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Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/12/2021

Número: 1045457-38.2021.4.01.0000
Classe: HABEAS CORPUS CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 3ª Turma
Órgão julgador: Gab. 09 - DESEMBARGADOR FEDERAL NEY BELLO
Última distribuição : 19/12/2021
Valor da causa: R$ 1,00
Processo referência: 1059396-61.2021.4.01.3500
Assuntos: Proteção da Intimidade e Sigilo de Dados, Não Discriminação
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO (IMPETRANTE)
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da 2ª Vara
Federal da Seção Judiciária do Estado de Goiás
(IMPETRADO)
Ministério Público Federal (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
17961 19/12/2021 17:50 Petição inicial Petição inicial
4530
17961 19/12/2021 17:50 SEI_DPU - 4900807 - Petição Inicial - HC contra ato Inicial
4540 de Juiz Federal
17961 19/12/2021 17:50 1059396-61.2021.4.01.3500 1 Documento Comprobatório
4531
17961 19/12/2021 17:50 7104357269328447268 (1) Documento Comprobatório
4532
17966 20/12/2021 13:14 Certidão Certidão
4544
17966 20/12/2021 13:14 Decisão - 1045457-38.2021.4.01.0000 Decisão (anexo)
4545
17966 20/12/2021 13:49 Certidão Certidão
4551
17966 20/12/2021 13:49 Comprovante de comunicação de decisão 1045457- E-mail
4554 38.2021.4010000
17965 20/12/2021 19:52 Informação de Prevenção Negativa Informação de Prevenção Negativa
6039
Petição de Habeas Corpus em anexo.

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:12 Num. 179614530 - Pág. 1
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Número do documento: 21121917501242600000175782476
19/12/2021 17:48 SEI/DPU - 4900807 - Petição

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO EM GOIÂNIA/GO


Avenida T-63, esquina com a Avenida T-04 e Rua T-38, nº 984 – Quadra 142, lotes 10/16 – Edifício Monte Líbano - Bairro Setor Bueno - CEP
74230-100 - Goiânia - GO

PETIÇÃO

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA DESEMBARGADORA FEDERAL PLANTONISTA


DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

PETIÇÃO INICIAL - HABEAS CORPUS CÍVEL

PAJ nº 2021/002-00995

A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, instituição autônoma e essencial à função


jurisdicional do Estado, a quem incumbe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus,
judicial e extrajudicial, dos direitos da COLETIVIDADE DE  PESSOAS QUE NECESSITEM DE
ACESSO ÀS DEPENDÊNCIAS E SERVIÇOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, vem,
por seu órgão presentante que esta subscreve, com fundamento em sua função institucional insculpida no
art. 134 da Constituição Federal, nos arts. 3º-A, I, II e III, 4º, I, VII, X, e XI, da Lei Complementar 80/94,
no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, nos artigos 647 e 648 do Código de Processo Penal e no art.
108, I, d, da Constituição, impetrar
 
 
 
HABEAS CORPUS CÍVEL, COM EFEITOS COLETIVOS E PEDIDO DE LIMINAR

contra a decisão ilegal de Id 866706581 proferida pelo JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA


FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE GOIÁS que indeferiu liminar no Habeas Corpus aviado
nos autos sob nº 1059396-61.2021.4.01.3500, que perante tal Vara Federal tramitam contra ato
do  CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - CONSUNI,
localizado a Avenida Esperança s/n, Campus Samambaia - Prédio da Reitoria, CEP 74690-900, Goiânia –
GO, representado pelo PRESIDENTE DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE GOIÁS, causador de constrangimento ilegal, pelos fundamentos de fato e de direito a
seguir expostos:
 
 
 

I – DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

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Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:12 Num. 179614540 - Pág. 1
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19/12/2021 17:48 SEI/DPU - 4900807 - Petição

Nos termos do artigo 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94, é prerrogativa do


membro da Defensoria Pública da União "I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos
autos com vista, intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância
administrativa, contando-se lhes em dobro todos os prazos; (Redação dada pela Lei Complementar nº
132, de 2009).”
 
 

II – DO CABIMENTO

 
 
A Constituição Federal de 1988 prevê em seu art. 5º, inciso LXVIII que conceder-
se-á sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Ressalte-se que a Constituição Federal, expressamente, prevê a liberdade de locomoção
no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa nos termos da lei, nele entrar
permanecer ou dele sair com seus bens (CF, art. 5º, XV).
Por se tratar de demanda que versa sobre limitação à liberdade constitucional mostra-se
o instrumento hábil ao pleito relativo à inexigibilidade do passaporte vacinal no âmbito do território do
estado de Goiás.
Não obstante a maioria dos operadores do Direito esteja habituada a manejar o writ
constitucional de habeas corpus em circunstâncias de natureza criminal, é cediço que  em casos menos
numerosos o writ tem cabimento cível, exatamente por não ser de natureza criminal, e sim de natureza
constitucional, que abarca tanto violações à liberdade de locomoção na seara criminal como na seara cível,
já que em inúmeras situações a liberdade de locomoção tolhida o é por ato administrativo do
Administrador, que é Estado o violador.
Saliente-se que a regra constitucional da liberdade de locomoção no território nacional
garantida pela constituição é antes de mais nada uma das liberdades civis dos indivíduos. Por sua própria
natureza pode vir a ser tolhida - como no caso o foi - por atos administrativos civis eivados de ilegalidade
ou de abuso de poder, que são por isso mesmo atacáveis pelo remédio constitucional que tutela
exclusivamente a liberdade, que é o bem que in casu, restou tolhido pela Administração.
 

III – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

 
 
Considerando que competência é o poder conferido ao juiz para julgar processos, de
acordo com a matéria, a pessoa interessada ou a localidade, a Constituição Federal, o artigo 109 dispõe
sobre a competência da Justiça Federal de 1ª Instância:
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
(...)
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
 

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19/12/2021 17:48 SEI/DPU - 4900807 - Petição

Levando em conta que os Direitos Humanos são integrados pelos direitos básicos de
todos os seres humanos. São direitos civis e políticos, econômicos, sociais e culturais, difusos, coletivos e
individuais homogêneos e que estão expressamente dispostos na Declaração Universal de Direitos
Humanos de 1948. Relevante mencionar que tais direitos devem ser protegidos pelo império da lei, para
que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão.
Ainda que diversas soberanias, incluindo aqui o Brasil, tenham se comprometido a
promover respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a observância desses
direitos e liberdades, e que a compreensão comum desses direitos e liberdades seja da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso, foi necessário que tais direitos fossem
positivados, para evitar que o autoritarismo que vez em quando se incute nos governantes se projetasse,
ainda que com aparência e motivos sedutores, em anulação de tais direitos básicos.
Nesse sentido a DUDH dispõe que:
 
Artigo 2

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração,
sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
(...)
Artigo 3
(...)

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.


(...)
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar.

A competência da Justiça Federal para tal espécie já se encontra jurisprudencialmente


confirmada. Veja-se:
 
PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS.
ALICIAMENTO DE TRABALHADORES. CRIME CONTRA AS
RELAÇÕES DE TRABALHO. QUADRILHA OU BANDO. CRIME
CONTRA DIREITOS HUMANOS. ART. 109, V-A, VI, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA
FEDERAL. ART. 78, II, A, CPP. INFRAÇÃO MAIS GRAVE. ART. 71,
CPP. PREVENÇÃO. VARA FEDERAL DE SÃO PEDRO DA
ALDEIA/RJ. 1. Trata-se de crime de aliciamento de trabalhadores que
eram levados de uma unidade da Federação para outra. 2. Pela denúncia,
narra-se um sofisticado esquema de burla à organização do trabalho e
à dignidade humana. 3. Inteligência dos comandos insertos no art.
109, V-A, VI, da Constituição Federal, no art. 10, VII, da Lei n.
5.060/66 e no Título IV, da Parte Especial do Código Penal. 4.
Compete, assim, à Justiça Federal processar e julgar a ação penal em
apreço. 5. No tocante à circunscrição da Justiça Federal, deve-se ater à
conexão com o delito mais grave: quadrilha ou bando. 6. O crime de
quadrilha ou bando, enquanto permanente e desenvolvido em mais de uma
localidade, conduz à determinação da competência pela prevenção. 7.
Mantida a competência da Vara Federal de São Pedro da Aldeia/RJ. 8.
Recurso conhecido, mas improvido. (STJ - RHC: 18242 RJ
2005/0144844-7, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, Data de Julgamento: 06/03/2007, T6 - SEXTA TURMA, Data
de Publicação: DJ 25/06/2007 p. 299) (GRIFO NOSSO)
 

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Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:12 Num. 179614540 - Pág. 3
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19/12/2021 17:48 SEI/DPU - 4900807 - Petição

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE
ESCRAVO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA 122, DESTA CORTE.
RECURSO DESPROVIDO. I - Compete à Justiça Federal processar e
julgar o crime de redução a condição análoga à de escravo, pois
qualquer violação ao homem trabalhador e ao sistema de órgãos e
instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos
trabalhadores enquadra-se na categoria de crime contra a
organização do trabalho, desde que praticada no contexto da relação
de trabalho. II - Acerca das demais imputações formuladas cuja
competência para apuração é da Justiça Estadual, incide o enunciado da
Súmula 122, desta Corte. III - A insurgência do agravante traduz mero
inconformismo com a declaração de competência da Justiça Federal, o que
não pode ensejar o conhecimento do recurso. IV - Agravo regimental
desprovido. (STJ - AgRg no CC: 105026 MT 2009/0081893-2, Relator:
Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento: 09/02/2011, S3 -
TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 17/02/2011REPDJe
21/02/2011) (GRIFO NOSSO)
 
Portanto, considerando-se que por se tratar de demanda que versa sobre afronta ao
direito humano de livremente ir e vir dentro do território nacional, mostra-se a Justiça Federal competente
para processar e julgar o presente pleito nos termos da lei.
Demais disso, tal liberdade está sendo constrangida por ato de órgão colegiado federal,
qual seja, o CONSUNI. – o que, conquanto não se amolde à competência criminal da Justiça Federal, atrai
de forma evidente a porção de competência cível em matéria de habeas corpus estabelecida pelo inciso
VII do art. 109 da Constituição, bem como por seu inciso V-A e §5º, uma vez que o ato
constrangedor ilegal se choca também com o cumprimento de obrigações decorrentes de 2 (dois)
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é parte, a saber: i) o a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica),  internalizado em nosso
ordenamento jurídico pelo Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992; e ii) o  Estatuto de Roma,
integrado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002.
 
 

IV - OS FATOS

 
 
No dia 26/11/2021 foi veiculada em portal de internet da UFG notícia (em anexo) de que
o CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI deliberou pela exigência do passaporte
vacinal para frequentar as dependências da Universidade e que a decisão abrange professores, técnicos-
administrativos, estudantes e visitantes. No mesmo dia fora publicada a Resolução CONSUNI/UFG Nº
117, de 26 de novembro de 2021 que tornou obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação para
Covid-19, aos membros da comunidade universitária e público externo, comprovado pelo certificado
nacional de vacinação, para o desenvolvimento das atividades presenciais a serem realizadas nas
dependências da UFG. Tratar-se-ia, s.m.j., de um certificado digital e/ou físico de vacinação que
possibilitaria às pessoas que vacinaram contra o vírus SARS-CoV-2 pela via vacinal, o acesso às
dependências, atividades e serviços da UFG.
Outrossim, tal intento poderia, em tese e em uma variada gama de situações, criar
discriminação odiosa colidente com as normas positivadas nos arts. 3º, IV; e 5º, XV e XLI, da
Constituição da República, in litteris: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa
do Brasil: (...) IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.” e “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XV - é
livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
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19/12/2021 17:48 SEI/DPU - 4900807 - Petição

nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; (...) XLI - a lei punirá qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;”, capaz de criar estigmatização ou alijamento de
direitos e liberdades civis das pessoas que, por vontade própria ou por qualquer motivo alheio à sua
vontade, exerceram o legítimo direito de não se submeter à vacinação contra o SARS-CoV-2 pela via das
vacinas atualmente oferecidas no território nacional. (grifos não são do original)
Assim, afim de averiguar a duvidosa juridicidade da exigência do “passaporte vacinal”
nas dependências da UFG, em 30/11/2021, esta DPU requisitou ao PRESIDENTE DO CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI que no prazo de 5 (cinco) dias, razoável para
procedimentalização, esclarecesse em qual lex stricta et scripta de âmbito federal que tenha tornado
concretamente obrigatória a vacinação contra a COVID ou que permita ou obrigue seja solicitado ao
indivíduo a apresentação de comprovante de vacinação para acesso a prédios ou repartições públicas
federais fulcrou-se o CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI para editar Resolução
continente da exigência de comprovante de vacinação contra a covid-19 para acesso aos prédios da UFG.
Depois disso, em 09/12/2021, o PRESIDENTE DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO
DA UFG - CONSUNI encaminhou o Ofício de Nº 1478/2021/GR/UFG com a seguinte resposta que
segue inclusa na documentação acostada a estes autos. Apesar da extensa argumentação construída em
torno do estabelecimento de supostas medidas de prevenção e controle da transmissão no âmbito de seus
espaços, o CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI não indicou qual teria sido a lex
stricta et scripta de âmbito federal na qual fulcrou-se para estabelecer a exigência do tal “passaporte
vacinal” ou comprovante de vacinação, desatendendo à clara requisição de informações que lhe foi
veiculada por esta DPU.
A mais singela experientia hominis revela que a mera solicitação de comprovação de
vacinação pode, em tese, implicar em potencial coação ou, quando menos, em constrangimento ilegal,
ainda que sutil, para exposição de dados alusivos à vida íntima e privada - guarnecidos por inviolabilidade
de sigilo de estatura constitucional - do público interno ou externo que por qualquer motivo necessite ter
acesso às dependências de qualquer Universidade Federal de Goiás, especialmente sobre o respeito ao
sigilo de informações relativas à saúde pessoal dos indivíduos. Exemplo disso tem-se na gravação
ambiental por vídeo que circulou a nível nacional que demonstra professor discriminando aluno não-
vacinado por tal motivo em ambiente público ou privado de acesso ao público (sala de aula, localização
exata ignorada), constrangendo-o perante os demais, de autoria desconhecida, que segue acostada a estes
autos a fim de ilustrar a preocupação que enseja a impetração deste writ contra a discriminação de pessoas
não-vacinadas pelo CONSUNI-UFG, ora mantida pela autoridade coatora. Situação que não foi a única e
que seguramente já se repetiu e ainda se repetirá de forma lamentável por diversas vezes em diversas
cidades e países.
Demais disso, antepor a exigência de exibição de comprovação vacinal ao direito/dever
de professores, servidores públicos, empregados, terceirizados e alunos ou estagiários ou da coletividade
de pessoas da população em geral dependentes dos vários serviços prestados pela UFG (Hospital das
Clínicas, IPTESP, CEROF, Núcleos de Prática Jurídica, Odontológica, Veterinária, Laboratórios de
Análises Clínicas etc.) à possibilidade de comparecimento presencial às suas dependências caracteriza em
tese violação à sua liberdade constitucional de ir, vir e permanecer;
Nesse contexto, tem-se que não há motivo legalmente justificável para a exigência do tal
“passaporte vacinal”, considerando que as vacinas contra a covid-19 disponibilizadas no Brasil ainda não
concluíram a fase 4 de testes de larga escala e que cientificamente não se determinou ainda quais efeitos
adversos (aí incluída a morte) a curto, médio e longo prazo elas podem causar ao ser humano, e uma vez
hoje que é cediço que mesmo as pessoas completamente vacinadas podem ser contaminadas pelo vírus
SARS-CoV-2, transmiti-lo e ainda evoluírem para óbito em decorrência da doença que ele pode acarretar.
A esse respeito é mister observar-se que,  segundo informações colhidas em recente
data (e ora anexadas) junto à SES-GO  pela Defensoria Pública da União em Goiás, as vacinas
contra a covid-19 aplicadas até o momento na população do território do Estado de Goiás - aqui
mencionado apenas a título exemplificativo, sendo certo que a estatística de milhares de mortes está
a replicar-se nas outras Unidades da Federação proporcionalmente às suas populações -  não têm
sido totalmente eficazes em inibir  o contágio, nem a infecção, nem a reinfecção, nem a internação
e nem o óbito pela referida patologia de pessoas vacinadas (há mais de 7.420 óbitos até o momento,
dos quais 2.048 são de pessoas consideradas totalmente vacinadas) ou não-vacinadas - e que,
portanto, a exibição de comprovante ou "passaporte vacinal" não oferece qualquer garantia de que
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Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:12 Num. 179614540 - Pág. 5
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19/12/2021 17:48 SEI/DPU - 4900807 - Petição

a pessoa vacinada de fato esteja imunizada contra a covid19 e de que não infectará outras pessoas,
vacinadas ou não, tornando inútil,  injusta, desnecessária e odiosamente discriminatória a sua
exigência para fins da pretendida proteção à população deste Estado,  sendo certo  que as vacinas
contra a covid-19 ora disponíveis em território nacional, conquanto apresentem algum grau de eficácia e
de segurança, sabidamente não excluem - como de resto qualquer vacina - riscos de vida9 a quem as
tome.
O CONSUNI-UFG, ciosa de editar norma para fundir-se na novel corrente política
autoritária que arrasta parcelas dos Poderes em quase todos os países, omitiu-se também em fazer constar
dos consideranda de seu ato administrativo menção a  qualquer evidência científica robusta de que a
imposição de apresentação de comprovantes de vacinação ou "passaportes vacinais" para acesso a
qualquer atividade ou recinto de fato seja comprovadamente eficaz para minorar riscos de
disseminação do SARS-CoV-2, uma vez que a certeza de que o cidadão está totalmente vacinado não
traz consigo qualquer certeza de que ele não esteja ou não infectado e de que não infectará outras
pessoas no mesmo onde a exigência de comprovante de vacinação supostamente se daria, não dando
ao indivíduo comprovadamente vacinado nenhuma vantagem real de segurança social sobre o não-
vacinado, já que ambos podem infectar terceiros com o patógeno.
O CONSUNI-UFG considerou o perigo da novel variante do SARS-CoV-2 denominada
ômicron para instituir a gravosa e desarrazoada medida de imposição de exigência de passaporte sanitário
para acesso de pessoas a suas dependências. Contudo, antes de pensar em restringir o direito fundamental
das pessoas de livremente ir-e-vir em suas dependências, não considerou que, até o momento, não há
qualquer indício de que a nova variante, conquanto mais contagiosa, seja mais deletéria que as anteriores,
e que demande mais numerosas ou severas medidas de intervenção social por parte do Estado, a exemplo
de "passaportes vacinais", que não foram instituídos nem sequer para as variantes anteriores, mais graves.
Ao revés, a novel variante ômicron, pelas diversas informações trazidas a lume até agora, se caracteriza
preponderantemente por sintomas leves1.
Considerando que, nesses termos, a exigência de apresentação de comprovantes de
vacinação é não só inútil para fins de prevenção de contágio como também acarreta a grave falta ética e
legal de conduzir à discriminação entre pessoas - o que é vedado pela Constituição da República, Lei
Fundamental que nenhum Reitor ou Conselho Universitário têm o poder de derrogar -, jogando cidadão
contra cidadão, plantando desconfiança, terror e separatismo.
 
É de ver-se também que a imposição de exigência de comprovante de vacinação contra a
covid-19 pode, dado o caráter ainda experimental de tais vacinas, em tese, e ainda que
indiretamente,  caracterizar coação,  ameaça de restrição de direitos  ou constrangimento
ilegal à liberdade individual - crime punido pelo Art. 146 do Código Penal com pena de detenção de
até 3 meses a um ano -, dos indivíduos que ainda não se sentiram livremente convencidos a tomá-la,
sem a ameaça de perda ou óbice ao livre exercício de direitos e garantias.
Nessas circunstâncias, resta claro que a recomendação de exigência de comprovação
vacinal imposta de maneira açodada e espúria pelo CONSUNI não se constitui em um incentivo ou
estímulo à vacinação, e sim em uma  obrigatoriedade indiretamente forçada (ou uma elegante
"compulsoriedade", como querem os sofistas) ou seja, numa coação ou constrangimento ilegal, já que,
juridicamente, e segundo o Código Penal, privação de liberdade e restrição de direitos são penas, e por
isso só podem ser impostas por sentença penal condenatória transitada em julgado, precedida do
devido processo legal e suas garantias, ou seja, não podem, jamais, ser impostas em caráter geral e
abstrato, e menos ainda por mero ato administrativo colegiado baixado por agentes dele
componentes.
Dispõe o art. 5º, II, da Constituição, de forma literal:
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
 
Reles resoluções de conselhos universitários não são lei; são simples atos
administrativos de hierarquia inferior, e não se equiparam a lei, de modo que não podem obrigar ninguém,

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nem sequer por via indireta ou reversa, a fazer alguma coisa (no caso, tomar uma vacina e exibir sua
comprovação documental para acesso a recintos públicos afetados à Universidade Federal de Goiás); e
nem impedir alguém de não fazer alguma coisa que a lei não proibiu (no caso, de adentrar  a recintos
públicos afetados à Universidade Federal de Goiás sem antes exibir comprovante documental de que se
vacinou contra determinado patógeno).
Considere-se também, nesse particular ponto,  que, segundo o art. 5º, XLVI, da
Constituição da República, que estabelece o princípio da reserva legal, tão-somente a lei  - e não algum
ato da Administração, como e.g. qualquer Resolução expedida por um simples Conselho Universitário -
pode adotar e regular de penas privativas liberdades e restritivas de direitos, e que elas devem ser
individualizadas e concretamente aplicadas pelo Poder Judiciário, e não em caráter geral e abstrato, como
se pretende com a malsinada minuta de Resolução proposta, de inescondível caráter autoritário. Sob esse
ponto revela-se o ato constrangedor administrativamente expedido por órgão público - um Conselho
Universitário - sem competência legal para tanto, e veiculado por sub-subespécie legislativa inferior (reles
Resolução Administrativa) àquela à qual a Constituição reservou a primazia de poder para tal tipo de
exigência: a lei estrita e escrita. Resultado: liberdades fundamentais limitadas por ato de órgão e meio
legislativo de hierarquia inferior sem poder para tangenciá-las; tradução autoritarismo praticado com
malferimento de garantias constitucionais por órgãos incompetentes no exercício ilegal de seu micropoder
presunçoso e onímodo.
Considerando que até o momento o Poder Legislativo nacional não promulgou
qualquer  lex  stricta et scripta  que tenha tornado concretamente obrigatória a vacinação contra a
COVID19 ou que permita ou  obrigue seja solicitado ao indivíduo a apresentação de comprovante de
vacinação para acesso a recintos ou atividades públicas, privadas ou privadas de acesso ao público, sendo
certo que ainda está em trâmite, com não pouca celeuma, o Projeto de Lei nº 1158/20212 da Câmara dos
Deputados;
Assim, faz-se premente a utilização deste remédio constitucional com o fim contrarrestar
e fazer cessar a espúria e inconstitucional força da susomencionada “Resolução” do CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI que restringe e proíbe a algumas pessoas (os neopárias não-
vacinados) o exercício de um dos direitos mais fundamentais daqueles que transitam e utilizam as
dependências e serviços da UFG em todos os seus campi no território do Estado de Goiás, qual seja a
liberdade de locomoção, que a Constituição não permite seja condicionada ou restringida em tempo de
paz.
Com fulcro em tais fatos, os Defensores Públicos Federais ora signatários requereram
em 17/12/2021 habeas corpus de natureza cível contra o mencionado ato ilegal do CONSUNI-UFG. Os
autos foram distribuídos ao MM Juiz Federal Titular da 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, que,
ademais de haver pejorativa e deselegantemente acoimado os ora signatários de "negacionistas" e de ter se
dito surpreso pelo fato de a DPU - em seu (limitado, quiçá pouco imparcial, e desconsiderando totalmente
o que consta do art. 4º, XI, da Lei Complementar 80/94, a saber:  Art. 4º São funções institucionais da
Defensoria Pública, dentre outras: XI – exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da
criança e do adolescente, do idoso, da pessoa portadora de necessidades especiais, da mulher vítima de
violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais vulneráveis que mereçam proteção especial do
Estado - no caso a minoria de pessoas não-vacinadas que está tendo cerceada sua liberdade de
locomoção nas dependências da UFG) entendimento, sendo órgão de matriz constitucional responsável
pela defesa de valores relevantes da sociedade, ter proposto a demanda para a proteção da liberdade de ir e
vir da coletividade envolvida,  em razão de, segundo Sua Excelência, tal fato ir contra o esforço para a
proteção da vida e da saúde, indeferiu o pedido de liminar sob os argumentos de que i) seria duvidoso o
cabimento de habeas corpus no caso para questionar lei em tese - que no caso o juiz identifica com a
Resolução CONSUNI/UFG nº 117, de 26 de novembro de 2021; ii) de acordo com a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça (HC 572.269) e do Supremo Tribunal Federal (HC 109.101), não é cabível a
impetração de habeas corpus contra ato normativo em tese – no caso Resolução CONSUNI/UFG nº 117,
de 26 de novembro de 2021; iii) a Resolução CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, não
viola a liberdade de locomoção; iv) a leitura da Constituição Federal não poderia ser feita de maneira
isolada e que, se de um lado existe o direito do cidadão de se locomover livremente, de outro lado
existiria  o direito social de todos os cidadãos à saúde contemplado no art. 6º da Carta Magna; e que,
além do referido artigo, a mesma Constituição Federal, em seu artigo 196, fixa que a saúde é direito de
todos e dever do Estado, e que - segundo entende - é desta forma que deve ser feita a leitura da
Constituição Federal, ou seja, de maneira harmônica, e não isolada;  v) havendo conflito de normas,
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regras e princípios constitucionais, deve-se aplicar a técnica do balanceamento, de modo a colocar na


balança os interesses em colisão, extraindo uma conclusão ponderada e razoável, que faça prevalecer,
sempre que possível, o interesse coletivo sobre o interesse individual, desde que as regras (restritivas)
impostas sejam necessárias e adequadas à consecução do bem coletivo; vi) o princípio da precaução
recomendaria o indeferimento da medida liminar pleiteada, a fim de "resguardar a saúde e a vida da
população".
Diante de tais argumentos, ao manter o ato administrativo ilegal do CONSUNI-UFG e
fazer-se cego ao fato de que a liberdade de locomoção dos pacientes está sendo ilegalmente tolhida,
agindo em atitude negacionista judicial da regra da liberdade constitucional de locomoção e de seu status
de cláusula pétrea, inequivocamente o MM Juiz Federal tornou-se a autoridade coatora, desafiando,
portanto a impetração do presente  habeas corpus  com fulcro no art. 108, I, d, da Constituição da
República.
 

V – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA A IMPETRAÇÃO DESTE WRIT

5.1 DA LIBERDADE DE IR E VIR – DIREITO FUNDAMENTAL GARANTIDO PELA


CONSTITUIÇÃO

 
 
Sopese-se, antes de mais nada, que o país não se encontra em situação de guerra
declarada a nenhuma outra soberania, bem como que, a despeito de encontrar-se em situação de
emergência de saúde pública, conforme declarado pela Portaria nº 188, de 3 de fevereiro de 2020, do
Ministério da Saúde, não se está na presença de estado de sítio8  - única circunstância em que a
Constituição da República permitiria a limitação ou suspensão de garantias fundamentais como a de
locomoção - e veja-se que, ainda assim, quanto a tal liberdade  só se pode estabelecer a obrigação de
permanência em localidade determinada, não sendo possível o estabelecimento de vedação de entrada em
outros - e só por ordem do Presidente da República com prévia oitiva dos Conselhos da República, de
Defesa e com autorização prévia do Congresso Nacional.
Nem sequer na vigência de estado de defesa - que é muito mais grave que a
intervenção federal e que emergências de saúde pública - a liberdade de locomoção pode ser
condicionada ou coarctada por ninguém, tão sagrado é o seu status para a Constituição.
Por óbvio, o país encontra-se em tempo de paz e normalidade institucional. Logo,
incabível falar-se em estabelecimento de qualquer tipo de restrição ou condicionamento ao exercício da
plena liberdade de locomoção a que todas as pessoas livres têm direito em tempo de paz.
É essencial a compreensão de que tais garantias fundamentais de que gozam os cidadãos
foram pensadas e instituídas exatamente contra arbítrios do Estado e seus agentes, a fim de evitar que, por
pretextos outros que não o da gravíssima situação de estado de sítio em guerra declarada seus agentes
viessem a exercitar dons e artes ditatoriais que viessem a afetar os cidadãos. Não por outro nome
receberam o status de garantias fundamentais, e não meros direitos. Exatamente para evitar que, da noite
para o dia, por mais grave que fosse a comoção pública - real ou aparente -, algum tiranete estatal
decidisse, com base em sua pequena ou grande parcela de poder, restringir a seu talante as liberdades
fundamentais dos indivíduos do país. Vale dizer: para que singelos recepcionistas, porteiros, agentes de
segurança, agentes de polícia, guardas municipais, fiscais de vigilância sanitária, secretários de saúde,
diretores de escolas, conselhos tutelares, reitores de universidades, prefeitos, governadores, ministros de
estado e até mesmo presidentes da República não se sentissem autorizados a, por capricho, terror ou
qualquer amálgama entre essas mazelas humanas, animados fazer uso de seus micro ou grandes poderes
para expedir ordens abusivas contra as liberdades fundamentais. Quis a Lei Maior da Nação que a
restrição a tal classe de direitos só pudesse se dar de forma absolutamente excepcional, por apenas um
agente público - o presidente da República - e mediante tortuoso processo constitucionalmente
estabelecido de consultas e autorizações a órgãos superiores e Poderes da República.
Logo, parece-nos o cúmulo do abuso de poder e do autoritarismo que um simples
conselho universitário se arrogue na condição de autoridade suficiente para estabelecer limitações à
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liberdade de locomoção que nem a Constituição nem a Lei nem nenhuma autoridade superior da
República pode estabelecer sem observância das regras constitucionais.
 Antepor a exigência de exibição de comprovação vacinal ao direito/dever do indivíduo
componente das pessoas usuárias ou prestadoras de serviço ou visitantes das dependências da UFG no
Estado de Goiás de comparecimento presencial aos diversos recintos públicos caracteriza violação à  sua
liberdade constitucional de ir, vir e permanecer.
Frise-se que a presunçosa instituição de exigência de exibição de passaporte vacinal
para acesso às dependências de prédios públicos estabelecida pelo CONSUNI-UFG e mantida pela
autoridade judicial coatora não está prevista nem sequer na Lei nº 13.979/2020 dentre as medidas
para enfrentamento à emergência de saúde pública ora ainda vigente, e felizmente já moribunda em
nosso país. É o clássico acinte típico da mediocridade dos que desprezam a liberdade humana e se
aferram ao controle autoritário e desarrazoado, seja por medo, seja por afinidade.
Assim, como já mencionado alhures, o referido “passaporte”, em uma variada gama de
situações, cria discriminação odiosa colidente com as normas positivadas nos arts. 3º, IV; e 5º, XV e XLI,
da Constituição da República e artigo 15 do Código Civil sendo capaz de criar estigmatização ou
alijamento de direitos e liberdades civis das pessoas que, por vontade própria ou por qualquer
motivo alheio à sua vontade, optaram por exercer o direito de não se submeter à imunização contra
o SARS-CoV-2 pela via das vacinas atualmente oferecidas no território nacional.
 
Rememorem-se as normas constitucionais aviltadas e tristemente “relativizadas”:
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(...)
 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.”
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
(...)
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; (grifos não
são do original)
 

Demais de ignorar completamente a Constituição, tratando suas mais prestigiadas


normas como se fossem inferiores a si, a malsinada Resolução ora vergastada, parida pelo órgão federal
impetrado, ao toque de exortações de diretórios acadêmicos juvenis, ainda faz de tábula rasa o art. 15 do
Código Civil Brasileiro; senão, vejamos:
 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

A Constituição da República reflete o protagonismo dos Direitos Humanos como


escudo contra as arbitrariedades estatais discriminatórias revestidas de pseudolegalidade,
pensamento que norteou as gerações pós-guerra, a partir de 1945.
 
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Isso ocorreu devido ao receio de que as atrocidades tais como as perpetradas pelos
nazistas durante a II Guerra Mundial voltassem a acontecer, e ante à certeza de que elas poderiam ser
evitadas, se houvesse, anteriormente, um engajamento internacional no sentido de defenderem-se, de
forma global, os Direitos Humanos -, como preconiza Silvio Beltramelli Neto, em seu livro “Direitos
Humanos”.
 
Revisitando a história, podem ser observados diversos atos do governo do III Reich que
refletem o antissemitismo por ele preconizado.
 
Podem ser citadas as Leis de Nuremberg (Nürnberger Gesetze), um conjunto de leis
antissemitas criadas pela Alemanha Nazista. Foram introduzidas em 15 de setembro de 1935 pelo
Reichstag, ou seja, pelo próprio parlamento alemão (!), numa reunião especial durante o comício anual em
Nuremberg do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), e tiveram um
desastroso impacto econômico e social na comunidade judaica, sendo “um grande passo para
consolidar a exclusão dos judeus da sociedade alemã”.
 
Houve a edição, por exemplo, da Lei da Cidadania do Reich, a qual estabelecia que
apenas aquelas pessoas com sangue alemão, ou sangue relacionado, seriam elegíveis para serem
cidadãos do Reich; os restantes eram classificados como sujeitos do Estado (súditos do Estado), sem
quaisquer direitos de cidadania.
 
Com isso, aqueles que não eram judeus foram, gradualmente, deixando de se
socializar com judeus ou de comprar em lojas de judeus.
 
Já em meados de 1941, o governo alemão deu início à exterminação em massa dos
judeus na Europa. Isso tudo se sucedeu a partir das citadas e malsinadas Leis de Nuremberg, dentre as
quais se destaca a já citada Lei da Cidadania do Reich, a partir da qual, provar a herança racial
tornou-se uma necessidade do dia-a-dia, pois a prova da ascendência ariana era feita com a obtenção
de um certificado ariano.
 
Na mesma cidade em que foram regulamentadas as Leis de Nuremberg, foram julgados
os crimes contra a humanidade cometidos pelos nazistas.
 
Após o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota da Alemanha nazista, os membros do
partido que estiveram relacionados com os crimes de guerra e com os genocídios promovidos pelos
alemães foram levados ao Tribunal Militar Internacional de Nuremberg.
 
O referido Tribunal julgou vinte e três pessoas que foram consideradas criminosas de
guerra, pelos brutais experimentos realizados em seres humanos. Em 19 de agosto de 1947 divulgou as
sentenças, além de um documento que ficou conhecido como Código de Nuremberg3, que se tornou um
marco na história da humanidade: pela primeira vez, estabeleceu-se recomendação internacional sobre
os aspectos éticos envolvidos na pesquisa em seres humanos.
 
Na verdade, o Código de Nuremberg foi o remédio para as Leis que o antecederam,
que foram a doença. Apesar de este Código não ter vigência no Brasil, a sua instituição, pela gravidade
dos fatos que se destinou a reprimir, é como uma guideline de direitos humanos a ser tomada como vetor
principiológico e de experiência, podendo ser em tal caráter considerado por todas as soberanias e
governos do mundo, aí incluído o Brasil.
 
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Destaca-se o 1º princípio elencado no texto do Código de Nuremberg:


 
1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. Isso significa que as pessoas que
serão submetidas ao experimento devem ser legalmente capazes de dar consentimento; essas pessoas devem
exercer o livre direito de escolha sem qualquer intervenção de elementos de força, fraude, mentira, coação,
astúcia ou outra forma de restrição posterior; devem ter conhecimento suficiente do assunto em estudo
para tomarem uma decisão. Esse último aspecto exige que sejam explicados às pessoas a natureza, a
duração e o propósito do experimento; os métodos segundo os quais será conduzido; as inconveniências e os
riscos esperados; os efeitos sobre a saúde ou sobre a pessoa do participante, que eventualmente possam
ocorrer, devido à sua participação no experimento. O dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do
consentimento repousam sobre o pesquisador que inicia ou dirige um experimento ou se compromete nele.
São deveres e responsabilidades pessoais que não podem ser delegados a outrem impunemente.
(grifos não são do original)
 

Trata-se da consagração do princípio da autonomia, que, “em resumo, diz que todo ser
humano deve ser livre para decidir sobre o que é melhor para si, não podendo, de forma alguma, ser
coagido a tomar decisões que firam seus interesses”.
 
O primeiro princípio deve ser aplicado de maneira ampla, abarcando todos os
aspectos da condição do ser humano, inclusive a sua autodeterminação com todos os consectários,
como também a liberdade de ir, vir e permanecer no território nacional, não fazendo qualquer
sentido um passaporte sanitário, pois este é mais propenso a causar a estigmatização daqueles que
escolheram não se submeterem à vacina.
 
Além do Código de Nuremberg, outro documento com importância internacional que
deve ser adotado é a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, elaborada pelos países-
membro das Nações Unidas e aprovada por aclamação pela unanimidade dos 191 países componentes da
ONU, em 19 de outubro de 2005.
 
Em seu Artigo 3º, enfatiza que:
 
Artigo 3 – Dignidade Humana e Direitos Humanos
a) A dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser respeitados em sua
totalidade.
b) Os interesses e o bem-estar do indivíduo devem ter prioridade sobre o interesse exclusivo da ciência ou
da sociedade.
(grifos não são do original)
 
Ou seja, recomenda o respeito à dignidade humana, aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais em todos os seus aspectos. Princípios que estariam negligenciados, caso se adotasse um
temível “passaporte sanitário”, haja vista seu significado intrínseco ao tolher as liberdades
individuais anteriormente conquistadas, atingindo sobremaneira a dignidade da pessoa humana.
 
Jessica Alves Rippel, Cleber Alvarenga de Medeiros e Fabiano Maluf, em seu artigo
“Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos e Resolução CNS 466/2012: análise
comparativa” enfatizam que, para Bergel,
 
A defesa da dignidade humana contra as ciladas e armadilhas de um
mundo dinâmico que avança precipitadamente, deixando de lado
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multidões que estão presas por exclusão dramática nos mais diversos
campos da vida, estabelece o vínculo indissolúvel entre bioética e
direitos humanos. Ao incluir os direitos humanos entre seus princípios,
a DUBDH incorporou as questões de direitos relacionados aos
condicionantes sociais e econômicos da vida e da saúde humana
reconhecendo a dimensão social como intrínseca à bioética.
(grifos não são do original)

Já o Art. 11 da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos dispõe que:


 
Artigo 11 – Não-Discriminação e Não-Estigmatização Nenhum indivíduo ou grupo deve ser discriminado
ou estigmatizado por qualquer razão, o que constitui violação à dignidade humana, aos direitos humanos e
liberdades fundamentais.
(grifos não são do original)

Ou seja, a bioética deve ser uma ferramenta apta a impedir que avanços científicos e
tecnológicos estejam a serviço de práticas estigmatizantes e discriminatórias que reforcem grupos sociais
dominantes em detrimento dos grupos menos valorizados.
Os mesmos autores, Jessica Alves Rippel, Cleber Alvarenga de Medeiros e Fabiano
Maluf, em seu artigo “Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos e Resolução CNS
466/2012: análise comparativa”, assim preconizam:
 
Os referenciais da dignidade humana e da não estigmatização e não
discriminação são balizadores das decisões sobre as melhores políticas
ou práticas em saúde, podendo contribuir em decisões difíceis .
Para Godoi e Garrafa, a defesa da dignidade da pessoa, considerada
como princípio central dos direitos humanos, é imperativa e requer a
luta contra os processos de discriminação e estigmatização, que
contribuem para aumentar a vulnerabilidade de determinados grupos
sociais. As diferenças e as distintas moralidades não devem se constituir
como fatores discriminatórios.
(grifos não são do original)
 
O que se verifica é que a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos
deve ser considerada em toda a extensão de seu significado para que se evitem as situações
discriminatórias que a exigência do "passaporte sanitário" poderá causar em toda a comunidade acadêmica
vinculada à Universidade Federal de Goiás e às pessoas - especialmente as hipossuficientes - que
dependem dos diversos serviços públicos que ela presta, pois, além da estigmatização já citada, contribuirá
para o aumento da vulnerabilidade das pessoas que exercerem seu direito de escolha - corolário de sua
liberdade de consciência garantida pela Constituição e pelo Pacto de São José da Costa Rica - ao não se
vacinarem.
Não há, até o momento, qualquer evidência científica robusta de que a imposição de
apresentação de comprovantes de vacinação ou "passaportes vacinais" para acesso a qualquer atividade ou
recinto de fato seja comprovadamente eficaz para minorar riscos de disseminação do SARS-CoV-2, uma
vez que a certeza de que o cidadão está totalmente vacinado não traz consigo qualquer certeza de
que ele esteja ou não infectado e de que não infectará outras pessoas no mesmo espaço onde a
exigência de comprovante de vacinação supostamente se daria, não dando ao indivíduo

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comprovadamente vacinado nenhuma vantagem real de segurança social sobre o não-vacinado, já


que ambos podem infectar terceiros com o patógeno.
Ademais, até o momento não há qualquer indício de que a nova variante (ômicron) seja
mais deletéria que as anteriores, e que demande mais numerosas ou severas medidas de intervenção social
por parte do Estado, a exemplo de "passaportes vacinais", que não foram instituídos nem sequer para as
variantes anteriores, mais graves.
Além disso, a exigência de apresentação de comprovantes de vacinação é não só inútil
para fins de prevenção de contágio como também acarreta a grave falta ética de conduzir à discriminação
entre pessoas - o que é vedado pela Constituição da República, Lei Fundamental que nenhum Conselho
Universitário ou Reitor de Universidade tem o poder de derrogar -, jogando cidadão contra cidadão,
plantando desconfiança e separatismo.
Salienta-se que singelos decretos, resoluções, instruções normativas, portarias não
podem sobrepor-se às liberdades e garantias constitucionais individuais acima mencionadas, muito menos
as podem derrogar, e que o cumprimento ou exigência de norma ilegal ou inconstitucional pode em tese
ensejar a responsabilização do administrador e do agente público, nos termos da lei penal.
Nessas circunstâncias, a malsinada Resolução que torna obrigatória a exigência de
comprovação vacinal pretendida pelo órgão federal impetrado não se constitui em um incentivo ou
estímulo à vacinação, e sim em uma obrigatoriedade indiretamente forçada, ou seja, numa coação ou
constrangimento ilegal, já que, juridicamente, e segundo o Código Penal, privação de liberdade e
restrição de direitos são penas, e por isso só podem ser impostas por sentença penal condenatória
transitada em julgado, precedida do devido processo legal e suas garantias, ou seja, não pode, jamais, ser
imposta em caráter geral e abstrato, e menos ainda por mero ato administrativo de conselhos educacionais
federais, como em termos práticos ocorre com a "Resolução" ora vergastada.
Questionável é a imposição de tal medida levando-se ainda em consideração que a
própria Organização Mundial de Saúde - OMS4 desrecomenda a adoção de "passaportes vacinais".
A questão é tão afrontosa aos direitos do indivíduo que vários Estados, tanto do país
quando de outras soberanias, chegaram ao ponto de positivar regras proibindo expressamente a
discriminação das pessoas não-vacinadas contra covid-19, a exemplo da novel Lei 5.179, de 9 de
dezembro de 2021 do Estado de Rondônia7, a Executive Order Number 21-81 do Estado da Flórida,
a Executive Order GA 40 do Estado do Texas.
Portanto, a criação de um “passaporte” tem enorme potencial de desencadear uma
estigmatização ou alijamento de direitos e liberdades civis daqueles que usam e frequentam as
dependências e serviços da UFG no Estado de Goiás e que, por vontade própria ou por qualquer
motivo alheio à sua vontade, optaram por exercer o direito de não se submeter à imunização contra
o SARS-CoV-2 pela via das vacinas atualmente oferecidas no território nacional.
 
 

5.2 DA VIOLAÇÃO À INTIMIDADE DAS PESSOAS

 
 
Estabelece a Constituição, em seu art. 5º, X, in verbis:
 
"X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;" (Constituição da República Federativa de 1988).
 
Ora, a  mera  solicitação  de  comprovação  de  vacinação  imposta pelo CONSUNI-
UFG  e mantida pela autoridade judicial coatora pode,  em  tese,  implicar  em potencial  coação  ou, 
quando  menos, constrangimento  ilegal,  ainda  que  sutil,  para  exposição  de  dados  alusivos  à  vida 
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íntima  e  privada  -  guarnecidos  por  inviolabilidade  de  sigilo  de  estatura constitucional insculpida no
art. 5º, X, da Constituição da República -  do  público  que  por  qualquer  motivo  necessite  ter  acesso 
às  dependências  de  qualquer  estabelecimento  público  ou  privado  de  acesso  ao  público situados nos
campi da UFG no Estado de Goiás, especialmente sobre o respeito ao sigilo de informações relativas à
saúde pessoal dos indivíduos.
Logo, além de violar de maneira frontal a incondicionada liberdade de locomoção da
coletividade de pessoas que deseje ou necessite , por qualquer motivo que seja, adentrar e transitar pelas
diversas dependências da Universidade Federal de Goiás, a vergastada Resolução expedida pelo
CONSUNI-UFG e mantida pela  autoridade coatora ainda constrange as pessoas a revelarem a seus
agentes ou prepostos dados referentes a si constitucionalmente protegidos por serem de caráter íntimo
(saúde).
A perversidade vai, portanto, além da limitação afrontosa à liberdade de ir e vir, afetando
também a proteção constitucional à intimidade e ao sigilo de dados a ela ínsito, porque condiciona o
exercício da liberdade de ir e vir à quebra deste sigilo. Dupla violação às garantias constitucionais do
indivíduo: as protegidas pelos incisos X e XV do art. 5º da Constituição - que, frise-se, não podem ser
suspensos por nenhuma situação - nem mesmo das muitas epidemias e pandemias que a humanidade já
enfrentou - que não seja a de estado de sítio ou de necessidade declarados com a observância dos ritos
constitucionais indispensáveis.
 
 

5.3 DA LIBERDADE DE IR E VIR – DIREITO FUNDAMENTAL GARANTIDO POR


CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS

 
A Declaração de Helsinque II de 1975, item 9, protege o “livre consentimento do
indivíduo” em qualquer experimento, in litteris:
 
9 - Em qualquer pesquisa com seres humanos, cada indivíduo em potencial deve ser informado de forma
adequada sobre os objetivos, métodos, benefícios esperados e riscos potenciais do estudo e o desconforto que
o mesmo possa causar. O indivíduo deve ser informado de que dispõe de liberdade de retirar o seu
consentimento de participação a qualquer época. O médico deve, portanto, obter o livre consentimento do
indivíduo, de preferência por escrito.
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe em seus artigos 6°, 7°, 8° e 13
acerca do reconhecimento como pessoa, igualdade, direito à locomoção dentro e para fora de seu país, a
saber:
(...)
Artigo 6. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo 7. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para
os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
(...)
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
 
Ainda, a pretensão de exigência do malsinado "passaporte vacinal" pode, em tese, vir a
configurar os crimes contra a humanidade tipificados no art. 7º, parágrafo 1, alíneas "a", "h" e "k" do
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Estatuto de Roma, integrado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 4.388, de 25 de


setembro de 2002, com eventual julgamento e responsabilização penal pelo Tribunal Penal Internacional
dos agentes administrativos que a tenham por qualquer meio instituído, in verbis:
Artigo 7º- Crimes contra a Humanidade
1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos
seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população
civil, havendo conhecimento desse ataque:
a) Homicídio;
(...)
h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais,
nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3º, ou em função
de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional,
relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do
Tribunal;
(...)
k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou
afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.
2. Para efeitos do parágrafo 1º:
a) Por "ataque contra uma população civil" entende-se qualquer conduta que envolva a prática múltipla
de atos referidos no parágrafo 1º contra uma população civil, de acordo com a política de um Estado ou
de uma organização de praticar esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa política;
(...)
g) Por "perseguição'' entende-se a privação intencional e grave de direitos fundamentais em violação do
direito internacional, por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa;
 
 
Outro parâmetro de convencionalidade de Direitos Humanos que tem força imediata
sobre o constrangimento perpetrado pelo CONSUNI é o que consta das seguintes normas do Pacto de São
José da Costa Rica, tratado internacional de direitos humanos do qual o Brasil é parte, e internalizado em
seu ordenamento jurídico pelo Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992, litteris:
 
    ARTIGO 1
    Obrigação de Respeitar os Direitos
        1. Os Estados-Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela
reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer
outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição
social.
    2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
 
    ARTIGO 5
    Direito à Integridade Pessoal
    1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
 
    ARTIGO 12
    Liberdade de Consciência e de Religião
    1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de
professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em
privado.
 
   ARTIGO 22
    Direito de Circulação e de Residência

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    1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de circular nele e de
nele residir conformidade com as disposições legais.
    2. toda pessoa tem o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive do próprio.
    3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode ser restringido senão em virtude de lei, na
medida indispensável, numa sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a
segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades
das demais pessoas.
        4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas
determinadas, por motivos de interesse público.
 
  ARTIGO 24
    Igualdade Perante a Lei
    Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação, a igual
proteção da lei.
 
    ARTIGO 28
    Cláusula Federal
    1. Quando se tratar de um Estado-Parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido
Estado-Parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as matérias sobre as
quais exerce competência legislativa e judicial.
        2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades
componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em
conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas
entidades possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
 
   ARTIGO 29
    Normas de Interpretação
    Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de:
    a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos direitos e
liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;
    b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos de acordo
com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção em que seja parte um
dos referidos Estados;
        c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma
democrática representativa de governo; e
        d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem e outros atos internacionais da mesma natureza.
 
  ARTIGO 30
    Alcance das Restrições
    As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela
reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promulgadas por motivo de
interesse geral e com o propósito para o qual houverem sido estabelecidas.
 
Dessarte, a RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021 não só
coarcta a liberdade de locomoção garantida pela Constituição da República como também a garantida por
convenções internacionais de direitos humanos das quais o Brasil é signatário, bem como outras que são
amplamente aceitas pela comunidade internacional em garantia dos direitos humanos, desafiando por isso
o manejo de urgente e expressa ordem de habeas corpus por este Poder Judiciário.
 
 

5.4. DA INOBSERVÂNCIA DOS PARADIGMAS JURISPRUDENCIAIS APLICÁVEIS AO ATO

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A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de
setembro de 1942) em seu art. 28 dispõe que o agente público responderá pessoalmente por suas decisões
ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro, verbis:
 
Art. 28.  O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de
dolo ou erro grosseiro.
 
O Supremo Tribunal Federal assentou, em decisão proferida nos autos da Medida
Cautelar na ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.427 , a tese de que o ato administrativo que
ensejar violação do direito à vida ou à saúde configura erro grosseiro, e que os agentes públicos devem
observar os princípios constitucionais da prevenção e da precaução, sob pena de se tornarem
corresponsáveis por eventuais violações a tais direitos - que no caso se materializam por desprezar o risco
à vida que as vacinas podem acarretar, e que nenhum indivíduo pode ser constrangido, por nenhum meio
direto ou indireto, a submeter-se a tal risco; e que a solicitação ou exigência de passaportes sanitários
contraria critérios técnicos estabelecidos pela própria OMS.
Por fim, veja-se que na ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade 658630 - que aqui
só traz à baila ad argumentandum tantum, uma vez que entendemos que nela o sodalício oficiante falhou
ao proteger as liberdades constitucionais condicionando inaceitavelmente suas normas de fundo - o STF
decidiu que "a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde
que previstas em lei, ou dela decorrentes, e  (i) tenham como base evidências científicas e análises
estratégicas pertinentes, (ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e
contraindicações dos imunizantes,  (iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das
pessoas, (iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade  e (v) sejam as vacinas
distribuídas universal e gratuitamente; e (II) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser
implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as
respectivas esferas de competência” e que o CONSUNI-UFG e seu representante não lograram em seus
consideranda e esclarecimentos demonstrar lastro nenhum documento científico robusto que
comprovasse que a exigência de comprovação vacinal por ele pretendida seja eficiente para a
prevenção da disseminação do patógeno em tela, bem como que não respeita a dignidade humana e
o direito fundamental de ir e vir das pessoas e nem atende aos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, já que imprimem maior severidade a circunstância de menor
gravidade (atualmente a prevalência da variante ômicron, com baixa taxa de ocupação de leitos e baixo
índice de casos novos de COVID19 em todo o mundo), desatendendo de forma óbvia a concomitância dos
requisitos i, iii e iv especificados na referida decisão, além de não estar a medida prevista em lei, uma
vez que o Projeto de Lei 1158/21 ainda está em fase de tramitação  na Câmara dos Deputados, ou
seja, a medida foi tomada ao arrepio da legalidade, exigida pelo Pacto de São José da Costa Rica
para o tipo de limitação e exclusão que o ato administrativo espúrio do CONSUNI veicula.
Desse modo, a  exigência  de  comprovação  vacinal  imposta pelo CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS não
tem  base  em  evidências  científicas, já que nenhuma é mencionada nos consideranda do ato
administrativo do CONSUNI-UFG mantida pela autoridade coatora, e nem se fez acompanhar de
qualquer análise estratégica formal;  não  respeita  a  dignidade  humana  e  o  direito  fundamental 
de  ir  e  vir  das  pessoas e nem atende aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, já que
imprimem maior severidade a circunstância de menor gravidade (a de prevalência da variante
chamada ômicron, com baixa taxa de ocupação de leitos e baixo índice de casos novos de covid19 no
Estado de Goiás), desatendendo de forma óbvia a concomitância dos requisitos i, iii e iv
especificados na referida decisão do STF, além de não estar prevista em lei, uma vez que o Projeto
de Lei 1158/21 ainda está em fase de tramitação na Câmara dos Deputados.
Portanto, REQUER a imediata aplicação por este Juízo do remédio constitucional ora
manejado contra o constrangimento ilegal que advém da  Resolução do órgão federal ora impetrado, por
configurar na prática constrangimento ilegal ao livre exercício de direitos e garantias constitucionais
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de ir, vir, estar, permanecer tanto dos membros da comunidade universitária quanto do público
externo abrangendo todas  dependências e serviços da UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS e
suas Fundações, Conselhos, Seções, departamentos e subdivisões.
 

5.5 DA ILEGALIDADE DA DECISÃO JUDICIAL ORA GUERREADA, COATORA DA


LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO

O Juiz Federal coator, ao analisar o mérito da tutela de urgência requerida no habeas


corpus que tramitou em sua jurisdição, recebeu-a, ao que parece, sob o rito de mandado de segurança - o
que se nos parece impróprio, além de ter sido carente de fundamentação - e denegou-a sob os seguintes
fundamentos:
Embora muitos se insurjam contra a exigência do passaporte de vacinação contra a Covid-19 e haver
discussões calorosas nas redes sociais sobre o tema, é inegável a necessidade de medidas mais rigorosas
para combater e por fim a esta pandemia da Covid-19, razão pela qual se faz necessária a interferência do
Poder Judiciário no caso.
A Resolução CONSUNI/UFG nº 117/2021, contra a qual se insurge a impetrante, não está contrária às
medidas adotadas por outros entes públicos no país nem viola a liberdade de locomoção do cidadão.
A leitura da Constituição Federal não pode ser feita de maneira isolada. Se de um lado existe o direito do
cidadão de se locomover livremente, de outro lado existe o direito social de todos os cidadãos à saúde
contemplado no art. 6º da Carta Magna. Além do referido artigo, a mesma Constituição Federal, em seu
artigo 196, fixa que a saúde é direito de todos e dever do Estado. É desta forma que deve ser feita a leitura
da Constituição Federal, ou seja, de maneira harmônica, e não isolada.
A exigência do passaporte de vacinação para Covid-19 exigida para ter acesso às dependências da UFG
envolve medida necessária para resguardar a saúde da comunidade universitária. Assim, comportamentos
negacionistas de uma minoria não podem se sobrepor ao interesse maior na proteção da vida e da saúde.
Conforme já exposto, o passaporte da vacinação para Covid-19 é medida adotada para se conter a
propagação do novo vírus ômicron que já está presente em vários países, inclusive, com casos já detectados
no Brasil, e evitar a morte de mais pessoas.
Havendo conflito de normas, regras e princípios constitucionais, deve-se aplicar a técnica do
balanceamento, de modo a colocar na balança os interesses em colisão, extraindo uma conclusão ponderada
e razoável, que faça prevalecer, sempre que possível, o interesse coletivo sobre o interesse individual, desde
que as regras (restritivas) impostas sejam necessárias e adequadas à consecução do bem coletivo.
Ainda deve ser registrado que o uso da presente demanda pela DPU (órgão de matriz constitucional
responsável pela defesa de valores relevantes da sociedade) tem o condão de causar um inicial espanto em
razão de ir contra o esforço para a proteção da vida e da saúde.
Destarte, o princípio da precaução recomenda, nesse incipiente estágio processual, o indeferimento da
medida pleiteada pelo polo ativo, a fim de resguardar a saúde e a vida da população.
Ante o exposto, indefiro o pedido de liminar.
Notifique-se a autoridade impetrada para prestar informações.
Dê-se ciência ao representante judicial da entidade interessada, nos termos do art. 7º, II, da LMS.
 
Pretende a impetrante, em sede de liminar, “a ordem de habeas corpus, contra a
RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, ou eventual norma posterior de
semelhante teor, para garantir a liberdade de locomoção incondicionada de todas as pessoas que estejam a
o tencionem transitar pelas dependências da Universidade Federal de Goiás, permitindo-se-lhes o
exercício pleno de seu direito fundamental constitucional de locomoção para
Passa-se agora a analisar e impugnar cada um dos argumentos esgrimidos pelo Juiz
Federal coator para proferir ato judicial que, ao denegar decisão liminar concessiva de ordem de habeas
corpus  nos autos de nº 1059396-61.2021.4.01.3500, manteve a coação ilegal veiculada pela Resolução
CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, impugnando-se-os pelos seguintes silogismos:
 
i) seria duvidoso aos olhos da autoridade coatora o cabimento de habeas corpus no caso
para questionar lei em tese - que no caso o juiz identifica com a Resolução CONSUNI/UFG nº 117, de 26
de novembro de 2021.
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Sobre este risonho ponto, não se sabe como, pelo princípio da hierarquia das normas e
sua origem, pode-se presumir ser "lei em tese" - rectius: lei emitida pelo Poder Legislativo - mera
Resolução emitida por um singelo Conselho de Universidade Federal. Obviamente a Resolução de
Conselho é mero ato administrativo de hierarquia inferior e não é lei em tese, podendo
perfeitamente veicular - como no caso veicula - uma ilegalidade que resulta de forma direta numa
limitação à liberdade de ir e vir da coletividade de pessoas que devem transitar pelas dependências
da UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Mais não é preciso dizer.
 
ii) de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (HC 572.269) e do
Supremo Tribunal Federal (HC 109.101), não é cabível a impetração de habeas corpus contra ato
normativo em tese – no caso Resolução CONSUNI/UFG nº 117, de 26 de novembro de 2021.
 
Ocorre que não se trata de impetração contra ato normativo em tese, e sim contra
ato normativo de efeitos concretos (!), já em vigor. E a concreção de efeitos é exatamente a limita
imediata da liberdade de ir e vir dentro das dependências da UFG. Inaplicável, portanto, o precedente do
HC 572.269 do STJ invocado pela autoridade judicial coatora, pois trata-se de ato administrativo com
efeitos concretos, e não em tese.
Atos administrativos normativos, como conceito básico do Direito Administrativo,
são aqueles que contêm um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei. Seu objetivo
imediato é explicar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administradores. São,
portanto, atos inferiores à lei, ao decreto, ao regulamento e ao regimento. A esse respeito, confira-se a
consigna de vetor interpretativo para autoridades administrativas universitárias da Universidade Federal de
Santa Catarina:
 
Atos administrativos normativos: são aqueles que contêm um comando
geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei. O objetivo imediato
de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela Administração
e pelos administradores. Esses atos expressam em minúcia o mandamento
abstrato da lei, e o fazem com a mesma normatividade da regra legislativa,
embora sejam manifestações tipicamente administrativas. A essa categoria
pertencem os  decretos regulamentares  e os  regimentos, bem como
as resoluções, deliberações e portarias de conteúdo geral. Esses atos, por
serem gerais e abstratos, têm a mesma normatividade da lei e a ela se
equiparam para fins de controle judicial, mas quando, sob a aparência de
norma, individualizam situações e impõem encargos específicos a
administradores, são considerados de  efeitos concretos  e podem ser
atacados e invalidados direta e imediatamente por via judicial comum, ou
por mandado de segurança, se lesivos de direito individual líquido e
certo.10
 
Obviamente no presente caso, na Resolução CONSUNI/UFG nº 117, de 26 de novembro
de 2021  não se tem ato administrativo normativo, simplesmente porque, até o momento, como já
explicitado alhures, não há lei vigente que tenha obrigado e nem sequer disciplinado em qualquer
extensão o uso do "passaporte vacinal". Absurdo seria também que o Administrador, ora identificado na
figura do CONSUNI-UFG, tivesse se entregado, ao editar o ato ilegal, de pretender explicar a norma
concreta de substituição provisoriamente veiculada pelo Supremo Tribunal Federal na ADI - Ação Direta
de Inconstitucionalidade 658630 , já que o próprio STF decidiu em seu bojo que "a restrição ao exercício
de certas atividades ou à frequência de determinados lugares,  desde que previstas em lei, ou dela
decorrentes, e  (i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, (ii)
venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos
imunizantes, (iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas, (iv) atendam
aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade  e (v) sejam as vacinas distribuídas universal e
gratuitamente; e (II) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela

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União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de
competência”.  Administrativamente presunçoso e causador de não pouca estranheza seria que o
CONSUNI-UFG se arrogasse na presunçosa posição de explicar a observância dessa norma substitutiva
concreta veiculada pelo próprio STF, que já a explicou em termos bastantes, motivo pelo qual, até onde se
sabe, não houve superveniência de provimento pelo referido sodalício a eventuais embargos de declaração
por omissão no regramento judicial posto.
Demais, disso, e como não há ainda a lei (como expressamente mencionado pelo STF)
que permita o manejo do malsinado passaporte segregador, não há ato normativo possível a ser
identificado na Resolução CONSUNI/UFG nº 117, de 26 de novembro de 2021, donde se conclui que, sob
as feições de ato normativo em tese, o descobrimento de sua natureza jurídica lhe revela, em realidade,
como ato administrativo executivo de efeitos concretos, praticado com evidente ilegalidade, e inclusive
com usurpação das autoridades que o poderiam praticar - no caso, o Presidente da República e o Ministro
da Educação, obviamente em Âmbito nacional, a fim de evitar disparidades entre instituições de ensino
superior -, para não mencionar-se aqui a pluralidade de equívocos de juízo de conveniência e oportunidade
do ilegal ato praticado pelo CONSUNI-UFG - o que não vem ao caso.
Ainda que, ignorando-se todos os claros fundamentos acima expostos, se viesse a
entender que a malsinada Resolução fosse um ato administrativo normativo em tese - o que aqui só se
menciona ad argumentandum tantum, dada a obviedade do contrário - a concessão da ordem de habeas
corpus para cessar o cerceamento que ela veicula à liberdade de locomoção da coletividade identificável
de pessoas seria totalmente viável, uma vez que se estribaria em mero controle meramente incidental,
difuso, da norma constitucional paradigmática que protege a liberdade atacada - o que não é vedado pela
jurisprudência -, não se configurando hipótese de controle concentrado da norma. Aliás, o cotejo do ato
acoimado de coator com norma legal ou constitucional protetora de garantias individuais é ínsito à própria
ação de habeas corpus, pois diz com sua identificação; do contrário, o próprio habeas corpus careceria de
norma a ser protegida, e perderia seu lugar no ordenamento jurídico. Precedente nesse sentido foi a
decisão do próprio STF no HC 97.256, in verbis:
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 44
DA LEI 11.343/2006: IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA RESTRITIVA DE
DIREITOS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA À GARANTIA
CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
(INCISO XLVI DO ART. 5º DA CF/88). ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. 1. O processo de individualização da pena é um caminhar
no rumo da personalização da resposta punitiva do Estado,
desenvolvendo-se em três momentos individuados e complementares: o
legislativo, o judicial e o executivo. Logo, a lei comum não tem a força de
subtrair do juiz sentenciante o poder-dever de impor ao delinqüente a
sanção criminal que a ele, juiz, afigurar-se como expressão de um
concreto balanceamento ou de uma empírica ponderação de circunstâncias
objetivas com protagonizações subjetivas do fato-tipo. Implicando essa
ponderação em concreto a opção jurídico-positiva pela prevalência do
razoável sobre o racional; ditada pelo permanente esforço do julgador para
conciliar segurança jurídica e justiça material. 2. No momento sentencial
da dosimetria da pena, o juiz sentenciante se movimenta com ineliminável
discricionariedade entre aplicar a pena de privação ou de restrição da
liberdade do condenado e uma outra que já não tenha por objeto esse bem
jurídico maior da liberdade física do sentenciado. Pelo que é vedado
subtrair da instância julgadora a possibilidade de se movimentar com certa
discricionariedade nos quadrantes da alternatividade sancionatória. 3. As
penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternativa aos efeitos
certamente traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere. Não é à toa
que todas elas são comumente chamadas de penas alternativas, pois essa é
mesmo a sua natureza: constituir-se num substitutivo ao encarceramento e
suas seqüelas. E o fato é que a pena privativa de liberdade corporal não é a
única a cumprir a função retributivo-ressocializadora ou restritivo-
preventiva da sanção penal. As demais penas também são vocacionadas
para esse geminado papel da retribuição-prevenção-ressocialização, e
ninguém melhor do que o juiz natural da causa para saber, no caso
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concreto, qual o tipo alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e,


ao mesmo tempo, recuperar socialmente o apenado, prevenindo
comportamentos do gênero. 4. No plano dos tratados e convenções
internacionais, aprovados e promulgados pelo Estado brasileiro, é
conferido tratamento diferenciado ao tráfico ilícito de entorpecentes que se
caracterize pelo seu menor potencial ofensivo. Tratamento diferenciado,
esse, para possibilitar alternativas ao encarceramento. É o caso da
Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias
Psicotrópicas, incorporada ao direito interno pelo Decreto 154, de 26 de
junho de 1991. Norma supralegal de hierarquia intermediária, portanto,
que autoriza cada Estado soberano a adotar norma comum interna que
viabilize a aplicação da pena substitutiva (a restritiva de direitos) no
aludido crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 5. Ordem parcialmente
concedida tão-somente para remover o óbice da parte final do art. 44
da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a
conversão em penas restritivas de direitos”, constante do § 4º do art.
33 do mesmo diploma legal. Declaração incidental de
inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de
substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de
direitos; determinando-se ao Juízo da execução penal que faça a avaliação
das condições objetivas e subjetivas da convolação em causa, na concreta
situação do paciente.

(STF, HC 97256, Relator(a): AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado


em 01/09/2010, DJe-247 DIVULG 15-12-2010 PUBLIC 16-12-2010
EMENT VOL-02452-01 PP-00113 RTJ VOL-00220-01 PP-00402 RT v.
100, n. 909, 2011, p. 279-333) 
 
Trata-se de controle concreto de ato que limita a liberdade de locomoção de toda a
coletividade determinada/determinável de pessoas que fazem parte da comunidade acadêmica da UFG
e/ou que necessita transitar ou permanecer em suas dependências para acesso aos serviços públicos por ela
prestados. Quanto ao precedente do HC 109.101 do STF, também invocado pela autoridade coatora a para
construir um silogismo que pudesse conduzir à denegação da ordem, é de ver-se que não trata do objeto do
remédio, e sim da extensão de seu alcance a uma coletividade, uma vez que apenas enuncia uma hipótese
de descabimento de habeas corpus coletivo. Tal precedente é inaplicável ao presente caso, que possui
coletividade determinada ou determinável. Melhor se amolda ao caso o que o STF já decidiu nos
autos do HC 143.641, já do mais recente ano de 2018, concedendo a ordem para toda uma (grande)
coletividade determinada, in litteris:
 
"Ementa: HABEAS CORPUS COLETIVO. ADMISSIBILIDADE.
DOUTRINA BRASILEIRA DO HABEAS CORPUS. MÁXIMA
EFETIVIDADE DO WRIT. MÃES E GESTANTES PRESAS.
RELAÇÕES SOCIAIS MASSIFICADAS E BUROCRATIZADAS.
GRUPOS SOCIAIS VULNERÁVEIS. ACESSO À JUSTIÇA.
FACILITAÇÃO. EMPREGO DE REMÉDIOS PROCESSUAIS
ADEQUADOS. LEGITIMIDADE ATIVA. APLICAÇÃO ANALÓGICA
DA LEI 13.300/2016. MULHERES GRÁVIDAS OU COM CRIANÇAS
SOB SUA GUARDA. PRISÕES PREVENTIVAS CUMPRIDAS EM
CONDIÇÕES DEGRADANTES. INADMISSIBILIDADE. PRIVAÇÃO
DE CUIDADOS MÉDICOS PRÉ-NATAL E PÓS-PARTO. FALTA DE
BERÇARIOS E CRECHES. ADPF 347 MC/DF. SISTEMA PRISIONAL
BRASILEIRO. ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL.
CULTURA DO ENCARCERAMENTO. NECESSIDADE DE
SUPERAÇÃO. DETENÇÕES CAUTELARES DECRETADAS DE
FORMA ABUSIVA E IRRAZOÁVEL. INCAPACIDADE DO ESTADO
DE ASSEGURAR DIREITOS FUNDAMENTAIS ÀS
ENCARCERADAS. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO
MILÊNIO E DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. REGRAS DE BANGKOK.
ESTATUTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA. APLICAÇÃO À ESPÉCIE.
ORDEM CONCEDIDA. EXTENSÃO DE OFÍCIO. I – Existência de
relações sociais massificadas e burocratizadas, cujos problemas estão a

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exigir soluções a partir de remédios processuais coletivos, especialmente


para coibir ou prevenir lesões a direitos de grupos vulneráveis. II –
Conhecimento do writ coletivo homenageia nossa tradição jurídica de
conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico, conhecida
como doutrina brasileira do habeas corpus. III – Entendimento que se
amolda ao disposto no art. 654, § 2º, do Código de Processo Penal -
CPP, o qual outorga aos juízes e tribunais competência para expedir,
de ofício, ordem de habeas corpus, quando no curso de processo,
verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
ilegal. IV – Compreensão que se harmoniza também com o previsto
no art. 580 do CPP, que faculta a extensão da ordem a todos que se
encontram na mesma situação processual. V - Tramitação de mais de
100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais
de 16 mil juízes, a qual exige que o STF prestigie remédios processuais
de natureza coletiva para emprestar a máxima eficácia ao
mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao
princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional VI - A
legitimidade ativa do habeas corpus coletivo, a princípio, deve ser
reservada àqueles listados no art. 12 da Lei 13.300/2016, por analogia ao
que dispõe a legislação referente ao mandado de injunção coletivo. VII –
Comprovação nos autos de existência de situação estrutural em que
mulheres grávidas e mães de crianças (entendido o vocábulo aqui em seu
sentido legal, como a pessoa de até doze anos de idade incompletos, nos
termos do art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA) estão, de
fato, cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de
cuidados médicos pré-natais e pós-parto, inexistindo, outrossim berçários
e creches para seus filhos. VIII – “Cultura do encarceramento” que se
evidencia pela exagerada e irrazoável imposição de prisões provisórias a
mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na
interpretação e aplicação da lei penal, bem assim da processual penal,
mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter humanitário,
abrigadas no ordenamento jurídico vigente. IX – Quadro fático
especialmente inquietante que se revela pela incapacidade de o Estado
brasileiro garantir cuidados mínimos relativos à maternidade, até mesmo
às mulheres que não estão em situação prisional, como comprova o “caso
Alyne Pimentel”, julgado pelo Comitê para a Eliminação de todas as
Formas de Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas. X – Tanto
o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio nº 5 (melhorar a saúde
materna) quanto o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 5
(alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e
meninas), ambos da Organização das Nações Unidades, ao tutelarem a
saúde reprodutiva das pessoas do gênero feminino, corroboram o pleito
formulado na impetração. X – Incidência de amplo regramento
internacional relativo a Direitos Humanos, em especial das Regras de
Bangkok, segundo as quais deve ser priorizada solução judicial que
facilite a utilização de alternativas penais ao encarceramento,
principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão
condenatória transitada em julgado. XI – Cuidados com a mulher presa
que se direcionam não só a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais
sofrem injustamente as consequências da prisão, em flagrante
contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor determina que se dê
prioridade absoluta à concretização dos direitos destes. XII – Quadro
descrito nos autos que exige o estrito cumprimento do Estatuto da
Primeira Infância, em especial da nova redação por ele conferida ao art.
318, IV e V, do Código de Processo Penal. XIII – Acolhimento do writ
que se impõe de modo a superar tanto a arbitrariedade judicial quanto a
sistemática exclusão de direitos de grupos hipossuficientes, típica de
sistemas jurídicos que não dispõem de soluções coletivas para problemas
estruturais. XIV – Ordem concedida para determinar a substituição da
prisão preventiva pela domiciliar - sem prejuízo da aplicação
concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP - de
todas as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e
deficientes, nos termos do art. 2º do ECA e da Convenção sobre Direitos
das Pessoas com Deficiências (Decreto Legislativo 186/2008 e Lei
13.146/2015), relacionadas neste processo pelo DEPEN e outras
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autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados os casos


de crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra
seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais
deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o
benefício. XV – Extensão da ordem de ofício a todas as demais mulheres
presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e de pessoas com
deficiência, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas
em idêntica situação no território nacional, observadas as restrições acima.
(STF, HC 143641, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda
Turma, julgado em 20/02/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215
DIVULG 08-10-2018 PUBLIC 09-10-2018)
 
Logo, não os precedentes invocados pelo Juiz Federal coator não se amoldam ao caso
concreto de violação ora veiculado. Ao revés, os precedentes aplicáveis à espécie (HC 97.256 e HC
143.641, ambos do STF) são permissivos ao uso da via para a tutela aqui pretendida, sem qualquer óbice.
 
iii) a  Resolução CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, não viola a
liberdade de locomoção.
 
Nada mais equivocado, uma vez que, jogados por terra todos os sofismas e silogismos, o
que remanesce como efeito prático do ato coator originalmente impugnado é uma só coisa:
cerceamento da liberdade das pessoas não-vacinadas de circular com a liberdade de sempre pelas
dependências da UFG! Simples assim. A liberdade de locomoção resta obviamente violada e isso é
aferível por qualquer pessoa de mediano entendimento.
 
iv) a leitura da Constituição Federal não poderia ser feita de maneira isolada e que, se
de um lado existe o direito do cidadão de se locomover livremente, de outro lado existiria o direito social
de todos os cidadãos à saúde contemplado no art. 6º da Carta Magna; e que, além do referido artigo, a
mesma Constituição Federal, em seu artigo 196, fixa que a saúde é direito de todos e dever do Estado, e
que - segundo entende - é desta forma que deve ser feita a leitura da Constituição Federal, ou seja, de
maneira harmônica, e não isolada.
 
Quanto a tal argumento, data venia se nos parece míope, pois enxerga o direito social
não de todos, como diz a Constituição, e sim apenas os de uma maioria de pessoas que decidiu se vacinar
com as vacinas hoje disponíveis, olvidando-se de que a minoria talvez distante de seus olhos que decidiu
não se vacinar - quer porque respaldadas pelo direito do art. 15 do Código Civil, quer porque
simplesmente estão no regular exercício de sua liberdade de consciência - também faz parte do TODOS a
que aludem o direito à saúde a que aludem arts. 6º e 196 da Constituição. O direito da minoria que faz
parte do "todos" a que alude o texto constitucional foi simplesmente ignorado pelo MM Juiz Federal que
ora se encontra na condição de autoridade coatora, e é exatamente em defesa dessa minoria, que ao
vacinar-se pode vir a ter reações adversas gravíssimas (miocardite, pericardite, tromboembolias, síndrome
de Guillain-Barré, dentre outras reações terríveis, comprometedoras e definitivas) que a DEFENSORIA
PÚBLICA DA UNIÃO, pelos defensores públicos ora signatários, no seu mais legítimo dever legal de
defesa dos direitos das minorias vulneráveis - os "párias" rotulados de não-vacinados - atingidas insurgiu-
se ao impetrar o habeas corpus da 1ª instância contra o ato de um conselho universitário que tolheu a
liberdade de locomoção dos que diante dessas razões não se vacinaram com as vacinas ora oferecidas.
 
v) havendo conflito de normas, regras e princípios constitucionais, deve-se aplicar a
técnica do balanceamento, de modo a colocar na balança os interesses em colisão, extraindo uma
conclusão ponderada e razoável, que faça prevalecer, sempre que possível, o interesse coletivo sobre o
interesse individual, desde que as regras (restritivas) impostas sejam necessárias e adequadas à
consecução do bem coletivo.
 
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A autoridade coatora bem frisou o "sempre que possível", mas deixou, lamentavelmente,
de se conduzir de acordo com a melhor regra de balanceamento, uma vez que as regras restritivas impostas
pelo CONSUNI não são nem necessárias - porque assim não demonstradas cientificamente pelo órgão - e
nem adequadas, já que alijam os não-vacinados do direito de ir, vir e permanecer dentro das dependências
da UFG. Vale dizer: no presente caso não é possível decisão que faça prevalecer o interesse coletivo da
maioria sobre o interesse individual e nem mesmo sobre o interesse também coletivo da minoria de
não-vacinados, composto pelos indivíduos que por qualquer motivo que seja decidiram não se
vacinar,    no suposto juízo de balanceamento, sacrifica completamente a liberdade de locomoção desta
coletividade dentro daquele território em vez de observá-la. A única decisão possível, em tese, é a que
privilegia a liberdade individual que configura cláusula pétrea, porque decisão contrária malferiria - como
no caso malferiu! - inclusive o direito dos não-vacinados a tratamentos de saúde dentro dos recintos dos
hospitais e clínicas universitárias médicas e odontológicas da UFG.
A falha de interpretação da autoridade coatora vai a um ponto mais profundo que esse:
olvida o pequeno detalhe de que a opção de balanceamento entre os direitos em aparente pugna não pode
ser feita pelo Judiciário porque ela já foi feita pela própria Constituição, que elevou o direito à liberdade
de locomoção à categoria de garantia individual qualificada inclusive como cláusula pétrea. Foi revestida
de proteção de hierarquia tal que se sobrepõe inclusive aos demais direitos e garantias que a própria
Constituição estabeleceu sem tal hierarquia e qualificação. O Poder Judiciário, malgrado toda a sua cultura
e respeitabilidade, tem papel constitucional bem definido, e não pode substituir-se jamais ao Poder
Constituinte originário em valorações especialíssimas de ponderação que este mesmo já fez na redação
originária da Carta ao inserir em sua parte imutável (as cláusulas pétreas) determinadas garantias, como é
o caso da liberdade de locomoção, não assim do direito social à saúde. Logo, o douto e culto Juízo coator
da liberdade de locomoção da minoria não-vacinada olvidou-se, ao tentar aplicar a técnica de
balanceamento, que ela seria inaplicável à espécie, uma vez que, em se tratando de aparente conflito entre
direito social e cláusula pétrea de garantia individual à vida - que se relegada a segundo plano pode
inclusive resultar na morte de não-vacinados por falta de tratamento médico, odontológico, jurídico etc.,
além de possivelmente resultar em outros agravos à sua saúde, seja pela falta de tratamento, seja pela
própria aplicação das vacinas que lhes podem causar reações adversas e morte -, o balanceamento já foi
feito pelo próprio Poder Constituinte, que colocou todo o peso do lado da balança da liberdade de
locomoção elevada à condição de cláusula pétrea. É dizer que, em tempo de paz, sem vigência de
decretação de estado de sítio, ainda que todos os demais direitos sociais somados fossem colocados no
outro prato da balança, não poderiam fazer o peso daquela outra garantia diminuir - o que, inclusive,
mostra o brilhantismo do sistema de checks and balances, e obsta em casos tais que o Poder Judiciário se
sobreponha ao Poder Constituinte, malferindo a tripartição dos Poderes.
Portanto, num suposto e eventual exercício de ponderação - que aqui só se aventa ad
argumentandum tantum, já que inaplicável na espécie por predominar por default a cláusula pétrea da
liberdade de locomoção - entre o direito de uma maioria vacinada à saúde de um lado, representado pela
medida de apartamento e impedimento de locomoção dos não-vacinados destes (cientificamente carente
de comprovação), de um lado, e de outro a regra pétrea da liberdade de locomoção dos não-vacinados,
aliada ao direito individual destes à manutenção de sua própria saúde - que é a porção do direito social à
saúde de que são também titulares - e de sua vida pela rejeição à inoculação de tratamento médico que os
sujeita a risco ao qual ninguém pode ser obrigado, a balança, por singela lógica, já pesaria em favor destes
últimos, e deveria ter conduzido Sua Excelência o Juiz Federal da 2ª Vara da Seção Judiciária de Goiás,
ora apontado como autoridade coatora, a ter decidido de maneira oposta à que fez quanto ao pedido de
liminar.
 
vi) o princípio da precaução recomendaria o indeferimento da medida liminar pleiteada,
a fim de "resguardar a saúde e a vida da população".
 
Como frisado no último razoamento, o "resguardar a saúde e a vida da população" não
pode se cingir a um  "resguardar a saúde e a vida da população vacinada", senão que também a
um  "resguardar a saúde e a vida da população não-vacinada", que pode vir a óbito pela inoculação da
própria vacina, como já comprovaram estudos científicos reconhecidos a nível mundial e já mencionados
nesta peça e no habeas corpus impetrado na 1ª instância; resguardo da saúde e da vida de não-vacinados

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esse que, além de subsistir per se como direito social à saúde e individual à vida, ainda se faz na espécie
acompanhar da regra constitucionalmente qualificada como cláusula pétrea da liberdade de locomoção.
Ademais, o princípio da precaução se espraia em proteção também ao direito dos não-
vacinados à manutenção da própria saúde e da própria vida contra tratamentos médicos que lhe podem
colocar em risco, e por isso mesmo também deve fazer sentir sua benesse sobre esta minoria. Portanto, a
difusão do princípio da precaução sobre o caso concreto deve servir também para precaver a saúde e a vida
dos não-vacinados, e esta, em boa parte da coletividade ora paciente deste  mandamus, inclusive se
viabiliza pela própria liberdade de locomoção para acesso aos inúmeros serviços prestados pela UFG em
suas dependências. Se a isso aliarmos o fato de que o apartheid pretendido pelo CONSUNI-UFG e
mantido pela autoridade ora coatora, além de desnecessário e não comprovadamente eficaz nem
indispensável - ainda causará o eventual alijamento de docentes, servidores federais e terceirizados de suas
funções dentro da comunidade universitária, abrindo-lhes injustamente os flancos para inclusive serem
penalizados por falta ao trabalho pelo simples fato de não serem vacinados, causando assim a médio prazo
uma verdadeira purga eugenista dos quadros profissionais da UFG, criando severa consequência social nas
famílias e na economia doméstica dos seus membros não-vacinados.
Para além disso, o absurdo cancelamento pelo CONSUNI e pelo ínclito Juiz Federal
coator das normas da Constituição que garantem a liberdade de locomoção dentro da UFG ainda afeta
outro direito social: o que os seus alunos constitucionalmente detêm de acesso à educação.
Por todos esse motivos, o ato judicial ora guerreado fere de morte a liberdade garantida
constitucionalmente, e tem-se neste egrégio Tribunal Regional Federal a esperança de que tal ilegalidade
seja com a maior urgência cessada, de modo a garantir a toda a COLETIVIDADE DE PESSOAS QUE
NECESSITAM DE ACESSO ÀS DEPENDÊNCIAS E SERVIÇOS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE GOIÁS o direito de exercer sua liberdade de locomoção em tais dependências
independentemente da exibição de comprovação de vacinação.
 

5.6. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Como se pode perceber por meio da análise da situação em tela, os indivíduos que, por
vontade própria, por objeção de consciência ou por qualquer motivo alheio à sua vontade, optaram por
exercer o direito previsto no art. 15 do Código Civil de não se submeter à imunização contra o SARS-
CoV-2 pela via das vacinas atualmente oferecidas no território nacional já estão sendo privados de seu
direito fundamental de locomoção dentro das dependências da UFG, protegidos constitucionalmente, por
tê-lo condicionado à apresentação de um comprovante de vacinação com vacina que apresenta riscos à
saúde e à vida.
Assim, têm-se presentes os requisitos para a concessão da medida liminar, quais sejam, o
periculum in mora e o fumus boni juris. 
O fumus boni juris, consubstancia-se no fato de que, a Constituição Federal é expressa
em seu artigo 5º ao dispor que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
(...)
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
(grifos não são do original)
 

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Ademais, conforme abordado, não há lex stricta et scripta de âmbito federal que tenha
tornado concretamente obrigatória a vacinação contra a COVID-19 ou que permita ou obrigue seja
solicitado ou exigido ao indivíduo a apresentação de comprovante de vacinação para acesso a recintos ou
atividades públicas, privadas, ou privadas de acesso ao público.
Com relação ao periculum in mora, também este resta comprovado. Se o habeas corpus
não for concedido liminarmente, tanto os membros da comunidade universitária quanto o público
externo que depende do acesso e trânsito nas dependências da UFG para acesso aos serviços
públicos que esta presta terão o seu direito fundamental constitucional de liberdade de locomoção e de
escolha de se vacinarem ou não tolhidos, além do fato de que estarão expostos a variadas situações
discriminatórias e de estigmatização que a exigência do malfadado comprovante passe sanitário poderá
causar em todas as dependências da UFG. Se considerar-se que nas diversas dependências da UFG
realizam-se não somente as atividades prévias (matrículas, pré-matrículas, entregas de documentos e
requerimentos etc.) e supérstites  (provas finais, recuperações acadêmicas, realização de pesquisas,
consulta a acervos etc.) ao calendário acadêmico regular, mas também outras tantas que não se encontram
vinculadas a ele (realização de pesquisas ininterruptas com material biológico, tecnológico e ambiental,
atendimentos médicos, odontológicos, veterinários, jurídicos, de assistência social, moradia estudantil
etc.), é óbvio que o constrangimento ilegal já está instalado e que só poderá ser cessado com a concessão
da ordem ora pleiteada.
Estão preenchidos, portanto, os requisitos previstos (por analogia) no artigo 300 do
Código de Processo Civil para a concessão da medida liminar ora requerida.
 
 

VI) DOS PEDIDOS

 
 
Em razão do exposto, requer-se:
 
a) seja liminarmente concedida, inaudita altera parte, a ordem de habeas corpus, contra
o ato do Juiz Federal coator que manteve o tolhimento da liberdade de locomoção instituído
pela RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, a fim de garantir a liberdade de
locomoção de todas as pessoas pertencentes à COLETIVIDADE DE PESSOAS QUE NECESSITEM
DE ACESSO ÀS DEPENDÊNCIAS E SERVIÇOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
GOIÁS  sem que para tanto se lhes solicite ou exija a exibição de comprovante de vacinação contra
COVID-19, até que sobrevenha lex stricta et scripta federal em sentido contrário e;
b) no mérito, seja concedida de forma definitiva ordem de habeas corpus contra o ato do
Juiz Federal coator que manteve o tolhimento da liberdade de locomoção instituído
pela RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, a fim de garantir a liberdade de
locomoção de todas as pessoas pertencentes à COLETIVIDADE DE PESSOAS QUE NECESSITEM
DE ACESSO ÀS DEPENDÊNCIAS E SERVIÇOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
GOIÁS  sem que para tanto se lhes solicite ou exija a exibição de comprovante de vacinação contra
COVID-19, até que sobrevenha lex stricta et scripta federal em sentido contrário.
 
Pelo princípio da fungibilidade, REQUER-SE que, na remota hipótese de que não seja o
presente habeas corpus recebido por Vossa Excelência como  writ constitucional garantidor  da liberdade
civil de locomoção dos pacientes, Vossa Excelência o receba como agravo de instrumento aparelhado com
pedido de tutela recursal de urgência contra a decisão de Id 866706581 proferida nos autos de nº 1059396-
61.2021.4.01.3500, ora em trâmite perante a 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás.
Dá-se à presente causa, por ser de mensuração econômica inestimável, o valor de R$1,00
(hum real).
Nestes termos, pede-se urgente deferimento.

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Ita speratur JUSTITIA!

Goiânia, 19 de dezembro de 2021.

João Frederico Bertran Wirth Chaibub

Defensor Público Federal

Cristina Gonçalves do Nascimento

Defensora Pública Federal

Julio Cezar de Queiroz

Defensor Público Federal

________________________________
Referências
 

1 https://www.japantimes.co.jp/news/2021/12/05/national/omicron-mild-symptoms/

https://www.moh.gov.sg/news-highlights/details/update-on-covid-19-omicron-variant

https://www.newsweek.com/omicron-vaccine-covid-who-coronavirus-cases-1656108

https://economictimes.indiatimes.com/news/india/omicron-variant-has-higher-rate-of-transmissibility-but-
causes-mild-symptoms-maha-health-minister/articleshow/88096655.cms

https://www.theepochtimes.com/who-omicron-in-38-countries-no-deaths-reported_4137587.html
2 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2276074

3 Código de Nuremberg traduzido ao Português, disponível no sítio eletrônico do Ministério da Saúde


em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/codigo_nuremberg.pdf

4 https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/oms-nao-apoia-adocao-de-passaporte-de-vacinacao-contra-
covid-19-diz-porta-voz/

https://exame.com/mundo/oms-nao-apoia-a-exigencia-de-passaportes-de-vacinacao/

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5 https://rondonia.ro.gov.br/wp-content/uploads/2021/12/Lei-no-5.179-9-dezembro-2021-passaporte-
sanitario-Rondonia.pdf

6 https://www.flgov.com/wp-content/uploads/2021/04/EO-21-81.pdf

7 https://gov.texas.gov/uploads/files/press/EO-GA-
40_prohibiting_vaccine_mandates_legislative_action_IMAGE_10-11-2021.pdf

8 "Art.
139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:

I - obrigação de permanência em localidade determinada;

II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;

III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de


informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;

IV - suspensão da liberdade de reunião;

V - busca e apreensão em domicílio;

VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII - requisição de bens."

9 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8052499/

https://spdiario.com.br/wp-content/uploads/2021/11/LAUDO-MEDICO-PERICIAL-BRUNO-OSCAR-
GRAF-22-SET-2021-DRA.-MARIA-EMILIA-GADELHA-SERRA-1.pdf
10 https://legislacao.ufsc.br/glossario/ - verbete atos administrativos discricionários

Documento assinado eletronicamente por João Frederico Bertran W. Chaibub, Defensor(a)


Público(a) Federal, em 19/12/2021, às 17:30, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº
2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

Documento assinado eletronicamente por Julio Cezar de Queiroz, Defensor(a) Público(a)-Chefe,


em 19/12/2021, às 17:41, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto
de 2001.

Documento assinado eletronicamente por Cristina Gonçalves Nascimento, Defensor(a) Público(a)


Federal, em 19/12/2021, às 17:46, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24
de agosto de 2001.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://www.dpu.def.br/sei/conferir_documento_dpu.html informando o código verificador 4900807 e o
código CRC 57470226.

08152.000071/2020-32 4900807v59

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Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

18/12/2021

Número: 1059396-61.2021.4.01.3500
Classe: AÇÃO CIVIL COLETIVA
Órgão julgador: 2ª Vara Federal Cível da SJGO
Última distribuição : 17/12/2021
Valor da causa: R$ 1,00
Assuntos: Proteção da Intimidade e Sigilo de Dados, Não Discriminação, Ensino Superior,
Freqüência às Aulas
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO (AUTOR)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS (SUBSTITUÍDO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
86544 17/12/2021 11:17 Petição inicial Petição inicial
6052
86629 17/12/2021 11:17 SEI_DPU - 4893744 - Petição Inicial
4593
86544 17/12/2021 11:17 Resolucao_CONSUNI_2021_0117 (1) Documento Comprobatório
6058
86544 17/12/2021 11:17 SEI_DPU - 4855475 - Oficio (1) Documento Comprobatório
6060
86544 17/12/2021 11:17 ufg_br_n_148832_consuni_aprova_exigencia_do_pa Documento Comprobatório
6062 ssaporte_de_vacinacao_na_ufg (1)
86544 17/12/2021 11:17 Email cartorio.godpu.def.br Documento Comprobatório
6065
86544 17/12/2021 11:17 Oficio 1465 Documento Comprobatório
6067
86544 17/12/2021 11:17 SEI_DPU - 4879329 - Oficio Documento Comprobatório
6068
86544 17/12/2021 11:17 Email cartorio.godpu.def.br (1) Documento Comprobatório
6071
86544 17/12/2021 11:17 PDF.js viewer (1) Documento Comprobatório
6075
86546 17/12/2021 11:17 SEI_DPU - 4752716 - Oficio Documento Comprobatório
5052
86546 17/12/2021 11:17 Email cartorio.godpu.def.br (3) Documento Comprobatório
5059
86546 17/12/2021 11:17 SEI_GOVERNADORIA - 000025035201 - Oficio (1) Documento Comprobatório
5061
86649 17/12/2021 12:35 Informação de Prevenção Informação de Prevenção
4585
86670 17/12/2021 13:15 CONCLUSÃO Certidão
6556
86670 17/12/2021 13:18 Certidão - NÃO PREVENÇÃO Certidão
6575
86727 17/12/2021 16:10 Petição intercorrente Petição intercorrente
1547
86727 17/12/2021 16:10 7104357269328447268 Documento Comprobatório
1593

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86670 17/12/2021 17:46 Decisão Decisão
6581
86776 17/12/2021 19:17 Intimação polo ativo Intimação polo ativo
5566

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Petição inicial em anexo

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Número do documento: 21121711085213000000857367278

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17/12/2021 11:04 SEI/DPU - 4893744 - Petição

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO EM GOIÂNIA/GO


Avenida T-63, esquina com a Avenida T-04 e Rua T-38, nº 984 – Quadra 142, lotes 10/16 – Edifício Monte Líbano - Bairro Setor Bueno - CEP
74230-100 - Goiânia - GO

PETIÇÃO

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA FEDERAL DA


SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS

PETIÇÃO INICIAL - HABEAS CORPUS CÍVEL

PAJ nº 2021/002-00995

A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, instituição autônoma e essencial à função


jurisdicional do Estado, a quem incumbe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus,
judicial e extrajudicial, dos direitos da COLETIVIDADE DE  PESSOAS QUE ACESSAM AS
DEPENDÊNCIAS E SERVIÇOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, vem, por seu órgão
presentante que esta subscreve, com fundamento no art. 134 da Constituição Federal, nos arts. 3º-A, I, II e
III, 4º, I, VII, X, e XI, da Lei Complementar 80/94, no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, e nos
artigos 647 e 648 do Código de Processo Penal, impetrar ordem de
 
 
 
HABEAS CORPUS CÍVEL COM EFEITO COLETIVO, COM PEDIDO DE LIMINAR

contra ato do CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL


DE GOIÁS - CONSUNI, localizado a Avenida Esperança s/n, Câmpus Samambaia - Prédio da Reitoria,
CEP 74690-900, Goiânia – Go, representado pelo PRESIDENTE DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, causador de constrangimento ilegal, pelos fundamentos
de fato e de direito a seguir expostos:
 
 
 

I – DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

Nos termos do artigo 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94, é prerrogativa do


membro da Defensoria Pública da União "I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos
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17/12/2021 11:04 SEI/DPU - 4893744 - Petição

autos com vista, intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância
administrativa, contando-se lhes em dobro todos os prazos; (Redação dada pela Lei Complementar nº
132, de 2009).”
 
 

II – DO CABIMENTO

 
 
A Constituição Federal de 1988 prevê em seu art. 5º, inciso LXVIII que conceder-
se-á sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Ressalte-se que a Constituição Federal, expressamente, prevê a liberdade de locomoção
no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa nos termos da lei, nele entrar
permanecer ou dele sair com seus bens (CF, art. 5º, XV).
Por se tratar de demanda que versa sobre limitação à liberdade constitucional mostra-se
o instrumento hábil ao pleito relativo à inexigibilidade do passaporte vacinal no âmbito do território do
estado de Goiás.
 
 

III – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

 
 
Considerando que competência é o poder conferido ao juiz para julgar processos, de
acordo com a matéria, a pessoa interessada ou a localidade, a Constituição Federal, o artigo 109 dispõe
sobre a competência da Justiça Federal de 1ª Instância:
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
(...)
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
 
Levando em conta que os Direitos Humanos são integrados pelos direitos básicos de
todos os seres humanos. São direitos civis e políticos, econômicos, sociais e culturais, difusos, coletivos e
individuais homogêneos e que estão expressamente dispostos na Declaração Universal de Direitos
Humanos de 1948. Relevante mencionar que tais direitos devem ser protegidos pelo império da lei, para
que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão.
Ainda que diversas soberanias, incluindo aqui o Brasil, tenham se comprometido a
promover respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a observância desses
direitos e liberdades, e que a compreensão comum desses direitos e liberdades seja da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso, foi necessário que tais direitos fossem
positivados, para evitar que o autoritarismo que vez em quando se incute nos governantes se projetasse,
ainda que com aparência e motivos sedutores, em anulação de tais direitos básicos.
Nesse sentido a DUDH dispõe que:
 

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17/12/2021 11:04 SEI/DPU - 4893744 - Petição

Artigo 2

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração,
sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
(...)
Artigo 3
(...)

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.


(...)
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar.

A competência da Justiça Federal para tal espécie já se encontra jurisprudencialmente


confirmada. Veja-se:
 
PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS.
ALICIAMENTO DE TRABALHADORES. CRIME CONTRA AS
RELAÇÕES DE TRABALHO. QUADRILHA OU BANDO. CRIME
CONTRA DIREITOS HUMANOS. ART. 109, V-A, VI, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA
FEDERAL. ART. 78, II, A, CPP. INFRAÇÃO MAIS GRAVE. ART. 71,
CPP. PREVENÇÃO. VARA FEDERAL DE SÃO PEDRO DA
ALDEIA/RJ. 1. Trata-se de crime de aliciamento de trabalhadores que
eram levados de uma unidade da Federação para outra. 2. Pela denúncia,
narra-se um sofisticado esquema de burla à organização do trabalho e
à dignidade humana. 3. Inteligência dos comandos insertos no art.
109, V-A, VI, da Constituição Federal, no art. 10, VII, da Lei n.
5.060/66 e no Título IV, da Parte Especial do Código Penal. 4.
Compete, assim, à Justiça Federal processar e julgar a ação penal em
apreço. 5. No tocante à circunscrição da Justiça Federal, deve-se ater à
conexão com o delito mais grave: quadrilha ou bando. 6. O crime de
quadrilha ou bando, enquanto permanente e desenvolvido em mais de uma
localidade, conduz à determinação da competência pela prevenção. 7.
Mantida a competência da Vara Federal de São Pedro da Aldeia/RJ. 8.
Recurso conhecido, mas improvido. (STJ - RHC: 18242 RJ
2005/0144844-7, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, Data de Julgamento: 06/03/2007, T6 - SEXTA TURMA, Data
de Publicação: DJ 25/06/2007 p. 299) (GRIFO NOSSO)
 
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA.
CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE
ESCRAVO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA 122, DESTA CORTE.
RECURSO DESPROVIDO. I - Compete à Justiça Federal processar e
julgar o crime de redução a condição análoga à de escravo, pois
qualquer violação ao homem trabalhador e ao sistema de órgãos e
instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos
trabalhadores enquadra-se na categoria de crime contra a
organização do trabalho, desde que praticada no contexto da relação
de trabalho. II - Acerca das demais imputações formuladas cuja
competência para apuração é da Justiça Estadual, incide o enunciado da
Súmula 122, desta Corte. III - A insurgência do agravante traduz mero
inconformismo com a declaração de competência da Justiça Federal, o que
não pode ensejar o conhecimento do recurso. IV - Agravo regimental
desprovido. (STJ - AgRg no CC: 105026 MT 2009/0081893-2, Relator:

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Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento: 09/02/2011, S3 -


TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 17/02/2011REPDJe
21/02/2011) (GRIFO NOSSO)
 
Portanto, considerando-se que por se tratar de demanda que versa sobre afronta ao
direito humano de livremente ir e vir dentro do território nacional, mostra-se a Justiça Federal competente
para processar e julgar o presente pleito nos termos da lei.
Demais disso, tal liberdade está sendo constrangida por ato de órgão colegiado federal,
qual seja, o CONSUNI. – o que, conquanto não se amolde à competência criminal da Justiça Federal, atrai
de forma evidente a porção de competência cível em matéria de habeas corpus estabelecida pelo inciso
VII do art. 109 da Constituição, bem como por seu inciso V-A e §5º, uma vez que o ato
constrangedor ilegal se choca também com o cumprimento de obrigações decorrentes de 2 (dois)
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é parte, a saber: i) o a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica),  internalizado em nosso
ordenamento jurídico pelo Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992; e ii) o  Estatuto de Roma,
integrado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002.
 
 

IV - OS FATOS

 
 
No dia 26/11/2021 foi veiculada em portal de internet da UFG notícia (em anexo) de que
o CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI deliberou pela exigência do passaporte
vacinal para frequentar as dependências da Universidade e que a decisão abrange professores, técnicos-
administrativos, estudantes e visitantes. No mesmo dia fora publicada a resolução CONSUNI/UFG Nº
117, de 26 de novembro de 2021 que tornou obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação para
Covid-19, aos membros da comunidade universitária e público externo, comprovado pelo certificado
nacional de vacinação, para o desenvolvimento das atividades presenciais a serem realizadas nas
dependências da UFG. Tratar-se-ia, s.m.j., de um certificado digital e/ou físico de vacinação que
possibilitaria às pessoas que vacinaram contra o vírus SARS-CoV-2 pela via vacinal, o acesso às
dependências, atividades e serviços da UFG.
Outrossim, tal intento poderia, em tese e em uma variada gama de situações, criar
discriminação odiosa colidente com as normas positivadas nos arts. 3º, IV; e 5º, XV e XLI, da
Constituição da República, in litteris: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa
do Brasil: (...) IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.” e “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XV - é
livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; (...) XLI - a lei punirá qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;”, capaz de criar estigmatização ou alijamento de
direitos e liberdades civis das pessoas que, por vontade própria ou por qualquer motivo alheio à sua
vontade, exerceram o legítimo direito de não se submeter à vacinação contra o SARS-CoV-2 pela via das
vacinas atualmente oferecidas no território nacional. (grifos não são do original)
Assim, afim de averiguar a duvidosa juridicidade da exigência do “passaporte vacinal”
nas dependências da UFG, em 30/11/2021, esta DPU requisitou ao PRESIDENTE DO CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI que no prazo de 5 (cinco) dias, razoável para
procedimentalização, esclarecesse em qual lex stricta et scripta de âmbito federal que tenha tornado
concretamente obrigatória a vacinação contra a COVID ou que permita ou obrigue seja solicitado ao
indivíduo a apresentação de comprovante de vacinação para acesso a prédios ou repartições públicas
federais fulcrou-se o CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI para editar Resolução
continente da exigência de comprovante de vacinação contra a covid-19 para acesso aos prédios da UFG.

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Depois disso, em 09/12/2021, o PRESIDENTE DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO


DA UFG - CONSUNI encaminhou o Ofício de Nº 1478/2021/GR/UFG com a seguinte resposta, em
síntese (vide anexo):
 

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Apesar da extensa argumentação construída em torno do estabelecimento de supostas


medidas de prevenção e controle da transmissão no âmbito de seus espaços, o CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI não indicou qual teria sido a lex stricta et scripta de âmbito
federal na qual fulcrou-se para estabelecer a exigência do tal “passaporte vacinal” ou comprovante de
vacinação, desatendendo à clara requisição de informações que lhe foi veiculada por esta DPU.
A mais singela experientia hominis revela que a mera solicitação de comprovação de
vacinação pode, em tese, implicar em potencial coação ou, quando menos, em constrangimento ilegal,
ainda que sutil, para exposição de dados alusivos à vida íntima e privada - guarnecidos por inviolabilidade
de sigilo de estatura constitucional - do público interno ou externo que por qualquer motivo necessite ter
acesso às dependências de qualquer Universidade Federal de Goiás, especialmente sobre o respeito ao
sigilo de informações relativas à saúde pessoal dos indivíduos. Exemplo disso tem-se na gravação
ambiental por vídeo que circulou a nível nacional que demonstra professor discriminando aluno não-
vacinado por tal motivo em ambiente público ou privado de acesso ao público (sala de aula, localização
exata ignorada), constrangendo-o perante os demais, de autoria desconhecida, que segue acostada a estes
autos a fim de ilustrar a preocupação que enseja a impetração deste writ contra a discriminação de pessoas
não-vacinadas pela autoridade coatora. Situação que não foi a única e que seguramente já se repetiu e
ainda se repetirá de forma lamentável por diversas vezes em diversas cidades e países.
Demais disso, antepor a exigência de exibição de comprovação vacinal ao direito/dever
de professores, servidores públicos, empregados, terceirizados e alunos ou estagiários ou da coletividade
de pessoas da população em geral dependentes dos vários serviços prestados pela UFG (Hospital das
Clínicas, IPTESP, CEROF, Núcleos de Prática Jurídica, Odontológica, Veterinária, Laboratórios de
Análises Clínicas etc.) à possibilidade de comparecimento presencial às suas dependências caracteriza em
tese violação à sua liberdade constitucional de ir, vir e permanecer;
Nesse contexto, tem-se que não há motivo legalmente justificável para a exigência do tal
“passaporte vacinal”, considerando que as vacinas contra a covid-19 disponibilizadas no Brasil ainda não
concluíram a fase 4 de testes de larga escala e que cientificamente não se determinou ainda quais efeitos
adversos (aí incluída a morte) a curto, médio e longo prazo elas podem causar ao ser humano, e uma vez
hoje que é cediço que mesmo as pessoas completamente vacinadas podem ser contaminadas pelo vírus
SARS-CoV-2, transmiti-lo e ainda evoluírem para óbito em decorrência da doença que ele pode acarretar.
A esse respeito é mister observar-se que,  segundo informações colhidas em recente
data (e ora anexadas) junto à SES-GO  pela Defensoria Pública da União em Goiás, as vacinas
contra a covid-19 aplicadas até o momento na população do território do Estado de Goiás - aqui
mencionado apenas a título exemplificativo, sendo certo que a estatística de milhares de mortes está
a replicar-se nas outras Unidades da Federação proporcionalmente às suas populações -  não têm
sido totalmente eficazes em inibir  o contágio, nem a infecção, nem a reinfecção, nem a internação
e nem o óbito pela referida patologia de pessoas vacinadas (há mais de 7.420 óbitos até o momento,
dos quais 2.048 são de pessoas consideradas totalmente vacinadas) ou não-vacinadas - e que,
portanto, a exibição de comprovante ou "passaporte vacinal" não oferece qualquer garantia de que
a pessoa vacinada de fato esteja imunizada contra a covid19 e de que não infectará outras pessoas,
vacinadas ou não, tornando inútil,  injusta, desnecessária e odiosamente discriminatória a sua
exigência para fins da pretendida proteção à população deste Estado,  sendo certo  que as vacinas
contra a covid-19 ora disponíveis em território nacional, conquanto apresentem algum grau de eficácia e
de segurança, sabidamente não excluem - como de resto qualquer vacina - riscos de vida9 a quem as
tome;
A autoridade coatora, ciosa de editar norma para fundir-se na novel corrente política
autoritária que arrasta parcelas dos Poderes em quase todos os países, omitiu-se também em fazer constar
dos consideranda de seu ato administrativo menção a  qualquer evidência científica robusta de que a
imposição de apresentação de comprovantes de vacinação ou "passaportes vacinais" para acesso a
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17/12/2021 11:04 SEI/DPU - 4893744 - Petição

qualquer atividade ou recinto de fato seja comprovadamente eficaz para minorar riscos de
disseminação do SARS-CoV-2, uma vez que a certeza de que o cidadão está totalmente vacinado não
traz consigo qualquer certeza de que ele não esteja ou não infectado e de que não infectará outras
pessoas no mesmo onde a exigência de comprovante de vacinação supostamente se daria, não dando
ao indivíduo comprovadamente vacinado nenhuma vantagem real de segurança social sobre o não-
vacinado, já que ambos podem infectar terceiros com o patógeno;
A autoridade coatora considerou o perigo da novel variante do SARS-CoV-2
denominada ômicron  para instituir a gravosa e desarrazoada medida de imposição de exigência de
passaporte sanitário para acesso de pessoas a suas dependências. Contudo, antes de pensar em restringir o
direito fundamental das pessoas de livremente ir-e-vir em suas dependências, não considerou que, até o
momento, não há qualquer indício de que a nova variante, conquanto mais contagiosa, seja mais deletéria
que as anteriores, e que demande mais numerosas ou severas medidas de intervenção social por parte do
Estado, a exemplo de "passaportes vacinais", que não foram instituídos nem sequer para as variantes
anteriores, mais graves. Ao revés, a novel variante ômicron, pelas diversas informações trazidas a lume até
agora, se caracteriza preponderantemente por sintomas leves1.
Considerando que, nesses termos, a exigência de apresentação de comprovantes de
vacinação é não só inútil para fins de prevenção de contágio como também acarreta a grave falta ética e
legal de conduzir à discriminação entre pessoas - o que é vedado pela Constituição da República, Lei
Fundamental que nenhum Reitor ou Conselho Universitário têm o poder de derrogar -, jogando cidadão
contra cidadão, plantando desconfiança, terror e separatismo.
 
É de ver-se também que a imposição de exigência de comprovante de vacinação contra a
covid-19 pode, dado o caráter ainda experimental de tais vacinas, em tese, e ainda que
indiretamente,  caracterizar coação,  ameaça de restrição de direitos  ou constrangimento
ilegal à liberdade individual - crime punido pelo Art. 146 do Código Penal com pena de detenção de
até 3 meses a um ano -, dos indivíduos que ainda não se sentiram livremente convencidos a tomá-la,
sem a ameaça de perda ou óbice ao livre exercício de direitos e garantias.
Nessas circunstâncias, resta claro que a recomendação de exigência de comprovação
vacinal imposta de maneira açodada e espúria pelo CONSUNI não se constitui em um incentivo ou
estímulo à vacinação, e sim em uma  obrigatoriedade indiretamente forçada (ou uma elegante
"compulsoriedade", como querem os sofistas) ou seja, numa coação ou constrangimento ilegal, já que,
juridicamente, e segundo o Código Penal, privação de liberdade e restrição de direitos são penas, e por
isso só podem ser impostas por sentença penal condenatória transitada em julgado, precedida do
devido processo legal e suas garantias, ou seja, não podem, jamais, ser impostas em caráter geral e
abstrato, e menos ainda por mero ato administrativo colegiado baixado por agentes dele
componentes.
Dispõe o art. 5º, II, da Constituição, de forma literal:
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
 
Reles resoluções de conselhos universitários não são lei; são simples atos
administrativos de hierarquia inferior, e não se equiparam a lei, de modo que não podem obrigar ninguém,
nem sequer por via indireta ou reversa, a fazer alguma coisa (no caso, tomar uma vacina e exibir sua
comprovação documental para acesso a recintos públicos afetados à Universidade Federal de Goiás); e
nem impedir alguém de não fazer alguma coisa que a lei não proibiu (no caso, de adentrar  a recintos
públicos afetados à Universidade Federal de Goiás sem antes exibir comprovante documental de que se
vacinou contra determinado patógeno).
Considere-se também, nesse particular ponto,  que, segundo o art. 5º, XLVI, da
Constituição da República, que estabelece o princípio da reserva legal, tão-somente a lei  - e não algum
ato da Administração, como e.g. qualquer Resolução expedida por um simples Conselho Universitário -
pode adotar e regular de penas privativas liberdades e restritivas de direitos, e que elas devem ser
individualizadas e concretamente aplicadas pelo Poder Judiciário, e não em caráter geral e abstrato, como
se pretende com a malsinada minuta de Resolução proposta, de inescondível caráter autoritário. Sob esse
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ponto revela-se o ato constrangedor administrativamente expedido por órgão público - um Conselho
Universitário - sem competência legal para tanto, e veiculado por sub-subespécie legislativa inferior (reles
Resolução Administrativa) àquela à qual a Constituição reservou a primazia de poder para tal tipo de
exigência: a lei estrita e escrita. Resultado: liberdades fundamentais limitadas por ato de órgão e meio
legislativo de hierarquia inferior sem poder para tangenciá-las; tradução autoritarismo praticado com
malferimento de garantias constitucionais por órgãos incompetentes no exercício ilegal de seu micropoder
presunçoso e onímodo.
Considerando que até o momento o Poder Legislativo nacional não promulgou
qualquer  lex  stricta et scripta  que tenha tornado concretamente obrigatória a vacinação contra a
COVID19 ou que permita ou  obrigue seja solicitado ao indivíduo a apresentação de comprovante de
vacinação para acesso a recintos ou atividades públicas, privadas ou privadas de acesso ao público, sendo
certo que ainda está em trâmite, com não pouca celeuma, o Projeto de Lei nº 1158/20212 da Câmara dos
Deputados;
Assim, faz-se premente a utilização deste remédio constitucional com o fim contrarrestar
e fazer cessar a espúria e inconstitucional força da susomencionada “Resolução” do CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI que restringe e proíbe a algumas pessoas (os neopárias não-
vacinados) o exercício de um dos direitos mais fundamentais daqueles que transitam e utilizam as
dependências e serviços da UFG em todos os seus campi no território do Estado de Goiás, qual seja a
liberdade de locomoção, que a Constituição não permite seja condicionada ou restringida em tempo de
paz.
 
 

V – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

5.1 DA LIBERDADE DE IR E VIR – DIREITO FUNDAMENTAL GARANTIDO PELA


CONSTITUIÇÃO

 
 
Sopese-se, antes de mais nada, que o país não se encontra em situação de guerra
declarada a nenhuma outra soberania, bem como que, a despeito de encontrar-se em situação de
emergência de saúde pública, conforme declarado pela Portaria nº 188, de 3 de fevereiro de 2020, do
Ministério da Saúde, não se está na presença de estado de sítio8  - única circunstância em que a
Constituição da República permitiria a limitação ou suspensão de garantias fundamentais como a de
locomoção - e veja-se que, ainda assim, quanto a tal liberdade  só se pode estabelecer a obrigação de
permanência em localidade determinada, não sendo possível o estabelecimento de vedação de entrada em
outros - e só por ordem do Presidente da República com prévia oitiva dos Conselhos da República, de
Defesa e com autorização prévia do Congresso Nacional.
Nem sequer na vigência de estado de defesa - que é muito mais grave que a
intervenção federal e que emergências de saúde pública - a liberdade de locomoção pode ser
condicionada ou coarctada por ninguém, tão sagrado é o seu status para a Constituição.
Por óbvio, o país encontra-se em tempo de paz e normalidade institucional. Logo,
incabível falar-se em estabelecimento de qualquer tipo de restrição ou condicionamento ao exercício da
plena liberdade de locomoção a que todas as pessoas livres têm direito em tempo de paz.
É essencial a compreensão de que tais garantias fundamentais de que gozam os cidadãos
foram pensadas e instituídas exatamente contra arbítrios do Estado e seus agentes, a fim de evitar que, por
pretextos outros que não o da gravíssima situação de estado de sítio em guerra declarada seus agentes
viessem a exercitar dons e artes ditatoriais que viessem a afetar os cidadãos. Não por outro nome
receberam o status de garantias fundamentais, e não meros direitos. Exatamente para evitar que, da noite
para o dia, por mais grave que fosse a comoção pública - real ou aparente -, algum tiranete estatal
decidisse, com base em sua pequena ou grande parcela de poder, restringir a seu talante as liberdades
fundamentais dos indivíduos do país. Vale dizer: para que singelos recepcionistas, porteiros, agentes de
segurança, agentes de polícia, guardas municipais, fiscais de vigilância sanitária, secretários de saúde,
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diretores de escolas, conselhos tutelares, reitores de universidades, prefeitos, governadores, ministros de


estado e até mesmo presidentes da República não se sentissem autorizados a, por capricho, terror ou
qualquer amálgama entre essas mazelas humanas, animados fazer uso de seus micro ou grandes poderes
para expedir ordens abusivas contra as liberdades fundamentais. Quis a Lei Maior da Nação que a
restrição a tal classe de direitos só pudesse se dar de forma absolutamente excepcional, por apenas um
agente público - o presidente da República - e mediante tortuoso processo constitucionalmente
estabelecido de consultas e autorizações a órgãos superiores e Poderes da República.
Logo, parece-nos o cúmulo do abuso de poder e do autoritarismo que um simples
conselho universitário se arrogue na condição de autoridade suficiente para estabelecer limitações à
liberdade de locomoção que nem a Constituição nem a Lei nem nenhuma autoridade superior da
República pode estabelecer sem observância das regras constitucionais.
 Antepor a exigência de exibição de comprovação vacinal ao direito/dever do indivíduo
componente das pessoas usuárias ou prestadoras de serviço ou visitantes das dependências da UFG no
Estado de Goiás de comparecimento presencial aos diversos recintos públicos caracteriza violação à  sua
liberdade constitucional de ir, vir e permanecer.
Frise-se que a presunçosa instituição de exigência de exibição de passaporte vacinal
para acesso às dependências de prédios públicos estabelecida pela autoridade coatora não está
prevista nem sequer na Lei nº 13.979/2020 dentre as medidas para enfrentamento à emergência de
saúde pública ora ainda vigente, e felizmente já moribunda em nosso país. É o clássico acinte típico
da mediocridade dos que desprezam a liberdade humana e se aferram ao controle autoritário e
desarrazoado, seja por medo, seja por afinidade.
Assim, como já mencionado alhures, o referido “passaporte”, em uma variada gama de
situações, cria discriminação odiosa colidente com as normas positivadas nos arts. 3º, IV; e 5º, XV e XLI,
da Constituição da República e artigo 15 do Código Civil sendo capaz de criar estigmatização ou
alijamento de direitos e liberdades civis das pessoas que, por vontade própria ou por qualquer
motivo alheio à sua vontade, optaram por exercer o direito de não se submeter à imunização contra
o SARS-CoV-2 pela via das vacinas atualmente oferecidas no território nacional.
 
Rememorem-se as normas constitucionais aviltadas e tristemente “relativizadas”:
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(...)
 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.”
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
(...)
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; (grifos não
são do original)
 

Demais de ignorar completamente a Constituição, tratando suas mais prestigiadas


normas como se fossem inferiores a si, a malsinada Resolução ora vergastada, parida pelo órgão federal
impetrado, ao toque de exortações de diretórios acadêmicos juvenis, ainda faz de tábula rasa o art. 15 do
Código Civil Brasileiro; senão, vejamos:
 
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Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

A Constituição da República reflete o protagonismo dos Direitos Humanos como


escudo contra as arbitrariedades estatais discriminatórias revestidas de pseudolegalidade,
pensamento que norteou as gerações pós-guerra, a partir de 1945.
 
Isso ocorreu devido ao receio de que as atrocidades tais como as perpetradas pelos
nazistas durante a II Guerra Mundial voltassem a acontecer, e ante à certeza de que elas poderiam ser
evitadas, se houvesse, anteriormente, um engajamento internacional no sentido de defenderem-se, de
forma global, os Direitos Humanos -, como preconiza Silvio Beltramelli Neto, em seu livro “Direitos
Humanos”.
 
Revisitando a história, podem ser observados diversos atos do governo do III Reich que
refletem o antissemitismo por ele preconizado.
 
Podem ser citadas as Leis de Nuremberg (Nürnberger Gesetze), um conjunto de leis
antissemitas criadas pela Alemanha Nazista. Foram introduzidas em 15 de setembro de 1935 pelo
Reichstag, ou seja, pelo próprio parlamento alemão (!), numa reunião especial durante o comício anual em
Nuremberg do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), e tiveram um
desastroso impacto econômico e social na comunidade judaica, sendo “um grande passo para
consolidar a exclusão dos judeus da sociedade alemã”.
 
Houve a edição, por exemplo, da Lei da Cidadania do Reich, a qual estabelecia que
apenas aquelas pessoas com sangue alemão, ou sangue relacionado, seriam elegíveis para serem
cidadãos do Reich; os restantes eram classificados como sujeitos do Estado (súditos do Estado), sem
quaisquer direitos de cidadania.
 
Com isso, aqueles que não eram judeus foram, gradualmente, deixando de se
socializar com judeus ou de comprar em lojas de judeus.
 
Já em meados de 1941, o governo alemão deu início à exterminação em massa dos
judeus na Europa. Isso tudo se sucedeu a partir das citadas e malsinadas Leis de Nuremberg, dentre as
quais se destaca a já citada Lei da Cidadania do Reich, a partir da qual, provar a herança racial
tornou-se uma necessidade do dia-a-dia, pois a prova da ascendência ariana era feita com a obtenção
de um certificado ariano.
 
Na mesma cidade em que foram regulamentadas as Leis de Nuremberg, foram julgados
os crimes contra a humanidade cometidos pelos nazistas.
 
Após o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota da Alemanha nazista, os membros do
partido que estiveram relacionados com os crimes de guerra e com os genocídios promovidos pelos
alemães foram levados ao Tribunal Militar Internacional de Nuremberg.
 
O referido Tribunal julgou vinte e três pessoas que foram consideradas criminosas de
guerra, pelos brutais experimentos realizados em seres humanos. Em 19 de agosto de 1947 divulgou as
sentenças, além de um documento que ficou conhecido como Código de Nuremberg3, que se tornou um

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marco na história da humanidade: pela primeira vez, estabeleceu-se recomendação internacional sobre
os aspectos éticos envolvidos na pesquisa em seres humanos.
 
Na verdade, o Código de Nuremberg foi o remédio para as Leis que o antecederam,
que foram a doença. Apesar de este Código não ter vigência no Brasil, a sua instituição, pela gravidade
dos fatos que se destinou a reprimir, é como uma guideline de direitos humanos a ser tomada como vetor
principiológico e de experiência, podendo ser em tal caráter considerado por todas as soberanias e
governos do mundo, aí incluído o Brasil.
 
Destaca-se o 1º princípio elencado no texto do Código de Nuremberg:
 
1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. Isso significa que as pessoas que
serão submetidas ao experimento devem ser legalmente capazes de dar consentimento; essas pessoas devem
exercer o livre direito de escolha sem qualquer intervenção de elementos de força, fraude, mentira, coação,
astúcia ou outra forma de restrição posterior; devem ter conhecimento suficiente do assunto em estudo
para tomarem uma decisão. Esse último aspecto exige que sejam explicados às pessoas a natureza, a
duração e o propósito do experimento; os métodos segundo os quais será conduzido; as inconveniências e os
riscos esperados; os efeitos sobre a saúde ou sobre a pessoa do participante, que eventualmente possam
ocorrer, devido à sua participação no experimento. O dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do
consentimento repousam sobre o pesquisador que inicia ou dirige um experimento ou se compromete nele.
São deveres e responsabilidades pessoais que não podem ser delegados a outrem impunemente.
(grifos não são do original)
 

Trata-se da consagração do princípio da autonomia, que, “em resumo, diz que todo ser
humano deve ser livre para decidir sobre o que é melhor para si, não podendo, de forma alguma, ser
coagido a tomar decisões que firam seus interesses”.
 
O primeiro princípio deve ser aplicado de maneira ampla, abarcando todos os
aspectos da condição do ser humano, inclusive a sua autodeterminação com todos os consectários,
como também a liberdade de ir, vir e permanecer no território nacional, não fazendo qualquer
sentido um passaporte sanitário, pois este é mais propenso a causar a estigmatização daqueles que
escolheram não se submeterem à vacina.
 
Além do Código de Nuremberg, outro documento com importância internacional que
deve ser adotado é a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, elaborada pelos países-
membro das Nações Unidas e aprovada por aclamação pela unanimidade dos 191 países componentes da
ONU, em 19 de outubro de 2005.
 
Em seu Artigo 3º, enfatiza que:
 
Artigo 3 – Dignidade Humana e Direitos Humanos
a) A dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser respeitados em sua
totalidade.
b) Os interesses e o bem-estar do indivíduo devem ter prioridade sobre o interesse exclusivo da ciência ou
da sociedade.
(grifos não são do original)
 
Ou seja, recomenda o respeito à dignidade humana, aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais em todos os seus aspectos. Princípios que estariam negligenciados, caso se adotasse um
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temível “passaporte sanitário”, haja vista seu significado intrínseco ao tolher as liberdades
individuais anteriormente conquistadas, atingindo sobremaneira a dignidade da pessoa humana.
 
Jessica Alves Rippel, Cleber Alvarenga de Medeiros e Fabiano Maluf, em seu artigo
“Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos e Resolução CNS 466/2012: análise
comparativa” enfatizam que, para Bergel,
 
A defesa da dignidade humana contra as ciladas e armadilhas de um
mundo dinâmico que avança precipitadamente, deixando de lado
multidões que estão presas por exclusão dramática nos mais diversos
campos da vida, estabelece o vínculo indissolúvel entre bioética e
direitos humanos. Ao incluir os direitos humanos entre seus princípios,
a DUBDH incorporou as questões de direitos relacionados aos
condicionantes sociais e econômicos da vida e da saúde humana
reconhecendo a dimensão social como intrínseca à bioética.
(grifos não são do original)

Já o Art. 11 da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos dispõe que:


 
Artigo 11 – Não-Discriminação e Não-Estigmatização Nenhum indivíduo ou grupo deve ser discriminado
ou estigmatizado por qualquer razão, o que constitui violação à dignidade humana, aos direitos humanos e
liberdades fundamentais.
(grifos não são do original)

Ou seja, a bioética deve ser uma ferramenta apta a impedir que avanços científicos e
tecnológicos estejam a serviço de práticas estigmatizantes e discriminatórias que reforcem grupos sociais
dominantes em detrimento dos grupos menos valorizados.
Os mesmos autores, Jessica Alves Rippel, Cleber Alvarenga de Medeiros e Fabiano
Maluf, em seu artigo “Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos e Resolução CNS
466/2012: análise comparativa”, assim preconizam:
 
Os referenciais da dignidade humana e da não estigmatização e não
discriminação são balizadores das decisões sobre as melhores políticas
ou práticas em saúde, podendo contribuir em decisões difíceis .
Para Godoi e Garrafa, a defesa da dignidade da pessoa, considerada
como princípio central dos direitos humanos, é imperativa e requer a
luta contra os processos de discriminação e estigmatização, que
contribuem para aumentar a vulnerabilidade de determinados grupos
sociais. As diferenças e as distintas moralidades não devem se constituir
como fatores discriminatórios.
(grifos não são do original)
 
O que se verifica é que a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos
deve ser considerada em toda a extensão de seu significado para que se evitem as situações
discriminatórias que a exigência do "passaporte sanitário" poderá causar em toda a comunidade acadêmica
vinculada à Universidade Federal de Goiás e às pessoas - especialmente as hipossuficientes - que
dependem dos diversos serviços públicos que ela presta, pois, além da estigmatização já citada, contribuirá
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para o aumento da vulnerabilidade das pessoas que exercerem seu direito de escolha - corolário de sua
liberdade de consciência garantida pela Constituição e pelo Pacto de São José da Costa Rica - ao não se
vacinarem.
Não há, até o momento, qualquer evidência científica robusta de que a imposição de
apresentação de comprovantes de vacinação ou "passaportes vacinais" para acesso a qualquer atividade ou
recinto de fato seja comprovadamente eficaz para minorar riscos de disseminação do SARS-CoV-2, uma
vez que a certeza de que o cidadão está totalmente vacinado não traz consigo qualquer certeza de
que ele esteja ou não infectado e de que não infectará outras pessoas no mesmo espaço onde a
exigência de comprovante de vacinação supostamente se daria, não dando ao indivíduo
comprovadamente vacinado nenhuma vantagem real de segurança social sobre o não-vacinado, já
que ambos podem infectar terceiros com o patógeno.
Ademais, até o momento não há qualquer indício de que a nova variante (ômicron) seja
mais deletéria que as anteriores, e que demande mais numerosas ou severas medidas de intervenção social
por parte do Estado, a exemplo de "passaportes vacinais", que não foram instituídos nem sequer para as
variantes anteriores, mais graves.
Além disso, a exigência de apresentação de comprovantes de vacinação é não só inútil
para fins de prevenção de contágio como também acarreta a grave falta ética de conduzir à discriminação
entre pessoas - o que é vedado pela Constituição da República, Lei Fundamental que nenhum Conselho
Universitário ou Reitor de Universidade tem o poder de derrogar -, jogando cidadão contra cidadão,
plantando desconfiança e separatismo.
Salienta-se que singelos decretos, resoluções, instruções normativas, portarias não
podem sobrepor-se às liberdades e garantias constitucionais individuais acima mencionadas, muito menos
as podem derrogar, e que o cumprimento ou exigência de norma ilegal ou inconstitucional pode em tese
ensejar a responsabilização do administrador e do agente público, nos termos da lei penal.
Nessas circunstâncias, a malsinada Resolução que torna obrigatória a exigência de
comprovação vacinal pretendida pelo órgão federal impetrado não se constitui em um incentivo ou
estímulo à vacinação, e sim em uma obrigatoriedade indiretamente forçada, ou seja, numa coação ou
constrangimento ilegal, já que, juridicamente, e segundo o Código Penal, privação de liberdade e
restrição de direitos são penas, e por isso só podem ser impostas por sentença penal condenatória
transitada em julgado, precedida do devido processo legal e suas garantias, ou seja, não pode, jamais, ser
imposta em caráter geral e abstrato, e menos ainda por mero ato administrativo de conselhos educacionais
federais, como em termos práticos ocorre com a "Resolução" ora vergastada.
Questionável é a imposição de tal medida levando-se ainda em consideração que a
própria Organização Mundial de Saúde - OMS4 desrecomenda a adoção de "passaportes vacinais".
A questão é tão afrontosa aos direitos do indivíduo que vários Estados, tanto do país
quando de outras soberanias, chegaram ao ponto de positivar regras proibindo expressamente a
discriminação das pessoas não-vacinadas contra covid-19, a exemplo da novel Lei 5.179, de 9 de
dezembro de 2021 do Estado de Rondônia7, a Executive Order Number 21-81 do Estado da Flórida,
a Executive Order GA 40 do Estado do Texas.
Portanto, a criação de um “passaporte” tem enorme potencial de desencadear uma
estigmatização ou alijamento de direitos e liberdades civis daqueles que usam e frequentam as
dependências e serviços da UFG no Estado de Goiás e que, por vontade própria ou por qualquer
motivo alheio à sua vontade, optaram por exercer o direito de não se submeter à imunização contra
o SARS-CoV-2 pela via das vacinas atualmente oferecidas no território nacional.
 
 

5.2 DA VIOLAÇÃO À INTIMIDADE DAS PESSOAS

 
 
Estabelece a Constituição, em seu art. 5º, X, in verbis:

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"X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;" (Constituição da República Federativa de 1988).
 
Ora, a  mera  solicitação  de  comprovação de vacinação imposta pela autoridade coatora
pode, em tese, implicar em potencial  coação  ou,  quando  menos, constrangimento  ilegal,  ainda  que 
sutil,  para  exposição  de  dados  alusivos  à  vida  íntima  e  privada  -  guarnecidos  por  inviolabilidade 
de  sigilo  de  estatura constitucional insculpida no art. 5º, X, da Constituição da República -  do  público 
que  por  qualquer  motivo  necessite  ter  acesso  às  dependências  de  qualquer  estabelecimento  público 
ou  privado  de  acesso  ao  público situados nos campi da UFG no Estado de Goiás, especialmente sobre
o respeito ao sigilo de informações relativas à saúde pessoal dos indivíduos.
Logo, além de violar de maneira frontal a incondicionada liberdade de locomoção da
coletividade de pessoas que deseje ou necessite , por qualquer motivo que seja, adentrar e transitar pelas
diversas dependências da Universidade Federal de Goiás, a vergastada Resolução expedida pela
autoridade coatora ainda constrange as pessoas a revelarem a seus agentes ou prepostos dados referentes a
si constitucionalmente protegidos por serem de caráter íntimo (saúde).
A perversidade vai, portanto, além da limitação afrontosa à liberdade de ir e vir, afetando
também a proteção constitucional à intimidade e ao sigilo de dados a ela ínsito, porque condiciona o
exercício da liberdade de ir e vir à quebra deste sigilo. Dupla violação às garantias constitucionais do
indivíduo: as protegidas pelos incisos X e XV do art. 5º da Constituição - que, frise-se, não podem ser
suspensos por nenhuma situação - nem mesmo das muitas epidemias e pandemias que a humanidade já
enfrentou - que não seja a de estado de sítio ou de necessidade declarados com a observância dos ritos
constitucionais indispensáveis.
 
 

5.3 DA LIBERDADE DE IR E VIR – DIREITO FUNDAMENTAL GARANTIDO POR


CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS

 
A Declaração de Helsinque II de 1975, item 9, protege o “livre consentimento do
indivíduo” em qualquer experimento, in litteris:
 
9 - Em qualquer pesquisa com seres humanos, cada indivíduo em potencial deve ser informado de forma
adequada sobre os objetivos, métodos, benefícios esperados e riscos potenciais do estudo e o desconforto que
o mesmo possa causar. O indivíduo deve ser informado de que dispõe de liberdade de retirar o seu
consentimento de participação a qualquer época. O médico deve, portanto, obter o livre consentimento do
indivíduo, de preferência por escrito.
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe em seus artigos 6°, 7°, 8° e 13
acerca do reconhecimento como pessoa, igualdade, direito à locomoção dentro e para fora de seu país, a
saber:
(...)
Artigo 6. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo 7. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para
os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
(...)
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Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
 
Ainda, a pretensão de exigência do malsinado "passaporte vacinal" pode, em tese, vir a
configurar os crimes contra a humanidade tipificados no art. 7º, parágrafo 1, alíneas "a", "h" e "k" do
Estatuto de Roma, integrado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 4.388, de 25 de
setembro de 2002, com eventual julgamento e responsabilização penal pelo Tribunal Penal Internacional
dos agentes administrativos que a tenham por qualquer meio instituído, in verbis:
Artigo 7º- Crimes contra a Humanidade
1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos
seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população
civil, havendo conhecimento desse ataque:
a) Homicídio;
(...)
h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais,
nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3º, ou em função
de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional,
relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do
Tribunal;
(...)
k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou
afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.
2. Para efeitos do parágrafo 1º:
a) Por "ataque contra uma população civil" entende-se qualquer conduta que envolva a prática múltipla
de atos referidos no parágrafo 1º contra uma população civil, de acordo com a política de um Estado ou
de uma organização de praticar esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa política;
(...)
g) Por "perseguição'' entende-se a privação intencional e grave de direitos fundamentais em violação do
direito internacional, por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa;
 
 
Outro parâmetro de convencionalidade de Direitos Humanos que tem força imediata
sobre o constrangimento perpetrado pelo CONSUNI é o que consta das seguintes normas do Pacto de São
José da Costa Rica, tratado internacional de direitos humanos do qual o Brasil é parte, e internalizado em
seu ordenamento jurídico pelo Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992, litteris:
 
    ARTIGO 1
    Obrigação de Respeitar os Direitos
        1. Os Estados-Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela
reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer
outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição
social.
    2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
 
    ARTIGO 5
    Direito à Integridade Pessoal
    1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
 
    ARTIGO 12
    Liberdade de Consciência e de Religião

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    1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de
professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em
privado.
 
   ARTIGO 22
    Direito de Circulação e de Residência
    1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de circular nele e de
nele residir conformidade com as disposições legais.
    2. toda pessoa tem o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive do próprio.
    3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode ser restringido senão em virtude de lei, na
medida indispensável, numa sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a
segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades
das demais pessoas.
        4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas
determinadas, por motivos de interesse público.
 
  ARTIGO 24
    Igualdade Perante a Lei
    Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação, a igual
proteção da lei.
 
    ARTIGO 28
    Cláusula Federal
    1. Quando se tratar de um Estado-Parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido
Estado-Parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as matérias sobre as
quais exerce competência legislativa e judicial.
        2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades
componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em
conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas
entidades possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
 
   ARTIGO 29
    Normas de Interpretação
    Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de:
    a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos direitos e
liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;
    b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos de acordo
com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção em que seja parte um
dos referidos Estados;
        c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma
democrática representativa de governo; e
        d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem e outros atos internacionais da mesma natureza.
 
  ARTIGO 30
    Alcance das Restrições
    As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela
reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promulgadas por motivo de
interesse geral e com o propósito para o qual houverem sido estabelecidas.
 
Dessarte, a RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021 não só
coarcta a liberdade de locomoção garantida pela Constituição da República como também a garantida por
convenções internacionais de direitos humanos das quais o Brasil é signatário, bem como outras que são
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amplamente aceitas pela comunidade internacional em garantia dos direitos humanos, desafiando por isso
o manejo de urgente e expressa ordem de habeas corpus por este Poder Judiciário.
 
 

5.4. DA INOBSERVÂNCIA DOS PARADIGMAS JURISPRUDENCIAIS APLICÁVEIS AO ATO

 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de
setembro de 1942) em seu art. 28 dispõe que o agente público responderá pessoalmente por suas decisões
ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro, verbis:
 
Art. 28.  O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de
dolo ou erro grosseiro.
 
O Supremo Tribunal Federal assentou, em decisão proferida nos autos da Medida
Cautelar na ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.427 , a tese de que o ato administrativo que
ensejar violação do direito à vida ou à saúde configura erro grosseiro, e que os agentes públicos devem
observar os princípios constitucionais da prevenção e da precaução, sob pena de se tornarem
corresponsáveis por eventuais violações a tais direitos - que no caso se materializam por desprezar o risco
à vida que as vacinas podem acarretar, e que nenhum indivíduo pode ser constrangido, por nenhum meio
direto ou indireto, a submeter-se a tal risco; e que a solicitação ou exigência de passaportes sanitários
contraria critérios técnicos estabelecidos pela própria OMS.
Por fim, veja-se que na ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade 658630 - que aqui
só traz à baila ad argumentandum tantum, uma vez que entendemos que nela o sodalício oficiante falhou
ao proteger as liberdades constitucionais condicionando inaceitavelmente suas normas de fundo - o STF
decidiu que "a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde
que previstas em lei, ou dela decorrentes, e  (i) tenham como base evidências científicas e análises
estratégicas pertinentes, (ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e
contraindicações dos imunizantes,  (iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das
pessoas, (iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade  e (v) sejam as vacinas
distribuídas universal e gratuitamente; e (II) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser
implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as
respectivas esferas de competência” e que a autoridade coatora e seu representante não lograram em seus
consideranda e esclarecimentos demonstrar lastro nenhum documento científico robusto que
comprovasse que a exigência de comprovação vacinal por ele pretendida seja eficiente para a
prevenção da disseminação do patógeno em tela, bem como que não respeita a dignidade humana e
o direito fundamental de ir e vir das pessoas e nem atende aos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, já que imprimem maior severidade a circunstância de menor
gravidade (atualmente a prevalência da variante ômicron, com baixa taxa de ocupação de leitos e baixo
índice de casos novos de COVID19 em todo o mundo), desatendendo de forma óbvia a concomitância dos
requisitos i, iii e iv especificados na referida decisão, além de não estar a medida prevista em lei, uma
vez que o Projeto de Lei 1158/21 ainda está em fase de tramitação  na Câmara dos Deputados, ou
seja, a medida foi tomada ao arrepio da legalidade, exigida pelo Pacto de São José da Costa Rica
para o tipo de limitação e exclusão que o ato administrativo espúrio do CONSUNI veicula.
Desse modo, a  exigência  de  comprovação  vacinal  imposta pelo CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS não
tem base em evidências científicas, já que nenhuma é mencionada nos consideranda do ato coator, e
nem se fez acompanhar de qualquer análise estratégica formal;  não  respeita  a  dignidade 
humana  e  o  direito  fundamental  de  ir  e  vir  das  pessoas e nem atende aos critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, já que imprimem maior severidade a circunstância de menor
gravidade (a de prevalência da variante chamada ômicron, com baixa taxa de ocupação de leitos e
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baixo índice de casos novos de covid19 no Estado de Goiás), desatendendo de forma óbvia a
concomitância dos requisitos i, iii e iv especificados na referida decisão do STF, além de não estar
prevista em lei, uma vez que o Projeto de Lei 1158/21 ainda está em fase de tramitação na Câmara
dos Deputados.
Portanto, REQUER a imediata aplicação por este Juízo do remédio constitucional ora
manejado contra o constrangimento ilegal que advém da  Resolução do órgão federal ora impetrado, por
configurar na prática constrangimento ilegal ao livre exercício de direitos e garantias constitucionais
de ir, vir, estar, permanecer tanto dos membros da comunidade universitária quanto do público
externo abrangendo todas  dependências e serviços da UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS e
suas Fundações, Conselhos, Seções, departamentos e subdivisões.
 
 

5.5. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Como se pode perceber por meio da análise da situação em tela, os indivíduos que, por
vontade própria, por objeção de consciência ou por qualquer motivo alheio à sua vontade, optaram por
exercer o direito previsto no art. 15 do Código Civil de não se submeter à imunização contra o SARS-
CoV-2 pela via das vacinas atualmente oferecidas no território nacional já estão sendo privados de seu
direito fundamental de locomoção dentro das dependências da UFG, protegidos constitucionalmente, por
tê-lo condicionado à apresentação de um comprovante de vacinação com vacina que apresenta riscos à
saúde e à vida.
Assim, têm-se presentes os requisitos para a concessão da medida liminar, quais sejam, o
periculum in mora e o fumus boni juris. 
O fumus boni juris, consubstancia-se no fato de que, a Constituição Federal é expressa
em seu artigo 5º ao dispor que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
(...)
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
(grifos não são do original)
 
Ademais, conforme abordado, não há lex stricta et scripta de âmbito federal que tenha
tornado concretamente obrigatória a vacinação contra a COVID-19 ou que permita ou obrigue seja
solicitado ou exigido ao indivíduo a apresentação de comprovante de vacinação para acesso a recintos ou
atividades públicas, privadas, ou privadas de acesso ao público.
Com relação ao periculum in mora, também este resta comprovado. Se o habeas corpus
não for concedido liminarmente, tanto os membros da comunidade universitária quanto o público
externo que depende do acesso e trânsito nas dependências da UFG para acesso aos serviços
públicos que esta presta terão o seu direito fundamental constitucional de liberdade de locomoção e de
escolha de se vacinarem ou não tolhidos, além do fato de que estarão expostos a variadas situações
discriminatórias e de estigmatização que a exigência do malfadado comprovante passe sanitário poderá
causar em todas as dependências da UFG. Se considerar-se que nas diversas dependências da UFG
realizam-se não somente as atividades prévias (matrículas, pré-matrículas, entregas de documentos e
requerimentos etc.) e supérstites  (provas finais, recuperações acadêmicas, realização de pesquisas,

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consulta a acervos etc.) ao calendário acadêmico regular, mas também outras tantas que não se encontram
vinculadas a ele (realização de pesquisas ininterruptas com material biológico, tecnológico e ambiental,
atendimentos médicos, odontológicos, veterinários, jurídicos, de assistência social, moradia estudantil
etc.), é óbvio que o constrangimento ilegal já está instalado e que só poderá ser cessado com a concessão
da ordem ora pleiteada.
Estão preenchidos, portanto, os requisitos previstos (por analogia) no artigo 300 do
Código de Processo Civil para a concessão da medida liminar ora requerida.
 
 

VI) DOS PEDIDOS

 
 
Em razão do exposto, requer-se:
 
a) seja liminarmente concedida, inaudita altera parte, a ordem de habeas corpus, contra
a RESOLUÇÃO  CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, ou eventual norma posterior de
semelhante teor, para garantir a liberdade de locomoção incondicionada de todas as pessoas que estejam a
o tencionem transitar pelas dependências da Universidade Federal de Goiás, permitindo-se-lhes o
exercício pleno de seu direito fundamental constitucional de locomoção para livre acesso as dependências
e serviços da Instituição de Ensino Superior sem que sejam em qualquer momento obstados e nem sequer
admoestados ou discriminados por qualquer pessoa ou meio perquirindo-lhes sobre, solicitando ou
exigindo a exibição de comprovante de vacinação contra COVID-19, até que sobrevenha  lex stricta et
scripta federal em sentido contrário e;
b) no mérito, seja concedida ordem de habeas corpus contra
a  RESOLUÇÃO  CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021,  ou eventual norma posterior de
semelhante teor, seja confirmada a garantia da liberdade de locomoção incondicionada de todas as pessoas
que estejam a ou tencionem transitar pelas dependências da Universidade Federal de Goiás, permitindo-se-
lhes o exercício pleno de seu direito fundamental constitucional  de locomoção para livre acesso as
dependências e serviços da referida Instituição de Ensino Superior sem que sejam em qualquer momento
obstados e nem sequer admoestados ou discriminados por qualquer pessoa ou meio perquirindo-lhes
sobre, solicitando ou exigindo a exibição de comprovante de vacinação contra COVID-19, até que
sobrevenha lex stricta et scripta federal em sentido contrário.
 
Dá-se à presente causa, para fins de peticionamento no sistema PJe, e por ser de
mensuração econômica inestimável, o valor de R$1,00 (hum real).
 
Nestes termos, pede-se urgente deferimento.
 
 
Ita speratur JUSTITIA!

Goiânia, 16 de dezembro de 2021.

João Frederico Bertran Wirth Chaibub

Defensor Público Federal

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Cristina Gonçalves do Nascimento

Defensora Pública Federal

Julio Cezar de Queiroz

Defensor Público Federal

Mariane Mendonça Costa

Acadêmica de Direito

________________________________
Referências
 

1 https://www.japantimes.co.jp/news/2021/12/05/national/omicron-mild-symptoms/

https://www.moh.gov.sg/news-highlights/details/update-on-covid-19-omicron-variant

https://www.newsweek.com/omicron-vaccine-covid-who-coronavirus-cases-1656108

https://economictimes.indiatimes.com/news/india/omicron-variant-has-higher-rate-of-transmissibility-but-
causes-mild-symptoms-maha-health-minister/articleshow/88096655.cms

https://www.theepochtimes.com/who-omicron-in-38-countries-no-deaths-reported_4137587.html
2 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2276074

3 Código de Nuremberg traduzido ao Português, disponível no sítio eletrônico do Ministério da Saúde


em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/codigo_nuremberg.pdf
4 https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/oms-nao-apoia-adocao-de-passaporte-de-vacinacao-contra-
covid-19-diz-porta-voz/

https://exame.com/mundo/oms-nao-apoia-a-exigencia-de-passaportes-de-vacinacao/
5 https://rondonia.ro.gov.br/wp-content/uploads/2021/12/Lei-no-5.179-9-dezembro-2021-passaporte-
sanitario-Rondonia.pdf

6 https://www.flgov.com/wp-content/uploads/2021/04/EO-21-81.pdf

7 https://gov.texas.gov/uploads/files/press/EO-GA-
40_prohibiting_vaccine_mandates_legislative_action_IMAGE_10-11-2021.pdf

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17/12/2021 11:04 SEI/DPU - 4893744 - Petição

8 "Art.
139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:

I - obrigação de permanência em localidade determinada;

II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;

III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de


informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;

IV - suspensão da liberdade de reunião;

V - busca e apreensão em domicílio;

VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII - requisição de bens."

9 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8052499/

https://spdiario.com.br/wp-content/uploads/2021/11/LAUDO-MEDICO-PERICIAL-BRUNO-OSCAR-
GRAF-22-SET-2021-DRA.-MARIA-EMILIA-GADELHA-SERRA-1.pdf

Documento assinado eletronicamente por João Frederico Bertran W. Chaibub, Defensor(a)


Público(a) Federal, em 17/12/2021, às 00:37, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº
2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

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Federal, em 17/12/2021, às 09:54, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24
de agosto de 2001.

Documento assinado eletronicamente por Julio Cezar de Queiroz, Defensor(a) Público(a)-Chefe,


em 17/12/2021, às 10:20, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto
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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2021

Dispõe sobre a apresentação de


comprovante de vacinação contra a
Covid-19, para o desenvolvimento de
atividades presenciais a serem realizadas
nas dependências da UFG.

O CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL


DE GOIÁS, no uso de suas atribuições legais, estatutárias e regimentais, reunido em sessão
plenária realizada no dia 26 de novembro de 2021, tendo em vista o que consta do Processo SEI
nº 23070.059009/2021-31, e considerando,

a) a decisão do Conselho Universitário, em reunião de 1º de outubro de


2021, que recomenda a vacinação contra a Covid-19 a todos os
membros da comunidade da UFG;
b) que cada membro da comunidade universitária é responsável pela
garantia da saúde pública e deve observar as orientações da
Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e das
Secretarias de Saúde do estado de Goiás e município de Goiânia;
c) que permanece a condição de emergência de saúde pública nacional e
internacional decorrente da pandemia da COVID-19, o que exige a
combinação de medidas preventivas individuais e coletivas para
aumentar a proteção de todas as pessoas;
d) a Instrução Normativa SGP/SEDGG/ME nº 90, de 28 de setembro de
2021, que estabelece orientações aos órgãos e entidades do Sistema de
Pessoal Civil da Administração Pública Federal - SIPEC para o retorno
gradual e seguro ao trabalho presencial;
e) a adoção de requisitos de biossegurança, individuais e coletivos
combinados, para o retorno gradual e seguro às atividades presenciais,
no âmbito da UFG, consoante o que dispõe a Portaria UFG nº 3240, de
15 de outubro de 2021; e
f) o que dispõem as Resoluções CONSUNI nº 89 e 90, de 1º de outubro
de 2021, respectivamente, que estabelecem regras do Regulamento
Geral dos Cursos de Graduação - RGCG, enquanto durar a situação de
pandemia da Covid-19, e sobre a ampliação segura e gradual das
atividades escolares e acadêmicas presenciais da UFG, a partir do
semestre de 2021/1,

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R E S O L V E:

Art. 1º Tornar obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação para


Covid-19, aos membros da comunidade universitária e público externo, comprovado pelo
certificado nacional de vacinação, para o desenvolvimento das atividades presenciais a serem
realizadas nas dependências da UFG.

Art. 2º Os procedimentos de implementação e controle de exigência do


comprovante de vacinação para Covid-19, tanto do público interno quanto do público externo,
serão regulados por ato normativo posterior.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor 15 dias após a sua publicação e possui
vigência enquanto perdurarem as medidas de proteção para o enfrentamento da emergência de
saúde pública decorrente do coronavírus (Covid-19) e as restrições impostas pela Instrução
Normativa SGP/SEDGG/ME nº 90, de 28 de setembro de 2021, a Portaria UFG nº 3240, de 15
de outubro de 2021, e Resoluções CONSUNI/UFG nº 89 e 90, de 1º de outubro de 2021.

Goiânia, 26 de novembro de 2021.

Prof. Edward Madureira Brasil


- Reitor -

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
30/11/2021 14:29 SEI/DPU - 4855475 - Ofício

 4855475v21   08152.000071/2020-32

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO EM GOIÂNIA/GO


Avenida T-63, esquina com a Avenida T-04 e Rua T-38, nº 984 – Quadra 142, lotes 10/16 – Edifício Monte Líbano - Bairro Setor Bueno - CEP
74230-100 - Goiânia - GO

OFÍCIO - Nº 4855475/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO

Goiânia, 30 de novembro de 2021.


A Sua Magnificência o Senhor
EDWARD MADUREIRA BRASIL
Presidente do Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás
Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás
Avenida Esperança s/n, Câmpus Samambaia - Prédio da Reitoria.
Goiânia - GO
CEP 74690-900
 
 
Assunto: Passaporte vacinal
Nossa Referência: Ao responder este Ofício, gentileza indicar expressamente o PAJ nº 2021/002-00995
Vossa Referência: Resolução CONSUNI sobre "passaporte vacinal"
 
Senhor Presidente,
cumprimentando-vos, informo que a Defensoria Pública da União atua na defesa das
garantias individuais e dos interesses coletivos e individuais homogêneos dos alunos hipossuficientes
desta IES. Nesse mister, teve-se na presente data ciência de notícia jornalística1 veiculada em 26/11/2021
informando, em síntese, que "O Conselho Universitário da UFG (Consuni) deliberou pela exigência do
passaporte vacinal para frequentar as dependências da Universidade; a decisão abrange professores,
técnicos-administrativos, estudantes e visitantes. O assunto foi aprovado em reunião nesta sexta-feira
(26/11), com 96% dos votos. (...)."
Considerando o preocupante teor de referida notícia;
Considerando que a Constituição impõe a igualdade2 de tratamento entre cidadãos, e que
pessoas que, por imperativo de consciência e/ou pelo fundado receio dos  riscos que vacinas  ainda
experimentais e com uso autorizado em caráter meramente emergencial podem carrear à sua saúde e à sua
vida, optaram por não ser vacinadas não podem receber tratamento diferente daquelas que
decidiram  vacinar-se, sob pena de caracterização de discriminação ilegal, e por isso têm
o mesmo direito/dever que estas de comparecer presencialmente ao trabalho na repartição pública;
Considerando o princípio da legalidade estrita à qual devem estar vinculados todos
os atos da Administração3;
Considerando o disposto no art. 15 do Código Civil4;
Considerando que a mera solicitação de comprovação de vacinação pode em termos
práticos implicar em potencial coação ou, quando  menos, em constrangimento ilegal, ainda que sutil,
para exposição de  dados alusivos à vida íntima e privada - guarnecidos por inviolabilidade de sigilo de
estatura constitucional5  - do público que por qualquer motivo necessite ter acesso às dependências da
UFG, especialmente sobre o respeito ao sigilo de informações relativas à saúde pessoal dos indivíduos;
Considerando que antepor a exigência de exibição de comprovação vacinal ao
direito/dever do indivíduo componente do público interno (professores, pessoal técnico-administrativo e
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30/11/2021 14:29 SEI/DPU - 4855475 - Ofício

estudantes) de "comparecimento presencial" aos diversos recintos desta UFG para nela desempenhar suas
atividades administrativas ou acadêmicas,  pode caracterizar em tese violação à  sua liberdade
constitucional de ir, vir e permanecer6;
Considerando que antepor a exigência de exibição de comprovação vacinal ao
direito/dever do indivíduo componente do público externo (visitantes) para adentrar a qualquer recinto da
UFG para nelas poder desempenhar suas atividades administrativas,  acadêmicas ou para acesso aos
diversos serviços que a UFG presta, notadamente ao público carente que depende dos serviços de saúde
prestados pela UFG,  pode caracterizar em tese violação à  sua liberdade constitucional de ir, vir e
permanecer6;
Considerando que, segundo informações colhidas junto à SES-GO7 por esta Defensoria
Pública, as vacinas contra a covid19 aplicadas até o momento na população do território do Estado de
Goiás não têm sido totalmente eficazes em inibir  o contágio, nem a infecção, nem a reinfecção, nem a
internação e  nem o óbito pela referida patologia de pessoas vacinadas (mais de 7.420  óbitos até o
momento) ou não-vacinadas - e que, portanto, a exibição de "passaporte vacinal" não oferece qualquer
garantia de que a pessoa vacinada de fato esteja imunizada contra a covid19 e de que não infectará outras
pessoas, vacinadas ou não-vacinadas, tornando inútil e injusta a sua exigência para fins da pretendida
proteção à comunidade acadêmica;
Considerando que decretos, resoluções, instruções normativa e portarias não podem
sobrepor-se às liberdades e garantias constitucionais individuais8 acima mencionadas, muito menos
as podem derrogar, e que o cumprimento ou exigência de norma ilegal ou inconstitucional pode em
tese ensejar a responsabilização do administrador e do agente público;
Considerando que o que dispõe o art. 44, X, da Lei Complementar nº 80/949;
Venho pelo presente REQUISITAR, nos termos do art. 5º, XXXIII10, da Constituição e
do art. 44, X, da Lei Complementar 80/94, que Vossa Magnificência, no prazo de 5 (cinco) dias, razoável
para procedimentalização, esclareça  em qual  lex  stricta et scripta  de âmbito federal que tenha tornado
concretamente obrigatória a vacinação contra a COVID ou que permita ou  obrigue seja solicitado ao
indivíduo a apresentação de comprovante de vacinação para acesso a  prédios ou repartições públicas
federais  fulcrou-se o CONSUNI para editar Resolução continente da exigência de comprovante de
vacinação contra a covid19 para acesso aos prédios da UFG, referenciada em epígrafe.
Colho do ensejo para enviar a Vossa Senhoria votos de estima e consideração.
Atenciosamente,

JOÃO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB


Defensor Público Federal
________________________

1 https://www.ufg.br/n/148832-consuni-aprova-exigencia-do-passaporte-de-vacinacao-na-ufg

2 "Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)." (Constituição da República Federativa de 1988).

3 "Art. 5º. (...) I - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;" (Constituição da República Federativa de 1988).

4 "Art.15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica." (Código Civil brasileiro).
5 "X-são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;" (Constituição da República
Federativa de 1988).
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30/11/2021 14:29 SEI/DPU - 4855475 - Ofício

6 "XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;" (Constituição da República Federativa de 1988).

7 Ofício nº 41920/2021 - SES, autos do PAJ nº 2021-002/03045;

8 "Art.
60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º Não será objeto de deliberação
a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV - os direitos e garantias individuais." (Constituição da
República Federativa de 1988).
9"Art. 44.São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: (...) X - requisitar de
autoridade pública e de seus agentes exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos,
documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições;"

10 "Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado;

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2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

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código CRC 5BE3D090.

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INÍCIO > NOTÍCIAS > CONSUNI APROVA EXIGÊNCIA DO PASSAPORTE DE VACINAÇÃO NA UFG

Consuni aprova exigência do passaporte de vacinação na UFG


Em 26/11/21 17:51.
Atualizada em 26/11/21 18:17.

Procedimentos para a implantação da decisão serão definidos em instrução normativa 

Texto: Ana Paula Vieira (Reitoria Digital)

O Conselho Universitário da UFG (Consuni) deliberou pela exigência do passaporte vacinal para frequentar as
dependências da Universidade; a decisão abrange professores, técnicos-administrativos, estudantes e
visitantes. O assunto foi aprovado em reunião nesta sexta-feira (26/11), com 96% dos votos. Os
procedimentos para a implantação dessa decisão, que explicam de que forma ela funcionará, serão definidos
em instrução normativa a ser apresentada posteriormente.

A autoria do requerimento para discussão do assunto foi do Diretório Central dos Estudantes (DCE), do
Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg) e do Sindicato dos Trabalhadores
Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás
(Sintifesgo) que se posicionaram, durante a reunião, a favor da exigência do comprovante de vacinação.

O reitor da UFG, Edward Madureira, enfatizou que a discussão já vinha ocorrendo em algumas reuniões do
Consuni e, em todos os momentos, a gestão ratificou seu compromisso com a vacinação e sua importância
para o enfrentamento da pandemia de covid-19.

Conforme resolução aprovada no dia 1 de outubro pelo Consuni, a ampliação das atividades presenciais na
UFG ocorrerá no dia 17 de janeiro de 2022. Mais informações sobre os protocolos de biossegurança já
estabelecidos estão disponíveis no site retomada.ufg.br.

Saiba mais

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Fonte:
Reitoria Digital

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OFÍCIO - Nº 4855475/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO​.

qua 08/12/2021 09:22

Para:SECAO DE REGISTRO CARTORIAL DPU-GOIANIA-GO <cartorio.go@dpu.def.br>; Reitoria <secretaria.reitoria@ufg.br>;

 1 anexos (144 KB)


Ofício 1465.pdf;

A pedido do Reitor da Universidade Federal de Goiás, encaminho, em anexo, o OFÍCIO Nº 1465/2021/GR/UFG, relativo ao OFÍCIO -
Nº 4855475/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO.

Solicito, por gentileza, a confirmação de recebimento da presente mensagem eletrônica.

Atenciosamente,

Matheus Falcão dos Reis


Assistente em Administração
Gabinete do Reitor - UFG
Telefone: (62) 3521-1324

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
GABINETE DA REITORIA

OFÍCIO Nº 1465/2021/GR/UFG
Processo nº 23070.066052/2021-53
Goiânia, 07 de dezembro de 2021.
A Sua Excelência o Senhor
João Frederico Bertran Wirth Chaibub
Defensor Público Federal
Defensoria Pública da União
2º Ofício
E-mail: cartorio.go@dpu.def.br

Assunto: OFÍCIO - Nº 4855475/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO​.

Referência: Caso responda este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 23070.066052/2021-53.

Senhor Defensor Público Federal,


 
Reportando-nos ao OFÍCIO - Nº 4855475/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO, relativo ao PAJ nº
2021/002-00995, o qual solicita informações acerca do fundamento legal para adoção de passaporte
vacinal no âmbito da UFG, solicitamos a gentileza de prorrogar o prazo inicialmente designado para a
adoção das medidas cabíveis, em decorrência da necessidade de reunirmos todos as informações
necessárias junto ao setor responsável desta Universidade para o adequado atendimento à presente
solicitação.
Contando com a sua compreensão, antecipamos nossos agradecimentos.
 
Atenciosamente,
 

Documento assinado eletronicamente por Edward Madureira Brasil, Reitor, em 08/12/2021, às


08:50, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543,
de 13 de novembro de 2020.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


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acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código verificador 2555574 e
o código CRC FF362F84.

Avenida Esperança s/n, Alameda Ingá – Quadra B – Edifício B1 – Prédio da Reitoria – 1º andar - Bairro Campus
Samambaia - Telefone: (62)3521-1063
CEP 74690-900 Goiânia/GO - https://www.ufg.br/

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 17/12/2021 11:08:53 Num. 865446067 - Pág. 1
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Número do documento: 21121711085304700000857379243

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 35
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121917501280800000175782477
Número do documento: 21121917501280800000175782477
protocolo.cidarq@ufg.br 
Referência: Caso responda este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 23070.066052/2021-53 SEI nº 2555574

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 17/12/2021 11:08:53 Num. 865446067 - Pág. 2
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Número do documento: 21121711085304700000857379243

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 36
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Número do documento: 21121917501280800000175782477
10/12/2021 00:44 SEI/DPU - 4879329 - Ofício

 4879329v2   08152.000071/2020-32

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO EM GOIÂNIA/GO


Avenida T-63, esquina com a Avenida T-04 e Rua T-38, nº 984 – Quadra 142, lotes 10/16 – Edifício Monte Líbano - Bairro Setor Bueno - CEP
74230-100 - Goiânia - GO

OFÍCIO - Nº 4879329/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO

Goiânia, 10 de dezembro de 2021.


A Sua Magnificência o Senhor
EDWARD MADUREIRA BRASIL
Presidente do Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás
Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás
Avenida Esperança s/n, Câmpus Samambaia - Prédio da Reitoria.
Goiânia - GO
CEP 74690-900
 
ASSUNTO: DILAÇÃO DE PRAZO - CONCESSÃO
Nossa referência: Ao responder este Ofício, gentileza indicar expressamente o PAJ nº 2021/002-00995
Vossa referência: Ofício 1465/2021/GR/UFG (referente ao processo n° 23070.066052/2021-53)
 
Senhor Presidente,
cumprimentando-vos cordialmente, informo que a DEFENSORIA PÚBLICA DA
UNIÃO, incumbida da missão constitucional de prestar assistência jurídica gratuita aos necessitados, com
base no art. 4º, VIII e XI, da Lei Complementar nº 80/94, exerce a defesa dos direitos e interesses
individuais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e dos direitos do consumidor e a defesa dos
interesses individuais e coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da pessoa portadora de
necessidades especiais, da mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais
vulneráveis que mereçam proteção especial do Estado.
No dia 30/11/2021, esta Defensoria Pública enviou à Vossa Senhoria o OFÍCIO - Nº
4744205/2021 - DPU GO/2OFCIV GO pelo qual requisitou-se diversas informações.
No dia 09/12/2021, Vossa Magnificência enviou-nos o Ofício 1465/2021/GR/UFG
(referente ao processo n° 23070.066052/2021-53) e expressou a dificuldade de cumprir tal determinação
em razão do curto prazo estipulado.
Portanto, DEFIRO o pedido de dilação do prazo, concedendo o prazo de mais 3 (três)
dias para o envio das informações requisitadas.
No aguardo do melhor encaminhamento da questão, subscrevo-me, enviando a Vossa
Magnificência protestos de elevada estima e consideração.
Atenciosamente,

JOÃO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB

Defensor Público Federal

Documento assinado eletronicamente por João Frederico Bertran W. Chaibub, Defensor(a)


Público(a) Federal, em 10/12/2021, às 00:43, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº
2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

https://sei.dpu.def.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=10000005213250&inf… 1/2

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 17/12/2021 11:08:53 Num. 865446068 - Pág. 1
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Número do documento: 21121711085326600000857379244

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
10/12/2021 00:44 SEI/DPU - 4879329 - Ofício

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


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código CRC 48E7107D.

08152.000071/2020-32 4879329v2

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Número do documento: 21121711085326600000857379244

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
Email – cartorio.go@dpu.def.br https://webmail.dpu.def.br/owa/#path=/mail/inbox

Resposta ao OFÍCIO - Nº 4855475/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO.

UFG/GR/SEC - Matheus Falcão dos Reis <matheusfalcao@ufg.br>


seg 13/12/2021 14:18

Para:SECAO DE REGISTRO CARTORIAL DPU-GOIANIA-GO <cartorio.go@dpu.def.br>; Reitoria <secretaria.reitoria@ufg.br>;

1 anexos (130 KB)

SEI_23070.066052_2021_53.pdf;

A pedido do Reitor da Universidade Federal de Goiás, encaminho, em anexo, o Ofício nº 1478/2021/GR/UFG, em resposta ao OFÍCIO - Nº
4855475/2021 - DPU-GO/2OFCIV GO.

Solicito, por gentileza, a confirmação de recebimento da presente mensagem eletrônica.

Atenciosamente,

Matheus Falcão dos Reis


Assistente em Administração
Gabinete do Reitor - UFG
Telefone: (62) 3521-1324

1 of 1 14/12/2021 09:54

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Número do documento: 21121711085339300000857379247

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
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Número do documento: 21121711085351200000857379251

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
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Número do documento: 21121711085351200000857379251

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Número do documento: 21121711085351200000857379251

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Número do documento: 21121711085351200000857379251

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
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Número do documento: 21121711085351200000857379251

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
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Número do documento: 21121917501280800000175782477
Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 17/12/2021 11:08:54 Num. 865446075 - Pág. 12
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Número do documento: 21121711085351200000857379251

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 51
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12/10/2021 18:34 SEI/DPU - 4752716 - Ofício

 4752716v2   08152.000071/2020-32

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO EM GOIÂNIA/GO


Avenida T-63, esquina com a Avenida T-04 e Rua T-38, nº 984 – Quadra 142, lotes 10/16 – Edifício Monte Líbano - Bairro Setor Bueno - CEP
74230-100 - Goiânia - GO

OFÍCIO - Nº 4752716/2021 - DPU GO/2OFCIV GO

Goiânia, 12 de outubro de 2021.


A Sua Excelência o Senhor
RONALDO CAIADO
Governador do Estado de Goiás
Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira (Praça Cívica), nº 26 – Setor Central
CEP 74003-010
Goiânia / GO

URGENTE

ASSUNTO: REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES


Nossa Referência: PAJ DPU/GO Nº 2021/002-03045 (Gentileza informar em vossa resposta)
Vossa Referência:
 
 
Senhor Governador,
cumprimentando-vos cordialmente, informo que a DEFENSORIA PÚBLICA DA
UNIÃO, incumbida da missão constitucional de prestar assistência jurídica gratuita aos necessitados, com
base no art. 4º, VIII e XI, da Lei Complementar nº 80/94, exerce a defesa dos direitos e interesses
individuais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e dos direitos do consumidor e a defesa dos
interesses individuais e coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da pessoa portadora de
necessidades especiais, da mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais
vulneráveis que mereçam proteção especial do Estado.
Esta Instituição permanece atenta às medidas adotadas em todas as esferas de Governo
referentes à Covid-19 e, em especial, neste momento, à administração das respectivas vacinas.
Dispõe a Constituição da República acerca do direito à informação de interesse coletivo
ou geral, litteris:
 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado; (Os grifos não estão no original)
 
Além disso, o direito à saúde é assegurado constitucionalmente, como se pode observar
nos seguintes dispositivos também da Constituição Federal:
 

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
12/10/2021 18:34 SEI/DPU - 4752716 - Ofício

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (Os grifos não
estão no original)
(...)
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,
nos termos da lei:
(...)
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte,
guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos; (Os grifos não estão no original)
 
Não se pode esquecer que o Código de Defesa do Consumidor prevê os direitos básicos
dos consumidores, entre eles:
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados
perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem;                          (Redação dada pela Lei nº 12.741, de
2012)  (Os grifos não estão no original)
 
Nos termos do artigo 44, inciso X, da Lei Complementar 80/94, é prerrogativa do
Defensor Público Federal “requisitar de autoridade pública e de seus agentes, exames, certidões, perícias,
vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao
exercício de suas atribuições”.
 
Assim, REQUISITO que Vossa Excelência, no prazo de 72 (setenta e duas) horas,
gentilmente informe-nos:
- o número de óbitos por Covid-19 de pessoas vacinadas (com 1 ou 2 doses) no Estado
de Goiás;
- o número de óbitos por Covid-19 de pessoas não vacinadas desde o início da
vacinação no Estado de Goiás;
- o número de pessoas vacinadas (com 1 ou 2 doses) atualmente internadas com Covid-
19 no Estado de Goiás;
- o número de pessoas não vacinadas atualmente internadas com Covid-19 no Estado de
Goiás.
 
Por oportuno, recorda-se a Vossa Excelência que, por força do disposto no art. 44, XIII
da Lei Complementar n° 80/94, devem os Defensores Públicos receber o mesmo tratamento reservado aos
magistrados e demais titulares dos cargos das funções essenciais à justiça.
No aguardo do melhor encaminhamento da questão, subscrevo-me, enviando a Vossa
Excelência protestos de elevada estima e consideração.
 
https://sei.dpu.def.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=10000005080025&inf… 2/3

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12/10/2021 18:34 SEI/DPU - 4752716 - Ofício

Atenciosamente,
 

JOÃO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB

Defensor Público Federal

Documento assinado eletronicamente por João Frederico Bertran W. Chaibub, Defensor(a)


Público(a) Federal, em 12/10/2021, às 18:33, conforme o §2º do art. 10 da Medida Provisória nº
2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://www.dpu.def.br/sei/conferir_documento_dpu.html informando o código verificador 4752716 e o
código CRC 9A7ED2A7.

08152.000071/2020-32 4752716v2

https://sei.dpu.def.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=10000005080025&inf… 3/3

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11/11/2021 11:25 Email – cartorio.go@dpu.def.br

Oficio

SEI E-MAIL SISTEMA <sei-noreply@sistemas.goias.gov.br>


ter 09/11/2021 16:37

Para:SECAO DE REGISTRO CARTORIAL DPU-GOIANIA-GO <cartorio.go@dpu.def.br>; SECAO DE ATENDIMENTO DPU-GOIANIA-GO


<atendimento.go@dpu.def.br>;

 9 anexos (2 MB)
Oficio_000024644077_OF_N__4752716_21_DPU_GO_2OFCIVGO.pdf; Oficio_000024646447.html; Despacho_000024691322.html;
Despacho_000024715126.html; Oficio_000024718638.html; E_mail_000024720480.html; E_mail_000024724112.html;
A.R_Correio_000024748208_PLP_26_10_Sedex.pdf; Oficio_000025035201.html;

Prezado(a) Senhor(a),

Encaminhamos, em anexo, a resposta da sua solicitação.

Solicitamos, por gentileza, que acuse o recebimento desse.

Atenciosamente,

Secretaria-Geral do Gabinete

Secretaria de Estado da Saúde

Governo de Goiás

Fone: (62) 3201-3796

https://webmail.dpu.def.br/owa/#path=/mail/inbox 1/1

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Número do documento: 21121711085464000000857379285

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
11/11/2021 11:09 SEI/GOVERNADORIA - 000025035201 - Ofício

ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
 
 
 
Ofício nº 41920/2021 - SES
 
GOIANIA, 08 de novembro de 2021.
 
 

A Sua Senhoria o Senhor

João Frederico Bertran Wirth Chaibub

Defensor Público Federal da Defensoria Pública da União em Goiânia

Avenida T-63, esquina com a Avenida T-04 e Rua T-38, nº 984, Quadra 142, Lotes 10/16, Edifício Monte
Líbano, Setor Bueno

74230-100  Goiânia/GO

 
 
Assunto: Resposta ao Ofício n.º 4752716/2021-DPU GO/2OFCIV GO 
 
Senhor Defensor,
 

                               Em atenção ao Ofício n.º 4752716/2021-DPU GO/2OFCIV GO (v. 000024644077),


remetido ao Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de Goiás,  Ronaldo Ramos Caiado, requerendo
informações referentes à vacinação da Covid-19. E em observância a solicitação de dilação de prazo para
resposta emitido no Despacho nº 19/2021 (v. 000024715126), vimos por meio de este elucidar a atual
situação epidemiológica solicitada.

                               Considerando que o sistema de vigilância epidemiológica dos casos graves e óbitos pelos
Sars-CoV-2 é o Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), que prevê a notificação de
casos de que se enquadrem na definição operacional de caso suspeito de síndrome respiratória aguda grave
(SRAG-HOSPITALIZADO), ou seja, indivíduos com síndrome gripal (SG*) que apresente:
dispneia/desconforto respiratório OU pressão persistente no tórax OU saturação de O2 menor que 95% em
ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou rosto. (*SG: Indivíduo com quadro respiratório agudo,
caracterizado por pelo menos dois (2) dos seguintes sinais e sintomas: febre (mesmo que referida), calafrios,
dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou gustativos). Para efeito de notificação
no Sivep-Gripe, devem ser considerados os casos de SRAG hospitalizados ou os óbitos por SRAG
independente de hospitalização;

                               Considerando que a ficha de registro individual


(https://www.saude.go.gov.br/files/vigilancia/epidemiologica/fichas-de-
notificacao/SindromeRespiratoriaAgudaGrave-SIVEPGRIPE.pdf.pdf), ou seja, o instrumento de coleta de

file:///C:/Users/emanuel.oliveira/Downloads/Oficio_000025035201.html 1/4

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
11/11/2021 11:09 SEI/GOVERNADORIA - 000025035201 - Ofício

dados para investigação epidemiológica vem sofrendo inúmeras adequações desde que foi elencada para
notificação dos casos graves da Covid-19, com a incorporação da informação inerente à vacinação contra
essa doença em sua versão publicada em 23/03/2021;

                               Considerando que os campos 36 a 39 da ficha de investigação epidemiológica apresentam


percentual elevado de informação ignorada ou com negativa a histórico de vacinação, justamente por tratar-
se de um campo recentemente obrigatório e muitas vezes com informações desconhecidas por parte dos
profissionais de saúde que assistem o paciente;

                               Considerando que o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-


PNI) é o sistema utilizado para o registro das doses aplicadas dos imunobiológicos disponíveis no Sistema
Único de Saúde, incluindo as vacinas contra Covid-19;

                               Considerando a determinação do Ministério da Saúde que prevê a inclusão automática


dos registros vacinais aos pacientes notificados no SIVEP- Gripe a partir 07/10/2021, por meio da
interoperabilidade entre os sistemas nacionais de informação, mas que desde então tem gerado inoperância e
constantes instabilidades no SIVEP-Gripe;

                               Considerando que os dados relativos aos registros de vacinações anteriores a data
supramencionada têm previsão de ser incorporadas paulatinamente aos registros no SIVEP-GRIPE, por meio
de API (Interface de programação de Aplicativos), sem previsão exata por parte dos órgãos oficiais;

                               Considerando a possibilidade de relacionamento de base de dados de um ou mais


sistemas de informação em saúde;

                               A presente análise de dados para resposta ao excelentíssimo defensor público federal
contempla a realização de linkage dos bancos de dados SIVEP-Gripe e SI-PNI, utilizando as seguintes
chaves de ligação: CPF ou CNS, Nome do Paciente, Data de Nascimento e Nome da Mãe do paciente. O
linkage gerou um banco  de dados unificados, o qual congrega as informações de interesse.

                               Para a análise dos dados foram considerados indivíduos vacinados que evoluíram com
necessidade de internação hospitalar e/ou óbito àqueles que tinham registros de doses aplicadas no SI-PNI,
notificados no SIVEP-GRIPE, com classificação: “Confirmado”, utilizando os critérios: laboratoriais,
clínicos, clínico-imagem, clínico-epidemiológico, conforme prevê as definições operacionais de casos
confirmados da Covid-19 no Guia de Vigilância Epidemiológica (https://www.conasems.org.br/wp-
content/uploads/2021/03/Guia-de-vigila%CC%82ncia-epidemiolo%CC%81gica-da-
covid_19_15.03_2021.pdf). Importante ressaltar que a proteção conferida pela vacinação se dá 15 a 30 dias
após o recebimento do esquema completo do imunizante. Neste sentido, a análise considerou indivíduos
imunizados àqueles que apresentaram data de início dos sintomas pelo menos 15 dias após a data da segunda
dose ou dose única (Jansen) da vacina.

                               Importante ressaltar, que a ocorrência da doença ou óbitos em pessoas previamente


imunizadas não se trata de falha vacinal, já que os estudos apontam para a diminuição considerável das
formas graves, com redução de internações, internações em UTI e óbitos. Porém, é importante considerar
que existem fatores que influenciam o processo de imunização que se distribuem em fatores intrínsecos do
hospedeiro, fatores perinatais, fatores extrínsecos, fatores comportamentais, fatores nutricionais, fatores
ambientais, fatores vacinais e fatores relacionados à administração das vacinas. 

                               Neste sentido, para análise de resposta e efetividade vacinal, só é possível ser avaliada
com esquema completo, dos imunobiológicos atualmente distribuídos pelo Ministério da Saúde do Brasil, ou
seja, duas doses para as vacinas Coronavac, Astrazênica e Pfizer, conforme estudos de fase III, elaborados e
divulgados pelos laboratórios produtores. No caso da Jansen a resposta se dá com dose única. 

                               Assim posto, segue as informações relativas aos questionamentos levantados:

• Número de óbitos por Covid-19 de pessoas vacinadas (com 1 ou 2 doses) e não vacinadas desde o início da
vacinação no Estado de Goiás;

 
file:///C:/Users/emanuel.oliveira/Downloads/Oficio_000025035201.html 2/4

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 17/12/2021 11:08:54 Num. 865465061 - Pág. 2
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121711085480300000857379287
Número do documento: 21121711085480300000857379287

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11/11/2021 11:09 SEI/GOVERNADORIA - 000025035201 - Ofício

Doses aplicadas Nº indivíduos  

 
1ª dose (esquema incompleto) 4.948
 

2ª dose ou dose única (esquema completo) 2.472  

 
Completamente imunizados* 2.087
 

Não vacinados 13.708  

 
Total de óbitos 15.795
 

*15 dias de intervalo entre a 2ª dose e a data de início dos sintomas

Fonte: Dados unificados SIVEP-Gripe e SI=PNI

                               Para análise dos dados inerentes o histórico de vacinação em pessoas atualmente
internadas, considerou-se os pacientes notificados no SIVEP-Gripe, no período de 01 de agosto à 06 de
novembro de 2021, com registro de vacinação contra Covid-19, cuja evolução conste a informação:
ignorado.

 
Doses aplicadas Nº indivíduos
 

1ª dose (esquema incompleto) 399  

 
2ª dose ou dose única (esquema completo) 333
 

Completamente imunizados* 285  

 
Não vacinados           641
 

Total de casos com evolução ignorada 926  

*15 dias de intervalo entre a 2ª dose e a data de início dos sintomas

Fonte: Dados unificados SIVEP-Gripe e SI=PNI

                                Diante do exposto é importante ressaltar que se trata de dados secundários, preliminares
e sujeitos a alterações. Enfatizamos, especialmente, no que se refere aos dados relativos às internações, que o
encerramento está condicionado à instituição de saúde de internação que informa quanto à cura ou ocorrência
de óbitos, sendo que verdadeiramente, faz-se necessário a otimização de tal rotina para obtermos dados
fidedignos e que reflitam a realidade.

                                Atenciosamente,

Documento assinado eletronicamente por ANA CRISTINA GONCALVES DE OLIVEIRA,


file:///C:/Users/emanuel.oliveira/Downloads/Oficio_000025035201.html 3/4

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11/11/2021 11:09 SEI/GOVERNADORIA - 000025035201 - Ofício

Gerente, em 08/11/2021, às 16:41, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do
Decreto nº 8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por FLUVIA PEREIRA AMORIM DA SILVA,


Superintendente, em 09/11/2021, às 12:17, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art.
3ºB, I, do Decreto nº 8.808/2016.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://sei.go.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=1 informando o código verificador
000025035201 e o código CRC A0B26FDE.

GERÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

   
Av. 136, Qd. F-44, lts. 22/24, Edf. César Sebba - Setor Sul - GOIANIA - GO - CEP 74093-250

Referência: Processo nº 202118037005351 SEI 000025035201

file:///C:/Users/emanuel.oliveira/Downloads/Oficio_000025035201.html 4/4

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Seção Judiciária de Goiás
Distribuição

PROCESSO: 1059396-61.2021.4.01.3500

INFORMAÇÃO DE PREVENÇÃO

POSITIVA

A Distribuição da Seção Judiciária de Goiás informa que, após análise do relatório de prevenção gerado
automaticamente pelo sistema PJe e pesquisa nos demais sistemas eletrônicos da Justiça Federal da 1ª Região, foram
selecionados somente os seguintes processos como possivelmente preventos ao processo 1059396-61.2021.4.01.3500:

/2ª Vara Federal Cível da SJGO

ACPCiv 1036031-75.2021.4.01.3500 - Ensino Superior

Ministério Público Federal (Procuradoria) X UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS e outros (3)

Distribuído em: 03/08/2021

Encaminhem-se os autos ao órgão julgador do processo.

GOIÂNIA, 17 de dezembro de 2021.

(assinado eletronicamente)
Servidor

Assinado eletronicamente por: DENISE CORREA SOARES FERREIRA - 17/12/2021 12:35:59 Num. 866494585 - Pág. 1
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Número do documento: 21121712355911000000858425754

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 60
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Número do documento: 21121917501280800000175782477
Seção Judiciária do Estado de Goiás
2ª Vara Federal Cível da SJGO

Processo: 1059396-61.2021.4.01.3500
Classe: AÇÃO CIVIL COLETIVA (63)
SUBSTITUÍDO: DEFENSORIA PUBLICA DA UNIÃO
SUBSTITUÍDO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS

CONCLUSÃO
Nesta data, faço os presentes autos conclusos ao MM. Juiz Federal.
Goiânia, 17 de dezembro de 2021

SERVIDOR(A)
(assinatura digital, vide abaixo)

Assinado eletronicamente por: CELINA LIVIA MARCHIO BEZERRA - 17/12/2021 13:15:28 Num. 866706556 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121713152868400000858618263
Número do documento: 21121713152868400000858618263

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 61
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121917501280800000175782477
Número do documento: 21121917501280800000175782477
Seção Judiciária do Estado de Goiás
2ª Vara Federal Cível da SJGO

Processo: 1059396-61.2021.4.01.3500
Classe: AÇÃO CIVIL COLETIVA (63)
SUBSTITUÍDO: DEFENSORIA PUBLICA DA UNIÃO
SUBSTITUÍDO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS

CERTIDÃO - NÃO PREVENÇÃO


Certifico que o processo apontado pelo sistema de prevenção do PJe (relatório retro juntado) não é
conexo com a presente ação.
Goiânia, 17/12/2021

SERVIDOR(A)
(assinatura digital, vide abaixo)

Assinado eletronicamente por: CELINA LIVIA MARCHIO BEZERRA - 17/12/2021 13:18:17 Num. 866706575 - Pág. 1
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Número do documento: 21121713181769900000858634732

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 62
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121917501280800000175782477
Número do documento: 21121917501280800000175782477
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE GOIÁS

AUTOS SOB Nº 1059396-61.2021.4.01.3500

PAJ DPU/GO Nº 2021/002-00995

A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO vem, por este à presença de Vossa Excelência


REQUERER a juntada aos autos de arquivo de vídeo de gravação ambiental ilustrativa de discriminação de não-
vacinados em ambiente estudantil mencionado na fl. 8 da petição inicial de Id 866294593, que por um lapso
olvidou-se de juntar aos autos quando do ato da propositura desta ação. Por oportuno, e dada a proximidade do
recesso Judiciário, reitera o pedido de concessão da tutela de urgência, malgrado o grande número de
processos atribuídos a esta laboriosa Vara Federal, e dada a grande repercussão negativa que a exigência ilegal
imposta pela Resolução vergastada causa nos direitos da coletividade de pessoas por ela limitadas no exercício
de seus direitos junto às dependências e serviços da UFG durante o período de recesso do Judiciário.

Termos em que pede deferimento.

Goiânia, 17 de dezembro de 2021.

João Frederico Bertran Wirth Chaibub

Defensor Público Federal

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 17/12/2021 16:10:47 Num. 867271547 - Pág. 1
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Número do documento: 21121716104691800000859187241

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 63
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121917501280800000175782477
Número do documento: 21121917501280800000175782477
17/12/2021 15:58
7104357269328447268

Tipo de documento: Documento Comprobatório


Descrição do documento: 7104357269328447268
Id: 867271593
Data da assinatura: 17/12/2021

Atenção

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Num. 867271593 - Pág. 1

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 64
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Número do documento: 21121917501280800000175782477
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária de Goiás
2ª Vara Federal Cível da SJGO

PROCESSO: 1059396-61.2021.4.01.3500
CLASSE: AÇÃO CIVIL COLETIVA (63)
POLO ATIVO: DEFENSORIA PUBLICA DA UNIÃO
POLO PASSIVO:UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS

DECISÃO

Trata-se de habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado pela DEFENSORIA


PÚBLICA DA UNIÃO contra ato atribuído ao CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE GOIÁS - CONSUNI, objetivando a “ordem de habeas corpus contra a
RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, ou eventual norma posterior
de semelhante teor, seja confirmada a garantia da liberdade de locomoção incondicionada de
todas as pessoas que estejam a ou tencionem transitar pelas dependências da Universidade
Federal de Goiás, permitindo-se-lhes o exercício pleno de seu direito fundamental
constitucional de locomoção para livre acesso as dependências e serviços da referida
Instituição de Ensino Superior sem que sejam em qualquer momento obstados e nem sequer
admoestados ou discriminados por qualquer pessoa ou meio perquirindo-lhes sobre, solicitando
ou exigindo a exibição de comprovante de vacinação contra COVID-19, até que sobrevenha
lex stricta et scripta federal em sentido contrário.

Consta da petição inicial, em resumo: a) “No dia 26/11/2021 foi veiculada em portal
de internet da UFG notícia (em anexo) de que o CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFG -
CONSUNI deliberou pela exigência do passaporte vacinal para frequentar as dependências da
Universidade e que a decisão abrange professores, técnicos-administrativos, estudantes e
visitantes” (sic); b) “No mesmo dia fora publicada a resolução CONSUNI/UFG Nº117, de 26 de
novembro de 2021 que tornou obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação para
Covid-19, aos membros da comunidade universitária e público externo, comprovado pelo
certificado nacional de vacinação, para o desenvolvimento das atividades presenciais a serem
realizadas nas dependências da UFG. Tratar-se-ia, s.m.j., de um certificado digital e/ou físico
de vacinação que possibilitaria às pessoas que vacinaram contra o vírus SARS-CoV-2 pela
via vacinal, o acesso às dependências, atividades e serviços da UFG” (sic); c) “tal intento
poderia, em tese e em uma variada gama de situações, criar discriminação odiosa colidente
com as normas positivadas nos arts. 3º, IV; e 5º, XV e XLI, da Constituição da República”
(sic); d) “afim de averiguar a duvidosa juridicidade da exigência do “passaporte vacinal”nas
dependências da UFG, em 30/11/2021, esta DPU requisitou ao PRESIDENTE

Assinado eletronicamente por: JESUS CRISOSTOMO DE ALMEIDA - 17/12/2021 17:46:03 Num. 866706581 - Pág. 1
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Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 65
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Número do documento: 21121917501280800000175782477
DOCONSELHOUNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI que no prazo de 5 (cinco) dias,
razoável para procedimentalização, esclarecesse em qual lex stricta et scripta de âmbito
federal que tenha tornado concretamente obrigatória a vacinação contra a COVID ou que
permita ou obrigue seja solicitado ao indivíduo a apresentação de comprovante de vacinação
para acesso a prédios ou repartições públicas federais fulcrou-se o CONSELHO
UNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI para editar Resolução continente da exigência de
comprovante de vacinação contra a covid-19 para acesso aos prédios da UFG” (sic); e) “o
CONSELHOUNIVERSITÁRIO DA UFG - CONSUNI não indicou qual teria sido a lex stricta et
scriptade âmbito federal na qual fulcrou-se para estabelecer a exigência do tal “passaporte
vacinal” ou comprovante de vacinação, desatendendo à clara requisição de informações que lhe
foi veiculada” (sic); f) “a mera solicitação de comprovação de vacinação pode, em tese, implicar
em potencial coação ou, quando menos, em constrangimento ilegal,ainda que sutil, para
exposição de dados alusivos à vida íntima e privada - guarnecidos por inviolabilidade de sigilo
de estatura constitucional - do público interno ou externo que por qualquer motivo necessite
teracesso às dependências de qualquer Universidade Federal de Goiás, especialmente sobre o
respeito ao sigilo de informações relativas à saúde pessoal dos indivíduos” (sic); g) “antepor a
exigência de exibição de comprovação vacinal ao direito/dever de professores, servidores
públicos, empregados, terceirizados e alunos ou estagiários ou da coletividade de pessoas da
população em geral dependentes dos vários serviços prestados pela UFG (Hospital das
Clínicas, IPTESP, CEROF, Núcleos de Prática Jurídica, Odontológica, Veterinária, Laboratórios
de Análises Clínicas etc.) à possibilidade de comparecimento presencial às suas dependências
caracteriza em tese violação à sua liberdade constitucional de ir, vir e permanecer” (sic); h) “não
há motivo legalmente justificável para a exigência do tal “passaporte vacinal”, considerando que
as vacinas contra a covid-19 disponibilizadas no Brasil ainda nãoconcluíram a fase 4 de testes
de larga escala e que cientificamente não se determinou ainda quais efeitos adversos (aí incluída
a morte) a curto, médio e longo prazo elas podem causar ao ser humano, e uma vez hoje que é
cediço que mesmo as pessoas completamente vacinadas podem ser contaminadas pelo vírus
SARS-CoV-2, transmiti-lo e ainda evoluírem para óbito em decorrência da doença que ele pode
acarretar” (sic); i) “A autoridade coatora considerou o perigo da novel variante do SARS-CoV-2
denominada ômicron para instituir a gravosa e desarrazoada medida de imposição de
exigência de passaporte sanitário para acesso de pessoas a suas dependências. Contudo, antes
de pensar em restringir o direito fundamental das pessoas de livremente ir-e-vir em suas
dependências, não considerou que, até o momento, não há qualquer indício de que a nova
variante, conquanto mais contagiosa, seja mais deletéria que as anteriores, e que demande mais
numerosas ou severas medidas de intervenção social por parte do Estado, a exemplo de
"passaportes vacinais", que não foram instituídos nem sequer para as variantes anteriores,
mais graves. Ao revés, a novel variante ômicron, pelas diversas informações trazidas a lume até
agora, se caracteriza preponderantemente por sintomas leves” (sic); j) “a exigência de
apresentação de comprovantes é não só inútil para fins de prevenção de contágio como
também acarreta a grave falta ética e legal de conduzir à discriminação entre pessoas - o que é
vedado pela Constituição da República, Lei Fundamental que nenhum Reitor ou Conselho
Universitário têm o poder de derrogar-, jogando cidadão contra cidadão, plantando
desconfiança, terror e separatismo” (sic); k) “a imposição de exigência de comprovante de
vacinação contra acovid-19 pode, dado o caráter ainda experimental de tais vacinas, em tese,
e ainda que indiretamente, caracterizar coação, ameaça de restrição de direitos ou
constrangimento ilegal à liberdade individual - crime punido pelo Art. 146 do Código Penal com
pena de detenção de até 3 meses a um ano -, dos indivíduos que ainda não se sentiram
livremente convencidos a tomá-la,sem a ameaça de perda ou óbice ao livre exercício de direitos
e garantias” (sic); l) “a recomendação de exigência de comprovação vacinal imposta de

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
maneira açodada e espúria pelo CONSUNI não se constitui em um incentivo ou estímulo à
vacinação, e sim em uma obrigatoriedade indiretamente forçada (ou uma elegante
"compulsoriedade", como querem os sofistas) ou seja, numa coação ou constrangimento ilegal,
já que,juridicamente, e segundo o Código Penal, privação de liberdade e restrição de direitos
são penas, e por isso só podem ser impostas por sentença penal condenatória transitada em
julgado, precedida do devido processo legal e suas garantias, ou seja, não podem, jamais, ser
impostas em caráter geral e abstrato, e menos ainda por mero ato administrativo colegiado
baixado por agentes dele componentes” (sic); m) “o referido “passaporte”, em uma variada
gama de situações, cria discriminação odiosa colidente com as normas positivadas nos arts. 3º,
IV; e 5º, XV e XLI,da Constituição da República e artigo 15 do Código Civil sendo capaz de
criar estigmatização ou alijamento de direitos e liberdades civis das pessoas que, por vontade
própria ou por qualquer motivo alheio à sua vontade, optaram por exercer o direito de não se
submeter à imunização contra o SARS-CoV-2 pela via das vacinas atualmente oferecidas no
território nacional” (sic); n) “além de violar de maneira frontal a incondicionada liberdade de
locomoção da coletividade de pessoas que deseje ou necessite, por qualquer motivo que seja,
adentrar e transitar pelas diversas dependências da Universidade Federal de Goiás, a
vergastada Resolução expedida pela autoridade coatora ainda constrange as pessoas a
revelarem a seus agentes ou prepostos dados referentes a si constitucionalmente protegidos por
serem de caráter íntimo (saúde)” (sic); o) “a RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de
novembro de 2021 não só coarcta a liberdade de locomoção garantida pela Constituição da
República como também a garantida por convenções internacionais de direitos humanos das
quais o Brasil é signatário, bem como outras que são amplamente aceitas pela comunidade
internacional em garantia dos direitos humanos” (sic); p) “a exigência de comprovação
vacinal imposta pelo CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
não tem base em evidências científicas, já que nenhuma é mencionada nos consideranda do
ato coator, e nem se fez acompanhar de qualquer análise estratégica formal; não respeita
a dignidade humana e o direito fundamental de ir e vir das pessoas e nem atende
aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, já que imprimem maior severidade a
circunstância de menor gravidade (a de prevalência da variante chamada ômicron, com baixa
taxa de ocupação de leitos e baixo índice de casos novos de covid19 no Estado de Goiás),
desatendendo de forma óbvia a concomitância dos requisitos i, iii e iv especificados na referida
decisão do STF, além de não estar prevista em lei, uma vez que o Projeto de Lei 1158/21 ainda
está em fase de tramitação na Câmara dos Deputados”.

A inicial foi instruída com documentos.

É o relato. Decido.

Tendo em vista a certidão aposta pela Secretaria, verifico que não há prevenção
deste feito com aquele (s) apontado (s) pelo sistema PJe, razão pela qual mantenho a livre
distribuição deste processo.

Passo ao exame do pedido de liminar.

Pretende a impetrante, em sede de liminar, “a ordem de habeas corpus, contra a


RESOLUÇÃO CONSUNI/UFG Nº 117, de 26 de novembro de 2021, ou eventual norma posterior
de semelhante teor, para garantir a liberdade de locomoção incondicionada de todas as pessoas
que estejam a o tencionem transitar pelas dependências da Universidade Federal de Goiás,
permitindo-se-lhes o exercício pleno de seu direito fundamental constitucional de locomoção para

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
livre acesso as dependências e serviços da Instituição de Ensino Superior sem que sejam em
qualquer momento obstados e nem sequer admoestados ou discriminados por qualquer pessoa
ou meio perquirindo-lhes sobre, solicitando ou exigindo a exibição de comprovante de vacinação
contra COVID-19, até que sobrevenha lex stricta et scripta federal em sentido contrário” (sic).

Insurge o autor contra o passaporte vacinal para frequentar as dependências da


Universidade Federal de Goiás cuja exigência se tornou obrigatória por meio da Resolução
CONSUNI/UFG nº 117, de 26 de novembro de 2021.

Para tanto, aduz que a exigência do passaporte viola a liberdade de ir e vir


garantida constitucionalmente.

Dispõe a Resolução CONSUNI/UFG nº 117/2021, in verbis:

O CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, no uso de suas


atribuições legais, estatutárias e regimentais, reunido em sessão plenária realizada no dia 26 de
novembro de 2021, tendo em vista o que consta do Processo SEI nº 23070.059009/2021-31, e
considerando,

a) a decisão do Conselho Universitário, em reunião de 1º de outubro de 2021, que recomenda a


vacinação contra a Covid-19 a todos os membros da comunidade da UFG;

b) que cada membro da comunidade universitária é responsável pela garantia da saúde pública
e deve observar as orientações da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e
das Secretarias de Saúde do estado de Goiás e município de Goiânia;

c) que permanece a condição de emergência de saúde pública nacional e internacional


decorrente da pandemia da COVID-19, o que exige a combinação de medidas preventivas
individuais e coletivas para aumentar a proteção de todas as pessoas;

d) a Instrução Normativa SGP/SEDGG/ME nº 90, de 28 de setembro de 2021, que estabelece


orientações aos órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil da Administração Pública
Federal - SIPEC para o retorno gradual e seguro ao trabalho presencial;

e) a adoção de requisitos de biossegurança, individuais e coletivo combinados, para o retorno


gradual e seguro às atividades presenciais, no âmbito da UFG, consoante o que dispõe a
Portaria UFG nº 3240, de 15 de outubro de 2021; e

f) o que dispõem as Resoluções CONSUNI nº 89 e 90, de 1º de outubro de 2021,


respectivamente, que estabelecem regras do Regulamento Geral dos Cursos de Graduação -
RGCG, enquanto durar a situação de pandemia da Covid-19, e sobre a ampliação segura e
gradual das atividades escolares e acadêmicas presenciais da UFG, a partir do semestre de
2021/1,

R E S O L V E:

Art. 1º Tornar obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação para Covid-19, aos


membros da comunidade universitária e público externo, comprovado pelo certificado nacional
de vacinação, para o desenvolvimento das atividades presenciais a serem realizadas nas
dependências da UFG.

Assinado eletronicamente por: JESUS CRISOSTOMO DE ALMEIDA - 17/12/2021 17:46:03 Num. 866706581 - Pág. 4
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Número do documento: 21121917501280800000175782477
Art. 2º Os procedimentos de implementação e controle de exigência do comprovante de
vacinação para Covid-19, tanto do público interno quanto do público externo, serão regulados
por ato normativo posterior.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor 15 dias após a sua publicação e possui vigência enquanto
perdurarem as medidas de proteção para o enfrentamento da emergência de saúde pública
decorrente do coronavírus (Covid-19) e as restrições impostas pela Instrução Normativa
SGP/SEDGG/ME nº 90, de 28 de setembro de 2021, a Portaria UFG nº 3240, de 15 de outubro
de 2021, e Resoluções CONSUNI/UFG nº 89 e 90, de 1º de outubro de 2021.

Primeiramente, parece duvidoso o cabimento de habeas corpus no caso. Com


efeito, identifica-se o uso do remédio constitucional para questionar lei em tese (impugna-se a
constitucionalidade e legalidade da Resolução CONSUNI/UFG nº 117, de 26 de novembro de
2021).

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (HC 572.269) e do


Supremo Tribunal Federal (HC 109.101), não é cabível a impetração de habeas corpus contra ato
normativo em tese – no caso Resolução CONSUNI/UFG nº 117, de 26 de novembro de 2021.

Não obstante, deixo por ora essa questão processual, e passo ao exame da
plausibilidade da questão deduzida no processo.

Cumpre ressaltar que, se já é problemática a interferência judicial nas atividades


governamentais em tempo de normalidade, essa intervenção assume ainda maior gravidade no
momento atual, em que as atividades estão sendo direcionadas para atenuar os efeitos dessa
situação catastrófica decorrente da pandemia da Covid-19.

De modo que só se pode admitir uma intervenção judicial, de forma constitucional e


com legitimidade, quando os benefícios sociais dessa intervenção judicial superarem os custos
da abstenção judicial.

É de conhecimento público que, desde o início do ano de 2020, a humanidade se vê


diante de uma pandemia infecciosa de proporções mundiais causada pelo Covid-19, que já
matou milhões de pessoas no mundo todo.

Com a rápida disseminação de novas variantes mais contagiosas, embora possam


ser menos letais, surgem novas ondas epidêmicas e o risco de asfixia de hospitais da rede
pública e particular, como vivemos há pouco no Brasil, o que impõe a adoção de novas medidas
restritivas no país, entre elas a exigência de passaporte de vacinação contra Covid-19, cuja
obrigatoriedade foi reconhecida em recente decisão proferida na ADPF 913 MC/DF, no dia 11 de
dezembro de 2021, pelo Ministro Luís Roberto Barroso, que foi mantida pela maioria dos
Ministros do STF. Confiram a ementa:

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA E À SAÚDE.


ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. PANDEMIA DA COVID-
19. PASSAPORTE DE VACINAÇÃO. DEFERIMENTO PARCIAL DE CAUTELAR.

I. A HIPÓTESE

1. Arguição de descumprimento de preceito fundamental que tem por objeto ações e omissões

Assinado eletronicamente por: JESUS CRISOSTOMO DE ALMEIDA - 17/12/2021 17:46:03 Num. 866706581 - Pág. 5
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Número do documento: 21121917501280800000175782477
do governo federal, no contexto da pandemia da Covid-19, quanto às condições para ingresso
no Brasil de pessoas vindas do estrangeiro. Em questão, sobretudo, a exigência de
comprovante de vacinação.

2. O requerente pede a adoção das orientações constantes das Notas Técnicas nº 112 e
113/2021 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Tais notas técnicas
recomendam, entre outras providências: (i) a exigência de comprovante de vacinação integral e
com determinado prazo de antecedência; ou (ii) quarentena, acrescida de testagem negativa
dos que não apresentarem comprovante de vacinação.

II. O PAPEL DO STF NA MATÉRIA

3. Em sua resposta, a União invoca o princípio da separação de Poderes e alega não caber ao
Judiciário substituir as opções do Executivo por suas próprias “preferências políticas”. Não se
trata disso: a proteção dos direitos fundamentais à vida e à saúde é imposta pela Constituição e
constitui papel do Supremo Tribunal Federal fazê-los valer, em caso de inércia governamental.
Já são mais de 600 mil vidas perdidas e ainda persistem atitudes negacionistas. 4. No esforço
de salvar vidas e preservar a saúde de todos, o STF fixou critérios que legitimam a intervenção
judicial na matéria, entre os quais: (i) o dever de observância, pelas autoridades nacionais, em
matéria sanitária, de normas e critérios científicos e técnicos, estabelecidos por organizações e
entidades internacional e nacionalmente reconhecidas; (ii) a legitimidade de medidas indutoras
de vacinação obrigatória contra a COVID-19, inclusive a adoção de meios indiretos, como
restrição de ingresso de não vacinados a determinados locais ou de acesso a certas atividades;
(iii) o respeito aos princípios da prevenção e da precaução, de modo a, havendo dúvida sobre
eventuais efeitos danosos de uma providência, adotarse a medida mais conservadora
necessária a evitar o dano. Nesse sentido: ADI 6421 MC, vacinação.

II. O PAPEL DO STF NA MATÉRIA

3. Em sua resposta, a União invoca o princípio da separação de Poderes e alega não caber ao
Judiciário substituir as opções do Executivo por suas próprias “preferências políticas”. Não se
trata disso: a proteção dos direitos fundamentais à vida e à saúde é imposta pela Constituição e
constitui papel do Supremo Tribunal Federal fazê-los valer, em caso de inércia governamental.
Já são mais de 600 mil vidas perdidas e ainda persistem atitudes negacionistas. 4. No esforço
de salvar vidas e preservar a saúde de todos, o STF fixou critérios que legitimam a intervenção
judicial na matéria, entre os quais: (i) o dever de observância, pelas autoridades nacionais, em
matéria sanitária, de normas e critérios científicos e técnicos, estabelecidos por organizações e
entidades internacional e nacionalmente reconhecidas; (ii) a legitimidade de medidas indutoras
de vacinação obrigatória contra a COVID-19, inclusive a adoção de meios indiretos, como
restrição de ingresso de não vacinados a determinados locais ou de acesso a certas atividades;
(iii) o respeito aos princípios da prevenção e da precaução, de modo a, havendo dúvida sobre
eventuais efeitos danosos de uma providência, adotarse a medida mais conservadora
necessária a evitar o dano. Nesse sentido: ADI 6421 MC, Rel. Luís Roberto Barroso, j.
21.05.2020; ADIs 6.586 e 6.587, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j, 17.12.2020; ADI 5592, Red.
p/ acórdão Min. Edson Fachin, j. 11.02.2019, entre muitos outros precedentes.

III. SUPERVENIÊNCIA DA PORTARIA N. 661, DE 8.12.2021

5. Após o ajuizamento da presente ação e do pedido de informações determinado por este

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relator, as autoridades governamentais, em aparente reconhecimento do pedido, editaram a
Portaria Interministerial nº 661/2021, de 9.12.2021, por meio da qual se passou a exigir, entre
outras medidas: (i) comprovante de vacinação integral, com prazo de antecedência de 14
(catorze) dias da última dose ou da dose única; ou (ii) quarentena acrescida de testagem
negativa após prazo de 5 (cinco) dias. 6. A referida portaria atende em parte as recomendações
constantes das Notas Técnicas nºs 112 e 113/2021 da ANVISA. Nada obstante, sua redação
apresenta ambiguidades e imprecisões que podem dar ensejo a interpretações divergentes, em
detrimento dos direitos constitucionais à vida e à saúde em questão. Nessa medida, persistem
omissões que justificam o acolhimento parcial do pedido cautelar. A fim de supri-las, deve-se
adotar interpretação conforme à Constituição, de modo a determinar que a norma impugnada
seja interpretada nos estritos termos das Notas Técnicas nºs 112 e 113/2021 da ANVISA, com o
esclarecimento a seguir. 7. A substituição do comprovante de vacinação pela alternativa da
quarentena somente se aplica aos viajantes considerados não elegíveis para vacinação, de
acordo com os critérios médicos vigentes, ou que sejam provenientes de países em que,
comprovadamente, não existia vacinação disponível com amplo alcance, ou, ainda, por motivos
humanitários excepcionais. Como intuitivo, permitir a livre opção pela quarentena a quem quiser
cria situação de absoluto descontrole e de consequente ineficácia da norma.

IV. PLAUSIBILIDADE DO DIREITO E PERIGO NA DEMORA

8. Os argumentos expostos acima demonstram a plausibilidade do direito postulado. O perigo


na demora, por sua vez, também se afigura nítido. O ingresso diário de milhares de viajantes no
país, a aproximação das festas de fim de ano, de eventos pré-carnaval e do próprio carnaval,
aptos a atrair grande quantidade de turistas, e a ameaça de se promover um turismo antivacina,
dada a imprecisão das normas que exigem sua comprovação, configuram inequívoco risco
iminente, que autoriza o deferimento da cautelar.

V. CONCLUSÃO

9. Cautelar parcialmente deferida, de modo a conferir interpretação conforme à Constituição à


Portaria Interministerial nº 661/2021, a fim de que: (i) seja compreendida e aplicada nos estritos
termos das Notas Técnicas nº 112 e 113/2021 da ANVISA, sem qualquer discrepância; (ii) fique
claro que a dispensa de comprovante de vacinação, a ser substituída por apresentação de
exame de PCR e quarentena, somente se aplica aos que não são elegíveis para vacinação por
motivos médicos, aos provenientes de países que comprovadamente não têm vacinação
disponível com amplo alcance e por motivos humanitários excepcionais; bem como (iii) se
observem os demais esclarecimentos explicitados na conclusão da presente decisão.

Por oportuno, transcrevo parte da decisão do Ministro Luís Roberto Barroso:

(...)

Afirma a União que a Portaria Interministerial nº 661/2021 inaugura nova política pública sobre
requisitos a serem exigidos de viajantes para ingresso no Brasil durante a pandemia de COVID-
19.

Observa, ainda, que tal política é formulada com base em juízo de oportunidade e conveniência
do Poder Executivo, ao qual compete a política de fronteiras e a interação com demais países

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soberanos. Nessa medida, alega que não cabe ao Judiciário substituir juízo político e
discricionário do Executivo por suas próprias preferências, sob pena de violação ao princípio da
separação dos poderes (CF, art. 2º).

16. Não se trata disso. O propósito da presente ação não é avaliar a oportunidade e
conveniência das políticas de fronteira do Executivo, mas sim examinar a sua
constitucionalidade, à luz dos direitos à vida e à saúde da população e do dever do Estado de
tutelá-los. Em tais termos, a presente decisão não envolve um juízo quanto a preferências
políticas do Judiciário, mais sim uma avaliação acerca da compatibilidade das medidas
adotadas pelo Executivo com o respeito a tais direitos, tendo em vista uma pandemia que já
matou mais de 600.000 (seiscentos mil) brasileiros e a existência de autoridades negacionistas
da sua gravidade.

17. Quanto ao ponto, há no Supremo Tribunal Federal jurisprudência ampla e consolidada, que
reconhece a competência do Judiciário para tal fim e estabelece critérios firmes para sua
atuação. Tal jurisprudência determina que medidas de ordem sanitária devem observar “normas
e critérios científicos e técnicos, tal como estabelecidos por organizações e entidades
internacional e nacionalmente reconhecidas”, devendo basear-se, ainda, nas melhores práticas
de outros países que enfrentem problema semelhante. Nesse sentido: ADI 6421 MC, Rel. Luís
Roberto Barroso, j. 21.05.2020; ADPF 668 MC, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j. 03.04.2020,
monocrática; ADI 4066, Rel. Min. Rosa Weber, j. 24.08.2017; RE 627189, Rel. Min. Dias Toffoli,
j. 08.06.2016. O desrespeito a tais posições técnicas autoriza a intervenção judicial, em
proteção aos direitos constitucionais à vida e à saúde, de acordo com tais decisões.

18. Há, igualmente, jurisprudência do STF no sentido de que é válida a vacinação obrigatória –
descartada a vacinação com uso da força – , por meio de instrumentos indiretos, como, por
exemplo, a exigência de comprovante de vacinação, de quarentena ou de teste de contágio
para ingresso em determinados locais ou para a prática de certas atividades (CF, art. 5º, 6º e
196). Nesse mesmo sentido: ADPF 898 MC, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j. 12.11.2021,
monocrática; ARE 1.267.879, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j. 17.12.2020; ADIs 6.586 e 6.587,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j, 17.12.2020.

19. Por fim, há jurisprudência firme na Corte segundo a qual decisões em matéria de proteção à
vida, à saúde e ao meio ambiente devem ser orientadas pelos princípios da precaução e da
prevenção, de modo a que, sempre que haja dúvida sobre eventuais efeitos danosos de uma
providência, deve-se adotar a medida mais conservadora necessária a evitar o dano (CF, arts.
196 e 225). Nesse sentido: ADI 6421, Rel. Luís Roberto Barroso, j. 21.05.2020; ADI 5592, Rel.
p/ acórdão Min. Edson Fachin, j. 11.02.2019; RE 627189, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 08.06.2016.

20. Esses são, portanto, os critérios objetivos adotados pelo STF para controle da
constitucionalidade de atos e normas sanitárias: (i) o respeito a standards científicos e técnicos
de órgãos internacionais e nacionais com expertise na matéria; (ii) a validade de utilização de
meios indiretos que induzam à vacinação compulsória (desde que sem o uso da força); (iii) a
adoção dos princípios da prevenção e da precaução, para decisões que possam afetar a vida, a
saúde e o meio ambiente. Esses são igualmente os standards constitucionais adotados pela
presente decisão

(...)”

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Embora muitos se insurjam contra a exigência do passaporte de vacinação contra a
Covid-19 e haver discussões calorosas nas redes sociais sobre o tema, é inegável a necessidade
de medidas mais rigorosas para combater e por fim a esta pandemia da Covid-19, razão pela
qual se faz necessária a interferência do Poder Judiciário no caso.

A Resolução CONSUNI/UFG nº 117/2021, contra a qual se insurge a impetrante,


não está contrária às medidas adotadas por outros entes públicos no país nem viola a liberdade
de locomoção do cidadão.

A leitura da Constituição Federal não pode ser feita de maneira isolada. Se de um


lado existe o direito do cidadão de se locomover livremente, de outro lado existe o direito social
de todos os cidadãos à saúde contemplado no art. 6º da Carta Magna. Além do referido artigo, a
mesma Constituição Federal, em seu artigo 196, fixa que a saúde é direito de todos e dever do
Estado. É desta forma que deve ser feita a leitura da Constituição Federal, ou seja, de maneira
harmônica, e não isolada.

A exigência do passaporte de vacinação para Covid-19 exigida para ter acesso às


dependências da UFG envolve medida necessária para resguardar a saúde da comunidade
universitária. Assim, comportamentos negacionistas de uma minoria não podem se sobrepor ao
interesse maior na proteção da vida e da saúde.

Conforme já exposto, o passaporte da vacinação para Covid-19 é medida adotada


para se conter a propagação do novo vírus ômicron que já está presente em vários países,
inclusive, com casos já detectados no Brasil, e evitar a morte de mais pessoas.

Havendo conflito de normas, regras e princípios constitucionais, deve-se aplicar a


técnica do balanceamento, de modo a colocar na balança os interesses em colisão, extraindo
uma conclusão ponderada e razoável, que faça prevalecer, sempre que possível, o interesse
coletivo sobre o interesse individual, desde que as regras (restritivas) impostas sejam
necessárias e adequadas à consecução do bem coletivo.

Ainda deve ser registrado que o uso da presente demanda pela DPU (órgão de
matriz constitucional responsável pela defesa de valores relevantes da sociedade) tem o condão
de causar um inicial espanto em razão de ir contra o esforço para a proteção da vida e da saúde.

Destarte, o princípio da precaução recomenda, nesse incipiente estágio processual,


o indeferimento da medida pleiteada pelo polo ativo, a fim de resguardar a saúde e a vida da
população.

Ante o exposto, indefiro o pedido de liminar.

Notifique-se a autoridade impetrada para prestar informações.

Dê-se ciência ao representante judicial da entidade interessada, nos termos do art.


7º, II, da LMS.

Oportunamente, dê-se vista ao MPF.

Goiânia, (vide data no rodapé)

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Jesus Crisóstomo de Almeida

JUIZ FEDERAL

(assinatura eletrônica)

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Número do documento: 21121917501280800000175782477
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária de Goiás
2ª Vara Federal Cível da SJGO

INTIMAÇÃO VIA SISTEMA PJe

PROCESSO: 1059396-61.2021.4.01.3500
CLASSE: AÇÃO CIVIL COLETIVA (63)
POLO ATIVO: DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO
POLO PASSIVO:UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS

Destinatários:
DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO

FINALIDADE: Intimar o(as) polo ativo acerca do(a) ato ordinatório / despacho / decisão / sentença proferido(a)
nos autos do processo em epígrafe. Prazo: 30 dias.

OBSERVAÇÃO 1: DA COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA DOS ATOS PROCESSUAIS (art. 5º, § 3º, da Lei n. 11.419/06:
A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data do
envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data do término desse
prazo).

OBSERVAÇÃO 2: Quando da resposta a este expediente, deve ser selecionada a intimação a que ela se refere
no campo “Marque os expedientes que pretende responder com esta petição”, sob pena de o sistema não
vincular a petição de resposta à intimação, com o consequente lançamento de decurso de prazo. Para maiores
informações, favor consultar o Manual do PJe para Advogados e Procuradores em
http://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/processual/processo-judicial-eletronico/pje/tutoriais.

GOIÂNIA, 17 de dezembro de 2021.

(assinado digitalmente)

2ª Vara Federal Cível da SJGO

Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 17/12/2021 19:17:10, Usuário do sistema - 17/12/2021 19:17:09 Num. 867765566 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121719170967400000859677752
Número do documento: 21121719170967400000859677752

Assinado eletronicamente por: JOAO FREDERICO BERTRAN WIRTH CHAIBUB - 19/12/2021 17:50:13 Num. 179614531 - Pág. 75
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121917501280800000175782477
Número do documento: 21121917501280800000175782477
19/12/2021 16:14
7104357269328447268 (1)

Tipo de documento: Documento Comprobatório


Descrição do documento: 7104357269328447268 (1)
Id: 179614532
Data da assinatura: 19/12/2021

Atenção

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Num. 179614532 - Pág. 1


PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO Nº 1045457-38.2021.4.01.0000

CERTIDÃO

Certifico que junto aos presentes autos v. decisão proferida pela Exma. Desembargadora Federal
ÂNGELA CATÃO, no plantão judicial.

Brasília, 20 de dezembro de 2021.

DIEGO RONAN SOARES PAIS

Servidor

Assinado eletronicamente por: DIEGO RONAN SOARES PAIS - 20/12/2021 13:14:55 Num. 179664544 - Pág. 1
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Número do documento: 21122013145510400000175832490
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

DECISÃO TRF1-CORREGEDORIA-GAGER 903/2021


Processo PJe: 1045457-38.2021.4.01.0000

Trata-se Habeas Corpus impetrado em regime plantão judicial pela Defensoria Pública
da União, em favor dos direitos da Coletividade de Pessoas que Necessitem de Acesso às Dependências e
Serviços da Universidade Federal de Goiás, contra decisão proferida pelo Juízo da 2ª Vara da Seção
Judiciária de Goiás que, nos autos do processo nº 1059396-61.2021.4.01.3500, indeferiu o pedido de
liminar visando cessar os efeitos advindos da Resolução CONSUNI/UFG nº 117/ 2021.
Em síntese, a impetrante afirma que em 26 de novembro de 2021 a Universidade Federal
de Goiás publicou a Resolução CONSUNI/UFG nº 117/2021 tornando obrigatória a apresentação de
comprovante de vacinação para Covid-19 aos membros da comunidade universitária e público externo,
comprovado pelo certificado nacional de vacinação, para o desenvolvimento de atividades presenciais a
serem realizadas nas dependências da UFG.
Nesse sentido, sustenta que o Conselho Universitário da UFG não indicou qual seria a
fundamentação legal que embasou o estabelecimento do “passaporte da vacina”, sendo que o referido ato
caracteriza violação à liberdade constitucional de ir, vir e permanecer, implicando, ainda, em potencial
coação ou, quando menos, constrangimento ilegal.
Ato contínuo, justifica que as vacinas contra Covid-19 disponibilizadas no Brasil ainda
não concluíram todas as etapas de testes em larga escala, não sendo possível aferir quais os efeitos
adversos a curto, médio e longo prazo que poderiam causar aos seres humanos. Dessa forma, a exigência
de comprovação de vacinação conduz à discriminação entre pessoas, o que é vedado pela Constituição
Federal.
Assim, sustenta ser necessária a utilização do presente remédio constitucional para fazer
cessar a o ato inconstitucional exarado pelo Conselho Universitário da UFG que restringe e proíbe pessoas
ao exercício do direito fundamental de liberdade de locomoção.
Conclusos, decido.
Conforme cediço, a concessão de habeas corpus é mandatória quando se tratar de
cerceamento efetivo, ou mesmo de sua ameaça, ao exercício da liberdade de locomoção, na forma do art.
5º, LXVIII, da Constituição Federal. Afinal, o habeas corpus é instituto jurídico de magnitude
constitucional, que se presta à defesa da liberdade de ir e vir.
Na oportunidade, registra-se que a concessão de medida liminar em sede de habeas
corpus é medida excepcional e justifica-se nas hipóteses de flagrante ilegalidade, demonstrada de plano,
ou nos casos de flagrante constrangimento ilegal (HC 398609/SP, Sexta Turma, Rel. Ministro Sebastião
Reis Júnior, DJe de 12/05/2017) (STJ. HC 422.201, DJe de 27/10/2017).
O art. 5º, II, da Constituição Federal, determina que ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Nesse sentido, não cabe a Resolução – ou outros atos
normativos secundários e de caráter infralegal, como Portarias, Instruções Normativas etc – inovar no
ordenamento jurídico, seja criando, restringindo, modificando ou extinguindo direitos e/ou obrigações
previstas em lei.
Portanto, a Resolução editada pelo Conselho Universitário da UFG, ao tornar obrigatória
a apresentação de comprovante de vacinação para Covid-19, para o desenvolvimento das atividades
presenciais a serem realizadas nas dependências da UFG, fere o princípio da hierarquia das normas, bem
como ofende o direito constitucional à liberdade de locomoção, o que torna ilegal o ato praticado.

Assinado eletronicamente por: DIEGO RONAN SOARES PAIS - 20/12/2021 13:14:55 Num. 179664545 - Pág. 1
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21122013145522500000175832491
Número do documento: 21122013145522500000175832491
Ademais, como bem pontuado pelo Juízo a quo, a leitura e interpretação da Constituição
Federal não pode ser feita de maneira isolada, mas sim sopesando-se os direitos e princípios nela
previstos. Nesse sentido, não me olvido que o direito à saúde foi previsto como direito social de todos os
cidadãos no art. 6º da Constituição Federal, no entanto, a inviolabilidade do direito de liberdade também
foi protegida pela Magna Carta.
A propósito, a proteção ao direito de ir, vir e permanecer possui destaque tão notório na
Constituição que a ela foi previsto o remédio constitucional do habeas corpus sempre que alguém sofrer,
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder (art. 5º, LXVIII), sendo livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens (art. 5º,
XV).
Diante desse quadro, vislumbro a existência de ilegalidade na Resolução impugnada que
enseja a concessão das medidas postuladas.
Ante o exposto, DEFIRO A LIMINAR para determinar a suspensão dos efeitos da
advindos da Resolução CONSUNI/UFG nº 117/ 2021 até ulterior deliberação.
Após a reabertura do expediente, oficie-se ao Juízo da 2ª Vara da Seção Judiciária de
Goiás; proceda-se à imediata distribuição do feito ao Relator natural, entregando-lhe cópia dessa decisão;
e dê-se vista ao Ministério Púbico Federal.
Publique-se.
Brasília, 20 de dezembro de 2021.

Desembargadora Federal ÂNGELA CATÃO


Corregedora Regional da Justiça Federal da 1ª Região
(em regime de plantão)

Documento assinado eletronicamente por Ângela Catão, Corregedora Regional da Justiça Federal
da 1ª Região, em 20/12/2021, às 11:23 (horário de Brasília), conforme art. 1º, § 2º, III, "b", da Lei
11.419/2006.

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Assinado eletronicamente por: DIEGO RONAN SOARES PAIS - 20/12/2021 13:14:55 Num. 179664545 - Pág. 2
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Número do documento: 21122013145522500000175832491
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

Processo nº 1045457-38.2021.4.01.0000

CERTIDÃO

Certifico que, nesta data, comuniquei a v. decisão proferida


nos presentes autos ao plantão da JF/GO.

Brasília, DF, 20 de dezembro de 2021.

Diego Ronan Soares Pais

Servidor(a) da

Coordenadoria da Quarta Turma em plantão

Assinado eletronicamente por: DIEGO RONAN SOARES PAIS - 20/12/2021 13:49:23 Num. 179664551 - Pág. 1
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Número do documento: 21122013492331400000175832497
20/12/2021 13:45 Email – CTUR4-TRF1-Coordenadoria da Quarta Turma – Outlook

RE: Decisão proferida no 1045457-38.2021.401.0000


07 VARA - GO - Secretaria da Vara <07vara.go@trf1.jus.br>
Seg, 20/12/2021 13:24
Para: CTUR4-TRF1-Coordenadoria da Quarta Turma <ctur4@trf1.jus.br>
Senhor Diretor,

Confirmo recebimento.

Att.

Luciana Gonçalves de Araújo Mello Nogueira


Diretora de Secretaria, em plantão

De: CTUR4-TRF1-Coordenadoria da Quarta Turma <ctur4@trf1.jus.br>

Enviado: segunda-feira, 20 de dezembro de 2021 13:21

Para: 07 VARA - GO - Secretaria da Vara <07vara.go@trf1.jus.br>

Assunto: Decisão proferida no 1045457-38.2021.401.0000


 
Senhora Plantonista,
Segue em anexo cópia da v. decisão proferida no  1045457-38.2021.401.0000, com liminar deferida.
Por favor, confirmar o recebimento.
Att. Diego Ronan Soares Pais
Diretor da 4ª Turma , no plantão

https://outlook.office365.com/mail/ctur4@trf1.jus.br/inbox/id/AAMkADgyZTIxY2ZjLWZjNWUtNDAwNS1iZjc2LTBmZDFhNTI1YzIzOQBGAAAAAAD… 1/1

Assinado eletronicamente por: DIEGO RONAN SOARES PAIS - 20/12/2021 13:49:23 Num. 179664554 - Pág. 1
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21122013492339600000175832500
Número do documento: 21122013492339600000175832500
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Distribuição

PROCESSO: 1045457-38.2021.4.01.0000

INFORMAÇÃO DE PREVENÇÃO

NEGATIVA

A Distribuição do(a) Tribunal Regional Federal da 1ª Região informa que, após análise do relatório de prevenção gerado
automaticamente pelo sistema PJe e pesquisa nos demais sistemas eletrônicos da Justiça Federal da 1ª Região, não
foram identificados processos possivelmente preventos ao processo 1045457-38.2021.4.01.0000.

Encaminhem-se os autos ao órgão julgador do processo.

BRASíLIA, 20 de dezembro de 2021.

(assinado eletronicamente)
Servidor

Assinado eletronicamente por: MARIANA MUNIZ FERREIRA - 20/12/2021 19:52:30 Num. 179656039 - Pág. 1
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21122019523067800000175823985
Número do documento: 21122019523067800000175823985

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