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Residente: Teresa Raquel Negreiros Amorim Sepúlveda


Professor: Eric Rilton Araújo dos Santos
12 de abril de 2023

Seminário de Introdução ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à


Docência - PIBID e ao Programa Residência Pedagógica - PRP

O trabalho docente ancorado na BNCC e itinerários informativos: desafios e


possibilidades

O seminário de introdução tem como objetivo geral desenvolver os processos


formativos de iniciação à docência que contemplem a criação e a participação das
experiências teóricas, metodológicas e práticas vivenciadas pelos coordenadores,
professores e alunos residentes. Esta discussão visa auxiliar na superação de desafios
observados no âmbito da docência, principalmente, na modalidade de
ensino-aprendizagem.

A palestra “O trabalho docente ancorado nas diretrizes da BNCC e itinerários


informativos: desafios e possibilidades”, em questão, foi ministrada pela Professora Me.
Rosimar da Silva Feitosa Soares Costa(SEDUC-PI), com mediação da Profª Dolores
Viana (UFPI), Profº Cleiton Rocha (UFPI) e Profª Maria Cezar (UFPI). A palestrante
busca apresentar um entendimento de como está organizado o Novo Ensino Médio
(NEM), sua relação com a BNCC (2018), as atuais dificuldades e preocupações que
afetam professores e alunos do ensino básico.

Pontos relevantes

De início, a Profª Maria Cezar convida professores e alunos residentes do PIBID e PRP
para sinalizar as preocupações, críticas e demais apontamentos acerca da
implementação do Novo Ensino Médio através da consulta pública que recentemente
foi aberta pelo MEC;

A profª Rosimar da Silva enfatiza que essa palestra tem o intuito de aproximar e
cooperar com o entendimento de professores e alunos resistentes da universidade
acerca da realidade vivenciada atualmente nas escolas públicas após a implementação
do Novo Ensino Médio, quais suas propostas e os desafios que estão surgindo com a
validação do mesmo. Além de pensar uma reformulação do Novo Ensino Médio a fim
de melhorar diversos aspectos que favorecem o processo de ensino-aprendizagem e
adaptação do mesmo;

O ponto central da discussão é, o que é o Novo Ensino Médio, quais as preocupações


e os desafios que surgiram com a sua implementação, também levando em conta a
formulação do novo Currículo do Estado do Piauí, ambos com início em 2022.
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As implicações que norteiam essa reflexão são:

O que é o Novo Ensino Médio?


BNCC e Currículo são a mesma coisa?
Quais os benefícios para os estudantes com essa nova organização escolar?
Como ficará o ENEM com a implementação do Novo Ensino Médio?;

Segundo a professora, as preocupações mais debatidas entre jovens e professores


são: i) a falta de treinamento prévio de gestores e professores para executar o Novo
Ensino Médio nas escolas de acordo com a legislação vigente; ii) a infraestrutura das
escolas para cumprir com o que a BNCC e a lei exige; iii) a ampliação da carga horária;
iv) a flexibilização das disciplinas. Para pontuar esses desafios e preocupações foram
feitas as seguintes divisões em tópicos principais.

Como as mudanças foram construídas e quais marcos legais a orientam?

O Novo Ensino Médio é um projeto de atualização do ensino médio que vem sendo
estudado desde 2009. Sua atual composição é resultado das discussões feitas por
professores, gestores e instituições da educação através da reformulação de propostas
feitas pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Educação - (Consed),
somados aos documentos que compõem o PNE (2014), a LDb (2016) e a BNCC
(2018);

Embora a reformulação e flexibilização do ensino médio tenham como objetivo geral


ser inovador, sua atual situação na prática tem se mostrado insuficiente para cumprir o
que está proposto no papel, visto que, uma parcela significativa das escolas não têm
infraestrutura adequada para implementar o ensino de tempo integral e oferecer
atividades que exigem metodologias ativas para serem abordadas;

Para a palestrante, em síntese, a escola deve apresentar para os alunos um "cardápio"


de disciplinas eletivas que seja do seu interesse, mas na prática essas disciplinas são
definidas pelo projeto político-pedagógico da escola de acordo com o currículo definido
pelo Estado. Essa concepção de que cada estado tem a liberdade para ensinar o que
“desejar”, isso gera diversas dúvidas e críticas.

O que de fato mudou com o Novo Ensino Médio?

A centralidade no estudante: o aluno passa a ser visto como sujeito autônomo e


responsável pela sua aprendizagem. A premissa do protagonismo juvenil visa permitir
que o processo de ensino-aprendizagem seja pensado junto com o estudante para
contribuir de forma ética, democrática, inclusiva e sustentável com a comunidade. Para
isso, deve-se considerar a diversidade cultural, social e subjetivas dos estudantes de
acordo com a região e realidade nas quais estão inseridos;
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O rompimento da seriação e das disciplinas: a flexibilização do currículo preocupa


porque a antiga organização das disciplinas é substituída pelas competências e
habilidades, ou seja, as disciplinas ganham um viés conteudista de separação por
disciplinas que agora propõe diálogos interdisciplinares;

Projeto de vida: essa etapa deve orientar os estudantes sobre seus objetivos e planos
profissionais, porém, pode ser ministrada por qualquer professor, sendo que eles
afirmam não ter formação/treinamento para tal disciplina eletiva. Outro fator que gera
reclamações dos estudantes e professores é que existem dificuldades de acesso às
práticas, inclusive, experiências profissionais que essa disciplina oferece;

Avaliação de aprendizagem: foram incorporados relatórios, autoavaliação, projetos e


portfólios. O que exige uma reelaboração de parâmetros e reflexões sobre os
resultados avaliativos.

Críticas dos professores

Segundo a pesquisa da professora, na prática o Novo Ensino Médio é diferente do que


foi apresentado no papel. Com a redução das disciplinas como história, sociologia,
artes, biologia, geografia, física, química e filosofia - em competências e habilidades - a
organização dos itinerários torna-se incoerente. Inclusive, a interdisciplinaridade que é
cobrada tem suas vantagens quanto possibilita o diálogo entre diferentes disciplinas,
porém, o risco da interdisciplinaridade está na superficialidade por não aprofundar os
estudos nos conteúdos necessários;

Segundo ela, as diretrizes estão pouco fundamentadas e genéricas, pois não há


delimitação entre conhecimento essencial e específico, ou seja, o documento precisa
ser mais explícito em seus eixos temáticos e ementa dentro de cada área do
conhecimento, apontando os assuntos relevantes que devem ser abordados, os
conteúdos necessários e não a mera reprodução de informações;

A professora Maria Cezar, complementa que co-docência pode ser problemática, visto
que, a ausência de treinamento e o déficit de professores no quadro institucional
complica essa execução na prática;

A implementação de Metodologias Ativas depende de treinamento dos professores, da


estrutura curricular e principalmente de uma infraestrutura adequada da escola para
oferecer atividades teórico- práticas;

A professora ressalta que os parâmetros da BNCC (2018), as disciplinas eletivas, os


itinerários formativos e as trilhas formativas estão dentro do mesmo bloco, separados
em campos do conhecimento ou campos integradores, o que dificulta a organização
dos mesmos.
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Questionamentos gerais

Os ouvintes levantaram as seguintes questões: o Novo Ensino Médio foi criado no


intuito de afastar a população pobre da universidade? Foi criado para atender uma
demanda de mercado? O Enem 2024 vai abordar essas disciplinas eletivas e trilhas?
Como será essa abordagem? Muito conteúdo a ser trabalhado nas trilhas eletivas, qual
o material? O professor terá que elaborar um material pedagógico do zero? As escolas
particulares também seguem as mudanças do Novo Ensino Médio?

Portanto, a materialização do Novo Ensino Médio não cumpre os objetivos propostos


no documento, os desafios para alcançar uma atualização significativa no ensino
básico aumentaram com esse formato. Com a criação de itinerários formativos, a
disciplina de Filosofia fica à mercê de ser citada entre os assuntos de uma disciplina ou
outra da área de humanas e linguagens.

As perspectivas dessa discussão demonstra o quanto é urgente uma reestruturação


didática e metodológica do Novo Ensino Médio, visto que, é necessário uma
fundamentação teórica com base na análise de consulta pública enquanto esse novo
formato está em situação de adaptação, por isso, é preciso ouvir os apontamentos,
reclamações e relatos dos estudantes, gestores e professores.

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