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CINCO LEIS DA BIBLIOTECONOMIA / CINCO LEIS DE RANGANATHAN:

Resistindo Bravamente ao Tempo

Maria Eliziana Pereira de Sousa

Artigo de Revisão
Mestra em Ciência da Informação
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Universidade Federal da Paraíba
elizianaps@gmail.com

Maria das Graças Targino


Pós-Doutora em Jornalismo
Doutora em Ciência da Informação
Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Universidade Federal da Paraíba
gracatargino@hotmail.com

Resumo
Discutem-se as “Cinco Leis da Biblioteconomia” ou Cinco Leis de Ranganathan e suas implicações para
as bibliotecas, unidades de gestão da informação e ambientes que propiciem a geração e o desenvolvimen-
to de novos conhecimentos. O indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan, ao formular suas Leis, ainda em
1928 – os livros são para usar; a cada leitor seu livro; a cada livro seu leitor; poupe o tempo do leitor; a
biblioteca é um organismo em crescimento – preconiza que as bibliotecas existem para suprir as demandas
sociais. Sob esta perspectiva, as referidas leis, publicadas, pela primeira vez, em 1931, sob o título “Five Laws
of Library Science”, persistem atuais, haja vista que as bibliotecas são sempre instituições sociais. Transcorri-
dos mais de 80 anos, os cinco preceitos resistem ao tempo. Persistem como essenciais para quem conse-
gue visualizar, na Biblioteconomia, chance inigualável de exercer a cidadania e lutar pelo acesso universal,
oportunizando aos cidadãos informações compatíveis às suas demandas informacionais. Trata-se de paper
de cunho resultante de pesquisa bibliográfica com o objetivo macro de constatar o nível de atualidade e de
legitimidade das referidas normas que comprovam ser a sociedade a única meta que justifica a Biblioteco-
nomia como profissão. Isto porque o domínio de fluxo informacional contínuo e inesgotável que caracte-
riza o século XXI não altera a função social indelével da instituição biblioteca, sobretudo, em se tratando
das bibliotecas físicas que sobrevivem como realidade ao lado das bibliotecas eletrônicas digitais e virtuais.

Palavras-chave
Leis da Biblioteconomia. Leis de Ranganathan. Bibliotecas. Biblioteconomia. Shiyali Ramamrita Rangana-
than.

1 INTRODUÇÃO: AS “CINCO LEIS nidos da América e, obviamente, em seu país


DA BIBLIOTECONOMIA” EM MEIO de origem, Índia, além de outros países
À EXISTÊNCIA DO PEQUENO IN- mundo afora. Nascido em Shiyali, no Estado
DIANO BRÂMANE RANGANATHAN de Madras (atual, Tamil Nadu), em 1892, e
falecido em 1972, em Bangalire, Rangana-
As denominadas “Cinco Leis da Bi- than se imortaliza tanto por sua dedicação à
blioteconomia”, escritas no longínquo ano Matemática (quando de sua formação inicial)
de 1928 e publicadas, pela primeira vez, em quanto à Biblioteconomia.
1931, pelo indiano Shiyali Ramamrita Ran- Como primeiro bibliotecário da Uni-
ganathan, sob o título “Five Laws of Library versidade de Madras, tem a chance de com-
Science”, atravessa gerações e gerações de plementar sua formação no continente eu-
alunos de graduação e pós-graduação em ropeu, em especial, na Grã-Bretanha. Sua
Biblioteconomia no Brasil, nos Estados U- produção intelectual abrange centenas de

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artigos sobre a história da Matemática e li- realidade ao lado das bibliotecas eletrônicas
vros acerca da teoria da classificação biblio- digitais e virtuais.
gráfica, a exemplo de “Elements of library clas- Afinal, em 1928, o indiano Shiyali
sification” (1945); “Classification and international Ramamrita Ranganathan chama atenção de
documentation” (1948) e “Classification and com- governantes, bibliotecários e população de
munication” (1951), o que justifica o apodo de diferentes nações de continentes espalhados
“Pai da Biblioteconomia”, em sua terra natal. pelo mundo para as potencialidades da bi-
Transcorridos exatamente 85 anos, os cinco blioteca como instituição social, e, por con-
preceitos por ele propostos ainda são perti- seguinte, como organização apta a romper as
nentes: (1) os livros são para usar; (2) a cada muralhas da exclusão social. Por isso, em
leitor seu livro; (3) a cada livro seu leitor; (4) território brasileiro, no ano de 2009, sob a
poupe o tempo do leitor; (5) a biblioteca é responsabilidade editorial de Briquet de Le-
um organismo em crescimento. Para Figuei- mos Livros, a obra de Ranganathan de 1931
redo, em revisão de literatura publicada so- é lançada em português, com o título “As
bre o tema, ano 1992, as Leis resultam em Cinco Leis da Biblioteconomia”, mediante
muito da experiência vivenciada, na ocasião, tradução de Tarcísio Zandonade.
em visita a mais de 100 bibliotecas inglesas, Para contextualizar Ranganathan em
em diferentes estágios, quando Ranganathan sua vida pessoal, profissional e produtiva,
percebe que as atividades são efetivadas sem haja vista a importância dos estratos sociais
se inter-relacionarem de forma integrada, o em seu país, acrescenta-se que sua família
que exige um fio condutor para nortear as pertence à comunidade dos brâmanes. Na
práticas, incentivando-o à formulação dos Índia antiga, castas e subcastas se limitam a
referidos preceitos. descrever a ocupação dos indivíduos: há os
Estes persistem como essenciais até que pensam (professores e religiosos); há os
os dias de hoje para quem consegue visuali- que protegem (policiais e juízes); há os que
zar, na Biblioteconomia, chance inigualável provêm as necessidades da sociedade (co-
de exercer a cidadania e lutar pelo acesso merciantes); há os que servem ou oferecem
universal, oportunizando aos cidadãos in- serviços (operários). A partir daí, registram-
formações compatíveis às suas demandas se categorias centrais: brahmins (casta sacer-
informacionais, num momento histórico, em dotal), kshattriyas (casta real), vaishyas (lavra-
que as inovações tecnológicas marcam pre- dores, artesãos e comerciantes) e shûdras,
sença ostensiva e irreversível, com a inserção classe de trabalhadores não especializados.
de temas, como: copy left, e-readers, electronic Acima de qualquer casta, estão os sannyâsins.
books (e-books), repositórios institucionais e / Por pretensa inferioridade, abaixo de qual-
ou digitais, webometria, formato RSS [Really quer casta, os chândalas ou párias, chamados
Simple Syndication] para disseminação de in- de “intocáveis”, uma vez que se acreditava
formações em revistas eletrônicas, etc. Para que até mesmo sua sombra poluía as demais
tanto, o presente artigo, desdobramento de castas. Por longo tempo, eles se mantêm
dissertação de mestrado recente de Sousa privados de quaisquer direitos religiosos ou
(2016), resulta de pesquisa bibliográfica. sociais, como decorrência de sua procedên-
Possui o objetivo macro de constatar o nível cia, com o agravante de que o “castigo” per-
de atualidade e de legitimidade das referidas seguia gerações e gerações. Exemplificando:
normas que comprovam ser a sociedade a filhos, netos e bisnetos de catadores de lixo
única meta que justifica a Biblioteconomia ou garis não tinham outra opção; os excluí-
como profissão, em meio ao domínio de dos por assassinato ou roubo legam à des-
fluxo informacional contínuo e inesgotável cendência o peso dos erros cometidos e as-
que caracteriza o século XXI, mas sem alte- sim sucessivamente.
rar a função social indelével da instituição No entanto, cada vez mais, as castas
biblioteca, sobretudo, em se tratando das passam a significar discriminação social. Por
bibliotecas físicas que sobrevivem como isso, ainda em 1890, o soberano de Baroda,
reino poderoso da Índia, em ato de sensatez

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e equidade, franqueia a educação para todos. pulsionam a elaborar princípios, capazes de


Na atualidade, em moldes oficiais, a Repú- lhe permitir, ao mesmo tempo, avaliar o
blica da Índia (Bharat Juktarashtra) garante, panorama geral da biblioteca e refletir sobre
constitucionalmente, que todos sejam iguais. o significado das tarefas.
O Estado não pode instituir qualquer forma
de segregação, seja ela por motivo de religi- O ponto crítico foi alcançado no
ão, raça, casta ou sexo. A “intocabilidade” é, final de 1928, a altas horas da noite.
agora, passível de punição. Mesmo assim, a A pressão mudou o rumo. Todas as
leitura de jornais indianos, em especial aos outras tarefas foram postas de lado.
domingos, mostra que o sistema de castas O esforço era insuportável. À tar-
dinha, o professor Edward B. Ross
prossegue. Se, agora, é difícil distinguir as fez-me sua costumeira visita diária.
três mil castas e as 25 mil subcastas apenas A ele eu devia minha formação in-
pela aparência física, recorrendo-se, com telectual [...] Ele percebeu meu es-
frequência, aos sobrenomes (esses, sim, ele- tado de angústia. Partilhei com ele
mentos identificadores), muitos anúncios em minhas preocupações. Ele se pre-
busca de noiva exigem pertencimento às parava para montar na bicicleta.
castas “superiores” e / ou cor branca. Isto Seus olhos brilhavam, o que era
faz com que homens e mulheres, jovens ou sempre indício de que estava des-
velhos, busquem obsessivamente clarear a cobrindo alguma novidade, então,
pele por meio da despigmentação, ainda que surgiu o sorriso característico des-
a cor achocolatada predomine entre os mais sas ocasiões, e falou, “Você quer
dizer ‘Os livros são para usar’; você
de um bilhão de habitantes (TARGINO,
quer dizer que esta é sua primeira
2008). Lei” [...] Os enunciados das outras
Neste caso, pode-se pensar em Ran- Leis surgiram automaticamente.
ganathan como privilegiado num sistema tão Levei umas três horas preenchendo
perverso de estratificação social. Como Cha- cinco formulários de papel com a
kraborty (1988, p. 68-99) acrescenta, seu pai dedução das Cinco Leis (RAN-
falece quando o “Pai da Biblioteconomia” GANATHAN, 2009, p. 3).
tinha tão somente seis anos. Como decor-
rência, O enunciado das Leis da Biblioteco-
nomia se propaga em diferentes cursos e
Ele cresceu sob influência [do] [...] eventos na Índia. Assim sendo, além da pri-
avô, que era professor e brâmane, e meira edição do livro “Five laws...”, a partir
também de dois de seus professo- dos esforços de Ranganathan, institui-se o
res do primário, que também eram primeiro curso de Biblioteconomia naquela
brâmanes. Estes homens, que deti- nação, como Campos (1999) descreve. Para
nham o saber bramânico dos livros Souza (1986), Lei é um termo a ser atribuído
sagrados hindus, despertaram-no somente ao primeiro enunciado – os livros
para o profundo respeito e amor
pela literatura sacra hindu, o que
são para usar – haja vista que ele remete à
certamente influenciou sua vida e formulação das outras quatro Leis, na ver-
suas obras. dade, princípios decorrentes dessa primeira
articulação. Em meio a tais discussões, há
As “Cinco Leis da Biblioteconomia” quem acredite que as Leis da Bibliotecono-
ou Cinco Leis de Ranganathan resultam, mia são princípios aparentemente filosófi-
pois, da intelectualidade de alguém extre- cos, porque desconhecem os efeitos de sua
mamente dedicado à Biblioteconomia, a tal aplicação na gestão cotidiana de bibliotecas.
ponto que, em sua condição de bibliotecário Para outros, porém, a observação criteriosa
da Universidade de Madras, extrapola as de cada um dos preceitos evidencia que sua
tarefas corriqueiras em busca de soluções essência não se limita a atributos puramente
favoráveis ao incremento de “sua” institui- filosóficos. Aqui, não há qualquer tentativa
ção. São as pressões do dia a dia que o im- de desmerecer a função da Filosofia, como
campo do conhecimento que amplia a com-
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preensão da realidade que circunda o ser Entretanto essa é uma característica invariá-
humano, no intuito de apreendê-la. Nos dias vel de todas as primeiras Leis”, segundo
atuais, ou melhor, no decorrer de sua evolu- palavras literais do próprio Ranganathan
ção, a depender da proeminência que cada (2009, p. 6). É a menção do livro como in-
filósofo atribui a determinado tema, o pen- termediário mor do conhecimento. Soma-se
samento filosófico tem se cristalizado, mais a essa função, a questão do acesso à infor-
e mais, em sistemas, cada um deles constitu- mação, bastante requisitado desde a Antigui-
indo, por conseguinte, nova definição da dade, porquanto os livros, por muito tempo,
filosofia. são vistos como objetos sagrados, e, por
O fato é que, não obstante estes se- conseguinte, como símbolo de poder. À
nões, as Leis mantêm traços característicos época, devem ser tocados apenas por inicia-
vinculados, sobretudo, à gestão organizacio- dos, de tal forma que, na Idade Média, a
nal, com a ressalva de que são aplicáveis a quase totalidade dos leitores inclui tão so-
épocas e a modelos de gestão organizacional mente religiosos, para quem a leitura consti-
distintos, independentemente do tipo de tui o verdadeiro e sublime alimento espiritu-
biblioteca, unidades de gestão da informação al. O acesso aos acervos, milimetricamente
e ambientes que propiciem a geração e o armazenados e preservados em mosteiros,
desenvolvimento de conhecimentos. Logo, é limita-se aos membros de ordens religiosas
possível posicionar as Leis da Bibliotecono- ou por elas aceitos. A leitura e a escrita são
mia como projeto ousado de alguém que universos restritos aos “abençoados”, e,
acreditou desde sempre na mudança da pos- portanto, vedados aos leigos e / ou laicos,
tura das bibliotecas diante das demandas como decantado na literatura e no cinema,
informacionais dos usuários. Cada uma das às vezes, em obras-primas, a exemplo de “O
Leis, denominadas ao longo do artigo, indis- nome da rosa”, de Umberto Eco, romance
tintamente, de enunciado, formulação, nor- lançado em 1980, traduzido em diferentes
ma, preceito, prescrição, princípio e termos idiomas, como alemão, francês, inglês e por-
similares, como se verá a seguir, possui a seu tuguês, e que chegou ao cinema, 1986, diri-
alcance instrumentos aplicáveis à gestão da gido por Jean-Jacques Annaud, protagoniza-
instituição social biblioteca, assegurando do por Sean Connery e transformado em
benefícios para seu avanço, permitindo o sucesso mundial, o qual enfoca, com clareza,
cumprimento de sua missão de forma efici- a sacralidade do livro, à época.
ente e eficaz. Vê-se que é imprescindível retomar o
Em termos estruturais, após a descri- passado histórico, caracterizado pelo acesso
ção minuciosa das Cinco Leis, as considera- limitado da informação, a fim de compreen-
ções finais inferem que a obra de Rangana- der o fluxo informacional da contempora-
than resiste bravamente ao tempo. Na última neidade, o qual assume novo caráter. Isto é,
fase, está a listagem das fontes utilizadas, sua essência corresponde, agora, ao investi-
não importa seu suporte físico, se impresso mento maciço na disseminação proporcio-
ou eletrônico. nada pela utilização de inúmeras redes de
compartilhamento e de colaboração, que
2 LEI 1 DA BIBLIOTECONOMIA – OS marcam presença graças às decantadas tec-
LIVROS SÃO PARA USAR nologias de informação e de comunicação
(TIC). Isto porque, a biblioteca, em sua po-
A sociedade da informação é um fe- sição de instituição social, qualquer que seja
nômeno descrito há décadas, por autores sua tipologia – pública, comunitária, infantil,
variados, a exemplo de Barreto (2005); Cas- escolar, de associações, especializada, nacio-
tells (2001) e Masuda (1982). Nomeia uma nal, universitária, virtual, digital e / ou ele-
manifestação A primeira Lei da Biblioteco- trônica – impõe-se como organização a que
nomia é evidente per se. Como decorrência, compete tratar, organizar e disseminar in-
tal como ocorre com qualquer outra ciência, formações registradas em suportes variados,
“[...] somos levados a supor que seja trivial.

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a fim de criar condições para propagar o to – ela funciona em horários ininterruptos


saber. ou não; mantém-se sem (ou com) atividades
Assim, a primeira Lei – os livros são aos finais de semana, etc. O mobiliário –
para usar – enfatiza a democratização do confortável (ou não) e em consonância (ou
conhecimento, anseio que resgata o histórico não) com critérios ergonômicos – também
vivenciado pelas bibliotecas, desde sua con- merece observações criteriosas. Por fim,
cepção, da Antiguidade até a contempora- outro componente básico diz respeito à ca-
neidade, quando ao livro, se une todo e pacitação dos recursos humanos capazes de
qualquer documento contendo informações. assimilar as exigências das coletividades.
A afirmativa põe em relevo práticas cotidia- São elementos que persistem nas bi-
nas da Biblioteconomia, ou seja, atividades bliotecas físicas do século XXI, mas que, em
que se iniciam desde a seleção dos materiais moldes analógicos, frente à expansão verti-
para a formação do acervo, somando-se ao ginosa das bibliotecas eletrônicas digitais e
trabalho técnico (classificação, catalogação e virtuais, tema de estudo de uma infinidade
indexação), com ênfase para o serviço de de autores, a exemplo de Ohira e Prado
referência. Este conquista destaque ao per- (2002), também são observados. Por exem-
mitir ao público localizar as informações plo, esses elementos, ênfase para o espaço
demandadas face à interveniência dos usuá- informacional como local aprazível / locali-
rios, o que eleva os estudos de comunidades zação ágil das informações, perfil do profis-
e de usuários ao status de instrumentos úteis sional da informação compatível com suas
e imprescindíveis ao atendimento satisfató- atribuições são, agora, de responsabilidade,
rio. da arquitetura da informação (AI), detalhada
Diante de tal perspectiva, a seguir, em dissertação de mestrado de Flávia Lacer-
apresentam-se aspectos vinculados à Lei em da Oliveira de Macedo, ano 2005, sob o títu-
pauta, devidamente pontuados e discutidos. lo “Arquitetura da informação: aspectos
Para Ranganathan, revolução consiste na epistemológicos, científicos e práticos.”
característica ideal da formulação, porquanto
ela rompe com o passado secular marcado 2.1 Lei 1 da Biblioteconomia x localiza-
por restrições ao uso das informações, e, ção das bibliotecas
portanto, limitando a geração de novos co-
nhecimentos. Para que, de fato, o uso do Para Ranganathan (2009, p. 10), a lo-
fluxo informacional seja profícuo, o mate- calização de uma biblioteca pode, em geral,
mático e bibliotecário indiano institui pro- “ser tomada como um índice do grau de
postas referentes às subseções da primeira confiança que os órgãos responsáveis por
Lei de acordo com “As we may think.” bibliotecas têm na Lei – os livros são para
Isto significa dizer que, na esfera do usar.” Trata-se de item que pontua questões
enunciado pioneiro, estão itens de suma relativas ao acesso e à acessibilidade para a
importância, atrelados à gestão organizacio- comunidade usuária da biblioteca. Refere-se
nal. Na realidade, o enunciado – os livros ao prédio / às instalações da biblioteca e,
são para usar – visa tornar a biblioteca um portanto, é, em sua essência, uma questão de
lugar aprazível e aconchegante, contemplan- lógica e coerência. Se as coleções existem
do localização da biblioteca, armazenamento para ser utilizadas, devem estar acessíveis em
das coleções / das informações, horário de ambientes que permitam seu uso, incluindo
funcionamento, mobiliário e, como inevitá- os recursos de acessibilidade para quem
vel, o perfil do elemento humano responsá- mantém necessidades especiais, o qual, quase
vel pelo encaminhamento dos serviços. Quer sempre, precisa contar com o uso de ram-
dizer, analisa a proximidade ou o distancia- pas, elevadores e aparatos semelhantes. é
mento da biblioteca em relação à coletivida- provável que, em 1928, Ranganathan não
de onde está inserida, em termos físicos e o tenha incluído expressamente a tema da a-
posicionamento do acervo. O horário de cessibilidade. Porém, é ele aqui acrescentado
funcionamento também é ponto a ser revis- por sua pertinência e sua relevância na reali-

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dade contemporânea, com uma série cres- os valores do homem contemporâneo. São
cente de estudos e de seminários referentes à ações que comprometem a produção intelec-
acessibilidade em bibliotecas1. tual, científica e acadêmica da humanidade.
Logo, infere-se que bibliotecas esco- O fornecimento excessivo de conteúdos
lares, de qualquer nível, situadas em pontos duvidosos provenientes de fontes, muitas
distantes das salas de aula, por exemplo, vezes, anônimas, sequestram o tempo do
representam por si mesmas, entraves à circu- indivíduo, roubam energia em busca de su-
lação de interessados. Dentro da celebrada prir as demandas informacionais mais urgen-
lei do menor esforço, com frequência, se tes, e, mais do que tudo, dilaceram a creduli-
não há fácil localização para as salas de estu- dade dos cidadãos.
do, os usuários, salvo honrosas exceções,
não se dão ao trabalho de ir até suas instala- 2.2 Lei 1 da Biblioteconomia x horário de
ções para fazer uso das coleções. Estas, de- funcionamento das bibliotecas
certo, precisam estar armazenadas de forma
a enfrentar a concorrência do toque mágico A Lei – os livros são para usar – in-
de busca no computador nos corredores dos corpora, como visto, o horário da biblioteca.
sites ou da wikipedia ou do festejado google. Muitas vezes, ele não favorece a frequência
Aliás, como profissional da informa- de seu público potencial. Algumas permane-
ção nem adianta se opor com furor à onda cem mais tempo fechadas do que abertas.
de modernidade que aí está nem tampouco Outras passam a maior parte do tempo em
aderir com ardor à onda de deslumbramento reformas intermináveis. Há aquelas que só
que cerca as fontes eletrônicas de informa- funcionam durante os dias úteis da semana,
ção. Há muito de verdade na obra “O culto inviabilizando a visita de quem só pode ir à
do amador...” do norte-americano Andrew biblioteca aos sábados e / ou aos domingos
Keen, ano 2009. Em sua opinião, há flagran- por conta de vínculos empregatícios. Há
tes riscos em muitos desses instrumentos aquelas que estão abertas num único turno,
consagrados. A tecnologia wiki (de origem em geral, matutino ou vespertino, excluindo
havaiana = rápido), além de mil outras inici- os usuários que, eventualmente, trabalham
ativas, à semelhança de milhões de blogs e nesses turnos e não podem frequentar a
fotoblogs, do MySpace, do YouTube ou da instituição por incompatibilidade de horá-
estapafúrdia ideia da designada biblioteca rios. Entre tantas variáveis, é incontestável
líquida, em que o visionário Kevin Kelly que os itens ora mencionados concorrem
apregoa a extinção do livro e sua redefinição para a supressão de parcela significativa da
como resultado da digitalização de todos os população, o que contraria a formulação da
livros num único hipertexto universal e de primeira Lei e, em sentido contrário, permite
fonte aberta, além da pirataria digital em inferir que “os livros não são para usar”, no
geral, podem destruir a economia, a cultura e caso, por aqueles que não podem ir à biblio-
teca por conta de horários de funcionamen-
to incompatíveis.
1
Exemplificando: (1) MAZZONI, A. A. et al. Aspec- Por outro lado, é ingenuidade acredi-
tos que interferem na construção da acessibilidade em tar que as pessoas se afastam das bibliotecas
bibliotecas universitárias. Ciência da Informação, unicamente por conta dos horários estabele-
Brasília, v. 30, n. 2, p. 29-34, maio / ago. 2001. (2)
MAZZONI, A. A.; TORRES, E. F. La utilización de cidos, diante da significativa proporção das
recursos de informática en la enseñanza de universita- TIC no cotidiano, oportunizando o acesso à
rios portadores de discapacidades. In: CONGRESO informação de suas residências ou do local
IBEROLATINOAMERICANO DE INFORMÁ- de trabalho ou de lan houses e, cada vez mais,
TICA EDUCATIVA ESPECIAL, 2., 2000, Córdoba, graças à distribuição de redes de wifi grátis
España. Anais... Córdoba: [s. n.], 2000. (3) PAULA,
S. N.; CARVALHO, J. F. Acessibilidade à informa- pelo Poder constituído em locais públicos
ção: proposta de uma disciplina para cursos de gradu- ou pelo setor privado, como redes de gran-
ação na área de Biblioteconomia. Ciência da Infor- des shoppings. No entanto, reforçando a
mação, Brasília, v. 38, n. 3, p.64-79, set. / dez. 2009. complexidade da temática, acrescenta-se a

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gravidade da exclusão social e do analfabe- organizados e acomodados são para ser usa-
tismo digital. As tecnologias, incluindo as dos? Embora Ranganathan se refira à reali-
redes eletrônicas de informação e de comu- dade da Índia de 1930, infelizmente, ainda
nicação, só vão atuar como agente democra- na contemporaneidade, é possível deparar
tizador, de fato, à medida que incorporarem com essa visão, uma vez que, em diferentes
ao seu universo de usuários, todos aqueles realidades, as bibliotecas não são planejadas
que, sempre, permanecem à margem das por profissionais da área, que, raramente,
benesses sociais: os economicamente caren- acompanham os projetos arquitetônicos.
tes; os idosos; os analfabetos ou neoalfabeti- Outros especialistas, sem conhecimento da
zados; os grupos raciais e étnicos minoritá- rotina e das particularidades dessas organiza-
rios; os desempregados ou subempregados; ções assumem o encargo das instalações e,
os deficientes físicos; os apenados e outros também, da seleção do mobiliário das biblio-
segmentos. É a busca incessante pelo ansia- tecas.
do princípio do acesso universal, que pres- No caso específico do Brasil, tanto
supõe a viabilidade de utilização da informa- nas capitais, mas, sobremaneira, nos municí-
ção para todos. pios mais distantes, as bibliotecas, além de se
confundirem com precárias salas de leitura,
2.3 Lei 1 da Biblioteconomia x mobiliário se identificam com amontoados de livros e
das bibliotecas revistas jogados e cobertos de poeira, num
canto qualquer. Fato publicado pela impren-
Indo além, é importante destacar que sa paraibana, ao início dos anos 2000 do
o ambiente da biblioteca física é pensado século XXI, dá conta do ocorrido em Con-
para acolher os usuários de forma que, bem de, pequeno município da Região Metropoli-
acomodados, possam estudar e pesquisar, tana de João Pessoa, Paraíba: ao chegar à
porquanto, muitas vezes, seu ambiente do- Biblioteca Municipal, a bibliotecária desco-
miciliar não é planejado como espaço propí- bre que a biblioteca simplesmente sumiu. Os
cio à concentração de estudos. Para Ranga- livros estão empilhados numa sala. Explica-
nathan (2009, p. 19), é possível afirmar, com ção “lógica” e curta: a Prefeita necessitou do
segurança, quão de realidade existe na asser- espaço para a guarda municipal. Em termos
tiva: “[...] mostra-me o mobiliário de tua genéricos, além de as bibliotecas continua-
biblioteca e eu te direi se crês ou não na rem sendo maltratadas pelos Poderes consti-
primeira Lei da Biblioteconomia [...]”, ou tuídos e pela administração de órgãos públi-
seja, acredita que o cuidado com o mobiliá- cos e privados, incluindo as instituições de
rio nas bibliotecas é primordial. ensino superior (IES), o que se constata
Algumas instituições de diferentes empiricamente, mediante a observação de
tipologias “amontoam” seu material biblio- que são as bibliotecas as primeiras afetadas
gráfico e audiovisual em estantes inadequa- por corte de verbas no orçamento. Mesmo
das, às vezes, indo até o teto, o que impede a quando as estatísticas atestam elevada fre-
visão panorâmica das coleções e suprime o quência de usuários, salvo exceções, são elas
estímulo relevante para o manuseio do mate- que continuam ao final das prioridades “ofi-
rial. Em geral, o mobiliário inclui, ainda, ciais”, num visível distanciamento entre o
mesas e cadeiras sem o mínimo de conforto discurso sobre sua relevância para o proces-
e ergonomia. A este respeito, em visível e so desenvolvimentista dos povos e a opor-
plausível tentativa de justificativa, Rangana- tunidade de execução das operações planeja-
than (2009, p. 19) diz que “as estantes das das por sua administração. Não se trata de
bibliotecas eram construídas somente com mero comentário, mas de fato que dispensa
vistas à preservação [...] O problema consis- fontes bibliográficas pela visibilidade do
tia em acomodar a maior quantidade de li- status quo a olho nu.
vros no menor espaço pelo menor custo.”
Diante desse panorama, como asse- 2.4 Lei 1 da Biblioteconomia x pessoal
gurar, com propriedade, que os livros assim da biblioteca

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do público em potencial e atenda a critérios


“Qualquer que seja a localização, o específicos para a aquisição de materiais para
horário, o mobiliário e a forma como são compor o acervo. Estes são apenas alguns
guardados os livros, é o pessoal da biblioteca aspectos importantes para a efetivação da
que, em última análise, constrói ou destrói Lei. Assim, em sua essência, o profissional:
este espaço” (RANGANATHAN, 2009, p.
24). É pensando no elemento humano, res- [...] não terá descanso enquanto
ponsável pelo encaminhamento dos serviços não houver reunido todos – ricos e
das bibliotecas que, efetivamente, se dá a pobres, homens e mulheres, quem
concretude da primeira norma. São as pes- mora em terra firme e quem navega
soas que estão na biblioteca, que atendem os mares, jovens e idosos, surdos e
mudos, alfabetizados e analfabetos
aos usuários diretamente ou indiretamente
– a todos, de todos os cantos da
que impulsionam o uso maior ou menor da Terra, até que os tenha conduzido
circulação da coleção. Isso se estabelece para o templo do saber e até que
desde um bom dia com um sorriso aos lá- lhes tenha garantido aquela salva-
bios à predisposição de ajudar na localização ção que emana do culto de Sarasva-
de um item. Ações no trato da interação ti, a deusa do saber (RANGANA-
humana consistem na construção de uma THAN, 2009, p. 92).
imagem particular do ambiente, que pode ser
benéfico ou não, tornando o usuário fre- Esta prescrição enfatiza os inúmeros
quentador assíduo ou, em contraposição, perfis que a biblioteca alcança mediante o
afastando-o de forma definitiva da bibliote- conceito de que para cada leitor há “seu”
ca. livro e que os livros são para todos, sem
Emerge, então, este questionamento: distinção. O princípio da informação para
o que as bibliotecas fazem para atender ao todos põe por terra qualquer tipo de discri-
prescrito na Lei em discussão? Decerto, po- minação, e, sobretudo, favorece recursos
dem fazer investimentos maciços no capital educacionais aos excluídos socialmente, o
intelectual. Por intermédio de treinamento que só é possível por meio da disseminação
dos recursos humanos via cursos de qualifi- do conhecimento e da democratização do
cação e de capacitação para atender à de- acervo. Como Santo (2014, p. 99) afirma: a
manda específica dos frequentadores de biblioteca “depara-se com a necessidade de
bibliotecas, é possível atender a quem chega criar serviços de referência apropriados (ca-
ao balcão em busca de uma simples infor- tálogos, bibliografias, extensão bibliotecária,
mação até a quem precisa de auxílio numa atendentes capacitados, etc.), de modo a dar
determinada base de dados para aprofunda- conta de levar cada leitor a seu livro. A ques-
mento de temáticas ou de objetos de estudo tão de ordem nesta Lei é: a quem o acervo se
específicos visando à execução de novas destina.”
pesquisas. Sob esta perspectiva, como Santo Verdade que as bibliotecas do século
(2014) esclarece: as palavras de ordem da Lei XXI vivenciam um ambiente de informação
– os livros são para usar – são, fundamen- distinto da época da formalização das Leis
talmente: organização, armazenamento e da Biblioteconomia / Leis de Ranganathan.
disseminação. Nos dias de hoje, a informação é mediada
pelo uso das TIC, o que altera o cenário das
3 LEI 2 DA BIBLIOTECONOMIA – A bibliotecas em geral, sem, porém, transfor-
CADA LEITOR SEU LIVRO mar a essência dos preceitos, porque cada
leitor mantém demandas específicas. São
O segundo princípio – a cada leitor estas necessidades singulares que o movem
seu livro – sugere que a biblioteca tenha em busca de subsídios também particulares.
conhecimento da comunidade que atende, Nessa linha de pensamento, Lynn Silipini
observe para qual público se destina, sele- Connaway e Ixchel M. Faniel, no livro “Re-
cione as informações de acordo com o perfil ordering Ranganathan: shifting user behaviors, shif-

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Cinco Leis da Biblioteconomia / Cinco Leis de Ranganathan: Resistindo Bravamente ao Tempo

ting priorities” propõem uma releitura das diante do fascínio crescente exercido pelos
normas sob a ótica das inovações tecnológi- artefatos tecnológicos. Há quem afirme que
cas à disposição dos indivíduos, o que, em a maior parte dos usuários em potencial das
sua perceção, não reduz o desafio vivenciado bibliotecas, agora, prefere buscar o que
por bibliotecas e seus profissionais no senti- deseja na internet ao invés de ir à biblioteca
do de adaptarem os multifacetados conteú- mais próxima e / ou de sua instituição. É a
dos aos variados cidadãos que buscam seus comodidade oferecida pelas inovações
serviços. tecnológicas aliada a uma série de fatores
inerentes à sociedade contemporânea, em
Um dos principais desafios no especial, nas grandes cidades: insegurança
cumprimento desta interpretação das ruas, trânsito caótico, acúmulo de
da segunda Lei é efetivamente atividades, redução de tempo, custo de
gerenciar a integração de revistas deslocamento, etc.
eletrônicas, e-books e outros Recorrendo a Connaway e Faniel
recursos eletrônicos em coleções de
bibliotecas fazendo que o conteúdo
(2014), Cloonan e Dove argumentam que a
visível esteja acessível (CONNA- segunda Lei da Biblioteconomia exige que os
WAY; FANIEL, 2014, p. 27, tra- profissionais da informação eliminem ou
dução nossa). reduzam os entraves que afastam, ainda,
segmentos populacionais dos recursos
Qualquer que seja sua natureza, as eletrônicos. Isto não significa o
bibliotecas mantêm um público potencial (na distanciamento da coletividade ante a
acepção de público possível) mais amplo do instituição biblioteca, e, sim, o cumprimento
que o público efetivo, na acepção de público da missão dos bibliotecários para que se
permanente, estável e fixo. Por exemplo, no capacitem com o fim de não apenas auxiliar
caso da biblioteca universitária, ao contrário o cidadão a encontrar determinada obra na
de uma grande biblioteca comunitária, o estanteria ou determinada informação numa
público apresenta-se desde o início base de dados, mas, sim, de explorar o fluxo
segmentado – corpo docente, corpo discente informacional em diferentes suportes físicos,
e corpo técnico-administrativo das IES. Em de modo a assegurar a cada leitor a
ambas as circunstâncias, porém, é informação precisa, o que pressupõe
fundamental conhecer os estratos para conhecimento da comunidade por parte do
efetivar a seleção dos itens que comporão o profissional.
acervo face à diversidade inevitável de Eis a reafirmação de palavras ipsis lit-
demandas advindas da singularidade dos teris de Ranganathan (2009, p. 180), quando
diferentes públicos. Estes podem, inclusive, insiste que “o primeiro passo é conhecer o
abranger portadores de deficiências de leitor.” Este é o requisito fundamental para
naturezas distintas, como auditivas e visuais, o cumprimento da segunda Lei, mesmo que
o que requer cuidados e materiais a ação requeira, em qualquer instância e em
específicos, a fim de que a Lei – a cada leitor qualquer biblioteca, atenção redobrada. Tal
seu livro – se transmute em realidade. conhecimento se efetiva mediante estudos a
partir dos interesses identificados dentre o
3.1 Lei 2 da Biblioteconomia x público potencial e efetivo, quando as biblio-
conhecimento da comunidade tecas ou centros de documentação se habili-
tam a oferecer informações compatíveis com
Diante do exposto até então, é o perfil dos usuários. Aliás, a bem da verda-
evidente que a Lei 2 da Biblioteconomia de, cada vez mais, os indivíduos assumem
requer profundo conhecimento da essa tarefa e traçam intuitivamente ou com
comunidade na qual a instituição racionalidade seus próprios perfis. Estes
responsável pela circulação de informação substituem com vantagens anos-luz a antiga
está inserida para que seu enunciado – a cada prática da Disseminação Seletiva da Infor-
leitor seu livro – se concretize, mesmo mação a cargo dos profissionais bibliotecá-

Ci. Inf. Rev., Maceió, v. 3, n. 1, p. 11-29, jan./abr. 2016 19


Maria Eliziana Pereira de Sousa / Maria das Graças Targino

rios e da informação. No entanto, há sempre seja, aceita ou refutada. Ademais, é funda-


o perigo da permissividade do anonimato e mental que as bibliotecas, públicas ou co-
da prevalência do amadorismo em detrimen- munitárias, infanto-juvenis ou escolares, de
to do aprofundamento das informações e associações ou especializadas, estaduais ou
dos conhecimentos que circulam na Grande nacionais, universitárias ou virtuais, mante-
Rede, como sustenta Keen (2009, p. 8), com nham à disposição dos interessados tanto
veemência: “[...] livros para a leitura recreativa como de
natureza informacional”, como Ranganathan
Em nosso mundo web [...], as má- (2009, p. 76) enfatiza em pleno século XX,
quinas de escrever não são mais ou, em particular, anos 1928 a 1931, quando
máquinas de escrever, e sim com- se dá a elaboração e disseminação das Cinco
putadores pessoais conectados em Leis.
rede, e os macacos não são exata- Portanto, o bibliotecário deve traba-
mente macacos, mas usuários da
lhar de forma reflexiva para entender o por-
internet. E em vez de criarem o-
bras-primas, esses milhões e mi- quê dos usuários utilizarem certa literatura
lhões de macacos exuberantes [...] ou não; preferirem tal base de dados ao in-
estão criando uma interminável flo- vés de outra; sem, porém, relegar aqueles
resta de mediocridade. Pois os ma- que não fazem uso dos produtos e serviços
cacos amadores de hoje podem u- mantidos pela biblioteca:
sar seus computadores conectados
em rede para publicar qualquer coi- Bibliotecários devem primeiro en-
sa [...] tender por que as pessoas utilizam
os serviços e recursos de informa-
3.2 Lei 2 da Biblioteconomia x formação ção. Trata-se de se envolver ativa-
da coleção mente com o ensinamento da co-
munidade [...], aprendizagem e es-
Ainda no que se refere à prescrição – forços de pesquisa. Envolver-se
a cada leitor seu livro –, numa demonstração com professores e alunos frequen-
tando as aulas, fornecendo ajuda
inequívoca de sua visão ampla, Ranganathan para encontrar fontes de informa-
(2009, p. 177-178) alerta para a dificuldade ção para projetos e tornar-se um
subjacente à Lei 2, ao afirmar: “A maneira membro ativo dos projetos é uma
ideal de organizar uma biblioteca para ofere- excelente oportunidade para des-
cer a cada pessoa seu livro talvez fosse reu- cobrir por que eles usam os servi-
nir todos os produtos da imprensa desde sua ços de informação e recursos espe-
origem até o presente momento.” Trata-se cíficos (CONNAWAY; FANIEL,
de advertência antecipada temporalmente e 2014, p. 37, tradução nossa).
bem distante do alcance da força das tecno-
logias na sociedade da informação / socie- Enfim, ao tempo que “a segunda Lei
dade do conhecimento / sociedade da a- – A cada leitor seu livro – determina que as
prendizagem / sociedade da educação / bibliotecas sirvam a todos os leitores, não
sociedade da recomendação / modernidade importa a classe social, sexo, idade ou qual-
líquida, em que o indivíduo pode localizar quer outro elemento, como Figueiredo
“sua” informação em tempo real, onde quer (1992, p. 187) afirma, conhecer a comunida-
que esteja. de constitui etapa essencial, porque seleção e
Sob esta ótica, ao selecionar uma formação da coleção, qualquer que seja o
publicação ou uma informação para incor- suporte físico do material, define de forma
porar à coleção da biblioteca ou ao mananci- significativa o desempenho (sucesso ou fra-
al de bancos e bases de dados, o bibliotecá- casso) das bibliotecas. A coleção adequada,
rio está interferindo indiretamente na vida no sentido de que atende às expectativas do
acadêmica de seu público-alvo, uma vez que público, evita gastos desnecessários às insti-
a seleção e a formação de acervos funcionam tuições, o que conduz, mais uma vez, à rele-
como uma bússola, descartável ou não, ou vância da gestão organizacional, envolvendo

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Cinco Leis da Biblioteconomia / Cinco Leis de Ranganathan: Resistindo Bravamente ao Tempo

tanto a gestão da informação e a gestão do fato, existe a identificação do usuário com


conhecimento quanto a gestão das TIC na alguma obra em particular que chama sua
esfera das empresas organizacionais, em atenção por algum motivo.
particular, das bibliotecas. Estas, por conta A este respeito, Connaway e Faniel
da diversificação que caracteriza as coletivi- (2014) são categóricos no momento em que
dades, devem primar por acervos variados mencionam três itens subjacentes à terceira
em consonância com as demandas informa- norma: descoberta / identificação da infor-
cionais, o que requer a execução sistemática mação; acesso à informação; uso da infor-
de estudos de usuários. mação, como se percebe na descrição dos
pontos a seguir.
4 LEI 3 DA BIBLIOTECONOMIA – A
CADA LIVRO SEU LEITOR 4.1 Lei 3 da Biblioteconomia x sistema
de livre acesso
O terceiro princípio – a cada livro
seu leitor – complementa a segunda Lei e Ainda para Ranganathan (2009), a
enfatiza, mais ainda, a relevância de tornar terceira Lei enaltece a transmutação de uma
os recursos informacionais conhecidos dos biblioteca de acesso restrito num instituição
usuários o mais rápido possível. É a ênfase de livre acesso. Isto porque, durante anos e
ao sistema de livre acesso, ao arranjo bem décadas, talvez por conta da sacralização do
definido da estanteria, a um catálogo organi- livro em momentos históricos, algumas bi-
zado de fácil acesso e de uso flexível, aliados bliotecas, em diferentes esferas, mantêm
a um serviço de referência especializado. (ainda hoje, em alguns casos pontuais) a
Targino (2010, p.123) acresce: cultura de acervos fechados, ou seja, distan-
tes dos olhos dos interessados. O argumento
[...] em 1931, Ranganathan já alerta para tanto recai, quase sempre, na questão
para os benefícios do acesso livre da segurança do acervo, indiferente ao fato
às estantes, para as imensuráveis de que esse distanciamento contraria o apre-
vantagens de publicizar os serviços goado – a cada livro seu leitor.
mantidos e, principalmente, para a Na atualidade, com os inúmeros ti-
necessidade imperiosa de diversifi-
pos de sistemas antifurtos, as bibliotecas
car e sistematizar as estratégias de
dinamização e de uso das coleções. oferecem ao cidadão a chance de buscar
aquilo que deseja e, sobretudo, de encontrar
Reitera-se, ainda, a fala de Shiyali algo além do esperado. Nenhum sistema
Ramamrita Ranganathan (2009, p. 189), exclui a tarefa de o bibliotecário treinar, com
quando diz, literalmente: “a terceira Lei é de frequência, o usuário para o uso autônomo
toda forma um complemento da segunda.” das coleções graças a um trabalho perma-
Enquanto a anterior se preocupa em encon- nente e sistemático de conscientização. De
trar para cada leitor o livro apropriado; a qualquer forma, o que sobressai é o fato de,
terceira se esforça para que um leitor seja há muitas décadas, o bibliotecário indiano
encontrado para cada livro. É incontestável manter acesa a preocupação de facilitar o
que a afirmativa – a cada livro seu leitor – acesso para propiciar a cada livro seu leitor,
tem sua atenção voltada para o livro / a co- o que torna imprescindível o sistema de livre
leção das bibliotecas, e, também, para as acesso ao lado do uso dos recursos tecnoló-
expectativas das pessoas. Afinal, estas bus- gicos e, então, a riqueza que o serendiptismo
cam, em meio ao inesgotável fluxo de dados, (ou serendipitia) e o browsing propiciam. No
“a informação” compatível com uma neces- primeiro caso, eis a vantagem de favorecer
sidade específica (pontual) ou com suas de- ao cientista o serendipity, termo cunhado pelo
mandas informacionais genéricas para o norte-americano Horace Walpole, após seu
incremento de sua formação pessoal e pro- conto “The three princes of serendip”, para de-
fissional, para fins de estudo e de pesquisa. signar a identificação de informações valio-
O que se observa no enunciado é que, de sas por acaso. Aliás, isto pode ocorrer na

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Maria Eliziana Pereira de Sousa / Maria das Graças Targino

comunicação escrita via browsing e nos meios ministração, documentação, afora educação
eletrônicos, quando o pesquisador pratica o e biografias.
browsing virtual. Acrescenta-se que o browsing Afora os arranjos das estantes em
constitui termo técnico que designa o pro- bibliotecas físicas, no contexto amplo do
cesso aleatório de busca em meio a uma espaço virtual, em que as tecnologias da in-
quantidade de documentos, às vezes, pelo formação e da comunicação prevalecem, é
mero prazer de encontrar coisas novas; ou- imprescindível que bibliotecários e usuários
tras, em busca de uma informação precisa e dominem o arranjo das informações em
de difícil alcance. portais e sites. É preciso conhecer sua inter-
face gráfica e, principalmente, ter noções
4.2 Lei 3 da Biblioteconomia x arranjo básicas acerca da AI (MACEDO, 2005), que
das estanterias possibilite a navegação e a recuperação da
informação, levando em conta a interopera-
É oportuno lembrar as palavras bilidade entre ambientes físicos e virtuais,
complementares de Ranganathan (2009), característicos da sociedade contemporânea:
quando lembra que, mesmo numa biblioteca
de livre acesso, as oportunidades para o No contexto atual, em que os
cumprimento da terceira Lei – a cada livro usuários utilizam diferentes mídias
seu leitor – podem ser proveitosas ou não, a fortemente inter-relacionadas e
depender do arranjo das publicações no con- com arquiteturas da informação
formando ecossistemas, não se
junto de estantes. Sem dúvida, a armazena- pode pensar a gestão da
gem e a organização das obras interferem, informação [...] isolada num único
consideravelmente, no cumprimento do ambiente [...] O tráfego para os
prescrito. usuários entre [os] dois ambientes
As bibliotecas com acervos dispostos [físicos e virtuais] [...] requer que o
segundo critérios de cor da capa, autor, ta- encontrado no ambiente real seja o
manho, ordem alfabética e / ou ano de pu- mais similar possível ao seu
blicação reduzem as chances de o usuário correspondente no ambiente
identificar e localizar o que busca. A forma virtual. Desta forma, os processos
ideal, como o bibliotecário indiano corrobo- em gestão da informação devem
ra, ainda em anos tão distantes, é a ordena- contribuir para tornar ambos os
ambientes mais próximos possíveis
ção dos livros por assunto, o que oportuniza
um do outro. A arquitetura da
a concretude da determinação – a cada livro informação [...] torna-se apoio
seu leitor. Isto significa adotar códigos de fundamental para que a gestão da
classificação no âmbito das bibliotecas. Os informação alcance esse objetivo
mais frequentes são: Classificação Decimal (CAMBOIM; SOUSA;
de Dewey (CDD) e Classificação Decimal TARGINO, 2016, não paginado).
Universal (CDU). Ambos atribuem numera-
ção / codificação aos temas gerais e específi- 4.3 Lei 3 da Biblioteconomia x catálogo
cos em todos os campos do conhecimento, / serviço de referência
com a ressalva de que o trabalho técnico de
classificação faz parte da formação profis- Prosseguindo e ainda com foco na
sional do bibliotecário, cujo fim é a recupe- terceira Lei, Ranganathan (2009, p. 194) as-
ração mais rápida da informação. Como segura: “Embora um arranjo bem estudado
adendo, rememora-se que, segundo Figuei- seja necessário, não é de modo algum sufici-
redo (1992), as Cinco Leis representam para ente para se conseguir para cada livro seu
o “Pai da Biblioteconomia” uma obra semi- leitor. O catálogo também pode ser de ajuda
nal. Dela se originam, à época, cerca de 60 imensa em relação a isso.” Sobre tal afirma-
outros livros da autoria de Ranganathan, nos tiva, na interpretação de Connaway e Faniel
campos de seleção, classificação, cataloga- (2014, p. 75, tradução nossa), o bibliotecário
ção, referência, legislação bibliotecária, ad- indiano alerta para a preciosa contribuição

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Cinco Leis da Biblioteconomia / Cinco Leis de Ranganathan: Resistindo Bravamente ao Tempo

que os bibliotecários podem prestar para a 5 LEI 4 DA BIBLIOTECONOMIA – POU-


efetivação do preceito – a cada livro seu PE O TEMPO DO LEITOR
leitor:
O quarto princípio – poupe o tempo
Os bibliotecários podem fazer o do leitor – só se efetiva nas bibliotecas, à
trabalho necessário para determinar medida que certos requisitos são cumpridos
quais obras de referência são as com rigor. Exemplificando: sinalização bem
mais apropriadas. Podem melhorar planejada e bem detalhada ao longo das es-
os mecanismos de armazenamento tanterias; elaboração e divulgação de listas
e outras questões relacionadas com bibliográficas de acordo com as necessidades
a biblioteca física. Podem, ainda,
da comunidade; sistema de empréstimo fle-
tornar mais recursos acessíveis a-
través da digitalização de materiais xível; staff em consonância com o planeja-
raros, assinando, também, um nú- mento global da biblioteca como subsistema
mero maior de bases de dados e da instituição a qual está vinculada. Dizendo
periódicos, de formar a somarem de outra forma, para cumprir a intenção
conteúdos e tornarem as informa- subjacente ao enunciado da Lei, é impres-
ções mais facilmente acessíveis. cindível que a biblioteca disponha de ferra-
Podem melhorar a experiência do mentas e recursos adequados, além de pôr à
catálogo da biblioteca online para disposição tipos diversificados de acervos,
torná-lo mais parecido com o google. considerando as quase inesgotáveis potencia-
lidades das inovações tecnológicas. Como
Dizendo de outra forma, ao tempo Santo (2014, p.100) prediz, esta é tarefa rele-
em que os catálogos das bibliotecas atuam vante “[...] da gestão e organização da in-
como um dos mecanismos centrais para formação: criar elementos que possam fazer
conceder a cada livro seu leitor, por si só são com que a informação encontre seu usuário
insuficientes para assegurar um serviço no menor tempo possível.”
efetivo de referência visando à recuperação Sobre o uso maciço das inovações
das informações. Nas bibliotecas com tecnológicas no cotidiano das bibliotecas,
condições mais favoráveis de Connaway e Faniel (2014) acreditam que,
funcionamento, por exemplo, ou seja, com como decorrência de todos os avanços vi-
automação significativa e eficiente de venciados ao longo do tempo, essas institui-
produtos e serviços, é possível encontrar ções precisam aderir às práticas em web design
com mais facilidade e agilidade a informação e à dinamicidade inerente ao fluxo informa-
demandada por meio de catálogos online cional crescente e inesgotável. Aqui, é preci-
amigáveis. Isto corresponde a afirmar que a so reforçar a relevância, mais uma vez, da
conjunção catálogo x serviço de referência AI, que se apoia em disciplinas variadas, a
constitui binômio essencial à consecução da exemplo de Design da Informação, Design
proposição – a cada livro seu leitor. Visual, Ciência da Computação, Arquitetura
E mais, se, nos dias de hoje, o tempo e da própria Biblioteconomia. Refere-se, em
é bem precioso para o homem contemporâ- seu cerne, à reunião, organização e apresen-
neo, desde a formulação das “Cinco Leis da tação de informações, uma vez que, como
Biblioteconomia”, Ranganathan se preocupa Camboim e Sousa e Targino (2015) resu-
com a celeridade dos serviços, a exemplo do mem, ao arquiteto da informação compete
serviço de referência. Deve ser ele eficiente e organizar quantidade razoável de informa-
eficaz, o que prevê manutenção e atualização ções em websites para que os interessados
de catálogos que facilitem acesso e disponi- possam suprir demandas informacionais.
bilidade dos itens, que devem estar devida- Neste sentido, a atuação do arquiteto da
mente indexados e classificados a fim de que informação se assemelha à dos bibliotecá-
a recuperação das informações ocorra com rios, no mundo físico. Estes selecionam,
precisão e rapidez, de forma a cumprir o avaliam, descrevem e organizam coleções
previsto na quarta Lei. visando facilitar a busca de informações

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Maria Eliziana Pereira de Sousa / Maria das Graças Targino

necessárias. Os chamados arquitetos da in- e a organização das obras nas estantes preci-
formação desempenham a mesma função, só sam estar ao alcance do entendimento dos
que, agora, prioritariamente, em websites e / usuários. Caso contrário, qualquer que seja a
ou intranets, o que não impede o ingresso e a sistemática utilizada, esta perde a razão de
atuação do bibliotecário no universo ciber- ser. Como antes discutido, a ordenação por
nético. Em suma, tal como ocorre com o assunto (via sistemas de classificação CDD
arranjo das informações em ambientes físi- ou CDU) consiste na forma mais fácil de
cos, a AI facilita o fluxo informacional nas acesso, sem relegar a chance de colocar, a-
redes. lém das placas de sinalização por tema, um
Tudo isto só atesta que vivências, manual de uso na entrada da biblioteca com
experiências e preferências dos usuários em instruções básicas. Também é imprescindível
potencial e usuários efetivos da biblioteca a indicação para deficientes visuais e auditi-
têm sido afetadas por iniciativas variadas. Eis vos, retomando-se a relevância da acessibili-
o exemplo da Amazon, do google e de uma dade na vida em sociedade na contempora-
infinidade de redes sociais, como o facebook e neidade, inclusive, com força total, nas bibli-
o twitter. Tudo atua como estratégia que fa- otecas, na condição de instituições essenci-
vorece contatos quase imediatos e / ou em almente de natureza social.
tempo real entre os indivíduos, contatos
estes, determinantes para que as pessoas 5.2 Lei 4 da Biblioteconomia x
experimentem novas vivências na esfera da bibliografias
web. Ademais, percebe-se que o princípio –
poupe o tempo do leitor – centra-se quase Referindo-se, em particular, às publi-
que exclusivamente no sujeito. cações periódicas, o bibliotecário indiano
Acrescenta-se a tudo isso, que a afirma inexistir qualquer dúvida em torno da
quarta Lei, na contemporaneidade, extrapola importância de indexar os respectivos con-
os limites e as sistemáticas previstas pelo teúdos também como estratégia para conso-
indiano, à época, haja vista que as TIC são lidar a Lei – poupe o tempo do leitor. Na
essenciais para a recuperação da informação. realidade, as listas bibliográficas e as biblio-
Como consequência, o profissional bibliote- grafias em suas variações são fontes que as
cário precisa dominar tais mecanismos de bibliotecas devem dispor, até porque podem
busca em prol do usuário, até porque cabe ser indexadas em bases de dados ou em catá-
ao profissional bibliotecário e demais mem- logos de acesso para consulta ao público em
bros das bibliotecas operacionalizarem ins- potencial.
trumentos capazes de poupar o tempo em As bibliografias são instrumentos
sua busca de informações. que fazem parte de todos os projetos peda-
gógicos de cursos de graduação nas IES
5.1 Lei 4 da Biblioteconomia x públicas e privadas, de forma crescente, ado-
sinalização no recinto das estanterias tados pelo corpo docente objetivando o
bom aproveitamento das disciplinas ofereci-
Ainda sobre a quarta Lei – poupe o das no decorrer do curso. Como Rangana-
tempo do leitor –, Ranganathan (2009) alerta than (2009, p. 18) sintetiza, as bibliografias
para a utilidade prática da instalação de um correspondem a uma lista “[...] de livros [ou
sistema eficiente de sinalização ao longo das de quaisquer outros documentos] de deter-
estanterias. Àquela época, já adota atitudes minado autor, editora ou país, ou daqueles
simples, mas de extrema conveniência para o que tratam de determinado tema; a literatura
público: colocar placas de sinalização com de um assunto.” Tais bibliografias são identi-
letras do alfabeto ou números de chamada ficadas e adquiridas numa parceria entre
contendo indicação dos respectivos assun- docentes e bibliotecários, no caso das biblio-
tos. Eis exemplo simples e eficiente de ações tecas escolares nas diferentes instâncias. É o
que resguardam o tempo do leitor. Além do bibliotecário quem organiza, seleciona e en-
mais, é preciso lembrar que a armazenagem tra em contato com as editoras para aquisi-

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Cinco Leis da Biblioteconomia / Cinco Leis de Ranganathan: Resistindo Bravamente ao Tempo

ção de bibliografias para compor a coleção nica, sem necessidade de deslocamento dos
da biblioteca. indivíduos até a biblioteca física.
Ao fazer menção ao item em discus-
são, o “Pai da Biblioteconomia” afirma que a 5.4 Lei 4 da Biblioteconomia x tempo do
catalogação analítica não deve se limitar ao pessoal
suporte livros, mas, sim, incorporar periódi-
cos e outros materiais, o que favorece a efe- Ranganathan (2009, p. 230) assegura:
tivação da Lei. No entanto, há, ainda, biblio- “[...] um dos métodos empregados para
tecas que se eximem da tarefa de explorar poupar o tempo do leitor consiste em man-
analiticamente os fascículos das publicações ter um número adequado de funcionários
periódicas, dificultando o cumprimento da [...]” De forma indireta, tal declaração expõe,
Lei – poupe o tempo do leitor. mais uma vez, a importância da manutenção
de um bom serviço de referência, o que
5.3 Lei 4 da Biblioteconomia x sistemas pressupõe número compatível de recursos
de empréstimo humanos destinados ao atendimento do
público. Quanto mais funcionários treinados
Naquela ocasião, para Shiyali Rama- e quanto mais longo o período em que eles
mrita Ranganathan, antes do advento da estejam disponíveis para efetivar a prestação
quarta Lei, os sistemas de empréstimo e sua do serviço de referência, maior será a chance
baixa devolução, com frequência, além de de os objetivos contidos na quarta Lei serem
trabalhosos, eram sempre demorados e fa- cumpridos.
lhos. Porém, mesmo hoje em dia, esses mé-
todos antiquados prevalecem em muitas 6 LEI 5 DA BIBLIOTECONOMIA – A
bibliotecas, em especial, dos municípios bra- BIBLIOTECA É UM ORGANISMO EM
sileiros ou em bibliotecas escolares e públi- CRESCIMENTO
cas estaduais. Isto porque, ainda há institui-
ções com sistemas manuais de empréstimo, A quinta Lei – a biblioteca é um or-
o que contraria frontalmente a decisão apre- ganismo em crescimento – atua como fun-
goada – poupe o tempo do leitor. Além do damento à gestão organizacional das biblio-
andamento mais longo para operacionaliza- tecas como organismos sociais. Não restam
ção do empréstimo; da burocracia desgastan- dúvidas de que a biblioteca, na condição
te (manuseio de fichas em gavetas); da chan- precípua de entidade em flagrante e inces-
ce maior de duplicação de dados; há maior sante crescimento, demanda planejamento
probabilidade de o profissional perder o estratégico de suas ações frente ao incremen-
controle das operações efetivadas. to do universo de usuários, de tal forma que
Em meio à riqueza de oportunidades não pode ser percebida apenas como local
propiciadas pelos artefatos tecnológicos, para armazenar e preservar publicações. Isto
presentemente, é fácil e pouco oneroso ado- pressupõe melhorias, desenvolvimento cons-
tar sistemas gratuitos de controle dos acer- tante e aprimoramento de suas funções, a-
vos tanto para cadastro dos usuários efetivos lém de adequação à qualidade crescente de
quanto para o empréstimo de publicações, produtos e serviços, o que envolve atenção a
com o intuito de prestar atendimento mais elementos básicos: desenvolvimento da bi-
ágil e garantir controle mais efetivo das o- blioteca sob qualquer perspectiva; adoção de
bras locadas. Ainda como recurso para eco- sistemas de classificação compatíveis à reali-
nomizar o tempo dos leitores, as bibliotecas dade institucional; envolvimento dos cida-
podem adquirir normas de automação que dãos com produtos e serviços mantidos,
favorecem a renovação do material empres- entre outros. A este respeito, literalmente,
tado (e quaisquer ações correlatas, como Figueiredo (1992, p. 189) afirma:
reserva) ou a consulta sobre a existência de
determinado item na coleção via rede eletrô- A quinta Lei prescreve uma abor-
dagem sistêmica para o desenvol-
vimento de instituições de infor-

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Maria Eliziana Pereira de Sousa / Maria das Graças Targino

mação, com um mecanismo autoa- crescimento contínuo, as bibliotecas podem


daptador para a natureza dinâmica e devem se expandir sem fronteiras ou sem
do universo da informação. Estu- limites predeterminados, o que exige código
dos futurísticos apontam para uma eficiente de classificação para recuperação
nova sociedade da informação, em imediata de novos itens anexados.
que instituições que manejam in-
formação determinarão o padrão
6.3 Lei 5 da Biblioteconomia x produtos
de pesquisa e do progresso da hu-
manidade. e serviços

6.1 Lei 5 da Biblioteconomia x Prosseguindo na esfera da quinta Lei,


crescimento da biblioteca em qualquer Ranganathan (2009) considera o princípio –
direção a biblioteca é um organismo em crescimento
–, levando em conta diferentes fatores, co-
No momento em que Shiyali Rama- mo a dimensão das salas ou do salão de lei-
mrita Ranganathan enuncia as “Cinco Leis tura e, também, o movimento que ronda o
da Biblioteconomia”, a última das quais sistema de empréstimo. Ora, com a expan-
chama atenção para a biblioteca como orga- são e a adoção maciça das tecnologias nos
nismo em crescimento, decerto, pretende mais diferentes segmentos da vida individu-
alertar para a dinamicidade dessas institui- al, profissional e social dos indivíduos, regis-
ções em seu caráter eminentemente social. tra-se a adesão crescente de novos elemen-
Como decorrência, o crescimento por ele tos para mensuração do crescimento das
previsto abrange qualquer instância das bi- bibliotecas como instituição social.
bliotecas, incluindo público, coleções e re- Além do espaço físico e do maior
cursos humanos. Por conseguinte, é essenci- número de usuários, as bibliotecas oferecem,
al que a gestão esteja apta a assumir tais mu- mais e mais, uma série de produtos e servi-
danças que nem são pontuais nem tampouco ços, os quais precisam ser coerentes com as
assistemáticas, mas, ao contrário, são per- especificidades da chamada modernidade
manentes e ininterruptas. líquida. Dentre eles, além do empréstimo,
A dinamicidade da biblioteca prevê, citam-se serviço de tradução, listagens bibli-
consequentemente, expansão de instalações ográficas, exposições, circuitos de leitura,
(layout adequado ao crescimento exponenci- cineclubes, feiras de livros, além de treina-
al) e do quadro de funcionários, os quais mento para melhor explorar as potencialida-
devem ser treinados para suprir as demandas des do espaço virtual e assim sucessivamen-
crescentes, o que corresponde a reiterar Tar- te. O próprio corpo técnico-administrativo
gino (2010, p. 124), para quem, “[...] em precisa se adaptar e dominar novos méto-
meio ao domínio do fluxo informacional dos, técnicas, equipamentos, softwares e ou-
contínuo e inesgotável [...], mais do que tras tecnologias, sempre com o intuito pri-
nunca [...], bibliotecas e [...] bibliotecários mordial de suprir as demandas informacio-
precisam se mover em direção ao futuro.” nais do público, em obediência aos preceitos
que rondam a gestão da informação e a ges-
6.2 Lei 5 da Biblioteconomia x sistemas tão do conhecimento nas organizações, com
de classificação a inclusão da gestão das próprias tecnologi-
as.
No contexto das “Cinco Leis da Bi-
blioteconomia” / Cinco Leis de Rangana- 7 CONSIDERAÇÕES PARA RECO-
than, outra questão importante é a classifica- MEÇAR
ção dos livros, como antes enunciado. Os
sistemas de classificação adotados devem ser É evidente que estudos desta nature-
flexíveis e permitir a inserção incrementada za não são conclusivos no sentido de que
de itens ao acervo, a partir da premissa de sinalizam, irremediavelmente, para novas
que, como elemento ativo, dinâmico e em pesquisas e novos recomeços. No entanto, o

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Cinco Leis da Biblioteconomia / Cinco Leis de Ranganathan: Resistindo Bravamente ao Tempo

objetivo geral proposto no sentido de atestar do Norte (Ceará) no contexto de gestão de


o nível de atualização e de legitimidade das bibliotecas universitárias. Na ocasião, identi-
“Cinco Leis da Biblioteconomia” enunciadas fica, mediante dados quantitativos e qualita-
por Shiyali Ramamrita Ranganathan, em tivos, que bibliotecários e assistentes em
1928, e editadas, em 1931, é alcançado medi- administração, componentes da amostra
ante a pertinência de seus enunciados cen- estudada, buscam o resgate parcial ou pleno
trais e de seus desdobramentos que podem de alguns dos princípios do indiano, ainda
ser aplicados à realidade das bibliotecas atu- que, com frequência, não reconheçam racio-
ais, que conservam sua função social perma- nalmente o conteúdo das “Cinco Leis da
nente, quer como bibliotecas físicas, quer em Biblioteconomia.” Por exemplo, há identifi-
seu estágio eletrônico, digital e / ou virtual. cação de esforços e de medidas no sentido
Tudo isto justifica estudos recentes de: fazer circular o acervo (Lei n. 1); prover a
em torno das Cinco Leis de Ranganathan, a cada leitor o material requisitado (Lei n. 2);
exemplo do citado “Reordering Rangana- encontrar o material adequado para o leitor
than...”, de L. S. Connaway e I. M. Faniel; adequado e vice-versa (Lei n. 3); trabalhar
“A importância das Cinco Leis da Bibliote- junto com o público visando ao bem-estar e,
conomia...”, de C. E. Santo; “Gestão de bi- portanto, respeitando seu tempo (Lei n. 4);
bliotecas universitárias: aplicação das Cinco ter em mente que a biblioteca é uma organi-
Leis de Ranganathan na Biblioteca da Uni- zação social, e, como tal, em processo dinâ-
versidade Federal do Cariri...”, de M. E. P. mico e contínuo (Lei n. 5). Como as Leis se
de Sousa, além de outras publicações e a encadeiam e se complementam, o fato de a
tradução, no ano de 2009, em Brasília, da Biblioteca da UFCA atender de maneira par-
publicação original de 1931, “Five Laws of cial ou não, de forma “instintiva” ou plane-
Library Science.” jada às Cinco Leis de Ranganathan significa
Sob a ótica da pesquisa bibliográfica afirmar que precisa repensar com urgência
efetivada, afirma-se que, após 85 anos, os seu modelo de gestão para adequação e al-
cinco preceitos resistem ao tempo. Isto por- cance dos objetivos propostos pelo indiano
que, não obstante o fluxo informacional que para as bibliotecas em sua totalidade.
caracteriza a sociedade contemporânea, de- Portanto, ao tempo em que há a im-
corrência de fatores diversificados, com des- pressão ilusória de que as Leis são simples
taque para a difusão do uso exacerbado das declarações ou enganosamente simples
tecnologias, o certo é que as Leis de Ranga- (GARFIELD, 1985, apud FIGUEIREDO,
nathan precisam ser revistas continuamente 1992) ou ingênuas (RAJAGOPOLAN, 1984,
por profissionais da informação, sejam bi- apud FIGUEIREDO, 1992), é oportuno
bliotecários, gestores ou auxiliares de biblio- lembrar que por detrás de aparente simplici-
tecas não importa sua natureza, como uma dade ou ingenuidade, as formulações de
forma de não perder de vista seu papel de Shiyali Ramamrita Ranganathan são, em sua
ator social. Como diz Figueiredo (1992, p. essência, as precursoras de quaisquer movi-
191), se modernizadas sistematicamente, as mentos liderados por profissionais bibliote-
Cinco Leis “[...] demonstram como atingir cários, hoje, ditos da linha de frente. Aliás,
uma atuação profissional eficiente e ofere- reitera-se que a extrema simplicidade faz a
cem os meios para [enfrentar] [...] novas grandeza de empresários bem-sucedidos da
situações criadas pelas mudanças sociais e contemporaneidade, à semelhança do norte-
tecnológicas que a profissão terá [...]” de americano Steven Paul Jobs, cofundador das
conviver no dia a dia. empresas de informática Apple Inc. e NeXT
Exemplo concreto da importância e do estúdio Pixar, além de criador do revo-
dos preceitos do “Pai da Biblioteconomia” lucionário ipod, cujas declarações públicas
está nos resultados obtidos por Sousa, ao estão sempre impregnadas da certeza de que
analisar recentemente, em 2016, a aplicação menos vale sempre mais ou, mais enfatica-
das Cinco Leis na Biblioteca da Universidade mente, simplicidade corresponde à inteligên-
Federal do Cariri (UFCA), campus de Juazeiro cia em contraposição à complexidade que

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Maria Eliziana Pereira de Sousa / Maria das Graças Targino

corresponde à confusão mental, como Tar- gino (2010) arremata.

FIVE LAWS OF LIBRARY SCIENCE / RANGANATHAN’S FIVE LAWS:


Resisting Bravely to Time
Abstract
The article discusses the “Five Laws of Library Science” or the Five Laws of Ranganathan and their implications for
libraries, information management units and environments that facilitate the generation and development of new knowledge.
When the Indian Shiyali Ramamrita Ranganathan formulated his five Laws, in the year 1928 – books are for use; every
reader his / her book; every book its reader; save the time of the reader; the library is a growing organism – was
recommending that libraries exist just to supply the social demands. From this perspective, these Laws published for the first
time in 1931 under the title "Five Laws of Library Science persist current to this day given the libraries, regardless of their
type, are eminently social institutions. After more than 80 years, the five Laws resist the passage of time. So, they persist as
essential for those who can see, in librarianship, unparalleled chance to exercise citizenship and fight for the universal access,
providing opportunities for citizens with information compatible to their demands. This paper results from one
bibliographical study. Its principal objective is to verify the high level of relevance and legitimacy of the five Laws which prove
that the society is the only goal that justifies librarianship as a profession. This is because the continuous and endless
information flow domain that characterizes the twenty-first century does not change the indelible social function of library
institution, especially in the case of physical libraries that survive as reality alongside the digital and virtual electronic
libraries.
Keywords
Laws of Library Science. Five Laws of Library Science. Libraries. Librarianship. Shiyali Ramamrita Ranganathan.
Artigo recebido em 25/05/2016 e aceito para publicação em 19/07/2016

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p.122-124, jan./abr. 2010.

Ci. Inf. Rev., Maceió, v. 3, n. 1, p. 11-29, jan./abr. 2016 29

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