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Resumo:
APRESENTAÇÃO
Para responder as questões anteriormente levantadas esta pesquisa irá se basear em es-
tudos realizados sobre história cultural, história das bibliotecas, e história dos livros e da leitu-
ra, tendo como marco teórico autores como Burke (1992, 2008), Chartier (1999a, 1999b),
Darnton (2010), Certeau (2002), Le Goff (1993), dentre outros.
A possibilidade de estudos sistematizados da Biblioteca, analisando-a como um espa-
ço de leitura, é possível atualmente em função dos princípios introduzidos com a emergência
da História Cultural.
A História Cultural teve seu início no final do século XVIII, na Alemanha, sendo mais
intensificado na década de 60, tendo como estudiosos autores renomados como: Eric Robs-
bawn, Edward Thompson, Jacques Le Goff, Roger Chartier, dentre outros. (BURKE, 2008, p.
29). Este movimento propiciou a emergência de estudos sobre os mais diversos temas como:
história do jazz, vida cultural dos pobres, rituais de iniciação dos artesãos, simbolismo dos
alimentos, história da mulher, história da sexualidade, dentre outros, inclusive a história da
leitura.
A partir deste novo horizonte, foi possível idealizar estudos que contemplassem o en-
tendimento das práticas de leitura realizadas em diferentes sociedades, espaços e tempos. A
história da leitura é resultado desta abertura, e se torna necessária para o entendimento das
práticas de leitura realizadas no decorrer dos tempos. De posse destes conhecimentos é possí-
vel que compreendamos melhor a dinâmica atual das práticas de leitura.
Pesquisa histórica
Onde conseguir subsídios para a concretização de uma pesquisa histórica? Qual seria o
sujeito da pesquisa, com quem iremos dialogar para conseguir as informações necessárias à
conclusão da pesquisa?
Na pesquisa histórica, os sujeitos são as fontes, os vestígios, os rastros, são com eles
que realizamos o diálogo necessário à captação das informações pertinentes ao estudo. Para
tanto, o pesquisador precisa se despir de pré-conceitos e posicionar-se no contexto da época
em que as fontes foram produzidas. Questioná-las e estar atento às respostas, que muitas ve-
zes estão implícitas nas entrelinhas. De acordo com Burke (2008, p. 33) “os historiadores cul-
turais têm de praticar a crítica das fontes, perguntar por que um dado texto ou imagem veio a
existir, e se, por exemplo, seu propósito era convencer o público a realizar alguma ação”.
As fontes históricas são suportes que contém alguma informação verbal, áudio-visual,
iconográfica e outras. Estas fontes por si só nada significam, mas, após a leitura do pesquisa-
dor - que deverá se dispor das lentes corretas para “enxergar” o não visível ou o não dito –
adquirem significados. O pesquisador tentará identificar respostas possíveis aos seus questio-
namentos para a elaboração de seu trabalho. Por meio das fontes é que se concretiza uma
pesquisa histórica, sendo que sua ausência impossibilita este tipo de pesquisa. Neste contexto
das fontes há a problemática de sua preservação e guarda, uma vez que existe uma tendência a
descartarmos tudo o que é ‘velho’. Então a atenção dispensada à captação, organização, avali-
ação, análise, guarda e preservação é primordial ao sucesso do empreendimento de pesquisa.
Outra questão essencial é a competência de “leitura” destas fontes, uma vez que deve
haver domínio no ato da leitura, capacidade crítica e perspicácia, para perceber nas entrelinhas
o que o documento quer falar.
1
Trata-se do “Catálogo de fontes educacionais MT - República”, organizado pelo Grupo de Estudo de História
da Educação (IE-UFMT), coordenado por Nicanor Palhares Sá e assessorado por Elizabeth M. Siqueira, dez
2002.
Considerando que estamos na etapa inicial da pesquisa, no momento de captação ,
avaliação e organização das fontes, ainda há possibilidade de localizarmos mais dados rele-
vantes, portanto, apresentaremos um resultado parcial das análises realizadas.
A Biblioteca Pública do estado de Mato Grosso foi criada pelo decreto n. 307, de 26 de
Março de 1912, pelo então Presidente do Estado de Mato Grosso Joaquim Augusto da Costa
Marques.
Sua fundação objetivava levar a cultura escrita ao povo mato-grossense, auxiliando o
ensino da população, portanto, exercendo também a função de Biblioteca escolar. Visava res-
guardar e divulgar as tradições históricas e criações intelectuais “nos diversos ramos da acti-
vidade humana”, tendo como princípio o livre acesso e atendimento de toda a população, co-
mo expresso no decreto “levando ao alcance de todos os elementos imprescindíveis á elucida-
ção do espírito”. (MATO GROSSO, 1912).
Em 28 de fevereiro de 1913 a biblioteca possuía 1635 obras, 2304 volumes, sendo 548
por compra e 1756 por doação. Existiam obras em Português, Italiano, Francês, Alemão, Es-
panhol, Inglês, Esperanto e Latim.
As seções se dividiam em: Numismática, Manuscritos e Livros; possuía também obje-
tos como A Espada de Barão de Melgaço.
A biblioteca atendia de segunda a sábado das 8:00 às 10:00 e das 17:00 às 20:30 e
contava com um diretor, um secretário e um porteiro.
O acesso era garantido às pessoas maiores de 14 anos, sendo a consulta de algumas
obras, controladas, portanto o acesso não era totalmente “livre”, o empréstimo domiciliar se
restringia àqueles livros de “fácil acquisição”, à pessoas residentes em Cuiabá, mediante a
autorização do Secretário do Interior, sendo realizado pelo prazo de 8 dias.
2
Ano da entrega do relatório
3
Ano referente às atividades realizadas
Secretario do In Obs: documento manuscri-
terior, Justiça e to
Fazenda pelo
Director da Bi-
bliotheca Publica
______. Relatorio que ao Dr. Benito Esteves, D.D. Secretario do Interior apresenta em
29 de março de 1919 o Diretor Fernando Leite de Campos: a Bibliotheca Publica do Esta-
do em 1918. Cuyabá: [s.n.], 1919.
BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
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