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O governo Lula (PT) pretende reduzir pela metade a carga horária do ensino médio
destinada à parte diversificada do currículo e passar de quatro para duas as opções de
áreas de aprofundamento a serem escolhidas pelos alunos —além da educação
profissional, que continua como opção, mas tem hoje baixa oferta no país.
O presidente Lula em evento de educação no Palácio do Planalto com o ministro Camilo Santana. -
Gabriela Biló /Folhapress
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As principais queixas estão relacionadas à oferta de disciplinas sem nexo curricular,
dentro dos chamados itinerários formativos, e redução de aulas com conteúdos
tradicionais. O projeto do MEC significa que a parte diversificada não pode superar 600
horas ao longo de três anos do ensino médio —hoje, a lei prevê uma carga de 1.200
horas.
Levando em conta a organização com cinco horas de aulas diárias, o modelo do governo
petista resulta em um dia de aula por semana para aulas referentes à parte diversificada.
Hoje, essa parte representa dois dias por semana.
Integrantes do governo interpretam o projeto como uma espécie de revogação, o que iria
de encontro com movimentos próximos ao PT que pedem essa definição —embora seja
mantida uma certa flexibilização do currículo.
A reforma de 2017 definiu que a parte diversificada deve ser organizada em cinco
opções: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino
profissional. Um dos entraves enfrentados por alunos das escolas públicas é que não há,
de fato, todas essas opções nas escolas para que os alunos escolham.
No projeto obtido pela reportagem, são previstas apenas duas opções, além do ensino
técnico profissional. São elas : 1) Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Sociais
e suas tecnologias; e 2) Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e suas
tecnologias.
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Pressionado por críticas de educadores e estudantes, o governo Lula editou em abril
uma portaria que suspendeu o cronograma de implementação do novo ensino médio. O
ato foi uma forma de reduzir o desgaste do governo com o tema. A pasta havia criado,
no mês anterior, uma consulta pública.
A pasta sempre evitou em falar em revogação do novo ensino médio, o que dependeria
de anuência do Congresso Nacional —uma vez que as diretrizes da reforma foram
inseridas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). O discurso do ministro da
Educação, Camilo Santana (PT), sempre foi no sentido de fazer ajustes e não revogar.
O próprio ministro tem defendido, no entanto, de que mudanças precisam ser apreciadas
pelos parlamentares, inclusive para manter a coerência com a crítica de que a reforma
do Temer não foi conversada. Em 2017, o governo mudou a etapa com uma Medida
Provisória, instrumento legislativo que reduz o tempo de discussões.
O projeto do governo Lula institui o que seria chamado de Política Nacional do Ensino
Médio. Além das intervenções de ordem curricular, também há previsão de ações de
melhoria de infraestrutura das escolas e permanência de estudantes.
O MEC ainda avalia quais detalhes da nova política de ensino médio serão
contempladas no projeto de lei. Isso porque é certo de que também haverá ao menos um
decreto para definições pertinentes.
O texto ainda tem a previsão de expandir as matrículas do ensino médio em tempo
integral, com carga horária mínima total de 4.200 horas (7 horas de aulas diárias). Lula
sancionou na semana passada lei de fomento para novas vagas com jornada estendida
em todas as etapas da educação básica.
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