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DIREITO PROCESSUAL PENAL - APLICADO

APRESENTAÇÃO: RODRIGO BERTOLAZZI

- Advogado

- Coordenador jurídico Eternamente Sou

Pós graduado em Direito Penal e Processo Penal pelo Legale;

Pós graduado em Direito Homoafetivo e Gênero pela UNISANTA;

Pós graduado em Direito LGBTQIA+ pelo Verbo Jurídico;

Pós graduado em Acessibilidade, Diversidade e Inclusão UNISE Educacional;

Pós Graduado em Direitos Humanos CENES;

Pós Graduando em Direito do Consumidor com Habilitação em Docência no Ensino Superior.

Mestrando em Direito FUNIBER (Fundação Universitária Iberoamericana);

Conceitos Princípios Constitucionais

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

ATOS PROCESSUAIS PENAIS

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Rua Bruna, nº 510 - Chácara Mafalda - São Paulo/SP - CEP 03370-000
(11) 98583-6689 – rodrigo.bertolazzi2@gmail.com / contato@bertolazzi.adv.br – www.bertolazzi.adv.br
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O ato jurídico é uma declaração humana que se traduz numa declaração de vontade destinada a
provocar uma consequência jurídica. O ato processual é o ato jurídico praticado por algum dos
sujeitos da relação processual, no curso do processo.

ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

A citação é o momento processual do chamamento ao processo, dando oportunidade para que o


Réu tome ciência de que contra si está sendo movida uma Ação Penal, oferecendo a oportunidade
para que possa defender-se.

A comunicação dos atos processuais consiste no meio pelo qual se dá conhecimento a alguém dos
atos realizados no processo. O CPP estabelece como formas de comunicação dos atos processuais
a citação e a intimação. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de
se defender. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém (especialmente às partes) dos atos
e termos do processo.

Obs.01: A citação está descrita do artigo 351 ao artigo 369 do CPP.

Obs.02: Art. 564, III, alínea E do CPP prejuízo presumido, nulidade absoluta.

Obs.03: Citação em 02 espécies: real ou pessoal / ficta ou presumida

Art. 351 do CPP.

A citação é o ato processual por meio do qual, não só se dá a notícia da existência de uma ação
penal instaurada contra a pessoa, como se determina o seu chamamento ao processo para
exercício do contraditório, da ampla defesa e de todo o percurso processual.

Art. 352 do CPP

A citação deve ser pessoal ao réu. O mandado judicial de citação, portanto, deve ser entregue a ele.

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Obs. Após a edição das Leis 11.689 e 11.719, ambas de 2008, o “lugar, dia e hora em que o réu
deverá comparecer” perdeu sua necessidade, pois não mais é realizado o interrogatório dele como
primeiro ato da instrução, mas somente ao final da AIJ, antes dos debates.

Art. 353 do CPP

Se o réu residir ou se encontrar em local que não esteja sob a jurisdição do juiz da causa (do
processo), a sua citação será feita por meio de carta precatória, a ser expedida na sede do juízo e
encaminhada à comarca ou seção judiciária (na justiça federal) sob cuja a jurisdição ele (acusado)
se encontrar.

Trata-se de modalidade de citação pessoal, na qual o mandado de citação é encaminhado a outra


jurisdição, por meio de carta, ali recebendo nova determinação judicial para seu cumprimento.

Art. 355 do CPP

Precatória itinerante: Quando o acusado não for encontrado no endereço fornecido na carta
precatória, e o oficial de justiça executor do mandado obtiver informações acerca do novo endereço,
deve para lá se dirigir, para o cumprimento da ordem de citação.

Se, porém, o novo endereço não se encontrar sob jurisdição do juízo deprecado a carta ( e o
mandado) deverá ser remetida para aquela comarca ou sede de juízo independentemente de nova
solicitação do juízo deprecante, de modo a agilizar a tramitação do processo.

Obs.01: Enquanto não ocorrer a citação, não será dado início ao prazo para resposta à acusação.

Obs. 02: Não só o ato de citação poderá ser feito por carta precatória, a oitiva de testemunhas pode
ser feita por carta precatória, então se uma testemunha reside em outro Estado por exemplo poderá
ser ouvida através de carta precatória.

Obs.03: pode ser feita a instrução processual pelo art 217 CPP por videoconferência.

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Pergunta: É possível realizar a citação por meio eletrônico como e-mail ? Lei 11.419/06 art. 06
proíbe a citação por e-mail.

Art. 356

Processo eletrônico: No processo eletrônico as cartas precatórias são enviadas por meio eletrônico,
em que a assinatura do juiz é digital e certificada por autoridade certificadora credenciada. Artigo 7º
da Lei n. 11.419/2006: Às cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as
comunicações oficiais que transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e
os dos demais Poderes, serão feitas preferentemente por meio eletrônico.

Art. 357 CPP

No cumprimento do mandado deve o executor, isto é, oficial de justiça, ler os termos nele contidos
na presença do citando, de maneira a identificar com precisão a finalidade do mandado.
Naturalmente não se exige a leitura da peça acusatória; exigem-se. Porém, a identificação do objeto
da imputação acusatória.

Ainda deve o oficial de justiça, fazer constar na cópia da contrafé o dia e a hora da citação.

Obs. Art. 798 o dia do cumprimento do mandado não é computado na prazo para apresentação da
resposta à acusação.

Art. 358 do CPP

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A citação do militar é feita por meio de ofício, expedido pelo juiz do processo e encaminhado ao
órgão responsável pelo comando da corporação em que se encontre o citando; a referida
autoridade deverá comunicar o juiz acerca do efetivo cumprimento da ordem judicial, com o que se
dará por cumprida a diligência.

Obs. Assim, se o acusado não apresentar a resposta escrita no prazo legal, deverá o juiz designar
defensor para o ato. (art. 396-A CPP).

Art. 359 do CPP

A citação é ato pessoal e de interesse exclusivo do acusado. À chefia, quando for caso, deve-se
comunicar apenas a existência do compromisso junto à Justiça; jamais, o conteúdo da imputação.

Diferente do art. 358 o funcionário público ele tem a citação pessoal, não é citado na figura do seu
chefe, não existe essa previsão de hierarquia, então nesse caso ele informa que o dia de
comparecimento do servidor será notificado ao seu chefe.

Mas todos os atos processuais que o servidor estiver relacionado, ou que tiver que se ausentar do
serviço, será notificado (intimado) tanto para o servidor quanto para sua chefia imediata.

Art. 360

A citação pessoal do réu preso: Em princípio, a questão não demandaria maiores esforços: o réu
preso, como outro réu qualquer – aliás, em razão de suas condições pessoais, merecedor de
maiores atenções, deve ser sempre citado pessoalmente.

Se o réu se encontrar preso fora da jurisdição do juiz do processo, a citação deverá ser feita por
mandado, pela via da carta precatória.

Obs. Encontrando-se preso em qualquer estabelecimento prisional público, será nula a citação do
réu realizada por edital.

Art. 361 CITAÇÃO POR EDITAL (PERGUNTA DA PROVA)

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Também chamada de citação ficta, podendo ser utilizada somente nos casos em que todas as
possibilidades para se encontrar o réu foram esgotadas. Dessa forma, o réu citado por edital tem o
prazo de 15 dias para comparecer pessoalmente ou por meio de seu defensor.

OBS. Caso não tenha o endereço correto na peça acusatória todos os meios possíveis de pesquisa
de endereço, sejam eles órgãos públicos como a Justiça Eleitoral, Receita Federal, ou ferramentas
de busca de informações como BACENJUD, INFUJUD ou pelos meios privados, empresas de
telefonia ou sistemas de busca que ofereçam outros endereços do acusado, deverão ser expedidos
mandados para estes locais.

Findo prazo nele contido (de 15 dias) e não apresentando o acusado à resposta escrita, no prazo
fixado em Lei (10 dias), o juiz suspenderá o curso do processo, bem como declarará suspenso o
prazo prescricional.

Súmula 415, a qual estabelece que o período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo
máximo da pena cominada. Ou seja, o processo ficará suspenso pelo prazo da prescrição da
pretensão punitiva (prescrição em abstrato) de acordo com a tipificação do delito cometido.

A produção antecipada de provas, se feita segundo a legislação vigente, e não como uma mera
conjectura, mas sim devidamente fundamentada, não ofende a Constituição Federal, tampouco traz
prejuízos à defesa. Isso porque esta produção antecipada é realizada na presença de defensor
nomeado e se o réu posteriormente comparecer ao processo será permitido que ele requeira a
produção das provas que julgar necessárias para sua defesa e até mesmo postule a repetição da
prova produzida antecipadamente, desde que apresente argumento idôneo para isso.

Leitura Art. 362 CITAÇÃO POR HORA CERTA (PERGUNTA DA PROVA)

Citação por hora certa: A citação por hora certa tem um pressuposto: suspeita de ocultação
voluntária do citando, de forma maliciosa em prejuízo ao processo.

A citação por hora certa introduzida no CPP segue as mesmas regras do processo civil, como aliás,
não faz segredo o art. 362, cujo texto remete expressamente à sua aplicação aos contornos do
disposto do art. 227/228 e 229 do CPC.
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Obs. Os artigos 227/228 e 229 correspondem aos artigos 252/ 253 e 254 do novo CPC: por 2 (duas)
vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua
falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que
designar.

A lei exige que, no dia e hora designados, o oficial de justiça, no caso de não encontrar o réu,
certifique-se acerca dos motivos de seu não comparecimento, Não basta a ausência; é preciso que
não haja justificativa plausível para ela.

Feito isso, deverá o oficial entregar a contrafé do mandado à pessoa da família ou vizinho intimada,
certificando todos os assentamentos (registros) necessários à regularidade da diligência, e,
especialmente, o nome da pessoa, o dia e horário da citação.

Art 363

A citação do acusado não constitui pressuposto de existência do processo, mas requisito de sua
validade. A citação do réu para compor a relação triangular (juiz, autor e réu) dando ciência da ação
penal em curso é o chamamento para o exercício da ampla defesa.

Não sendo encontrado o acusado para citação pessoal pelo Oficial de Justiça em todos os
endereços disponíveis nos autos, deverá ser citado via edital com o prazo de quinze dias na forma
do artigo 361.

Art. 365 O edital de citação indicará:

Indispensável no edital a identificação completa ou possível do acusado; a finalidade do ato


(apresentação de resposta escrita, no prazo da lei); também o prazo de validade do edital, ou seja,
o prazo (de 15 dias) disponibilizado para conhecimento do conteúdo do edital; a imputação que lhe
é feita, bem ainda o nome do juiz e sede do juiz processante.

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Obs. Não é nula a citação por edital que indica dispositivo de lei penal, embora não transcreva a
denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia (Súmula 366 STF).

Após o prazo fixado no edital (15 dias art. 361 do CPP), se inicia o prazo para apresentação da
defesa escrita (art. 396 CPP).

Feito isso, não tendo o acusado oferecido a resposta, deve o juiz suspender o curso do processo,
sem prejuízo da eventual necessidade de realização de provas antecipadas, quando, então, deverá
ser nomeado defensor para o ato. E a antecipação da prova há de ser justificada em razão da
urgência, sob a perspectiva do risco de frustração de sua produção no futuro.

Obs. Sobre o que tange a prisão preventiva do art 312 do CPP, O Ministério Público deverá declinar
as razões pelas quais entende necessária a custódia (prisão) preventiva do acusado, a partir dos
elementos concretos a respeito do risco de fuga ou de qualquer manobra indicativa da intenção de
afastamento permanente do réu do distrito de culpa, ou seja do local do processo ou de sua
residência.

Súmula 415 do STJ: O período máximo de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo
máximo da pena cominada”.

Art 368

Se o acusado estiver no estrangeiro e em local conhecido, é citado por carta rogatória. A expedição
de rogatória suspende o prazo de prescrição. A rogatória deve conter os mesmos requisitos do
artigo 354, que versa sobre os requisitos da precatória.

Obs. Se o acusado se encontrar em país que se recusa a cumprir carta rogatória, considera-se
inacessível o local onde está o réu e aplica-se, por integração analógica, o artigo 256, inciso II,
parágrafo 1º, do CPC, que determina que a citação se faça por edital quando inacessível o local,
considerando como tal o país que se recusa a dar cumprimento à carta rogatória.

Art 370 das intimações

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A intimação seria o ato processual pelo qual se dá ciência a alguém acerca de atos e termos no
processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

A Súmula 710 do STF considera que a intimação será efetivada com seu cumprimento e não com
a juntada desta aos autos processuais, lembrando que, diferente da contagem penal, na contagem
processual penal exclui-se o dia do início e inclui-se o dia final (art. 798, §1º CPP).

Conforme Súmula 310 do STF: “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se
não houver expediente, caso que começará no primeiro dia útil que seguir”.

Obs. As audiências adiadas, é possível a intimação de todos os presentes no próprio termo de


audiência (372 CPP).

ATOS DO JUÍZ – ATOS JURIDICIONAIS

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Código de Processo Penal – art. 251 – “Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e
manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública”

Constituição Federal, Art. 5º: XXXV “A lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou
ameaça a direito” e 251 do CPP

O Órgão jurisdicional (Juiz) é a autoridade estatal investida de Jurisdição (competência para “dizer o
direito”), incumbindo-lhe a solução pacífica da lide penal, por meio da substituição da vontade das
partes.

O Juiz é o detentor da função jurisdicional e é quem preside o processo. Isto vem previsto no artigo
251 CPP e no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal de 1988.

Princípios da Jurisdição:

a) Investidura: Somente o magistrado pode exercer a jurisdição, logo, precisa estar investido na
função.

b) Inevitabilidade: A jurisdição não está sujeita à vontade das partes. Ela é imposta, não opcional.

c) Indeclinabilidade: se um caso chegou até o magistrado, ele não pode se negar (declinar) do
julgamento.

d) Indelegabilidade: a função jurisdicional é do magistrado, este não pode delegar a função para
quem não a possui.
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e) Juiz Natural: somente pode exercer a função o magistrado investido para isso. (Art. 05º LIII -
ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente)

f) Inafastabilidade: art. 5º, XXXV, da Constituição (inafastabilidade do controle jurisdicional), que o


juiz não pode deixar de julgar uma causa que lhe foi submetida.

g) Devido Processo Legal: artº 05 inciso LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
sem o devido processo legal.

Competência Jurisdicional

Tipos de Classificação Jurisdicional:

01) Competência em razão da matéria: Leva em consideração a natureza da ação (criminal, cível,
trabalho e etc.)

02) Competência por prerrogativa de função: Art. 84 CPP preve quais são os casos de
competência especial, então, determinadas pessoas, por exercerem funções específicas, possuem
a prerrogativa de serem julgadas originariamente por determinados órgãos. Trata-se de foro por
prerrogativa de função exercida e não privilégio da pessoa.

Obs. O direito ao foro por prerrogativa de função só existe enquanto houver efetivo exercício da
função. É a necessária atualidade da função. Finda a posse, os autos devem ser enviados ao juiz
competente para que seja dado prosseguimento ao processo. Todos os atos praticados no foro
especial são válidos, não necessitando ser refeitos ou ratificados pelo juiz que receber os autos.

03) Competência funcional: 03 critérios para definição da competência

a) classificação de competência da fase do processo: quando dois juízes diferentes atuam no


mesmo processo em fases diferentes, como por exemplo, um dá a sentença condenatória e o outro
analisa a execução da pena.

b) Quando há distribuição de tarefas dentro de um mesmo processo. Exemplo é o tribunal do


Júri, onde o magistrado resolve as questões de direito e dosimetria da pena, enquanto os jurados
(que estão alí como juízes), votam nos quesitos.
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c) O princípio do duplo grau de jurisdição: assegura o direito ao reexame das decisões por um
órgão jurisdicional diverso daquele que as proferiu.

Atos Jurisdicionais do Juiz

Leitura art 800 do CPP e 593 I e II

Despachos e decisões

Conceito de atos Jurisdicionais:

Os atos jurisdicionais são aqueles praticados pelos magistrados no exercício da respectiva função.
São, afinal, os atos processuais caracterizadores da função jurisdicional, como os despachos, as
decisões interlocutórias e as sentenças.

01º Despachos: Os despachos são atos praticados pelo magistrado com a finalidade de dar
andamento ao processo, concretizando o princípio do impulso oficial. A principal característica dos
despachos é a sua falta de conteúdo decisório, ou seja, o juiz não determina a conclusão de uma
questão controvertida, apenas dá continuidade ao procedimento adequado.

Exemplos: Designação de audiência; Determinação de intimação das partes;; Determinação de


juntada de documentos; Determinação de produção de provas.

Decisões Interlocutórias: São aquelas tomadas no curso do processo, de modo que se discute
uma questão incidental que não toca o mérito da ação.

As questões incidentais são aquelas decididas pelo juiz durante o processo e que não afetam o
pedido do autor do processo, ou seja, não há sentença definitiva, não se pronuncia a solução final
proposta, ocorre a tomada de decisão.

Obs. Como é uma decisão que não põe fim ao processo, em alguns casos é possível
contestar a decisão do juiz.

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Decisão interlocutória simples: São soluções sobre as questões controvertidas, sem colocar fim
ao processo ou ao estágio do procedimento. As interlocutórias resolvem incidentes processuais ou
questões atinentes à regularidade formal do processo. Exemplo: decreto da prisão preventiva.

Decisão interlocutória terminativa: encerra o processo sem julgamento do mérito, como a decisão
que rejeita a denúncia.

Decisão interlocutória não terminativa: resolve uma questão processual, sem encerrar qualquer
fase do processo e sem julgar o mérito, como recebimento da denúncia.

Decisões definitivas: São aquelas que põem fim ao processo com julgamento do mérito. Analisa-
se o cerne da questão, visando apurar se o fato típico ocorreu ou não e se o acusado é autor.

a) Decisão condenatória: a acusação encontra respaldo na prova e, portanto, o juiz, impõe a


condenação, nos termos do artigo 387 do Código de Processo Penal.

b) Decisão absolutória: aquela que corresponde à improcedência da ação penal, com fundamento
em um dos incisos do artigo 386 do Código de Processo Penal.

A decisão absolutória pode ser:

a) Própria: absolve sem nada impor ao réu, em decorrência da ausência de prova da materialidade
ou da autoria delitiva, bem como de reconhecimento de excludente da ilicitude, tipicidade e
culpabilidade.

b) Imprópria: absolve, impondo ao réu medida de segurança, pois tudo levaria à condenação do
agente, mas não há possibilidade desta diante da inimputabilidade deste.

c) Decisão declaratória (definitivas em sentido estrito): são as sentenças proferidas sem


julgamento do mérito, prestam-se a declarar a extinção da punibilidade por uma das hipóteses do
artigo 107 do Código Penal.

Obs. Ao contrário das decisões interlocutórias terminativas, em que põe fim ao processo sem
resolução do mérito, sendo possível novo ingresso contra o réu/acusado sobre aquele mesmo fato,
as decisões declaratórias (definitivas em sentido estrito) ainda que não põe em discussão o mérito,

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não permitem que um novo processo sobre os mesmos fatos e réu seja aberto, em razão da
extinção da punibilidade.

Classificação das Sentenças Quanto ao Órgão

Decisões Subjetivamente simples: proferidas por 01 órgão monocrático. Ex.: sentença de 1º grau.
(lei de crime organizado há um colegiado de juízes única exceção para proferir sentença em juizado
de primeiro grau)

Decisões Subjetivamente Plúrimas: provêm de órgãos colegiados homogêneos. Ex.: acórdão.


Peso idêntico de cada voto.

Decisões Subjetivamente Complexas: resultam do pronunciamento simultâneo de mais de um


órgão monocrático, importando em prevalência do que for decidido pela maioria. Ex.: Júri.

Classificação das sentenças quanto à executabilidade

Executáveis: condenatórias (com trânsito em julgado) – absolutórias (sem o trânsito em julgado)

Não executáveis sujeitas a recurso.

Condicionais: dependem de acontecimento futuro e incerto. Exemplo SURSIS

Suspensão condicional da pena – durante período de 02 anos a execução da pena fica suspensa e
o agente se condiciona a algumas exigências do juiz, então caso o agente não cumpra as condições
impostas no Suspensão da pena, pode o juiz executar a pena.

Estrutura formal da sentença

Leitura do art 381 do CPP

Conceito: A sentença é composta pela identificação das partes, relatório, motivação, parte
dispositiva, data e assinatura. É na identificação das partes que autor e réu são qualificados. O
relatório deve conter um resumo da acusação formulada, do andamento do processo com seus
incidentes e da defesa do acusado. Ele deve conter a chamada história relevante do processo. A
motivação consiste no exame e avaliação da prova, com a indicação dos motivos de fato e de direito
em que se fundar a decisão e também dos artigos de lei aplicados. A parte dispositiva é a

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conclusão, ou seja, a afirmação do magistrado absolvendo ou condenando o acusado e expondo os
respectivos dispositivos legais aplicáveis (artigos 386 e 387). Devem constar, ainda, da sentença, a
data e assinatura do juiz.

Obs. Conforme artigo 564, III, letra “m”, a ausência de sentença acarreta nulidade, a sentença que
não é fundamentada, ou seja, na qual o juiz não expõe os motivos e fundamentos de seu
convencimento para absolver ou condenar o acusado, equivale à sentença inexistente.

PROVAS NO PROCESSO PENAL

Conceito de Prova: basicamente é todo meio de se demonstrar, de se evidenciar uma verdade. O


objetivo da prova é a persuasão do juiz, permitindo que ele julgue baseado num juízo mais próximo
da certeza.

Provas do inquérito: As provas do inquérito valem para o convencimento, desde que repetidas em
juízo e se encontrem em harmonia com as coletadas durante a instrução processual. Podem ser
úteis tanto à acusação quanto também à defesa. Se confirmadas pela instrução processual,
favorecem a acusação. Já se em contradição e desarmonia, contribuem para a declaração de
inocência.

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos
na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (CPP)

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O Livre convencimento motivado é a regra, nele o juiz com base na livre apreciação de provas,
mas deve fundamentar (explicar) o motivo pelo qual chegou naquela decisão.

Obs. Para que a decisão do juiz seja efetivamente fundamentada ele deve, como regra, basear-se
exclusivamente em provas produzidas ao longo do processo penal, expostas ao contraditório e
ampla defesa.

Excepcionalmente, entretanto, é possível que o magistrado utilize provas produzidas no inquérito


policial: a) cautelares; b) irrepetíveis; e c) antecipadas.

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:

I. Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;

II. Determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante. (CPP)

O ônus de provar a prática de delito é do MP. Deve ele, no curso da ação penal, demonstrar não
apenas a autoria e a tipicidade, deve provar também a inocorrência de causas excludentes da
antijuridicidade e da culpabilidade. O acusado não tem obrigação de comprovar o que quer que
seja, embora possa e deva contribuir para a demonstração de sua inocência.

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

Conceito de prova ilícita: A prova ilícita é aquela produzida com violação de normas
constitucionais ou legais. Conforme art. 05º da CF inciso LVI: São inadmissíveis, no processo, as

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provas obtidas por meios ilícitos. Exemplos: confissão mediante tortura, a falta de advertência do
juiz sobre o direito constitucional do silêncio do réu (CF LXIII).

Exemplo 01: exibição de documento no plenário do júri que não foi juntado aos autos com
antecedência que manda a lei; (art 479 CPP três dias ); ofende procedimentos ofende o
contraditório e a ampla defesa.

Exemplo 02: testemunha prestando depoimento descompromissada (art 203 CPP) ela não prestou
compromisso de dizer a verdade.

Obs. 01 Caso o magistrado não faça o desentranhamento, mas também não utilize a prova ilícita
em sua fundamentação não ocorre nulidade, entretanto, se ele utilizar com base argumentativa, a
sentença será nula por erro de procedimento.

Obs. 02 As provas ilícitas em regra não podem ser usadas no processo, elas devem ser retiradas,
destruídas, desentranhadas do processo, porém o STF prevê uma única possibilidade de utilização
dessas provas, ou seja, quando utilizadas em benefício do réu.

Art. 157 § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras. (CPP)

Teoria do Fruto da Árvore Envenenada

Exemplo 01: Delegado faz uma escuta telefônica sem autorização judicial e consegue, assim,
descobrir onde está ocorrendo um crime (prova ilícita). Com base nesses dados obtém um
mandado judicial de busca e apreensão e consegue cumpri-lo com sucesso.

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Exemplo 02: homicida confessa mediante tortura o local onde encontra-se o cadaver da vítima, a
polícia realiza o exame do corpo de delito e comprava-se a autoria do réu. Se constatar que o
exame do corpo de delito foi realizado de forma contaminada, ou seja, a polícia não poderia
encontrar o cadáver da vítima se não fosse a confissão do acusado, então essa prova é inválida,
deverá ser desentranhada do processo.

A Teoria da Árvore Envenenada surgiu no direito norte-americano estabelecendo o entendimento


de que toda prova produzida em consequência de uma descoberta obtida por meios ilícitos estará
contaminada pela ilicitude desta.

Portanto, segundo esta teoria, as provas obtidas por meio de uma primeira prova que foi descoberta
por meios ilícitos, deverão ser descartadas do processo na persecução penal, uma vez que se
considera ilícita por derivação, ou seja, as provas ilícitas acabam por contaminar todas as demais
provas que dela sejam consequências

Ninguém pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas
ilícitas, isso significa que qualquer prova, produzida posteriormente de modo válido, não pode ter
fundamento causal, nem derivar de prova obtida ilicitamente, como a apreensão de drogas em
busca ilícita e a interceptação telefônica não autorizada.

Art. 05º da CF inciso LVI: São inadimissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos.

Exceções:

Art. 157 § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e
de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da
prova.

São exceções a teoria dos frutos da árvore envenenada: a) não comprovação de nexo causal entre
a prova ilícita e as demais; e b) provas obtidas por fontes independentes (descoberta inevitável),
prova descoberta por outro caminho.

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Art. 157 § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.

As partes podem acompanhar a destruição destas provas ilícitas, para ter certeza que aquelas
provas contaminadas por provas ilícitas foram destruídas e retiradas do processo para compor o
livre convencimento do juiz.

§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a
sentença ou acórdão.

Obs. A prova ilícita pré-processual ou as nulidades do inquérito esvaziam o processo penal de justa
causa, e essa circunstância, por sua vez, obriga o reconhecimento da nulidade de todos atos
processuais praticados, inclusive da denúncia. É que reconhecida a ilicitude da prova, ela deve ser
desentranhada dos autos (e das provas que dela derivam). Se nada sobrar, não há o que ampare a
continuidade da ação penal.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de
crime que envolva:

I - violência doméstica e familiar contra mulher;

II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

Conceito: Corpo de delito é a prova de existência do crime, correspondente ao conjunto de


elementos físicos e materiais contidos na definição do crime. Há delitos que deixam vestígio
material de sua prática, outros não (como o crime de ameaça quando feito de forma oral). Nos
crimes que deixam vestígios materiais, deve haver sempre exame de corpo de delito.

Exemplo: se ocorre um homicídio, o exame do corpo de delito deve ser realizado em todo
ambiente, é obrigatório por exemplo que a polícia isole o local para que não haja modificação da
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cena do crime, pois ali poderá conter elementos, tais como, impressão digital, DNA ou qualquer
outro indício de quem praticou a autoria do crime.

Vestígios: Vestígios têm por sinônimos pegadas, pistas, rastros, restos, indícios, sinais. Dizem
respeito principalmente à materialidade. Mas não só a ela. Tendo relação com o fato investigado, é
vestígio.

Finalidade do exame do corpo de delito: A principal finalidade do exame do corpo de delito é a de


provar a ocorrência do fato tido por delituoso.

Obrigações da autoridade policial: Dispõe o artigo 6º, e seus incisos I, II e VII, que “logo que tiver
conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá dirigir-se ao local,
providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos
peritos criminais; – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais; – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias”.

É necessária a realização do exame de corpo de delito para comprovação da materialidade do


crime quando a conduta deixar vestígios, entretanto, o laudo pericial será substituído por outros
elementos de prova na hipótese em que as evidências tenham desaparecido ou que o lugar se
tenha tornado impróprio ou, ainda, quando as circunstâncias do crime não permitirem a análise
técnica. Fonte: Jurisprudência em teses (STJ).

A confissão: Isolada, ela não supre a ausência de exame de corpo de delito. Todavia, se
confirmada por testemunhas e outros elementos de prova, pode vir a suprir o exame, mas só no
caso em que tenham desaparecido os vestígios.

Nulidade do processo: Segundo o artigo 564, inciso III, letra “b”, é nulo o processo por falta do
exame do corpo de delito, ressalvado se tiverem desaparecido os vestígios, quando então, segundo
o artigo 167, a prova testemunhal poderá suprir a falta. A falta do exame do corpo de delito, em não
tendo desaparecido os vestígios, ou tendo desaparecido, e não suprida a falta do exame pela prova
testemunhal, constitui nulidade absoluta.

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Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador
de diploma de curso superior.

§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação
técnica relacionada com a natureza do exame.

Peritos oficiais e não oficiais: Perito oficial é perito funcionário público. Perito não oficial é perito
que não tem qualquer relação ou vínculo estatutário com o Estado. Mesmo não sendo oficial o
perito, uma vez nomeado e compromissado, se sujeita às mesmas normas de direito processual e
judiciário que regulam a atividade do perito oficial.

Obs. Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária.

E no caso de divergência entre perícia e o juiz? Nesse caso, se o entendimento do juiz for contrário
à perícia (contrário ao laudo), deverá ele fundamentar sua decisão com outros elementos de prova
constantes no processo.

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.

Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo
ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

O Laudo apresenta 04 parte: 01) preâmbulo: qualificação do perito e o objeto da perícia; 02)
exposição: narrativa do que foi observado; 03) fudamentação: motivos que o levaram a conclusão
final; e 04) conclusão técnica: respostas aos quesitos.

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deve determinar, se
a infração for das que deixa vestígios, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer

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outras perícias. O exame pode ser feito em qualquer dia, inclusive nos feriados, sábados e
domingos, antes que desapareçam os vestígios.

Laudo pericial pode ser introduzido no processo em qualquer momento? Não, é necessário que o
laudo seja anexado no processo antes da audiência de instrução e julgamento.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Desídia da polícia: Se o desaparecimento dos vestígios se verificou por culpa da polícia, a prova
testemunhal é imprestável para suprir a falta do exame.

Prova testemunhal convincente: A prova testemunhal há de ser convincente, uniforme,


categórica, cabal, pois que sua finalidade é comprovar a materialidade do delito.

Exame do corpo de delito direto: Quando o perito analisa pessoalmente o objeto da perícia.
Exemplo: autópsia no cadáver no crime de homicídio.

Exame do corpo de delito indireto: Há corrente doutrinária segundo a qual o exame de corpo de
delito indireto pode ser realizado por prova testemunhal segura e convincente quanto à
materialidade do crime. Essa corrente tem sido aceita pela jurisprudência. É da redação do artigo
167: “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”.

Segundo outra corrente, o exame indireto deve ser realizado pelo perito (ou peritos, se não oficiais)
examinando os testemunhos, documentos, fotografias, filmes, atestados, boletins. Ambas as
correntes estão corretas. Compete ao juiz determinar qual o exame mais adequado, qual o
disponível, tendo em vista o caso concreto.

Exemplo 01: O estupro pode ser provado pelo olho de uma testemunha que assiste à conjunção
carnal mediante emprego de violência ou grave ameaça, prescindindo-se do laudo. (prova
testemunhal)

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Exemplo 02: Verificação nas fichas clínicas de um hospital, assinadas por um médico, que
assevera ter atendido a paciente Fulana, que acabou de praticar auto-aborto. Fez o exame na
modalidade indireta, atestando ao juiz ter ocorrido aborto. (prova testemunhal, documental exame
corpo de delito indireto, podução de laudo).

Interceptação Telefônica

A interceptação e a escuta telefônica, quando feitas fora das hipóteses legais ou sem autorização
judicial, não devem ser admitidas, por afronta ao direito à privacidade.

BASE JURÍDICA: Art. 5º, inciso XII – CRFB/88 - É inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal.

Trata-se de um direito fundamental que não é absoluto, pois pode conflitar com um direito
fundamental para estabelecer a ordem pública, a paz que é o direito interesse público.

A interceptação telefônica ocorre quando há, mediante autorização de autoridades judiciais, a


captação de ligações telefônicas de cidadãos, sem que os participantes da conversa tenham
conhecimento de que estão sendo gravados.

Este é um recurso utilizado pelas autoridades públicas durante investigações criminais, porém, elas
não podem ser livremente realizadas, apenas mediante ordem judicial pode ocorrer a interceptação
telefônica, além disso, ela apenas poderá ser realizada em caso de investigação criminal ou
instrução processual penal, nas hipóteses que a lei estabelecer.

Diferença entre interceptação telefônica, escuta telefônica e gravação.

Conceito de interceptação telefônica: Na interceptação telefônica nenhum dos dois interlocutores


sabem que a conversa está sendo gravada por um terceiro.

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Conceito de escuta: Na escuta, um dos dois interlocutores sabe que eles estão sendo gravados
por um terceiro.

Conceito de gravação: Na gravação, um dos interlocutores é quem grava a conversa.

Autorização: Tanto a interceptação telefônica como a escuta precisam, necessariamente, de


autorização judicial para que sejam consideradas provas lícitas, já a gravação telefônica pode ser
feita sem a autorização do juiz.

Apenas o juiz poderá autorizar a utilização da interceptação telefônica como meio de prova. Isso
poderá ser feito de ofício ou a requerimento da autoridade policial, na investigação criminal; ou do
Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.

Ausência de autorização judicial: A ausência de autorização judicial para a captação de


conversas enseja a declaração de nulidade da prova obtida, pois constitui vício insanável.

Obs. Também é importante diferenciar interceptação telefônica de quebra de sigilo telefônico. Na


primeira, quem intercepta tem acesso ao teor da conversa, já na quebra do sigilo, a única
informação a que se tem acesso é o registro de ligações efetuadas e recebidas.

ABRANGÊNCIA DA LEI 9.296/96

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em


investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá
de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.

Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em


sistemas de informática e telemática.

Art 01 da Lei 9.269/96: só pode ser decretada interceptação telefônica para investigação de crimes,
eu não posso decretar a interceptação telefônica dentro da esfera civil por exemplo, nem em uma
ação trabalhista ou etc. A quebra de sigilo está intimamente ligada à investigação de crimes.

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A interceptação telefônica consiste em tomar conhecimento de uma comunicação entre os
interlocutores, sem que eles tenham conhecimento de tal ato. É realizada por um terceiro que não
participa da conversa (ou comunicação).

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade
manifesta, devidamente justificada.

Por ser medida de extrema gravidade, a interceptação tem alguns requisitos para a sua concessão:
a) indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal; b) imprescindibilidade da medida;
c) o fato investigado deve constituir crime punido com reclusão.

A interceptação é extremamente gravosa, pois viola diretamente a intimidade de alguém, em


inegável ataque às garantias constitucionais. Por isso, a sua autorização só será possível quando a
prova não puder ser produzida por outro meio. Se for possível alcançar elemento informativo de
autoria de um delito por outro meio, a exemplo da prova testemunhal ou pericial, ou por meio de
medidas cautelares, como a busca e apreensão, não haverá razão para a decretação da
interceptação.

Obs. princípio da proporcionalidade dos bens jurídicos envolvidos, possibilidade de realizar a


interceptação telefônica no crime de ameaça, quando a a ameaça é feita exclusivamente por
telefone.

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Obs. A interceptação telefônica deverá sempre ser precedida de autorização judicial, sem exceção.
Se realizada a interceptação sem autorização e, posteriormente, decisão judicial a permitir, não
haverá o que se falar em convalidação. A prova é ilícita, de forma imutável.

LEGITIMADOS (ART. 3°)

Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou
a requerimento:

I - da autoridade policial, na investigação criminal;

II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.

PRAZO

O prazo de duração da interceptação telefônica está descrito no art.5°, sendo de 15 dias, renovável
por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

PROCEDIMENTO

O procedimento está regulado nos artigos 5° ao artigo 10 da Lei 9296/96.

Em caso de indeferimento da medida, poderá a parte impugnar a decisão judicial através de


mandado de segurança criminal, sendo tal ato mais recomendável pois dispensa contrarrazões.

PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS PENAIS

Legitimidade ativa: A titularidade da pretensão punitiva é reservada ao próprio Estado, via


Ministério Público (exceções ação penal privada e ação penal subsidiária da pública). Assim, é
imposta ao Processo Penal a exigência de legitimidade ativa para a promoção e o desenvolvimento
de atividade persecutória

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Legitimidade passiva: por sua vez, trata-se da pessoa a quem se imputa a prática do
comportamento ilícito-típico, sujeito à imposição de uma pena. - Possibilidade jurídica do pedido

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

Pressupostos de existência Subjetivos: sujeitos do processo – autor, réu e juiz (capacidade de


ser parte); jurisdição – Juiz/ órgão investido de jurisdição.

Pressupostos de existência Objetivos: pedido – diz respeito ao ato inicial de introduzir um


pedido, uma demanda ao Poder Judiciário;

Pressupostos de validade (requisitos do desenvolvimento regular do processo)

Subjetivos: capacidade processual – capacidade de estar em juízo; capacidade postulatória -


aptidão para requerer, exigir, perante os órgãos investidos da jurisdição alguma providência; e
competência e imparcialidade do juiz:

Obs. competência é uma parcela da jurisdição, ditada por lei, que define a jurisdição, a autoridade
de cada órgão judicante; ela determina os limites dentro dos quais pode o juiz legalmente julgar.

Obs. imparcialidade está ligada a impedimentos e a casos em que o juiz é suspeito, por ser amigo
ou inimigo de uma das partes. (art. 564, I, CPP)

Objetivos:

intrínsecos - relacionam-se ao próprio processo, ao formalismo processual, aos vários atos a


serem praticados no desenvolver da relação jurídica, aos deveres e faculdades das partes, à
coordenação de suas atividades. Exemplos: a petição apta, a citação válida, o respeito ao principio
do contraditório, etc.

extrínsecos - são condições que estão fora do processo, mas que tem o poder de impedir o seu
normal prosseguimento, subordinando sua validade e a eficácia da sua constituição, bem como sua
extinção. Assim, em principio são vícios insanáveis, que extinguem o processo. Exemplos: a
litispendência, a coisa julgada, a perempção e a convenção de arbitragem.

Leitura do artigo Art. 267.

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PROCESSO

Conceito de Processo: é o instrumento pelo qual se manifesta a jurisdição, tendo sempre a


finalidade de alcançar um provimento final, que solucionará a controvérsia e cumprirá os objetivos
de concretização do Direito e pacificação social.

Art. 05º XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
(CF/88)

Art. 05º LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
(CF/88)

DOS DIVERSOS TIPOS DE PROCEDIMENTO

O procedimento comum, previsto no CPP, será aplicado de modo residual, ou seja, sempre que não
houver nenhum procedimento especial previsto no CPP ou lei extravagante. (Arts. 395 a 405, 531
538, CPP; Lei 9.099/95)

O procedimento especial é todo aquele previsto, tanto no CPP quanto em leis extravagantes, para
hipóteses legais específicas, que, pela natureza ou gravidade, merecem diversa tramitação
processual.

PROCEDIMENTO COMUM

Leitura 394 CPP

a. critério de determinação de ritos. O rito é definido pela pena máxima do crime (art. 394, § 1º,
CPP).

b. defesa escrita. Em todos os procedimentos, comuns e especiais, ressalvados o procedimento do


Júri e o dos juizados especiais, haverá resposta escrita da defesa, após a citação do réu. O réu terá
o prazo de 10 dias para apresentar a defesa escrita (art. 396, CPP).

c. audiência una. Os atos instrutórios são concentrados em apenas uma audiência, na qual também
será proferida a sentença, salvo quando houver a necessidade probatória complexa que demande
exame mais cuidadoso, quando, então, será permitida a apresentação de memoriais pelas partes e
se fixará novo prazo para a sentença (art. 403, § 3º, CPP).
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O procedimento comum pode ser dividido em três, a depender da quantidade da pena cominada em
abstrato para o delito (art. 394, § 1º, CPP):

- Ordinário: aplicável para os crimes com pena máxima igual ou superior a 04 anos.

- Sumário: aplicável para os crimes com pena máxima inferior a 04 anos.

- Sumaríssimo: aplicável para os crimes de menor potencial ofensivo da Lei 9.099/95 (pena
máxima não superior a 02 anos) ou contravenções penais.

DIFERENÇAS DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO E ORDINÁRIO

Sumário: Pena máxima inferior a 4 anos; Prazo de 30 dias para conclusão do processo;
Arrolamento de no máximo 5 testemunhas por parte; Não há previsão de requerimento de
diligências e nem de memoriais.

Ordinário: Pena máxima igual ou superior a 4 anos; Prazo de 60 dias para conclusão do processo;
Arrolamento de no máximo 8 testemunhas por parte; Há previsão de requerimento de diligências e
de memoriais.

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

- Denuncia (crimes de pena igual ou maior de 4 anos);

- Máximo de 08 testemunhas;

- Receber/rejeitar a denúncia (requisitos do artigo 41 do CPP)

Art. 396 CPP (Resposta à Acusação 10 dias após a citação)

- Teses de defesa: preliminares; mérito (pedido de absolvição sumária 397 do CPP); teses
subsidiárias;e apresentação das testemunhas.

- Após a Após a Resposta à Acusação, o juiz poderá:

- Determinar a absolvição sumária do réu (art. 397 do CPP); ou

- Designar a data de audiência de instrução e julgamento (art. 399 do CPP).


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- Determinado a AIJ (prazo de 60 dias ) em regra audiência una, exceções: número de acusados for
alto; causa complexa; ou deferida diligência complementar.

- Após a AIJ apresentada as alegações finais o juiz dará a sentença.

Procedimento Sumário

Procedimento será sumário quando a pena em abstrato for superiores a 2 anos e inferiores a 4.
Aqui podem ser arroladas até 5 testemunhas.

O procedimento sumário ocorrerá da mesma forma que o ordinário, respeitando as mesmas regras
processuais, com exceção do prazo para a realização da audiência que deverá ocorrer em 30 dias e
não em 60, como no ordinário.

Procedimento Sumaríssimo

Leitura Art. 61. Lei 9099/1995.

Este é o procedimento adotado para o julgamento de infrações penais de menor potencial ofensivo,
ou seja, quaisquer contravenções penais ou crimes cujas penas máximas em abstrato não
ultrapassem 2 anos e a competência para o julgamento destes é do Juizado Especial Criminal
(JECRIM)

Este procedimento não está previsto no Código de Processo Penal, mas sim na LEI Nº 9.099/95.

Suas diferenças com os outros procedimentos desde antes do surgimento da ação penal, pois se o
sujeito for preso em flagrante será lavrado um termo circunstanciado, ou se logo após o crime
comparecer imediatamente ao juizado e assinar termo de compromisso informando que irá
comparecer em audiência em data e local marcados, a este não será imposta prisão nem se exigirá
fiança.

Nesta primeira audiência haverá, primeiramente, uma tentativa de conciliação que poderá ser de
duas formas:

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- Composição Civil: acordo entre vítima e acusado com a finalidade de se alcançar a reparação do
dano causado.

- Transação Penal: acordo entre o acusado e o MP onde se estabelece alguma pena alternativa e,
se o acusado cumprir o acordo, o MP deixará de propor ação penal. Porém, caso o acusado não
venha a cumprir o acordo, a situação inicial retornará e o MP irá dar início a ação penal.

Critérios e Procedimentos

Os critérios que orientam o procedimento sumaríssimo, no Juizado Especial Criminal são: oralidade,
informalidade, economia processual e celeridade, com o objetivo de, sempre que possível, reparar
os danos sofridos pela vítima e aplicar a pena não privativa de liberdade.

Quadro resumo:

Procedimento especial

Quando a lei (o CPP ou lei especial) prever um procedimento próprio para o processamento de
determinado delito, diz-se especial esse procedimento. O CPP regula alguns procedimentos
especiais. São eles: procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (artigo
513 e seguintes); dos crimes contra a honra (artigo 519 e seguintes); dos crimes contra a
propriedade imaterial (artigo 524 e seguintes); do procedimento de restauração dos autos (artigo
541 e seguintes); dos crimes de competência do Tribunal do Júri (artigo 406 e seguintes).

Tribunal do Júri
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XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência


para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

A instituição do júri é cláusula pétrea: A instituição do júri encontra previsão constitucional no artigo
5º, inciso XXXVIII da CF, o qual aborda os direitos e garantias individuais. Conforme o artigo 60,
parágrafo 4º, inciso IV, não pode ser objeto de deliberação a proposta de emenda à Constituição
tendente a abolir direitos e garantias individuais.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as


seguintes regras:

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a


competência do júri; (CPP)

Tribunal do Júri e delitos conexos: De acordo com o inciso I do artigo 78 do CPP, a jurisdição
especial do júri atrai os delitos comuns conexos ou continentes. Dessa maneira, se o delito de
estupro, por exemplo, for praticado em conexão com o crime de homicídio doloso, a competência
para o julgamento de ambas as infrações será do Tribunal do Júri.

O que é o foro por prerrogativa de função?

Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição segundo a qual as pessoas ocupantes de
determinados cargos ou funções somente serão processadas e julgadas criminalmente (não
engloba processos cíveis) em foros privativos colegiados (TJ, TRF, STJ, STF).

A Constituição Federal prevê diversos casos de foro por prerrogativa de função. Ex: os Senadores
deverão ser julgados criminalmente pelo STF (art. 102, I, “b” da CF/88).

Súmula Vinculante 45 enuncia: “A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o


foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual”.

Sistema bifásico: O procedimento do júri é bifásico.

O Tribunal do Júri possui um procedimento bifásico, na primeira fase ocorre o juízo de formação de
culpa, na segunda fase ocorre o julgamento da causa pelo Conselho de sentença.
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Absolvição sumária: Finda a instrução da primeira fase, se ficar provada uma das causas do
presente dispositivo, é devida absolvição sumária. A competência do Tribunal do Júri é para julgar
crimes contra a vida. Se não há crime, não há competência do júri e o juiz deve absolver. Se houver
dúvida quanto à existência do fato, a medida correta é a impronúncia (artigo 414). Já nas hipóteses
dos incisos II, III e IV, havendo dúvida, e não certeza, a decisão deve ser pela pronúncia.

Prova da inexistência do fato: Quando estiver provada a inexistência do fato descrito e imputado
na peça acusatória inicial, o acusado deve ser absolvido. O delito é fato típico, antijurídico e
culpável. Ausente qualquer um desses três elementos, não há crime. Fato típico é ação ou conduta
que se enquadra dentro da descrição contida na norma penal incriminadora. Portanto, a tipicidade
pressupõe a lei e o fato. A prova da inexistência do fato exclui a tipicidade. Ausente o fato, a
tipicidade não se faz presente.

Prova de que o acusado não é o autor: Se estiver provado que o réu não concorreu para a
infração penal, deverá ser absolvido.

Atipicidade: Quando o fato não constitui crime, impõe-se a absolvição. Quando a denúncia
descrever fato típico, mas, durante a instrução, a prova colhida é convincente no sentido de que o
fato praticado não é aquele descrito na acusação inicial, mas outro não previsto em qualquer norma
penal incriminadora, é devida a absolvição.

Causa de isenção de pena: São as excludentes de culpabilidade. Provadas, impõe-se a


absolvição.

Causa de excludente de crime: Constituem excludentes de ilicitude: estado de necessidade;


legítima defesa; estrito cumprimento de dever legal; e exercício regular de direito (artigo 23 do CP).

Decisão de desclassificação: É uma decisão interlocutória simples. São exemplos: a


desclassificação do delito de tentativa de homicídio para lesões corporais; de homicídio para
latrocínio. Com o reconhecimento de que a hipótese sub judice não se trata de crime doloso contra
a vida, exaure-se a competência do júri e os autos devem ser remetidos ao juiz competente.

Pronúncia: Natureza, objeto e finalidade: A pronúncia é uma decisão interlocutória mista, pois
decidindo uma questão processual (a admissibilidade da acusação), dá fim a uma fase do processo

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sem julgar o mérito. Não é sentença, dado que não coloca fim ao processo, julgando o mérito. A
pronúncia examina e decide a respeito da admissibilidade da tese acusatória. Sendo admissível a
tese, a pronúncia reconhece a competência do júri e envia o acusado a julgamento pelo plenário.

Prova da materialidade: Os crimes contra a vida deixam vestígios. Logo, o exame do corpo de
delito, direto ou indireto, é indispensável, sendo que a confissão do acusado não supre a falta. Ele é
obrigatório, pois objetiva comprovar a materialidade do delito. Tamanha a sua importância que sua
falta importa nulidade do processo (artigo 564, inciso III, letra “b”). Sobre o exame de corpo de
delito, ver artigo 158 e seguintes.

Conteúdo da pronúncia: A pronúncia, embora não seja sentença, possui os mesmos requisitos:
relatório, fundamentação e parte dispositiva. Na parte dispositiva, na qual é admitido a denuncia, o
juiz deve declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias
qualificadoras e as causas de aumento de pena. As circunstâncias agravantes (artigos 61 e 62 do
CP), as atenuantes (artigos 65 e 66 do CP) e os concursos material, formal e continuado (artigos 69,
70 e 71 do CP) não são examinados na pronúncia.

A decisão de impronúncia: A impronúncia é uma decisão interlocutória mista terminativa. Ela põe
fim a uma fase do processo e o extingue sem julgar o mérito. Ver título Tipos de decisões, em
comentários ao artigo 381. Ela não julga improcedente a pretensão punitiva, e sim improcedente o
direito de acusar. Não há julgamento de mérito.

Necessidade de fundamentação: Como toda decisão, a de impronúncia deve ser fundamentada.


O artigo 93, inciso IX da CF, dispõe que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (…)”. Diferentemente da
pronúncia, a de impronúncia pode, na motivação, aprofundar e esgotar os fundamentos, inclusive
em razão de que dela cabe apelação (artigo 416), a qual pode buscar tanto a pronúncia como a
absolvição sumária.

Recurso cabível: Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária cabe apelação (artigo
416).

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Imprescindibilidade do testemunho: A parte, se considerar que o testemunho é indispensável,
deverá requerer a sua intimação por mandado nesta oportunidade do artigo 422, declarando não
prescindir do depoimento e indicando a localização da testemunha (artigo 461).

Testemunha residente fora da comarca: Deve ser ouvida por precatória. A parte pode, porém,
requerer que ela seja ouvida em Plenário, desde que a apresente na ocasião.

Requerimentos: Feitos os requerimentos de provas a serem produzidas ou exibidas no plenário do


júri, o juiz deve decidir a respeito, deferindo-as ou não. Devem ser indeferidos os pedidos que não
tiverem utilidade. O indeferimento de pedido importante para o julgamento da causa pode resultar
em nulidade.

Relatório: Após fazer o relatório, o processo deve ser incluído na pauta de reunião do Tribunal. O
relatório consiste na história relevante do processo. Nele não deve ser feito qualquer juízo de valor,
pois que será entregue aos jurados (artigo 472, parágrafo único), os quais não podem ser
influenciados por convicções do juiz. É apenas historiado o processo de forma sucinta, devendo
dele constar resumo da denúncia, da defesa, das provas produzidas, do interrogatório e de
eventuais incidentes.

Depois de decidido sobre as provas a serem produzidas, o Juiz ordenará as "diligências


necessárias para sanar qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa
e fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal do
Júri" (art. 423, I e II do CPP).

Sorteio: É presidido pelo juiz. São sorteados 25 jurados para a reunião periódica, a qual dura um
ano. É realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da
reunião. Intimados o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Defensoria Pública
para acompanharem. Não comparecendo, não há adiamento, e o sorteio é realizado da mesma
forma. O jurado não sorteado pode ser incluído em reuniões futuras.

Pedido de dispensa de jurado e de adiamento do julgamento: Ressalvadas hipóteses de força


maior, somente será aceita escusa fundada em motivo relevante devidamente comprovado e
apresentada até o momento da chamada dos jurados (artigo 443). Os pedidos de adiamento e as
justificações de não comparecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força maior,
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previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri (artigo 457, parágrafo
1º). O jurado somente será dispensado por decisão motivada do juiz presidente, consignada na ata
dos trabalhos (artigo 444).

Composição do Tribunal do Júri: O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado e vinte e cinco
juízes leigos (jurados) que são sorteados da lista geral de jurados para a reunião periódica. Os
jurados decidem a propósito da culpa do acusado, e o juiz, além de presidir o julgamento,
estabelece a pena aplicável. Para que seja instalada a sessão se faz necessária a presença mínima
de quinze jurados. O Conselho de Sentença é composto por sete jurados.

Obs. É que não há hierarquia entre os magistrados e os jurados durante o plenário do Júri.

Para dar início aos trabalhos, é imprescindível que compareçam quinze jurados (artigo 463). Já para
a formação do Conselho de Sentença, é preciso que, após as recusas, motivadas ou imotivadas
(peremptórias), sobrem sete jurados. Se não sobrarem sete jurados dá-se o que se chama estouro
de urna. Não tem como prosseguir no julgamento. Exemplificando: comparecem 16 jurados. Destes,
o promotor recusa imotivadamente três. A defesa, por igual, recusa três. Restam dez. Destes dez,
quatro são recusados motivadamente. Sobram seis. Não é possível realizar o julgamento.

Recusa motivada: Ao contrário das recusas imotivadas, que são no máximo três, não há limite
para recusas motivadas. Uma vez que o jurado seja recusado e que a parte exponha ao juiz os
motivos, o juiz deverá, antes de decidir se aceita ou não a recusa, ouvir o jurado.

Testemunha que não comparece: Se a testemunha não comparecer, o julgamento não é adiado –
salvo se a parte tiver requerido sua intimação por mandado, declarando, na ocasião de que trata o
artigo 422, que seu depoimento é indispensável e indicando sua correta localização. Se intimada a
testemunha, não comparece, o juiz ou adia o julgamento ou ordena sua condução coercitiva. Se a
testemunha não for localizada pelo oficial de justiça no local indicado, o julgamento será realizado.
Mesmo que tenha havido declaração de imprescindibilidade na fase do artigo 422, a parte que
arrolou a testemunha, na sessão de julgamento, pode desistir do depoimento – hipótese em que o
julgamento pode ser realizado.

Uso de algemas: É vedado algemar o acusado durante o julgamento, sob pena de nulidade, salvo
se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia
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da integridade física dos presentes. A decisão que determinar que o acusado fique algemado deve
ser fundamentada. O uso de algemas é prejudicial à defesa, pois além de passar a ideia de que se
trata de réu perigoso (prejudicando a imparcialidade dos jurados), dificulta que ele se expresse
plenamente no interrogatório.

473º CPP

Instrução em plenário: Se as partes indicarem provas (artigo 422), será realizada nova instrução
processual no plenário do júri.

Inquirição do ofendido e das testemunhas da acusação: O juiz presidente, o Ministério Público,


o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomam, nesta ordem e diretamente (no processo
comum, as partes, diferentemente, fazem perguntas ao ofendido por intermediação do juiz), as
declarações do ofendido e das testemunhas da acusação.

Inquirição das testemunhas da defesa: A inquirição da testemunha é feita primeiramente pelo juiz
presidente, a seguir pelo defensor, Ministério Público, assistente e querelante.

Perguntas dos jurados ao ofendido e às testemunhas: São feitas com intermediação do juiz
presidente. Ao impedir que o jurado questione diretamente a testemunha ou o ofendido, a lei
procurou preservar a incomunicabilidade do jurado, pois, se as indagações fossem realizadas
diretamente por ele, seu eventual ânimo em relação à causa poderia transparecer.

As testemunhas não podem ser dispensadas: Após inquiridas, as testemunhas não podem ser
dispensadas, pois é admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário antes da réplica e
da tréplica (artigo 476, parágrafo 4º).

Requerimento de outras provas: As partes e os jurados podem requerer acareações,


reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos. Para a inquirição de perito em
plenário, as partes devem realizar esse pedido, com fundamento no artigo 159, parágrafo 5º, inciso
I, no prazo do artigo 422.

Leitura de documentos: As partes e jurados podem requerer a leitura de documentos. Mas não de
qualquer documento. Apenas daquelas peças que se refiram às provas colhidas por carta precatória
e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis.
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Encerrada a colheita de prova em plenário, é concedida a palavra ao promotor para promover a
acusação, a qual, face ao princípio da correlação, não pode ultrapassar os limites da pronúncia (ou
das decisões recursais relativas à pronúncia). Dessa maneira, se a pronúncia não admitiu a
acusação de homicídio qualificado, não pode o promotor, transbordando a pronúncia, sustentar a
tese qualificadora.

Defesa, réplica e tréplica: Finda a acusação é a vez da sustentação da defesa. Terminada a


defesa, o promotor pode replicar. Se o promotor fazer uso da réplica – que é facultativa –, o
defensor adquire o direito de treplicar.

Apartes: A parte que não estiver fazendo a sustentação pode apartar. É seu direito. Porém o
exercício desse direito, regulamentado pelo artigo 497, inciso XII, se dá sob a fiscalização do juiz
presidente, a quem compete coibir abusos.

Tempo da acusação e da defesa: É de uma hora e meia para cada parte, seguido de uma hora
para a réplica e outro tanto para a tréplica. Esses períodos podem ser usados em sua integralidade
ou não, a critério da parte.

Leitura da sentença: Após a votação na sala secreta, os jurados voltam aos seus lugares. Uma
vez que o juiz termine de redigir a sentença, ela é lida em plenário, devendo estar todos presentes,
a convite do presidente, de pé – uma tradição.

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: III – das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei
expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da
medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

TEORIA DOS RECURSOS

art. 5º, LV da Constituição Federal dispõe que: “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com
meios e recursos a ela inerentes”

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Conceito: meio voluntário cujo objetivo é impugnar decisões proferidas pelo judiciário no poder de
suas atribuições (por vezes proferida em primeiro grau, e outras em Tribunal), propiciando desta
feita a reanálise do quanto foi proferido ou arbitrado.

FUNDAMENTOS DOS RECURSOS

São três fundamentos para que seja possível a interposição dos recursos.

a) Falibilidade humana: o magistrado que profere uma sentença é um ser humano, um ser falível,
logo a falibilidade humana, por mais preparado que o julgador esteja, jamais poderá sair do campo
de visão de todos os envolvidos no processo penal.

b) Inconformismo: Forma de manifestação natural que tem como fim de reformar a sentença
garantindo a ampla defesa e o duplo grau de jurisdição a todos os indivíduos.

c) Duplo grau de jurisdição: Garantia do Duplo Grau de Jurisdição, previsto constitucionalmente


por meio da ratificação da Convenção Interamericana dos Direitos Humanos (Decreto 678/92 –
Pacto de São José da Costa Rica), que consiste na garantia do reexame das decisões judiciais,
permitindo que as decisões de primeira instância não sejam únicas, podendo estarem sujeitas a
uma reavaliação por uma instância superior.

Efeitos dos Recursos

Devolutivo: comum a todos os recursos. Significa que a interposição reabre a possibilidade de


análise da questão, mediante novo julgamento. Uma vez que o conhecimento da decisão recorrida é
devolvido a um órgão jurisdicional para o reexame. Transfere-se a competência para conhecimento
da causa do juízo ad quo para o tribunal ad quem.

Suspensivo: significa que a interposição de determinado recurso impede a eficácia da decisão


recorrida. Regra geral no Processo Penal é a não existência de recurso com efeito suspensivo. O
que tecnicamente ocorre é a suspensão da produção dos efeitos da decisão impugnada, devendo o
processo de execução da sentença enquanto não transita em julgado a condenação, com

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fundamento no princípio da presunção de inocência. Não é comum em todos os recursos; depende
de previsão legal.

Regressivo: Devolve para o juiz a possibilidade de alterar a decisão. Efeito atribuível a recursos em
que a lei autoriza que o mesmo órgão que proferiu a decisão judicial, exerça o juízo de retratação,
modificando-a. Não sendo a hipótese de exercer a retratação, o juiz sustentará a decisão, pelo que
manifestará juízo de sustentação.

Extensivo: eventual benefício concedido em um recurso a um réu, e se estende ao corréu que


esteja na mesma situação. Também chamado de efeito expansivo, este efeito se dá em hipótese de
concurso de agentes, sobretudo quando a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter, quando um dos corréus recorre alegando matéria de
caráter que não seja exclusivamente pessoal, este recurso irá beneficiar o consorte que não
recorreu.

Princípios dos Recursos no CPP

a) Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: O princípio do duplo grau de jurisdição visa assegurar
ao litigante vencido, total ou parcialmente, o direito de submeter a matéria decidida a uma nova
apreciação jurisdicional, no mesmo processo, desde que atendidos determinados pressupostos
específicos, previstos em lei.

O duplo grau de jurisdição é a possibilidade de realizar um reexame da matéria, é um princípio


constitucional, uma garantia decorrente do art. 5 inciso LV e deve seguir os ritos procedimentais
exigidos no CPP.

b) Princípio da Voluntariedade: No sistema brasileiro vige o princípio da voluntariedade inserto no


art. 574, caput, do CPP, cuja previsão não obriga a defesa a interpor recurso de decisão
desfavorável ao réu. Assim, os recursos, em regra, são voluntários, pois recorre apenas aquele que
possui interesse na reforma de uma decisão.

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c) Princípio da Unirrecorribilidade: como regra, para cada decisão existe um único recurso
cabível, não sendo viável combater um julgado por variados mecanismos. Além de poder gerar
decisões contraditórias, haveria insegurança e ausência de economia processual.

d) Princípio da Fungibilidade: Princípio da fungibilidade: Se a parte ingressar com o recurso


equivocado contra determinada decisão, não havendo má-fé, não será prejudicada. O juiz deve
mandar processar o recurso pelo rito do recurso cabível.

Obs. Erro grosseiro é elemento impeditivo da aplicação do princípio da fungibilidade recursal. Erro
grosseiro é aquele que evidencia completa e injustificável ignorância da parte, isto é, havendo nítida
indicação na lei quanto ao recurso cabível e nenhuma divergência doutrinária e jurisprudencial,
tornando-se absurdo o equívoco, justificando-se a sua rejeição.

e) Princípio da vedação (proibição) da “Reformatio in Pejus”: O ART. 617 DO Código de


Processo Penal veda que o Tribunal reforme para pior a pena do condenado se somente este vier é
recorrer. Porém, vindo a acusação, tanto quanto a defesa, recorrer, a pena poderá ser alterada.

f) Princípio a “reformatio in mellius”: Segundo o qual entende-se que “em apelo exclusivo do
Ministério Público, seja pleno ou parcial, ainda que vise agravar a pena, possa o Tribunal reduzir a
sanção imposta ou até mesmo absolver o réu.

Proibição do MP de desistir do recurso: O MP pode deixar de recorrer de uma sentença


absolutória. Todavia, uma vez que tenha recorrido, não pode desistir do recurso. O mesmo vale
para outros recursos, ou seja, não apenas para a apelação. Essa proibição é consequência da
indisponibilidade do processo penal.

Obs. Princípio da independência funcional art. 127, § 1º da CF.

Pressupostos Recursais

a) Objetivos:

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Cabimento: o recurso deve estar prescrito em lei. Decorrente do princípio da legalidade, é a lei que
determina a possibilidade ou não de impugnar uma determinada decisão.

Adequação: o recurso deve ser adequado à decisão que se pretende reformar. É importante
ressaltar, quanto a adequação do recurso interposto, que, de acordo com o princípio da
fungibilidade recursal, interpondo o recurso inadequado, mas estando o próprio recurso no prazo
daquele que seria o correto, não havendo a má-fé e não havendo erro grosseiro, o recurso é
conhecido.

Tempestividade: a interposição do recurso deve ser feita dentro do prazo previsto em lei.

b) Subjetivos:

Interesse Jurídico: Interesse em recorrer significa dizer que a lesão ou ameaça ao direito que não
foi reparada pela decisão somente poderá ser convalescida se houver, novamente, intervenção do
juiz, agora, em segundo grau de jurisdição.

Exemplo 386 I e II CPP

Juízo de admissibilidade: para sua admissibilidade é necessário esclarecer que um recurso


somente é viável quando presentes todos os seus pressupostos objetivos e subjetivos.

Obs. O juízo de admissibilidade dos recursos antecede lógica e cronologicamente o exame do


mérito. É formado de questões prévias. Estas questões prévias são aquelas que devem ser
examinadas necessariamente antes do mérito do recurso, pois lhe são antecedentes.

APELAÇÃO

CONCEITO: É o recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a


segunda instância, com o fim de que se proceda ao reexame da matéria, com a consequente
modificação parcial ou total da decisão.

O Recurso de apelação é considerado recurso ordinário por excelência, pois seu efeito devolutivo é
o mais amplo possível, na apelação de modo geral eu tenho uma fundamentação livre, eu posso

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trabalhar com todos os elementos descritos no processo, eu posso pedir nulidade de uma prova, eu
posso atacar a sentença eu posso realizar qualquer argumento dentro do recurso de apelação.

Com exceção da apelação quando se tratar do procedimento especial do tribunal do júri, quando a
apelação de sentença condenatória ou absolutória do tribunal do júri eu só poderei tratar dos
assuntos de forma vinculada ao art. 593, III do CPP.

Espécies de apelação:

Plena ou ampla: quando eu apelo de toda a decisão (sentença)

Parcial ou restrita: que é quando eu ataco apenas uma parte da decisão, parte a qual eu não
concordo. Exemplo eu posso concordar com a condenação, mas não concordo com a pena
estipulada e discordo somente disso.

As hipóteses de cabimento da apelação, estão previstas no art. 593 do CPP:

A) DAS SENTENÇAS DEFINITIVAS DE CONDENAÇÃO OU ABSOLVIÇÃO PROFERIDAS POR


JUIZ SINGULAR (artigo 593, inciso I, do CPP)

Conceito: Cabe apelação nas sentenças definitivas de condenação ou absolvição. São as decisões
que põem fim à relação jurídica processual, julgando o seu mérito, quer absolvendo, quer
condenando o acusado.

Em resumo, é muito simples a interpretação do inciso I do art 593 em caso de absolvição ou


condenação caberá às partes apelar sobre essa decisão.

Observação é que essa sentença deve ser proferida por juiz singular ou seja, juiz de primeira
instância, então cabe apelação contra acórdão? Não!

Exemplo: Prerrogativa de função, prefeito foi denunciado perante o Tribunal de Justiça, ao final foi
condenado pelo colegiado de desembargadores. Não cabe apelação contra acórdão condenatório.
O recurso cabível neste caso é o Recurso Especial ou Recurso Extraordinário.

Crime político, previsto na lei de segurança nacional, competência do Juiz Federal e o recurso
cabível é o Recurso Ordinário Constitucional destinado ao STF, conforme determina o art. 102, II, b
da CF/88.
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B) DAS DECISÕES DEFINITIVAS, OU COM FORÇA DE DEFINITIVAS, PROFERIDAS POR JUIZ


SINGULAR NOS CASOS NÃO PREVISTOS NO CAPÍTULO ANTERIOR (artigo 593, inciso II, do
CPP)

Cabe, ainda, apelação das sentenças que, julgando o mérito, põe fim à relação jurídica processual
ou ao procedimento, sem, contudo, absolver ou condenar o acusado.

Logo, no caso, consistem na hipótese de decisões interlocutórias mistas (definitivas ou com força de
definitivas), que não integram o rol do art. 581, sendo, assim, cabível, na forma residual, portanto, o
recurso de apelação, previsto no inciso II do art. 593.

Exemplo a decisão de impronúncia do tribunal do júri, a impronúncia é uma decisão interlocutória


terminativa, pois ela termina com o processo sem julgamento do seu mérito.

Tanto a defesa poderá apelar para que seja decretada a absolvição do réu já que a impronúncia do
réu diz respeito a falta de indícios suficientes para autoria e materialidade dos crimes doloso contra
a vida, como também poderá a acusação se valer deste recurso, entendendo que existem
elementos suficientes para comprovação da materialidade e autoria.

c) DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI

Obs. Quando a apelação atacar o mérito da decisão do conselho de sentença, o tribunal não poderá
modificar essa decisão, a soberania do votos dos jurados é um princípio constitucional e trata-se de
cláusula pétrea, o que pode ocorrer com Acórdão é anular o julgamento e enviar o acusado para um
segundo julgamento com um novo corpo de jurados.

Diferente é quando a decisão atacada for contra a decisão do juiz presidente (divisão de tarefas do
tribunal do júri), o juiz presidente decide questões de direito e o conselho de sentença decide se o
réu é culpado ou inocente. Neste caso eu aceito a condenação do réu mas não concordo com as
disposições do juiz presidente.

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Segundo a Súmula 713 do STF a apelação contra tribunal do júri tem fundamentação vinculada, ou
seja, eu só posso tratar dos assuntos descritos na lei, fora o que determina as alíneas a, b, c e d do
III do art 593 nada poderá ser discutido, ou seja, eu não posso ir além daquilo que o código
determina.

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

É quando ocorre algum erro procedimental dentro do procedimento especial do tribunal do júri.
Então após o juiz presidente intimar as partes sobre a pronúncia do réu, ou seja, depois de colocar
a lide para a apreciação do conselho de sentença, o juiz presidente na sua divisão constitucional de
tarefas cuida dos atos jurisdicionais e procedimentais, para sua regularidade e para que não ocorra
nenhuma nulidade.

Exemplo: Vamos imaginar que para compor o conselho de sentença serão sorteados 25 jurados e o
quórum mínimo obrigatório é de 15 presentes no dia da audiência de instrução e julgamento, para
que seja possível o sorteio dos 07 jurados que irão compor o conselho de sentença.

Se no dia de escolha dos jurados para compor o conselho de sentença estiverem presentes apenas
14 sorteados e mesmo assim ocorrer a audiência de instrução e julgamento, será uma ato
procedimental contrário ao que determina a norma, então trata-se de nulidade e o processo retorna
a sua origem e um novo julgamento será realizado.

Exemplo 02: art 479 do CPP prazo de 03 dias úteis para inclusão da prova e intimação da outra
parte antes da audiência de instrução e julgamento.

Obs. Neste caso a fundamentação da apelação fica adstrita a questões de nulidade do processo,
fundamentação.

b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;

Exemplo: Condenação por homicídio simples e o juiz a fazer a dosimetria da pena em regime
integralmente fechado, isso fere o princípio da individualização da pena, primeiramente, pois entre
os dispositivos constitucionais proíbe a pena no regime integralmente fechado sem a possibilidade
de progressão de regime.

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A fundamentação da apelação é adstrita única e exclusivamente a decisão do juiz que é contrária a
norma, não se discute as provas ou mérito.

Obs. Neste caso não há um novo julgamento, o tribunal poderá modificar a decisão, pois não
discutiu o mérito.

Outra hipótese de apelação é quando os jurados resolvem absolver o réu e o juiz presidente
contrariamente a decisão dos jurados o condena à pena privativa de liberdade, ou vice versa, os
jurados decidem condenar e ele absolve.

O juiz presidente do tribunal do júri fica vinculado à decisão de mérito estabelecida pelo júri, não
pode e nem deve aplicar as questões de direito de forma diversa.

c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;

Ocorre quando o juiz presidente não faz a correta dosimetria da pena.

Exemplo: Um homicídio simples e o juiz impõe uma condenação de 20 anos e sem fundamentar o
motivo de chegar neste cálculo. Pode o tribunal entender correto fazer alteração da pena imposta.

d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Ocorre quando não há nenhuma prova para condenação e ainda assim o réu foi condenado, ou
quando todas as provas apresentadas na sessão de julgamento indicam a materialidade e autoria e
o réu é absolvido.

Obs. Quando eu tiver fragilidade probatória, ou seja, quando há provas de defesa e acusação
apresentadas nos autos, em decorrência da íntima convicção dos jurados, não é possível a
interposição do recurso.

Neste caso, é preciso um novo julgamento com um novo conselho de sentença e o tribunal não
pode modificar o mérito.

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Obs. Ocorre o novo julgamento, tenho a mesma decisão, posso apelar novamente? §3 do 593 CPP.
Só posso utilizar a apelação neste caso uma única vez.

Aspectos procedimentais

Art. 587 CPP

Possibilidade de interposição a termo (na audiência de instrução e julgamento) ou por petição.

Juizado especial criminal lei 9.099/96 – 82§1º a apelação só pode ser interposta mediante petição
nos autos. Não existe a possibilidade de interpor a apelação por termo.

Prazo:

Art. 593 do CPP: O prazo para apelar da decisão é de cinco dias. Apresentado o recurso, o
apelante será intimado para apresentar as razões de apelação (se essas já não constarem da
petição que deu ingresso ao recurso), no prazo de oito dias (artigo 600)

Obs. Prazo para apelar na Lei dos Juizados Especiais: Na LJE (Lei n. 9.099/95), em vez de cinco, o
prazo para apelar é, conforme o artigo 82, §1º é de dez dias, sendo que o recurso é interposto por
petição, na qual já deverão constar as razões recursais.

Obs. Preparo do recurso: O preparo consiste no recolhimento das custas e do porte de remessa e
retorno do recurso. A ausência de preparo implica deserção, que é o abandono da causa pelo não
pagamento das custas. No processo civil, resulta em não conhecimento do recurso. No processo
penal, não. A exigência de preparo no processo penal viola os princípios constitucionais da
presunção de inocência e da ampla defesa. As custas só podem ser exigidas do acusado depois do
trânsito em julgado da condenação.

Nos termos da Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da data da
intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou carta precatória ou ordem”.

A competência para julgar a apelação:

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No juízo comum a competência é do TJ/TRF e no Jecrim é a Turma Recursal

Quais são os efeitos da apelação?

Efeito devolutivo: Acontece quando você faz a apelação e a decisão é a de devolver o processo
ao Tribunal de Justiça, para que seja reanalisado, seja totalmente ou parcialmente.

Portanto, é possível que, caso você tenha sido condenado, após a apelação, haja uma absolvição
ou diminuição da pena.

Efeito extensivo: A apelação pode gerar efeitos extensivos. Por exemplo, digamos que você é
acusado de um crime ao lado de mais duas pessoas, e o juiz profere uma sentença condenando os
três. Seu advogado, então, recorre da decisão. No entanto, os advogados dos outros dois acusados
não o fazem.

Caso o Tribunal de Justiça decida pela absolvição, os efeitos da decisão poderão ser estendidos
aos outros dois, mesmo que eles não recorram da sentença condenatória.

Efeito suspensivo: Em alguns casos, a apelação pode provocar, também, efeitos suspensivos. Por
exemplo, você é condenado a uma pena restritiva de liberdade. No entanto, seu advogado apela
desta decisão solicitando a sua absolvição.

A apelação provocará uma efeito suspensivo da decisão condenatória até que o colegiado decida
acerca da apelação. Assim, você ficará em liberdade até este momento.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - Base legal: art. 581 do CPP

O recurso em sentido estrito visa à impugnação de decisões interlocutórias, logo, seu cabimento
está restrito às hipóteses expressamente previstas em lei (rol do artigo 581 do CPP), por isso diz-se
que se trata de um rol taxativo de hipóteses de cabimento.

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Outro aspecto preliminar importante de ser frisado é que o RESE se dirige somente contra decisão
de juiz singular, nunca pode ser interposto contra decisões de órgãos colegiados dos Tribunais ou
decisões monocráticas de relator nos processos.

Utilização residual do RESE:

Se a decisão é anterior à sentença definitiva de condenação ou absolvição – verificar o 581 do CPP.

Se a decisão está inserida na sentença (condenatória ou absolutória) – Apelação

Se a decisão for proferida em trânsito em julgado da sentença – Agravo de Execução – art 197 da
LEP.

Leitura Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo
recorrente ou por seu representante (CPP)

O recurso em sentido estrito pode ser interposto por petição ou por termos nos autos, conforme o
art. 587, caput, CPP. É formado por petição de interposição de recurso mais razões recursais
quando o recorrente interpõe o RESE e apresenta as razões inclusas, conjuntamente. Por outro
lado, se já houve prévia interposição, a peça será formada por petição de juntada e razões
recursais.

Prazo: Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.

Segundo o art. 586, caput, do CPP, o recurso em sentido estrito deve ser interposto no prazo de 05
(cinco) dias.

Interposto o RESE no prazo de 05 (cinco) dias, os autos serão conclusos ao magistrado para o juízo
de admissibilidade.

Preenchidos seus pressupostos, a impugnação será recebida pelo juízo a quo, que deve notificar as
partes, primeiro o recorrente, depois o recorrido, para apresentação das razões e contrarrazões
recursais, cada qual no prazo de 02 (dois) dias (art. 588, caput, CPP).

Quanto ao RESE, não existe a possibilidade de se arrazoar na segunda instância, tal qual está
previsto em relação à apelação (art. 600, § 4º, CPP). Isto porque o RESE é dotado do juízo de
retratação, e é indispensável que as razões sejam apresentadas em primeiro grau de jurisdição,
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permitindo que o juiz possa retratar ou confirmar sua decisão, antes de remeter os autos à instância
superior.

Processamento do RESE

Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de
dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados
que Ihe parecerem necessários.

Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição,
poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste
caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.

Juízo de retratação: Antes do juiz de primeira instância encaminhar os autos para tribunal, quando
eu apresento as razões do RESE e a parte contrária também apresentar as contrarrazões o juiz irá
analisar os argumentos de fato e de direito e poderá exercer a modificação daquela decisão
interlocutória, pelo juízo de retratação.

Competência: Competência para julgamento do RESE é do TJ ou TRF , vai depender da


competência estadual ou federal.

Efeitos do RESE

Efeito devolutivo: como ocorre com todos os recursos, o RESE possui efeito devolutivo, o que
significa a restituição ao Poder Judiciário da possibilidade de revisar decisão atacada, objetivando a
reforma, a invalidação, a integração ou seu esclarecimento da decisão impugnada.

Efeito regressivo: possui, ainda, efeito regressivo, eis que permite ao próprio juiz prolator retratar-
se da decisão recorrida antes da remessa ao juízo ad quem. A previsão legal deste efeito encontra-

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se no art. 589 do CPP, dispondo que “com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso
concluso ao juiz, que, dentro de 2 (dois) dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando
instruir o recurso com os traslados que lhe parecerem necessários”.

Efeito extensivo: a decisão do recurso interposto a um dos acusados no caso de concurso de


agentes, desde que fundada em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos demais. (art. 580 do CPP).

Efeitos suspensivos: O recurso em sentido estrito, como tem por objeto decisões interlocutórias,
não tem efeito suspensivo, como regra.

IDENTIFICAÇÃO

Se, ao final da 1ª fase do procedimento do júri, o juiz proferir uma decisão de pronúncia, contra essa
decisão cabe recurso em sentido estrito.

CONTEÚDO

A) Preliminares: As questões preliminares são aquelas que não observam aspectos formais de
determinado ato processual, gerando, invariavelmente, nulidade. Aqui, por questão de organização,
recomenda-se que as causas extintivas de punibilidade, notadamente prescrição, sejam abordadas
no campo destinado às preliminares.

B) Mérito: nas peças práticas profissionais deverá ser desenvolvida uma tese que, ao final,
viabilizará o correspondente pedido. Ou seja, somente se aborda na peça aquilo que, ao final,
poderá ser objeto de pedido.

No caso do recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia, as teses de mérito guardam
relação com as hipóteses que podem ensejar decisão de: a) impronúncia (art. 414 do CPP); b)
absolvição sumária (art. 415 do CPP); c) ou desclassificação (art. 419 do CPP).56

Eventuais teses subsidiárias podem consistir no afastamento da qualificadora e/ou de causa de


aumento de pena.

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Hipóteses de cabimento deste recurso:

01º Observação é sobre o art. 197 da LEP, revogou tacitamente os dispositivos previstos no art. 581
quando se tratar de decisões na fase de execução.

a) Não recebimento da denúncia ou queixa (artigo 581, inciso I, do CPP)

Cabe RESE da decisão que não receber a denúncia ou a queixa. As causas de rejeição da peça
acusatória estão listadas no art. 395 do CPP, quais sejam: I – for manifestamente inepta; II – faltar
pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; III – faltar justa causa para o
exercício da ação penal.

Súmula 707 STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra-
razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.

Súmula 709 STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.

JECRIM não cabe RESE art. 82 da Lei 9.099/95 no prazo de 10 dias

b) Concluir pela incompetência do juízo (artigo 581, inciso II, do CPP)

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Cabe RESE da decisão que concluir a incompetência do juízo. Caso o juiz decline de ofício de sua
competência, ambas as partes estão legitimadas a interpor o RESE. Provocado acerca de sua
incompetência no curso do processo penal, o recurso cabível contra a decisão que concluir pela
incompetência do juízo também será o RESE.

Obs. Desclassificação da competência do Tribunal do Júri.

c) Julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição (artigo 581, inciso III do CPP)

É cabível RESE das decisões que julgam procedentes as exceções, exceto a decisão que julga
procedente a exceção de suspeição. São cinco as exceções previstas no art. 95 do CPP:
incompetência do juízo, litispendência, coisa julgada, ilegitimidade de parte e suspeição. Além
destas, também pode ser arguido por meio de exceção o impedimento, uma vez que o art. 112 do
CPP dispõe que a este se aplicam as disposições pertinentes à exceção de suspeição.

d) Que pronunciar o réu (artigo 581, inciso IV, do CPP)

Caberá RESE da decisão de pronúncia.

Obs. O início do julgamento ficará suspenso até a decisão do Tribunal

e) Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de
prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em
flagrante (artigo 581, inciso V, do CPP)

Caberá RESE da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança. Só
poderão ser impugnadas por meio de RESE as decisões judiciais relativas à fiança. As decisões da
autoridade policial nos casos de fiança não podem ser impugnadas por meio de RESE.

Obs. Não cabe RESE das decisões do DELEGADO (até 04 anos pode arbitrar fiança);

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Obs. Indeferimento da prisão temporária ou de uma medida cautelar diversa da prisão? Neste caso
cabe o RESE pela interpretação extensiva do CPP art 03º.

f) Cabe recurso em sentido estrito para situações em que o juiz repute quebrada a fiança ou
perdido o seu valor.

O quebramento da fiança ocorrerá nas seguintes situações: Quando o afiançado descumpre as


obrigações legais pertinentes à fiança concedida (arts. 327 e 328), quais sejam, o comparecimento
a todos os atos do inquérito ou processo, sempre que chamado; não mudar de residência sem
prévia comunicação à autoridade respectiva e não se afastar de sua residência por mais de oito dias
sem comunicação à polícia ou juízo. Também ocorrerá o quebramento quando configuradas as
hipóteses do art. 341 do CPP, estabelecendo que se reputará quebrada a fiança quando o
afiançado regularmente intimado para ato do processo deixar de comparecer, sem motivo justo;
deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; descumprir medida cautelar
imposta cumulativamente com a fiança; resistir injustificadamente a ordem judicial; e praticar nova
infração penal dolosa.

Por sua vez, o perdimento da fiança consiste na perda definitiva da totalidade do valor pago. Dá-se
quando o afiançado, condenado, não se apresenta para o início do cumprimento da pena
definitivamente imposta. Neste caso, depois de deduzidas as custas e demais encargos a que o
acusado estiver obrigado, será o valor da fiança recolhido ao fundo penitenciário (art. 345).

g) Que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade (artigo 581, inc.
VIII, CP)

Será cabível o RESE quando a extinção da punibilidade se der fora da sentença condenatória e
alheia ao juízo das execuções criminais, previsto no art. 581, VIII, do CPP. Exemplo: Extinção da
punibilidade no curso do processo em face da prescrição do crime (art. 107, IV, do CP).

As causas extintivas de punibilidade encontram-se no artigo 107 do Código Penal, um rol


exemplificativo. Este rol não é taxativo, devendo ser incluídas outras causas previstas na lei penal
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comum ou especial, tais como o decurso do prazo do sursis, da suspensão condicional do processo
e do livramento condicional.

h) Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da


punibilidade (artigo 581, inc. IX do CPP)

Também é admissível, segundo o CPP, interpor RESE contra a decisão que indeferir o pedido de
reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade, porém, nada impede que
a defesa utilize, contra a mesma decisão, o habeas corpus, nos termos do artigo 648, VII, do CPP.
Renato Brasileiro explica o porquê:

Por se revelar um instrumento muito mais célere, o “habeas corpus” pode ser útil para fazer cessar
eventual constrangimento à liberdade de locomoção do acusado, diferenciando-se do RESE por não
permitir, em seu julgamento, o exame aprofundado da prova dos autos.

i) Que conceder ou negar a ordem de habeas corpus (artigo 581, inc. X, do CPP)

É admissível a interposição de RESE contra a decisão de juiz de primeira instância que conceder ou
negar ordem de HC. Vale lembrar também que eventual concessão da ordem de HC pelo juiz de
primeiro grau está submetida ao reexame necessário (art. 574, inc. I do CPP).

Ademais, o RESE interposto contra decisão concessiva da ordem de HC pode ser interposto pelo
MP, pelo querelante e pelo assistente de acusação. Quanto ao assistente de acusação, sua
intervenção está restrita à fase processual.

Apesar dessa hipótese de RESE no CPP, a defesa pode utilizar, contra a mesma decisão, o habeas
corpus (art. 648, CPP).

j) Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte (artigo 581, inc. XIII, do
CPP)

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É cabível a interposição de RESE em face de decisão que anular o processo de instrução criminal,
no todo ou em parte. Deve-se ressaltar que a expressão “instrução criminal” deve ser interpretada
em sentido amplo, no sentido de fase judicial.

k) Que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (artigo 581, inc. XIV, do CPP)

Prevê o cabimento de RESE contra a decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir.

A doutrina diverge-se quanto ao previsto neste inciso, havendo duas correntes de pensamento,
vejamos.

Para uma primeira corrente, a qual filia-se Renato Brasileiro, o dispositivo em comento deve ser lido
em cotejo com as recentes mudanças produzidas pela Lei nº 11.689/08, que alterou o procedimento
do Tribunal do Júri.

O artigo 426 do CPP disciplina que a lista geral dos jurados, com a indicação das correspondentes
profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em
editais afixados à porta do Tribunal do Júri. Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a
446 do CPP. Segundo o § 1º do artigo 426, esta lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante
reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua
publicação definitiva.

Nesse sentido está firmado o entendimento do autor que segue:

"A nosso ver, se o art. 426, § 1º do CPP, com redação determinada pela Lei nº 11.689/08, passou a
prever instrumento específico para impugnação da lista geral dos jurados – reclamação de qualquer
do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro -, isso significa dizer que houve a revogação
tácita do art. 581, XIV, do CPP, que previa o cabimento de RESE contra a decisão que incluísse
jurado na lista geral ou dela o excluísse. (LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal.
Salvador: Juspodivm, 6ª ed., 2018, pág. 1729)"

Entretanto, existe uma segunda corrente de pensamento, há quem entenda que mesmo com as
mudanças produzidas pela Lei nº 11.689/08, que prevê a reclamação de qualquer do povo ao juiz

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presidente até o dia 10 de novembro, ainda é cabível RESE contra a lista geral dos jurados. Só que
essa hipótese de cabimento possui características próprias, conforme excerto que segue:

"... no caso do inc. XIV a interposição é feita no prazo de 20 dias, cabendo o seu julgamento ao
desembargador-presidente do tribunal (arts. 582, parágrafo único, e 586, parágrafo único, ambos do
CPP). Além disso, este RSE pode ser deduzido não apenas pelo Ministério Público e advogados,
como por qualquer pessoa (desde que representada por advogado) que resida na comarca
abrangida pela lista, até mesmo o próprio jurado incluído ou excluído. (AVENA, Norberto. Processo
Penal.10ª edição. Ed Gen e Método. Rio de Janeiro, 2018, pág. 1425)"

Além dessa hipótese de cabimento de RESE possuir 20 dias de prazo, contados da data da
publicação definitiva da lista de jurados, seu julgamento compete ao Presidente do respectivo
Tribunal.

l) Que denegar a apelação ou a julgar deserta (artigo 581, inc. XV, do CPP)

Via de regra, o recurso correto contra a decisão denegatória de recurso interposto ou impeditiva de
sua expedição é a carta testemunhável, trata-se de uma exceção essa positivada no artigo 581, inc.
XV, do CPP, contra decisão que denegar a apelação ou julgar deserta é cabível RESE.

Ocorre a denegação da apelação quando verificada a ausência dos pressupostos objetivos e


subjetivos de admissibilidade recursal. Apesar de haver duplo juízo de admissibilidade, pelo juízo a
quo e pelo ad quem, tal hipótese de cabimento de RESE destina-se somente à impugnação da
denegação da apelação pelo juízo de 1ª instância (a quo), pois o RESE dirige-se somente contra
decisão de juiz singular, nunca contra decisões de órgãos colegiados ou decisões monocráticas do
relator.

A segunda parte deste inciso trata da deserção, que é uma causa de extinção anômala do recurso.
Persiste uma única hipótese de deserção no CPP, que é a deserção por falta de preparo do recurso
do querelante em crimes de ação penal exclusivamente privada, já que a hipótese outrora prevista
no art. 595 do CPP – fuga do acusado nas hipóteses em que a lei impõe seu recolhimento à prisão
para apelar- foi expressamente revogada pela Lei nº 12.403/11.

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m) que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial.

Questões prejudiciais são as matérias que devem ser apreciadas pelo juiz antes de julgar a lide
principal, relativas a um elemento constitutivo do crime e que subordinam, necessariamente, a
decisão da causa. Em tais casos, há relação de dependência lógica entre a questão prejudicial e a
questão principal (ou prejudicada).

n) Que decidir sobre o incidente de falsidade (artigo 581, inc. XVIII, CPP)

O dispositivo refere-se à decisão proferida no processo incidente de falsidade (artigo 145 a 148,
CPP) instaurado a pedido de alguma das partes para constatar a autenticidade de documento que
se suspeita falso. O RESE será cabível tanto na hipótese de procedência quanto de improcedência
do pedido incidental.

o) que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado

Por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei
de Execução Penal (Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido
estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.

p) que impuser medida de segurança por transgressão de outra

Do mesmo modo, ocorreu a revogação tácita do inciso, por se tratar de decisão proferida pelo juízo
de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal (Lei nº 9.210/1984), tal
decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execução, nos
termos art. 197, da Lei de Execução Penal.

r) que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774


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Mesmo raciocínio dos artigos anteriores, trata-se de um incidente de execução da pena impugnável
por meio de agravo em execução.

s) que revogar a medida de segurança

Vide itens anteriores sobre medida de segurança.

t) que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;

Vide comentários anteriores.

u) que converter a multa em detenção ou em prisão simples.

O art. 51, CP, com a redação que lhe deu a Lei 9.268/1996, não mais admite a conversão da multa
de pena privativa de liberdade. Com a alteração do artigo 51 do CP, que passou a prever que,
transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-
se-lhes as normas da legislação referente à dívida ativa da Fazenda Pública, conclui-se que este
inciso foi tacitamente revogado pela Lei nº 9.268/96, que deixou de prever a possibilidade de
conversão de pena de multa em detenção ou prisão simples. Caso haja desrespeito à nova redação
do artigo 51 do CP e seja determinada a conversão, esse constrangimento ilegal à liberdade de
locomoção dará direito à impetração de "habeas corpus", mas não de RESE.

AGRAVO EM EXECUÇÃO:

O Agravo em Execução Penal, disposto no artigo 197 da LEP (Lei de Execução Penal) consiste em
uma forma de recurso utilizado na impugnação de toda e qualquer decisão, despacho ou sentença
prolatada pelo juiz da vara da execução criminal, que de alguma forma prejudique as partes
principais envolvidas no processo.

“das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”
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É recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias proferidas no curso da execução
criminal, disciplinada na Lei nº 7.210/84. Não há um rol taxativo, sendo cabível para impugnar
qualquer decisão proferida pelo juízo da execução penal, cuja competência é definida no artigo 66
da LEP (Lei nº 7.210/84), como, por exemplo, em relação aos seguintes temas:

IDENTIFICAÇÃO:

PALAVRA MÁGICA: DECISÃO PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO - PEÇA: AGRAVO EM EXECUÇÃO

RITO E COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO:

A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução, definindo,
apenas, no seu art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem
efeito suspensivo”.

Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência amplamente dominante adotam o entendimento no


sentido de que deve ser adotado o mesmo rito do recurso em sentido estrito, notadamente no que
se refere ao prazo, ao juízo de retratação e ao processamento.

Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 STF, segundo a qual “É de para a interposição
de agravo contra a decisão do juiz da execução penal.”.

A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que proferiu a decisão, para que
este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação.

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As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente (Tribunal de Justiça, se da
competência da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da competência da
Justiça Federal).

Interposição: 5 dias Razões: 2 dias

EFEITOS

Assim como no recurso em sentido estrito, o agravo em execução possui efeito regressivo, uma vez
que a interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão,
mantendo-a ou reformando-a, aplicando-se analogicamente o artigo 589, “caput”, do CPP.

Se o juiz manter a decisão, determinará a remessa dos autos à instância superior; se reformá-la, o
recorrido, por simples petição, e dentro do prazo do prazo de cinco dias, poderá requerer a subida
dos autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz.

Nos termos do artigo 197 da LEP, o agravo em execução, em regra, não tem efeito suspensivo. Ou
seja, as decisões proferidas em sede de execução penal devem ser, via de regra, imediatamente
executadas.

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