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Tribunal de Justiça do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

05/03/2024

Número: 0809376-64.2023.8.18.0140
Classe: AÇÃO POPULAR
Órgão julgador: 1ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Teresina
Última distribuição : 08/03/2023
Valor da causa: R$ 100.000,00
Assuntos: Dano ao Erário
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
EDUARDO HENRIQUE LINS CAVALCANTE (AUTOR) LEONARDO DE ARAUJO ANDRADE (ADVOGADO)
SECRETARIA DE CULTURA (REU)
FABIO NUNEZ NOVO (REU) DAVYSON HERNANDEZ SOUSA SILVA registrado(a)
civilmente como DAVYSON HERNANDEZ SOUSA SILVA
(ADVOGADO)
TARCISIO AUGUSTO SOUSA DE BARROS (ADVOGADO)
ESTADO DO PIAUI (REU)
CONSELHO ESCOLAR DA ESCOLA TECNICA ESTADUAL
DE TEATRO PROFESSOR JOSE GOMES CAMPOS
(INTERESSADO)
ESTADO DO PIAUI (INTERESSADO)
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL (INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
37904 08/03/2023 20:54 00. ACAO POPULAR. PRACA FABIO NUNEZ NOVO Petição
345
AO DOUTO JUÍZO DE UMA DAS VARAS DE FAZENDA DA COMARCA DE TERESINA —
JURISDICIONADO AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ.

SIGILO ATÉ A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS!


Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Fidel e Pinochet tiram sarro de você,
que não faz nada
– Humberto Gessinger

EDUARDO HENRIQUE LINS CAVALCANTE, ora denominado “Eduardo Lins”, brasileiro,


solteiro, bacharelando em Direito, RG nº 3.599.762 SSP-PI, CPF nº 062.842.433-75, com
título de eleitor nº 0411 6474 1511 da Zona 001 da Seção 0060 do Município de Teresina,
com endereço para fins do inc. V do art. 77 da Lei nº 13.105/2015 se localiza à Rua
Floripes Torres Araújo, nº 996, bairro Recanto das Palmeiras, CEP nº 64.047-040, no
Município de Teresina, no Estado do Piauí, representado por meio de seu patrono in fine
assinado, o qual declina seu endereço profissional à nota de rodapé da presente, pelos
fatos e fundamentos delineados adiante, comparece respeitosamente perante Vossa
Excelência para propor a seguinte:

AÇÃO POPULAR
c/c Tutela Cautelar para
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS
em face de:

FÁBIO NÚÑEZ NOVO, brasileiro, solteiro, Deputado Estadual, com inscrição de identidade
nº 1.181.007, com inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas sob número
566.080.983-91, com nascimento aos 20 de julho de 1974 no Município de Bom Jesus-PI,
filho de Ramón Núñez Losada, e de Eduvigis Novo Vásquez Núñez, localizável à Rua Juiz
João Almeida, nº 1.229, no bairro Ininga, CEP nº 64.049-650, no Município de Teresina, no
Estado do Piauí, e também localizável no GABINETE DO DEPUTADO FÁBIO NOVO na
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO PIAUÍ, na Avenida Marechal Castelo Branco, nº 201, bairro
Cabral, CEP nº 64.001-923, no Município de Teresina, no Estado do Piauí..

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Leonardo de Araújo Andrade | Advogado | Seccional do Piauí n. 9.220 | 86 9.9471.1959 | leoandradeadvocacia@gmail.com
Rua Doutor Area Leão, 1.154, Nossa Senhora das Graças, 64.016-700, Teresina – PI
http://leoandrade9.wordpress.com | @araujoeandradeadvogados

Assinado eletronicamente por: LEONARDO DE ARAUJO ANDRADE - 08/03/2023 20:53:43 Num. 37904345 - Pág. 1
https://pje.tjpi.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23030820534357300000035667965
Número do documento: 23030820534357300000035667965
SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA DO PIAUÍ — SECULT, pessoa jurídica de direito
público, com inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob o número
05.782.352/0001-60, localizável na Praça Marechal Deodoro da Fonseca, nº 816, bairro
Centro, CEP nº 64.000-160no Município de Teresina, no Estado do Piauí.

Nomeia-se, ademais, os seguintes interessados:

Ente Federativo Interessado: ESTADO DO PIAUÍ, pessoa jurídica de direito público com
registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda sob o
número 06.553.481/0001-49, com sua sede localizada no Palácio do Karnak à Avenida
Antonino Freire, 1540, no bairro Centro, Cep.: 64.001-040, na cidade de Teresina, capital
do estado do Piauí, portador da linha de telefonia (86) 3221-5001 e do e-mail [#Não
Conhecido].

De outro interessado: CONSELHO ESCOLAR DA ESCOLA TECNICA ESTADUAL DE TEATRO


PROFESSOR JOSE GOMES CAMPOS, pessoa jurídica sem natureza conhecida, registrada
sob a inscrição de CNPJ nº 27.133.808/0001-01, e localizável à Rua Jônatas Batista, nº
841, bairro Centro, CEP nº 64.000-400, no Município de Teresina, no Estado do Piauí.

Custos Legis: MINISTÉRIO PÚBLICO DO PIAUÍ, pessoa jurídica de direito público registrada
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda sob o número
05.805.924/0001-89, localizável à Avenida Lindolfo Monteiro, nº 911, bairro de Fátima,
CEP nº 64.049-440, no Município de Teresina, no Estado do Piauí.

Terceiro interessado para produção antecipada de provas: FACEBOOK SERVICOS


ONLINE DO BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº.
13.347.016/0001-17, sediada à Rua Leopoldo Couto De Magalhaes Junior, nº. 700, 1º, 5º,
6º, 9º, 14º e 15º andares, Itaim Bibi, CEP 04542-000, na cidade de São Paulo, Estado de
São Paulo.

0. DAS QUESTÕES PRELIMINARES


0.1. DO NECESSÁRIO SIGILO ATÉ O CUMPRIMENTO DE DILIGÊNCIAS

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Número do documento: 23030820534357300000035667965
Excelência, preliminarmente incumbe justificar o protocolo sigiloso dos autos: deve-se
proteger impreterivelmente às diligências de comprovação dos fatos a serem narrados.
No tópico sobre a tutela de urgência, ao se demonstrar os requisitos para a concessão
de cautelar, prima-se pela delicadeza das provas das condutas, facilmente destruíveis.

Logo em razão do interesse público, por se tratar de espaço público, e pela


possibilidade de fácil adulteração do local a fim de se apagar provas, o assunto se torna
de interesse público. Em ordem de garantir a sua adequada instrução, até o integral e
adequado cumprimento da cautelar requerida, protocola-se os autos sob sigilo, com
fulcro no inc. I do art. 189 da Lei nº 13.105/2015

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça
os processos:

I - em que o exija o interesse público ou social;

Dito isto, pugna-se pela abertura dos autos para trâmite público, após tais diligências.
Prossiga-se, portanto, ao próximo tópico.

0.2. DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO


DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Preliminarmente, a parte autora requer ao Douto Juízo o Benefício da Justiça Gratuita,


conforme assegurado no inc. LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. Disciplina-se esta
norma pelos arts. 98 e seguintes da Lei nº 13.105/2015, sem detrimento do art. 9º da Lei
nº 1.060/1950. Solicita, ainda, que este pleito beneficiado incida efeito sobre possível
recurso, e demais custas processuais conforme se garantir perante a Lei.

A parte requerente declara, sob as penas da Lei, que se encontra impossibilitada de


arcar com as despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.
Assim, encontra-se em estado de hipossuficiência.

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Ressalte-se, ademais, a isenção de custas constitucionalmente garantida pelo inc. LXXIII
do art. 5º da Carta Magna, combinado (inclusive) com a leitura do art. 10 da Lei nº
4.717/1965: "As partes só pagarão custas e preparo a final".

1. DOS FATOS
Excelência, embora se tratem de fatos graves estes noticiados pelo Sr. Eduardo Lins,
trata-se de situação de fácil compreensão: o Deputado Fábio Núñez Novo, na condição
de Secretário de Cultura, apropriou-se da máquina pública do Estado do Piauí, e
realizou autopromoção pessoal, inclusive com possíveis efeitos eleitorais1, na Escola de
Teatro "Gomes Campos". Assim, angariou benefícios ilegais nas seguintes eleições: 2018,
para a Assembleia; 2020 para Prefeito; e 2022, novamente para a ALEPI.

A título pedagógico, vejamos à situação em ordem cronológica: desde o contexto


preliminar, até a questão efetiva de mérito.

No ano de 2015, o Sr. Fábio Novo — líder do Governo na Assembleia Legislativa —


concorreu à presidência da ALEPI, mas perdeu. Algum tempo depois, o então
Governador, Sr. Wellington Dias, alçou a antiga Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC)
ao status de Secretaria de Estado da Cultura — SECULT. Então o deputado noticiado se
licenciou do Poder Legislativo, a convite para assumir o comando da pasta recém
criada.

Em meados de 2016 para 2017, o Sr. Fábio Novo anunciou reforma na Escola Técnica
Estadual de Teatro Professor José Gomes Campos. Embora frequentemente se promova
pela sua "transparência", em nenhum local se encontra a publicação da licitação (e da
contratação decorrente) efetuada para a obra, em seus termos integrais.

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A serem apurados mediante ação cabível.
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Anunciou-se a entrega do resultado da obra para os 08 de março de 2018. Houve
grande festejo, para o qual participou o então Governador do Estado Wellington Dias,
a atual Governadora Regina Sousa e até mesmo o ilustre João Claudino (in memoriam)
esteve presente. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Cultura deu ampla
repercussão em diversos meios de comunicação, cujas publicações constam em
anexo. A título de exemplo, segue a captura de tela de uma destas:

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Número do documento: 23030820534357300000035667965
Chama atenção — diga-se de passagem — o fato de que os organizadores da
inauguração puseram uma faixa agradecendo nominalmente aos srs. Wellington Dias e
Fábio Novo pela obra. Embora ainda estivéssemos em março, frisa-se que 2018 foi ano
eleitoral para Governo e para (no caso do então Secretário) deputado estadual. Ambos
se elegeram.

Dito isto, aproximamo-nos do mérito.

Em razão da falta de transparência, em nenhum local de encontram publicados:


projeto de arquitetura; licitação; contratação; e ato administrativo com nomeação de
local. Dito isto, eis a questão noticiada pelo Sr. Eduardo Lins: o Deputado Fábio Núnez
Novo, na condição de Secretário responsável pelas obras, deu seu próprio nome à
praça de eventos da Escola Gomes Campos!

Excelência, repete-se: para o ego do Deputado não bastou dar o nome de uma pessoa
viva àquela praça, achando por bem em proceder com uma auto-homenagem. Eis a
imagem da entrada do local, constando uma placa comprovando seu pequeno
presente para si:

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Número do documento: 23030820534357300000035667965
Figura 1. A luz divina revelando o Nome do Santo Salvador na bifurcação em T: Praça Fábio Núñez Novo.

Talvez, com sua nobre ascendência espanhola, e com sua autoimagem de ser
iluminado, o Deputado Fábio Núnez Novo tivesse em mente transformar ao corredor
acima numa espécie de Caminho de Santiago de Compostela. Porém, consoante se
demonstra nos fundamentos, tal conduta ofende gravemente ao ordenamento jurídico,
que repudia auto-homenagens.

Eis que a situação piora.

Eis que a Praça Fábio Núnez Novo se encontra na Escola de Teatro Gomes Campos.
Após a obra, agora este estabelecimento de ensino abarcou outros setores da Cultura:
Música, Dança e Canto. E...

(não bastasse haver autopromoção do Secretário de Cultura numa Escola de Cultura)

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Número do documento: 23030820534357300000035667965
... A ESCOLA GOMES CAMPOS SE TRATA DE LOCAL DE VOTAÇÃO ELEITORAL. Ou seja: nas
eleições de 2018, e nestas eleições de 2022, quem compareceu para exercer seu direito-
dever de sufrágio se deparou, de maneira destacada, com a lembrança do nome do
Deputado Fábio Núnez Novo. Recorde-se ainda das Eleições 2020, em que o Secretário
de Cultura concorreu à Prefeitura de Teresina. Trata-se de um lastimável absurdo!

Como a pasta do deputado carece de transparência, não publicando o respectivo ato


administrativo, E, COMO PARA APAGAR AS PROVAS BASTARIA TÃO SOMENTE MANDAR
ALGUÉM RETIRAR A PLACA, o Sr. Eduardo Lins realizou procedimento particular: realizou
transmissões ao vivo, em sua rede social, a fim de manter o registro na rede mundial de
computadores.

Eis as datas das transmissões:

I. 22 de julho de 2022. Link do Arquivo, com registro ao vivo:

https://www.instagram.com/tv/CgVCBl4hnZF/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

II. 17 de agosto de 2022. Link do Arquivo, com registro ao vivo:

https://www.instagram.com/tv/ChXfkzphJgr/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

III. 02 de outubro de 2022. Link do Arquivo, com registro ao vivo:

https://www.instagram.com/tv/CjOQXpahkow/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

IV. 04 de outubro de 2022. Link do Arquivo, com registro ao vivo:

https://www.instagram.com/tv/CjTjjVAhxZA/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

Ressalta-se que todos estes endereços se direcionam para gravações de transmissões


feitas ao vivo na Plataforma Instagram, cujo marcador (nos aparelhos smartphones)
aparece imediatamente no canto inferior esquerdo, conforme captura de tela adiante:

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Aos 22 de julho de 2022, ainda não havia iniciado o período do sufrágio. Aos 04 de
outubro, já se havia encerrado para a Assembleia. Porém, frisa-se: AOS 17 DE AGOSTO
SE 2022 JÁ HAVIA SE INICIADO O PERÍODO DE CAMPANHA ELEITORAL; E AOS 02 DE
OUTUBRO DE 2022 OCORRERAM AS PRÓPRIAS ELEICOES.

No vídeo gravado aos 02 de outubro de 2022, diga-se de passagem, mostra-se: há


eleitores no local, que devem passar em frente à placa nomeando à praça com a auto-
homenagem, antes de efetivamente chegarem em seus locais de votação. Absurdo.

Recorde-se ainda: a repercussão da inauguração não provocou a presença de diversas


pessoas ilustres? Eis a lista com algumas destas:
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Fábio Núnez Novo, o próprio auto-homenageado, Deputado Estadual e
Secretário de Cultura;

Wellington Dias, então Governador do Estado, atual Senador Eleito;

Regina Sousa, então Senadora da República, atual Governadora do Estado;

Marcelo Castro; Senador da República;

João Claudino; um dos maiores (se não o maior) empreendedor do Estado do


Piauí, e principal empregador com seus estabelecimentos;

Chiquinho Pereira, então Diretor da Escola, um dos principais nomes vivos do


Teatro do Piauí;

Francisco Assis Carvalho Gonçalves, então Deputado Federal (in memoriam);

Arimatan Martins, um dos maiores diretores de Teatro do Estado do Piauí;

Dentre outros.

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Figura 1. Pessoas ilustres admirando o Passado Patrimonialista retornando com força, enquanto o sr. Fábio Núñez Novo não sabe se
se esgota de orgulho ou de ansiedade.

Além disso, ocorrem eventos na praça Fábio Núnez Novo, o que mobiliza pessoas da
Classe Cultural para o local. A título de exemplo, apresenta-se adiante link do
Facebook, em que expressamente se evoca o nome da praça (com a auto-
homenagem) convocando ao público aos 25 de outubro de 2018:

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https://www.facebook.com/photo/?fbid=1963311843735568&set=-sarau-
l%C3%ADtero-musical-data-25-de-outubrolocal-escola-t%C3%A9cnica-estadual-
de-teatro-

Ainda, eis a presença de alunos de Música estudando na Praça Fábio Novo, aos 04 de
outubro de 2022:

https://www.instagram.com/tv/CjTjjVAhxZA/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

Dito isto, resta patentemente demonstrado, pelo Sr. Eduardo Lins, que o Deputado Fábio
Núnez Novo manipulou recursos da Secretaria de Estado da Cultura — SECULT para se
promover com auto-homenagem na reforma da Escola Técnica Professor José Gomes
Campos, maior estabelecimento de ensino de Cultura do Piauí. Tendo o ato ilícito

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recebido publicidade aos 08 de março de 2018, com a grande festa de inauguração
da obra, e provocado efeitos eleitorais imensuráveis nas seguintes Eleições: Deputado
Estadual em 2018; Prefeitura em 2020; Deputado Estadual em 2022. Além disto, o ato
ainda vem permanentemente provocando divulgação ilícita do político durante todo
estes anos, e talvez ainda se trate de possível improbidade administrativa.

1.1. DA IMPORTÂNCIA DA ESCOLA GOMES CAMPOS NO ESTADO DO PIAUÍ


A Escola Técnica Estadual de Teatro Professor José Gomes Campos, Douto Juízo, possui
fundamental importância no Estado do Piauí. Seguem esclarecimentos.

Seu nome se deve a um dos maiores dramaturgos do Estado e do Brasil: Gomes Campos
chegou a receber a medalha de Mérito Lusófono em 1997, concedida pela Fundação
Luso-Brasileira para o Desenvolvimento da Língua Portuguesa. A fundação da escola
ainda ocorreu, em 2006, pelos esforços de 20 (vinte) anos despendidos por outro grande
nome da Cultura Piauiense, o sr. Aci Campelo.

Neste sentido, a Escola Professor José Gomes Campos se caracteriza por ser o primeiro
núcleo de estudos profissionalizante de Teatro no Piauí em décadas, e o mais antigo em
atividade. Sua estrutura pedagógica possui largas inspirações em uma das principais
escolas públicas de arte na América Latina: a Escola Martins Penna.

Assim, incontáveis artistas já se formaram pela Escola Gomes Campos. Ainda milhares
passaram por lá. Após a reforma inaugurada em 08 de março de 2018, vislumbrou-se
inclusive o aumento no número de matrículas da instituição.

Apenas a título de imaginação, Douto Juízo, imagine todas estas pessoas entrando na
Escola Gomes Campos... e se deparando com a praça nomeada “Fábio Núñez Novo”.
Além de impessoal (e imoral), não parece uma grande estratégia de autopromoção
sócio-política!?
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A este tempo, Douto Juízo, já se verificou o benefício in res ipsa decorrente da auto-
homenagem. Inclusive, já se apresentou uma pequena parcela da história escolar, pela
qual já se demonstra a boa “estratégia” marqueteira ao se associar o próprio nome.

Não bastasse a associação indevida com a pessoa do Deputado, o momento de


“estreia” do novo local foi extremamente “badalado”.

Dito isto, prossegue-se ao próximo tópico.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1. DO PRECEDENTE PIAUIENSE: DA AUTO-HOMENAGEM LIMINARMENTE SUSPENSA
EM AÇÃO POPULAR
Excelência, existe na história jurídica piauiense um triste precedente, ocorrido nos
mesmos termos do caso em questão. Trata-se da auto-homenagem realizada pelo, à
época, Magnífico Reitor da Universidade Estadual do Piauí — UESPI, Prof. Jônatas de
Barros Nunes, que gravou o Campus Universitário de Picos com seu próprio nome.

À época, ajuizou-se a Ação Popular nº 0008520-08.2001.8.18.0140, atualmente sob


competência da 2ª Vara de Fazenda de Teresina, pela qual o Ex.mo Dr. José Alves de
Paula reconheceu a promoção pessoal, e se embasou nas "fotos e na matéria
jornalística que acompanha a inicial". Na ocasião, o Douto Magistrado DETERMINOU
LIMINARMENTE "à citada autoridade pública, ou quem suas vezes fizer, que suspenda,
em 72 horas, o ato impugnado, retirando seu nome aposto na fachada principal e nas
dependências externas e internas do Campus Universitário de Picos, arbitrando multa
diária de $$1.000,00 (hum mil reais), caso não seja cumprida no prazo legal, até decisão
final desta ação".

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Ainda, o magistrado determinou que, após "o cumprimento da medida, cite-se o réu
para contestar a ação, no prazo de vinte dias". Embora ainda não se encontre
arquivado, sobreveio SENTENÇA aos 10 de agosto de 2017, exarada pelo DR. JOÃO
GABRIEL FURTADO BAPTISTA, NA 2ª VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA
DE TERESINA.

Na ocasião, por contrariar o princípio da impessoalidade, julgou-se "PROCEDENTE o


pedido de declaração de nulidade do ato administrativo que designou a sede
universitária referida como Professor Jonathas Nunes, ratificando todos os termos da
liminar anteriormente deferida".

Dito isto, infelizmente a presente Ação Popular não se trata de novidade, muito embora
cause espécie.

2.2. DO CABIMENTO DA PRESENTE AÇÃO POPULAR


Douto Juízo, quando se fala em respeito às instituições, um dos princípios mais basilares
elencados se consubstancia na clássica Pirâmide de Kelsen. Apesar de ter quase virado
senso comum nos cursos jurídicos e quejandos, evoca-se o conhecimento em questão
para ressaltar: a Administração Pública, também no sentido político, submete-se à
Constituição Federal.

O mínimo a ser conhecido pelo gestor público se encontra ao Capítulo VII do Título III de
nossa grundnorm: "Da Administração Pública". Segundo o caput do art. 37, sem chance
para qualquer drible hermenêutico, os Estados Federados se submetem aos seguintes
princípios: da Impessoalidade e da Moralidade.

Ainda se refere ao princípio da Publicidade. Porém, este nada tem a ver com marketing
pessoal e outras formas de autopromoção. Com efeito, a filosofia da norma diz respeito
ao dever do Estado de informar sobre seus gastos e suas despesas, dentre outros, apesar
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de que não se encontrou o processo administrativo na internet que continha a licitação
e a placa da praça.

O Princípio da Publicidade, aliás, encontra interpretação alinhada aos demais –


mencionados ou não nesta peça vestibular. Contudo, devemos apresentar o óbvio
sobre o ordenamento jurídico. Não à toa se encontra a presente norma alinhando a
interpretação do caput:
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Já no âmbito estadual, a elaboração da Constituição do Piauí transcreveu quase igual


à norma em questão. A título linguístico, converteu-se o programático “deverá ter” para
o determinativo presente “têm”. Não só a mudança produz efeito ainda mais concreto
à vedação, como demonstra de forma inequívoca a mens legem de evitar o
patrimonialismo do curral.

Para todos os efeitos, vide a integralidade do art. 42 no diploma em comento:


A publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos têm caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Tem-se aqui norma de impedimento para o avanço dos agentes na representação


estatal. Com o perdão dos direitos autorais patrimoniais de Arnaldo Cézar Coelho:

– A regra é clara, Galvão.

Neste sentido, Excelência, há um advérbio de raro uso para demonstrar exatamente


como agiu o sr. Fábio Novo ao se auto-homenagear: anticonstitucionalissimamente. Eis

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que foi contrariado o princípio da impessoalidade, pela clara promoção pessoal do
gestor.

– Pode isso, Arnaldo!?

O tamanho do advérbio em comento e a força de seu significado, em termos


metafóricos, assemelham-se à concepção linguística feita pelo senso comum em
relação ao Alemão. Porém, exatamente no idioma germânico se encontra a teoria
basilar caríssima ao ordenamento jurídico brasileiro: a já mencionada Pirâmide das
Normas, segundo Hans Kelsen.

Neste sentido, apenas e tão somente os textos constitucionais (Federal e Estadual) já


bastariam para desqualificar a presente auto-homenagem. Há 34 (trinta e quatro) anos
pauta-se o foco da gestão conforme o Estado Democrático de Direito.

Com efeito, não parece totalmente ridículo que, em pleno 2023, deva-se acionar a
Jurisdição para questionar uma auto-homenagem patentemente egocêntrica de um
Secretário? Imagine se não fosse o próprio um Governador, ou um Prefeito?

Chances de incompreensão? Certamente não há quaisquer: basta apenas ter aberto


à Carta Magna, e lido este diploma uma única vez. Considerando o histórico
parlamentar do beneficiário, sequer se pode alegar a pecha de desconhecimento.

Porém, com isto, ultrapassou-se todas as barreiras da impessoalidade administrativa. Há


mais de duas décadas, inclusive, o Ministro Maurício Corrêa já havia relatado o RE nº
217.025 AgR: observou-se neste, sem rodeios, o pensamento do STF sobre
autopromoções mediante a máquina pública:
Publicidade de caráter autopromocional do governador e de seus
correligionários, contendo nomes, símbolos e imagens, realizada às custas do

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erário. Não observância do disposto na segunda parte do preceito constitucional
contido no art. 37, § 1º.
[RE 217.025 AgR, rel. min. Maurício Corrêa, j. 18-4-2000, 2ª T, DJ de 5-6-1998.]

Se não bastasse este precedente, vislumbre-se também o Recurso Extraordinário nº


191.668, julgado em 15 de abril de 2008. Na oportunidade, no recurso relatado pelo
Ministro Menezes Direito, interpretou-se o seguinte:
O caput e o § 1º do art. 37 da CF impedem que haja qualquer tipo de
identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos alcançando os partidos
políticos a que pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que assegura o
princípio da impessoalidade vincula a publicidade ao caráter educativo,
informativo ou de orientação social é incompatível com a menção de nomes,
símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou
de servidores públicos. A possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação
com o partido político a que pertença o titular do cargo público mancha o
princípio da impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de
orientação que constam do comando posto pelo constituinte dos oitenta.
[RE 191.668, rel. min. Menezes Direito, j. 15-4-2008, 1ª T, DJE de 30-5-2008.]

Portanto, resta patente que a nomeação da Praça em homenagem a Fábio Núñez


Novo ofende gravemente à moralidade administrativa. Assim, não há como subsistir.

Frisa-se, ainda, que há patente proibição no ordenamento jurídico para proibir


homenagens às pessoas vivas por meio de prédios e obras públicas. Neste sentido, eis o
determinado nos termos da Lei nº 6.454/1977:

Art. 1º. É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva ou
que tenha se notabilizado pela defesa ou exploração de mão de obra escrava,
em qualquer modalidade, a bem público, de qualquer natureza, pertencente à
União ou às pessoas jurídicas da administração indireta. Art. 4º A infração ao
disposto nesta Lei acarretará aos responsáveis a perda do cargo ou função
pública que exercerem, e, no caso do artigo 3º, a suspensão da subvenção ou
auxílio.

Chama gritante atenção o fato de que tal lei foi instituída em um período histórico do
Brasil extremamente criticado pelo Deputado Fábio Novo, e ainda assim este (o político)
agiu de maneira mais coronelista do que acusaria o espírito da Lei ao qual contraria.

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Assim, a jurisprudência reconhece a impossibilidade de tais homenagens. E, com a
devida vênia, pior ainda se trata de auto-homenagens! Eis, neste sentido, o disposto
pelo seguinte julgado do Egrégio Tribunal do Mato Grosso:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER E NÃO FAZER – USO DE NOME DE PESSOA VIVA PARA DENOMINAR BENS
PÚBLICOS - INCOMPATIBILIDADE COM OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA
IMPESSOALIDADE E DA ISONOMIA – VEDAÇÃO NO ART. 37, § 1º, DA CF E NA LEI
FEDERAL Nº 6.454/77 – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. 1. O art. 37
da Constituição Federal consagra a impessoalidade e a isonomia como princípios
da administração pública, vedando a promoção pessoal, expressamente, ao
dispor em seu § 1º que “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. 2. Logo,
é incompatível com os princípios constitucionais da impessoalidade e da isonomia
a designação de obras e logradouros públicos com nome de pessoas vivas, pois
tal ato implica promoção pessoal que não atende ao interesse público. 3.
Hipótese em que tem incidência, também, a Lei federal nº 6.454/77, que proíbe
“em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva ou que tenha se
notabilizado pela defesa ou exploração de mão de obra escrava, em qualquer
modalidade, a bem público, de qualquer natureza, pertencente à União ou às
pessoas jurídicas da administração indireta".

(TJ-MT - AC: 00007431820148110008 MT, Relator: MARIA APARECIDA RIBEIRO, Data


de Julgamento: 26/05/2020, Segunda Câmara de Direito Público e Coletivo, Data
de Publicação: 03/06/2020)

Noutro giro, existe o mesmo entendimento no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, senão
vejamos:

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. COLOCAÇÃO DE PLACA EM PRÉDIO PÚBLICO.
HOMENAGEM A PESSOA VIVA. OFENSA À LEI. Constitui ato de improbidade que
causa lesão ao erário a ação, dolosa ou culposa, que enseja perda patrimonial
(art. 10, caput, Lei nº 8.429/92). A Lei nº 6.454/77 proíbe a atribuição do nome de
pessoa viva a prédio público. Sentença confirmada no reexame necessário
conhecido de ofício. Prejudicado o recurso de apelação.

(TJ-MG - AC: 10023120012853002 MG, Relator: Albergaria Costa, Data de


Julgamento: 03/03/2016, Data de Publicação: 06/04/2016)

Ainda há também a possibilidade de condenação na presente Ação Popular, em razão


do fato de que se pleiteia tão somente a nulidade da auto-homenagem, pela sua

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inconstitucionalidade, ainda que não se aplicasse os efeitos da Lei nº 6.454/1977. Neste
sentido, assim entendeu o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas:

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO POPULAR.


SENTENÇA QUE DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI MUNICIPAL N.º
5.787/2009, SOB O FUNDAMENTO DE QUE A ATRIBUIÇÃO DO NOME DE MARIA
CECÍLIA PONTES CARNAÚBA, PESSOA VIVA, À ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL,
OFENDE O DISPOSTO NA LEI N.º 6.454/1977, BEM COMO VIOLA OS PRINCÍPIOS DA
IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. APELO DO MUNICÍPIO DE
MACEIÓ QUE SE INSURGE CONTRA O ALCANCE DA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE EMPREENDIDA PELO JUÍZO DE ORIGEM, AO ARGUMENTO
DE QUE AS RAZÕES QUE TORNAM INCONSTITUCIONAL CONCESSÃO DO NOME DE
MARIA CECÍLIA PONTES CARNAÚBA À ESCOLA PÚBLICA EM COMENTO NÃO DEVEM
ATINGIR A CRIAÇÃO DA ESCOLA EM SI, NA MEDIDA EM QUE ESTA NÃO MALFERE
QUALQUER PRECEITO LEGAL OU CONSTITUCIONAL. TESE ACOLHIDA. COM EFEITO,
EM QUE PESE SEJA INEGAVELMENTE INCONSTITUCIONAL A CONCESSÃO DE NOME
DE PESSOA VIVA A BEM PÚBLICO, EM DECORRÊNCIA DA VIOLAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA, É CERTO
QUE TAL CONSTATAÇÃO É INSUFICIENTE A ENSEJAR A DECLARAÇÃO DA
INCONSTITUCIONALIDADE DE TODO O TEOR DA LEI MUNICIPAL N.º 5.787/2009,
PORQUE A REFERIDA LEI NÃO TEVE COMO ÚNICO OBJETO A CONCESSÃO DO
NOME DE MARIA CECÍLIA PONTES CARNAÚBA AO BEM PÚBLICO, MAS VERSOU,
TAMBÉM, SOBRE A PRÓPRIA CRIAÇÃO DA REFERIDA ESCOLA MUNICIPAL, ATO QUE
SE AFIGURA PLENAMENTE REGULAR. NECESSIDADE DE REFORMA DA SENTENÇA
APELADA, PARA QUE A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE ATINJA,
APENAS, A NOMENCLATURA CONCEDIDA AO BEM PÚBLICO, MANTENDO-SE
INCÓLUME A CRIAÇÃO DESTE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO
UNÂNIME.

(TJ-AL - APL: 07082710620128020001 AL 0708271-06.2012.8.02.0001, Relator: Des.


Fábio José Bittencourt Araújo, Data de Julgamento: 23/05/2018, 1ª Câmara Cível,
Data de Publicação: 23/05/2018)

Dito isto, Excelência, há patente ofensa ao ordenamento jurídico, de forma a tornar


cabível o ajuizamento da presente Ação Popular. Com efeito, trata-se de um ato
patentemente imoral administrativamente, e que ainda provoca prejuízos ao erário
(pelo custo com a confecção e colocação da placa do ato administrativo), sem falar
do uso indevido do patrimônio cultural do Estado do Piauí. Assim, atrai-se a vigência da
Constituição, quando diz que...

Art. 5º. [...]


LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a

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anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência;

Mesmo a Lei nº 4.717/1965, que regulamenta a Ação Popular, assim dispõe:

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a


declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de
economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro
nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de
serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou
custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta
por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao
patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de
quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

§ 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens


e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.

Neste sentido, o ordenamento jurídico determina a nulidade dos atos ilegais e


praticados com desvio de finalidade. A título pedagógico, eis a transcrição dos
dispositivos legais da Lei da Ação Popular:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no


artigo anterior, nos casos de:

c) ilegalidade do objeto;

e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as


seguintes normas:

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação


de lei, regulamento ou outro ato normativo;

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim


diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.

A ilegalidade do ato, Excelência, vislumbra-se quando a nomeação contrariou os


dispositivos da Constituição Federal, da Constituição Estadual Piauiense, e ainda da Lei

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nº 6.454/1977. Eis que se realizou auto-homenagem, ato gritantemente vedado pelo
ordenamento jurídico, e com largo esteio na jurisprudência nacional.

O desvio de finalidade se vislumbra quando a nomeação do ato administrativo ocorreu


com finalidade de auto-promoção do gestor, ao mesmo tempo em que acarretaria
benefícios eleitorais e políticos. Não se tratou de uma simples determinação de
indicação do nome do local, mas de um uso estratégico de um espaço importante
numa escola de artes, quando uma parte importante do eleitorado de Fábio Novo se
trata do público artístico.

Então, prossiga-se à próxima etapa.

2.3. DAS RAZÕES PARA O ENCAMINHAMENTO DE CÓPIA DOS AUTOS PARA OS


MINISTÉRIOS PÚBLICO ESTADUAL E ELEITORAL
2.3.1. DA ILEGALIDADE DA SUPOSTA CONFIGURAÇÃO DO ABUSO DE AUTORIDADE
Excelência, o abuso de autoridade se trata de conduta gravíssima, perpetrada por
quem desvirtua cargo ou qualquer poder em que possui investidura. Com efeito, uma
posição na Administração Pública — direta ou indireta — obriga à defesa do bem
comum. Naturalmente, deve-se observar ao interesse social, não à vontade dos
agentes públicos.

Segundo o TSE: o "emprego do abuso de poder se trata de realidade nefasta no cenário


eleitoral". O Tribunal Superior Eleitoral esclarece que tal conduta mina à liberdade do
eleitor, estabelecendo ruína para a igualdade de oportunidade entre os candidatos,
"condicionando o resultado do certame e, assim, comprometendo a normalidade e a
legitimidade das eleições".

Assim prossegue o Tribunal:

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A ofensa a esses valores é levada em conta por Fortunato Bin, que os utiliza para
forjar um conceito. Nas palavras do autor, o abuso de poder nas eleições
caracteriza-se por ser “[...] um completo de atos que desvirtuam a vontade do
eleitor, violando o princípio da igualdade entre os concorrentes do processo
eleitoral e o da liberdade de voto, que norteiam o Estado democrático de direito”.
José Jairo Gomes é categórico em ressaltar a sua nocividade, ao pregar que o
pleito em que o abuso se instala resulta necessariamente corrompido, na medida
em que impede que a vontade genuína do eleitor se manifeste nas urnas. Em sua
visão, isso contribui para a formação de representação política “inautêntica,
mendaz”. Trata-se, portanto, de expediente nocivo ao experimento democrático,
na medida em que afeta a livre concorrência pelo poder.

Antes das eleições, Excelência, necessariamente há fase em que se praticará a retórica


de convencimento do eleitorado. Não obstante, esta etapa exige um traçado muito
sólido e claro de suas quatro linhas, determinando-se limites normativos para preservar
à sua legitimidade. São fronteiras que cercam o horizonte e a extensão dos discursos,
das narrativas, das obras e demais meios empregados. Neste sentido, assim leciona Sídia
Porto Lima:

É claro que as influências externas sempre farão parte da formação da vontade


do eleitor. O que se deseja é que tais influências brotem naturalmente do seio da
sociedade, evitando-se o direcionamento da escolha em função apenas de
interesses de uma minoria, como consequência de uma manipulação econômica
[política, social ou de qualquer outra ordem] profundamente indesejável. A
escolha efetuada nesses termos traduz-se na discrepância entre as decisões
políticas e as reais expectativas e necessidades dos próprios representados2.

No caso do Juízo Eleitoral, a Lei nº 9.504/1997 dispõe que a conduta do §1º do art. 37 da
Constituição Federal configura abuso de autoridade. Com efeito, o art. 74 da Lei de
Normas para as Eleições (LNE) sujeita os infratores ao cancelamento do registro ou do
diploma, por força do art. 22 da Lei Complementar nº 64/1990. A título de instrução,
transcreve-se adiante todas as normas evocadas:

2LIMA, Sídia Porto. Prestação de contas e financiamento de campanhas eleitorais. 2. ed. Curitiba: Juruá,
2009, p. 33.
23
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Número do documento: 23030820534357300000035667965
LEI Nº 9.504/1997

Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art. 22 da Lei
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, a infringência do disposto no § 1º do
art. 37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se candidato, sujeito ao
cancelamento do registro ou do diploma.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 37.

§1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos.

LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público


Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral
ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir
abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do
poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos
ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido
político [...].

A conduta vedada no parágrafo anterior se trata, inclusive, de improbidade


administrativa. Claro: a demanda deve ser proposta por quem de direito, porém —
mediante esta peça — dá-se o conhecimento às autoridades competentes. Entretanto,
sem prejuízo das sanções de Direito Administrativo, também há providências de
natureza Eleitoral: às quais se pleiteia, encaminhando-se ao custos legis.

Logo, ao tempo em que se requer providências, prossegue-se ao próximo tópico.

2.3.2. DO SUPOSTO CRIME DE PROPAGANDA NO DIA DA ELEIÇÃO


Excelência, a divulgação de propaganda dos candidatos nos dias que antecedem as
eleições se trata de procedimento padrão, e necessário ao bom e fiel atendimento aos
princípios republicanos: refere-se à oportunidade tida por todos para se fazer ver e ouvir,

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pelo público eleitor em geral, a fim de se propagar às ideias, e favorecer a alternância
de poder. Não obstante, esta etapa se encerra às 22 (vinte e duas) horas da véspera
do dia do pleito, não sendo permitida a sua realização na data marcada para os votos
nas urnas. No caso destes autos: 02 de outubro de 2022.

O sr. Eduardo Lins gravou "live" pela qual se demonstra: o Deputado Fábio Novo
manteve, no dia 02 de outubro de 2022, propaganda de seu nome em local de
realização de pleito, à revelia dos princípios republicanos, e da mais clara e límpida
legislação vigente. Eis que a Escola Gomes Campos possui seções eleitorais, e ao arrepio
da Lei a placa que auto-homenageia deputado vivo ainda se encontra por lá.

Tal conduta, a de manter propaganda com o nome "Praça Fábio Núñez Novo",
conhecido como Secretário de Cultura, numa Escola dedicado ao ensino de Cultura,
no dia do pleito, contraria à vedação criminalmente tipificada no inc. III do §5º do art.
39 da Lei nº 9.504/1997. Com efeito, eis o teor da regra:

Art. 39. [...]

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses


a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo
período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:

III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de


seus candidatos.

Veja-se que ocorreu clara e especificamente a divulgação em 02 de outubro de 2022,


portanto não há o que se falar em prescrição: houve a conduta típica neste pleito,
motivo pelo qual há pleno interesse do Parquet no oferecimento da correspondente
possível denúncia.

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2.4. DA DESNECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA LESÃO MATERIAL AO ERÁRIO
QUANTO ÀS QUESTÕES NÃO FINANCEIRAS.

Excelência, desde logo se avalia que a parte adversa pode tentar alegar que a
presente Ação Popular não demonstra a lesividade material ao erário, além das
questões estritamente financeiras. Todavia, deve-se afirmar desde logo: tal argumento
não merece prosperar.

Data maxima venia, apresenta-se à leitura de uma tese firmada no STF. Com efeito,
trata-se do entendimento firmado no Tema nº 836, COM REPERCUSSÃO GERAL, já
seguindo os seus mais de 07 (sete) anos:

Tema STF nº 836 – “Não é condição para o cabimento da ação popular a


demonstração de prejuízo material aos cofres públicos, dado que o art. 5º, inciso
LXXIII, da Constituição Federal estabelece que qualquer cidadão é parte legítima
para propor ação popular e impugnar, ainda que separadamente, ato lesivo ao
patrimônio material, moral, cultural ou histórico do Estado ou de entidade de que
ele participe.”

Direito Constitucional e Processual Civil. Ação popular. Condições da ação.


Ajuizamento para combater ato lesivo à moralidade administrativa. Possibilidade.
Acórdão que manteve sentença que julgou extinto o processo, sem resolução do
mérito, por entender que é condição da ação popular a demonstração de
concomitante lesão ao patrimônio público material. Desnecessidade. Conteúdo
do art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal. Reafirmação de jurisprudência.
Repercussão geral reconhecida.

1. O entendimento sufragado no acórdão recorrido de que, para o cabimento de


ação popular, é exigível a menção na exordial e a prova de prejuízo material aos
cofres públicos, diverge do entendimento sufragado pelo Supremo Tribunal
Federal.

2. A decisão objurgada ofende o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, que
tem como objetos a serem defendidos pelo cidadão, separadamente, qualquer
ato lesivo ao patrimônio material público ou de entidade de que o Estado
participe, ao patrimônio moral, ao cultural e ao histórico.

3. Agravo e recurso extraordinário providos.

4. Repercussão geral reconhecida com reafirmação da jurisprudência.

(STF - RG ARE: 824781 MT - MATO GROSSO 0000275-96.2007.8.11.0041, Relator: Min.


DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 27/08/2015, Tribunal Pleno - meio eletrônico,
Data de Publicação: DJe-203 09-10-2015)

Neste sentido, resta superado, por entendimento da Excelsa Corte deste país, que o a
demonstração financeira se trata de abordagem imprescindível para ajuizamento de

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ação popular. Ora, Excelência, se assim o fosse, por que motivo o Constituinte Originário
teria previsto a possibilidade de proteção judicial, pela tutela cidadã, dos seguintes
itens: moralidade administrativa, meio ambiente, história e cultura!? Com efeito, tratam-
se de assuntos alheios à seara eminentemente pecuniário, a qual ainda reside no valor
da causa em razão das necessidades processuais dispostas pelo Código de Processo
Civil.

Diga-se de passagem, aliás: não se pode utilizar a noção de dano financeiro com base
unicamente da Lei nº 4.717/1965, porque a Constituição Federal — além de ter vindo
depois, e de se tratar de norma superior — ampliou o rol de assuntos tutelados pela via
eleita. Em outras palavras: a configuração do interesse de agir prescinde da lesão ao
erário.

Sobre o disposto nos últimos parágrafos, aproveita-se o ensejo para colacionar o


precedente do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO POPULAR - EXTINÇÃO


SEM RESOLUÇÃO MÉRITO - INEXISTÊNCIA DE LESÃO AO ERÁRIO - IRRELEVÂNCIA -
VIOLAÇÃO À MORALIDADE ADMINISTRATIVA - FALTA DE INTERESSE DE AGIR -
INOCORRÊNCIA - CASSAÇÃO DA SENTENÇA. 1 - Há interesse de agir no
ajuizamento de ação popular fundada na premissa de que o contrato firmado
pelos réus, além de ilícitos, violaram a moralidade administrativa, sendo
prescindível a existência de lesão ao erário. Precedente.

(TJ-MG - AC: 10021170016709001 MG, Relator: Carlos Henrique Perpétuo Braga,


Data de Julgamento: 17/10/2019, Data de Publicação: 24/10/2019)

Assim, derruba-se desde logo possível peça de bloqueio que venha a contestar o
assunto extrapatrimonial, fundamentando-se na ausência de interesse de agir, ou na
ausência de demonstração de lesividade material.

Dito isto, prossiga-se ao próximo tópico.

2.5. DA LEGITIMIDADE ATIVA DO CIDADÃO

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Número do documento: 23030820534357300000035667965
Excelência, consoante devidamente qualificado nos autos, a parte autora se qualifica
validamente como eleitor, fazendo prova de sua condição de cidadão consoante a
exigência do ordenamento jurídico. Portanto, encontra-se apto para a propositura de
Ação Popular, independentemente de qual seja seu domicílio eleitoral.

Neste sentido, segue jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça já pacificada sobre o


assunto:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. ELEITOR COM DOMICÍLIO ELEITORAL EM


MUNICÍPIO ESTRANHO ÀQUELE EM QUE OCORRERAM OS FATOS CONTROVERSOS.
IRRELEVÂNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA. CIDADÃO. TÍTULO DE ELEITOR. MERO MEIO DE
PROVA.

1. Tem-se, no início, ação popular ajuizada por cidadão residente e eleitor


em Itaquaíra⁄MS em razão de fatos ocorridos em Eldorado⁄MS. O magistrado
de primeiro grau entendeu que esta circunstância seria irrelevante para fins
de caracterização da legitimidade ativa ad causam, posição esta mantida pelo
acórdão recorrido - proferido em agravo de instrumento.

2. Nas razões recursais, sustenta a parte recorrente ter havido violação aos arts.
1º, caput e § 3°, da Lei n. 4.717⁄65 e 42, p. único, do Código Eleitoral, ao argumento
de que a ação popular foi movida por eleitor de Município outro que não aquele
onde se processaram as alegadas ilegalidades.

3. A Constituição da República vigente, em seu art. 5º, inc. LXXIII, inserindo


no âmbito de uma democracia de cunho representativo eminentemente indireto
um instituto próprio de democracias representativas diretas, prevê que
"qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência" (destaque acrescentado).

4. Note-se que a legitimidade ativa é deferida a cidadão. A afirmativa é


importante porque, ao contrário do que pretende o recorrente, a legitimidade
ativa não é do eleitor, mas do cidadão.

5. O que ocorre é que a Lei n. 4717⁄65, por seu art. 1º, § 3º, define que a
cidadania será provada por título de eleitor.

6. Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não é condição de legitimidade


ativa, mas apenas e tão-só meio de prova documental da cidadania, daí porque
pouco importa qual o domicílio eleitoral do autor da ação popular. Aliás, trata-se
de uma exceção à regra da liberdade probatória (sob a lógica tanto da
atipicidade como da não-taxatividade dos meios de provas) previsto no art. 332,
CPC.

7. O art. 42, p. único, do Código Eleitoral estipula um requisito para


o exercício da cidadania ativa em determinada circunscrição eleitoral, nada
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Número do documento: 23030820534357300000035667965
tendo a ver com prova da cidadania. Aliás, a redação é clara no sentido de que
aquela disposição é apenas para efeitos de inscrição eleitoral, de alistamento
eleitoral, e nada mais.

8. Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não


necessariamente deixa de ser eleitor, podendo apenas exercer sua cidadania em
outra circunscrição. Se for eleitor, é cidadão para fins de ajuizamento de ação
popular.

9. O indivíduo não é cidadão de tal ou qual Município, é "apenas" cidadão,


bastando, para tanto, ser eleitor.

10. Não custa mesmo asseverar que o instituto do "domicílio eleitoral" não
guarda tanta sintonia com o exercício da cidadania, e sim com a necessidade
de organização e fiscalização eleitorais.

11. É que é entendimento pacífico em doutrina e jurisprudência que a


fixação inicial do domicílio eleitoral não exige qualquer vínculo especialmente
qualificado do indivíduo com a circunscrição eleitoral em que pretende se alistar
(o art. 42, p. único, da Lei n. 4.737⁄65 exige tão-só ou o domicílio ou a
simples residência, mas a jurisprudência eleitoral é mais abrangente na
interpretação desta cláusula legal, conforme abaixo demonstrado) - aqui,
portanto, dando-se ênfase à organização eleitoral.

12. Ainda de acordo com lições doutrinárias e jurisprudenciais, somente no que


tange a eventuais transferências de domicílio é que a lei eleitoral exige algum tipo
de procedimento mais pormenorizado, com demonstração de algum tipo
de vínculo qualificado do eleitor que pretende a transferência com o novo local
de alistamento (v. art. 55 da Lei n. 4.737⁄65) - aqui, portanto, dando-se ênfase à
fiscalização para evitação de fraude eleitoral.

13. Conjugando estas premissas, nota-se que, mesmo que determinado


indivíduo mude de domicílio⁄residência, pode ele manter seu alistamento eleitoral
no local de seu domicílio⁄residência original.

14. Neste sentido, é esclarecedor o REspE 15.241⁄GO, Rel. Min. Eduardo


Alckmin, DJU 11.6.1999.

15. Se é assim - vale dizer, se não é possível obrigar que à transferência


de domicílio⁄residência siga a transferência de domicílio eleitoral -, é fácil
concluir que, inclusive para fins eleitorais, o domicílio⁄residência de um indivíduo
não é critério suficiente para determinar sua condição de eleitor de certa
circunscrição.

16. Então, se até para fins eleitorais esta relação domicílio-alistamento é


tênue, quanto mais para fins processuais de prova da cidadania, pois, onde o
constituinte e o legislador não distinguiram, não cabe ao Judiciário fazê-lo -
mormente para restringir legitimidade ativa de ação popular, instituto dos mais
caros à participação social e ao controle efetivos dos indivíduos no controle da
Administração Pública.

17. Recurso especial não provido.

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(STJ - REsp: 1242800 MS 2011/0050678-0, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, Data de Julgamento: 07/06/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 14/06/2011)

Dito isto, prossiga-se ao próximo tópico.

2.6. DOS LEGITIMADOS PASSIVAMENTE


E TERCEIROS DOS INTERESSADOS

Excelência, a norma de legitimidade passive se afigura bastante clara no art. 6º da Lei


nº 4.717/1965. Com a devida vênia, transcreve-se adiante:

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades


referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou
que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários
diretos do mesmo.

Neste interim, segue a justificativa de legitimidade passiva:

O Deputado Fábio Núñez Novo possui legitimidade ativa por, na qualidade de


Secretário, trata-se do responsável pelo gerenciamento da obra, por determinar a
nomeação, e ainda ser o beneficiário direto do ato guerreado.

A SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA DO PIAUÍ — SECULT possui legitimidade passiva


por se tratar de órgão da Administração, com personalidade jurídica constituída
mediante CNPJ, que ensejou diretamente a constituição ato administrativo ora
guerreado por ser prejudicial ao interesse público.

O CONSELHO ESCOLAR DA ESCOLA TECNICA ESTADUAL DE TEATRO PROFESSOR JOSE


GOMES CAMPOS possui qualidade de interessado direto na causa, por ter sido
constituído para finalidades ligadas à administração da Escola.

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O ESTADO DO PIAUÍ figura como interessado, em última análise, pelo seu possível
interesse em atuar em consonância ao sr. Eduardo Lins, de maneira útil ao interesse
público, apesar da possibilidade de abster de contestar o pedido, nos seguintes termos:

Art. 6º.

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto
de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao
lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do
respectivo representante legal ou dirigente.

Dito isto, prossiga-se ao próximo tópico.

2.7. DA POSSIBILIDADE DE CITAÇÃO POR EDITAL

Excelência, trata-se de senso comum a necessidade de citação pelo juízo para que o
polo ativo componha regularmente à demanda. Não se pretende a discussão — ao
menos não em um Estado Democrático de Direito — sobre a imprescindibilidade do
procedimento para a regularidade do feito. A título de regular instrução, transcreve-se
adiante os dispositivos da Lei nº 13.105/2015 pelos quais se dispõe assim:

Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o
interessado para integrar a relação processual.

Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do


executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de
improcedência liminar do pedido.

Inexistindo dúvidas a respeito de sua necessidade, torna-se a discutir o método pelo


qual se realiza a diligência. Senão, vejamos.

Geralmente, a Lei nº 13.105/2015 determina a ocorrência de citação pessoalmente, e


a ser expedida pelos correios. Todavia, a lei não só não proíbe, como admite
expressamente a mudança no procedimento. Neste sentido, novamente se recorre ao
Código de Processo Civil, in verbis::

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Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto:

V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.

Assim, confirma-se pelo texto legal a possibilidade de mudança no procedimento,


desde que se mostre justificada a requisição do autor. Em relação a este caso, adianta-
se o método requerido: citação por edital. Esta modalidade também se encontra
possível no Código de Processo Civil, exigindo previsão expressa em Lei segundo o
disposto no inc. III do art. 256 deste diploma legal.

Logo, deve-se analisar o cabimento da mudança no procedimento segundo a


justificativa do autor. Portanto, deve-se recorrer à legislação específica do tema.

Com efeito, a Lei nº 4.717/1965 determina a aplicação subsidiária do Código Civil,


inclusive direcionando pela obediência "ao procedimento ordinário" — hoje conhecido
como "procedimento comum cível". Por outro lado, o mesmo diploma legal traz à tona
regras modificativas às diligências, segundo a qual se permite a preferência ao autor
sobre a forma de citação: "padrão" ou por "edital". Trata-se, a priori de faculdade
conferida segundo o inc. II do art. 7º da Lei da Ação Popular:

Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de


Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas:

II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com
o prazo de 30 (trinta) dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no jornal
oficial do Distrito Federal, ou da Capital do Estado ou Território em que seja
ajuizada a ação. A publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três)
dias após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de uma via
autenticada do mandado.

Segundo as provas anexadas aos autos, vislumbra-se: o fato se relaciona a pessoas para
quem não se trata de novidade a relação com a Administração Pública. Assim, o diário
oficial se afigura leitura, em tese, usual ao polo passivo.

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Desta forma, não se vislumbra qualquer prejuízos ao efetivo contraditório material se a
citação ocorrer segundo o procedimento especial da Lei nº 4.717/1965. Pelo contrário:
dado a oficialidade do diário oficial, ao qual deve ler o polo ativo no desempenho de
suas atividades, e ainda se amplia o número de dias para se responder à presente
demanda.

Portanto, a parte autora requer de Vossa Excelência a determinação de citação


individualizada do polo passivo por edital, na forma do procedimento disposto na Lei
da Ação Popular, para atender às determinações e responder à demanda em até 30
(trinta) dias.

2.8. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Considerando o caso concreto da presente demanda, pelo fato de correr o litígio em


juízo comum, verifica-se o direito alimentício do patrono a perceber honorários
conforme o art. 85 do CPC/15. Ainda, segundo o parágrafo primeiro do mesmo artigo,
esta verba será devida em outras situações dentro do processo, além da decisão
resolutiva de mérito.

Conforme o §2º do presente art. 85 do CPC/15, a fixação dos honorários se dará


inicialmente entre os patamares de 10% (dez por cento) e 20% (vinte por cento),
conforme os critérios dispostos aos seus incisos. Ademais, a legislação sobre as Ações
Populares também prevê este direito para honorários, consoante seu art. 12: "A
sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, [...] dos
honorários de advogado".

Portanto, o patrono da causa requer o reconhecimento judicial da fixação de


honorários nos termos legais, consoante as diretrizes vigentes no ordenamento jurídico.

2.9. DO CABIMENTO DE TUTELA DE URGÊNCIA E DO FUMUS BONI IURIS


Excelência, ao comparecer em juízo, a parte autora ora requer o deferimento de tutela
cautelar, com o intuito de preservar às provas e à instrução do feito. O cabimento se

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sustenta na aplicação subsidiária da Lei nº 13.105/2015, cujo art. 300 autoriza tais
medidas, ante o requerimento ao Poder Judiciário:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

Aprofunda-se sobre este aspecto no tópico do periculum in mora. Quanto ao fumus boni
iuris, este se encontra devidamente demonstrado pelos fatos e fundamentos já
expressos até o presente momento.

Assim, prossiga-se ao próximo tópico.

2.9.1. DO PERICULUM IN MORA:


DA QUALIDADE IMOBILIÁRIA POR INCORPORAÇÃO DO MATERIAL PUBLICAMENTE
EMPREGADO PARA A PROMOÇÃO PESSOAL
Excelência, trata-se de importante questão, posto que a dinâmica da celeridade
processual se torna ainda mais urgente em razão da qualidade do material que enseja
o ajuizamento destes autos: trata-se de bem imóvel por incorporação nos termos do art.
79 da Lei nº 10.406/2002, qual seja: "São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe
incorporar natural ou artificialmente". Neste ato, refere-se, especificamente, a uma
placa que registra ato nomeando um território público, um espaço destinado ao bem
comum, e efetivamente disponibilizado para tal. Em razão disto, pode sofrer separação
deste prédio, para ser reempregada novamente no mesmo ou em outro local,
readquirindo a natureza de móvel somente no caso de demolição da Escola Técnica
de Teatro Gomes Campos, nos termos dos arts. 81 e 84 do Código Civil, in verbis:

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:

I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem


removidas para outro local;

II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se


reempregarem.

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Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade
os provenientes da demolição de algum prédio.

Zela-se à vista pelo escorreito atendimento ao ônus da prova. Com efeito, bem se
conhece o disposto no inc. I do art. 373 da Lei nº 13.105/2015, pelo qual à parte autora
incumbe a demonstração dos fatos constitutivos. Não obstante, enquanto a efetiva
titularidade da ação não dispõe do noticiante entre o rol de legitimados, nada custa
lembrar: mais documentos podem ser requisitados pelo Douto Ministério Público em sua
investigação, visto que o sr. Eduardo Lins se trata de um mero mortal pilhando para
desvelar a verdade (não tão bem) encoberta por uma das pessoas mais poderosas do
Estado.

Ora, há suficientes recursos para demonstrar à verdade, ao menos em seus indícios.


Porém, mesmo estes pequenos liames podem ser apagados, a fim de se resguardar à
impunidade — tanto pelo réu, quanto por terceiros interessados no resultado da
demanda. Consoante se ressaltou há poucos parágrafos: embora o ordenamento
jurídico observe à prova material concreta dos fatos como um bem imóvel, nada obsta
sua retirada do local — para ocultamento, ou para destruição.

Mutatis mutandis, há fundado receio de que, se postergada, a produção de prova se


torne impossível. Justifica-se: não tendo sido publicados os documentos em local de fácil
acesso ao público (nos termos do §3º do art. 3º da Lei nº 8.666/1993) o que impediria a
qualquer pessoa de simplesmente destruir à placa? Assim, tal contexto não somente
fundamenta ao sigilo dos autos na origem, como também fornece base à produção
antecipada de prova, nos seguintes termos da vigente legislação processual civil:

Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:

I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a


verificação de certos fatos na pendência da ação;

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Em havendo a possibilidade de haver persecução criminal, o Código de Processo Penal
também permite a realização de diligências e produção antecipada de provas — até
mesmo de ofício — a fim de se garantir a plena e legítima instrução do feito. Com efeito,
o diploma processual criminal vigente assim valida às possíveis determinações do
magistrado na seara de persecução:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício:

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de


provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade,
adequação e proporcionalidade da medida;

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização


de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

Dito isto, Excelência, encontra-se devidamente demonstrado o segundo requisito para


a concessão de tutela, e da possibilidade de atuação ex officio de magistrado: não
somente existe substrato para decisão judicial, como também se desvela o perigo de
demora na avaliação do feito, com profundo risco ao resultado útil.

2.9.2. DA TUTELA REQUERIDA, E DA SUA FÁCIL REVERSIBILIDADE


Excelência, pugna-se desde logo para destacar: não há qualquer prejuízo ao réu. Eis
que as diligências requeridas são as seguintes:

I. SUSPENSÃO DO ATO ADMINISTRATIVO DE NOMEAÇÃO, com base no


precedente dos Autos de nº 0008520-08.2001.8.18.0140, da 2ª Vara de
Fazenda da Comarca de Teresina-PI, a ser comunicado por oficial de
justiça, mediante comparecimento no local, acompanhado do Sr. Eduardo
Lins, para constatar também a existência e o modo existir do ato;

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Número do documento: 23030820534357300000035667965
II. Comparecimento de oficial de justiça no local, acompanhado do autor
popular Eduardo Lins, quem pode lhe indicar o local exato, a fim de
constatar a existência e o modo de existir da prova de nomeação de praça
pública com o nome do Deputado Estadual Fábio Núñez Novo;

III. Retirada da placa nomeando à Praça Fábio Núñez Novo do local;

IV. Sequestro da placa, e a nomeação do sr. Eduardo Lins como fiel


depositário; ou, subsidiariamente, seu depósito judicial em local
determinado pelo juízo;

V. Busca e Apreensão na Secretaria de Estado da Cultura, com objeto


consistente na íntegra dos autos da Licitação de reforma da obra, onde se
deve constar o ato de nomeação da Praça Fábio Núñez Novo; ou,
subsidiariamente, a integral digitalização destes autos no prazo de 24 (vinte
e quatro) horas;

VI. A fim de se resguardar de qualquer contra-acusação de fake news, o


encaminhamento de Ofício à empresa Instagram/Facebook, para garantir
a veracidade das lives ora em anexo como instrumento de prova, no
seguinte endereço: FACEBOOK SERVICOS ONLINE DO BRASIL LTDA, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº. 13.347.016/0001-17,
sediada à Rua Leopoldo Couto De Magalhaes Junior, nº. 700, 1º, 5º, 6º, 9º,
14º e 15º andares, Itaim Bibi, CEP 04542-000, na cidade de São Paulo, Estado
de São Paulo.

Nenhuma destas diligências deve causar prejuízo financeiro desnecessário ao réu. Além
do mais, toda a documentação e todo o material podem facilmente ser revertido ao
status quo ante, com a devolução dos autos à Secretaria e da placa com o nome do
deputado ao local de público nomeação.

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Número do documento: 23030820534357300000035667965
3. DOS PEDIDOS

Ex positis, a parte autora, em termos harmônicos com os fatos narrados e o direito


fundamentado, comparece perante Vossa Excelência para pugnar pelo seguinte:

a) O recebimento e o processamento da presente demanda, bem como a


manutenção do SIGILO destes autos até a efetivação da LIMINAR, a fim de
preservar a produção da prova!

b) O encaminhamento de cópia dos autos para o Ministério Público, a fim de apurar


a possível responsabilidade quanto à improbidade administrativa e também
possível ocorrência de abuso de autoridade eleitoral e criminal eleitoral;

c) CAUTELARMENTE, o deferimento de tutela de urgência INAUDITA ALTERA PARS,


com o fito de resguardar a produção de provas, consistentes em:

I.SUSPENSÃO DO ATO ADMINISTRATIVO DE NOMEAÇÃO,


com base no precedente dos Autos de nº 0008520-
08.2001.8.18.0140, da 2ª Vara de Fazenda da Comarca de
Teresina-PI, a ser comunicado por oficial de justiça,
mediante comparecimento no local, acompanhado do
Sr. Eduardo Lins, para constatar também a existência e o
modo existir do ato;

II. Comparecimento de oficial de justiça no local,


acompanhado do autor Eduardo Lins, quem pode lhe
indicar o local exato, a fim de constatar a existência e o
modo de existir da prova de nomeação de praça
pública com o nome do Deputado Estadual Fábio Núñez
Novo;

III. Retirada da placa nomeando à Praça Fábio Núñez Novo


do local;

IV. Sequestro da placa, e a nomeação do sr. Eduardo Lins


como fiel depositário; ou, subsidiariamente, seu depósito
judicial em local determinado pelo juízo;

V. Busca e Apreensão na Secretaria de Estado da Cultura,


com objeto consistente na íntegra dos autos da
Licitação de reforma da obra, onde se deve constar o
ato de nomeação da Praça Fábio Núñez Novo ; ou,

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subsidiariamente, a integral digitalização destes autos no
prazo de 24 (vinte e quatro) horas;

VI. A fim de se resguardar de qualquer contra-acusação de


fake news, o encaminhamento de Ofício à empresa
Instagram/Facebook, para garantir a veracidade das
lives ora em anexo como instrumento de prova, no
seguinte endereço: FACEBOOK SERVICOS ONLINE DO
BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob o nº. 13.347.016/0001-17, sediada à Rua
Leopoldo Couto De Magalhaes Junior, nº. 700, 1º, 5º, 6º,
9º, 14º e 15º andares, Itaim Bibi, CEP 04542-000, na cidade
de São Paulo, Estado de São Paulo.

d) A concessão desde logo do Benefício da Justiça Gratuita;

e) A juntada dos documentos acompanhantes da presente inicial;

f) A citação dos réus, APÓS A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA, segundo o


procedimento editalício da Lei de Ação Popular para compor a demanda,
apresentar a íntegra do processo administrativo que resultou no ato administrativo
ora guerreado, e, se quiserem, contestá-la;

g) A intimação do Ministério Público para acompanhar à demanda através de seu


representante;

h) A intimação da Ente Federativo para, querendo, assistir o autor naquilo que for útil
sob a ótica do super princípio da Supremacia do Interesse Público;

i) A Ocorrência de audiência de conciliação, se Vossa Excelência entender


cabível, apesar da matéria efetivamente de direito.

j) Após a contestação, abertura de prazo de 15 (quinze) dias úteis para réplica, nos
termos do CPC/15;

k) A plena dilação probatória, admitindo-se todo meio de prova não vedado


juridicamente, incluindo a realização de audiência de instrução;

l) O julgamento definitivo do mérito, no sentido de declarar nula a auto-


homenagem feita pelo Deputado Fábio Núñez Novo ao nomear praça na Escola
Estadual Gomes Campos com seu próprio nome;

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m) A condenação dos réus em custas e honorários de advogado, nos termos da Lei
nº 13.105/2015;

n) A total procedência da demanda.

Do valor da causa: R$100.000,00 (cem mil reais), por ser inestimável.

Termos em que pede deferimento.

Teresina, 08 de março de 2023.

Eduardo Henrique Lins Cavalcante


(Autor Popular)

Leonardo de Araújo Andrade


(Advogado — OAB-PI nº 9.220)

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