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PREVIDENCIÁRIO DE
RECURSO INOMINADO
com fulcro no art. 1.009 e segs. do CPC, c/c 42 da Lei 9.099/95. Nessa
conformidade, REQUER o recebimento do recurso, sendo remetidos os
autos, com as razões recursais anexas, à Egrégia Turma Recursal, para
que, ao final, seja dado provimento ao presente recurso. Por fim, deixa
de juntar preparo por ser beneficiário de AJG.
, 04 de setembro de 2023.
RECURSO INOMINADO
Processo nº: ${informacao_generica}
Recorrente: ${cliente_nomecompleto}
Colenda Turma
Eméritos Julgadores
Assim, se exporão os motivos pelos quais deve ser reformada a sentença, concedendo o
benefício assistencial ao Recorrente.
Segundo referiu o D. Magistrado em sua decisão, o Recorrente não faz jus ao benefício
de prestação continuada uma vez que a renda mensal per capta familiar ultrapassa ¼ do salário
mínimo, o que desde já, não satisfaria o critério econômico exigido pela LOAS. Ademais,
desconsiderou para fins de configuração do grupo familiar os dois filhos do Recorrente, que
igualmente residem com o mesmo.
Note-se:
${informacao_generica}
Ora, é cediço que, muito embora a Lei 8.742/93 estabeleça em seu artigo 20, §3º um
patamar econômico para a concessão do benefício de prestação continuada, a jurisprudência
vem considerando que este não é absoluto, ou seja, este critério legal não pode excluir a
análise das condições pessoais e sociais do Requerente, bem como deve proporcionar a
averiguação do caso concreto e das condições em que se encontra inserido.
Ademais, considerou que, sendo contribuintes do INSS a esposa e o filho, estes teriam
totais condições de prover as suas necessidades básicas, nos termos da LOAS, desconsiderando
todos os subsídios trazidos pelo laudo destinado à análise fática da situação do Recorrente,
detendo-se tão somente no que concerne ao não preenchimento do requisito da renda per
capta imposto pela Lei.
Isto porque, não obstante as inúmeras decisões neste mesmo sentido, o Superior
Tribunal de Justiça em apreciação ao REsp 1.112.557, tornou relativo o critério econômico
previsto do artigo 20, §3º, da Lei 8.742/93, acolhendo a constatação da miserabilidade da
pessoa idosa ou com deficiência através de outros meios de prova que não a renda per capta.
Logo, muito embora fossem desconsiderados do grupo familiar os dois filhos – como
assim fez a r. sentença, tem-se que a percepção de meio salário mínimo per capta, por si só não
possui o condão de descaracterizar a condição de miserabilidade apurada pelo laudo
socioeconômico, bem como, pelas alegações trazidas na peça exordial.
Nesta esteira, frente a defasagem dos critérios financeiros preceituados pelo artigo 20,
§3º, passou-se a admitir novos parâmetros para a configuração da miserabilidade para fins da
concessão de benefício de prestação continuada, utilizando como parâmetro outros benefícios
assistenciais concedidos pelo Governo Federal, como o programa Bolsa Família. Senão,
vejamos:
DO LAUDO SOCIOECONÔMICO:
Primeiramente, vale referir que foi editado o Enunciado nº 50 no 3º Fórum Nacional dos
Juizados Federais, a fim de agregar certo temperamento ao critério da renda per capta de ¼ do
salário mínimo previsto na Lei Orgânica da Assistência Social. Veja-se sua redação:
A comprovação da condição socioeconômica do autor pode ser feita por laudo técnico
confeccionado por assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de
Justiça ou através da oitiva de testemunhas.
De pronto, pertinente grifar que, a despeito das considerações feitas pelo Nobre
Magistrado de primeiro grau, o notado laudo foi claro ao apontar que o grupo familiar é
composto pelo Recorrente, a esposa e os dois filhos, sendo que, somente a esposa possui renda
fixa no valor de um salário mínimo. Além disso, aponta que um dos filhos incorre atualmente
em situação de desemprego e o outro não possui renda fixa, sobrevivendo de “bicos” que
realiza como ${informacao_generica}.
Dessa forma, verifica-se que o grupo familiar é composto por 04 pessoas e, não por 02
pessoas, como restou assentado na Sentença.
Tais referências ilustram, sem dúvida alguma o erro cometido pelo decisum, porquanto,
não obstante os fundamentos já suscitados quanto a relativização e processo de
inconstitucionalidade dos patamares econômicos estabelecidos pela LOAS, a renda per capta
fixa do grupo familiar encontra-se dentro dos padrões exigidos pela mencionada legislação.
Frente a isso, não pode ser acolhida, sequer, a insurgência proferida pelo Magistrado a
quo quanto a possibilidade do Recorrente ser auxiliado pelos filhos, uma vez que o primeiro se
encontra desempregado e o segundo somente realiza atividades laborais esporádicas, que não
podem servir nem mesmo como parâmetro da renda mensal da família, quiçá, ser suficiente
para o sustento de uma pessoa e servir de auxílio para outra.
${informacao_generica}
Como se percebe, o imóvel foi construído aos poucos (misto) e de forma simples,
inclusive dependendo do auxílio de terceiros. Ademais, o Recorrente é pedreiro, de modo que,
as condições mínimas de conforto de sua residência, evidentemente, se dão em virtude de sua
qualificação profissional e do esforço despendido para a construção do imóvel. Tal
entendimento já foi, inclusive, alvo de decisão da Turma Recursal da JF/RS (Recurso Cível nº
5001195-97.2012.404.7102).
De mesma banda, no que se refere aos móveis que guarnecem a casa, de acordo com as
fotografias apresentadas é cristalino que todos eles são bastante antigos e alguns até mesmo
improvisados, entretanto, Excelências, não se pode confundir higiene e organização com
inexistência de miserabilidade!
Como se percebe das imagens, o Recorrente sobrevive em condições que não se podem
considerar, sequer, mínimas à sobrevivência de um ser humano, menos ainda de uma pessoa
com idade avançada e acometida de enfermidades!
Neste ponto, indispensável referir que os casos de Benefício Assistencial deveriam ser
tratados com zelo pela Autarquia Previdenciária, bem como pelo judiciário, visto que, não se
tratam de contribuintes buscando por seus direitos, mas de indivíduos em situação
degradante e sem quaisquer recursos de prover suas necessidades básicas, como alimentação
adequada, higiene e vestuário.
Neste ínterim, reportemo-nos aos gastos fixos da família, também aclarado pelo laudo
socioeconômico e que igualmente demonstram a mazela social em que se encontram. Note-se:
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Neste ponto, vislumbra-se que as despesas mais triviais como água, luz e alimentação já
abocanham valor considerável da renda mensal, não havendo meios de arcar com despesas
igualmente importantes como vestuário – que advém de doações, saúde, transporte e lazer.
Ora, Excelências, resta claro que o Magistrado a quo, ao se manter omisso a detalhes
importantes ao caso concreto, equivocou-se quando deixou de conceder a benesse
previdenciária ao Recorrente, uma vez que ao efetuar a análise conjunta dos fatos é cristalina a
situação de miserabilidade deste e de sua família.
Deste modo, após tudo que já fora explanado, mostram-se satisfeitos ambos os
requisitos atinentes à concessão do benefício de prestação continuada, pois o Recorrente é
idoso e vive em situação de EXTREMA vulnerabilidade social.
, 04 de setembro de 2023.