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Advogadas e Advogados pela Democracia

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL


DO MINISTÉRIO PÚBLICO - CNMP.

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO - LEI Nº10741/03

CENTRO DE DIREITOS HUMANOS E MEMÓRIA


POPULAR DE FOZ DO IGUAÇU (CDHMP-FI), pessoa jurídica
de direito privado sem fins lucrativos, inscrita no
CNPJ/MF sob o número 73.729.949/0001-09 e declarada de
1/20
utilidade pública conforme o Decreto Municipal nº
4192/2014, com sede na cidade de Foz do Iguaçu-PR, na
Alameda Batuiba, 146, Vila Residencial A, neste ato
representada por seu Presidente ALUIZIO FERREIRA
PALMAR, brasileiro nascido aos 24/05/1943, casado,
jornalista, portador do documento de identidade RG nº
672320-9 SSPPR, inscrito no CPF/MF sob nº
426235459/87, residente e domiciliado à Rua Rio de
Janeiro, nº 459, CEP: 88870-010 - Foz do Iguaçu/PR e
MARCELO DA COSTA PINTO NEVES, brasileiro nascido aos
16/08/1957, casado, professor universitário, portador
do documento de identidade RG nº 1.231.611-SSP/PE,
inscrito no CPF/MF sob o nº 312.476.794-20, residente
e domiciliado no Setor Colina, Bloco G, apto. 303, Asa
Norte, Brasília-DF, CEP: 70904-107, por seus advogados

Avenida Mal. Floriano Peixoto, 228 – 15º andar Cj. 1503 - Centro –
Curitiba/PR - CEP: 80010-130 - (41) 3045-2262 e 9 9886-2356 –
advoga@democracia.adv.br
Advogadas e Advogados pela Democracia

adiante qualificados (procurações em anexo): BEATRIZ


ADRIANA DE ALMEIDA, brasileira, solteira, advogada
inscrita na OAB/PR sob nº 28786, com domicílio na Rua
Justo Manfron, 1037, Santa Felicidade, CEP: 82410-540 -
Curitiba –Paraná, e-mail: beatriz@democracia.adv.br,
CLAUDIO ANTONIO RIBEIRO, brasileiro, divorciado,
advogado inscrito na OAB/PR sob nº 4.636, com
escritório profissional na Avenida Marechal Floriano
Peixoto, nº 50, 18º andar - Centro, CEP: 80130-010 –
Curitiba – Paraná, e-mail:
claudioribeiro@democracia.adv.br, GIULIANA ROCIO
ALBONETI, brasileira, solteira, advogada inscrita na
OAB/PR sob nº 84.738, com escritório profissional
localizado na Rua Trajano Reis, nº. 472 – CEP: 80510-
220 – Bairro São Francisco, Curitiba – Paraná, e-mail:
2/20
giuliana@democracia.adv.br, IAN MARTIN VARGAS,
brasileiro, solteiro, advogado inscrito na OAB/PR sob
nº 89.846, com escritório profissional na Rua
Araguaia, 762, Campos do Iguaçu, CEP 85857-270 - Foz
do Iguaçu – PR, e-mail: ianvargas@democracia.adv.br,
IVETE MARIA CARIBÉ DA ROCHA, brasileira, viúva,
advogada inscrita na OAB/PR sob nº 35.359, com
escritório profissional na Rua Américo Mattei, nº 398
– Bairro Tarumã, CEP: 82800-170 – Curitiba - PR, e-
mail: Ivete@democracia.adv.br, JOSÉ CARLOS PORTELLA
JÚNIOR, brasileiro, solteiro, advogado inscrito na
OAB/PR sob nº 34.790, com escritório profissional na
Rua Tibagi, nº 294 – sala 704, Centro, CEP: 80060-110
- Curitiba – PR, e-mail: portella@democracia.adv.br,
LEINA MARIA GLAESER, brasileira, divorciada, advogada

Avenida Mal. Floriano Peixoto, 228 – 15º andar Cj. 1503 - Centro –
Curitiba/PR - CEP: 80010-130 - (41) 3045-2262 e 9 9886-2356 –
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inscrita na OAB/PR sob nº 40995, endereço profissional


na Rua 21 de Abril, 435, Centro, CEP 85950-000 -
Palotina - PR, e-mail: leina@democracia.adv.br, LUCAS
RAFAEL CHIANELLO, brasileiro, casado, advogado
inscrito na OAB/MG sob n° 137.463, com escritório
profissional na Rua Prefeito Chagas, n° 305, sala 503,
Centro, CEP 37.701-010, de Caldas – MG, e-mail:
chianello@democracia.adv,br, MARCELO TADEU LEMOS DE
OLIVEIRA, brasileiro, divorciado, advogado inscrito na
OAB/AL sob nº 16.100, com escritório profissional na
Rua Barão de Jaraguá, nº 558, Jaraguá, Maceió – AL, e-
mail: marcelotadeu@democracia.adv.br, NELSON CASTANHO
MAFALDA, brasileiro, divorciado, inscrito na OAB/PR
sob o n° 24.388, com escritório profissional
localizado na Rua Veríssimo Marques, 1351, Sala 08,
3/20
CEP 83.005-410, Centro, São José dos Pinhais-PR, e-
mail: castanho@democracia.adv.br e TÂNIA MARA
MANDARINO, brasileira, solteira, advogada inscrita na
OAB sob nº 47811, com escritório profissional
localizado na Avenida Marechal Floriano Peixoto, nº.
228, 15º Andar, Cj. 1503 – CEP: 80130-010 – Centro,
Curitiba – Paraná, e-mail: tania@democracia.adv.br,
todos integrantes do Coletivo Advogadas e Advogados
pela Democracia, vêm, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, com fulcro no artigo 130-A, § 2º,
inciso III, e § 3º, inciso I, da Constituição Federal
e no artigo 138 e seguintes do Regimento Interno do
Conselho Nacional do Ministério Público, apresentar

PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS - com requerimento de liminar

Avenida Mal. Floriano Peixoto, 228 – 15º andar Cj. 1503 - Centro –
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em face de dos Procuradores Gerais da


República, DELTAN MARTINAZZO DALLAGNOL, JANUÁRÍO
PALUDO, CARLOS FERNANDO DOS SANTOS LIMA, ORLANDO
MARTELLO, ANTONIO CARLOS WELTER, DIOGO CASTOR DE
MATOS, FELIPE D’ÉLIA CAMARGO, JULIANA DE AZEVEDO SANTA
ROSA CÂMARA, JULIO CARLOS MOTTA NORONHA, PAULO ROBERTO
GALVÃO DE CARVALHO, ROBERSON HENRIQUE POZZOBON, DIOGO
CANTOR DE MATTOS, PAULO ROBERTO GALVÃO DE CARVALHO,
ATHAYDE RIBEIRO COSTA, LAURA GONÇALVES TESSLER, JULGO
CARLOS MORTA NORONHA, JERUSA, BURMANN VIECILI e ISABEL
CRISTINA GROBA VIEIRA, e demais integrantes da Força
Tarefa da Lava Jato, não nominados, pelos motivos de
fato e de direito a seguir expostos.

4/20
I. O CABIMENTO DA PRESENTE REPRESENTAÇÃO DISCIPLINAR

O parágrafo segundo do artigo 130-A da


Constituição Federal, estabelece que “compete ao
Conselho Nacional do Ministério Público o controle da
atuação administrativa e financeira do Ministério
Público e do cumprimento dos deveres funcionais de
seus membros”, cabendo-lhe zelar pela observância do
art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação,
a legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos
Estados.

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Isso porque, aos membros do Ministério


Público, assim como a todos os atores sociais, é
obrigatório o desenvolvimento de suas atividades
dentro dos limites estabelecidos na Constituição
Federal de 1988 e na legislação infraconstitucional,
sob pena de configuração de falta disciplinar e
extrapolação dos deveres funcionais.

E, no caso em apreço, como será


exposto pormenorizadamente a seguir, os Procuradores
da República acima nominados, por ato omissivo ou
comissivo, agiram com o claro objetivo de obter
promoção pessoal e em frontal violação ao Princípio da
Impessoalidade.

Houve, ainda, flagrante violação do 5/20


elemento estruturante do federalismo inserto na
Constituição, ao se permitir a referência a uma
República de Curitiba, tudo a comprometer a dignidade
do Ministério Público.

Em tal circunstância, revela-se


cabível o presente Pedido de Providências, que, por
não ser “acessório ou incidente de processo em
trâmite” (art. 138 do RI CNMP), deve ser distribuído a
um Relator para, a critério deste, tramitar como
Pedido de Providências ou receber nova classificação
(cf. art. 139 do RI CNMP).

II. O FATO ENSEJADOR DA PRESENTE RECLAMAÇÃO

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Uma peça publicitária, do tipo


outdoor, contendo fotografia de 10 (dez) procuradores
integrantes da Força Tarefa da Lava Jato, com os
dizeres “Bem-vindo a República de Curitiba – terra da
Operação Lava Jato – a investigação que mudou o país.
Aqui a lei se cumpre. 17 de março, cinco anos de
Operação Lava Jato – O brasil Agradece”, foi instalada
em um terreno da Avenida Rocha Pombo, sentido São José
dos Pinhais/Curitiba, ao sair do Aeroporto
Internacional Afonso Pena, conforme fotografia abaixo
colacionada, que também se junta em documento anexo:

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Pela referência festiva à data de 17


de março, presume-se que a referida peça publicitária
ali esteja desde a referida data, ainda que a
fotografia juntada tenha sido tirada em data de
25/03/19, o que faz supor que o outdoor ali esteja,
pelo menos, há nove dias.

Como é notório, na data do último dia


15 de março, o Eminente Ministro do STF, Alexandre de
Moraes, concedeu medida liminar na ADPF 568,
suspendendo decisão da lavra da Ex.ma Juíza Federal
Substituta Gabriela Hardt, exarada em 25 de janeiro do
corrente nos autos sob nº 5002594-35.2019.4.04.7000,
da 13ª Vara Federal de Curitiba, que homologara:

7/20

Acordo de Assunção de Compromissos,


firmado entre o MPF e a Petróleo
Brasileiro S/A - Petrobrás, para pagamento
e destinação de USD 682.560.000,00,
equivalente a 80% do valor que a Petrobrás
havia se comprometido e a pagar em prévio
acordo celebrado com autoridades norte-
americanas, o Departamento de Justiça
(DOJ) e a Securities and Exchange
Commision (SEC).

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O processo, como noticiado no site da


Justiça Federal do Paraná, não está em segredo de
justiça1:

22/03/2019 16:32 - Nota de


esclarecimento da 13ª Vara Federal
de Curitiba

Em razão dos questionamentos e


representação no Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), a 13ª Vara Federal de
Curitiba ressalta que não há sigilo no
processo que homologou fundação privada da
Lava-Jato, pois tem ciência da necessidade
de ampla fiscalização de vultuoso acordo.
A homologação já havia sido noticiada pela
JFPR e também foi amplamente divulgada
8/20
pelo Ministério Público Federal (MPF), em
janeiro, não havendo razão para se alegar
sigilo. Em relação à questão da
competência da 13ª Vara Federal de
Curitiba, ela foi enfrentada e
fundamentada na decisão de homologação. No
momento o acordo está suspenso a pedido do
MPF e, por decisão do STF, estamos
seguindo orientação a respeito do
procedimento a ser adotado a partir do
questionamento levado àquela corte.

5002594-35.2019.4.04.7000

CHAVE: 781628442219

1
https://www.jfpr.jus.br/comsoc/noticia.php?codigo=2634

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No entanto, ainda que a referida


decisão tenha observado “o protagonismo do MPF e da
Petrobrás na obtenção da concessão no acordo desta com
as autoridades dos Estados Unidos”, não se pode tornar
pessoal um feito institucional, sob pena de se
incorrer em grave violação aos princípios que norteiam
a Administração Pública e ao próprio Pacto Federativo,
como abaixo se exporá.

III. OS DIREITOS VIOLADOS

1. O Princípio da Impessoalidade
9/20

Os Representados estão adstritos ao


Princípio da Impessoalidade, expresso como um dos
princípios norteadores da Administração Pública no
Art. 37 da Constituição Federal.

O Código de Ética e de Conduta do


Ministério Público da União e da Escola Superior do
Ministério Público da União, em seu “CAPÍTULO III –
DOS PRINCÍPIOS E VALORES”, em seu Art. 3º, elenca como
seus princípios e valores fundamentais, a Legalidade,
a Impessoalidade, a Moralidade, a Lisura, a
Transparência e a Urbanidade.

O inciso II do dispositivo
supracitado, assim conceitua a Impessoalidade:

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Impessoalidade: obriga a
Administração, em sua atuação, a não
praticar atos visando aos interesses
pessoais ou se subordinando à
conveniência de qualquer indivíduo,
devendo ser direcionada a atender
aos ditames legais e ao interesse
público (destacamos).

E o “CAPÍTULO IV - DAS CONDUTAS”, no


Art. 4º do mesmo Código de Ética e de Conduta do
Ministério Público da União e da Escola Superior do
Ministério Público da União, em seus incisos XI e XII,
estabelece que são compromissos de conduta ética: 10/20

XI. utilizar dos recursos e


ferramentas de Tecnologia da
Informação e Comunicação, observando
as normas internas, sendo vedada a
utilização desses recursos para a
prática de atos ilegais ou para
propagação e divulgação de conteúdo
que atentem contra a moralidade
administrativa;

XII. zelar pela imagem


institucional, agindo com cautela em
suas manifestações públicas,

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ressalvado o exercício da livre


manifestação do pensamento
(destacamos);

2. O Princípio da Finalidade

O Princípio da finalidade, enraizado


constitucionalmente no Princípio da Legalidade,
expresso no Art. 37 da Constituição Federal, que
também tem referência em seu Art. 5º, LXIX, que prevê
o mandado de segurança como cabível contra ilegalidade
ou abuso de poder, proíbe que os nomes e rostos dos
procuradores sejam elevados acima do serviço público
11/20
que prestam.

Certo é que configura abuso de poder o


seu uso além dos limites, uma vez que um dos limites
do poder é justamente a finalidade para o qual deveria
ser utilizado.

Vejamos a preciosa lição de Maria


Silvia Zanella Di Pietro em palestra sobre os
Pressupostos do Ato Administrativo, por ocasião do I
Seminário de Direito Administrativo – TCMSP2:

Esse vício é chamado desvio de poder ou


desvio de finalidade e está definido na

2
https://www.tcm.sp.gov.br/legislacao/doutrina/29a03_10_03/4Maria_Silvia1.htm acesso em 26/03/19.

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lei de ação popular; ocorre quando o


agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou
implicitamente, na regra de competência.

Vocês sabem que hoje o desvio de poder é


um ato de improbidade administrativa.

O artigo 12 da lei de improbidade, quando


fala dos atos que atentam contra os
princípios da administração, sem usar a
palavra desvio de poder, dá um conceito
que equivale ao de desvio de poder. Uma
autoridade que pratica um ato com uma
finalidade diversa, está praticando um ato
de improbidade administrativa.

Todos sabem que a grande dificuldade do 12/20


desvio de poder é a prova, pois é evidente
que a autoridade que pratica um ato com
desvio de poder, procura simular, procura
mascarar; ela pode até fazer uma
justificação dizendo que está praticando o
ato porque quer beneficiar tal interesse
público (...) ela não vai dizer que é por
uma razão ilegal. Então, o desvio de poder
é uma simulação, porque mascara a real
intenção da autoridade.

Existem casos de desvio de poder


confessos, mas são meio raros. Eu sempre
conto a esse propósito o caso de um
Governador, que, perguntado porque
construiu um teatro tão grande e tão
oneroso numa cidade tão pequena,

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respondeu: pedido de sogra não se rejeita.


Ele quis construir porque a sogra era
daquele município e sonhava em ter um
teatro. Isto é um caso de desvio de poder,
em que o seu autor confessou o ato e sua
declaração saiu em todos os jornais; mas é
evidente que isto é uma coisa difícil de
acontecer. (destacamos)

Com a exibição das fotografias dos


Representados em referência a ato que tinha por
finalidade a investigação institucional, resta
evidenciado o abuso de direito por desvio de
finalidade, configurado pela não utilização da atuação
dos ilustres procuradores representados para a
finalidade que se espera. 13/20

Ou seja, as fotografias dos


integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato em peça
publicitária instalada no caminho entre o aeroporto e
a cidade (e não República!) de Curitiba, é claro
desvirtuamento da regra de competência pelo fato do
ato administrativo (atuação como Procuradores) não ser
direcionado ao interessa público, nem ao objetivo
específico por ele descrito e, sim, à promoção pessoal
dos Representados.

3. Os Princípios Republicanos e o Pacto


Federativo

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A referida peça publicitária fere,


ainda, o Artigo Primeiro da Constituição Federal,
pois, ao instituir uma “República de Curitiba” atenta
contra a República Federativa do Brasil.

O Brasil não possui uma República de


Curitiba. Se os ilustres procuradores acham que
existe, ela precisa ser desmantelada porque fere os
princípios republicanos e federativos do Brasil.

4. A Existência de Ato Comissivo ou Omissivo

Certo é que não se esta aqui a acusar


os Representados de terem encomendado e instalado a 14/20

peça publicitária em comento, o que levaria à


necessária pergunta: “quem pagou a conta?”

Ocorre que, mesmo não sendo os


proprietários do referido outdoor, dele são
destinatários, como homenageados, entre frases que
atentam contra princípios constitucionais e contra a
República Federativa do Brasil.

As expressões “República de Curitiba”


e “aqui a lei se cumpre”, expostas na peça
publicitária, colocam a cidade de Curitiba (e seus
cidadãos) em delicada posição diante dos outros
estados membros da Federação.

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Como ficam os outros estados? Só


Curitiba cumpre a lei? Curitiba está querendo ferir o
Pacto Federativo?

Diante da gravidade e ilegalidade que


vem estampada no referido outdoor, exposto há nove
dias em caminho de grande circulação e trânsito de
pessoas (caminho do aeroporto), não é possível que se
presuma que os Representados não tivessem conhecimento
de sua existência.

Pergunta-se: quais foram, até a


presente data, as providências tomadas pelos ilustres
procuradores, até a presente data?

Remetamo-nos, novamente, ao Código de


15/20
Ética e de Conduta do Ministério Público da União e da
Escola Superior do Ministério Público da União, em seu
CAPÍTULO V DAS VEDAÇÕES:

“Art. 5º Aos servidores do MPU e da


ESMPU é vedado: I. ser conivente com erro ou infração
a este Código ou ao Código de Ética de sua categoria
profissional (destacamos);”

IV. A NECESSIDADE DE TUTELA LIMINAR

Os fatos trazidos a lume não deixam


dúvida a respeito das ilegalidades e da infração aos

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deveres funcionais incorridos pelos Representados,


seja por ato comissivo ou omissivo.

Diante disso e considerando que o ato


já implicou em desvio de finalidade e violação aos
princípios da impessoalidade, aos princípios
republicanos e ao Pacto Federativo, bem como pelos
indícios de que manutenção da referida peça
publicitária possa implicar em continuidade das
ilegalidades e violações, situação apta a evidenciar o
periculum in mora, faz-se necessária a adoção de
providência cautelar liminar por parte deste CNMP.

Registre-se, por relevante, que o


Regimento Interno do CNMP contempla no art. 43, VIII,
a possibilidade de o Relator conceder medida liminar: 16/20

“Art. 43. Compete ao Relator: (...)


VIII – conceder medida liminar ou cautelar, presentes
relevantes fundamentos jurídicos e fundado receio de
dano irreparável ou de difícil reparação”
(destacamos).

Em complementação, dispõe o art. 126


do mesmo Diploma:

“Art. 126. Parágrafo único. O Relator


poderá determinar, liminarmente, de ofício ou mediante
provocação, a suspensão da execução do ato impugnado”
(destacamos).

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Consigne-se, por oportuno, que este


CNMP tem admitido a concessão de providências
cautelares, como já verificado, exemplificativamente
no julgamento do PCA n.º 0.00.000.001337/2013-67,
relatado pelo I. Conselheiro Antônio Pereira Duarte.

Assim, mostra-se de rigor,


liminarmente, seja determinada a imediata intimação
dos ilustres procuradores representados, para que
ingressem, em nome próprio, com imediato pedido de
retirada da referida peça publicitária, declinando
publicamente a real origem do outdoor instalado há
nove dias.

17/20
V. REQUERIMENTOS FINAIS

Diante de todo o exposto e


demonstrado, é possível concluir que os ilustres
procuradores integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato,
por ato comissivo ou omissivo, transgrediram os
deveres funcionais e as regras previstos nos
dispositivos legais elencados na fundamentação.

Desta forma, como corolário, requer-


se:

1) Nos termos do artigo 130 – A, § 2º, inciso III e


§3º, inciso I da Constituição Federal, seja
recebido e autuado o presente PEDIDO DE
PROVIDÊNCIAS COM REQUERIMENTO DE TUTELA

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ANTECIPADA, com a distribuição a um dos insignes


Conselheiros deste CNMP;
2) Seja concedida medida liminar, determinando-se a
intimação dos Representados para que ingressem,
em nome próprio, com imediato pedido de retirada
da referida peça publicitária, declinando
publicamente a real origem do outdoor instalado
há nove dias.
3) Que, após prestadas as informações pelos
Representados, seja a presente processada, nos
termos do artigo 138 e seguintes do Regimento
Interno do Conselho Nacional do Ministério
Público, para a instauração do Pedido de
Providências, ou subsidiariamente, caso não seja
este o entendimento, para que seja instaurado o
18/20
feito sob a classificação processual cabível, nos
termos do art. 138 do Regimento Interno do
Conselho Nacional do Ministério Público;
4) Após regular processamento, seja confirmada a
proibição de instalação e manutenção de peças
publicitárias com menção pessoal e fotografias
dos integrantes da Força Tarefa da Lava Jato, bem
como da expressão “República de Curitiba”,
acompanhada da expressão “aqui a lei se cumpre”,
sem prejuízo da imposição de uma das penas
disciplinares previstas no artigo 130-A, § 2º,
inciso III, da Constituição Federal e na Lei
Complementar 75/93.

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Requerem sejam as publicações e


intimações atinentes a esse Pedido de Providências
realizadas exclusivamente em nome dos subscritores da
presente, sob pena de nulidade.

Protesta-se, por fim, pela juntada dos


documentos em anexo.

NESTES TERMOS,
CONFIAM NO DEFERIMENTO.

Curitiba, 26 de março de 2019.

19/20
COLETIVO ADVOGADAS E ADVOGADOS PELA DEMOCRACIA

BEATRIZ ADRIANA DE ALMEIDA CLAUDIO ANTONIO RIBEIRO


OAB/PR 28.786 OAB/PR 4.636

GIULIANA ROCIO ALBONETI IAN MARTIN VARGAS


OAB/PR sob nº 84.738 OAB/PR 89.846

IVETE CARIBÉ DA ROCHA JOSÉ CARLOS PORTELLA JR


OAB/PR 35.359 OAB/PR 34.790

Avenida Mal. Floriano Peixoto, 228 – 15º andar Cj. 1503 - Centro –
Curitiba/PR - CEP: 80010-130 - (41) 3045-2262 e 9 9886-2356 –
advoga@democracia.adv.br
Advogadas e Advogados pela Democracia

LEINA MARIA GLAESER LLUCAS RAFAEL CHIANELLO


OAB/PR 4.0995 OAB/MG 137.463

MARCELO TADEU LEMOS DE NELSON CASTANHO MAFALDA


OLIVEIRA OAB/PR 24.388
OAB/AL 16.100

TÂNIA MARA MANDARINO


OAB/PR 47.811

(documento assinado eletronicamente)


20/20

Avenida Mal. Floriano Peixoto, 228 – 15º andar Cj. 1503 - Centro –
Curitiba/PR - CEP: 80010-130 - (41) 3045-2262 e 9 9886-2356 –
advoga@democracia.adv.br

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