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6º Promotoria de Justiça da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba

Foro Regional de Colombo

EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA


PÚBLICA DO FORO REGIONAL DE COLOMBO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu


agente que adiante assina, no uso de suas atribuições legais, com base na notícia
de fato nº MPPR-0039.14.00032-2, vem, perante Vossa Excelência, com
fundamento nos arts. 127, caput, 129, inciso III, 37, caput e § 4º e 15, inciso V, da
Constituição da República; art. 25, inciso IV, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.625/93
(Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); art. 68, inciso VI, da Lei
Complementar nº 85/99 (Lei Orgânica do Ministério Público do Paraná); arts. 1º e
5º, da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública); e arts. 1º, 2º e 4º, da Lei nº
8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa) propor o presente pedido de
provimento jurisdicional de

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESSARCIMENTO DE DANOS AO PATRIMÔNIO


PÚBLICO, imposição de sanção pela prática de ato de improbidade
administrativa e de NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO, em desfavor de:

IZABETE CRISTINA PAVIN, brasileira, casada, prefeita do


município de Colombo (gestão 2013-2016), portadora do RG nº 2.081.968
Rua Dorval Ceccon, 664 – Jd. N. Sra. De Fátima, Colombo, PR 1
CEP: 83.405-030 Tel: (41)3675-2056
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SSP/PR, CPF nº 358.490.459-53, residente e domiciliada na Rua Francisco


Bonato nº 630, Centro, município de Colombo, Paraná, podendo, ainda, ser
encontrado na sede da Prefeitura Municipal de Colombo, sito à Rua XV de
Novembro, nº 105, Centro, Colombo/PR;

GREICE BODZIAK, brasileira, procuradora do município de


Colombo, domiciliada na sede da Prefeitura Municipal de Colombo, sito à Rua XV
de Novembro, nº 105, Centro, Colombo/PR;

ELIANE CLARA TOSIN, brasileira, procuradora-geral do


município de Colombo, domiciliada na sede da Prefeitura Municipal de Colombo,
sito à Rua XV de Novembro, nº 105, Centro, Colombo/PR;

JOSÉ GASTÃO NUNES, brasileiro, empresário artístico, portador


do RG 37.545.461-5/SSP-SP, CPF 057.372.647-77, domiciliado na Rua Angelo
Francisco Borato, 185, Jardim Monza, Colombo, Paraná;

GTN PRODUÇÕES ARTÍSTICAS LTDA. – ME, pessoa jurídica de


Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 07.124.488/0001-08, representada pela
sócia Bruna Luana Gabardo Nunes, com sede na Rua Coronel Herculano de
Araújo, 594, Novo Mundo, Curitiba, Paraná (a representante legal da empresa
também poderá ser encontrada na Rua Angelo Francisco Borato, 185, Jd. Monza,
Colombo, Paraná);

Rua Dorval Ceccon, 664 – Jd. N. Sra. De Fátima, Colombo, PR 2


CEP: 83.405-030 Tel: (41)3675-2056
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L.R. COMUNICAÇÃO E PROPAGANDA LTDA, pessoa jurídica


de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 10.724.511/0001-00, representada
pela sócia/proprietária Roneia Forte Correia, com sede na Rua Juan Vicente, 482,
bloco 20, apto. 32, Jd. Veloso, Osasco, São Paulo, cep 06160-180;

SILVA E SILVA PROMOÇÕES ARTÍSTICAS LTDA., pessoa


jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 11.711.699/0001-14,
representada por Fábio Lacerda da Silva, com sede na Rua Castelo Moura, 20
bairro Castelo, Belo Horizonte, Minas Gerais;

REVELAÇÃO PRODUÇÕES ARTÍSTICAS LTDA., pessoa


jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 13.086.016/0001-00,
representada por Marcos Aurélio Santos de Araújo, com sede na cidade de
Goiânia, Estado de Goiás, na Rua Terezina, nº. 380, Andar 27º, sala 2704 do
Edifício Evidence Office, Alto da Glória, CEP: 74.815-715 e;

MUNICÍPIO DE COLOMBO, pessoa jurídica de Direito Público


Interno, inscrito no CNPJ/MF nº 76.105.634/0001-70, representado por sua
Prefeita Municipal Izabete Cristina Pavin, ou pela Procuradora Geral do Município,
Eliane Clara Tosin, podendo ambas serem encontradas na sede da Prefeitura do
Municipal de Colombo, sito à Rua XV de Novembro, 105, Centro, Colombo/PR,
pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:

1 – Da Legitimidade Ativa

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O Ministério Público é parte legítima para propor ação civil pública


para a defesa do patrimônio público em decorrência do disposto no art. 129, inciso
III, da Constituição Federal e art. 25, letra “a”, da Lei n.º 8.625/93. No mais, soma-
se aqui o fato de a matéria, inclusive, ser objeto de Súmula no Superior Tribunal
de Justiça:

Súmula n.º 329 (STJ): O Ministério Público tem legitimidade para


propor ação civil pública em defesa do patrimônio público.

Portanto, trata-se de questão bastante sedimentada na doutrina e


na jurisprudência, dispensando maiores indagações.

2 – Da Legitimidade Passiva

Os arts. 1º, 2º e 3º, da Lei n.º 8.429/92 prelecionam:

“Art. 1º - Os atos de improbidade praticados por qualquer agente


público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais
de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio ou da receita anual,
serão punidos na forma desta Lei.

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Art. 2º - Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo


aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Art. 3º - As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,


àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
qualquer forma direta ou indireta.”

A requerida IZABETE CRISTINA PAVIN é a atual Prefeita do


Município de Colombo (gestão 2013-2016 – vide Ata de Posse da Prefeita
acostada com esta inicial – fls. 105 e 106), tendo concorrido ativamente para os
atos irregulares a seguir descritos. Do mesmo modo, as rés GREICE BODZIAK e
ELIANE CLARA TOSIN, procuradoras do município de Colombo (vide Parecer
Jurídico por elas firmado, acostado com esta inicial – fls. 39/45).

Os réus GTN PRODUÇÕES ARTÍSTICAS LTDA. – ME, JOSÉ


GASTÃO NUNES, L.R. COMUNICAÇÃO E PROPAGANDA LTDA, SILVA E SILVA
PROMOÇÕES ARTÍSTICAS LTDA. e REVELAÇÃO PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
LTDA., concorreram para o ato de improbidade e foram beneficiados com a
contratação, feita por meio da ilegal inexigibilidade de licitação, que trataremos no
tópico seguinte.

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3 – Dos Fatos

No dia 21 de janeiro de 2014, compareceu perante o gabinete


desta Promotoria de Justiça um cidadão, pedindo garantia de anonimato, o qual
apresentou denúncia de que uma grave ilegalidade estava sendo tramada, por
ocasião da realização da Festa da Uva/2014, realizada no município de Colombo
(vide Termo de Declarações, acostado com esta inicial – fls. 03). Segundo o
denunciante, o município de Colombo, por meio de um empresário artístico
chamado José Gastão Nunes, que seria empresário artístico exclusivo apenas da
dupla sertaneja Álvaro e Daniel, iria contratar artistas (Negritude Junior, Cesar
Menotti e Fabiano, e Gusttavo Lima) para se apresentarem na referida festa, sem
licitação, sendo que tal pessoa (José Gastão Nunes) não era o empresário
exclusivo dos referidos artistas, o que contraria as disposições contidas na Lei de
Licitações.

Diante de tais fatos, este agente do Ministério Público instaurou a


notícia de fato sob o n. 39.14.32-2, que fundamenta a presente ação e, desde
logo, requisitou à Prefeita do Município de Colombo a cópia integral do
procedimento que sustentou a contratação dos artistas Negritude Junior, Cesar
Menotti e Fabiano, Gusttavo Lima e Álvaro e Daniel para o evento Festa da
Uva/2014; bem assim cópia dos contratos celebrados entre o município de
Colombo e os referidos artistas ou empresários. Após, requisitou documentos
tendentes ao esclarecimento de quem seriam os empresários exclusivos dos
mencionados artistas. Tais documentos foram acostados aos autos (a íntegra do

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procedimento está acostado com esta inicial). Agora, vamos analisá-los, tendo em
vista as disposições legais que tratam das licitações.

A Lei de Licitações admite a inexigibilidade de licitação no caso de


contratação de profissionais do setor artístico. No entanto, estabelece claramente
os requisitos para tal: a) que a contratação seja feita diretamente com o artista, ou
por meio de seu empresário exclusivo e; b) que o artista seja consagrado pela
crítica especializada ou pela opinião pública. Vejamos:

“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver


inviabilidade de competião em especial:

(...)

III – para contratação de profissional de qualquer setor


artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado
pela crítica especializada ou pela opinião pública.”

Pois bem, no caso em tela, o documento acostado às fls. 09,


orindo do procedimento instaurado pelo município de Colombo para a contratação
dos artistas, é absolutamente claro a indicar que o empresário exclusivo do Grupo
Negritude Junior é a empresa L.R. Comunicação e Propaganda Ltda. Tanto é
verdade que tal empresa “cedeu” sua exclusividade, somente no que dizia respeito
ao dia 07/02/2014, para a empresa/ré GTN Produções Artísticas Ltda., a fim que
de tal empresa, com absoluto desrespeito à Lei de Licitações, firmasse contrato
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com o município de Colombo, objetivando a apresentação do Grupo Negritude


Junior, durante a Festa da Uva/2014. Ainda comprovando que o empresário
exclusivo do Grupo Negritude Junior é a L.R. Comunicação e Propaganda Ltda.
temos o documento acostado às fls. 82.

O documento acostado às fls. 10, também orindo do procedimento


instaurado pelo município de Colombo para a contratação dos artistas, é
absolutamente claro a indicar que o empresário exclusivo da dupla César Menotti
e Fabiano é a empresa Silva e Silva Promoções Artísticas Ltda. Tanto é verdade
que tal empresa “cedeu” sua exclusividade, somente no que dizia respeito ao dia
08/02/2014, para a empresa/ré GTN Produções Artísticas Ltda., a fim que de tal
empresa, com absoluto desrespeito à Lei de Licitações, firmasse contrato com o
município de Colombo, objetivando a apresentação da dupla Césa Menotti e
Fabiano, durante a Festa da Uva/2014. Ainda comprovando que o empresário
exclusivo da dupla César Menotti e Fabiano é a Silva e Silva Promoções Artísticas
Ltda. temos os documentos acostados às fls. 93/103 .

O documento acostado às fls. 11, também orindo do procedimento


instaurado pelo município de Colombo para a contratação dos artistas, é
absolutamente claro a indicar que o empresário exclusivo de Gusttavo Lima é a
empresa Revelação Produções Artísticas Ltda. Tanto é verdade que tal empresa
“cedeu” sua exclusividade, somente no que dizia respeito ao dia 09/02/2014, para
a empresa Gastão Eventos e Empreendimentos Artísticos S/C Ltda. (representada
pelo réu José Gastão Nunes), a fim que de José Gastão, com absoluto
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desrespeito à Lei de Licitações, viabilizasse contrato com o município de Colombo,


objetivando a apresentação do músico Gusttavo Lima, durante a Festa da
Uva/2014. Ainda comprovando que o empresário exclusivo do músico Gusttavo
Lima é a Revelação Produções Artísticas Ltda. temos os documentos acostados
às fls.84/91.

Quanto a dupla Álvaro e Daniel, o município de Colombo não


trouxe aos autos documentos que comprovassem quem seria o empresário
exclusivo dos mesmos, sendo certo que o termo de declarações acostado às fls.
03 está a indicar que seria José Gastão Nunes, tendo tal fato sido constatado por
meio do site oficial da dupla (vide documento acostado às fls. 104). Ainda, nada
obstante tal dupla ter sido contratada por meio da mesma empresa GTN
Produções Artísticas Ltda, como abordaremos no parágrafo seguinte, tal empresa
nada mais é do que um instrumento para a ação do réu José Gastão Nunes.

Com efeito, confirmando a notícia apresentada pela pessoa que


optou pelo anonimato quando compareceu perante o gabinete desta Promotoria
de Justiça, de que o réu José Gastão Nunes estaria participando de uma trama
voltada à irregular inexigibilidade do procedimento licitatório para a contratação
dos artistas acima referidos, os documentos acostados com a inicial estão a
demonstrar que a empresa GTN Produções Artísticas é de propriedade de Bruna
Luana Gabardo Nunes e de Washington Luiz Gabardo Uedo (meio-irmão de
Bruna), sendo que Bruna é filha de José Gastão Nunes (vide documentos
acostados às fls. 24/29 e 74/75). Não fosse o bastante, está comprovado que a
empresa GTN Produções Artíticas foi, no caso em tela, representada por José
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Gastão Nunes, pessoa que inclusive assinou o contrato, celebrado junto ao


município de Colombo (vide fls. 30/31 e 58/63).

Assim, embora seja a lei de licitações absolutamente clara acerca


do tema, e nada obstante os documentos fossem também cristalinos a indicar
quem eram os empresários exclusivos dos artistas ao final contratados, as
procuradoras/rés Greice Bodziak e Eliane Clara Tosin, dolosamente, conscientes
da ilicitude de suas condutas, ignoraram o texto legal e elaboraram o parecer
jurídico acostado às fls. 39/45, que é manifestamente ilegal, e que foi
deliberadamente utilizado pela Prefeita/ré Izabete Cristina Pavin para fundamentar
a ilegal inexigibilidade da licitação que resultou na contratação, por meio do
município de Colombo, dos shows dos artistas Grupo Negritude Junior, César
Menotti e Fabiano e Gusttavo Lima, junto à empresa GTN Produções Artísticas
Ltda., que jamais foi empresária exclusiva de tais artistas. Para a contratação dos
shows dos referidos artistas, foram despendidos os seguintes valores: R$
25.000,00 (Grupo Negritude Junior); R$ 180.000,00 (Dupla Sertaneja Cesar
Menotti e Fabiano) e; R$ 240.000,00 (Gusttavo Lima), totalizando a importância de
R$ 445.000,00, valores pagos no mês de fevereiro de 2014 (vide documentos
acostados às fls. 12, 67 e 68).

A empresa GTN Produções Artísticas Ltda. também agiu


dolosamente, sabedora que não era empresária exclusiva dos mencionados
artistas. E agiu em conluio com os empresários exclusivos do Grupo Negritude
Junior (L.R. Comunicação e Propaganda Ltda.); César Menotti e Fabiano (Silva e
Silva Promoções Artísticas Ltda.) e; Gusttavo Lima (Revelação Produções
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Artísticas Ltda.); os quais agiram dolosamente, pois sabiam que a Lei de


Licitações estabelece que a contratação dos artistas, com o benefício da
inexigibilidade de licitação, depende de a contratação ser feita diretamente com os
artistas, ou por meio de seus empresários exclusivos, o que não era o caso da
empresa GTN Producções Artísticas Ltda.

4 – Do Direito

A Constituição da República impôs como condição para a


realização de qualquer despesa pública a prévia realização de licitação, art. 37,
inciso XII. Vejamos:

Art. 37 – (...)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,


serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
à garantia do cumprimento das obrigações.

A finalidade do procedimento é escolher a melhor proposta para a


administração pública e tratar com isonomia eventuais interessados em contratar.

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Licitar, do latim licitatione, significa tornar lícito, assegurar a moralidade dos atos
administrativos e dos procedimentos realizados pela administração pública.

A norma foi complementada pela Lei n.° 8.666/93 que determina


também a realização de prévio certame competitivo.

A regra é a realização de licitação. Porém, em determinadas


situações, a lei admite a inexigibilidade do certame licitatório. No caso em tela,
vejamos o que dispõe o artigo 25, inciso III, da Lei de Licitações:

“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver


inviabilidade de competião em especial:

(...)

III – para contratação de profissional de qualquer setor


artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado
pela crítica especializada ou pela opinião pública.”

Como vemos, a Lei de Licitações admite a inexigibilidade de


licitação no caso de contratação de profissionais do setor artítico. No entanto,
estabelece claramente os requisitos para tal: a) que a contratação seja feita
diretamente com o artista, ou por meio de seu empresário exclusivo e; b) que o
artista seja consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

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Porém, o que ocorre nos autos é que não se tratou de contratação


feita nos parâmetros legais, visto que as “cartas de exclusividade” apresentadas
revelam, justamente, que outros eram os empresários exclusivos dos artistas, a
saber: o empresário exclusivo do Grupo Negritude Junior é a L.R. Comunicação e
Propaganda Ltda.; o empresário exclusivo da dupla César Menotti e Fabiano é a
Silva e Silva Promoções Artísticas Ltda.) e; o empresário exclusivo do artista
Gusttavo Lima é a Revelação Produções Artísticas Ltda.

O que ocorreu no caso foi que a empresa contratada conseguiu,


junto aos referidos empresários exclusivos dos artistas, uma declaração de
exclusividade apenas para a data de apresentação dos músicos na Festa da
Uva/2014, com o evidente intuito de burlar o ordenamento jurídico positivado.

Vale insistir na ontológica diferença entre o EMPRESÁRIO


EXCLUSIVO e MERO INTERMEDIÁRIO. Enquanto o empresário exclusivo
representa determinado artista, com exclusividade, o intermediário (caso dos
autos) é aquele que agencia eventos em datas específicas. Vejamos as lições de
Ércio de Arruda Lins que, em seu artigo “Inexigibilidade de Licitação”, adverte, in
verbis :

“Veja que o termo empresário não pode ser confundido com


intermediário. Aquele gerencia os negócios de artistas
determinados, numa relação contratual duradoura. O último
intermedeia qualquer artista, sempre numa relação pontual e
efêmera.”
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No mesmo sentido do entendimento retrotranscrito, já vem


decidindo os tribunais de contas, que, ao se depararem com este ardil, utilizado
para burlar a regra geral acerca da exigência de licitação, vêm buscando coibir tal
prática nefasta. Vejamos decisão do TCE/MG sobre o assunto, na qual a Corte de
Contas acabou por adotar o mesmo pensamento quando apreciou a Denúncia nº
749058, da relatoria do Conselheiro Eduardo Carone Costa, em sessão do dia
09/10/08, in verbis :

“Contratação de músicos sem licitação só pode se dar


diretamente ou através de empresário exclusivo. Distinção
entre empresário e intermediário. “(...) pela irregularidade da
contratação direta dos shows, mediante inexigibilidade de
licitação, pelas razões a seguir expostas: (...) a empresa (...)
detinha a exclusividade de venda das referidas bandas
apenas nas datas dos referidos shows, o que comprova que
esta foi apenas uma intermediária na contratação dos
grupos. A dita exclusividade seria apenas uma garantia de
que naquele dia a empresa (…) levaria o referido grupo para
o show de seu interesse, ou seja, a contratada não é
empresária exclusiva das bandas em questão, o que
contraria o art. 25, III da Lei de Licitações. (...) a figura do
empresário não se confunde com a do intermediário. Aquele
é o profissional que gerencia os negócios do artista de forma
permanente, duradoura, enquanto que o intermediário,
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hipótese tratada nos autos, agencia eventos em datas


aprazadas, específicas, eventuais. (...). (Denúncia n.º
749058. Sessão do dia 09/10/2008)”)

No mesmo processo se manifestou o Ministério Público junto ao


Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais da seguinte maneira, in verbis :

“A interpretação do dispositivo legal não deixa margem para


dúvida: a contratação de profissional ou qualquer setor deve
ser feita diretamente ou através de empresário exclusivo.
(…) a figura do empresário não se confunde com a do
intermediário. Aquele é o profissional que gerencia os
negócios do artista de forma permanente, duradoura,
enquanto que o intermediário, hipótese tratada nos autos,
agencia eventos em datas aprazadas, específicas, eventuais.”

Também nesse sentido foi o entendimento do Tribunal de Contas


dos Municípios do Estado da Bahia, na apreciação do Termo de Ocorrência nº
93.016/09, de relatoria do conselheiro José Alfredo Rocha Dias, in verbis :

“O vínculo de exclusividade deverá ser devidamente


comprovado através de carta de exclusividade ou contrato,
assinados por quem detenha condição para representar
banda, grupo musical ou profissional do setor artístico,
conforme indicação em contrato social ou estatuto registrado
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nos órgãos competentes, de sorte que as meras


declarações de exclusividade acostadas aos processos de
inexigibilidade, ainda que com firma reconhecida, não
legitimam a condição dos signatários respectivos, uma vez
que não foram instruídas, como devido, com os respectivos
contratos sociais ou estatutos, de sorte que não quedou
comprovada a condição daqueles signatários para
representar as bandas.”

Na mesma linha, trazemos à colocação o entendimento esposado


em caso semelhante pela Conselheira Dóris Coutinho do Tribunal de Contas do
Tocantins, in verbis :

“(....) a empresa contratada pelo responsável funcionou na


presente contratação direta como intermediária, já que como
resta provado nos autos a 'exclusividade' declarada nos
documentos se deu somente nos dias definidos para
apresentação no carnaval de Palmas o que não certeza não
reflete a vontade do legislador quando exigiu na norma a
exclusividade para fundamentar a inexigibilidade.”

Por derradeiro, o próprio Tribunal de Contas da União, ao analisar


situação fática muito semelhante à presente, envolvendo, justamente, verbas
relacionadas a convênios firmados entre a municipalidade e a União Federal, por
intermédio do Ministério do Turismo, voltada à consecução de Shows mediante a
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contratação de artistas, entendeu por bem recomendar àquela Pasta Ministerial, in


verbis :

“e) determine ao Ministério do Turismo que informe em seus


manuais de prestação de contas de convênio e no próprio
termo de convênio que, quando da contratação de artistas
consagrados, enquadrados na inexigibilidade prevista no
inciso III do art. 25 da Lei nº 8.666/1992, por meio de
intermediários ou representantes:
- deve ser apresentada cópia do contrato de exclusividade
dos artistas com o empresário contratado, registrado em
cartório. Deve ser ressaltado que o contrato de
exclusividade difere da autorização que confere
exclusividade apenas para os dias correspondentes à
apresentação dos artistas e que é restrita à localidade do
evento.”

Seguindo adiante, o fundamento para a responsabilização por


atos de improbidade administrativa repousa no artigo 37, caput , da Constituição
Federal, in verbis:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

Rua Dorval Ceccon, 664 – Jd. N. Sra. De Fátima, Colombo, PR 17


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impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,


também, ao seguinte:
(...)
§ 4° Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública,
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível;

Visando a dar concreção ao mandamento constitucional acima, foi


editada a Lei 8.429/92, a qual definiu os atos de improbidade administrativa,
separando-os em três modalidades : a) o artigo 9° tratou dos atos de improbidade
administrativa que importam enriquecimento ilícito; b) o artigo 10 tratou das
condutas que causam prejuízo ao erário; c) e, finalmente, o artigo 11 tratou dos
atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
administração pública.

No caso em tela, os réus adotaram a conduta improba descrita no


inciso VIII do artigo 10 da Lei de Improbidade Administrativa, in verbis:

“Art. 10 - Constitui ato de improbidade administrativa que


causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
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(...)
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
indevidamente;”

E as conseqüências para os atos praticados estão previstas no


art. 12 da Lei n.º 8.429/92:

Art. 12 - Independentemente das sanções penais, civis e


administrativas, previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações:
(...)
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos, pagamento de
multa civil de até 2 (duas) vezes o valor do dano e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de 5 (cinco) anos;
(...).

Neste sentido:

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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA. APLICABILIDADE DA LEI Nº 8429/92 AOS
AGENTES POLÍTICOS. ATOS ÍMPROBOS IDENTIFICADOS.
PENAS APLICADAS CUMULATIVAMENTE. MINORAÇÃO DAS
PENAS POLÍTICAS EM ATENÇÃO À PROPORCIONALIDADE.
1. Quem frustra procedimento de licitação incorre em improbidade
administrativa.
2. Também incorre em prática ato deste jaez quem, no dever de
agir, omite-se. Logo, sendo dever do administrador público
instaurar procedimento administrativo para averiguação de culpa
de preposto por acidente que causou dano ao erário, sua inércia
importa em ato ímprobo.
3. A improbidade administrativa independe da demonstração de
dolo ou culpa, assim como da comprovação de dano ao erário e
enriquecimento sem causa.
4. As penas da Lei de improbidades devem ser aplicadas
cumulativamente, sendo aplicável a proporcionalidade apenas na
sua mensuração. Apelação cível desprovida. (TJPR, Ap. Civ.
533429-6, Nova Fátima, 5ª Câmara Cível, Relator Rosene Arão de
Cristo Pereira, DJPR 23/3/2009).

Ainda, conforme dispõe o art. 4.°, da Lei n.° 8.666/93, o


procedimento licitatório caracteriza ato administrativo formal, não podendo o
agente público desgarrar do rito e princípios previstos em lei, pena de nulidade:

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Art. 4º - Todos quantos participem de licitação promovida pelos


órgãos ou entidades a que se refere o Art. 1º têm direito público
subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento
estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o
seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar
ou impedir a realização dos trabalhos.
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei
caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em
qualquer esfera da Administração Pública.

Não podiam os réus proceder à inexigibilidade da licitação, sem


observar os requisitos para tanto. As conseqüências para os ilícitos praticados
estão previstas na Lei n.° 8.666/93:

Art. 49 - A autoridade competente para a aprovação do


procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de
interesse público decorrente de fato superveniente devidamente
comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta,
devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
§ 1º - A anulação do procedimento licitatório por motivo de
ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto
no parágrafo único do Art. 59 desta lei.
§ 2º - A nulidade do procedimento licitatório induz à do
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contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do Art. 59


desta lei.

Art. 59 - A declaração de nulidade do contrato administrativo


opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele,
ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já
produzidos.

Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do


dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado
até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos
regularmente comprovados, contanto que não lhe seja
imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe
deu causa.

O administrador público não pode simplesmente ignorar as


disposições contidas na lei de licitações para beneficiar qualquer pessoa. A
Administração Pública não pode, em nenhum momento, afastar-se dos princípios
constitucionais (principalmente os da legalidade, isonomia, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência) e infraconstitucionais (em especial aqueles
elencados na Lei n.º 8.666/93) que devem, obrigatoriamente, reger sua atuação,
quer por questão de moralidade, quer por questão de legalidade, sob pena de
emergirem nulos os atos e contratos dela decorrentes.

E sendo nulo o contrato, nulos são os atos dele derivados, razão


pela qual aos requeridos incumbe devolver o dinheiro gasto indevidamente,
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conforme mandam o § 4º do artigo 37 da Constituição da República, e o artigo 5º


da Lei n.º 8.429, de 02 de junho de 1.992. Não cabe ao Município suportar as
conseqüências das irregularidades praticadas dolosamente pelos requeridos, eis
que os cofres públicos não se prestam ao pagamento de despesas irregulares! A
lesividade aos cofres públicos é presumida. Neste sentido, observe-se:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.


LICITAÇÃO. EMPRESA DO CHEFE DO EXECUTIVO.
ILEGALIDADE DO ATO IMPUGNADO. LESIVIDADE
PRESUMIDA. NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO E
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO PÚBLICO MUNICIPAL.
Ao desenvolver o procedimento licitatório em desacordo com as
regras disciplinadas na Lei geral de licitação, prejudicou a
Administração Pública a realização de procedimento sadio e
vantajoso para a sociedade, de maneira a propiciar proposta mais
interessante e consoante com o interesse público. A lesão não
necessita ser efetiva, podendo dar-se de forma presumida.
(TJMG, AC 1.0000.00.345639-9/000, 4ª Câmara Cível, Relator
Mário Lúcio Carreira Machado, DJMG 24/1/2006).

No mesmo caminho segue a doutrina, face a má-fé manifesta de


todos os envolvidos na trama:

Contratado de má-fé. Tratando-se de contratado que tenha agido


com má-fé em conluio com o agente público, praticando o ato em
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dissonância da lei e visando ao benefício próprio em detrimento do


interesse público, terá ele a obrigação de restituir tudo o que
recebeu em virtude do contrato.
Em um primeiro plano, vislumbra-se que a nulidade do contrato
não resultou unicamente de um comportamento da administração,
já que o contratado também concorrera para a prática do ato.
Identificado o dolo do contratado e ainda que tenha ele cumprido
sua parte na avença e a administração se beneficaido desta, não
fará jus a qualquer indenização, sendo esta, a teor do art. 59 da
Lei n.° 8.666/93, a sanção pelo ilícito que praticara. Assim, por
força de lei, tanto a ação exclusiva do contratado, como o obrar do
concorrente excluem o dever de indenizar.
É clara a Lei n.° 8.666/93 ao estatuir as regras e os princípios que
devem reger procedimento licitatório e a celebração dos contratos
administrativos, não sendo dado ao contratado que compactuou
com a ilicitude alegar o desconhecimento da lei, sendo este um
relevante indício de consubstanciação da má-fé.
Deve-se acrescer, ainda, o princípio de que a ninguém é dado
beneficiar-se com sua própria torpeza. Tratando-se de ato ilegal e
tendo o contratado concorrido para a sua prática, nada poderá
auferir com a sua desonestidade, tendo o dever de restituir o
patrimônio público ao status quo, terminando por arcar com o
prejuízo que advirá do não-pagamento da prestação
eventualmente cumprida ou com a restituição do efetivamente
recebera.
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No que concerne a um possível enriquecimento ilícito do Poder


Público, é inegável a constatação de que o acolhimento desse
entendimento acabaria por tornar legítimo o constante
descumprimento dos princípios da legalidade e da moralidade,
fazendo com que sejam sistematicamente suscitados os possíveis
benefícios auferidos pelo ente público, o que relegaria a
infringência dos vetores básicos da probidade a plano secundário.
Identificada a má-fé do contratado, não haverá que se falar em
enriquecimento ilícito do Poder Público, já que este pressupõe um
empobrecimento ilegítimo, derivado da lesão ao patrimônio
daquele que se viu injustamente espoliado. Restando
demonstrado que o contratado concorrera para o aperfeiçoamento
do ato ilícito que gerou o enriquecimento de outrem, como seria
possível sustentar a justiça de eventual recomposição patrimonial?
Preservar-se-iam a moralidade e a equidade premiando-se a
perspicácia do contratado de má-fé?
Decretada a nulidade do contrato, haverá forte indício da prática
de ato de improbidade administrativa por parte do agente público
que concorreu para a sua celebração. Presente a improbidade,
tem-se a lesividade da conduta, a qual, longe de acarretar o
enriquecimento do Poder Público, torna claro o seu prejuízo (e de
toda a coletividade) e o dever de ter ressarcido o que fora
indevidamente despendido. A aplicação desse entendimento, no
entanto, é restrita àquele que tenha concorrido para a prática do
ato de improbidade, o que é demonstrativo da própria má-fé.
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(Garcia, Emerson e Alves, Rogério Pacheco. Improbidade


Administrativa. Editora Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2002, pp.
354/355).

Finalmente, vale lembrar que a obrigação de indenizar o ente


público é imprescritível, como decorre do art. 37, § 5.°, da Constituição Federal:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:
(...)
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.

5 - Da Indisponibilidade dos Bens

Para assegurar o completo ressarcimento dos danos causados e a


imposição das sanções de cunho patrimonial, mister a decretação judicial da
indisponibilidade dos bens em nome dos réus.

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Aludida medida, em consonância com o art. 37, § 4°, da


Constituição Federal, veio regulada expressamente pela Lei 8.429/92, in verbis :

Artigo 7°. Quando o ato de improbidade causar lesão ao


patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá
a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.
(...)
Artigo 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
comissão representará ao Ministério Público ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo
competente a decretação do seqüestro dos bens do agente
ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado
dano ao patrimônio público.

Os fundados indícios de responsabilidade do ato de improbidade


administrativa, representativos do fumus boni iuris da medida, encontram-se
devidamente comprovados, por meio dos documentos acostados aos autos.

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Quanto ao periculum in mora , a melhor doutrina entende seja ele


presumido, tratando-se de responsabilização por atos de improbidade. Nessa
linha, impende destacar o magistério do eminente Wallace Paiva Martins Júnior, in
verbis :

A indisponibilidade de bens exige os pressupostos gerais da


medida de cautela (fumus boni juris e periculum in mora),
considerando que o periculum in mora é presumido porque o
§ 4° do artigo 37 da Constituição Federal, ao determinar de
modo expresso que 'os atos de improbidade administrativa
importarão ... a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário...' (sublinha-se), e sendo a primeira figura
nitidamente acautelatória – diversamente da segunda - ,
evidentemente manda presumir, em relação a ela, o
requisito do 'periculum in mora'. O dispositivo constitucional
demonstra claramente a imprescindibilidade da providência
quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio
úblico. Daí a razão do artigo 7° da Lei n° 8.429/92 não
esclarecer quais os requisitos exigíveis para a sua
concessão, diferentemente de outras medidas
acautelatórias.

Assim, pleiteia o Ministério Público seja decretada liminarmente a


indisponibilidade dos bens dos réus (com exceção do réu Município de
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Colombo) no montante de R$ 457.693,14 (quatrocentos e cinquenta e sete mil,


seiscentos e noventa e três reais e quatorze centavos), valor este corrigido
monetariamente, até o mês de abril de 2014, inclusive, de acordo com o índice
IGP-M (FGV), tendo em vista o montante original pago à empresa GTN Produções
Artísticas Ltda. – ME no mês de fevereiro de 2014, ou seja, R$ 445.000,00
(quatrocentos e quarenta e cinco mil reais).

6 – Da Desnecessidade de Oitiva dos Requeridos para o


Deferimento da Liminar

Presentes os requisitos, o deferimento da indisponibilidade é


medida que se impõe, como forma de assegurar o futuro ressarcimento dos danos
praticados em desfavor do erário. Mas não basta o deferimento, é preciso que ele
se efetive no momento oportuno, ou seja, antes que os requeridos dilapidem seus
patrimônios.

Assim, a medida precisa ser deferida liminarmente, sem a


oitiva dos requeridos, pois caso contrário corre-se o risco de nada ser
encontrado para garantir o ressarcimento do erário, decorrente da
dilapidação de seus patrimônios.

À hipótese não se aplica o art. 2º da Lei n.º 8.437/99, pois este


dispositivo trata apenas das situações em que a decisão possa atingir os
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interesses do ente público. No caso em tela, a medida está sendo pleiteada


justamente em defesa dos cofres públicos do município de Colombo.

Assim, requer seja a medida de indisponibilidade deferida


liminarmente e sem a oitiva dos requeridos, sob pena de frustração de sua
finalidade pelo desvio dos bens existentes.

7 – Do pedido

Em face do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO requer:

I – O deferimento do pedido liminar de indisponibilidade de


bens, antes mesmo da oitiva dos requeridos, conforme apontado acima, no
montante de R$ 457.693,14 (quatrocentos e cinquenta e sete mil, seiscentos e
noventa e três reais e quatorze centavos) , com a liberação do excedente ,
havendo;

Para eficácia da indisponibilidade requerida sejam tomadas


as seguintes medidas:

a – seja oficiado aos Cartórios de Registro de Imóveis de


Colombo/PR, Curitiba/PR, Osasco/SP, Belo Horizonte/MG e Goiânia/GO
informando a decretação da medida acima, com a indisponibilidade dos imóveis
em nome dos requeridos (com exceção do réu Município de Colombo),
necessários ao ressarcimento dos danos, de tudo informando este r. Juízo, sem
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prejuízo do envio, a este Juízo, de certidão do Livro Indicador Pessoal (artigos


132, D, e 138, da Lei n.º 6.015/73), onde conste ou tenha constado algum bem em
nome dos requeridos, conforme apontado acima, no montante de R$ 457.693,14
(quatrocentos e cinquenta e sete mil, seiscentos e noventa e três reais e quatorze
centavos);

b – seja oficiado às Doutas Corregedorias da Justiça dos Estados


do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, informando sobre a decretação da
medida e solicitando que as mesmas oficiem a todos os Cartórios de Registros de
Imóveis do Estado, noticiando a decretação da medida e requisitando informações
sobre a existência de imóveis em nome dos requeridos (com exceção do réu
Município de Colombo), sem prejuízo do envio, a este r. Juízo, de certidão do
Livro Indicador Pessoal (artigos 132, D, e 138, da Lei n.º 6.015/73), onde conste
ou tenha constado algum bem em nome dos requeridos;

c – seja determinado o bloqueio de eventuais contas bancárias em


nome dos requeridos (com exceção do réu Município de Colombo) por meio do
sistema “BACEN JUDICICIÁRIO”, ou seja, oficiado ao Banco Central do Brasil
para que comunique a todas as instituições financeiras do país sobre a decretação
da indisponibilidade de eventuais depósitos em nome dos requeridos (com
exceção do réu Município de Colombo), no montante de R$ 457.693,14
(quatrocentos e cinquenta e sete mil, seiscentos e noventa e três reais e quatorze
centavos);

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d – seja oficiado à Comissão de Valores Mobiliários e à Junta


Comercial dos Estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, informando-
as sobre a decretação da medida solicitada e para que comuniquem este Juízo
sobre a existência de ações ou cotas sociais em nome dos requeridos (com
exceção do réu Município de Colombo), bloqueando-as, até o montante de R$
457.693,14 (quatrocentos e cinquenta e sete mil, seiscentos e noventa e três reais
e quatorze centavos);

e – seja oficiado ao DETRAN/PR, DETRAN/SP, DETRAN/MG e


DETRAN/GO, informando sobre a decretação da presente medida e determinando
o bloqueio de veículos em nome dos requeridos (com exceção do réu Município
de Colombo), de tudo informando este r. Juízo, até o montante de R$ 457.693,14
(quatrocentos e cinquenta e sete mil, seiscentos e noventa e três reais e quatorze
centavos);

f – seja oficiado para as Juntas Comerciais dos Estados do


Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, para que averbem à margem do
contrato social da empresas/rés nestes autos a presente indisponibilidade;

II – seja a presente ação autuada, observada prioridade de


tramitação por se tratar de tutela coletiva envolvendo interesse difuso de Defesa
do Patrimônio Público (artigo 5º, LXXVIIII, da CF), e em seguida ordenada a
NOTIFICAÇÃO dos réus preambularmente qualificados e endereçados para, no
prazo legal, querendo, oferecer sua manifestação por escrito a respeito dos fatos
articulados na presente ação;
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III – O recebimento da inicial e a citação dos requeridos para


oferecerem defesa, se quiserem, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de
revelia. Quanto à citação do Município Colombo/PR, deverá ser ressaltado que o
mesmo poderá contestar, abster-se de contestar, bem como atuar ao lado do
Ministério Público, conforme artigo 17, § 3º, da Lei 8.429/1992;

IV – A produção de todas as provas em direito permitidas.

V – Ao final, seja julgada procedente a presente ação para:

a – declarar a nulidade do contrato administrativo n. 11/2014,


eventuais aditamentos, empenhos, ordens de pagamento, pagamentos, e demais
atos administrativos decorrentes;

b – condenar os requeridos a devolverem ao Município de


Colombo o dinheiro gasto/desviado indevidamente, ou seja, de R$ 457.693,14
(quatrocentos e cinquenta e sete mil, seiscentos e noventa e três reais e
quatorze centavos), valor este que deverá ser novamente atualizado quando do
efetivo pagamento;

c – condenar os requeridos pela prática de improbidade


administrativa, nos termos do art. 10, caput, e inciso VIII, c/c art. 12, inciso II, da
Lei n.º 8.429/92, independentemente da reparação do prejuízo causado;

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d – sejam os requeridos condenados aos ônus da sucumbência e


demais cominações legais;

e – seja oficiado às Juntas Comerciais de todos os Estados da


Federação, informando sobre a proibição dos requeridos e de eventuais empresas
que possuam em participar de licitações, averbando-se às margens dos contratos
sociais de empresas eventualmente existentes em seus nomes o comando judicial;

f – seja oficiado ao Cadastro Geral de Fornecedores e Licitantes dos


Estados do Paraná, ao Comprasnet, ao SIASG (Sistema Integrado de Administração
de Serviços Gerais) e SISG (Sistema de Serviços Gerais), e aos órgãos
correspondentes dos Estados de São Paulo, Minas Gerias e Goiás, informando
sobre a proibição dos requeridos em participarem de qualquer licitação;

g – seja oficiado ao TRE/PR noticiando a suspensão dos direitos


políticos dos requerido Izabete Cristina Pavin, Greice Bodziak, Eliane Clara Tosin e
José Gastão Nunes;

h – seja oficiado ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para incluir


os requeridos no cadastro nacional dos condenados por improbidade administrativa,
nos termos da Resolução n.º 44, de 20 de novembro de 2007/CNJ.

9 – VALOR DA CAUSA

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Atribui-se à causa o valor de R$ 457.693,14 (quatrocentos e


cinquenta e sete mil, seiscentos e noventa e três reais e quatorze centavos).

Nesses termos,
Pede deferimento.

Colombo, 03 de junho de 2014.

PAULO CONFORTO
Promotor de Justiça

DOCUMENTOS ANEXOS:

 Cópia integral dos autos de notícia de fato sob o n. 39.14.32-2

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