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Justiça Federal da 3ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

20/11/2022

Número: 0015774-22.2021.4.03.6303
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Gabinete JEF de Campinas
Última distribuição : 21/10/2021
Valor da causa: R$ 27.500,00
Assuntos: Deficiente
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
J. R. M. M. (AUTOR) MARIA ELIZANDRA MILANEZ COSTA MARCON
(REPRESENTANTE)
ESTER FABIANE BUENO DA SILVA (ADVOGADO)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (REU)
MINISTERIO PUBLICO FEDERAL - PR/SP (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
17459 27/08/2021 07:17 PETIÇÃO INICIAL.PDF Petição inicial
3791
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DE UMA DAS VARAS DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA CIDADE DE
CAMPINAS – 5º SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO – SP.
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

JOÃO RAFAEL MILANEZ MARCON


, brasileiro, portador do
RG nº 66.885.092-9, inscrito no CPF/MF sob o nº 505.530.328-01,
menor impúbere, nestes autos representado por sua genitora MARIA
ELIZANDRA MILANEZ COSTA MARCON, brasileira, solteira, portadora
do RG/SP n° 42.124.361-2 SSP/SP, inscrita no Cadastro de Pessoas
Físicas sob o n° 427.830.958-90, ambos residentes na Rua João Ferrari,
nº 171 – casa 3, bairro Nova Jaguariúna – Jaguariúna/SP, CEP 13.919-
404, por intermédio de sua bastante procuradora que subscreve
(instrumento de procuração anexo), vem, mui respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fundamento na Constituição
Federal e na Lei 8.742/93, propor a presente
AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO
CONTINUADA – BPC – LOAS c.c. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, autarquia federal, inscrita no CNPJ sob o nº 29.979.036/0001-40,
estabelecida na Rua Jorge Harrat, nº 95, Bairro Ponte Preta – CAMPINAS – SP CEP: 13.041-550, fazendo-o nos termos fáticos e jurídicos a
seguir aduzidos.
I – DA CONCESSÃO DE JUSTIÇA GRATUITA

O requerente pleiteia a concessão dos benefícios da justiça gratuita em conformidade com o disposto no inciso LXXIV, do artigo 5º da
CF e no 98 do CPC, bem como na Lei nº 1060/1950, haja vista ser pessoa hipossuficiente no sentido jurídico do termo, não podendo arcar
com as custas processuais sem comprometer o sustento de suas necessidades básicas e de sua família, nos termos da declaração
acostada na presente exordial.

II – DO PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO


O requerente pleiteou administrativamente a concessão de Benefício de Prestação Continuada – BPC LOAS, com DER em 04 de julho
de 2019, sob o NB nº 87/704.660.350-3, haja vista ser menor impúbere (com aproximadamente 6 anos de idade), portador de Autismo Infantil
– TEA (CID F 84.0), incapaz de prover seu sustento próprio e ter os meios financeiros garantidos por seu grupo familiar, formado por sua
genitora/representante e seu irmão mais velho, Vinícius Márcio Marcon Facco (com 9 anos de idade).

Insta mencionar que, todos os documentos necessários para a concessão do benefício pleiteado foram apresentados, mas a
autarquia requerida indeferiu o pedido alegando a falta de inscrição ou atualização dos dados do Cadastro Único, orientação contida nos
artigos 12º e 13º, do Decreto nº 6.214/2007.

No entanto, e observando o processo administrativo, houve o cumprimento de exigência, com a apresentação dos documentos
solicitados pela autarquia, incluindo o Cadastro Único devidamente atualizado, assim, a fundamentação descrita pela requerida não merece
prosperar, restando evidente que todos os documentos exigidos foram apresentados.

Deste modo, ingressa com a presente demanda pleiteando a CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC LOAS,
com DER em 04/07/2019, tendo em vista que sofre de AUTISMO INFANTIL – TEA (CID10 F84.0), com diagnóstico de prejuízo da linguagem, do
contato interpessoal e da conduta, permanentemente incapaz, tendo sua genitora como única provedora do lar, está que percebe renda
escassa, que impossibilita de suprir todas as necessidades básicas de seu grupo familiar, como se vê em todos documentos acostados na
presente demanda.

III – DOS FATOS


Há de se salientar que, o requerente pleiteou administrativamente a concessão do benefício assistencial – BPC LOAS, demonstrando
ser menor incapaz, portador de Autismo Infantil (CID F84.0), impossibilitado de prover seu próprio sustento, ou de ser mantido por seu grupo

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familiar, haja vista não apresentarem condições financeiras capazes de suprir as necessidades de todos que compõem o lar.
Ocorre que, o Benefício de Prestação Continuada – BPC LOAS, pleiteado sob o NB nº 87/704.660.350-3, com DER 04/07/2019, foi
indeferido pela autarquia requerida, sob as alegações de que não foram apresentados os documentos necessários e exigidos para o
processamento do requerimento, de acordo com os artigos 12º e 13º, do Decreto nº 6.214/2007, ressaltando que não foi acostado aos autos
administrativos o Cadastro Único atualizado.

Entretanto, o documento solicitado foi exibido e acostado no processo administrativo (pág. 18), sendo assim, a fundamentação para o
indeferimento do benefício é totalmente contrário a realidade dos fatos e documentos apresentados, evidenciando a desatenção da autarquia
que sequer realizou as perícias sociais e médicas.

Contudo, foi interposto recurso administrativo, porém, o mesmo ainda não foi apreciado pela autarquia, motivo que ensejou a presente
ação, tendo em vista ser benefício assistencial e de caráter alimentar, e que a demora na apreciação do pedido enseja prejuízos aos
solicitantes.

Quanto aos requisitos financeiros, a genitora do requente, única provedora do lar, e até o presente momento não está exercendo
atividade laboral, assim não consegue comprovar seus rendimentos, preenchendo mais um dos requisitos para a concessão do benefício
pleiteado.
Da mesma forma, V. Excelência os documentos médicos acostados corroboram que o diagnostico é recente, mas que o autor já
apresenta diversas barreiras e necessita de diversos acompanhamentos médicos, ressaltando acompanhamento com psicólogo,
psiquiatra, fonoaudiólogo, otorrinolaringologista (devido a problemas na audição e atraso na fala), incluindo profissionais da área da
educação, voltados para assistência da criança portadora de Autismo.

Ademais, os documentos médicos juntados atestam as enfermidades acometidas pelo autor, senão vejamos:

Receita Médica – Dr. Charington M. Cavalcante (CRM/SP 173.176), emitido em 09/12/2019 – acompanhamento regular com
Neuropediatra no AME de Mogi Guaçu, com diagnostico de Autismo Infantil (CID 10 F84.0).

Atestado Médico – Dra. Estela Niimi da Cruz (CREMES/SP 80.316), emitido 02/08/2021 – João Rafael Milanez Marcon
apresenta F.84, evoluindo com prejuízo da linguagem, do contato interpessoal e da conduta, requerendo a participação de
terceiros para provisão e gerenciamento de suas necessidades.

Relatório Médico – Dra. Estela Niimi da Cruz (CREMES/SP 80.316), emitido em 02/08/2021 – Encaminhamento ao Centro do
Autismo de Jaguariúna, relatando episódios de agressividade física.

DESTA FORMA, RESTOU DEMONSTRADO QUE O REQUERENTE É MENOR DE IDADE E SOFRE DE AUTISMO INFANTIL – TEA
(CID 10 F 84.0), APRESENTANDO DIFICULDADES NA FALA E AUDIÇÃO, BEM COMO NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, COM
EPISÓDIOS DE AGRESSIVIDADE, ENFERMIDADE QUE O IMPEDE DE EXERCER QUAISQUER FUNÇÕES COTIDIANAS E ESTUDANTIS
SEM O AUXÍLIO DE TERCEIROS.

Diante ao exposto, requer a PROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO, condenando a requerida a concessão do BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE
PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC LOAS, ao autor desde a DER 04/07/2019, considerando que o menor é pessoa com deficiência, nos termos
do artigo 1º, §2º da Lei 12.764/2012, acometido de AUTISMO INFANTIL, se encontrando incapaz de desenvolver qualquer atividade sem o
auxílio de terceiros, tendo como única fonte de renda dentro do seu grupo familiar, os rendimentos auferidos por sua genitora, recursos
insuficientes para gerir as necessidades do requerente.

IV – DOS FUNDAMENTOS

O Benefício Assistencial de Prestação Continuada, tem amparo legal no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, que assim
descreve:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem
por objetivos:

[...]

V – a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Neste sentido, a Constituição determina que o benefício assistencial será prestado às pessoas portadoras de deficiência e idosos,
que demonstrarem não ter condições de prover seu próprio sustento, independente de contribuição a seguridade social.

Seguindo este mesmo entendimento, dispõe o artigo 20, da lei 8.742/93:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso
com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la
provida por sua família.

§ 1 Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na
ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados,
desde que vivam sob o mesmo teto.

Salienta-se que o autor sofre de Autismo Infantil – TEA, ou seja, foi diagnosticado com espectro autista, doença que passou a ser
considerada como deficiência a partir da Lei 12.764/2012, no termos do artigo 1º, §2º, que assim descreve:

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Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece
diretrizes para sua consecução.

§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.

Deste modo, o Autismo Infantil ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), para fins de concessão de benefício assistencial, é
considerado uma deficiência, por se tratar de uma doença que interfere no desenvolvimento da comunicação e interação social, resultando
falta de empatia, comportamentos repetitivos ou agressivos, sensibilidade alta ou baixa, o desvio de atenção e a falta de reações a emoções.

Neste diapasão, ressaltamos o entendimento do Tribunal Regional Federal da 3ª Região:

CONSTITUCIONAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ART. 203, V, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
LOAS. DEFICIENTE. HIPOSSUFICIÊNCIA CONFIGURADA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. CONCESSÃO DO AMPARO
ASSISTENCIAL. CABIMENTO. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. O benefício de prestação continuada, previsto no artigo 203, inciso V, da
Constituição da República Federativa do Brasil, consiste na “garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com
65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família”
(art. 20, caput, da Lei nº 8.742/1993). O amparo assistencial exige, para sua concessão, que o requerente comprove ser idoso com idade
igual ou superior a 65 anos (art. 20, caput, da Lei nº 8.742/1993) ou ter impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial (art. 20, § 2º, da LOAS). Presentes os requisitos estabelecidos no art. 20 da Lei nº 8.742/1993, é devido o benefício assistencial.
Juros de mora e correção monetária fixados nos termos explicitados. Apelação autárquica parcialmente provida. (ApCiv – APELAÇÃO CÍVIL/SP
nº 6214706-86.2019.4.03.9999. Desembargador Federal LEILA PAIVA MORRISON. 9ª Turma, Data de julgamento 10/08/2020. Data de
publicação 12/08/2020).
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA ASSISTENCIAL. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. I – No caso de pessoa deficiente, o benefício depende de avaliação a cada dois anos, nos termos do art. 21 da
L. 8.742/93, pois se não persistirem as condições que lhe deram origem cessa o seu gozo. II – No tocante à condenação em
honorários advocatícios, os embargos têm nítido caráter infringente, com o intuito de rediscutir matéria já apreciada pelo aresto
embargado. III – Embargos de declaração parcialmente acolhidos.

Ora, vemos que os entendimentos jurisprudenciais estão consolidados a concessão do benefício àqueles portadores de deficiência,
que apresentarem dificuldades sociais e demais barreiras que os impeçam de viver em condições de igualdade e oportunidade com as
demais pessoas.

Não obstante, ao ingressar com o pedido administrativo, a autarquia requerida indeferiu o pedido alegando que não foram
apresentados documentos suficientes para a concessão do benefício pleiteado, o que não merece prosperar, considerando que os
documentos exigidos pela autarquia requerida foram juntados no requerimento.

Assim, sob os fundamentos nos artigos 12º e 13º, do Decreto nº 6.214/2007, o indeferimento do benefício foi pautado na falta da
apresentação do Cadastro Único atualizado, sendo evidente que o mesmo foi juntado no presente requerimento, como se pode ver na cópia
do procedimento administrativo, precisamente na pág. 18.

Ademais, resta evidente que a genitora do requerente suporta sozinha todos os gastos com aluguel, água, energia, alimentação,
vestuário, internet, e demais gastos extras, principalmente quando precisa se deslocar com o filho para realizar as consultas necessárias
para o seu tratamento.

Por conseguinte, o artigo 20, paragrafo 3º da Lei 8.742/93, descreve:

Art. 20, § 3º – Observados os demais critérios de elegibilidade definidos nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de que
trata o caput deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa com renda familiar mensal per capita igual ou inferior a
1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Cumpre salientar que, a situação financeira do requerente e daqueles que compõem o seu lar precisam ser analisadas, haja vista
que o benefício é concedido para aqueles que apresentarem barreiras de diversas ordens, ressalvando que a não concessão do benefício
pleiteado pode colocar o requente e sua família em situação de miserabilidade, por este motivo a Procedência da demanda não pode se
restringir apenas ao critério financeiro.

Seguindo este entendimento, destacamos a decisão do Superior Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. COMPROVAÇÃO


DE RENDA PER CAPITA NÃO SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. DESNECESSIDADE. 1.1. A impossibilidade da própria
manutenção, por parte dos portadores de deficiência e dos idosos, que autoriza e determina o benefício assistencial de
prestação continuada, não se restringe à hipótese da renda familiar per capita mensal inferior a ¼ do salário-mínimo, podendo
caracterizar-se por concretas circunstâncias outras, que é certo, devem ser demonstradas. 2. Recurso não conhecido. (STJ –
REsp 464774 SC 2002/0117238-6, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 03/12/2002, T6 – SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJ 04.08.2003 p.465)

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (LOAS). IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO.


ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE. SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS. 1. O direito ao benefício
assistencial pressupões o preenchimento dos seguintes requisitos: condição de deficiente (incapacidade para o trabalho e
para a vida independente, consoante a redação original do art. 20, da LOAS, ou impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, consoante a redação atual do referido dispositivo) ou idoso
(assim considerado aquele com 65 anos ou mais, a partir de 1º de janeiro de 2004, data da entrada em vigor da Lei nº
10.741/2003 - Estatuto do Idoso) e situação de risco social (ausência de meios para a parte autora, dignamente, prover a
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família). 2. A desconsideração do estudo socioeconômico somente se justifica
por significativo contexto probatório contraposto à conclusão do assistente social, constituído por documentos que sejam

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seguramente indicativos da ausência de situação de miserabilidade ou vulnerabilidade do núcleo familiar. 3. Comprovado o
impedimento a longo prazo por ser portadora de esquizofrenia paranóide, bem como a situação de risco social e
miserabilidade, tem direito a parte autora à concessão do benefício assistencial de prestação continuada. 4. Considerada a
eficácia mandamental dos provimentos fundados no art. 497, caput, do Código de Processo Civil, e tendo em vista que a
decisão não está sujeita, em princípio, a recurso com efeito suspensivo, é imediato o cumprimento do acórdão quanto à
implantação do benefício devido à parte autora, a ser efetivado em 30 (trinta) dias. 5. Difere-se para a fase de cumprimento de
sentença a definição do índice de atualização monetária aplicável, adotando-se inicialmente o índice da Lei nº 11.960/2009. 6.
Os juros de mora, de 1% (um por cento) ao mês, serão aplicados a contar da citação (Súmula 204 do STJ), até 29 de junho de
2009. A partir de 30 de junho de 2009, os juros moratórios serão computados de forma equivalente aos aplicáveis à caderneta
de poupança, conforme dispõe o art. 5º da Lei nº 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. (TRF4, AC
5048309-96.2016.4.04.7100, QUINTA TURMA, Relator OSNI CARDOSO FILHO, juntado aos autos em 12/07/2019).

Em vista dos argumentos apresentados, requer a TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, condenando a autarquia requerida a conceder o
Benefício de Prestação Continuada – BPC LOAS, haja vista que o requerente demonstra nos autos ser portador de deficiência, acometido de
AUTISMO INFANTIL – TEA (CID10 F84.0), com atraso na fala e redução de audição, apresentando quadros de agressividade o que denota sua
incapacidade para o convívio em sociedade.

Igualmente, que se realize as perícias necessárias, médica e social, para que seja corroborado todo o alegado na exordial e nos
documentos médicos acostados, denotando a situação financeira do requerente e sua curadora, sendo imprescindível apontar todas as
barreiras enfrentadas pelo autor, bem como pleiteia a condenação da requerida, ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas, desde a
DER 04/07/2019.

V – DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA

Conforme o relatado nos autos, encontram-se presentes todos os requisitos ensejadores para a concessão da tutela de urgência,
conforme o disposto nos artigos 294 e 300 do Código de Processo Civil, sendo a probabilidade do direito e o perigo de dano, descrevendo:

Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

Entende-se que a probabilidade resta comprovada pelo respaldo legal encontrado na Lei 8742/93 e no artigo 203, inciso V da CF,
considerando que o benefício de prestação continuada, é concedido para aquelas que estão em extrema vulnerabilidade financeira, que
nunca contribuíram para a previdência social e sejam pessoas idosa ou que possua deficiência de ordem física ou mental, que os coloquem
em total desamparo social, causando barreiras de diversas ordens, o que poderá ser analisado de acordo com a Lei 13.146/2015.

Todavia, o perigo de danos está demonstrando por todos as provas acostadas aos autos, sendo documentos médicos que apontam a
deficiência que acomete o autor, ou seja, AUTISMO INFANTIL – TEA (CID10 F84.0)

Os relatórios médicos ainda apontam que o requerente, tem diagnostico recente e passará por diversos tratamentos e precisará de
atendimentos especiais e específicos, relatando a instabilidade de comportamentos sofridos pelo autor.

Considera-se ainda, que prestações tem cunho alimentar, pois, voltadas unicamente para assistência financeira do requerente e de
seu grupo familiar, sem o qual não poderá ser capaz de se sustentar, tampouco garantir o sustento mínimo de sua família, sem o
comprometimento de sua fonte de renda, que até o presente momento é escassa.

Em vista disso, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, dispõe:

CONSTITUCIONAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 203, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
REQUISITOS COMPROVADOS. CORREÇÃO MONETÁRIA. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. TUTELA ANTECIPADA MANTIDA. I – O
Supremo Tribunal Federal, no RE n. 567.985, reconheceu a inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art.20, §3º, da Lei nº
8.742/93, e do art. 34, par. único, da Lei nº 10.741/2003. II – O laudo médico-pericial feito em 24.10.2017 (ID – 22138982) atesta que o autor é
portador de transtornos globais do desenvolvimento e autismo infantil, desde o nascimento, sem prognóstico favorável quanto à aquisição de
funcionalidade. III - A situação apontada pelo perito se ajusta ao conceito de pessoa com deficiência previsto no art. 20, § 2º, I e II. IV - O estudo
social feito em 09.11.2017 (ID – 22138993) informa que o autor reside com a mãe, Adriely Aparecida da Silva, de 26, o pai, Tiago Aparecido
Alves de Brito, de 32, e a irmã Nicolly Heloisa Alves da Silva, de 07, em casa cedida pela avó materna, de alvenaria, em fase de acabamento,
contendo três cômodos. As despesas são: água R$ 64,00; energia elétrica R$ 80,00; alimentação R$ 700,00; farmácia R$ 300,00; fraldas R$
83,00; gás R$ 69,00; telefone móvel R$ 30,00; TV a Cabo R$ 78,00; roupas, sapatos e outros R$ 60,00. A única renda da família advém do
trabalho formal do pai do autor, no valor de R$ 1.432,33 (mil e quatrocentos e trinta e dois reais e noventa e três centavos) mensais. V - A
consulta ao CNIS (22139064) informa que o pai do autor tem vínculo de trabalho com BIOENERGIA DO BRASIL, desde 02.02.2017, auferindo
o valor, à época do estudo social, de R$ 1.496,06 (mil e quatrocentos e noventa e seis reais e seis centavos). VI - A renda familiar per capita é
inferior à metade do salário mínimo. VII - Levando-se em consideração as informações do estudo social e as demais condições
apresentadas, não justifica o indeferimento do benefício. VIII - A situação é precária e de miserabilidade, dependendo o autor do benefício
assistencial que recebe para suprir as necessidades básicas, sem condições de prover o seu sustento com a dignidade exigida pela
Constituição Federal. IX - A correção monetária será aplicada em conformidade com a Lei n. 6.899/81 e legislação superveniente, de acordo
com o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, observados os termos do julgamento final proferido na
Repercussão Geral no RE 870.947, em 20/09/2017, ressalvada a possibilidade de, em fase de execução do julgado, operar-se a modulação
de efeitos, por força de decisão a ser proferida pelo STF. X – Apelação parcialmente provida. Tutela antecipada mantida. ( ApCiv – APELAÇÃO
CÍVEL/SP nº 5088363-62.2019.4.03.9999. Desembargador Federal Marisa Ferreira dos Santos. 9ª Turma. Data de Julgamento 13/06/2019.

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Número do documento: 21082707173700000000168233476
Data de publicação 17/06/2019).

Portanto, havendo prova inequívoca e verossimilhança das alegações, estão presentes os requisitos para antecipação dos efeitos da
tutela jurisdicional para determinar o pagamento do Benefício de Prestação Continuada – BPC LOAS ao requerente, bem como requer que
seja determinado liminarmente, inaudita altera parte.

De igual forma, impõe-se a designação de perícia médica, COM MÁXIMA URGÊNCIA, a fim de que, após o laudo, possam ser antecipados
os efeitos da tutela, como medida de resguardar à vida e a subsistência do autor. Em não sendo possível a realização das perícias judiciais,
faz-se necessária a concessão, ainda que parcial da tutela antecipada, de forma a garantir a subsistência do núcleo familiar do qual faz
parte o segurado.

VI – DOS PEDIDOS

Ante a todo exposto, requer:

1 – A CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA, nos termos do artigo 300 do CPC, considerando o preenchimento dos requisitos necessários,
sendo a probabilidade do direito e o perigo de dano corroborado por todos os meios de prova documentais, para concessão de forma
antecipada do pagamento do Benefício de Prestação Continuada – BPC LOAS, haja vista ser um benefício de caráter alimentar, essencial a
sua subsistência e de sua família.

De igual forma, ainda pleiteia a realização das perícias médicas e sociais a ser realizada por expert perito nomeado nos autos, com máxima
urgência, a fim de assegurar a concessão do benefício de maneira antecipada.

2 – A PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, determinando a condenação da autarquia a conceder o BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO DE


CONTINUADA – BPD LOAS (B-87) ao requerente, a partir da data do requerimento administrativo DER 04/07/2019, tendo em vista que o autor
preencheu todos os requisitos legais para a concessão do pedido;

3 – A condenação da autarquia requerida ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas desde a DER 04/07/2019, monetariamente
corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a dada do efetivo pagamento;

4 – A concessão dos benefícios da justiça gratuita, com as isenções da Lei nº 1060/1950, nos termos da declaração inclusa;

5 – A citação da parte contrária, para que querendo, venha contestar a presente ação, através de seu representante legal observando, o prazo
legal sob pena de revelia;

6 – A condenação da autarquia requerida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, correspondentes a 20% do valor,
de acordo com o que determina o CPC;

7 – Produção de todos os meios de prova em direito admitidos, incluindo, prova pericial, documental e testemunhal com rol a ser ofertado;

A parte autora considera que todas as provas juntadas na presente ação são suficientes para corroborar o preenchimento dos requisitos
necessários para alcançar a concessão do benefício requerido.

No entanto, caso este MM. Juízo entenda não formada sua convicção neste sentido poderá determinar a realização de prova pericial.

O Autor manifesta expressamente a renúncia ao valor que exceder a sessenta salários mínimos no momento da propositura da ação.

Requer, por fim, que fique consignado na sentença que o benefício concedido somente poderá ser cessado após a propositura de ação
revisional pela Autarquia – Ré, garantindo, entretanto, o poder fiscalizatório da Autarquia de convocar a Autora para perícias administrativas
periódicas na forma do artigo 101, da Lei 8.213/1991, consignando expressamente que tal avaliação não poderá ocorrer estando a matéria
sub judicia.

No mais, que as intimações para os atos processuais devem ser publicadas todas em nome do advogado Dra. Ester Fabiane Bueno da
Silva, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 27.500,00 (vinte e sete mil e quinhentos reais).

Termos em que,

Pede deferimento.

Jaguariúna, 26 de agosto de 2021.

ESTER FABIANE BUENO DA SILVA

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Número do documento: 21082707173700000000168233476
OAB/SP 416.701

ESTER FABIANE BUENO DA SILVA


ADVOGADOS

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