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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DA SUBSEÇÃO XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Processo nº XXXXXXXXXXXXXXXX

A.K.P.B.F, menor, neste ato representada por sua genitora,


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificada nos autos do processo em
epígrafe, vem, por intermédio de sua advogada, a presença de Vossa Excelência
tempestivamente, com fundamento no art. 41 da Lei n. 9.099/95 c/c art. 5º da Lei n.
10.259/01, interpor RECURSO INOMINADO, em face do INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL - INSS, também já qualificado, diante do inconformismo com a
sentença prolatada por este juízo, ID 1422066276, através das razões anexas, as quais
requer, após processadas, sejam recebidas nos seus efeitos legais e encaminhadas à
Turma Recursal.

Requer ainda que seja deferida a gratuidade de justiça à


recorrente que se declarou hipossuficiente nos autos do processo e o ratifica neste ato,
sob pena de, não sendo deferida, causar prejuízos ao sustento próprio e de sua família.

Por fim, deixa de juntar preparo por ser a parte beneficiária da


gratuidade da justiça.
Nestes termos, pede deferimento.

Santarém, 05 de fevereiro de 2023.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
OAB XXXXXXXXXXX

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Rua Wilson Dias da Fonseca, nº 341 – Centro, Santarém/PA, CEP 68.005.060 - 93.3529.1925 / 99909.2480
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

Processo nº XXXXXXXXXXXXXXXX

Recorrente: A.K.P.B.F, menor, neste ato representada por sua genitora,


XXXXXXXXXXXXXX

Recorrido: Instituto Nacional de Seguro Social – INSS

EGRÉGIA TURMA,
Nobres julgadores,

I.DOS FATOS
A recorrente, inconformada com a sentença proferida pelo
juízo a quo, não encontra outra alternativa a não ser utilizar desse instrumento.
A autora, ora recorrente, ajuizou demanda visando a
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA À PESSOA
DEFICIENTE (BPC/LOAS), tendo em vista seu grave quadro de saúde, atestado pela
própria perícia médica acostada nos autos que atesta que a autora é portadora de
enfermidade/deficiência, apresentando CID 10: F83- Transtornos específicos misto do
desenvolvimento; CID 10: F71.0- R, as quais prejudicam seu desenvolvimento e fazem a
menor necessitar de cuidados tratamentos específicos para garantir uma melhora do seu
quadro para que talvez no futuro possa se tornar um adulto plenamente capaz de suas
capacidades cognitivas a fim de gerir a sua vida.
No caso em tela, não houve questionamento quanto a
deficiência da Recorrente e sim quanto a sua necessidade ou não de miserabilidade, que
na presente demanda o nobre juiz de primeiro grau desconsiderou estritamente o critério
da renda familiar per capita (igual ou inferior a ¼ do salário mínimo).
Vejamos, a sentença do magistrado a quo:
“A perícia médica atesta que a autora é portadora de
enfermidade/deficiência, apresentando CID 10: F83- Transtornos
específicos misto do desenvolvimento; CID 10: F71.0- Retardo
moderado- menção de ausência e de comprometimento mínimo de
comportamento, que limite o desempenho de atividades
compatíveis com sua idade e/ou restrinja sua participação social.
Tal limitação ao desempenho de atividades perdurará por prazo
igual ou superior a dois anos. (ID 121999026)
Do CadÚnico (ID 739886005), observa-se que o grupo familiar é
composto por quatro membros, sendo a autora, sua genitora e dois
irmãos. A renda per capita é de R$1.246,00, muito além de 1/4 do
salário mínimo (ou mesmo de 1/2 do salário mínimo).
Por conseguinte, não ficou demonstrada nos autos a situação de
miserabilidade alegada na inicial. Assim, verifica-se que não
foram preenchidos os requisitos para concessão do benefício
pleiteado. Por este motivo, o autor não faz jus ao recebimento do
benefício assistencial. “
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Na inicial foi exposto a presente situação fática e devidamente
explanado para o nobre juízo que a situação de miserabilidade da Recorrente estava
relacionada a necessidade e os autos gastos que esta sofrida família possui com duas
adoráveis crianças que possui necessidades especiais, sendo portadoras de graves
doenças.

II. DA SENTENÇA ORA ATACADA


Em sentença, a Recorrente teve seu pedido negado sob a
alegação de não ficou demonstrada nos autos a situação de miserabilidade alegada na
inicial.
Todavia, a sentença proferida merece reforma, uma vez que
foi fundada com a analise restrita e individual da renda per-capita, ignorando que a
Recorrente é menor e apesar de sua genitora ser professora e possuir um salário digno,
fatos estes nunca omitidos, a mesma possui uma irmã menor que também é deficiente,
logo, a genitora além de ajudar a família, possui duas filhas deficientes que necessitam de
tratamentos específicos.
Outrossim, chama atenção destes nobres julgadores que
Recorrente mora em uma comunidade o que dificulta e encarece ainda o acesso de
crianças portadores de deficiência a atendimento especializados, além dos mesmos em
suma não serem disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde.
Deste modo, merece salientar a esta nobre turma que, o grupo
familiar da Recorrente é composto por sua genitora e três crianças, sendo que a autora e
sua irmã possuem necessidades especiais. Assim, os gastos mensais com luz,
alimentação, remédios, locomoção para realização de exames e tratamentos com
fisioterapia e outros, consomem toda a renda da genitora que, com duas filhas especiais
carecem de condições para fornecer o mínimo necessário que toda criança tem direito.
Não obstante, é cediço que os tribunais tem reconhecido que a
renda per capita não pode ser o único meio de definir a necessidade da criança que pede
o benefício. Observe-se o que a desembargadora federal Taís Schilling Ferraz, da 6ª
Turma Recursal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) em decisão proferida
no dia 27 de janeiro de 2022, que o risco social está configurado quando: “É possível a
aferição da vulnerabilidade do deficiente ou do idoso por outros meios, ainda que não
observado estritamente o critério da renda familiar per capita (igual ou inferior a ¼ do
salário mínimo), isso porque reconhecida a inconstitucionalidade deste critério legal
objetivo pelo Supremo Tribunal Federal”, observou Ferraz.
Logo, ao analisar as informações socioeconômicas nota-se que
a Recorrente vive em situação de risco social e não possui renda suficiente para atender
suas necessidades básicas, de modo que o não deferimento do beneficio agora, impedira
o acesso da menor aos devidos tratamentos, por consequência, infelizmente tal situação
se não alterada por estes nobre julgadores acarretará acarretará em uma adulta que em
virtude de suas deficiências necessitará por toda sua vida do auxilio do governo para
manter sua subsistência.

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"RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. ASSISTÊNCIA
SOCIAL. BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA.
REQUISITOS LEGAIS. ART. 20, § 3º, DA LEI Nº 7 8.742/93.
CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE. As disposições contidas
na lei não furtam ao julgador o poder de auferir, mediante o
conjunto probatório contido nos autos, sobre outros critérios
para se obter a condição de miserabilidade preceituada no
artigo 203, V, da Constituição Federal. A renda familiar per
apita inferior a 1⁄4 do salário-mínimo deve ser considerada como
um limite mínimo, um quantum objetivamente considerado
insuficiente à subsistência do portador da deficiência e do idoso,
que não impede que o julgador faça uso de outros fatores que
tenham o condão de comprovar a condição de miserabilidade do
autor. Recurso desprovido."(STJ, RESP 612097/RS , Rel. Min. José
Arnaldo da Fonseca, DJ de 09/05/2005, p. 460);(grifo nosso)

Dessa forma, seguindo o entendimento já pacificado do STJ:

No sentido de que o critério estabelecido no art. 20, parágrafo 3º,


da Lei nº 8.742/93 não exclui que a condição de miserabilidade
resulte de outros meios de prova, de acordo com cada caso
concreto .4. Comprovados os requisitos de miserabilidade e
incapacidade, bem assim que a autarquia previdenciária furtou-
se indevidamente à concessão administrativa do benefício, é de
ser reconhecido o direito da autora à percepção das parcelas
atrasadas.

É necessária, ante todo o exposto, a reforma na sentença para


conceder o benefício de assistência continuada a Recorrente, posto que a negativa seria
uma violação ao direito fundamental da menor que necessita o amparo jurídico para
exercer plenamente seus direitos.

III. DOS PEDIDOS


Isto posto, aguarda recorrente a decisão dessa Turma
Recursal, requerendo o acolhimento do presente recurso, procedendo à reforma da r.
Sentença a fim de ajustá-la ao melhor direito, reformando-a para:
1. A conceção do benefício de prestação continuada desde o
requerimento administrativo, bem como pagar as parcelas atrasadas, monetariamente corrigidas
desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros moratórios, ambos incidentes até a data do
efetivo pagamento;
Nestes termos,
Pede deferimento.
XXXXXXXX, 01 de fevereiro de 2023.

XXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXX

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