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Caruaru, _____ de ____________________ de 2023

Aluno (a): ____________________________________________


Ano: Turma: “____”
Prof.º Jonas Batista
Apostila – Atualidades – AVII – 2°Bimestre
 Tema: Novo Ensino Médio e os protestos pela revogação

O que é o Novo Ensino Médio?


 É um novo modelo obrigatório a ser seguido no ensino médio por todas as escolas do país, públicas
e privadas.
 A lei estipula aumento progressivo da carga horária. Antes, no modelo anterior, eram, no mínimo,
800 horas-aula por ano (total de 2.400 no ensino médio inteiro). No novo modelo, a carga deve
chegar a 3.000 horas ao final dos três anos.
 Desde 2022, as disciplinas tradicionais passaram a ser agrupadas em áreas do
conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas).
 Foi criado também o chamado “projeto de vida”: um componente transversal que será oferecido nas
escolas para ajudar os jovens a entender suas aspirações.
 Cada rede de ensino tem a liberdade de distribuir a carga horária dos itinerários formativos da
maneira como julgar ideal: tudo no primeiro ano ou espaçado ao longo dos três anos, por exemplo.
 O ensino de língua portuguesa e matemática é obrigatório nos três anos do ensino médio. A lei não
estipula um número mínimo de aulas dessas disciplinas por semana. O que importa é que elas
estejam sempre presentes na grade.
 Sancionado em 2017 no governo Temer, por meio de uma Medida Provisória (Estudar mais
sobre isso), entrou em vigor em 2022 e prevê a implementação gradual até 2024.
 Se antes o modelo antigo era visto mais como uma preparação para o ensino superior, agora, a
proposta é dar uma formação mais voltada ao mercado de trabalho.
 O novo formato irá refletir no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já a partir de 2024. A
prova, que hoje é igual para todo mundo, passará a ter uma etapa específica, conforme o itinerário
formativo escolhido pelo candidato.

Entendendo os Protestos

Mais tempo na escola e mais autonomia nos estudos, com


conteúdos mais atraentes e próximos da realidade dos
estudantes. Essa era a promessa do Novo Ensino Médio, que
em 2023 chega ao seu segundo ano de implementação sob
críticas de especialistas e protesto de estudantes e profissionais
da rede pública de ensino. Para os opositores da reforma, a
promessa é vã. Eles demandam a revogação do modelo sob o
argumento que ele precariza um já combalido ensino público,
aprofunda desigualdades e deixa esses jovens em situação de
desvantagem. A rede pública concentra a esmagadora maioria
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desses estudantes – são 87,7% dos 7,9 milhões de matriculados no ensino médio, segundo dados do Censo
Escolar de 2022.
"Na prática, não estamos sendo preparados nem
para o mercado de trabalho nem para entrar na
universidade", afirma Jade Beatriz, que preside a
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
(Ubes). "É como se estivessem soltando a mão do
estudante pobre." Aluna do curso técnico em
edificações pelo Instituto Federal de São Paulo
(IFSP), Jade critica o enxugamento de disciplinas
antes obrigatórias e a introdução de conteúdos
irrelevantes nos currículos da rede pública. "Os
estudantes de escola particular estão tendo coisas tipo
astrofísica, dentro de grandes laboratórios, enquanto
nós temos aula de como fazer brigadeiro caseiro."
Em 2017, a Lei nº 13.415 estabeleceu uma
mudança na estrutura do Ensino Médio para torná-lo
mais flexível, oferecer diferentes possibilidades de
escolhas aos estudantes e estimular o seu
protagonismo. O objetivo seria aumentar o interesse
dos jovens pela escola, de modo a combater a evasão e melhorar os resultados da aprendizagem. Entre as
principais alterações, previstas para serem implementadas de forma escalonada em 2022 e estarem concluídas
em 2024, estão:
- Ampliação da carga horária de 800 horas anuais (quatro horas diárias) para 1.000 horas anuais (cinco
horas diárias)
- Nova organização curricular, que contempla as aprendizagens essenciais e comuns a todos os
estudantes, por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ela deve ocupar 60% da carga horária.
-Desenvolvimento do Projeto de vida. Para que os estudantes possam trabalhar o autoconhecimento e
refletir sobre o presente e o que desejam para o seu futuro.
- Oferta de itinerários formativos, que são disciplinas, projetos e oficinas que os estudantes poderão
escolher para ampliar os conhecimentos em uma das seguintes áreas:
Linguagens
Matemática
Ciências da natureza
Ciências humanas e sociais
Formação técnica e profissional
Os itinerários formativos devem corresponder a 40% da carga horária.

Argumentos favoráveis à manutenção do Novo Ensino Médio


Os que defendem a permanência do Novo Ensino Médio afirmam que a nova estrutura ainda está em
curso. Ela pode precisar de ajustes e de alguns anos para se consolidar e os resultados aparecerem,
principalmente frente aos desafios da educação pública, como a falta de infraestrutura física e tecnológica e
de lacunas na formação dos professores.
Os defensores citam outros países que fizeram essa reforma, como Chile, Portugal e Canadá (província de
Ontário). Com isso, querem reforçar a sua importância e a necessidade de que ela aconteça em etapas.
Também mencionam como algo inédito no país o foco no projeto de vida dos alunos e a possiblidade de
escolhas, estimulando o protagonismo e a autonomia dos estudantes.

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Outro argumento apontado pelos que consideram a reforma favorável é uma pesquisa realizada pelo Sesi
e Senai. Segundo ela, mais de 70% das pessoas com mais de 16 anos consideram positivas as principais
diretrizes, a escolha dos itinerários e o novo currículo.
Por fim, consideram que voltar ao modelo antigo de ensino não seria uma solução. Isso porque o sistema
apresentava inúmeros problemas, como baixos níveis de aprendizagem e alta evasão escolar, e a maioria das
redes estaduais já está em estágio avançado de implementação das mudanças.
Organizando os argumentos favoráveis então:
 Mais tempo em sala de aula: o novo ensino médio propõe ampliar o tempo de aulas diárias, adotando um
formato de tempo integral. Até 2024, o dia letivo deve ter 7 horas, chegando a 1.400 horas/ano.
 O novo formato também visa formar o aluno em ao menos um curso técnico já nesta etapa educacional, a
fim de adiantar a entrada no mercado de trabalho.
 A grade curricular é atualizada, mas nenhuma disciplina deve ficar de fora. Então, amplia-se o leque do que é
ensinado aos alunos.
 Disciplinas optativas podem tornar a etapa mais atrativa para os alunos, o que pode ajudar a combater a
evasão escolar, que é maior no ensino médio.

Argumentos contrários ao Novo Ensino Médio


Os que criticam o Novo Ensino Médio afirmam que o estabelecimento do novo modelo já começou
equivocado ao ser instituído via medida provisória e, portanto, sem debates suficientes com a sociedade.
Consideram também que a reforma aumenta as desigualdades sociais na medida em que as escolas privadas
têm condições de oferecer vários itinerários formativos, mas que a rede pública não tem estrutura para isso,
pois faltam docentes e estrutura física.
Outro ponto levantado é quanto aos estudantes do período noturno, que não teriam acesso ao aumento da
carga horária, conforme prevê a reforma. Também há relatos de que os estudantes de cursos técnicos não
estariam recebendo a devida qualificação profissional prometida pelo novo modelo, mas apenas cursos de
curta duração ou a distância ministrados por instituições terceirizadas.
Reportagens veiculadas pela imprensa já mostraram que, em algumas escolas públicas, os itinerários
formativos estão sendo impostos e até mesmo sorteados entre os estudantes. Disciplinas têm sido ministradas
por professores sem a formação adequada, e outras que pouco aprofundariam conhecimentos ou fazem
sentido têm sido criadas -- por exemplo, "RPG" e "quitutes da nossa terra".
Sem opções ou sem a escolha respeitada, muitos alunos acabam fazendo disciplinas que não são de seu
interesse, contrariando o objetivo inicial da reforma, e ainda tendo menos conteúdos curriculares obrigatórios,
fragilizando as suas formações.
Entidades estudantis estão entre os principais críticos à reforma do ensino médio. Nas redes sociais, a
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) está engajada a favor da revogação do modelo e tem
cobrado uma reforma do sistema educacional.

Organizando os argumentos contrários em tópicos, então:


 Desde o retorno presencial após a pandemia, o programa atravessa diferentes níveis de implementação,
variando de estado para estado.
 Há escolas públicas sem infraestrutura para manter o novo formato. No novo ensino médio, cada
colégio deve escolher, no "cardápio" de itinerários formativos elaborado pela sua rede estadual, no
mínimo duas opções para oferecer aos alunos (matemática e linguagens, por exemplo). Com isso, em
vez de uma turma grande ter a mesma aula às 8h, como era antes, serão dois grupos menores (um que
escolheu matemática, outro que preferiu linguagens). Isso exige que a escola tenha duas salas de aula
disponíveis no horário.

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 O aumento da carga horária, que era de 4 horas diárias e deve chegar a 7 horas por dia (turno integral)
em 2024, não é atrativo para alunos mais pobres que precisam trabalhar. Fica mais difícil conciliar a
escola com um emprego, o que aumenta o risco de evasão (se um jovem precisar daquele dinheiro, vai
abandonar as aulas e focar no trabalho).
 As disciplinas clássicas têm menos prioridade na grade com a entrada das novas ofertas. Em alguns
casos, estudantes relatam ter ficado com apenas duas aulas na semana de português e matemática.
 Alunos de escolas públicas em cidades menores, com menos recursos, vão acabar tendo um
"cardápio" de itinerários formativos mais enxuto. Eles podem ser prejudicados em comparação com
alunos de escolas privadas ou de municípios maiores.
 Estudantes mais pobres podem ser desestimulados de seguir para o ensino superior porque, no novo
formato do ensino médio, há disciplinas optativas que são profissionalizantes e que facilitam a entrada
precoce do jovem no mercado de trabalho.
 Entidades afirmam que a legislação que instituiu o Novo Ensino Médio não foi discutida com todos os
setores da educação.

Suspensão do cronograma de Implementação do NEM

O Ministério da Educação (MEC) suspendeu o cronograma de implementação do Novo Ensino Médio,


alterações curriculares que estão sendo aplicadas de forma progressiva nas escolas públicas e privadas do
país, com previsão de conclusão até 2024. A portaria foi publicada hoje (5/4) e prevê a suspensão por 60
dias. Com isso, as mudanças previstas no Enem 2024, que seria alterado para atender o novo modelo de
ensino, também estão temporariamente canceladas.
A suspensão da implementação do Novo Ensino Médio não anula a reforma. Mas dá espaço para as redes
de ensino não continuarem com o processo de adaptação durante esse período da consulta pública. As
escolas têm autonomia para essa decisão. O Conselho Nacional dos Secretários da Educação (Consed) já
sinalizou que defende manter a reforma e fazer os ajustes necessários. As aulas nas escolas que já estão sob
as novas regras não serão alteradas. A principal mudança é, portanto, o cancelamento das alterações que
ocorreriam no Enem em 2024.

Ensino Médio em outros Países


Nos últimos anos, o ensino médio brasileiro não tem alcançado bons resultados. Desde 2011, o
desempenho no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB) está estagnado. A evasão nesta
etapa da educação é assustadora: 1,7 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos não frequentam a escola.
Para dar mais insumos a essa discussão, vamos mostrar como funciona o ensino médio e o sistema
educacional de quatro países diferentes. Afinal, como países que são referência no mundo organizam a
educação?

Finlândia
A Finlândia chegou ao topo de rankings internacionais após implementar profundas reformas no sistema
escolar há cerca de 40 anos. Chegou a ter o melhor sistema educacional do mundo na década passada.
Apesar de recentes quedas no ranking PISA, continua a ser referência.
Os alunos entram tarde no ensino fundamental, aos 7 anos. A educação é obrigatória até os 16 anos de
idade. No ensino médio, há uma divisão: o aluno pode ir para o sistema vocacionado (técnico, prepara o
estudante para uma carreira) ou para o sistema acadêmico, voltado para a universidade. Grande parte vai
para escolas vocacionadas, mas também existe a opção de ingressar na faculdade mesmo a partir desse

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sistema. Como resultado, 66% dos estudantes na Finlândia vão para a faculdade, maior proporção em toda
Europa e muito superior à do Brasil.
O sistema finlandês chama atenção pelos métodos de ensino alternativos, que estimulam os alunos a ter
mais autonomia no aprendizado e a desenvolver competências menos tradicionais. Os alunos desenvolvem
projetos voltados à resolução de problemas comunitários. Professores atuam sobretudo como facilitadores
dos projetos dos alunos. Isso traz uma dinâmica diferente às aulas.
Outros fatos curiosos sobre o sistema finlandês:
 Os estudantes têm menos aulas e mais períodos de pausa do que a média internacional. Esse tempo
extra de descanso traz mais foco aos alunos e mais tempo para professores prepararem aulas de
qualidade;
 Professores finlandeses lecionam em média 600 horas anualmente, enquanto seus colegas nos
Estados Unidos passam 1080 horas em sala de aula. Além disso, apenas cerca de 10%
dos aspirantes a professor são aceitos nas faculdades finlandesas, o que é considerado chave
para a qualidade do ensino;
 Os estudantes também levam menos tarefas (estudam meia hora por dia em casa);
 As classes são pequenas – cerca de 20 estudantes, em média, o que possibilita acompanhamento
personalizado aos alunos;
 Finalmente, o sistema finlandês possui menos testes formais de avaliação do que o brasileiro ou o dos
Estados Unidos.

Coreia do Sul
O sistema sul-coreano é visto como referência, principalmente por sua significativa evolução da segunda
metade do século XX até hoje. O país ocupa posições altas em avaliações internacionais. Trata-se de um
sistema educacional altamente competitivo, em que os alunos precisam alcançar ótimos desempenhos para
ingressar nas melhores escolas e universidades. O ensino médio é dividido em duas etapas, júnior e sênior.
Apenas a etapa júnior é obrigatória para todos. Para ingressar no ensino médio sênior, é preciso passar por
testes muito concorridos. Assim como na Finlândia, no ensino médio o estudante coreano pode optar por
frequentar cursos com diferentes ênfases.
O ensino médio sênior acadêmico é composto de aulas avançadas em matérias que o estudante pretende
seguir estudando na faculdade. Também existe o ensino vocacional, que prepara os estudantes para áreas
como agricultura, tecnologia, comércio e indústria de pesca. Por fim, há escolas com fins específicos,
frequentadas pelos melhores alunos de cada ramo, como música e artes, atletismo, língua estrangeira,
ciência, etc.
As escolas na Coreia do Sul operam em tempo integral e os alunos podem ter uma rotina bem cheia, com
aulas e horários de estudo de manhã até tarde da noite. Outro destaque na educação sul-coreana é a
valorização dos professores. A carreira de professor é prestigiosa no país, com boas remunerações e alto
status social.

Xangai, China
A província chinesa de Xangai possui o melhor sistema de educação básica do mundo, segundo o ranking
PISA da OCDE. As províncias da China são avaliadas separadamente nessa prova, devido às diferenças
culturais entre elas. Assim como na Coreia, os alunos sofrem grande pressão social para alcançarem bons
resultados na escola. Há uma grande competitividade, já que apenas alunos com alto desempenho escolar
conseguem bons empregos no futuro.
O foco do ensino é o cálculo e a memorização de conteúdos. Os alunos frequentam a escola em tempo
integral, de manhã e à tarde. Depois do ensino médio, fazem um exame de admissão para a universidade,
assim como ocorre no Brasil. A média de tempo que os estudantes chineses dedicam aos estudos é de 13,8
horas diárias, muito acima das 4,9 horas de média no resto do mundo. Muitos alunos também dedicam os
fins de semana a aulas de reforço. Apesar dos bons resultados, o sistema de Xangai é criticado por causa da
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pouca ênfase na criatividade dos estudantes. O sistema também não permite muito tempo livre, o que pode
gerar problemas de ordem emocional e social.

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