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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

PREVIDENCIÁRIO DE

${cliente_nomecompleto}, já devidamente qualificado nos autos do


presente processo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência,
através de seu procurador, inconformado com a sentença proferida,
interpor

RECURSO INOMINADO

com fulcro no art. 1.009 e segs. do CPC, c/c 42 da Lei 9.099/95. Nessa
conformidade, REQUER o recebimento do recurso, sendo remetidos os
autos, com as razões recursais anexas, à Egrégia Turma Recursal, para
que, ao final, seja dado provimento ao presente recurso. Por fim, deixa
de juntar preparo por ser beneficiário de AJG.

Nesses termos, pede e espera deferimento;

, 04 de setembro de 2023.

danielle fonseca gomes


OAB/MG 190.944

RECURSO INOMINADO
Processo nº: ${informacao_generica}

Recorrente: ${cliente_nomecompleto}

Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social

Origem: Juizado Especial Federal Previdenciário de

Colenda Turma

Eméritos Julgadores

O presente recurso trata de ação em que se postula a concessão do benefício de


prestação continuada, que foi julgado improcedente pelo Exmo. Juiz Federal a quo.

Com efeito, incorreu em equivoco o D. Magistrado, quando considerou a renda do


grupo familiar do Autor como sendo suficiente para prover seu sustento, deixando de
preencher o critério econômico exigido pela LOAS.

Como se demonstrará neste recurso, Digníssimos Julgadores, das provas elaboradas,


está plenamente demonstrado que o Autor é hipossuficiente, não sendo sua renda mensal
suficiente para prover seu sustento e de sua família com dignidade.

Assim, se exporão os motivos pelos quais deve ser reformada a sentença, concedendo o
benefício assistencial ao Recorrente.

DA SATISFAÇÃO DO CRITÉRIO ETÁRIO

De primeiro plano, pertinente mencionar que o Autor contava com $


{informacao_generica} anos quando requerido administrativamente a benesse assistencial
(evento XX), de modo que satisfaz, portanto, o critério etário exigido pela legislação inerente à
matéria (artigo 2, Lei 8.742/93; art. 34, Lei 10.741/03).
DO CRITÉRIO SOCIOECONÔMICO

Segundo referiu o D. Magistrado em sua decisão, o Recorrente não faz jus ao benefício
de prestação continuada uma vez que a renda mensal per capta familiar ultrapassa ¼ do salário
mínimo, o que desde já, não satisfaria o critério econômico exigido pela LOAS. Ademais,
desconsiderou para fins de configuração do grupo familiar os dois filhos do Recorrente, que
igualmente residem com o mesmo.

Note-se:

${informacao_generica}

Ora, é cediço que, muito embora a Lei 8.742/93 estabeleça em seu artigo 20, §3º um
patamar econômico para a concessão do benefício de prestação continuada, a jurisprudência
vem considerando que este não é absoluto, ou seja, este critério legal não pode excluir a
análise das condições pessoais e sociais do Requerente, bem como deve proporcionar a
averiguação do caso concreto e das condições em que se encontra inserido.

Deste modo, demonstrar-se-á no presente recurso, de forma elucidativa aspectos


fáticos e jurídicos relevantes e que não foram levados em consideração na r. decisão e que são
de suma importância para o deslinde da demanda.

DA RELATIVIZAÇÃO DA RENDA MENSAL:

Conforme se depreende da instrução processual, tem-se que o Recorrente reside com


sua esposa e dois filhos, sendo que a renda mensal é oriunda do trabalho da cônjuge como
empregada doméstica no valor de um salário mínimo, bem como, de trabalhos esporádicos
realizados por um dos filhos, sendo tais valores variáveis.

Não obstante as alegações contidas na exordial, informando sobre o grupo familiar,


além das subsídios acastelados pelo laudo socioeconômico produzido ao Evento $
{informacao_generica}, o Nobre Magistrado de primeiro grau considerou para o cômputo da
renda tão somente o casal, de forma que, o valor percebido pela esposa seria suficiente para o
sustento de ambos.

Ademais, considerou que, sendo contribuintes do INSS a esposa e o filho, estes teriam
totais condições de prover as suas necessidades básicas, nos termos da LOAS, desconsiderando
todos os subsídios trazidos pelo laudo destinado à análise fática da situação do Recorrente,
detendo-se tão somente no que concerne ao não preenchimento do requisito da renda per
capta imposto pela Lei.

Contudo, tal decisão é por completo descabida, a priori, face a pacificação do


entendimento de que para fins de análise de hipossuficiência, a verificação da renda mensal
consubstancia elemento perfunctório para apreciação do caso, devendo para tanto que o
contexto fático como um todo seja contemplado pela autoridade julgadora.

Isto porque, não obstante as inúmeras decisões neste mesmo sentido, o Superior
Tribunal de Justiça em apreciação ao REsp 1.112.557, tornou relativo o critério econômico
previsto do artigo 20, §3º, da Lei 8.742/93, acolhendo a constatação da miserabilidade da
pessoa idosa ou com deficiência através de outros meios de prova que não a renda per capta.

Ainda neste tocante, é reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, em regime de


repercussão geral, a inconstitucionalidade do §3º do artigo 20 da Lei 8.742/93 (LOAS), que
institui critério econômico objetivo, bem como, a faculdade de aceitação de outros meios de
prova para a averiguação da hipossuficiência do grupo familiar. Note-se:

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DILAÇÃO PROBATÓRIA.


DESNECESSIDADE. PESSOA IDOSA. CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA. MISERABILIDADE.
RENDA FAMILIAR. ART. 20, §3º, DA LEI 8.742/93. RELATIVIZAÇÃO DO CRITÉRIO
ECONÔMICO OBJETIVO. STJ E STF. PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E
DO LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ. BENEFÍCIO DE RENDA MÍNIMA. IDOSO.
EXCLUSÃO.

1. Embora seja inusitada a utilização do mandado de segurança em relação a


benefícios previdenciários, aqui, excepcionalmente, é admissível tal instrumento em
face de que desnecessária a dilação probatória. Precedentes.

O direito ao benefício assistencial previsto no art. 203, V, da Constituição Federal e no


art. 20 da Lei 8.742/93 (LOAS) pressupõe o preenchimento de dois requisitos: a)
condição de pessoa com deficiência ou idosa e b) condição socioeconômica que indique
miserabilidade; ou seja, a falta de meios para prover a própria subsistência ou de tê-la
provida por sua família.

O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o REsp 1.112.557 representativo de


controvérsia, relativizou o critério econômico previsto no art. 20, §3º, da Lei 8.742/93,
admitindo a aferição da miserabilidade da pessoa deficiente ou idosa por outros meios
de prova que não a renda per capita, consagrando os princípios da dignidade da
pessoa humana e do livre convencimento do juiz.
Reconhecida pelo STF, em regime de repercussão geral, a inconstitucionalidade do
§3º do art. 20 da Lei 8.742/93 (LOAS), que estabelece critério econômico objetivo,
bem como a possibilidade de admissão de outros meios de prova para verificação da
hipossuficiência familiar em sede de recursos repetitivos, tenho que cabe ao
julgador, na análise do caso concreto, aferir o estado de miserabilidade da parte
autora e de sua família, autorizador ou não da concessão do benefício assistencial.

Deve ser excluído do cômputo da renda familiar o benefício previdenciário de renda


mínima (valor de um salário mínimo) percebido por idoso integrante da família.
Aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003.

(TRF4 5002469-19.2014.404.7202, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Luiz Carlos de


Castro Lugon, juntado aos autos em 11/03/2015) (sem grifos no original).

Verifica-se, portanto, que “diante do compromisso constitucional com a dignidade da


pessoa humana, especialmente no que se refere à garantia das condições básicas de
subsistência física, esse dispositivo deve ser interpretado de modo a amparar irrestritamente o
cidadão social e economicamente vulnerável”[1]

Nos termos do entendimento jurisprudencial supra, para que o critério socioeconômico


seja apreciado, se faz indispensável a verificação do contexto fático em que está inserido o
grupo familiar, haja vista as peculiaridades atinentes a cada caso concreto.

Logo, muito embora fossem desconsiderados do grupo familiar os dois filhos – como
assim fez a r. sentença, tem-se que a percepção de meio salário mínimo per capta, por si só não
possui o condão de descaracterizar a condição de miserabilidade apurada pelo laudo
socioeconômico, bem como, pelas alegações trazidas na peça exordial.

Nesta esteira, frente a defasagem dos critérios financeiros preceituados pelo artigo 20,
§3º, passou-se a admitir novos parâmetros para a configuração da miserabilidade para fins da
concessão de benefício de prestação continuada, utilizando como parâmetro outros benefícios
assistenciais concedidos pelo Governo Federal, como o programa Bolsa Família. Senão,
vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL. RENDA PER CAPITA FAMILIAR SUPERIOR A 1/2 DO SALÁRIO MÍNIMO.
OMISSÃO/OBSCURIDADE/CONTRADIÇÃO. 1. A constatação de que, para diversos
programas assistenciais, o legislador passou a considerar a renda per capita de ½
salário mínimo como balizador apto para a verificação da situação de
vulnerabilidade econômica do grupo familiar, ensejou a conclusão de que a já
longeva inflexibilidade normativa em relação ao parâmetro estabelecido no
dispositivo sob berlinda o tornou incompatível com a regra constitucional presente
no art. 203, V, da CF/88, por ser ela veiculadora do direito fundamental à assistência
social. 2. Quanto ao limite mínimo da renda per capita, os rigores da lei devem ser
mitigados, levando-se em consideração a condição social do deficiente e seu direito ao
amparo constitucional, em face não só da idade elevada, mas também do estado de
miserabilidade em que vive o núcleo familiar, situações que devem ser analisadas caso
a caso. 3. Na hipótese dos autos, o grupo familiar efetivamente possui renda per capita
superior a 1/2 salário mínimo desde 2007 e, embora comprovada a deficiência física do
requerente, não foi demonstrada situação que permita o afastamento do limite
mínimo da renda per capita. 4. Deve ser pago o LOAS, desde a sua suspensão até
setembro de 2007, pois demonstrado que, à época, a parte autora fazia jus à
percepção do benefício 5. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (TRF-1 -
EDREO: 200701990533709 MT 2007.01.99.053370-9, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL NEUZA MARIA ALVES DA SILVA, Data de Julgamento: 01/01/2014, SEGUNDA
TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.1377 de 14/03/2014) (sem grifos no original).

Deste modo, sendo a renda constitutiva do grupo familiar o valor de ½ de salário


mínimo per capta, nota-se que o montante percebido pelos mesmos encontram-se dentro dos
patamares admitidos, não havendo qualquer razão para a improcedência da demanda, nos
termos da decisão a quo, haja vista que pautada em critérios obsoletos e não mais admitidos
em virtude dos princípios constitucionais atinentes ao cidadão.

DO LAUDO SOCIOECONÔMICO:

Primeiramente, vale referir que foi editado o Enunciado nº 50 no 3º Fórum Nacional dos
Juizados Federais, a fim de agregar certo temperamento ao critério da renda per capta de ¼ do
salário mínimo previsto na Lei Orgânica da Assistência Social. Veja-se sua redação:

A comprovação da condição socioeconômica do autor pode ser feita por laudo técnico
confeccionado por assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de
Justiça ou através da oitiva de testemunhas.

Como se vislumbra no Evento ${informacao_generica} do processo em epígrafe, foi


realizada avaliação socioeconômica na residência do Recorrente a fim de avaliar as condições
de vida em que se encontrava o grupo familiar do mesmo. Tal avaliação deveria não só verificar
a renda familiar, mas preponderar todo o contexto fático apresentado pelo mesmo.

Aí equivocou-se o D. Magistrado, pois, ao decidir a demanda deixou de avaliar o Laudo


realizado pelo Sr. Oficial de Justiça como um todo e de forma criteriosa, deixando-se
influenciar, mormente, pela renda auferida pelos componentes do grupo familiar.

De pronto, pertinente grifar que, a despeito das considerações feitas pelo Nobre
Magistrado de primeiro grau, o notado laudo foi claro ao apontar que o grupo familiar é
composto pelo Recorrente, a esposa e os dois filhos, sendo que, somente a esposa possui renda
fixa no valor de um salário mínimo. Além disso, aponta que um dos filhos incorre atualmente
em situação de desemprego e o outro não possui renda fixa, sobrevivendo de “bicos” que
realiza como ${informacao_generica}.

Dessa forma, verifica-se que o grupo familiar é composto por 04 pessoas e, não por 02
pessoas, como restou assentado na Sentença.

Tais referências ilustram, sem dúvida alguma o erro cometido pelo decisum, porquanto,
não obstante os fundamentos já suscitados quanto a relativização e processo de
inconstitucionalidade dos patamares econômicos estabelecidos pela LOAS, a renda per capta
fixa do grupo familiar encontra-se dentro dos padrões exigidos pela mencionada legislação.

Outrossim, ressalta-se que a renda eventual, obtida através da realização de bicos –


como ocorre no caso do filho do Recorrente, não pode ser incluída no cálculo da renda per
capta, destaca-se o seguinte precedente:

CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. CONDIÇÃO DE IDOSO. SITUAÇÃO DE RISCO


SOCIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO. 1. O
direito ao benefício assistencial pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos:
a) condição de deficiente (pessoa que tem impedimentos de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condição com as demais pessoas) ou idoso (neste caso, considerando-se, desde 1º de
janeiro de 2004, a idade de 65 anos); e b) situação de risco social (estado de
miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) da parte
autora e de sua família. 2. A condição de idoso do autor restou comprovada por meio
de documentos. 3. A situação de desamparo necessária à concessão do benefício
assistencial é presumida quando a renda familiar per capita for inferior ao valor de ¼
(um quarto) do salário mínimo. 4. Operada a exclusão da renda eventual e incerta
percebida pelo autor, a renda mensal per capita é inferior ao limite estabelecido pelo
art. 20, § 3º, da Lei n.º 8.742/93, configurando-se, assim, a situação de risco social
necessária à concessão do benefício. 5. Comprovado o preenchimento dos requisitos
legais, deve ser concedido o benefício em favor da parte autora, desde a data do
requerimento administrativo. 6. Determinado o cumprimento imediato do acórdão no
tocante à implantação do benefício, a ser efetivada em 45 dias, nos termos do art. 461
do CPC. (TRF4, AC 0017768-77.2011.404.9999, Sexta Turma, Relator Celso Kipper, D.E.
05/10/2012)

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO. PREENCHIMENTO DO REQUISITO


SOCIOECONÔMICO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI
10.741/03. APOSENTADORIA POR IDADE. RENDA EVENTUAL DO CÔNJUGE IDOSO.
EXCLUSÃO DO CÁLCULO DA RENDA PER CAPITA. 1. O benefício previdenciário de valor
mínimo recebido por idoso deve ser excluído do cálculo da renda mensal para fins de
concessão de benefício assistencial, por interpretação analógica do art. 34, parágrafo
único, do Estatuto do Idoso. Precedente da Turma Nacional de Uniformização: PU
2008.70.53.001213-4, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, j. 08.02.2010. 2. A renda
precária e auferida na medida das possibilidades físicas do cônjuge idoso não pode
prejudicar o acesso do requerente à Assistência Social. (, RCI 2009.70.52.002600-1,
Primeira Turma Recursal do PR, Relator Erivaldo Ribeiro dos Santos, julgado em
02/06/2010)

Frente a isso, não pode ser acolhida, sequer, a insurgência proferida pelo Magistrado a
quo quanto a possibilidade do Recorrente ser auxiliado pelos filhos, uma vez que o primeiro se
encontra desempregado e o segundo somente realiza atividades laborais esporádicas, que não
podem servir nem mesmo como parâmetro da renda mensal da família, quiçá, ser suficiente
para o sustento de uma pessoa e servir de auxílio para outra.

Ora, Excelências! Por completo descabido o entendimento firmado pela r. decisão,


mormente porque, pautada em considerações impertinentes e sem qualquer relação com o
caso concreto e o melhor entendimento jurídico, sem levar em apreço as proposituras do laudo
produzido nos autos.

Além das informações relacionadas ao grupo familiar, o referido levantamento realizado


pelo Sr. Oficial de Justiça, este também contemplou informações acerca da residência e seu
guarnecimento. Senão, vejamos:

${informacao_generica}

Como se percebe, o imóvel foi construído aos poucos (misto) e de forma simples,
inclusive dependendo do auxílio de terceiros. Ademais, o Recorrente é pedreiro, de modo que,
as condições mínimas de conforto de sua residência, evidentemente, se dão em virtude de sua
qualificação profissional e do esforço despendido para a construção do imóvel. Tal
entendimento já foi, inclusive, alvo de decisão da Turma Recursal da JF/RS (Recurso Cível nº
5001195-97.2012.404.7102).

De mesma banda, no que se refere aos móveis que guarnecem a casa, de acordo com as
fotografias apresentadas é cristalino que todos eles são bastante antigos e alguns até mesmo
improvisados, entretanto, Excelências, não se pode confundir higiene e organização com
inexistência de miserabilidade!

Assim, as condições da residência do Recorrente não podem servir como meio de


descaracterizar a situação de miserabilidade do mesmo, uma vez que, construída a partir de seu
conhecimento profissional na construção civil, bem como, através da ajuda de parentes.

Do levantamento realizado, as condições de moradia do Recorrente, por si só já ilustram


sua situação de miserabilidade, pois, as fotografias apresentadas nos autos dão conta da
condição miserável em que está inserido o mesmo e sua família, uma vez que, a residência não
possui qualquer conforto e nem mesmo condições mínimas de higiene e infraestrutura para a
moradia de um idoso, sendo inclusive, local de fácil acesso a animais como roedores e
peçonhentos, visto se encontrar nas proximidades de matagais e acúmulo de lixo, aliado a
inexistência de forro no telhado e as frestas constantes em toda a estrutura do imóvel.

Como se percebe das imagens, o Recorrente sobrevive em condições que não se podem
considerar, sequer, mínimas à sobrevivência de um ser humano, menos ainda de uma pessoa
com idade avançada e acometida de enfermidades!

Neste ponto, indispensável referir que os casos de Benefício Assistencial deveriam ser
tratados com zelo pela Autarquia Previdenciária, bem como pelo judiciário, visto que, não se
tratam de contribuintes buscando por seus direitos, mas de indivíduos em situação
degradante e sem quaisquer recursos de prover suas necessidades básicas, como alimentação
adequada, higiene e vestuário.

Neste ínterim, reportemo-nos aos gastos fixos da família, também aclarado pelo laudo
socioeconômico e que igualmente demonstram a mazela social em que se encontram. Note-se:

${informacao_generica}

Neste ponto, vislumbra-se que as despesas mais triviais como água, luz e alimentação já
abocanham valor considerável da renda mensal, não havendo meios de arcar com despesas
igualmente importantes como vestuário – que advém de doações, saúde, transporte e lazer.

Aliás, o Recorrente na condição de pessoa idosa e portadora de enfermidades como $


{informacao_generica}, bem como a esposa, que também sofre de ${informacao_generica},
carecem de medicamentos não fornecidos pela administração pública, além de necessitarem de
acompanhamento médico que também gera ônus financeiro que não pode ser arcado tão
somente com o valor auferido pela cônjuge.

Diante disso, é inegável a necessidade do Recorrente em auferir o benefício pretendido


e que, equivocadamente fora barrado pelo Nobre Juízo de primeiro grau ao desconsiderar o
laudo elaborado pelo Oficial Avaliador.

Neste sentido, a jurisprudência é uníssona em seu posicionamento quanto a


necessidade da análise de outras provas que não a renda:
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL –
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (LOAS) – IDOSO – RENDA
MENSAL PER CAPTA SUPERIOR A ¼ DE SALÁRIO MÍNIMO – POSSIBILIDADE DE
DEMONSTRAÇÃO DA MISERABILIDADE POR OUTROS MEIOS DE PROVA – RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. Trata-se de agravo contra inadmissão de
incidente de uniformização nacional, suscitado pela parte autora, em face de acórdão
de Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária de Pernambuco.
Inadmitido o incidente pela Turma de origem, foi requerida, tempestivamente, a
submissão da admissibilidade à Presidência desta Turma Nacional nos termos do art.
7º, VI do RI/TNU. A matéria ventilada e a ser verificada no presente caso é a
possibilidade de se conceder o benefício assistencial, previsto na Lei Orgânica da
Assistência Social, a idoso em casos de renda mensal per capta superior a ¼ do salário
mínimo, considerando outros meios de prova, como as condições pessoais do
beneficiário, para aferir a miserabilidade. O núcleo familiar, composto pelo Autor e sua
esposa, obtém renda mensal de R$ 597,50 (quinhentos e noventa e sete reais e
cinquenta centavos), proveniente do salário do cônjuge virago. [...] Recentemente, o
Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento de recursos representativos da
controvérsia (RE nº 567.985/MT e RE 580.963/PR), pela sistemática da repercussão
geral, pacificou sua jurisprudência e declarou, incidenter tantum, a
inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93, e do parágrafo único do
art. 34 da Lei nº 10.741/03 (Estatuto do idoso). [...].DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO,
para anular o Acórdão impugnado e determinar o retorno dos autos à Turma Recursal
de origem, com a finalidade de promover a adequação do julgado com o entendimento
da TNU, conforme a premissa jurídica ora fixada, no sentido de se realizar novo
julgamento procedendo à análise de outras provas para aferição da miserabilidade
da parte suscitante, como suas condições pessoais e sociais, visando à concessão de
benefício assistencial. (TNU - PEDILEF: 05006271420114058300 , Relator: JUIZ
FEDERAL WILSON JOSÉ WITZEL, Data de Julgamento: 12/11/2014, Data de Publicação:
23/01/2015) (sem grifos no original).

Neste sentido, também é o entendimento da Turma Regional de Uniformização da 4ª


Região:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LOAS. APLICAÇÃO


QUESTÃO DE ORDEM N.º 13 DA TNU. 1. A renda superior a ¼ do salário-mínimo não
impede a concessão do benefício assistencial, quando outros fatores demonstrarem
a miserabilidade do requerente. 2. Hipótese em que a decisão recorrida considerou
todos os elementos do entendimento e afastou o benefício pleiteado, tendo em vista
que os elementos de prova indicaram a ausência de miserabilidade. 3. Recurso não
conhecido, a teor do disposto na Questão de Ordem n.º 13, TNU. ( 5001166-
72.2011.404.7202, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão
Osório Ávila Neto, juntado aos autos em 14/02/2014)

Ainda, vale assinalar o voto do Exmo. Relator no referido julgamento, UNIFORMIZANDO


ENTENDIMENTO sobre o assunto (com grifos nossos):

Ademais, registro que, em 18/04/2013, o Plenário do STF reviu o entendimento acerca


da constitucionalidade do dispositivo antes reconhecida na ADIN 1232-1. Ficou
consignado nos votos dos Ministros Relatores da RCL 4374 (Ministro Gilmar Mendes) e
do RE 567985 (Ministro Marco Aurélio), a alteração da situação fática a ensejar o
reconhecimento de que esse limite de 1/4 do salário mínimo fica aquém do
necessário para amparar o idoso e o deficiente que não tem condições de prover sua
subsistência nem de tê-la provida por sua família. Embora não tenham modulado os
efeitos da inconstitucionalidade, é possível concluir deste julgado e das decisões
monocráticas que o STF vem proferindo (RCL 4374/PE, Min Gilmar Mendes), que,
enquanto não estendida a inconstitucionalidade do dispositivo erga omnes, a
necessidade deve ser aferida no caso concreto, de acordo com as reais condições de
miserabilidade do grupo familiar, quando a renda per capita ultrapasse o valor
previsto na Lei, considerados outros fatores indicativos do estado de penúria do
cidadão. É justamente esse exame que foi realizado no acórdão recorrido, em
consonância com os entendimentos expostos nos acórdãos paradigmas.

Assim, frente a análise das informações socioeconômicas abalizadas na instrução


processual, bem como, tendo por base o entendimento pacífico acerca dos critérios
estabelecidos pacificamente pela jurisprudência acerca da renda per capta prevista pela LOAS,
tem-se que, considerando ou não os dois filhos como membros do grupo familiar (situação
fática comprovada pelo Oficial Avaliador ao verificar que ambos residem com os pais), o
Recorrente enquadra-se plenamente nãos requisitos atinentes ao benefício assistencial, haja
vista que é pessoa idosa e hipossuficiente.

É notório frente às fotografias e os demais subsídios trazidos no laudo que a renda


auferida torna-se fator irrelevante frente à condição de miséria e vulnerabilidade em que está a
família e o Recorrente.

Ora, Excelências, resta claro que o Magistrado a quo, ao se manter omisso a detalhes
importantes ao caso concreto, equivocou-se quando deixou de conceder a benesse
previdenciária ao Recorrente, uma vez que ao efetuar a análise conjunta dos fatos é cristalina a
situação de miserabilidade deste e de sua família.

É uma afronta ao Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana, prestar-se a


afirmar que um indivíduo, contando com idade avançada, possa conviver com a esposa e os
filhos em condições ao menos satisfatórias, com o valor ínfimo recebido.

Deste modo, após tudo que já fora explanado, mostram-se satisfeitos ambos os
requisitos atinentes à concessão do benefício de prestação continuada, pois o Recorrente é
idoso e vive em situação de EXTREMA vulnerabilidade social.

Portanto, após a análise do caso em tela, o indeferimento do pedido apresentado na


exordial, é uma afronta tanto ao Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana,
bem como, aos objetivos da assistência social, quais sejam: a proteção à família; e a
habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária.
ASSIM SENDO, requer o provimento do recurso inominado, para o fim de reforma da r.
sentença proferida pelo Juiz a quo, julgando procedente o pedido exordial, para conceder o
benefício de prestação continuada ao Recorrente, nos termos da fundamentação retro.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

, 04 de setembro de 2023.

danielle fonseca gomes


OAB/MG 190.944

[1] TRF4 5002469-19.2014.404.7202, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Luiz Carlos de


Castro Lugon, juntado aos autos em 11/03/2015).

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