não.
Segundo Kirk (1996), podemos dividir as causas da seguinte maneira:
• causas congênitas: amaurose congênita de Leber, malformações oculares, glaucoma congênito, catarata
congênita;
• causas adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, alterações
retinianas relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.
4.1.3 Identificação
Segundo Kirk (1996), é possível observar sinais de deficiência visual na criança, ao perceber desvio de
um dos olhos, não acompanhamento visual de objetos, não reconhecimento visual de familiares, baixo
rendimento escolar. No adulto, pode ocorrer o borramento eventual da visão, a insurgência de vermelhidão,
4.1.4 Adaptações
O Ábaco ou Sorobã é um instrumento de calcular característico dos povos orientais. Já era utilizado, bem
antes da era cristã. Os deficientes visuais utilizam o Sorobã na realização de operações matemáticas.
O Sistema Braille é o mais completo, perfeito, seguro e eficiente meio de acesso à instrução, à cultura e à
educação para a integração social das pessoas cegas.
Criado por Louis Braille na França, em 1825, o Sistema Braille é um dos códigos de apoio da língua, cuja
importância reside no fato de habilitar o ser humano a compreender o mundo por meio de um sistema
organizado de símbolos, substituindo o alfabeto convencional por um alfabeto de pontos em relevo, o que
possibilita ao deficiente visual a escrita e a leitura.
A escola deve oferecer material didático pertinente como: regletes, instrumentos para escrita em Braille,
sorobã ou ábaco japonês, sintetizadores de voz, softwares para deficiências visuais, auxílios ópticos. Entre os
softwares, há os que ampliam o texto, os que lêem o texto e sintetizam a voz e o DOSVOX.
Quanto à introdução dos conteúdos para os alunos que possuem deficiência visual, é necessário que o
professor tenha alguns cuidados como os relatados a seguir (BRASIL, 2003).
• O professor deve ler o que está no quadro ou no suporte utilizado.
• O material de estudo deve ser fornecido ao aluno em áudio, disquete,
Braille ou textos ampliados, com antecedência, considerando o tempo necessário para sua transcrição.
No ambiente escolar, é necessário agir naturalmente, com respeito, consideração e atenção, sem
superproteção.
A deficiência mental pode requerer um pouco mais de tempo para o aprendizado, mas permite adquirir
variadas habilidades. É importante ressaltar que é necessário tratar a pessoa com deficiência mental sempre de
acordo com a idade mental e cronológica que apresenta.
4.2.1 Causas
4.4 Autismo
Facilmente confundido com deficiência mental, o autismo é um transtorno do desenvolvimento que
geralmente está associado a outras deficiências. As causas ainda não foram descobertas, mas, ao contrário do
que se imagina, é possível evitá-lo, por meio de procedimentos pré-natais e/ou neonatais já destacados nas
outras deficiências.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento independente de classe social e econômica, e quem o
possui apresenta, em muitos quadros, quociente de inteligência (QI) abaixo da média (BRASIL, 2005).
Em cooperação internacional, os especialistas concordaram em usar alguns critérios de comportamento
para diagnosticar o autismo. Atualmente, o diagnóstico da pessoa autista é realizado com base no Manual de
Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM-IV), da Associação Psiquiátrica Americana, ou por meio
da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), publicada pela Organização Mundial de Saúde.
O autismo se manifesta por uma marcante lesão na interação social, com diminuição no uso de
comportamentos não verbais como contato ocular (o autista evita olhar nos olhos do interlocutor), expressão
4.4.1 Tratamento
De acordo com a Associação de Amigos do Autista (AMA), criada em 1983, não há cura para o autismo.
A pessoa autista pode ser acompanhada e pode desenvolver suas habilidades de uma forma mais intensiva do
que outra pessoa que não apresente o mesmo quadro. Poderá, então, assemelhar-se muito a uma pessoa não
autista em alguns aspectos de seu comportamento. Porém sempre existirão dificuldades, tais como comunicação
e interação social. O autista pode desenvolver comunicação verbal, integração social, alfabetização e outras
habilidades, dependendo de seu grau de comprometimento e da intensidade e adequação do tratamento que, em
geral, é realizado por equipe multidisciplinar nas áreas de fonoaudiologia, psicologia, pedagogia, educação
física, musicoterapia, psicopedagogia e outras.
Quanto ao lócus do atendimento, a CF/88 e a LDB/96 adotam a mesma perspectiva. Estabelecem que o
atendimento educacional especializado e a educação especial, como respectivamente estão denominados nesses
documentos, devem ser oferecidos “preferencialmente na rede regular de ensino” (art. 208, inc. III, da CF/88 e
Essas considerações contribuem para melhor contornar os pressupostos que embasam a inclusão escolar,
que deve ser caracterizada como um processo, à medida que as soluções vão sendo estruturadas para enfrentar
as barreiras impostas à aprendizagem dos alunos, barreiras essas que sempre existirão, porque haverá novos
ingressantes. E mesmo os alunos já existentes trarão sempre novos desafios cujas respostas atuais podem não ser
suficientes.
No âmbito particular das indicações para sua execução no plano das escolas, para Stainback e Stainback
(1999, p. 21-22), há três componentes práticos interdependentes no ensino inclusivo. O primeiro deles é a rede
de apoio, o componente organizacional, que envolve a coordenação de equipes e de indivíduos que apóiam uns
aos outros por meio de conexões formais e informais; grupos de serviço baseados na escola, grupos de serviço
baseados no distrito e parcerias com agências comunitárias. O segundo componente é a consulta cooperativa e o
trabalho em equipe, o componente de procedimento, que envolve indivíduos de várias especialidades
trabalhando juntos para planejar e implementar programas para diferentes alunos em ambientes integrados. O
terceiro é a aprendizagem cooperativa, o componente do ensino, que está relacionado à criação de uma
As primeiras idéias sobre integração surgiram como resposta social às condições a que foram submetidas
as pessoas com necessidades especiais por vários séculos. Totalmente excluídas da sociedade até o século
XVIII, as pessoas com deficiências eram internadas em orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de
instituições do Estado. Ali ficavam junto a delinqüentes, idosos e pobres.
Mantoan (1995) explica que, no início do século XIX, inicia-se o período da institucionalização
especializada de pessoas com necessidades especiais, momento que marca o início da educação especial, em
uma perspectiva assistencial e segregativa. Nesse período, integrar significava o esforço de inserir na sociedade
pessoas com deficiências que tivessem alcançado algum nível de competência compatível com os padrões
sociais vigentes. Sugeria-se que a integração do indivíduo deficiente só ocorreria caso ele fosse capacitado a
superar as barreiras físicas, pragmáticas e atitudinais existentes na sociedade, dando ênfase na reabilitação, na
época, objetivo principal das escolas especiais.
A partir da década de 70 do século passado, surgiu um movimento contra a institucionalização e
segregação, com ênfase no integracionismo, que deu origem à implantação de serviços de apoio à manutenção
Essa afirmativa traz implícita outra: as providências em prol da integração na escola não devem partir
apenas dos educadores especializados, mas de todos os envolvidos no processo escolar. O risco, com efeito, é de
apenas inserir o aluno com necessidades especiais no convívio com outras crianças, sem que se efetivem trocas
interativas com plena aceitação desse aluno com necessidades especiais.
Para Glat (1995), a integração não pode ser vista simplesmente como um problema de políticas
educacionais ou de modificações pedagógico-curriculares na educação especial. Integração é também um
processo subjetivo e inter-relacional. Glat (1995) demonstra que, embora seja possível cumprir uma lei que
obrigue as escolas a receberem crianças especiais em suas classes, não se pode fazer uma lei obrigando que
pessoas aceitem e sejam amigas das pessoas com deficiência. O que ele quer dizer é que a integração também é
um processo individual.
Cabe aos profissionais da educação especial oferecer a essa clientela uma conscientização de sua
condição psicossocial e a instrumentalização para lutar por uma condição de vida mais ampla.
Com esse olhar sobre a integração, deixamos de ver o aluno especial como um objeto de estudo ou um
agente passivo de nossas decisões educacionais, e passamos a entender que esse indivíduo é também um
consumidor ou usuário do saber e dos serviços que temos a oferecer, auxiliando-o na difícil missão de romper
barreiras físicas, afetivas e sociais que lhe impedem de viver plenamente como qualquer outra pessoa.
No ensino regular, a presença de alunos com necessidades educacionais especiais, embora torne o
conjunto da turma de alunos mais heterogêneo e complexo, também o torna mais rico. Assim, a educação
inclusiva trata da questão da diversidade humana, por meio da defesa de princípios e valores éticos, de ideais de
cidadania, justiça e igualdade para todos.
O que se pretende, com essa conceituação de integração e inclusão, é mostrar como, embora sejam termos
com significados semelhantes, estão sendo empregados para expressar situações diferentes de inserção, com
posicionamentos divergentes para a consecução de suas metas. Mantoan (1995, p. 8) faz um comentário sobre
essa diferença existente entre integração e inclusão.
O paradigma vigente de atendimento especializado e segregativo é extremamente forte e enraizado no
ideário das instituições e na prática dos profissionais que atuam no ensino especial. A indiferenciação entre os
7.1 A educação especial nas leis dos governos e dos órgãos internacionais
A educação especial é parte da educação básica e perpassa todos os níveis de ensino. Visa atender aos
alunos com necessidades educacionais especiais, utilizando recursos materiais, equipamentos, estratégias e
metodologias que facilitem sua participação no processo educativo e favoreçam seu desenvolvimento e o pleno
exercício de sua cidadania.
Diante do exposto, é importante atentar para o fato de que a programação em educação especial é
individual, de acordo com as necessidades, as possibilidades, os ritmos e as características de cada criança.
7.3 Declaração de Jomtien (confederação mundial sobre educação para todos – Tailândia, 1990)
Os países que participaram, em 1990, da Confederação mundial sobre educação para todos reiteraram que
a educação é um direito fundamental de todos, independentemente de sexo, idade ou nacionalidade. Declararam
também que a educação é de fundamental importância para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades,
constrói um mundo mais seguro, sadio, próspero e ambientalmente mais puro, e favorece o progresso social,
econômico, cultural, a tolerância e a cooperação internacional.
Ao assinar a Declaração de Jomtien, o Brasil assumiu, perante a comunidade internacional, o
compromisso de erradicar, em seu território, o analfabetismo e de universalizar o ensino fundamental no País.
Para honrar esse compromisso, o Brasil tem criado instrumentos norteadores para a ação educacional e
Mantoan (2003) focaliza os questionamentos sobre a inclusão a partir de três pontos, que são o alvo de
toda ação inclusiva que queira revitalizar a educação escolar:
• a questão identidade versus diferença;
• a questão legal;
• a questão das mudanças.
Em uma dimensão analítica e transformadora, a ética vem respaldar a luta pela inclusão escolar das
pessoas e se opõe à ação conservadora que exclui os indivíduos nos espaços educacionais ou sociais. Toda ação
educativa deve apresentar como objetivo principal a convivência com as diferenças. A aprendizagem é uma
experiência feita de relações e de participação. A subjetividade do aprendiz é, ao mesmo tempo, prévia e
construída em grupo dentro da sala de aula.
A inclusão é resultado de uma educação plural, democrática e transgressora.
É causadora de crise de identidade escolar e institucional. Desestrutura também a identidade dos
professores, provocando assim uma (re)significação da identidade do aprendiz. Mantoan (2003) afirma que o
aprendiz da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem identidade presa a modelos ideais, imutáveis e
essenciais.
O modelo educacional excludente, normativo e elitista é desconstruído a partir do direito à diferença no
espaço social da escola. Segundo Mantoan (2003), é necessário reconhecer as culturas, a pluralidade, o
aparecimento de outras manifestações intelectuais, sociais e afetivas. Necessitamos estabelecer uma nova ética
escolar, que nasce de uma consciência ao mesmo tempo individual, social e, talvez, planetária. Ao pensar em
uma cultura global e globalizada,
Mantoan (2003, p. 33) afirma que
Parece contraditória a luta de grupos minoritários por uma política
identitária, pelo reconhecimento de suas raízes – como fazem os
surdos, os deficientes, os hispânicos, os negros, as mulheres, os
homossexuais. Há, pois, um sentimento de busca das raízes e de
afirmação das diferenças. Devido a isso, contesta-se hoje a
modernidade nessa aversão pela diferença.
Talvez em decorrência desse mito, na antiga Grécia, das crianças que nasciam com deficiências poucas
sobreviviam: algumas eram abandonadas, outras, eliminadas. Isso não era visto como um ato de crueldade, mas
como o cumprimento das ordens dadas pelos deuses gregos.
De acordo com Ferreira e Guimarães (2003), o universo do homem é simbólico.
O ser humano vive em grupos familiares, sociais, profissionais, e é nesse convívio que se determinam
suas atitudes, ações e reações. A concepção antropológica do grupo de pertença tem um peso considerável no
desenvolvimento da nossa auto-imagem. O homem age na sociedade em consonância com os papéis sociais a
ele atribuídos. Fica claro, portanto, que certos preconceitos sociais, ainda que recusados com firmeza, exercem
até hoje uma influência profunda. Ferreira e Guimarães (2003, p. 70) afirmam que os
A discriminação representa um peso social não só para a pessoa com deficiência, mas para toda a
sociedade. As definições de inclusão, vistas na aula anterior, sinalizam, em sua dimensão sócio-histórica, a
necessidade de aprofundar as dimensões da diversidade. Isso implica na busca de compreender a
heterogeneidade, as diferenças individuais e coletivas, as especificidades do ser humano e sobre tudo as
diferentes situações vividas na realidade social e no cotidiano escolar (BRASIL, 2002, p. 11). Precisamos
refletir sobre a diversidade na escola. De uma maneira tradicional a escola tem sido vista, em sua organização,
PROFA. GISELE DE JESUS NUNES SOARES Pá gina 46
Educação especial
segundo critérios seletivos e classificatórios, em conseqüência do enfoque homogeneizador do ensino. Isso se
reflete em um modelo marcado pela uniformidade no emprego do currículo, a partir dos falsos pressupostos de
que todos os alunos sejam iguais, aprendam da mesma maneira e tenham um mesmo ritmo de aprendizagem.
Por conseguinte, o aprendiz que não se adapta à metodologia da escola e ao currículo proposto é deixado à
margem, discriminado, muitas vezes afastado da escola ou encaminhado a especialistas com os mais variados
rótulos. Tendo em vista essa atitude discriminante e excludente, a escola tem contribuído muito mais para
aprofundar as desigualdades do que para resolvê-las (BRASIL, 2005, p. 37).
Precisamos pensar a inclusão numa perspectiva humana e sócio-cultural que procura enfatizar formas de
interação positivas. Precisamos olhar as possibilidades, proporcionar apoio às dificuldades, acolher as
necessidades, atender todos sem nenhum tipo de discriminação. Esse trabalho deve ser feito através de parcerias
com os pais, os alunos e a comunidade escolar, buscando sempre informações para que o processo de ensino e
aprendizagem realmente atenda as reais necessidades dos aprendizes, visando uma inclusão de todos no
processo educacional.
Surge então a necessidade de se compreender quais seriam as reais dificuldades que os alunos com
necessidades educacionais especiais encontram na classe comum, ou seja, nas salas de aula do ensino regular.
Com o propósito de igualar as oportunidades para todos, visando a uma educação realmente inclusiva, os
sistemas educacionais necessitam passar por reformas reais. Sua estrutura e sua organização devem ser
flexibilizadas, tanto no que se refere às formas de inclusão como ao currículo escolar.
A escola e a sociedade, ao pensar num processo inclusivo que atenda a diversidade humana, não devem
enfatizar as desvantagens ou deficiências do educando, mas sim a maneira de melhor compreender o contexto
educacional em que se manifestam as dificuldades, tornando mais adequado e acessível o currículo.
Dessa maneira, o discurso educacional, segundo Correia citado por Rodrigues (2006, p. 256), tem como
objetivo primordial responder às necessidades específicas dos aprendizes nos espaços educacionais,
fundamentando-se em três parâmetros distintos que permitem aos alunos corresponder, na medida do possível,
às solicitações do currículo comum do ano que freqüentam. Os problemas, assim, podem ser analisados como
emergentes
• de fatores sociais (pobreza, expectativas família/escola, diferenças culturais);
• dos ambientes de aprendizagem (ensino inadequado, recursos materiais insuficientes, recursos humanos
inexistentes);
10.3 Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica – Resolução 02/ 2001
Veremos agora como as escolas devem efetivar as necessárias adaptações curriculares para realizar uma
verdadeira educação inclusiva. Nosso referencial será a Resolução 2/01 que estabelece as diretrizes nacionais de
educação especial na rede regular de ensino.
A Resolução 2/01 prevê que o atendimento escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais
tenha início na educação infantil, em creches e pré-escolas, assegurando serviços de educação especial sempre
que se evidencie a necessidade de atendimento educacional especializado.
Os sistemas de ensino têm obrigação de matricular todos os alunos. As escolas não podem recusar a
matrícula de um aluno com deficiência, alegando não possuir estrutura para atendê-lo, mas devem organizar-se
para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições
necessárias para uma educação de qualidade para todos.
Todo sistema de ensino deve destinar recursos humanos, materiais e financeiros à criação de um setor de
educação especial, responsável pela política inclusiva da escola.
As necessidades educacionais especiais dos alunos são avaliadas durante o processo de ensino e
aprendizagem, em classes regulares, a partir de assessoramento técnico do setor de educação especial, da
experiência do corpo docente, da direção, da coordenação, da orientação e da supervisão educacional, dos
serviços de saúde, da assistência social e da colaboração da família.
A estrutura organizativa da escola deve apresentar projetos político-pedagógicos, currículos,
metodologias de ensino e recursos didáticos flexíveis, com capacidade de contemplar e atender as diferenças.
Apesar de a educação especial ser fornecida em classes regulares de ensino, nos casos em que for
necessário, não se despensa o apoio pedagógico especializado, mediante professores especializados em
educação especial, professores intérpretes de linguagens e códigos aplicáveis, professores e outros profissionais
A classe comum é um serviço que se efetiva por meio do trabalho de equipe, abrangendo professores da
classe comum e da educação especial, para o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos
durante o processo de ensino e aprendizagem. Pode contar com a colaboração de outros profissionais, como os
psicólogos escolares.
Na organização das classes comuns, faz-se necessário prever:
a) professores das classes comuns e da educação especial, capacitados e especializados para o
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos;
b) alunos com necessidades educacionais especiais distribuídos pelas várias classes, de modo que essas
classes comuns se beneficiem das diferenças e ampliem positivamente as experiências de todo os alunos, dentro
do princípio de educar para a diversidade;
c) currículos flexíveis e adaptados que considerem o significado prático e instrumental
dos conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados, processos de avaliação
adequados ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais;
d) serviços de apoio pedagógico especializado: apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à
comunicação, na classe comum; equipamentos e materiais específicos, nas salas de recursos;
e) avaliação pedagógica durante o processo de ensino e aprendizagem, inclusive para identificação das
necessidades educacionais especiais e a eventual indicação dos apoios pedagógicos adequados;
f) temporalidade flexível do ano letivo, para atender às necessidades educacionais especiais de alunos
com deficiência mental ou graves deficiências múltiplas, de forma que possam concluir em tempo maior o
currículo previsto, evitando-se grande defasagem idade/série;
Numa perspectiva orgânica, as DA são desordens neurológicas que interferem com a recepção, integração
ou expressão de informação, caracterizando-se, em geral, por uma discrepância acentuada entre o potencial
estimado do aluno e a sua realização escolar.
PROFA. GISELE DE JESUS NUNES SOARES Pá gina 58
Educação especial
Numa perspectiva educacional, as DA refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem
da leitura, da escrita, ou do cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais.
Isto quer dizer que os alunos com DA podem apresentar problemas na resolução de algumas tarefas
escolares e serem “brilhantes” na resolução de outras. Quer ainda dizer que, em termos de inteligência, estes
alunos geralmente estão na média ou acima da média.
O termo dificuldades de aprendizagem aparece-nos em 1962 com o fim de situar esta problemática num
contexto educacional, tentando, assim, retirar-lhe o “estigma clínico” que o caracterizava. Surge, então, uma
primeira definição proposta por Kirk (1962) em que era bem evidente a ênfase dada à componente educacional e
o distanciamento, em termos biológicos, de outras problemáticas, tal como deficiência mental, privação
sensorial, privação cultural, entre outras.
Uma outra definição digna de nota foi a proposta por Barbara Bateman (1965) que veio a constituir-se
num marco histórico, dado que englobava três fatores importantes que a caracterizavam: discrepância (a criança
com DA é considerada como possuindo um potencial intelectual acima da sua realização escolar); irrelevância
da disfunção do sistema nervoso central (para a determinação dos problemas educacionais da criança não era
capital evidenciar uma possível lesão cerebral); e exclusão (as DA da criança não eram devidas a deficiência
mental, perturbação emocional, deficiência visual ou auditiva ou a privação educacional ou cultural).
Estas duas definições viriam a constituir a base fundamental para as definições atuais de DA das quais
vamos destacar duas pela importância que, hoje em dia, se lhes atribui.
A primeira, e aquela que parece ser a mais aceite internacionalmente, é a que figura na Public Law94-
142, hoje denominada Individuals with Disabilities Education Act (IDEA), que diz o seguinte:
“Dificuldades de aprendizagem específica” significa uma perturbação num ou mais dos processos
psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita, que pode
manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos
matemáticos. O termo inclui condições como problemas perceptivos, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima,
dislexia e afasia de desenvolvimento. O termo não engloba as crianças que têm problemas de aprendizagem
resultantes principalmente de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de deficiência mental, de perturbação
emocional ou de desvantagens ambientais, culturais ou económicas (Federal Register, 1977, p. 65083, citado
por Correia, 1991).
Assim, uma criança pode ser identificada como inapta para a aprendizagem “típica” se:
1. não alcançar resultados proporcionais aos seus níveis de idade e capacidades numa ou mais de sete
áreas específicas quando lhe são proporcionadas experiências de aprendizagem adequadas a esses mesmo
níveis;
2. apresentar uma discrepância significativa entre a sua realização escolar e capacidade intelectual numa
ou mais das seguintes áreas:
a) Expressão oral;
b) Compreensão auditiva;
c) Expressão escrita;
d)Capacidade básica de leitura;
e) Compreensão da leitura;
f) Cálculos matemáticos; e
g) Raciocínio matemático (Federal Register, 1997, p. 65083, citado por Correia, 1991).
Uma segunda definição de DA, elaborada pelo National Joint Committee on Learning
Disabilities(NJCLD), citada por Smith et al. (1997), diz o seguinte:
Face às definições descritas, e mesmo estando nós a par da falta de uma definição que receba consenso de
grande parte dos profissionais da área, podemos inferir que um aluno não terá dificuldades de aprendizagem
quando os seus problemas de aprendizagem são devidos principalmente a uma privação sensorial, a deficiência
mental, a perturbações emocionais, a fatores ambientais ou a diferenças culturais e que as DA tanto afetam
crianças, como jovens ou adultos.
As listas apresentadas anteriormente permitem, desde que bem utilizadas, recolher informação que, junta
com a informação obtida através da observação direta do aluno em termos educacionais (ver Avaliação
Preliminar, Correia, 1997), possibilita a elaboração de uma primeira intervenção educativa com o fim de
minimizar ou até suprimir os seus problemas. Esta intervenção deve basear-se não só na informação recolhida
pelos professores, mas também deve considerar toda a informação adicional que eventualmente possa ser dada
por outros profissionais (professores de educação especial, médicos, psicólogos, terapeutas) ou pais, via
consulta. É, portanto, aconselhável que todo este processo se desenrole em colaboração.
Caso os problemas do aluno subsistam, deve proceder-se a uma avaliação compreensiva (Correia, 1997)
que tenha por base determinar o funcionamento global do aluno com o objetivo de se identificarem áreas fortes
e necessidades, quer na escola, quer em quaisquer outros ambientes em que ele interaja. Esta avaliação, que
deve ser sempre efetuada por uma equipa multidisciplinar, tem ainda por fim verificar se o aluno obedece a um
13.3. Que modalidades de atendimento e que tipo de serviços para o aluno com DA?
Em primeiro lugar, é bom que se saliente que a Lei Fundamental do Estado Português – A Constituição
da República –, a Lei de Bases do Sistema Educativo e o Decreto-Lei n.°319/91, de 23 de Agosto, garantem
uma educação igual e de qualidade para todos os alunos, pretendendo criar uma igualdade de oportunidades que
promova o seu sucesso escolar.
Neste sentido, a lei requer que qualquer aluno possa ter à sua disposição um conjunto de serviços
adequados às suas necessidades, prestados, sempre que possível, na classe regular. Para os alunos com DA, no
que diz respeito a serviços educacionais na classe regular, há que considerar um conjunto de fatores que podem
facilitar a sua aprendizagem, como são, por exemplo, a reestruturação do ambiente educativo; a simplificação
das instruções no que diz respeito às tarefas escolares; o ajustamento dos horários; a alteração de textos e do
trabalho de casa; o uso de tecnologias de informação e comunicação; a alteração das propostas de avaliação,
para citar alguns. Contudo, quando necessário, alguns serviços educacionais poderão ser prestados fora da classe
regular.
No que diz respeito aos serviços adicionais há que poder contar com serviços de psicologia, de terapia da
fala, de terapia ocupacional, clínicos e sociais, consoante as necessidades do aluno. Se estes serviços forem
insuficientes ou inexistentes, o sucesso escolar do aluno com DA será, com certeza, posto em causa.
Numa palavra, para que o aluno com DA receba uma educação apropriada às suas necessidades, para
além da atitude dos profissionais e pais, da adequada formação dos professores e demais agentes educativos, da
importância de se trabalhar em colaboração, há que ter em conta que o conceito de DA não implicita apenas o
reconhecimento do direito que assiste ao aluno de frequentar uma escola regular pois, caso as práticas
educativas se resumam apenas à sua colocação na escola, sem nenhum tipo de serviços auxiliares, tais práticas
resultam falaciosas e irresponsáveis.
O quadro que se segue pretende apresentar um conjunto de conceitos que nos parecem relevantes para o
processo de ensino aprendizagem do aluno com DA. Alguns destes conceitos andam, até, geralmente associados
às DA.
Educação: Processo de aprendizagem e de mudança que se opera no aluno através do ensino e de outras
experiências a que ele é exposto nos vários ambientes onde interage (Correia, 1997).
Inclusão: Inserção do aluno na classe regular onde, sempre que possível, deve receber todos os serviços
educativos adequados, contando-se, para esse fim, com o apoio apropriado (e. g., outros técnicos, pais…) às
suas características e necessidades (Correia, 1997).