Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Entendendo os Protestos
2
Outro argumento apontado pelos que consideram a reforma favorável é uma pesquisa realizada pelo Sesi
e Senai. Segundo ela, mais de 70% das pessoas com mais de 16 anos consideram positivas as principais
diretrizes, a escolha dos itinerários e o novo currículo.
Por fim, consideram que voltar ao modelo antigo de ensino não seria uma solução. Isso porque o sistema
apresentava inúmeros problemas, como baixos níveis de aprendizagem e alta evasão escolar, e a maioria das
redes estaduais já está em estágio avançado de implementação das mudanças.
Organizando os argumentos favoráveis então:
Mais tempo em sala de aula: o novo ensino médio propõe ampliar o tempo de aulas diárias, adotando um
formato de tempo integral. Até 2024, o dia letivo deve ter 7 horas, chegando a 1.400 horas/ano.
O novo formato também visa formar o aluno em ao menos um curso técnico já nesta etapa educacional, a
fim de adiantar a entrada no mercado de trabalho.
A grade curricular é atualizada, mas nenhuma disciplina deve ficar de fora. Então, amplia-se o leque do que é
ensinado aos alunos.
Disciplinas optativas podem tornar a etapa mais atrativa para os alunos, o que pode ajudar a combater a
evasão escolar, que é maior no ensino médio.
3
O aumento da carga horária, que era de 4 horas diárias e deve chegar a 7 horas por dia (turno integral)
em 2024, não é atrativo para alunos mais pobres que precisam trabalhar. Fica mais difícil conciliar a
escola com um emprego, o que aumenta o risco de evasão (se um jovem precisar daquele dinheiro, vai
abandonar as aulas e focar no trabalho).
As disciplinas clássicas têm menos prioridade na grade com a entrada das novas ofertas. Em alguns
casos, estudantes relatam ter ficado com apenas duas aulas na semana de português e matemática.
Alunos de escolas públicas em cidades menores, com menos recursos, vão acabar tendo um
"cardápio" de itinerários formativos mais enxuto. Eles podem ser prejudicados em comparação com
alunos de escolas privadas ou de municípios maiores.
Estudantes mais pobres podem ser desestimulados de seguir para o ensino superior porque, no novo
formato do ensino médio, há disciplinas optativas que são profissionalizantes e que facilitam a entrada
precoce do jovem no mercado de trabalho.
Entidades afirmam que a legislação que instituiu o Novo Ensino Médio não foi discutida com todos os
setores da educação.
Finlândia
A Finlândia chegou ao topo de rankings internacionais após implementar profundas reformas no sistema
escolar há cerca de 40 anos. Chegou a ter o melhor sistema educacional do mundo na década passada.
Apesar de recentes quedas no ranking PISA, continua a ser referência.
Os alunos entram tarde no ensino fundamental, aos 7 anos. A educação é obrigatória até os 16 anos de
idade. No ensino médio, há uma divisão: o aluno pode ir para o sistema vocacionado (técnico, prepara o
estudante para uma carreira) ou para o sistema acadêmico, voltado para a universidade. Grande parte vai
para escolas vocacionadas, mas também existe a opção de ingressar na faculdade mesmo a partir desse
4
sistema. Como resultado, 66% dos estudantes na Finlândia vão para a faculdade, maior proporção em toda
Europa e muito superior à do Brasil.
O sistema finlandês chama atenção pelos métodos de ensino alternativos, que estimulam os alunos a ter
mais autonomia no aprendizado e a desenvolver competências menos tradicionais. Os alunos desenvolvem
projetos voltados à resolução de problemas comunitários. Professores atuam sobretudo como facilitadores
dos projetos dos alunos. Isso traz uma dinâmica diferente às aulas.
Outros fatos curiosos sobre o sistema finlandês:
Os estudantes têm menos aulas e mais períodos de pausa do que a média internacional. Esse tempo
extra de descanso traz mais foco aos alunos e mais tempo para professores prepararem aulas de
qualidade;
Professores finlandeses lecionam em média 600 horas anualmente, enquanto seus colegas nos
Estados Unidos passam 1080 horas em sala de aula. Além disso, apenas cerca de 10%
dos aspirantes a professor são aceitos nas faculdades finlandesas, o que é considerado chave
para a qualidade do ensino;
Os estudantes também levam menos tarefas (estudam meia hora por dia em casa);
As classes são pequenas – cerca de 20 estudantes, em média, o que possibilita acompanhamento
personalizado aos alunos;
Finalmente, o sistema finlandês possui menos testes formais de avaliação do que o brasileiro ou o dos
Estados Unidos.
Coreia do Sul
O sistema sul-coreano é visto como referência, principalmente por sua significativa evolução da segunda
metade do século XX até hoje. O país ocupa posições altas em avaliações internacionais. Trata-se de um
sistema educacional altamente competitivo, em que os alunos precisam alcançar ótimos desempenhos para
ingressar nas melhores escolas e universidades. O ensino médio é dividido em duas etapas, júnior e sênior.
Apenas a etapa júnior é obrigatória para todos. Para ingressar no ensino médio sênior, é preciso passar por
testes muito concorridos. Assim como na Finlândia, no ensino médio o estudante coreano pode optar por
frequentar cursos com diferentes ênfases.
O ensino médio sênior acadêmico é composto de aulas avançadas em matérias que o estudante pretende
seguir estudando na faculdade. Também existe o ensino vocacional, que prepara os estudantes para áreas
como agricultura, tecnologia, comércio e indústria de pesca. Por fim, há escolas com fins específicos,
frequentadas pelos melhores alunos de cada ramo, como música e artes, atletismo, língua estrangeira,
ciência, etc.
As escolas na Coreia do Sul operam em tempo integral e os alunos podem ter uma rotina bem cheia, com
aulas e horários de estudo de manhã até tarde da noite. Outro destaque na educação sul-coreana é a
valorização dos professores. A carreira de professor é prestigiosa no país, com boas remunerações e alto
status social.
Xangai, China
A província chinesa de Xangai possui o melhor sistema de educação básica do mundo, segundo o ranking
PISA da OCDE. As províncias da China são avaliadas separadamente nessa prova, devido às diferenças
culturais entre elas. Assim como na Coreia, os alunos sofrem grande pressão social para alcançarem bons
resultados na escola. Há uma grande competitividade, já que apenas alunos com alto desempenho escolar
conseguem bons empregos no futuro.
O foco do ensino é o cálculo e a memorização de conteúdos. Os alunos frequentam a escola em tempo
integral, de manhã e à tarde. Depois do ensino médio, fazem um exame de admissão para a universidade,
assim como ocorre no Brasil. A média de tempo que os estudantes chineses dedicam aos estudos é de 13,8
horas diárias, muito acima das 4,9 horas de média no resto do mundo. Muitos alunos também dedicam os
fins de semana a aulas de reforço. Apesar dos bons resultados, o sistema de Xangai é criticado por causa da
5
pouca ênfase na criatividade dos estudantes. O sistema também não permite muito tempo livre, o que pode
gerar problemas de ordem emocional e social.