Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JURISDIÇÃO ADMINISTRATIVA
E DO TRABALHO
1
Ficha Técnica
Título: JURISDIÇÃO ADMINISTRATIVA E DO TRABALHO
ISBN: 978-989-8096-02-9
A presente publicação foi organizada e editada pelo INA, no âmbito das funções de assistência técnica
e pedagógica à execução do Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários (Programa
PIR PALOP II), com enquadramento orçamental específico no co-financiamento do referido Projecto
pelo Governo Português através do IPAD.
2
Índice
3
1.5 – Das Alçadas – Art.ºs 19.º, n.º 2, 27.º e 81.º da Lei n.º 10/92, com as alterações Resultantes
do Dec.-Lei n.º 24/98, de 2 de Junho .................................................................................. 28
1.6 – Competência Territorial – Art.º 15.º ................................................................................... 29
1.7 – Garantias de Imparcialidade ............................................................................................... 30
1.8 – Citações e Notificações ......................................................................................................... 31
1.9 – Espécies e Formas de Processo ........................................................................................... 32
3 – Recursos .......................................................................................................................................... 39
3.1 – Prazos de Interposição .......................................................................................................... 39
3.2 – Modo de Interposição ........................................................................................................... 39
3.3 – Interposição e Efeitos dos Recursos .................................................................................... 40
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................... 57
4
Nota Prévia
CFOJ – 2005
5
Glossário de Siglas
PROCESSO ADMINISTRATIVO
PROCESSO DO TRABALHO
7
Parte 1
PROCESSO ADMINISTRATIVO
9
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
PROCESSO ADMINISTRATIVO
Lei Aplicável:
– Decreto-Lei n.º 23 229, de 15 de Novembro de 1933 publicado no Diário da
República n.º 261 – Isérie – suplemento, de 15/XI.
Art.º 686.º
Nos casos omissos aplica-se o disposto no Código de Processo Civil relativamente ao
processo ordinário.
Art.º 687.º
REGRAS
Nos termos do art.º 20.º do Decreto n.º 36/89, de 27 de Novembro, reconheço a assinatura
de ........................... mediante a exibição do Bilhete de Identidade nº ................ emitido
em ..../..../...., pelos Serviços de Identificação de .......
Tribunal Administrativo, data
O escriturário,
11
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
1.1 – A Petição
Requisitos – arts.º 686.º e 688.º da RAU e 467.º, n.º 1 Código Processo Civil.
Deixou de ser exigível o papel selado em virtude de o art.º 139.º da Tabela Geral
do Imposto do Selo ter sido revogado pelo Decreto n.º 32/97, de 14 de Outubro.
12
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
1.2 – Duplicados
Se a petição não vier acompanhada dos duplicados obrigatórios (cfr. art.º 687.º §
3.º da RAU), depois de autuada e de pagos os preparos devidos, a secção faz o
processo concluso, a fim de o juiz ordenar a notificação do peticionante para, no
prazo que for fixado, apresentar os duplicados em falta, sob pena de
indeferimento – art.º 152.º, n.º 2 do Código Processo Civil.
Esta cópia é contada como se tratando de uma certidão (cfr. art.º 3.º da Tabela de Custas,
aprovada pelo Decreto n.º 28/96, de 09 de Julho) e o valor alcançado é multiplicado por
três, apurando-se, enfim, a quantia a pagar pelo apresentante em falta.
13
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
O rol pode ser aditado ou alterado nos termos das disposições conjugadas dos
art.ºs 688.º § 3.º da RAU, 619.º e 631.º Código Processo Civil.
Qualquer exame e/ou vistoria deve ser requerido na petição – art.º 688.º § 4.º
da RAU.
Cfr. conceitos de bens móveis e imóveis nos art.ºs. 204.º e 205.º do Código Civil.
As entidades administrativas são notificadas e/ou citadas nas pessoas dos respectivos
presidentes – art.º 688.º § 7.º da RAU.
14
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Esta regra aplica-se aos ofícios (caso de entidades públicas) e promoções (no caso
do Ministério Público) – art.º 688.º §§ 8.º e 9.º da RAU.
2 – ENTRADA DA PETIÇÃO
Ao dar entrada, deve ser lançada na petição uma nota de registo, contendo o
número de ordem atribuído e as folhas do livro em que for registada – art.º 690.º
da RAU.
2.1 – I. Distribuição
Este é o livro onde se registam os processos distribuídos e os actos nele praticados, por
ordem cronológica, até à baixa ou remessa para o arquivo.
Os processos são registados por ordem numérica a partir da unidade, em cada ano,
indicando-se o(s) nome(s) do recorrente/reclamante e do(s) recorrido/reclamado, a data da
apresentação da petição e a natureza do pedido.
15
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
A parte dispõe de cinco dias, após o recebimento das guias, para efectuar o
pagamento do preparo e de quarenta e oito horas, após o pagamento para
entregar na secretaria ou cartório respectivo o duplicado da guia e respectivo
talão de depósito – art.º 32.º, n.º 2 da Tabela de Custas, aprovada pelo Decreto n.º
46252, de 19 de Março de 1965, e art.ºs 178.º e 182.º do Código das Custas Judiciais,
aprovado pelo Decreto n.º 43809, de 20 de Julho de 1961, com as alterações
introduzidas pelos Decretos n.ºs 48/89, de 28 de Dezembro, e 14/96, de 21 de Maio.
Pago o preparo ou não havendo lugar a ele, vão os autos com “Vista” ao
Ministério Público, por quarenta e oito horas.
16
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
EXCEPÇÃO:
Se, na petição, o reclamante não tiver indicado o domicílio na sede do tribunal ou estiverem
em falta os duplicados exigíveis, em lugar desta “Vista” deve a secretaria fazer o processo
“concluso” ao juiz.
2.7.2 – Certidões
O custo das certidões está regulado no art.º 3.º da tabela de custas aprovada pelo
Decreto n.º 28/96, de 9 de Julho.
17
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
– vistorias
– exames
– avaliações ou
– inquirição de testemunhas, cujos depoimentos serão reduzidos a escrito
Estas diligências realizam-se na sede do tribunal e são presididas pelo juiz relator
– art.º 700.º da RAU – a menos que delegue (expressamente) em qualquer
autoridade administrativa.
Sobre preparos para despesas cfr. Art.ºs 121.º, n.º 1; 122.º § 4.º; 123.º (isenção); 124.º,
n.º 2; 125.º; 129.º e 137.º do Código das Custas Judiciais, e art.º 1.º, n.º 3 da Tabela de
Custas do Tribunal Administrativo, aprovada pelo Decreto n.º 28/96, de 09 de Julho.
18
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
– art.º 703.º – Após o "visto" do juiz relator ou concluídas as diligências por ele
ordenadas vai o processo concluso, por cinco dias, a cada um dos vogais da
Secção e, por fim, vai ao juiz titular da 1ª Secção;
Se o juiz relator entender que o processo pode ser resolvido independentemente
de “visto”, leva os autos à conferência, seguindo-se os trâmites conforme o
deliberado – art.º 704.º da RAU.
O processo é apresentado pelo secretário, na primeira sessão que tiver lugar após
os vistos, para julgamento por acórdão em conferência, podendo o tribunal ordenar a
realização de qualquer diligência que julgue necessária para instrução do processo.
Os acórdãos são relatados e redigidos pelo relator e assinados por todos os que
tiverem votado em conferência, podendo ser dactilografado – art.º 706.º § 1º da RAU.
19
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
A secretaria tem o prazo de cinco dias, a contar da data em que o acórdão seja
proferido, para o notificar às partes, com entrega de cópias – art.ºs 710.º e 711.º da
RAU e 259.º do Código Processo Civil.
Uma decisão considera-se passada ou transitada em julgado logo que não seja
susceptível de recurso ordinário – art.º 677.º do Código Processo Civil.
20
Parte 2
PROCESSO DO TRABALHO
21
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Nota Introdutória
23
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
PROCESSO DO TRABALHO
1 – PRINCÍPIOS GERAIS
1.1 – Conceito
1.3 – Os Sindicatos
25
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
– juízes e agentes do Ministério Público dos tribunais comuns (Lei n.º 10/91, de
30/Julho – Estatuto dos Magistrados Judiciais – e Lei n.º 6/89, de 19/Setembro -
Lei da Procuradoria-Geral da República);
– advogados com mais de cinco anos (Lei n.º 7/94, de 14/Setembro – Estatuto da
Ordem dos Advogados);
– licenciados em Direito com experiência na administração pública;
– funcionários públicos com formação média ou superior e que ocupam cargos de
direcção ou chefia há pelo menos 5 anos.
1.3.3 – Dos Oficiais de Justiça do Trabalho – art.ºs 4.º, n.º 2 e 7.º, n.º 3
– escrivães;
– ajudantes de escrivão;
– oficiais de diligências;
– dactilógrafos.
26
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
– Em geral
– questões do trabalho;
– questões relacionadas com doenças profissionais e acidentes de trabalho;
– contravenções às normas do trabalho e da segurança social, podendo proceder
oficiosamente à cobrança de multas aplicadas pela Inspecção do Trabalho.
– Em especial
27
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
1.5 – Das Alçadas – art.ºs 19.º, n.º 2, 27.º e 81.º da Lei n.º 10/92, com as
alterações resultantes do Dec. Lei n.º 24/98, de 2 de Junho.
Não há alçada, em matéria penal (nos processos regulados nos art.ºs 174.º e seguintes
do Código de Processo do Trabalho).
No domínio da jurisdição laboral (em matéria cível), existem as alçadas cujo valor
depende de país para país.
28
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Em alguns PALOP´S tem vindo a ser entendido que, as acções seguem sempre a
forma sumária independentemente do valor (art.ºs 12.º, 13.º e 31.º da Lei n.º 18/92,
de 14 de Outubro, 1.º e 2.º do Decreto n.º 24/98, de 2 de Junho).
Nesta linha:
Formulação:
– por escrito, contendo descrição breve e discriminada dos factos que motivam o pedido,
acompanhada de prova documental e testemunhal;
– verbalmente, perante o tribunal competente para a acção (tribunal de distrito ou de
província da área do domicílio ou sede da entidade empregadora). As declarações são
reduzidas a escrito.
Fora dos casos previstos na lei, o direito de recorrer aos tribunais do trabalho
extingue-se decorridos 12 meses sobre a data em que qualquer das partes tomou
conhecimento dos factos que fundamentam a sua pretensão – art.º 16.º, n.º 2.
29
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Das disposições conjugadas dos art.ºs 15.º da Lei n.º 18/92, 19.º e 20.º do CPT como
regra geral “as acções devem ser propostas no tribunal de domicílio da entidade
empregadora ou, ainda, sendo essa pessoa colectiva, no lugar onde tenha a sede, sucursal,
agência, filial ou delegação”.
30
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Quando tal acontecer, o funcionário deve abrir conclusão e informar o juiz do seu
impedimento.
Porém, e nos termos do n.º 2 deste normativo, quando a ré, pessoa colectiva ou
sociedade, não conteste nem compareça em juízo, o juiz certificar-se-á de que a
carta foi recebida na respectiva sede.
O princípio geral a que se refere o art.º 32.º, n.º 1 do CPT, quanto às notificações, é
de que, em processo pendente, a notificação de parte não revel é feita ao
respectivo mandatário, se o houver, ou à parte que litigue por si (sempre que
possível, por carta registada com aviso recepção), ao agente do Ministério Público,
quando exerça o patrocínio (por termo lavrado no processo).
31
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
O processo executivo, por sua vez, é aquele que tem por base qualquer dos títulos
enunciados no art.º 86.º do CPT, como por exemplo: sentenças condenatórias por
tribunais de trabalho; autos de conciliação etc..
Há, no entanto, que distinguir dois tipos de execução, como refere o art.º 49.º CPT.
32
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
COMUM SUMÁRIO
PROCESSOS DE
ACIDENTES DE
ESPECIAL TRABALHO E
DOENÇAS
PROFISSIONAIS
DECLARATIVO
PROCESSOS
PROCESSOS DO
CIVIL CONTENCIOSO
BASEADO EM
DAS
SENTENÇA DE
INSTITUIÇÕES
CONDENAÇÃO
DE
PREVIDÊNCIA
BASEADO
EXECUTIVO NOUTRO
TITULO
PENAL TRANSGRESSÕES
2 – CONTRATO DE TRABALHO
Define-se no art.º 151.º, n.º 1 do CPC que articulados são as peças em que as partes
expõem os fundamentos da acção e da defesa e formulam os pedidos correspondentes.
Apresentada a petição inicial (de que se entrega uma cópia ao MºPº - art.º 179.º, n.º
1 do CPT), esta é autuada como processo declarativo comum sumário – art.ºs 12.º e
13.º da Lei n.º 18/92, art.º 48.º do CPT, art.º 20.º da Lei n.º 10/92, de 6/5.
33
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Os requisitos da petição inicial estão expostos no art.º 467.º do CPC, cujo n.º 2 não
é aplicável, perante o art.º 46.º do CPT, o que vale por dizer que se aquando da
apresentação da petição inicial se verificar o incumprimento de qualquer
obrigação fiscal, a petição não deixará de ser recebida, apenas se suspendendo a
instância findos os articulados (por despacho do juiz).
2.2 – Tramitação
34
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
acção – deve, dentro de dez dias, declarar no processo que assumiu esse
patrocínio, contando-se o prazo para oferecimento da contestação a partir da
declaração (art.º 56.º, n.º 3 do CPT).
Na maioria dos casos, com a contestação são juntos documentos. Nesta situação,
há que notificar oficiosamente a apresentação dos documentos ao autor, nos
termos do art.º 526.º do CPC, sendo este o momento oportuno para lhe ser enviado
o duplicado da contestação.
Porém e na sequência desta notificação, o autor apenas pode arguir a falsidade dos
documentos (art.º 360.º do CPC), não podendo apresentar terceiro articulado –
resposta à contestação.
35
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Convém aqui analisar o teor do art.º 34.º do CPT, uma vez que o mesmo terá de ser
articulado com os art.ºs 50.º e 51.º do mesmo Código e em todos está em causa a conciliação.
Quanto ao conteúdo do auto de conciliação veja-se o art.º 20.º, n.º 1 da Lei 18/92.
No que à confissão diz respeito, uma vez que o art.º 43.º do CPT nada refere quanto à
mesma, há que aplicar o regime previsto no art.ºs 294.º e 297.º a 300.º do CPC.
Os autos de conciliação constituem uma verdadeira judicial exequível (art.º 86.º, al.
b) do CPT) e a execução dos acordos neles exarados corre por apenso ao processo
onde a conciliação foi efectuada, sendo competente para os seus termos o juiz do
respectivo processo (art.º 86.º, al. b) do CPT e art.º 90.º, n.º 3 do CPC).
Cada parte pode oferecer até cinco testemunhas (art.ºs 82.º, n.º 1 e 84.º, n.º 1 do CPT).
36
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Quanto ao número de testemunhas a ouvir por cada facto e uma vez que o CPT é
omisso, há que, aplicar o disposto no art.º 789.º do CPC relativo ao processo
sumário, que fixa esse número em três.
Por disposições conjugadas dos art.ºs 17.º a 19.º da Lei 18/92, resulta a
obrigatoriedade de comparência pessoal do autor e do réu à audiência de
julgamento, sujeitando-os as cominações ali previstas pelas faltas de comparência.
37
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
As alegações são apenas orais, não havendo lugar a réplica e incidem tanto sobre a
matéria de facto como sobre a matéria de direito.
Não se aplica, pois, o disposto nos art.ºs 652.º, n.º 3, al. e), 653.º, n.º 6 e 657.º,
todos do CPC.
2.6 – Sentença
A sentença será imediatamente ditada para a acta, podendo ser lavrada no prazo
de três dias, se a complexidade das questões de direito o justificar (art.º 84.º,
n.º 2 do CPT).
Quanto a outras formalidades da sentença, vejam-se os art.ºs 68.º, n.º 2, 68.º, n.º 4,
69.º, 70.º, 71.º, 72.º, 73.º e 84.º do CPT.
Pela sua importância em processo de trabalho, chama-se a atenção para o art.º 71.º
do CPT se na sentença houver condenação em quantia certa, com a notificação
daquela há que advertir expressamente a parte condenada de que, no prazo de um
mês após o trânsito em julgado (se o juiz não fixar outro prazo) deve juntar ao
processo documento comprovativo da extinção da dívida.
38
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
3 – RECURSOS
Das decisões dos tribunais distritais cabe recurso para os tribunais provinciais.
Das decisões dos tribunais provinciais cabe recurso para o Tribunal Supremo,
segundo as regras de hierarquia.
Das decisões dos tribunais distritais de trabalho cabe recurso para o tribunal
provincial desde que o valor da acção ultrapasse o valor fixado para as alçadas dos
tribunais de 2ª classe e 1ªclasse.
E das decisões proferidas nos tribunais provinciais pode caber recurso para o
Tribunal Supremo, dependendo do valor da acção.
Como já vimos, consente o art.º 13.º, n.º 2 da Lei 18/92, que quando não houver tribunal
distrital o processo corre no tribunal provincial com competência nesse distrito.
(Quanto às decisões de que cabe recurso de apelação ou de agravo e uma vez que o CPT é
omisso, veja-se o que dispõem os art.ºs 691.º e 733.º do CPC).
O processo só vai “concluso” ao juiz para admitir e mandar subir o recurso (se for
caso disso), após esgotado o prazo para o recorrido contra – alegar e se, entre
outras condições, tiver “sido dado cumprimento à legislação sobre custas”.
39
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Tal significa, que só depois de contado o processo e após o depósito das quantias
(custas) eventualmente devidas, é que o juiz deve proferir despacho a admitir e
mandar subir o recurso.
Porém, no caso do recurso ser de agravo, há que ter em atenção que, nos termos
do n.º 2 do art.º 78.º do CPT, o juiz tem de reapreciar a questão, podendo sustentar
ou reparar o agravo. Exceptuando os casos previstos no art.º 80.º do CPT, o regime
de subida do recurso de agravo é o de subida diferida.
O agravo cabe das decisões, susceptíveis de recurso, de que não pode apelar-se
(art.º 733.º do CPC).
A caução deve mostrar-se prestada no prazo de 30 dias (art.º 79.º, n.º 2 do CPT).
40
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Se a caução não for prestada, a sentença poderá ser, desde logo, executada, apesar
de ter sido interposto recurso (art.º 79.º, n.º 1 do CPT). Essa execução, porém, deve
suspender-se após a venda dos bens penhorados, se nessa altura ainda não estiver
transitado em julgado a sentença que foi objecto de recurso (art.ºs 47.º, n.ºs 2 e 3 e
890.º, n.º 5 do CPC).
É desejável que o processo principal (no qual foi interposto o recurso) e o apenso
de prestação de caução sejam movimentados simultaneamente, de tal modo que,
quando no processo principal se abrir “conclusão” para o juiz admitir e mandar
subir o recurso, já no apenso de caução tenha transitado em julgado a decisão
proferida sobre a caução oferecida.
4 – PROCESSO EXECUTIVO
Quer isto dizer que o valor não é elemento determinativo da forma do processo,
apenas se atendendo à natureza do título executivo.
Como já atrás se viu, nos termos do art.º 71.º do CPT, com a notificação da
sentença condenatória em quantia certa, a parte condenada será advertida de que
deve juntar ao processo documento comprovativo da extinção da dívida, nos
termos e para os efeitos do art.º 87.º do CPT.
41
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
processo principal, após o que se abre “conclusão” ao juiz, o despacho que vier a
ser proferido é notificado ao requerente), nomear bens do devedor necessários
para solver a quantia exequenda e as custas, salvo se, entre outras hipóteses, o
devedor os houver já previamente nomeado (art.º 87.º, n.º 1, al.c) do CPT).
A – N ada fazer.
B – Nomear bens à penhora no prazo de oito dias, que pode ser prorrogável pelo
juiz (art.º 88.º, n.º 1 do CPT).
Nesta última situação, o tribunal substitui-se à parte, não tendo a inércia do autor
credor qualquer influência na vida da acção executiva, que será instaurada
oficiosamente pelo tribunal, caso sejam encontrados bens penhoráveis.
42
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Não haverá nesta situação, lugar a preparos, não devendo também o processo ser
remetido à conta, nos termos do art.º 74.º do CCJ mesmo que esteja parado mais
de dois meses, já que não é o autor credor que cabe o impulso processual.
Os embargos de executado são autuados por apenso à execução (art.º 817.º, n.º 1
do CPC).
Note-se que a figura “oposição” de que fala o art. 94º do CPT reveste-se de uma
amplitude maior do que a figura de “embargos de executado” do processo civil
comum, uma vez que ela engloba não apenas os fundamentos de oposição à
execução baseada em sentença previstas no art.º 813.º do CPC, mas, também,
circunstâncias que infirmam a penhora, designadamente se ela incidir sobre bens
que não podem ser penhorados (art.º 822.ºs e 823.º do CPC).
43
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Por sua vez, o tribunal que penhorou em primeiro lugar, face à notificação
recebida, terá de ter em atenção que, do produto da venda dos bens ali
penhorados, saem logo as custas do respectivo processo.
Neste caso, aplica-se o disposto no art.º 871.º do CPT, cabendo ao exequente e não
ao tribunal, efectuar as diligências previstas nos n.º 1 e 2 daquela disposição legal.
Numa execução por quantia certa em que se mostrem pagas a quantia exequenda,
ainda que em prestações, e as custas, o processo é “concluso” para sentença de
extinção da execução.
44
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
5 – PROCESSOS ESPECIAIS
5.1.1 – Tramitação
Daí o facto de as acções desta natureza correrem oficiosamente, como vimos, não
estando a iniciativa e o impulso processuais condicionados pela vontade das partes.
45
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Cabe referir que o boletim de alta deve ser remetido ao tribunal, no prazo de três
dias, a contar da alta ou se o sinistrado estiver a cargo de uma seguradora, até ao
exame médico a realizar na fase conciliatória, ou ainda sob requisição do juiz (art.º
155.º da Lei 8/98, de 20/7, e art.ºs, 11.º a 35.º do Diploma Legislativo 1706, de
19/10/1957).
Quando a participação for feita por uma entidade seguradora, deve ser
acompanhada de toda a documentação clínica e nosológica (respeitante a doenças)
disponível, de cópia da apólice e seus adicionais em vigor, bem como da folha de
salários dos mês anterior ao acidente e nota discriminativa das incapacidades,
internamentos e indemnizações pagas desde o acidente.
Se o sinistrado e/ou entidade responsável não chegarem a acordo, tem lugar a fase
de contencioso, que adiante trataremos.
46
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Recebida a participação abre-se de imediato “vista” ao M.ºP.º, uma vez que não
há lugar a preparo inicial, por os sinistrados e seus familiares estarem isentos de
custas (art.º 2.º, al. b) do Código das Custas Judiciais Trabalho).
O M.ºP.º, depois de estarem juntos aos autos todos os elementos que considere
necessários, como já vimos, procede às diligências a que se referem os art.ºs 98.º a
102.º do CPT, tendo em atenção as seguintes situações:
Instruídos os autos com esses elementos, o M.ºP.º designa data para tentativa
de conciliação.
47
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Vejamos alguns:
Juntos esses elementos ou pareceres aos autos, o M.ºP.º designará nova data para
exame médico seguido de tentativa de conciliação.
48
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
A não comparência injustificada das partes que tiverem sido notificadas para
comparecer a qualquer acto fá-las incorrer em multa (art.º 134.º, n.º 1 do CPT).
O conteúdo do auto de tentativa de conciliação vem referido nos art.ºs 108.º e 109.º
do CPT, distinguindo o legislador a situação em que há acordo (art.º 109.º do CPT).
Pode mesmo dizer-se que há uma maior exigência na elaboração dos autos de
conciliação frustrada, uma vez que nele deverão ficar expressamente consignados
todos os factos sobre os quais tenha ou não havido acordo (art.º 109.º, n.º 1 do
CPT) e que são os seguintes:
49
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Caso tenha havido acordo, será o mesmo submetido imediatamente ao juiz que o
homologará (art.º 111.º, n.º 1 do CPT). Neste caso o acordo produz efeito desde a
data da sua realização (art.º 112.º, n.º 1 do CPT).
(Chama-se a atenção para o facto de a homologação do acordo não ter que ser
notificada às partes, uma vez que o art.º 112.º, n.º 3 do CPT apenas exige que elas
sejam notificadas da não homologação).
Se não houver acordo quanto a um ou mais factos referidos no n.º 1 do art.º 109.º, e
110.º do CPT, poderá ter lugar a fase contenciosa, que é presidida pelo juiz, e tem
por base a petição inicial.
Não sendo o acordo alcançado ou não sendo homologado (pelo juiz), o M.ºP.º
assume imediatamente o patrocínio oficioso (Se tiver motivo para recusar o
patrocínio, o M.ºP.º notifica os interessados, que, no prazo de vinte dias, pode
reclamar hierarquicamente. Até à notificação do despacho proferido pelo superior
hierárquico não corre o prazo para a propositura da acção – art.ºs 9.º e 10.º do
CPT), do sinistrado ou dos seus beneficiários legais (em caso de morte) e apresenta
a petição inicial no prazo de quinze dias, a contar da frustrada tentativa de
conciliação (art.º 109.º do CPT) ou da notificação da não homologação do acordo
(art.º 112.º, n.º 3 do CPT) – art.ºs 110.º, 115.º e 117.º, n.º1 do CPT.
O prazo para apresentação da petição inicial pode ser prorrogado pelo juiz por
igual período, a pedido do magistrado do M.ºP.º para recolha dos elementos
necessários à propositura da acção.
Se, decorrido o prazo de 15 dias e acção não for proposta, o processo é “concluso”
ao juiz, para suspender a instância, podendo o M.ºP.º propor a acção logo que
reúna os elementos para ela necessários – art.º 117.º do CPT.
Valor:
Na petição inicial, além de formular o pedido principal, o autor requererá a
fixação de incapacidade para o trabalho e/ou determinação da entidade
responsável – art.º 115.º do CPT.
50
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
– Processo principal, em que se decide todas as questões que não devam ser
resolvidas nos apensos que resultarem do desdobramento.
Este processo segue nos mesmos autos em que tiver sido processado a fase
conciliatória (art.ºs 116.º, al. a), e 124.º a 135.º do CPT).
– Apenso de fixação de incapacidade para o trabalho (art.º 116.º, al. b) e 136.º
do CPT).
– Apenso para determinação da entidade responsável (art.º 116.º, al. c) e 137.º
do CPT).
Nas demais situações, corre por apenso ao processo principal – art.ºs 116.º e 130.º,
n.º 1, als. a) e c) do CPT.
6 – PROCESSO PRINCIPAL
Junta a petição inicial aos autos, e uma vez que não há lugar a preparo, dada a
isenção pessoal de custas de que goza o sinistrado, abre-se “conclusão” ao juiz, que
ordenará a citação do réu para contestar, no prazo de dez dias (art.º 126.º do CPT).
51
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Se forem citados vários réus e algum contestar, essa contestação aproveita a todos
os réus (art.º 128.º, n.º 2 do CPT), pelo que a acção prosseguirá quanto a todos eles,
quer tenham contestado, quer não.
Junta a contestação aos autos e após o pagamento do preparo inicial devido pelo
réu, o processo é “concluso” ao juiz para proferir despacho saneador, nos termos
do art.º 129.º, n.º 1 do CPT.
Nele será organizada a especificação (mas não o questionário), na qual o juiz considerará
assentes os factos sobre os quais tenha havido acordo na tentativa de conciliação e
nos articulados e ordenará o desdobramento, se for caso disso em processo principal e
dois apensos seguindo-se, depois, os termos do processo declarativo, sumário.
52
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
O exame é presidido pelo juiz, sendo a junta constituída por três peritos médicos:
um pelo tribunal, outro pelo sinistrado e outro pela entidade responsável (art.º
136.º, n.º1 do CPT).
O perito do tribunal será nomeado pelo juiz no despacho em que designar data
para a junta médica, sendo a nomeação dos peritos apresentados pelas partes feita
imediatamente antes da diligência (art.º 136.º, n.º 3 do CPT).
Finda a junta médica, o processo vai “concluso” ao juiz (que não está vinculado ao
resultado do exame), que poderá, se assim o entender, solicitar os pareceres
complementares que considere necessários à rigorosa definição da situação clínica
do sinistrado.
Aberto o apenso, são notificados o autor e réus (os apontados responsáveis pelos
primitivos réus), com entrega de cópia das contestações dos outros réus, para,
querendo, responderem, no prazo de cinco dias. Este apenso não suspende o
andamento do processo principal. Depois dos articulados este processo segue os
termos do processo sumário (art.º 137.º, n.º 3 do CPT).
53
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II
Admitido o requerimento, que é dirigido ao juiz, este designa dia para exame
médico, pelo perito do tribunal, e preside à diligência (art.º 142.º, n.º 1 do CPT).
Qualquer das partes que se não conforme com o resultado do exame médico pode,
no prazo de cinco dias, requerer exame por junta médica, nos termos do art.º 136.º
do CPT.
Se nenhuma das partes o requerer, pode o juiz ordenar a sua realização, se tal lhe
parecer indispensável para a boa decisão da causa (art.º 142.º, n.º 3 do CPT).
Se houver lugar a exame por junta médica, ele seguirá a tramitação e formalidades
constantes do art.º 136.º do CPT que já atrás vimos.
Logo que a situação clínica do sinistrado ou doente esteja definida, o juiz decide
o incidente, mantendo, aumentando ou reduzindo a pensão, ou declarando
extinta a obrigação de pagar, consoante o resultado do exame de revisão
tenha ou não modificado a incapacidade anteriormente atribuída (art.º 142.º,
n.º 4 do CPT).
54
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
55
Jurisdição Administrativa e do Trabalho
Bibliografia
PROCESSO ADMINISTRATIVO
PROCESSO TRABALHO
Alberto Leite Ferreira, Código de Processo do Trabalho, Coimbra Editora, 4ª Edição, 1996.
57