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Uniesp Centro Universitário

Curso de Arquitetura e Urbanismo

Nadjine Bione de Melo

ANTEPROJETO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA A COMUNIDADE NOVA CANAÃ NO BAIRRO


ERNANI SÁTIRO

JOÃO PESSOA – PARAÍBA


Lista de Figuras

Figura 1- Localização Geográfica do lote. ............................................................................................. 14


Figura 2- Implantação do lote na quadra. ............................................................................................ 15
Figura 3- Planta baixa de situação ........................................................................................................ 15
Figura 4-Corte longitudinal................................................................................................................... 16
Figura 5- Estudo de insolação ............................................................................................................... 16
Figura 6-Imagens do resultado final da reforma .................................................................................. 17
Figura 7- Imagens de projetos realizados pelo escritório Terra e Tuma ............................................... 18
Figura 8- Imagens da residência antes e após a intervenção. .............................................................. 19
Figura 9- Estudo da setorização do pavimento superior. ..................................................................... 20
Figura 10-Estudo de Setorização do pavimento térreo ........................................................................ 20
Figura 11-Indicação do programa de necessidades. ............................................................................. 21
Figura 12- Indicação dos acessos.......................................................................................................... 22
Figura 13- Estudo do movimento das plantas baixas. .......................................................................... 22
Figura 14- Estudo do movimento da fachada. ...................................................................................... 23
Figura 15- Estudo do movimento da volumetria. ................................................................................. 24
Figura 16-Estudo da geometria das plantas baixas. ............................................................................. 25
Figura 17- Estudo da geometria do volume. ........................................................................................ 26
Figura 18-Indicação dos materiais utilizados no projeto ...................................................................... 26
Figura 19- Localização Geográfica do Lote, correlato 02. ..................................................................... 28
Figura 20-Implantação lote na quadra – Correlato 2............................................................................ 29
Figura 21- Planta baixa de situação-correlato 2. .................................................................................. 29
Figura 22- Perspectiva da residência-correlato2. ................................................................................. 30
Figura 23- Estudo de insolação-correlato 2. ......................................................................................... 30
Figura 24- Imagens antes e após da acessória de assistência técnica. ................................................. 31
Figura 25- Imagens de intervenções realizados pelo escritório Acro através do projeto do EPA –
escritório público de assistência técnica. ............................................................................................. 32
Figura 26-Fachada antes e após a intervenção de assistência técnica- correlato 2.............................. 33
Figura 27- Estudo da setorização- correlato 2. ..................................................................................... 34
Figura 28- Indicação do programa de necessidades antes da ATHIS- correlato 2. ............................... 35
Figura 29- Indicação do programa de necessidades após a ATHIS- correlato 2. ................................... 35
Figura 30- Indicação de acessos-correlato 2......................................................................................... 36
Figura 31- Estudo do movimento da planta baixa- correlato 2. ........................................................... 37
Figura 32- Estudo do movimento da fachada- correlato 2. .................................................................. 37
Figura 33-Estudo do movimento do volume-correlato 2. .................................................................... 38
Figura 34- Estudo de geometria da planta baixa -correlato 2. ............................................................. 38
Figura 35-Estudo da geometria do volume – correlato 2. .................................................................... 39
Figura 36- Indicação dos materiais utilizados no projeto- correlato 2.................................................. 39
Lista de Abreviaturas e Siglas

ART: Artigo

ATHIS: Assistência técnica de habitação de interesse social

CAU: Conselho de Arquitetura e Urbanismo

CEHAP: Companhia Estadual Habitação Popular

CONFEA: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

EPA: Escritório Público de Assistência Técnica

FNA: Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas

FUNASA: Fundação Nacional de Saúde

IAB: Instituto de Arquitetos do Brasil

PLANHAB: Plano Nacional de Habitação


Sumário

1. Introdução ...................................................................................................................................... 7
2. Justificativa ..................................................................................................................................... 9
3. Objetivos ...................................................................................................................................... 10
3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 10
3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................ 10
4. Metodologia ................................................................................................................................. 11
4.1 Pesquisas bibliográficas ........................................................................................................ 11
4.2 Pesquisas in loco................................................................................................................... 11
4.3 Sistematizações de dados ..................................................................................................... 11
4.4 Desenvolvimentos do Anteprojeto ....................................................................................... 12
5. Estudo de Correlatos .................................................................................................................... 13
5.1 Casa Vila Matilde ........................................................................................................................ 14
5.1.2 Genius Loci – Implantação .................................................................................................. 15
5.1.3 Genius Loci – Situação ........................................................................................................ 15
5.1.4 Iconologia ........................................................................................................................... 16
5.1.5 Identidade ........................................................................................................................... 18
5.1.6 Significado do Uso – Obra................................................................................................... 19
5.1.7 Significado do Uso – Setorização ........................................................................................ 20
5.1.8 Significado do Uso – Programa ........................................................................................... 21
5.1.9 Significado do Uso – Acessos ............................................................................................. 22
5.1.10 Plástica - Movimento Planta, Fachada e Volume .............................................................. 22
5.1.11 Estrutura - Geometria Planta e Volume ............................................................................ 25
5.1.12 Materiais .......................................................................................................................... 26
5.2 Casa Terras Belas ........................................................................................................................ 27
5.2.1 Genius Loci – Localização .................................................................................................... 28
5.2.2 Genius Loci – Implantação ................................................................................................... 29
5.2.3 Genius Loci – Situação ......................................................................................................... 29
5.2.4 Iconologia ............................................................................................................................ 30
5.2.5 Identidade .......................................................................................................................... 32
5.2.6 Significado do Uso - OBRA ................................................................................................... 33
5.2.7 Significado do Uso - Setorização .......................................................................................... 34
5.2.8 Significado do Uso – Programa de Necessidades ................................................................ 35
5.2.9 Significado do Uso - Acessos................................................................................................ 36
5.2.10 Plástica - Movimento Planta, Fachada e Volume ............................................................... 37
5.2.11 Estrutura – Geometria Planta e Volume ............................................................................ 38
5.2.12 Materiais ........................................................................................................................... 39
6. Referencial Teórico .......................................................................................................................... 40
6.1 ATHIS e a construção de uma política pública nacional – Breve Contexto ................................. 40
Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 43
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1. Introdução

O direito de moradia no Brasil está exposto no artigo 6º da Constituição Federal de 1988,


mesmo sendo uma realidade distante para a maioria da população, principalmente para as
classes mais pobres. No artigo 23º a Constituição brasileira informa que é competência
comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios: “promover programas
de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Portanto, segundo a Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional no Brasil, em 2019, era
de 5.876.699 domicílios, considerando dados dos componentes como: ônus excessivo de
aluguel, coabitação familiar e habitação precária. Analisando a tabela de habitação precária
por componente, que é composto por domicílios rústicos e improvisados, verifica-se o
predomínio dos domicílios improvisados em relação aos rústicos, com exceção da região sul.
Na região nordeste, que onde está localizada a área objeto de estudo, apresenta um número
329.196 domicílios improvisados, sendo a Paraíba a segunda maior porcentagem de
habitações improvisadas com 85,7%.

Na pesquisa por es ra gias po cas para co scie a o o pape socia a r i e ra e


ge aria o over o e era e pe i a ei a ssis cia c ica ra i a . 11.888/08
(BRASIL, 2008) e asseg ro a assis cia c ica p b ica gra i a o pro e o e abi a es
ami iares com re a me sa e a r s sa ários m imos. O projeto se concretizou graças ao
fundo de recursos destinado a contratação de profissionais da área atuante, Engenharia e
Arquitetura.

Segundo o CAU/BR (2015) A Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS) foi
criada pelo arquiteto e urbanista Clovis Ilgenfritz, natural do Rio Grande do Sul, que teve sua
carreira profissional voltada para trabalhos com habitação popular. Esse tipo de assistência
técnica se consolida como um importante meio de promover o acesso à moradia digna, à
qualidade de vida das pessoas no espaço urbano e à organização das cidades, aproximando a
população mais humilde de um serviço essencial de arquitetura e engenharia. Cumprindo
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com a função social da profissão, que são atribuições no combate às desigualdades e na


construção de uma cidade mais justa e mais inclusiva.

De acordo com a Companhia Estadual de Habitação Popular do Estado da Paraíba (CEHAP-


PB), a construção do conjunto habitacional do bairro Ernani Sátiro se deu por volta dos anos
70 no governo de Ernani Sátiro de onde se origina o nome do conjunto. Impulsionado pelo
programa de conjuntos habitacionais do governo federal, desde sua fundação, o conjunto foi
destinado à população de baixa renda.

Durante o governo Tarcisio Burity, quase dez anos depois do inicio da sua construção, o
conjunto sofreu um processo de favelização em sua periferia que foi reprimida pelo
governador com o uso do aparato jurídico e militar. Porem, a explosão de ocupação urbana
na cidade de João Pessoa, assim como nas outras cidades do Brasil, foi maior que a
estratégia política elaborada na época. O que resulta em muitas famílias morando em
habitações irregulares, áreas de precariedade, sem acesso a serviços básicos e infraestrutura
social.

A comunidade Nova Canaã está localizada na Rua Isabel Cristina, no lado sudeste do bairro
Ernani Sátiro na área topográfica mais baixa e faz divisa com o bairro João Paulo II. Sendo
uma das comunidades que é resultado do processo de urbanização e se instalou em uma das
regiões periférica do conjunto nos anos 80.

Segundo os moradores a maioria não teve a oportunidade de fazer nenhum tipo de melhoria
na sua residência, e os que conseguiram, foram poucas reformas sem auxilio técnico. Além
de que, os moradores da comunidade já passaram por diversas inundações por estar na área
mais baixa e receber o escoamento das águas pluviais de todo o bairro, não tendo nenhum
tipo de estrutura para vazão dessas águas em épocas de grandes chuvas, agravando ainda
mais a qualidade de moradia da população local.

Portanto, este trabalho pretende proporcionar melhor qualidade de vida e moradia aos
moradores e colaborar no incentivo de ações locais que minimizem o problema da
autoconstrução da comunidade Nova Canaã.
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2. Justificativa

Esse trabalho se justifica uma vez que busca relacionar-se com uma camada da população
mais vulnerável, através do levantamento de dados e do desenvolvimento de habitação de
interesse social para a classe mais pobre. Essa carência é notada pela negligência aos menos
favorecidos, pois vivem em condições de precariedade, seja pela falta de moradia ou pela
presença de residências inseguras, insalubres e perigosas em locais irregulares, sem os
direitos básicos de água encanada, luz elétrica e saneamento básico.

A profissão do arquiteto e urbanista hoje atua apenas para 15% da população brasileira,
segundo o CAU/BR (2015). Com essa pesquisa podemos refletir, qual seria a influencia na
qualidade do espaço físico em relação à funcionalidade e conforto se essa maior parte da
população tivesse a orientação de um profissional? Que reflexo isso teria na vida do ser
humano? Os dados mostram que a profissão do arquiteto e urbanista não atinge sua função
no papel social, uma vez que não atinge o público menos favorecido.

Neste sentido a assistência técnica enquanto legislação federal subsidia esse trabalho na
elaboração e na aproximação com o usuário buscando inclusão social e conservação
ambiental, com o objetivo de dar qualidade ao espaço onde se vive, com o diferencial que o
imóvel já esta inserido na cidade, permitindo conservar as relações sociais e culturais dos
moradores, diferente de novas construções que precisamos realocar os moradores para
lugares longe dos centros urbanos, muitas vezes com pouca infraestrutura e sem atender
adequadamente às necessidades das famílias beneficiadas.

A escolha da comunidade como área objeto de estudo, explica-se tanto por sua localização
periférica, em uma área de risco constantemente alagada, como pelo perfil de suas
edificações. Através dos relatos dos moradores, podemos sinalizar algumas reclamações
recorrentes, são elas: moradias com banheiros precários, casas sem ventilação adequada e
com excesso de umidade, telhados com vazamentos, instalações elétricas de risco e muitas
vezes edificações sem revestimentos.
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3. Objetivos

3.1 Objetivo Geral

Prestar assistência técnica na comunidade Nova Canaã para o desenvolvimento dos projetos
de reforma nas unidades habitacionais.

3.2 Objetivos Específicos

 Realizar uma pesquisa com os moradores sobre as principais necessidades das


habitações de forma geral e individualizada;

 Analisar infraestrutura existente na comunidade;

 Elaborar Anteprojeto para três habitações da comunidade, com base na lei n°.
11.888/08;
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4. Metodologia

Os procedimentos metodológicos que serão empregados que se fazem essenciais para a


elaboração deste anteprojeto, constam em quatro etapas essenciais, apresentadas a seguir.

4.1 Pesquisas bibliográficas

Para uma pesquisa bibliográfica pertinente e que embase o anteprojeto, serão feitos estudos
de livros, artigos e da legislação pertinente à área de assistência técnica de arquitetura, para
compreender o processo histórico da autoconstrução no Brasil. Dentre os matérias a serem
trabalhados está a Lei nº 11.888/2008, visando entender diretrizes e apresentar alguns
estudos de casos de assistência técnica pública e gratuita no país, que sirvam de referências.

4.2 Pesquisas in loco

Para a realização deste trabalho, serão necessárias visitas realizadas in loco, com aplicação
de formulários socioeconômicos para os moradores, levantamento das condições
arquitetônicas de residências, levantamento fotográfico da comunidade, análise do fluxo de
pessoas na área e observação e catalogação dos usos em seu entorno. Compreender e
analisar as condições da habitação do bairro baseado em critérios de avaliação qualitativa
das condições de conforto e segurança da residência. Essas etapas serão utilizadas para
registrar os dados obtidos, servindo também para orientar as decisões do anteprojeto que
será apresentado neste trabalho.

4.3 Sistematizações de dados

A sistematização de dados que será obtido, através da pesquisa de campo, da observação do


entorno e coleta de informações quantitativas.
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Esse levantamento associado aos formulários aplicados resultará na seleção prévia de três
residências, que se enquadram nos padrões da legislação, e cujos moradores se dispuseram
a participar da pesquisa.

A partir dos dados fixados, será feito o levantamento arquitetônico das áreas, o programa de
necessidades e o zoneamento, etapa essa essencial de estudo preliminar.

4.4 Desenvolvimentos do Anteprojeto

Tomando como base todos os tópicos citados anteriormente, sabendo que a concepção de
um projeto se dá por meio de etapas teóricas e sua parte prática de concepção, no qual é
composto por desenhos técnicos, incluindo as plantas baixas, cortes e fachadas, além de
uma maquete eletrônica e suas imagens geradas para melhor compreensão tridimensional
do projeto.
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5. Estudo de Correlatos

O estudo de correlatos se faz necessário para o entendimento do processo de trabalho


tendo como objetivo a análise de experiências de outros profissionais, das metodologias
adotadas pelos profissionais envolvidos e, também, para a compreensão das dificuldades
enfrentadas.

O método utilizado para essa análise é baseado na metodologia de Geoffrey H. Baker, em


s a obra “ a isis e a orma: rba ismo y ar i ec ra”(1998) no estudo da obra
arquitetônica. Geoffrey Baker traz um modelo de análise de projetos que evidencia aspectos
formais, oferecendo uma visão cultural e contextual da arquitetura diante das composições
dos elementos. Ele explica que a arquitetura está condicionada por três fatores básicos, são
eles:
I- Os aspectos referentes à arquitetura enquanto condições locais;
II- Os aspectos referentes aos requisitos funcionais;
III- Os aspectos da arquitetura que engloba.

Essa análise é subdividida em algumas etapas de elementos de identificação:

 Genius Loci: Esse elemento se refere ao significado do projeto inserido em um


determinado terreno, na forma como a edificação se relaciona com as
condicionantes locais.
 Iconologia: Interpretação através dos estudos abrangente onde a obra está inserida.
 Identidade: A imagem do entorno, segundo Baker (1998) consiste em identidade ,
contexto espacial e significado. A cultura arquitetônica dos traços adotados.
 Significado do Uso: Para Baker (1998) a obra arquitetônica se caracteriza pelas
exigências específicas do uso, ela deve informar claramente seus desígnios.
 Plástica: Expressividade do volume e dos espaços internos.
 Estrutura: Modo de comunicar dinamismo ou estatismo ao edifício. Na forma
arquitetônica a geometria gera o desenho e faz a interligação entres as partes.
 Materiais: Conjunto de Materiais escolhido para o projeto arquitetônico.
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5.1 Casa Vila Matilde

Local: Bairro Vila Matilde, São Paulo (SP)

Escritório: Terra e Tuma Arquitetos

Ano: 2015

Projeto: Requalificação da casa de Dona Dalva

Tipo do Projeto: Residência Unifamiliar

Objetivo do projeto: Projeto e obra deviam caber aos restritos recursos financeiros da
família no curto espaço de tempo.

Recursos: Da proprietária Dona Dalva, que juntou pouco a pouco em uma poupança durante
seus longos anos de trabalho como empregada doméstica.

5.1.1 Genius Loci – Localização

Figura 1- Localização Geográfica do lote.

FONTE: Archdaily (2015) e Google Maps. Editado pelo autor.

A casa da Dona Dalva está localizada na cidade de São Paulo-BR, no distrito de Vila Matilde,
na zona leste da cidade. Com um perfil residencial de casas térrea e sobrado, a Vila Matilde,
é um bairro que foi crescendo no aspecto comercial e de serviços e já conta com passagem
de Metrô, o que mudou bastante a rotina dos moradores.
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5.1.2 Genius Loci – Implantação

Figura 2- Implantação do lote na quadra.

FONTE: Archdaily, 2015.

A casa está implantada em um terreno que tem ao longo do seu comprimento um leve aclive
de dimensão retangular. Tem a relação com a rua na face frontal com apenas um acesso.

5.1.3 Genius Loci – Situação

Figura 3- Planta baixa de situação

FONTE: Archdaily, 2015.Editado pelo autor.


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Figura 4-Corte longitudinal

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

A casa está implantada em um lote com 4,8 metros de largura por 25m de profundidade.
Sendo a área construída de 95m². Pelo tamanho do lote e características do local a
residência não tem recuo em 3 faces do terreno, contendo apenas o recuo frontal onde está
localizado a garagem. O leve aclive no comprimento do terreno não interferiu no projeto.

5.1.4 Iconologia

Figura 5- Estudo de insolação

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.


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Na maior parte do dia o sol fica na fachada oeste. A ventilação é predominante na fachada
Leste durante 10 meses do ano, de 20 de julho a 2 de junho. E nos demais dias a
predominância é na fachada Norte.

Figura 6-Imagens do resultado final da reforma

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

A edificação é um prisma retangular com design simples, característica construtiva do


escritório. O conceito do arquiteto contemporâneo, onde cria ideias simples, prática e de
baixo custo, mas atendendo bem as necessidades da família. A arquitetura contemporânea
foi desenvolvida no Brasil dos anos 90 até os dias de hoje e apresenta o reaparecimento de
linguagens projetuais fortemente comprometidas o racionalismo.
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5.1.5 Identidade

Figura 7- Imagens de projetos realizados pelo escritório Terra e Tuma

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

Os arquitetos da Terra e Tuma trás uma arquitetura limpa, sem ornamentos,


contemporânea, sistema construtivo baseado nos blocos de concreto aparente e esquadrias
de alumínio com predominância do vidro. Criam edifícios com linha retas, simples e
racionais, grandes volumes com o máximo de ambientes integrados, trazendo a área externa
para dentro da casa. Tendo a funcionalidade dos projetos como ponto primordial.
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5.1.6 Significado do Uso – Obra

Figura 8- Imagens da residência antes e após a intervenção.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

Projetada pelos arquitetos Danilo Terra, Pedro Tuma e Fernanda Sakano a residência foi
construída para a família de Dona Dalva e ocupa um lote com 4,8 metros de frente por 25
metros de fundo. A edificação apresenta estrutura em blocos de concreto aparente, para
viabilizar uma obra de baixo custo, com maior controle e agilidade. Uma articulação entre
lavabo, cozinha, área de serviço e um jardim interno conectam a sala, localizada na parte
frontal, e os quartos localizados na parte posterior. Na área central da casa, o pátio cumpre a
função essencial de iluminar e a ventilar. Esta área serve também como extensões da
cozinha e da área de serviço. No pavimento superior uma suíte foi projetada, totalizando
uma área de 95m². A área sobre a laje da sala foi apropriada como horta, e poderá ser
coberta, ampliando o programa da casa a fim de atender a futuras demandas.
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5.1.7 Significado do Uso – Setorização

Figura 9- Estudo da setorização do pavimento superior.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

Figura 10-Estudo de Setorização do pavimento térreo

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

A setorização da Casa Vila Matilde, a qual pode ser observada por intermédio das plantas
são divididas em três setores distintos, os quais são eles: social, serviço e intimo.

O escritório Terra e Tuma cria uma setorização de uma forma que setor de serviço interligue
a parte da frente que ficou destinado ao setor Social e a parte posterior que ficou o setor
intimo.
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5.1.8 Significado do Uso – Programa

Figura 11-Indicação do programa de necessidades.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

LEGENDA

1- Sala
2- Lavabo
3- Cozinha
4- Área de Serviço
5- Jardim
6- Suíte térreo
7- Suíte Pav. Superior
8- Horta
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5.1.9 Significado do Uso – Acessos

Figura 12- Indicação dos acessos.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

A residência possui um ponto de acesso para área externa (RUA), um acesso interno e dois
acessos do setor de serviço para o Jardim.

5.1.10 Plástica - Movimento Planta, Fachada e Volume

Figura 13- Estudo do movimento das plantas baixas.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.


23

A composição dos cômodos da casa Vila Matilde podem ser observados e descritos em
formatos retangulares, dando movimento à forma de ritmo e repetição em alguns cômodos
da edificação. Há eixo nos dois pavimentos, na planta baixa ao lado a linha de cor vermelha
demarca um eixo longitudinal existente. Já a linha em azul divide os setores, social, serviço e
intimo.

Figura 14- Estudo do movimento da fachada.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

É composta por blocos retangulares marcados em azul e aberturas nos dois andares. Simples
e programática, podemos observar também Ritmo e Repetição entre as esquadrias da
fachada frontal marcadas em azul.
24

Figura 15- Estudo do movimento da volumetria.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

A forma plástica da Casa é composta por ritmo e repetição das esquadrias demarcado em
vermelho e hierarquia do volume marcado de amarelo em relação aos demais prismas.
25

5.1.11 Estrutura - Geometria Planta e Volume

Figura 16-Estudo da geometria das plantas baixas.

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.

A residência Vila Matilde é composta por adição de volume ou escavação, e através do


estudo realizado por meio das plantas baixas é possível identificar a escavação representada
pela hachura de cor vermelha e adição, representada pela hachura de cor amarela.
26

Figura 17- Estudo da geometria do volume.

FONTE: O autor.

A residência é composta por um prisma retangular em azul que sofre escavação de outro
prisma retangular (vermelho). Além disso, é formado pela adição na parte superior de outro
prisma quadrangular em amarelo.

5.1.12 Materiais

Figura 18-Indicação dos materiais utilizados no projeto

FONTE: Archdaily, 2015. Editado pelo autor.


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Os Materiais utilizados da residência foram: blocos de concreto, vidros, alumínio, ferro e


madeira, os quais estão identificados na imagem.

5.2 Casa Terras Belas

Local: Loteamento Terras Belas – Conde (PB)

Escritório: Acro Arquitetura e Comunicação

Ano: 2019

Projeto: Escritório Público de Assistência Técnica - Melhorias Habitacionais em Terras Belas.

Tipo de Projeto: Uso misto. (Comércio, serviços e residência unifamiliar

Objetivo do projeto: O projeto EPA tem como principal objetivo assegurar o direito à
serviços técnicos para construção, reforma e regularização fundiária, contribuindo para a
redução do déficit habitacional qualitativo, reduzindo precariedades habitacionais,
urbanísticas e fundiárias. Melhorando as condições de habitabilidade das famílias
beneficiadas.

Recursos: Prefeitura Municipal do Conde em convenio com a FUNASA.


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5.2.1 Genius Loci – Localização

Figura 19- Localização Geográfica do Lote, correlato 02.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

A casa da Dona Joelma está localizada no Município do Conde - PB, no loteamento Terras
Belas, paralelo a BR 101. O Conde tem um grande potencial agropecuário, turístico, logístico
e industrial. Sua localização privilegiada conectado ao eixo de ligação João Pessoa - Recife,
faz com o que o município tenha grande oportunidade de desenvolvimento, porém sofre
bastante com o cenário da falta de planejamento e intensa atuação da especulação
desregrada do território.
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5.2.2 Genius Loci – Implantação

Figura 20-Implantação lote na quadra – Correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

A casa está implanta na quadra B' lote 11 em um terreno retangular. A residência ocupa uma
área mais plana do lado sudoeste do lote, que tem um leve declive na sua parte posterior.
Tem a relação com a rua na face frontal com dois acessos.

5.2.3 Genius Loci – Situação

Figura 21- Planta baixa de situação-correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.
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Figura 22- Perspectiva da residência-correlato2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019.

A casa de formato trapezoidal está implantada em um terreno com área de 1.311,19m²,


sendo 77,36m² de área construída. A residência possui apenas os recuos na sua face
posterior e lateral esquerda.

5.2.4 Iconologia
Figura 23- Estudo de insolação-correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.
31

Na maior parte do dia, o sol é predominante na fachada sudoeste, onde está localizado o
terraço que se tornou a loja de bolos, a sala de estar, jantar e WCB social da família.

Figura 24- Imagens antes e após da acessória de assistência técnica.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

A edificação tem o formato de um trapézio arquitetura simples e funcional, características


construtivas para atender a demanda da família dentro do orçamento enxuto disponibilizado
para o programa. A planta da casa foi reorganizada para atender um ponto comercial na
frente onde ficava a oficina do filho mais novo de Dona Joelma, a mesma é confeiteira e
precisava de um local para venda de bolos. A oficina foi construída na parte posterior do
lote, tendo seu acesso pela parte frontal.
32

5.2.5 Identidade

Figura 25- Imagens de intervenções realizados pelo escritório Acro através do


projeto do EPA – escritório público de assistência técnica.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

Os arquitetos da Acro arquitetura e comunicação trás projetos de assistência técnica


adaptando o enxuto orçamento com as necessidades de cada família. Muitas vezes
melhorias mínimas que influenciam diretamente na qualidade de vida dessas pessoas.
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5.2.6 Significado do Uso - OBRA

Figura 26-Fachada antes e após a intervenção de assistência técnica- correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

Na residência moram 03 adultos, 02 adolescentes e 01 criança. As instalações elétricas eram


escassas e precárias. As instalações sanitárias estavam incompletas e a fossa não possuía o
tratamento adequado. A casa foi construída em alvenaria de tijolo cerâmico com o telhado
de madeira com telhas canal e fibrocimento e o piso de cimento queimado.
O projeto de reforma foi concebido para atender duas fases de execução, a primeira fase,
denominada Funasa, contemplando os projetos hidrossanitários e os seus respectivos
orçamentos. E a segunda e ultima fase previu as demais intervenções: Construção de
alvenarias com acabamentos internos e externos para construção da oficina, colocação de
piso cerâmico, pintura no interior e exterior da residência, instalação de forro de gesso,
abertura e troca de esquadrias, substituição de instalações elétricas (fiação e dispositivos) e
execução de coberta na área de serviço e oficina.
34

5.2.7 Significado do Uso - Setorização

Figura 27- Estudo da setorização- correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

A setorização da Casa pode ser observada através da planta baixa, ela está dividida em
quatro setores distintos, os quais são eles: comercial, social, serviço e intimo. O escritório
criou setorização de uma forma que a parte comercial tenha acessos independentes. Já o
setor íntimo e social não teve um acesso exclusivo, por estarem na parte central da planta.
35

5.2.8 Significado do Uso – Programa de Necessidades

Figura 28- Indicação do programa de necessidades antes da ATHIS- correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

LEGENDA

1- Oficina
2- Quarto 01
3- Quarto 02
4- Quarto 03
5- Cozinha
6- Banheiro social
7- Área de Serviço

Figura 29- Indicação do programa de necessidades após a ATHIS- correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.
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LEGENDA

1- Comércio para venda de Bolos


2- Sala de Estar
3- Quarto 01
4- Quarto 02
5- Sala de Jantar
6- Suíte
7- Banheiro Suíte
8- Cozinha
9- Banheiro Social
10- Área de serviço
11- Oficina

5.2.9 Significado do Uso - Acessos

Figura 30- Indicação de acessos-correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

A edificação possui dois acessos para área externa (RUA), um acesso que é para o comercio e
para a parte social da casa e um acesso para o quintal que acessa a área de serviço e a
oficina. A área serviço dá acesso para a cozinha e demais cômodos.
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5.2.10 Plástica - Movimento Planta, Fachada e Volume

Figura 31- Estudo do movimento da planta baixa- correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

A composição dos cômodos da residência podem ser observados e descritos em formatos


retangulares, dando movimento à forma de ritmo e repetição em alguns cômodos da
edificação. Há um eixo central (vermelho) que separa o setor social e serviços do setor
íntimo.

Figura 32- Estudo do movimento da fachada- correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.
38

Através do estudo das fachadas é possível observar e identificar que na fachada noroeste há
um movimento de ritmo e repetição o qual está sendo representa pela pintura que causa
um destaque com ideia de moldura chamando atenção para o acesso do comércio.

Figura 33-Estudo do movimento do volume-correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.

A forma plástica da Casa é composta por ritmo e repetição das esquadrias demarcado em
vermelho e hierarquia do volume marcado de azul em relação aos demais prismas
retangulares.

5.2.11 Estrutura – Geometria Planta e Volume

Figura 34- Estudo de geometria da planta baixa -correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.
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Figura 35-Estudo da geometria do volume – correlato 2.

FONTE: O autor.

A residência é composta por um prisma trapezoidal maior em azul que sofre adição de outro
prisma trapezoidal menor (laranja) e adição de um prisma retangular em amarelo.

5.2.12 Materiais

Figura 36- Indicação dos materiais utilizados no projeto- correlato 2.

FONTE: Material disponibilizado pelo escritório Acro Arquitetura e comunicação, 2019. Editado pelo autor.
40

6. Referencial Teórico

6.1 ATHIS e a construção de uma política pública nacional – Breve Contexto

A partir da década de 1960, a crescente urbanização e, conseqüente degradação da


qualidade de vida, principalmente nos grandes centros, colocou em pauta diversas questões,
entre elas moradia, infraestrutura, saneamento básico e meio ambiente.

Os grandes problemas geraram discussões que se prolongaram pelos bastidores das


reuniões de movimentos sociais e arquitetos. Ruas foram paradas por militantes divergindo
a lógica autoritária dos anos da Ditadura Militar.

Em 1963 a coordenação do IAB (Instituto de Arquitetos dos Brasil) durante um seminário


deu inicio ao alicerce do direito a Cidade, que mais na frente foi incluído na Constituição
Federal nos artigos 182 e 183. Estes artigos reconhecem a função social da propriedade
como direito difuso da sociedade brasileira. Como resultado, o Congresso Brasileiro de
Arquitetos, ocorrido em Belo Horizonte em 1988 logo enfatizou a importância da
participação das entidades nesta discussão. Embora sua aprovação tenha sido realizada em
2001, o estatuto da Cidade vinha sendo discutido desde a década de 70 sempre reforçando a
importância da distribuição das políticas públicas e defendendo a função social da
propriedade.

No ano 2000, foram realizados movimentos sociais onde foi arrecadado um milhão de
assinaturas e obtiveram a inclusão no artigo sexto da Constituição que determina o direito a
moradia.

Em 2005 o governo federal sancionou a lei 11.124, que estabelece Fundo, Conselho e Plano
Local de Habitação de Interesse Social como mecanismos da construção em nível local. No
Art. 2º desta lei, foi instituído o objetivo de viabilizar para a população de menor renda o
acesso à terra urbanizada e à habitação digna e sustentável. Nesse sentido, o PLANHAB
(Plano Nacional de Habitação) se mostra um importante documento de debate e
consolidação das propostas.
41

Três anos depois, no ano de 2008 a publicação da Lei 11.888/2008 teve um importante
marco no direito a acesso a moradia. A lei de Assistência Técnica a Habitação de Interesse
Social que garante o projeto e a construção da moradia junto ao acompanhamento técnico
de um arquiteto, urbanista e engenheiro para a execução da obra. Podendo ser uma
construção, reforma, ampliação ou até mesmo regularização fundiária das famílias de baixa
renda de até três salários mínimos.
Assim como diversas políticas públicas no país, a Lei de ATHIS passou quase sete anos
andando a passos vagarosos, não tendo o devido destaque que se esperava. Um dos motivos
desse fracasso nesses anos foi devido à falta de apropriação dos profissionais da área assim
como, a gestão pública não demonstrou grandes interesses e deixou de beneficiar milhares
de pessoas.
No ano de 2010, ocorreram seminários e oficinas tendo como principal tema as discussões
sobre a Lei 11.888/2008 possibilitando o conhecimento e divulgação da mesma. Depois disso
algumas publicações foram lançadas, como o Manual para Implantação da Assistência
Técnica Pública e Gratuita a Famílias de Baixa Renda para Projeto e Construção de Habitação
de Interesse Social, lançado pelo IAB em 2010, a coletânea Assistência Técnica e Direito à
Cidade, lançado pela FNA em 2014 e o Caderno ATHIS – Oficina de Assistência Técnica em
Habitação Social, uma publicação que agrupou de forma sintética as discussões realizadas
em Oficinas de ATHIS, realizadas em seis cidades do estado de São Paulo entre novembro de
2015 e maio de 2016 (DOS SANTOS, 2019).
Em 2015, mesmo com diversas novas discussões em relação à lei de ATHIS, mais uma vez a
pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha em parceria com o Conselho de Arquitetura e
Urbanismo do Brasil (CAU/BR) desapontou em relação a pratica da ATHIS. A pesquisa
realizou mais de 2.400 entrevistas em 177 municípios, aprofundadas em grupos de
discussão, realizados nas cinco regiões do país, onde resultados como 85% das reformas e
construções realizadas no Brasil são feitas sem auxílio técnico de arquitetos e engenheiros
foram divulgados. A mesma pesquisa apontou que pessoas que constroem apenas com
pedreiros tiveram experiências ruins, com aumento de custos, atraso e desperdício de
materiais, e identificou um elevado índice de autoconstrução no país pela população. Na
pesquisa, do total de entrevistados, 54% já fizeram reformas ou construções, e, destes,
menos de 15% utilizaram os serviços de um arquiteto ou engenheiro na obra. A participação
de um profissional, independentemente de ser pedreiro, mestre de obra, arquiteto
42

urbanista ou engenheiro, está diretamente relacionada à escolaridade e à classificação


econômica, pois quanto maior a classe social, maior a utilização destes serviços, o que
mostra a necessidade de aplicação da Lei 11.888/2008, que deixa claro que moradia digna
deve ser de acesso a todos. (CAU/BR, 2015).
Em julho de 2016, ocorreu uma Plenária Ordinária de número 56, realizada em Brasília, para
a apresentação das Diretrizes de elaboração do Plano de Ação e Orçamento do CAU, na qual
previa a destinação de 2% das receitas de arrecadação dos Conselhos de Arquitetura e
Urbanismo regionais para o Fundo de Apoio e ao Centro de Serviços Compartilhados para
ações estratégicas de ATHIS.
Portanto, a partir de 2017 o CAU/BR passou a destinar recursos para o fomento da ATHIS,
trazendo notoriedade para o tema. Passando a ser uma pauta mais vista passaram existir
eventos em torno do assunto. Tais como: editais, seminários, palestras, cursos,
empreendimentos e projetos baseados na lei, que passaram a ser um destaque a nível
nacional, ainda mais levando em consideração quem em 2018 faria 10 anos da aprovação da
lei de ATHIS.
Recentemente no ano de 2020, o CAU/BR e o CONFEA assinaram Acordo de Cooperação
Técnica com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional
objetivando a criação de linhas de crédito de baixo risco e aderentes à renda das famílias
que demandam ações de melhoria habitacional.
“ ssa i icia iva i erage posi ivame e com o ras po icas se oriais como a
de saúde, reduzindo taxas de incidência de doenças relacionadas à
inadequação habitacional, entre elas a tuberculose e a COVID-19, que têm
relação direta com a falta de salubridade e conforto das habitações e o
a e same o e cessivo” observa o presi e e o C U/BR. (CAU/BR, 2020).

Embora de uma grande importância, a Lei de ATHIS ainda não é efetivamente aplicada pelo
poder público nas cidades brasileiras. No entanto, ainda que tenhamos conquistas
legislativas, as condições insalubres de moradia de grande parte da população de baixa
renda predominam no país. Podemos destacar ainda que existe uma baixa quantidade de
programas de incentivos e um distanciamento dos profissionais ligados à Arquitetura e ao
Urbanismo a esta realidade.
43

Referências Bibliográficas

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