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Blog - Ano 1 - nº 6 - 22 de julho de 2018

Formação de professores para a educação básica: um cenário de indiferenças – 3

A art. 64 da Lei nº 9.394, de 1996, a LDB, dispõe que “a formação de profissionais de educação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica,
será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da
instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional”. E o art. 65 diz que a prática
de ensino será de, “no mínimo, trezentas horas”.
O Conselho Pleno (CP) do Conselho Nacional de Educação (CNE) editou a Resolução CNE/CP n° 1,
de 15 de maio de 2006, que institui as diretrizes curriculares nacionais (DCNs) para licenciatura em
Pedagogia, define princípios, condições de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem
observados em seu planejamento e avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino e pelas instituições
de educação superior (IES), nos termos dos Pareceres CNE/CP nos 5/2005 e 3/2006.
Segundo o art. 2°, as DCNs para a licenciatura em Pedagogia aplicam-se à “formação inicial para o
exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de
Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e
apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos”.
O art. 10 extingue as habilitações em cursos de Pedagogia, como previsto no art. 3º da Resolução CFE
nº 2/1969: Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão Escolar para exercício nas
escolas de 1º e 2º graus, Inspeção escolar, Ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos
normais, Administração Escolar para exercício na escola de 1º grau, Supervisão Escolar para exercício
na escola de 1º grau e Inspeção escolar para exercício na escola de 1º grau. A educação básica, antes da
LDB de 1996, era dividida em dois graus: 1º - ensino fundamental; 2º - ensino médio. Todo esse
conteúdo e mais os da licenciatura estão, a partir da Resolução CNE/CP n° 1/2006, estão incluídos na
licenciatura em Pedagogia, com a carga horária de 3.200h.
.

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-
lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público:
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para
esse fim;
III - piso salarial profissional;
IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho;
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho;
VI - condições adequadas de trabalho.
§ 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de
magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. (Renumerado pela Lei nº 11.301, de
2006)
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são
consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no
desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em
seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade
escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.301, de 2006)
§ 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na
elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos profissionais da
educação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

Conselho Nacional de Educação adia prazo para adaptar cursos de formação de professor
Regra previa aumentar de 3 para 4 anos duração de licenciaturas; escolas terão mais um ano para
fazer as mudanças
As mudanças nos cursos de ensino superior que formam professores no País foram adiadas mais uma
vez, nesta terça-feira, 3, por decisão do Conselho Nacional de Educação (CNE). A pedido do
Ministério da Educação (MEC), o órgão aprovou a prorrogação do cumprimento de uma nova regra
que aumenta de três para quatro anos a duração das licenciaturas. Agora, as instituições têm mais um
ano para se adaptarem. A norma é de 2015 e essa foi a segunda vez que o prazo foi prorrogado.
Segundo dados do MEC, apenas 23% dos cursos de licenciaturas em universidades federais já
finalizaram as mudanças em seus currículos. Outros 42% ainda estão discutindo e o restante está em
fase inicial de elaboração do projeto. Só 47 das 63 federais responderam à pesquisa feita pelo governo.
Em nota, o ministériodisse que pediu a prorrogação do prazo porque os cursos precisam de tempo
para se adaptar à Base Nacional Comum Curricular, aprovada no fim de 2017. Esse documento, pela
primeira vez no País, prevê os objetivos de aprendizagem para todos os anos da educação infantil e
fundamental. A base para o ensino médio ainda está em discussão.
Além da duração do curso, a resolução aumenta as horas de estágio obrigatório de 300 para 400 horas
e pede foco em disciplinas práticas. Tanto os dirigentes das universidades federais quanto das
privadas haviam defendido prorrogar o prazo. O argumento seria os maiores gastos para as
instituições, principalmente com a contratação de novos professores.
“Nas particulares, o aumento de custo vai ser exorbitante e pode ficar inviável para a população
menos favorecida”, disse o conselheiro Antonio Carbonari Netto, que foi fundador da Anhanguera
Educacional, grupo vendido para a Kroton. Ele se posicionou a favor da prorrogação do prazo. Foram
7 votos contrários e 11 favoráveis.
A nova norma pede que as licenciaturas aumentem de 2,8 mil para 3,2 mil horas sua carga horária.
Outros cursos superiores, como Medicina Veterinária e Enfermagem por exemplo, exigem 4 mil
horas.
Para a professora de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Márcia Ângela da
Silva Aguiar, a resolução representa um esforço coletivo de anos. “Já teve uma prorrogação, fazer isso
de novo significa ser contrário a que se tenha qualquer possibilidade de melhora na formação de
professores no País.” Segundo ela, que vou contra, isso pode também desanimar instituições que já
começaram a implementar mudanças em seus currículos. “Sucessivos adiamentos sinalizam que é
melhor não fazer nada porque essa lei não vai pegar. Perde a educação”, complementou outro
conselheiro, Cesar Callegari, que também votou contra.
Pesquisas mostram que os cursos de formação docente no País se dedicam muito mais aos
fundamentos teóricos do que nos países com bom desempenho educacional, onde há estágios longos e
bem supervisionados. No Brasil, o treinamento raramente é bem feito e falta acompanhamento de
profissionais experientes. Entre os matriculados na área de Educação em 2016, cerca de 800 mil eram
de cursos presenciais e 640 mil, a distância. A modalidade não presencial é considerada precária por
parte dos especialistas.
Base
Eduardo Deschamps é o novo presidente da comissão que discute a base curricular do ensino médio
no CNE. Callegari deixou o cargo nesta segunda-feira, 2, após defender a devolução da proposta ao
MEC, por “defeitos insanáveis”. A proposta de enviar a base de volta para a pasta será discutida em
agosto. A expectativa do ministério era aprovar o texto até dezembro.

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