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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE LARANJEIRAS DO SUL/PR

Autos nº 0001523-39.2022.8.16.0104

Natureza: Termo Circunstanciado

Investigado(a): Paulo Bauer

Meritíssimo(a) Juiz(a),

01. Relatório

Trata-se do termo circunstanciado instaurado em desfavor de Paulo Bauer em

razão da prática, em tese, da conduta descrita nos artigos 147, caput, do Código Penal.

A suposta infração penal foi cometida em 15 de junho de 2020, conforme

narrado no boletim de ocorrência mov. 11.1 e oitiva das partes mov. 11.2.

Vieram os autos com vista ao Ministério Público para manifestação.

É o breve relato.

02. Da prescrição da pretensão punitiva

Verifica-se que a infração penal supostamente ocorreu na data de 15 de


junho de 2020, sem que tenha ocorrido marco interruptivo da prescrição.

Os crimes imputados em desfavor do investigado possui a seguinte pena, in


verbis:

 Ameaça

Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
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Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. (Grifo nosso)

Desta forma, a prescrição do delito ocorre em 04 (quatro) anos, conforme o


artigo 109, inciso VI, do Código Penal, que dispõe:

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença


final, salvo o disposto no parágrafo único do art. 110, regula-se
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se: (…)

VI – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1


(um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

Sendo assim, considerando o lapso temporal entre a data dos fatos


(15.06.2023) e a presente data, denotam-se passados mais de 03 (três) anos para
efeito da contagem do prazo prescricional, não se vislumbrando a superveniência de
nenhuma causa interruptiva (art. 117, CP), resta inevitavelmente frustrado o
exercício da pretensão punitiva do Estado em face do advento da prescrição
propriamente dita, em observância à previsão contida no art. 107, IV, e art.
109, VI, c/c art. 115, todos do Código Penal.

O forçoso reconhecimento da prescrição reflete a tutela penal insuficiente


que, nas palavras do Procurador de Justiça do Estado do Paraná FÁBIO ANDRÉ
GUARAGNI, inviabiliza que as legítimas funções da pena se concretizem. Nas palavras do
autor:

“(...) a incidência da prescrição deve operar em níveis de


razoabilidade e não ser demasiada por força de anomalias de
ordem técnica verificadas de lege lata, capazes de comprometer a
atuação do Direito Penal e frustrar as linhas de política criminal
adotadas pelo Estado.” (GUARAGNI, Fábio André. Prescrição Penal e
Impunidade. Curitiba: Juruá, 2000. pág. 143).
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Logo, ocorrido o crime, nasce para o Estado a pretensão de punir o autor do fato
criminoso, que deve ser exercida dentro de determinado lapso temporal, que varia de
acordo com a figura criminosa e segundo o critério do máximo cominado em abstrato da
pena privativa de liberdade.

Uma vez escoado esse prazo, que é submetido a interrupções ou suspensões


previstas em lei, sem que o Estado tenha exercido seu poder de punir o infrator, ocorre a
prescrição da pretensão punitiva, que nada mais é do que a perda do direito de penitenciar,
carecendo o direito de ação do Estado, pelo decurso do tempo transcursado sem o seu
exercício, inibindo toda e qualquer decisão condenatória.

A prescrição em matéria criminal é de ordem pública e, em qualquer fase do


processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-la de ofício (CPP, art.
61), ou no caso de requerimento do Ministério Público, de acordo com o previsto no CPP,
do art. 61, parágrafo único.

Ressalte-se que para o cálculo do lapso prescricional são irrelevantes as


circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas, as quais não influem na quantificação da
pena, segundo pacífica jurisprudência e o preconizado na Súmula 220, do STJ, de
12/05/1999 – DJ 19.05.1999: “a reincidência não influi no prazo da prescrição da
pretensão punitiva”.

03. Conclusão

Ex positis, em razão do advento da prescrição da pretensão punitiva, não resta


alternativa que não há declaração da extinção da punibilidade do investigado
Paulo Bauer, com relação ao fato objeto deste inquérito policial, com fundamento no
artigo 107, inciso IV, e artigo 109, inciso VI, c/c art. 115, todos do Código Penal, com as
comunicações e baixas necessárias e posterior arquivamento dos presentes autos.

Laranjeiras do Sul-PR, datado e assinado digitalmente.

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Cláudia Juliana Almeida Erbano


Promotora de Justiça

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