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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

09/01/2024

Número: 1000472-70.2024.4.01.3300
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 4ª Vara Federal Cível da SJBA
Última distribuição : 08/01/2024
Valor da causa: R$ 840.000,00
Assuntos: Contratos Bancários, Fies
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MARCELO ARTHUR MARTINS FILGUEIRAS CONCEICAO DANILO HENRIQUE ALMEIDA MACHADO (ADVOGADO)
(AUTOR) MARIANA COSTA (ADVOGADO)
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCACAO (REU)
UNIÃO FEDERAL (REU)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REU)
FUNDACAO BAHIANA PARA DESENVOLVIMENTO DAS
CIENCIAS (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
19812 08/01/2024 11:13 CONCESSÃO INICIAL Inicial
43651
AO DOUTO JUÍZO DA _____ VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA
BAHIA

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade,

sem ela tampouco a sociedade muda.”

Paulo Freire

MARCELO ARTHUR MARTINS FILGUEIRAS


CONCEIÇÃO, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no CPF Nº 056.848.315-40
no RG Nº 1619996979, residente no endereço na Rua Mucugê, N° 484, no bairro
Maria Preta, na cidade de Santo Antônio de Jesus– BA, CEP: 444350-60, com
e-mail martinsarthur780@gmail.com, por seus procuradores que assinam ao
final desta, devidamente munidos de instrumento de mandato, vem a esse juízo
propor:

AÇÃO COM INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE c/c


OBRIGAÇÃO DE FAZER, c/c PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE
URGÊNCIA

em desfavor de

1. F.N.D.E. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


DA EDUCAÇÃO, e-mail: presidencia@fnde.gov.br, Telefone(s): (61) 2022-4806,
SBS QD. 02, BLOCO “F”, Edifício FNDE, 11º Andar, Brasília – DF, CEP.
70070-929; e Sua Diretoria De Gestão De Fundos E Benefícios – DIGEF, e-mail:
digef@fnde.gov.br, Telefone(s): (61) 2022-5192, endereço: SBS QD. 02, Bloco “F”,
Edifício FNDE, 11º Andar, Brasília – DF, CEP. 70070-929;

2. UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público


interno, representada pelo Procurador-Chefe da Advocacia Geral da União,

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com sede no endereço situado na SIG, QD. 6, LT. 800, 3º Andar, Bairro Plano
Piloto, DF (CEP 70.610-460);

3. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob


forma de empresa pública, unipessoal, dotada de personalidade jurídica de
direito privado, criada pelo decreto lei nº. 759, de 12.08.1969, regendo-se
atualmente pelo dec. lei nº. 3.882 de 08.08.2001, publicado no diário oficial da
união em 09.08.2001, inscrita no Cnpj/mf sob o número 00.360.3005/0001-04,
com sede no setor bancário sul, quadra 4, lotes 3/4, em Brasília-DF;

4. ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA E SAÚDE PÚBLICA –


EBMSP, por sua mantenedora, FUNDAÇÃO BAHIANA PARA
DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS, inscrita no CNPJ: 13.927.934.0001-15,
com sede na Avenida D. João VI, Nº 275, bairro Brotas, na cidade de Salvador
-BA, CEP: 40.290-150, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

I – PRELIMINARMENTE

I.1 - DA JUSTIÇA GRATUITA

A gratuidade de justiça é um benefício constitucional a ser


concedido às pessoas que não possuem condições financeiras para arcar com as
taxas e custas judiciárias sem prejuízo de sua própria subsistência, essas pessoas
são consideradas hipossuficientes, no sentido jurídico do termo.
O requerente, dada a impossibilidade de arcar com os custos deste
processo sem o comprometimento de seu sustento e de sua família, vem, com
fundamento no inciso LXXIV do Art. 5º da Constituição Federal e Art. 98 e ss.
do Código de Processo Civil, requerer os benefícios da gratuidade da justiça,
sendo que o faz por declaração de seus advogados e também por declaração de
próprio punho do requerente.
De fato, os dispositivos ora invocados dispõem:

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos (grifamos);

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Dessa forma, considerando que o autor comprovou a insuficiência
de recursos para arcar com as referidas taxas e custas judiciárias, ele é
considerado hipossuficiente.
Além disso, é entendimento pacífico deste Tribunal Regional
Federal o fato de que assiste direito à concessão da gratuidade de justiça o autor
que possua renda de até 10 salários-mínimos, ou seja, que receba valor
remuneratório de até R$ 13.200,00 (treze mil e duzentos reais) mensais, vejamos:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. FGTS.


CONVERSÃO DE REGIME JURÍDICO. GRATUIDADE DA
JUSTIÇA. DEMONSTRAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA.
DECLARAÇÃO DE PRÓPRIO PUNHO. DESNECESSIDADE.
PRESSUPOSTOS PARA O DEFERIMENTO. APELAÇÃO DO
AUTOR PROVIDA.

1. A jurisprudência desta Corte possui entendimento no


sentido de que o deferimento do benefício da gratuidade da
justiça pressupõe renda limitada ao valor de 10 (dez)
salários-mínimos (AC 0063148-77.2015.4.01.3400, Desembargador
Federal Souza Prudente, TRF1 - Quinta Turma, e-DJF1 11/07/2019;
AC 0046755-82.2012.4.01.3400, Desembargador Federal Daniel Paes
Ribeiro, TRF1 - Sexta Turma, e-DJF1 25/03/2019). 2. Para o
deferimento do pedido de gratuidade de justiça, a afirmação nos autos,
pelo autor ou por advogado legalmente constituído, prescinde de
Precedente do
declaração de próprio punho pela parte hipossuficiente, ressaltando que
TRF - 1 a declaração possui presunção de veracidade iuris tantum, cabendo sua
desconstituição por prova em contrário ( AC
0002072-29.2013.4.01.3301, Desembargadora Federal Gilda
Sigmaringa Seixas, TRF1 - Primeira Turma, e-DJF1 15/12/2017; AC
0006743-49.2015.4.01.3811, Desembargador Federal Souza Prudente,
Trf1 - Quinta Turma, e-DJF1 29/05/2018). 3. Na espécie dos autos, a

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renda da parte autora em outubro de 2019 era de R$ 5.768,01 (cinco
mil, setecentos e sessenta e oito reais e um centavo), ou seja, aquém do
limite de 10 (dez) salários-mínimos (Id. 187460202 - fl. 23).
Considerando a ausência de indicação pela parte ré de argumentos
concretos e hábeis que, em tese, poderiam infirmar a alegada
hipossuficiência, somadas à renda mensal inferior a 10 (dez)
salários-mínimos, evidencia-se a hipótese de concessão dos benefícios
da gratuidade da justiça. 4. Apelação do autor a que se dá provimento
para deferir a gratuidade da justiça (TRF-1 - AC:
10011023820214014301, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL DANIELE MARANHÃO COSTA, Data de Julgamento:
15/03/2023, 5ª Turma, Data de Publicação: PJe 20/03/2023 PAG PJe
20/03/2023 PAG).

A jurisprudência apresentada do Tribunal Regional Federal da 1ª


Região, enfatiza o fato de que a gratuidade de justiça é um benefício a ser
concedido a quem recebe renda pecuniária de até R$ 13.200,00 (treze mil e
duzentos reais) por mês, sendo que não é cabível o seu indeferimento para
salários com de valores que sejam inferiores a este mencionado.
Além disso, os documentos comprobatórios juntados aos autos
demonstram que o autor exerce a função de jovem aprendiz, com isso,
considerando que as custas judiciais deste Tribunal Regional Federal da 1ª
Região variam entre de R$ 5,32 (cinco reais e trinta e dois centavos) podendo
chegar até R$ 957,69 (novecentos e cinquenta e sete reais e sessenta e nove
centavos).
Assim, a cobrança desses valores mencionados são impossíveis de
serem arcados pelo autor, pois, após a juntada das documentações
comprobatórias de sua escassez de recursos econômicos, poderia configurar
inclusive, prática abusiva, pois é incontestável que esse valor faria falta para à
sua manutenção humana básica.
Pois como é sabido, é entendimento pacífico do Superior Tribunal
de Justiça que a concessão da gratuidade de justiça é um direito personalíssimo
do indivíduo, como será apresentado a seguir:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. GRATUIDADE DA


JUSTIÇA. NATUREZA JURÍDICA PERSONALÍSSIMA.
PRESSUPOSTOS DEVEM SER PREENCHIDOS PELA PARTE
REQUERENTE. CONDIÇÃO FINANCEIRA DO CÔNJUGE.
INDIFERENÇA. 1. Recurso especial interposto em 29/7/2021 e

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concluso ao gabinete em 26/04/2022. 2. O propósito recursal consiste
em dizer se o fato de o cônjuge da parte requerente possuir condições
financeiras de arcar com as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios, obsta, por si só e necessariamente, o
deferimento do pedido de gratuidade da justiça. 3. Extrai-se da

natureza personalíssima do direito à gratuidade a conclusão de


que os pressupostos legais para a sua concessão deverão ser
preenchidos, em regra, pela própria parte que o requer. 4. Na
hipótese em que o pedido de gratuidade da justiça é realizado por um
dos cônjuges, poderá haver um forte vínculo entre a situação
financeira dos consortes, sobretudo em razão do regime matrimonial
de bens e o dever de mútua assistência previsto no inciso III do art.
1.566 do CC, o que não significa dizer, todavia, que se deva,
automática e isoladamente, examinar o direito à gratuidade a que
Precedente do
poderia fazer jus um dos cônjuges à luz da situação financeira do
STJ outro. 5. A condição financeira do cônjuge não obsta, por si só e
necessariamente, o deferimento dos benefícios da gratuidade da justiça,
sendo necessário verificar se a própria parte que o requer preenche os
pressupostos específicos para a sua concessão. 6. Na hipótese dos
autos, a parte recorrente deixou de impugnar fundamento do acórdão
recorrido apto a manter a conclusão do aresto impugnado, o que atrai
a incidência do enunciado da Súmula 283 do STF. 7. Derruir a
conclusão a que chegou a Corte de origem no sentido de que a
recorrente possuiria significativo patrimônio, podendo arcar com os
custos do processo, demandaria o reexame de fatos e provas o que é
vedado pelo enunciado da Súmula 7 do STJ. Precedentes. 8. Recurso
especial não conhecido. (STJ - REsp: 1998486 SP 2021/0336333-3,
Data de Julgamento: 16/08/2022, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 18/08/2022). (grifou-se)

A jurisprudência do STJ apresentada, reforça que a renda a ser


considerada para fins de concessão de gratuidade de justiça é a remuneração
auferida pelo autor da ação, sendo que se trata de um direito personalíssimo, ou
seja, inerente à pessoa humana. Assim, a renda dos componentes do seu grupo
familiar não devem ser considerados relevantes para essa análise.
Portanto, conforme demonstrado pelos documentos
comprobatórios de renda juntados aos autos deste processo, o autor não possui
condições de arcar com as taxas e custas judiciárias sem que isso comprometa a
sua subsistência básica, como alimentação, moradia, entre outros, dessa forma,
faz jus à concessão do benefício de gratuidade da justiça.

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Além disso, o autor atualmente é estudante e deseja cursar
medicina, fato que como é sabido, a dedicação aos estudos nesses casos é
prioritária, fato que o deixa em desvantagem econômica em comparação com
outros alunos que possuem condições financeiras para arcar com mensalidades
de faculdades particulares, e por isso não há como exigir que ele pague tais
custas, pois não possui condições financeiras para tanto.
Desse modo, não há como pagar o valor de R$ 5,32 (cinco reais e
trinta e dois centavos) podendo chegar até R$ 957,69 (novecentos e cinquenta e sete
reais e sessenta e nove centavos), referente às custas processuais sem prejuízo
do seu sustento e de sua família.

Assim, atualmente, é impossível realizar a cobrança do alto


valor das despesas de um processo judicial como este.

Desse modo, requer a concessão da gratuidade da justiça à


parte autora, visto que ele não consegue pagar as custas judiciais e honorários
advocatícios sem que isso prejudique seu sustento e de sua família.

Importante frisar que mesmo representado por advogado, faz


jus ao benefício da gratuidade da justiça, considerando a previsão do art. 99, §4º
do CPC, in verbis:

Art. 99. O pedido de gratuidade da


justiça pode ser formulado na petição
inicial, na contestação, na petição para
ingresso de terceiro no processo ou em
recurso(...)

(...)§ 4º A assistência do requerente por


advogado particular não impede a
concessão de gratuidade da justiça.

O art. 99, § 4º do CPC, assim prevê que mesmo que o autor tenha
constituído advogado particular esse fato não poderá ser interpretado como
algo que prejudique a concessão do benefício de gratuidade de justiça, pois do
contrário iria ocorrer uma interpretação in malam partem.
Assim, por todo o exposto, requer a concessão da gratuidade da
justiça, nos termos do inciso LXXIV do Art. 5º, CF e art. 98 do CPC.

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No entanto, caso esse não seja o entendimento deste juízo, que
seja ao menos concedido o parcelamento das custas processuais, conforme
autoriza parágrafo 6º do artigo 98, do CPC:
Art. 98. (...)

§ 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento


de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do
procedimento.

O parágrafo 6º do art. 98, CPC, prevê a possibilidade de


parcelamento das despesas processuais quando o autor não possuir recursos
para pagá-los em sua integralidade, como ocorre no caso em apreço.

Portanto, requer-se a concessão da gratuidade de justiça nos


termos inciso LXXIV do Art. 5º, CF e art. 98 do CPC. E caso não seja esse o
entendimento deste juízo, requer, subsidiariamente, o parcelamento dessas
custas, nos termos do parágrafo 6º do art. 98, CPC.
Por fim, não se pode perder de vista que, embora as custas
processuais sejam limitadas a um determinado valor conformas as regras
determinadas pelo sodalício ao qual o juízo está vinculado, que os honorários
de sucumbência não seguem o mesmo critério.
De forma que, em caso de indeferimento da gratuidade, a
possibilidade de a parte requerente ser onerada em valor muito elevado de
sucumbência pode gerar o desestímulo de acesso ao judiciário.
Nota-se, no presente caso, considerando o valor da causa
atribuído pode resultar, em eventual sucumbência da parte requerente, na sua
condenação em até R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais) a esse título, caso
o juízo fixe no patamar máximo.
Nessa confluência, caso o juízo não defira a gratuidade da
justiça e, mesmo que autorize o parcelamento, ainda resta o gargalo do impacto
da sucumbência.
Eis, portanto, a razão pela qual, numa ponderação de acesso à
justiça, razoabilidade e proporcionalidade, a parte requerente pugna, ainda que
gratuidade das custas não seja deferida, pela concessão da benesse em relação à
sucumbência, já que tal providência é permitida pelo Código de Ritos, verbis:

Art. 98. [...]

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§ 5º A gratuidade poderá ser concedida
em relação a algum ou a todos os atos
processuais, ou consistir na redução
percentual de despesas processuais que
o beneficiário tiver de adiantar no curso
do procedimento. (grifou-se)

Destarte, plenamente possível ao juízo deferir parcialmente a


gratuidade para alcançar a parte de eventual sucumbência sendo este, por sinal,
o entendimento consagrado no C. STJ:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PROCESSO CIVIL. GRATUIDADE JUDICIÁRIA.
LIMITAÇÃO A DETERMINADOS ATOS PROCESSUAIS.
POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS RECURSAIS.
MAJORAÇÃO. NÃO CABIMENTO. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. 1. Segundo orientação jurisprudencial do
Superior Tribunal de Justiça, é possível a limitação do
benefício da justiça
gratuita a determinados atos processuais, abrangência
que deve ser examinada pelo magistrado no momento da
Precedente do
concessão do benefício. 2. Nos termos da jurisprudência
STJ
vigente no STJ, não cabe a fixação de honorários recursais
quando do julgamento de agravo interno. 3. Agravo interno
desprovido. (STJ - AgInt no REsp: 1832379 RO
2019/0244308-2, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Data de Julgamento: 18/05/2020, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/05/2020).
(grifou-se)

Destarte, subsidiariamente, pugna ao juízo que, caso a


gratuidade não seja concedida na sua totalidade, que parcialmente defira sua
extensão à eventual sucumbência da parte requerente.

I.2- DA LEGITIMIDADE DA PARTE RÉ

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Antecipando-se a defesa, ressalta-se sobre a legitimidade
do polo passivo para integrar a presente demanda.

São legitimados para atuar no processo os sujeitos titulares

da relação jurídica de direito material deduzida pelo demandante.

O Primeiro Réu, Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação - FNDE, é o agente operador do FIES, responsável pela toda operação

relativa ao FIES e em dispor do orçamento para a contratação do financiamento.

É legitimado se observar que ao agente financeiro não usa

orçamento próprio para disponibilizar o financiamento para todos que

procuram, e sim faz a operação financeira do dinheiro proveniente do FUNDO.

Dessa forma, apesar de não ter responsabilidade sobre a

operação financeira, tem responsabilidade sobre o orçamento a ser utilizado

para a concessão do FIES e até mesmo sobre as formas de inscrição no

financiamento.

A Caixa como agente financeira é quem efetiva a


contratação do FIES, de maneira que em uma decisão favorável também estaria
obrigada a cumpri-la, realizando a contratação do financiamento e responsável
pela operação financeira do FIES, sendo assim, é parte interessada na ação.

No que toca a legitimidade, a União também é pertinente


para estar na presente demanda.

O MEC é Ministério com natureza jurídica de órgão


administrativo que compõe a pessoa jurídica da União.

O MEC tem a função fundamental de operacionalizar as


inscrições, supervisionar a contratação, processar os recursos administrativos e
os chamados em relação aos erros que acontecem nas fases do FIES, além de, no
caso de carência estendida e abatimento do FIES, deferir ou não de forma
administrativa os requerimentos.

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Número do documento: 24010811080316000001960535375
Portanto, a União é parte na relação jurídica a que se
pretende compor.

De igual sorte, a faculdade faz parte da relação jurídica ora

pleiteada, isso é, configurando como parte também no contrato de

financiamento e, no caso de concessão do financiamento por meio da ação,

deverá cumprir com o que será determinado por esse juízo.

Portanto, a faculdade ora ré, é legitima para compor essa

lide.

I.3 – DO JUÍZO 100% DIGITAL

A competência a esse juízo se adere 100% digital, para que


todos os atos processuais sejam praticados exclusivamente por meio eletrônico,
de modo que atende melhor aos interesses jurisdicionais.

Aprovação na Resolução CNJ 345/2020, dispõe o seguinte:

´´Art. 1º Autorizar a adoção, pelos tribunais, das medidas


necessárias à implementação do “Juízo 100% Digital” no
Poder Judiciário.
§1º No âmbito do “Juízo 100% Digital”, todos os atos
processuais serão exclusivamente praticados por meio
eletrônico e remoto por intermédio da rede mundial de
computadores. (redação dada pela Resolução n. 378, de
9.03.2021). ´´

Informa, assim, que o e-mail causídico é


advocaciamachadoecosta@gmail.com e o telefone é (62) 992344296.

I.4 DA COMPETÊNCIA QUANTO À MATÉRIA

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Número do documento: 24010811080316000001960535375
Ainda sobre a competência deste juízo, oportuno mencionar
que, dentre os pedidos formulados, está o de suspensão e anulação de ato
federal.

À vista disso, tem-se que a competência material do Juízo


Comum Federal é medida que se impõe, até porque, ainda que nesse caso o
valor da causa fosse inferior a 60 salários mínimos, falece ao Juizado Federal a
competência para anular ou mesmo suspender ato federal, tudo conforme se
depreende do Art. 3º, § 1º, inciso III da Lei 10.259/01, verbis:

Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e


julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta
salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:
[...]
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal,
salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal; (grifou-se)

Em razão disso, a escolha da distribuição para este juízo está


alinhada com o que dispõe as normas processuais.

II – DOS FATOS

A parte Requerente ainda não está estudando, e tampouco


conseguirá começar a cursar sem o auxílio do FIES.

Esclarece a esse juízo que a parte Autora não consegue arcar


sequer com a matrícula na faculdade e no curso ora almejado, de forma que não
está, atualmente, estudando na faculdade demandada, mas que pretende por
ser a que mais se encaixa em seus anseios profissionais.

Por meios midiáticos, soube da possibilidade de ingresso no


curso de medicina através do Financiamento Estudantil (FIES), almejando
realizar a sua conquista de exercer a profissão tão desejada, resolveu assim
ingressar com a solicitação para a concessão de um possível financiamento.

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O Fies prevê uma série de requisitos que não estão na lei e sim
em portarias administrativas esparradas ao longo dos anos, que cada vez mais
restringiram o acesso de alunos ao programa de financiamento, - como na
Portaria Normativa Nº21, De 26 De Dezembro De 2014 que alterou a Portaria
Normativa MEC nº 10, de 30 de abril de 2010.

Mesmo assim, a parte Requerente se enquadra nos requisitos


para a concessão do FIES, isso é: possui nota no ENEM – após o ano de 2010-
acima de 450 pontos; não zerou a pontuação referente a nota da redação no
ENEM; possui renda familiar por pessoa da família inferior a 3 salários
mínimos.

Em verdade, a nota obtida no ENEM é de 453,96 no ENEM do


ano de 2022. Obteve nota na redação de 360 pontos.

Tentou o FIES, mas não conseguiu alcançar a nota de corta


exigida.

A renda per capta da sua família é de R$3.319,13.

Valoroso ressaltar que o núcleo familiar é composto pela parte


Autora, sua irmã menor de idade, seu pai e sua mãe (documentos anexos).
Enquanto isso, as rendas das pessoas da família da parte Autora são de
R$651,05, R$10.687,75 e R$1.937,73.

Isso porque, sua família não tem grande renda,


impossibilitando a continuidade do seu mister acadêmico, uma vez que é
extremamente concorrido em instituições públicas e as instituições privadas
cobram mensalidades altíssimas para que possam cursar ali.

Para continuar os seus estudos, a parte Requerente então se vê


necessitada do financiamento estudantil propiciado pelo Governo Federal.

Esclarece que a mensalidade nessa instituição de ensino é no


valor de R$7.190,00.

Aspirando realizar a sua conquista de exercer a profissão tão


desejada, resolveu assim ingressar com a solicitação para a concessão de um
possível financiamento.

Vale ressaltar que cumpriu com os requisitos previstos em


portaria necessários para a obtenção do financiamento.

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Contudo, o MEC por meio das portarias de ingresso ao
Financiamento que ocorrem todo semestre que repete o conteúdo da portaria de
nº 535, portaria nº 534 e portaria nº 209, estabelece critérios além dos previstos
em LEI.

Isso é, o MEC cria restrições ao direito ao financiamento por


meio de Portarias, conforme se argumentará em tópico específico, criando
normas que estão sobrepondo a LEI FEDERAL de regência do financiamento.

Não se pode admitir tamanha irregularidade e que o MEC


inove no ordenamento jurídico, com a restrição a Direito por meio de um ato
secundário, portaria.

Tendo isso em vista é que vem se socorrer no Poder Judiciário


para que tenha seus direitos protegidos.

II - DO DIREITO

II. 1 - DO DESVIRTUAMENTO DO OBJETIVO DO PROGRAMA DE


FINANCIAMENTO - QUEBRA DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA

O programa de financiamento estudantil tem por objetivo


atender estudantes que não possuem condições financeiras para custear gastos
nas instituições de ensino superior, assegurando o ingresso e a permanência
daqueles que almejam conquistar a graduação.

Apesar de preencher todos os requisitos, com a exigência de


nota superior à do último candidato e com as pouquíssimas vagas que são
oferecidas pelas instituições de ensino superior particular para o FIES, não
consegue ficar entre os selecionados pelo programa.

Sabe-se que o programa de financiamento ofertado pelo


governo federal - FIES- tem restringido cada vez mais o acesso ao
financiamento.

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Ao invés de ofertar para todos aqueles que desejam cursar
ensino superior e não têm condições de pagar com as mensalidades altas, o
MEC por meio de portarias restringe o acesso dos alunos.

O FIES, que é uma política pública para aqueles são as


populações mais carentes, atualmente, não atinge seu objetivo precípuo, pois
limita o acesso de alunos. Não atinge a função social a que se propõe.

Essa concorrência a uma política pública é totalmente na


contramão dos objetivos do Estado de Direito escrito na Carta da República de
1988, a tornando uma Constituição meramente nominativa, uma vez que deixa
de concretizar acesso à educação, direito previsto e tratado inúmeras vezes pelo
Constituinte.

Não bastasse a concorrência ao financiamento, as faculdades


destinam POUQUÍSSIMAS vagas para o FIES, colocar alunos no final da fila,
não os deixa concorrer a uma vaga na faculdade. Em turmas de 110 alunos por
semestre, as faculdades chegam a destinar apenas uma ou duas vagas para
alunos pelo sistema seletivo do FIES.

Os alunos que queiram FIES precisam ficar com nota no ENEM


superior ao último candidato aprovado no programa do FIES. Veja, a parte
Requerente tem nota superior a vários alunos da instituição ora ré.

Resta clara a violação ao princípio da isonomia uma vez que


maximiza que “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na
medida de sua desigualdade”.

Assim, não conceder o financiamento estudantil à parte autora


contraria o objetivo do programa social, que é ajudar estudantes
universitários carentes de universidades particulares para o custeio de seus
estudos.

Se leva em consideração uma análise meritória e não somente


financeira.

O ato de impor desempenho mínimo para se obter o Fies


afronta, portanto, o princípio da hierarquia das leis, estando eivado de
nulidade, uma vez que suprime direito assegurado ao estudante em norma
superior (Lei n. 10.260/2001).

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Vale destacar o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

"O ato administrativo, no Estado


Democrático de Direito, está subordinado ao princípio da
legalidade ( CF/88, arts. 5º, II, 37, caput, 84, IV), o que
equivale assentar que a Administração só pode atuar de
acordo com o que a lei determina. Desta sorte, ao expedir um
ato que tem por finalidade regulamentar a lei (decreto,
regulamento, instrução, portaria, etc.), não pode a
Administração inovar na ordem jurídica, impondo
obrigações ou limitações a direitos de terceiros." (REsp n.º
584.798/PE, 1ª T/STJ, rel. Min. Luiz Fux, DJ 04/11/2004,
ementa parcial)

Isso porque o MEC publica todo processo seletivo a portaria de


regência do processo seletivo e, além das portarias Normativa Nº21, De 26 De
Dezembro De 2014 que alterou a Portaria Normativa MEC nº 10, de 30 de abril
de 2010, publicou portaria de nº 535 de 2020 em que acrescenta mais critérios
ainda a possibilidade de ter o FIES, uma vez que exige nota para que fosse
concedido o financiamento ao aluno. Isso é, para ter acesso a uma ou duas
vagas, o aluno deverá concorrer com todo o Brasil para ter seu curso financiado.

As portarias do MEC que criam RESTRIÇÕES A DIREITO


que prevê a limitação em razão da nota se mostra ILEGAL E
INCONSTITUCIONAL, PELA APRONTA AO ART. 37 DA CF.

É dever do Estado Constitucional ofertar aos cidadãos ensino


superior de qualidade. Contudo, as Universidades Federais recebem
pouquíssimo investimento do Governo Federal, de maneira que não as
possibilitam ofertar vagas para todos aqueles que desejam ingressar no ensino
superior.

Para ingressar nessas faculdades, é preciso que o aluno tenha se


dedicado com excelência no ensino básico, médio e fundamental, de forma que
se destacando alcançará os melhores intelectos e as vagas das melhores
universidades. Isso necessita de uma renda familiar superior ao que é exigida

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pelo programa do FIES, uma vez que as escolas particulares que fornecem a
excelência no ensino.

Sabendo disso, a República Federativa sequer oferece colégios


de qualidade para aqueles que mais precisam do apoio do Estado, deixando-os
a própria sorte.

Apesar de haver políticas de incentivo, como cotas sociais, as


vagas que são destinadas pelo ensino superior em universidades federais são
preenchidas em sua grande maioria por pessoas que sequer precisariam delas
para concluir seus estudos, isso é, em sua maioria são pessoas que cresceram
em berços de ouro e tiveram excelente base em colégios particulares caríssimos.

Na vã tentativa de resolver o imbróglio, o Estado Brasileiro


delega aos particulares a função educacional. Assim, universidades particulares
são as portas de entradas de inúmeros brasileiros de classes menos favorecidas
ao ensino de 3º grau.

Contudo, esses brasileiros não têm condições de pagar as


faculdades que lhe são ofertadas, ficando de novo a mercê da própria sorte.

Novamente, o Estado Brasileiro oferta financiamento estudantil


e bolsas de estudo por meio dos programas FIES e PROUNI.

Mas são grupos extremamente seletos que conseguem alcançar


êxito nesses programas ofertados.

Isso porque, para ter acesso a tais, o aluno precisa se sair bem
no ENEM, que depende de um resultado de um ensino de qualidade nos
ensinos básicos, fundamental e médio, o que, novamente não é oferecido pelo
Estado Brasileiro.

Veja que aqueles menos favorecidos, como no caso da parte


Requerente, encontram-se em uma verdadeira sinuca de bico, medindo esforços
sem tamanhos para conseguir vencer esse círculo vicioso que lhes é posto.

Para o pobre, só resta sentar e ver as pessoas de classes sociais


diferentes ganharem cada vez mais, crescer cada vez mais, sem que lhe seja
ofertado também esse direito.

Nesse sentir, até mesmo os financiamentos que são ofertados


para aqueles que são os menos favorecidos da sociedade, acabam ficando com

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aqueles mais prestigiados que tiveram a oportunidade de um ensino médio de
qualidade, via de regra, em escolas particulares.

II.2 - DA DESNECESSIDADE DE PREVISÃO


ORÇAMENTÁRIA E APLICAÇÃO DA TEORIA DO MÍNIMO
EXISTENCIAL

Menciona-se, que não se pede que o Estado arque com a


faculdade. O que se pede é a oportunidade de um empréstimo, de um
financiamento. NÃO HAVERÁ NENHUM PREJUÍZO AO ERÁRIO, de forma
que a argumentação rasa de que há necessidade de previsão orçamentária para
a concessão de uma política pública não deve prosperar.

O FIES tem natureza jurídica de FOMENTO à educação. Como


fomento presta-se um serviço público de incentivo a educação. Assim como um
hospital, uma concessionária de energia elétrica, o FIES presta um serviço
público à população de fomento.

Se contrata o serviço de financiamento do curso, para ao final


pagar à Administração Pública, com valores atualizados e com juros baixos.
Assim como o BNDS não pode negar acesso ao seu crédito para aqueles que
preenchem os requisitos, o FIES, que busca a concessão não só de crédito como
de acesso à Educação, não pode. Isso porque, os requisitos legais foram
devidamente preenchidos pelo Requerente, havendo restrições a direito por
meio de portarias.

E, assim como a saúde, o Estado não pode se limitar a alegar a


Teoria da Reserva do Possível, com a falta de orçamento entre outros
argumentos rasos, pois o fornecimento da Educação é amparado pela Teoria do
Mínimo Existencial. Sem o acesso a esse Direito, não se tem vida plena, com
dignidade.

Isso porque o próprio constituinte assevera no art. 205 que com


a Educação é o meio para exercício pleno da cidadania e forma de qualificação
para o trabalho.

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Art. 205. A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Veja que a cidadania e os valores sociais do trabalho é


OBJETIVO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, senão vejamos:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela


união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Assim como a saúde, para se viver bem é preciso ter educação.


Assim como uma cirurgia, se necessita de cursar uma faculdade. Assim como
remédio, se precisa estar em uma graduação.

Repita-se.

Menciona-se, que não se pede que o Estado arque com a


faculdade. O que se pede é a oportunidade de um empréstimo, de um
financiamento.

Ainda, não se solicita o financiamento na melhor e mais cara


faculdade de medicina do país. Faculdades de medicina podem chegar a custar
R$ 15.000,00 por mês. O contrato que a Requerente pretende firmar é de
menos desse valor.

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Imperioso se faz a análise que não existe um pré-requisito
estabelecido onde versa que apenas o estudante com as notas mais altas
podem requerer o financiamento na LEI. Pelo contrário. A Legislação
pertinente sequer estabelece critério a uma nota mínima de 450 pontos.

Assim sendo, as regras atuais que limitam, impossibilitando ou


discriminando que os estudantes e restringem o acesso ao financiamento
estudantil configura redução indevida ao direito anteriormente conquistado
que ao fim e ao cabo visa concretizar o pleno acesso à educação.

Sobre esse princípio da igualdade dos usuários, determina-se


que caso a pessoa satisfaça as condições legais, ela faz jus à prestação do
serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal.

Cristalino o entendimento que o FIES foi criado com o objetivo,


de dar efetividade ao direito à educação, previsto no art. 205, da Carta Magna,
e, por sua vez, a conduta das rés fere o direito fundamental à educação, no que
concerne ao ensino superior, na medida em que cria óbices à continuidade dos
estudos da Requerente.

III.3 - DA ILEGALIDADE E
INCONSTITUCIONALIDADE DAS PORTARIAS DE
REGÊNCIA DO FIES - Portaria nº 10 - Portaria nº 21 - Portaria
Normativa do MEC n. 38, de 22 de janeiro de 2021 - Portaria Nº 534
- Portaria nº 209 E DA PORTARIA N º 535 DO MEC DE 12 DE
JUNHO DE 2020
Como dito anteriormente, com as portarias apontadas nesse
título, exige-se não só a nota mínima do ENEM de 450 pontos, como também
nota igual ou superior àquela obtida pelo último estudante selecionado para as
vagas do Fies na IES de destino.

A Lei n. 10.260/2001 que rege o programa de financiamento -


FIES- não determina nenhum requisito relacionado a desempenho mínimo
acima de candidatos anteriores ao financiamento.

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A nota de corte do fies está prevista na Portaria Normativa do
MEC n. 38, de 22 de janeiro de 2021, que regulamenta o processo seletivo do
Fies e dispõe:
Art. 17. Encerrado o período de inscrição, em
cumprimento ao disposto no § 6º do art. 1º da Lei nº 10.260, de 2001, e os
limites de vagas, os candidatos serão classificados nos termos informados no
Edital SESu, observada a seguinte sequência: [...]

Art. 18. O candidato será pré-selecionado na ordem de


sua classificação, nos termos do art. 17, observado o limite de vagas
disponíveis, conforme as definições, os procedimentos e os prazos previstos
no Edital SESu.

No mesmo sentido, dispõe o edital n. 79, de 18 de julho de 2022,


que rege o processo seletivo do Fies referente ao segundo semestre de 2022:

3. DA CLASSIFICAÇÃO

3.1. Observadas as opções realizadas na inscrição e os


limites de vagas por grupo de preferência por curso/turno/local de
oferta/IES, os CANDIDATOS serão classificados no processo seletivo do
Fies, na ordem decrescente de acordo com as notas obtidas no Enem, no
grupo de preferência para o qual se inscreveram, atendida a prioridade
indicada entre as 3 (três) opções de curso/turno/local de oferta/IES
escolhidas, observada a sequência disposta no § 6º do art. 1º da Lei nº 10.260,
de 2001: [...]

3.1.1. A nota de que trata o subitem 3.1 será igual à média


aritmética das notas obtidas nas cinco provas do Enem em cuja edição o
CANDIDATO tenha obtido a maior média.

Essa informação repete em todos os editais do FIES.

As Portarias do MEC impõem restrições que não constam na lei


que regem o Fies. Isso é, o MEC impõe restrição a direito por meio de ato
secundário, que não deve prevalecer sobre a LEI.

É evidente que não se nega à União o exercício do seu


Dever-Poder Regulamentar (Normativo).

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O poder normativo tem o escopo de facilitar a compreensão do
texto legal. Os seus atos são SEMPRE inferiores a lei e visam regulamentar
determinada situação de caráter geral e abstrato, pois facilitam a execução da
lei.

O PODER NORMATIVO NÃO PODE INOVAR NO


ORDENAMENTO JURÍDICO. Não é ato primário, e não pode criar ou
extinguir direitos e obrigações (COMO VEM FAZENDO EM RELAÇÃO AO
FIES).

Assim, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo


senão em virtude de LEI, conforme assegurado pelo texto constitucional.

Dessa forma, o Poder Regulamentar não pode RESTRINGIR


DIREITOS, pois estaria desobrigando a Administração Pública a contemplar
aqueles que necessitam a ter acesso ao FIES.

III. 3 - DO NÃO PREENCHIMENTO DAS VAGAS E NÃO


ESTABELECIMENTO DO PONTO DE CORTE

Veja ainda que as vagas nunca são completamente


preenchidas. Não há como definir um ponto de corte com o último aluno
colocado, pois não existe essa figura.

Existe vacância nas vagas do FIES, de maneira que não haveria


como cortar alunos por meio da nota, uma vez que não há, em sua maioria, o
último aluno que preencha a última vaga disponível.

Em pesquisa realiza no site da Associação Brasileira das


Mantenedoras das Faculdades (Abrafi). Obtém-se as informações sobre a
quantidade de vagas ofertadas e pouco preenchidas, há de se verificar a
capacidade de atender uma grande demanda de alunos que pretendem
ingressar nas Instituições de Ensino.

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Extraído de
https://abmes.org.br/noticias/detalhe/4608/diante-de-vagas-ociosas-fies-tera-orc
amento-35-menor-para-2022 (acessado em 03/04/2023)

Estima-se que os recursos destinados ao Fundo de


Financiamento Estudantil para esse ano serão de R$ 5,53 bilhões.

Ao prever esse montante para 2022, o governo federal já


considera que parte das 111 mil vagas a serem disponibilizadas neste ano não
serão preenchidas - seguindo um padrão que já vem de anos anteriores.

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Isso significa uma grande oferta de vagas a serem utilizadas, e
para tanto entende-se que há interesse por parte do Governo brasileiro em
investir de forma direta em educação.

Ressalta-se que sem o preenchimento das vagas destinadas ao


FIES, não haveria como estabelecer uma nota de corte pelo o último colocado
na última vaga disponível, ficando esse critério defasado e sem validade.

Assim sendo, as regras atuais que limitam, impossibilitando ou


discriminando que os estudantes e restringem o acesso ao financiamento
estudantil configura redução indevida ao direito anteriormente conquistado
que ao fim e ao cabo visa concretizar o pleno acesso à educação.

São regras, a bem da verdade, de exclusão daqueles alunos


que mais precisam do FIES para acesso do 3° grau de ensino. Alunos de
famílias carentes, que não tiveram acesso ao um bom ensino básico e não
conseguiram alcançar as melhores notas no ENEM pelo fracasso no ensino
público brasileiro.

III.4. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA PORTARIA Nº 38 DE


REGÊNCIA DOS PROCESSOS SELETIVOS, DO EDITAL DO PROCESSO
SELETIVO DE 2022.2 E DE 2023.1 E DA PORTARIA Nº 534 E 535 DO MEC

Educação é direito social previsto no art. 6º da Carta da


República:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

Assim como a saúde, a alimentação, o trabalho entre tantos


outros, a educação é um direito social elencado na Constituição Federal de 1988.

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A Lei de Diretrizes nº 9.497 estabelece em seus primeiros artigos
que a educação é dever do Estado, e tem finalidade de pleno exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado,


inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos


seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência


na escola;

O artigo 3º da Lei de Diretrizes garante o acesso igualitário. O


que não tem acontecido no caso em comento, uma vez que por ter graduação e
o FIES disponibilizar pouco acesso, a Requerente não fica entre os colocados do
FIES, mesmo tendo nota suficiente para tanto.

Referido artigo tem base no art. 206 da Constituição Federal que


assim verbera:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos


seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e


permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e


divulgar o pensamento, a arte e o saber;

Para tanto, foi criado o financiamento do ensino superior pelo


Estado, direcionado ao estudante carente ou temporariamente impossibilitado

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de custear sua educação, com o intuito de facilitar o seu acesso ao ensino
superior nas universidades particulares.

Trata-se do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino


Superior (FIES), instituído pela Medida Provisória nº 1827/99, que após várias
reedições e alterações de numeração, até a MP nº 2094-28, de 13-06-01 foi
regulado por medida provisória, sendo que a partir de julho de 2001, passou a
ser disciplinado pela Lei nº 10.260, de 12/07/2001.

A parte Autora, por norma de eficácia plena da Constituição


Federal, tem DIREITO à liberdade de aprender.

Essa liberdade também engloba o ensino superior, devendo ter


acesso a esse ensino quantas vezes se fazer necessário para que haja plenitude
no exercício da cidadania e da dignidade da pessoa humana.

É INCONSTITUCIONAL, pois limita o acesso a educação e


confronta com o que determina o art. 205 e seguintes da Constituição Federal:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do


Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios organizarão em regime de colaboração
seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e


o dos Territórios, financiará as instituições de ensino
públicas federais e exercerá, em matéria educacional,
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir
equalização de oportunidades educacionais e padrão
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios;

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Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de
educação, de duração decenal, com o objetivo de
articular o sistema nacional de educação em regime de
colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e
estratégias de implementação para assegurar a
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
ações integradas dos poderes públicos das diferentes
esferas federativas que conduzam a: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do


País.

VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos


públicos em educação como proporção do produto
interno bruto.

O acesso ao fomento deve ser universalizado, de forma que


poderá garantir o acesso a universal a educação. A educação não é só um
direito social como também UM DEVER DO ESTADO. E se o FIES é a única
forma de muitos estudarem no ensino superior, esse é o DEVER DO
ESTADO.

De igual forma, desde a promulgação da Constituição de 1988


que se atribuiu responsabilidade ao Governo Federal de fazer meios para
equalizar o acesso à educação.

O FIES era para todos antes de 2017. O antigo FIES não criava
empecilhos esdrúxulos e nem mesmo afastava a educação dos mais carentes.

Depois de 2017, o FIES não cumpre com a função do Estado de


fornecer a educação e muito menos de equalizar o acesso a essa.

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Não se pode admitir o RETROCESSO SOCIAL.

Por vários anos o Governo Federal visou a educação de todos. E


após uma série de fatores políticos se vem retrocedendo em diversas áreas:
como no Direito Ambiental, como na Saúde e na Educação.

Ainda, NA CONTRAMÃO DA CONSTIUIÇÃO FEDERAL, o


MEC estabeleceu portarias em que determinam como requisito estar acima da
menor nota da instituição para as vagas que destinam o FIES.

Como dito acima, a limitação em razão da nota impossibilita o


acesso à educação daqueles que mais precisam, pois aqueles que tiram as
melhores notas foram, em regra, os que mais tiveram oportunidade de ensino,
até mesmo em escolas particulares.

Em razão do descaso com a educação básica, ensino médio e


fundamental, do Estado Brasileiro em suas três esferas administrativas, aqueles
que mais precisam de acesso à educação para haver uma mudança de vida não
têm acesso a qualquer ensino de qualidade.

Não há que alegar que sendo uma política pública não dá para
fornecer a todos.

Educação é direito social previsto no art. 6º da Carta da


República assim como a saúde.

Aqui, Excelência, com a máxima Vênia, trago uma reflexão


para que possamos ter empatia pelo próximo, pois tanto eu, quanto Vossa
Excelência não teríamos condições de exercer nossas profissões se não
tivéssemos acesso à educação.

Ambos sabemos das dificuldades e percalços que temos no


caminho até o tão sonhado momento da graduação e, mais ainda, o momento
em que temos o privilégio de exercer nossas profissões.

E é exatamente isso que o Requerente pleiteia: uma


possibilidade de poder trabalhar com o que realmente ama e tem afinidade.

Chega às raias do absurdo imaginarmos que o Governo gasta


bilhões com fundos partidários, mas em época de campanha é sempre a mesma
coisa: prometem educação, mas nunca cumprem, razão esta que o Autor bate
nas portas do Judiciário

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III. 5 - DA OFERTA DE VAGAS

A oferta de vagas das universidades é estabelecida nas


portarias que regem cada processo seletivo. Via de regra, têm a seguinte
redação:

§ 3º A mantenedora, ao apresentar proposta de


vagas para suas IES, nos termos do inciso IV do
caput, deverá observar o seguinte:

I - caso informe que haverá a realização de


processo seletivo próprio para ingresso de
candidatos em período inicial dos cursos no
segundo semestre de 2021, poderá ofertar vagas
tanto aos candidatos em período inicial de cursos
como aos demais candidatos veteranos; e

II - caso informe que não haverá a realização de


processo seletivo próprio para ingresso de
candidatos em período inicial dos cursos no
segundo semestre de 2021, somente poderá ofertar
vagas aos candidatos veteranos.

§ 4º A proposta do número de vagas a serem


ofertadas, nos termos do inciso IV do caput,
deverá considerar o número de vagas anuais
ofertadas, conforme distribuição por curso e turno
no Cadastro e-MEC; o número de matriculados na
condição de ingressante que tenham contratado
financiamento pelo Fies no primeiro semestre de
2021; a estimativa do número de matrícula dos
estudantes ingressantes no primeiro semestre de
2021 e o número de estudantes que tiveram sua

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inscrição postergada para o segundo semestre de
2021, respeitados os seguintes percentuais, de
acordo com o conceito do curso obtido no âmbito
do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior - Sinaes:

I - até 50% do número de vagas para cursos com


conceito cinco;

II -até 40% do número de vagas para cursos com


conceito quatro;

III -até 30% do número de vagas para cursos com


conceito três; e

IV -até 25% do número de vagas para cursos cujos


atos regulatórios mais recentes sejam
"Autorização".

§ 5º A mantenedora poderá declarar, indicando a


quantidade de vagas, se concorda em receber
maior número de candidatos, para além dos
limites informados nos incisos I a IV do § 4º deste
artigo, obedecido, em qualquer caso, o limite de
vagas totais anuais do curso constante de seu ato
autorizativo.

§ 6º Na hipótese da utilização da prerrogativa do §


5º deste artigo, as vagas adicionais serão
desconsideradas para fins da distribuição de vagas
pela Secretaria de Educação Superior do MEC, nos
termos do art. 13 desta Portaria, mas deverão ser
consideradas para fins de ocupação de vagas no
processo seletivo de que trata esta Portaria.

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Observe que as instituições de ensino superior devem
realizar proposta de quantidade de vagas a ser ofertadas pelo FIES.

Essas instituições devem se ater ao que dispõe o §4º do


texto do 5º da portaria.

Ali se prevê o máximo de vagas que podem ofertar, de


acordo com a nota da IES na avaliação do MEC.

Contudo, não ofertam sequer 10% das vagas do curso para


os alunos.

Ora, têm autonomia didático-administrativa para se


vincularem ao programa de financiamento. Mas a partir do momento que assim
fazem, A BOA-FÉ, o que a sociedade, o Estado e todos esperam é que ofertem a
quantidade de vagas suficientes para que se todos os que não podem tem
acesso à instituição no percentual estabelecido na portaria.

O Estado proporciona para essas Universidades uma


quantidade de acesso de alunos que buscarão o FIES, dando preferência a elas.

Mas em contrapartida, essas universidades devem oferecer


vagas suficientes para os alunos do FIES.

As restrições do FIES e a quantidade de vagas tem sido tão


poucas que viram notícias nos veículos de informação:

https://www.poder360.com.br/educacao/fies-e-desidratado-e-tera-em-2021-men
or-numero-de-vagas-em-11-anos/

https://noticias.r7.com/educacao/fies-2021-oferece-69-mil-vagas-neste-segundo-s
emestre-26072021

Observe que novamente o Estado e as Faculdades estão


agindo ao encontro do que se espera de uma sociedade que está evoluindo,
retrocedendo na quantidade de vagas ofertadas para o ensino superior.

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Dessa forma, ao ofertarem 5 vagas para cursos que
disponibilizam 100 vagas de alunos que não utilizam o FIES, a faculdade não
está exercendo a função social a que se propõe, desvirtuando também a função
social do contrato que têm com o FIES.

Dessa maneira, estando dentro dos limites estabelecidos de


até 50% das vagas a serem ofertadas pelos alunos do FIES, requer a abertura de
vaga para o Requerente na instituição ora 4ª Requerida.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Destarte, tem-se comprovado de forma evidente todos os


Direitos da parte Requerente para que possa lograr êxito na tutela de urgência,
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta comprovada com a


situação narrada, em que demonstra ser direito da parte requerente ter seu
financiamento estudantil aprovado pelas partes rés.

O PERIGO DA DEMORA reside no fato de que O SEMESTRE


LETIVO JÁ SE INICIOU e, caso a autora não consiga o financiamento, não
conseguira se matricular para o curso de medicina, o que evidencia a
necessidade da concessão da medida liminar, ora pleiteada, INAUDITA
ALTERA PARS, tendo em vista a imprescindibilidade da realização das
matrículas da impetrante no curso de medicina e nas disciplinas pleiteadas.

Assim, a concessão da medida liminar, INAUDITA ALTERA


PARS, é medida que se impõe. Cumprido não apenas dois, mas os três
requisitos, não há razão para negar o direito aqui pleiteado.

No caso de deferimento quando já tiver se iniciado o semestre


letivo, isso é, esse estiver no meio do período, requer a aplicação do seguinte
raciocínio: o FIES quando a inscrição no programa de financiamento possibilita
aos alunos que coloquem como semestre letivo o número "0", que indica que o
aluno irá começar na instituição de destino do financiamento no semestre

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seguinte. De igual forma, requer seja aplicado o mesmo raciocínio com a
demanda, no caso de deferimento, que proporcione a parte Requerente começar
no próximo período letivo.

Por derradeiro, requer a Vossa Excelência a concessão da tutela


de urgência, para que a parte ré conceda o financiamento estudantil pelo
programa FIES, sob pena de aplicação de multa diária no valor R$ 1.100,00 (um
mil e cem reais), em caso de descumprimento.

V - DOS PRECEDENTES DESSA CORTE

Destaca-se por fim o precedente dessa corte que concedeu,


em conformidade com as argumentações apostas acima, o direito do aluno ao
financiamento estudantil.

Em Agravo de Instrumento de nº 1032349-05.2022.4.01.000,


o Douto Juízo daquele recurso, Desembargador ANTÔNIO DE SOUZA
PRUDENTE, em decisão recente no dia 13/09/2022, concedeu a antecipação dos
efeitos da tutela para dar àquele aluno o direito a contratação e concessão do
financiamento estudantil FIES.

Senão vejamos suas fundamentações:

Não obstante os fundamentos em que se


amparou a decisão agravada, vejo presentes, na
espécie, os pressupostos do art. 1019, I, do CPC, a
ensejar a concessão da almejada antecipação da
tutela recursal, notadamente em face do seu caráter
manifestamente precautivo e, por isso, compatível
com a tutela cautelar do agravo, manifestada nas
letras e na inteligência do referido dispositivo legal, de
forma a possibilitar a formalização de novos contratos
de financiamento estudantil e assegurar, por
conseguinte, o pleno acesso ao ensino superior, como
garantia fundamental assegurada em nossa
Constituição Federal, na determinação cogente e de

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eficácia imediata (CF, art. 5º, § 1º), no sentido de que
“a educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho” (CF, art. 205).

Ademais, impende consignar que o


mencionado Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior – FIES foi criado pela Lei nº
10.260/2001, posteriormente modificada, que, em seu
art. 1º, assim estabelece:

Art.1º É instituído, nos termos desta Lei, o Fundo de


Financiamento Estudantil (Fies), de natureza contábil,
vinculado ao Ministério da Educação, destinado à
concessão de financiamento a estudantes de cursos
superiores, na modalidade presencial ou a distância,
não gratuitos e com avaliação positiva nos processos
conduzidos pelo Ministério, de acordo com
regulamentação própria.

§ 1º O financiamento de que trata o caput deste artigo


poderá beneficiar estudantes matriculados em cursos
da educação profissional, técnica e tecnológica, e em
programas de mestrado e doutorado com avaliação
positiva, desde que haja disponibilidade de recursos,
nos termos do que for aprovado pelo Comitê Gestor
do Fundo de Financiamento Estudantil (CG-Fies)

(...)

§ 6º O financiamento com recursos do Fies será


destinado prioritariamente a estudantes que não
tenham concluído o ensino superior e não tenham sido
beneficiados pelo financiamento estudantil, vedada a
concessão de novo financiamento a estudante em
período de utilização de financiamento pelo Fies ou
que não tenha quitado financiamento anterior pelo
Fies ou pelo Programa de Crédito Educativo, de que
trata a Lei no 8.436, de 25 de junho de 1992.

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Por sua vez, estabelece o art.
15-D, caput, da referida Lei, com a redação dada pela
Lei nº 13.530-2017, que “é instituído, nos termos desta
Lei, o Programa de Financiamento Estudantil,
destinado à concessão de financiamento a estudantes
em cursos superiores não gratuitos, com avaliação
positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da
Educação, de acordo com regulamentação própria, e
que também tratará das faixas de renda abrangidas
por essa modalidade do Fies”.

Da leitura dos dispositivos legais em


referência, verifica-se que, efetivamente, não se
vislumbra, dentre as condições legalmente
estabelecidas, a exigência de que o aluno tenha sido
submetido ao Exame Nacional de Ensino Médio –
ENEM, nem, tampouco, que tenha obtido a média
mínima exigida nos atos normativos hostilizados nos
presentes autos.

É bem verdade que o art. 3º da referida


Lei nº 10.260/2011, estabelece que a gestão do
FIES caberá ao Ministério da Educação, que
editará regulamento dispondo sobre “as regras de
seleção de estudantes a serem financiados,
devendo ser considerados a renda familiar per
capita, proporcional ao valor do encargo
educacional do curso pretendido, e outros
requisitos, bem como as regras de oferta de
vagas”.

De ver-se, porém, que, os tais “outros


requisitos” a que se reporta o dispositivo legal em
referência, não podem extrapolar os limites
estabelecidos pela própria Lei de criação do FIES,
como no caso, sob pena de violação ao princípio da
legalidade, segundo o qual, “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei” (CF, art. 5º, inciso II), mormente em face
da finalidade precípua do financiamento estudantil em
referência, que consiste em propiciar, sem qualquer
limitação, o livre acesso ao ensino superior,
sintonizando-se, com o exercício do direito
constitucional à educação (CF, art. 205) e com a

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expectativa de futuro retorno intelectual em proveito da
nação, que há de prevalecer sobre formalismos
eventualmente inibidores e desestimuladores do
potencial científico daí decorrente.

***

Com estas considerações, defiro o pedido


de antecipação da tutela recursal formulado na inicial,
para assegurar à autora o direito à formalização do
contrato de financiamento estudantil, com recursos do
FIES, relativamente ao curso superior em que se
encontra matriculada, independentemente das
restrições descritas nos autos, até o pronunciamento
definitivo da Turma julgadora.

Comunique-se, com urgência, via e-mail,


aos Srs. Presidentes da Caixa Econômica Federal e
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
– FNDE, para fins de cumprimento desta decisão
mandamental, cientificando-se, também, ao juízo
monocrático, na dimensão eficacial do art. 1.008 do
CPC.

Intimem-se os recorridos, nos termos e


para as finalidades do art. 1.019, II, do referido
diploma legal, abrindo-se vistas, após, à douta
Procuradoria Regional da República.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília-DF., em 13 de setembro de 2022.

Desembargador Federal Souza Prudente

Relator

Veja que houve a concessão do FIES em razão de que a


portaria não pode sobrepor a LEI, o que requer, por isonomia, seja aplicado ao
caso em comento.

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VI - DOS PEDIDOS

Ex positis, requer:

a) A concessão da tutela antecipada de urgência inaudita altera


pars :

a.1) Para suspender os efeitos das portarias que limitam o


acesso ao aluno ao financiamento, mencionadas anteriormente;

a.2) Para que a parte ré proceda com todos os atos necessários a


levar a assinatura do contrato do FIES, isso é, à matricula do aluno no programa
de financiamento estudantil – FIES, com a firmação de um contrato de
financiamento que ampare todo o período acadêmico, isso é, de agora até a
colação de grau do aluno ora parte Requerente, sob pena de multa diária a ser
arbitrada por este D. Juízo. Nesse pedido, requer o envio do link de inscrição
feito pelo Fundo Nacional; a emissão da DRI pela faculdade ora Ré; pela
emissão e assinatura do contrato pela CEF e, desde a decisão até a colação de
grau, que as Rés procedam com todos os atos de aditamento do contrato a
serem feitos de forma semestral;

a.2.1) No caso de deferimento quando já tiver se


iniciado o semestre letivo, isso é, esse estiver no meio do período, requer a
aplicação do seguinte raciocínio: o FIES quando a inscrição no programa de
financiamento possibilita aos alunos que coloquem como semestre letivo o
número "0", que indica que o aluno irá começar na instituição de destino do
financiamento no semestre seguinte. De igual forma, requer seja aplicado o
mesmo raciocínio com a demanda, no caso de deferimento, que proporcione a
parte Requerente começar no próximo período letivo.

b) Ao final, sejam julgados procedentes os pedidos a fim de,


confirmando a tutela de urgência, julgar em juízo de certeza requer o envio do
link de inscrição feito pelo Fundo Nacional; a emissão da DRI pela faculdade
ora Ré; pela emissão e assinatura do contrato pela CEF e, desde a decisão até a
colação de grau, que as Rés procedam com todos os atos de aditamento do

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contrato a serem feitos de forma semestral, contemplando com o financiamento
limitado ao teto estipulado de R$ 10.000,00 mensais e concedendo o teto de
financiamento mesmo com as atualizações desse valor em eventos futuros;

c) Que se declare a INCONSTITUCIONALIDADE das Portarias


que regem o fies e estabelecem critérios que não estão previstos em lei, bem
como, dos editais dos processos seletivos de cada semestre posteriores a essa,
uma vez que estabelecem as mesmas regras, pelos argumentos expostos acima;

d) Por estar dentro dos limites estabelecidos de até 50% (50, 40 e


30%) das vagas a serem ofertadas pelos alunos do FIES, requer a abertura de
vaga para a parte Requerente na instituição ora 4ª Requerida;

e) Concessão da assistência judiciária, por ser o autor pessoa


hipossuficiente no sentido jurídico do termo (Lei 1.060/50);

f) Informa-se a esse juízo que se adere ao juízo 100% digital.


Informa, assim, que o e-mail desses causídicos é
advocaciamachadoecosta@gmail.com e o telefone é (62) 992344296.

g) O recebimento e processamento desta ação perante este juízo


em razão da competência material, haja vista o pedido de anulação/suspensão
de ato federal, o que repele a competência do Juizado Cível Federal nos termos
do inciso III, § 1º do Art. 3º da Lei 10.259/2001;

Pugna ainda pela produção de todas as provas em direito


admitidas, em especial prova documental suplementar;

Dá-se à causa o valor de R$ 840.000,00 por ser esse o valor


do curso de medicina (produto do valor do teto – R$ 10.000,00; por 14 períodos
– 12 períodos regulares e dois de extensões).

Termos em que

Pede deferimento

Data e assinatura eletrônica

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