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AO JUÍZO DA 1ª VARA DE FAMÍLIA E DE ÓRFÃOS E SUCESSÕES DA CIRCUNSCRIÇÃO

JUDICIÁRIA (OU COMARCA) DE PELOTAS

Autos n.º XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX

8/2/2023
Contestação
Ação de Alimentos

Dr.(a) Advogado (a)


ENDEREÇO PROFISSIONAL: __________________________________________________________________________
REQUERIDO REQUERENTE

NOME DO REQUERIDO, telefone NOME DA REQUERENTE,


XXX, CPF sob o nº XXX, já qualificado representada por sua genitora, NOME
nos autos do processo em epígrafe, DA REPRESENTANTE DO
representado pelo patrono abaixo REQUERENTE.
subscrito.

I – DOS FATOS

Trata-se de demanda em que pretende a Autora a condenação do Réu a lhe prestar


alimentos à razão de um salário mínimo e meio. Para tanto, a parte Autora alega que o
Demandado não vem lhe auxiliando materialmente da forma devida, e suas necessidades
perfazem a quantia de R$1.780,00 (mil setecentos e oitenta reais) mensais. Informa ainda que
o Requerido detém possibilidade de arcar com o valor pleiteado, tendo em vista que trabalha
como motorista de aplicativo, percebendo renda mensal aproximada de R$5.000,00 (cinco
mil reais).

Ao final, requereu a quebra do sigilo bancário do Demandado, bem como a


procedência dos pedidos.

Os alimentos provisórios foram fixados no importe de 30% (trinta por cento) do


salário mínimo, nos termos da Decisão ID XXXXXXX.

É o breve relatório.

II – DAS POSSIBILIDADES DO RÉU

De saída, não é o Réu alheio às necessidades da Autora. Todavia, não se pode perder
de vista que as necessidades da Alimentanda devem ser razoavelmente ajustadas às
possibilidades do Alimentante, de modo que não lhe prejudique a própria subsistência, o que
representaria reflexos na vida da própria Requerente.

Não se pode olvidar que a Autora, felizmente, é criança saudável, não gerando
despesas além daquelas próprias da atual fase de desenvolvimento em que se encontra.
Diferentemente do que alega na exordial, o Requerido não aufere renda mensal de
R$5.000,00 (cinco mil reis), tendo em vista que encontra-se desempregado, conforme
demonstra cópia de sua CTPS e extratos bancários, ambos acostados aos IDs XXXXXXX e
XXXXXXX, e não aufere qualquer tipo de renda mensal fixa, uma vez que às vezes
consegue realizar bicos trabalhando com reciclagem.

Outrossim, o Requerido informa que enquanto trabalhava como motorista de


aplicativo, conseguia prestar ajuda material à infante. Todavia, deixou de exercer este
trabalho, uma vez que precisou vender o carro, pois não conseguia pagar as parcelas do
financiamento. Com o dinheiro da venda, o Requerido quitou o saldo remanescente devido ao
banco. Perdendo, desta forma, sua única fonte de renda fixa mensal.

Mister se faz destacar que o Demandado constituiu nova família e arca com gastos
domésticos e com as despesas necessárias à própria subsistência como abastecimento de água
e luz, alimentação, aluguel e demais despesas mensais, como qualquer outra pessoa.

Por outro lado, à míngua de qualquer comprovação, não merece qualquer crédito a
alegação de que a Autora possui despesas no valor mensal de R$1.780,00 (mil setecentos e
oitenta reais). De toda sorte, o valor da verba alimentar deve observar a capacidade
financeira do alimentante, de modo que essas despesas ultrapassam em muito as
possibilidades do genitor, que atualmente encontra-se desempregado.

Nesse descortino, a fixação dos alimentos deve respeitar o trinômio necessidade x


possibilidade x proporcionalidade, visto que fixar alimentos acima da possibilidade do
Demandado é onerá-lo de forma desproporcional.

III – DO DIREITO

a) Da gratuidade de Justiça
Inicialmente, declara-se pobre, na acepção jurídica do termo, não podendo arcar com
as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família, razão pela qual requer a concessão dos benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

b) O que diz a Lei e a Jurisprudência


Art. 1.694 (...) § 1º Os alimentos devem ser
Có digo Civil de fixados na proporção das necessidades do
2002 reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE


FAMÍLIA. PRESTAÇÃ O DE ALIMENTOS.
REDUÇÃ O. ANTECIPAÇÃ O DE TUTELA.
INCAPACIDADE FINANCEIRA NÃ O
DEMONSTRADA. TRINÔ MIO
POSSIBILIDADE, NECESSIDADE,
PROPORCIONALIDADE. REDUÇÃ O DO
PERCENTUAL FIXADO. NÃ O CABIMENTO.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (...)
3. A obrigação de alimentos deve ser
TJDFT fixada em conformidade com o trinômio
possibilidade x necessidade x
proporcionalidade, cabendo, nessa
situação, ao Juízo buscar o equilíbrio
apto a garantir a existência digna de
ambas as partes. (...)(Acórdão 1162674,
07204043520188070000, Relator:
EUSTÁQUIO DE CASTRO, 8ª Turma Cível,
data de julgamento: 3/4/2019, publicado no
DJE: 8/4/2019. Pág.: Sem Página
Cadastrada.) (grifado)

Insta salientar, por fim, que a obrigação alimentar incumbe a ambos os genitores,
devendo a contribuição da representante legal ser devidamente considerada quando da
fixação do quantum debeatur imputado ao Réu.

Nesta esteira, atendo-se às necessidades da Autora, bem como às possibilidades do


Réu, à luz do princípio da necessidade x possibilidade x proporcionalidade, requer a parcial
procedência do pedido, no sentido de que ocorra a fixação dos alimentos à razão de
10% (dez por cento) do salário mínimo.
IV – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer:


a) a concessão dos benefícios da justiça gratuita, por serem juridicamente
pobres, nos moldes do artigo 98 do CPC;
b) a intimação do Ministério Público para oficiar no feito, nos termos da lei;
c) a procedência parcial do pedido inicial, fixando os alimentos à razão de
10% (dez por cento) do salário mínimo;
d) a condenação da Autora ao pagamento das custas processuais e de
honorários advocatícios, no percentual de 20% do valor da causa.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial, pelos documentos juntados aos autos e pela oitiva das testemunhas que
tempestivamente arrolar.

Nestes termos, pede deferimento


(datado e assinado eletronicamente)
Advogado (a) - OAB/UF

Yohanan Ferreira Breves

08 fev. de 2023

@yohanan_breves

@yohanan_breves

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