Você está na página 1de 42

#costurandoatoga

 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Elaborado inteiramente por Diovane Franco Rodrigues com base no livro do Daniel
Assumpção, do Fredie Didier e Ravi Peixoto (CPC Anotado/2018), jurisprudência e
súmulas selecionada no Buscador Dizer o Direito e anotações do meu caderno, com
chuva de súmulas.

COMPETÊNCIA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
1. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA .......................................................................................... 4
1.1. COMPETÊNCIA RELATIVA.................................................................................................................... 4
1.1.1. Legitimado para arguir a incompetência relativa .............................................................. 4
1.1.2. Reconhecimento de ofício da incompetência relativa ........................................................ 5
1.1.3. Momento para alegação da incompetência relativa ......................................................... 5
1.2. COMPETÊNCIA ABSOLUTA .................................................................................................................. 6
1.2.1. Legitimado para arguir incompetência absoluta ............................................................... 6
1.2.2. Momento de arguição da incompetência absoluta............................................................ 6
1.3. PROCEDIMENTOS ............................................................................................................................. 6
1.3.1. Forma de alegação da incompetência ............................................................................... 6
1.3.2. Reconhecimento da incompetência e os atos processuais já praticados ........................... 7
1.3.3. Do conflito de competência – procedimento no Tribunal – Arts. 951 e seguintes ............. 8
1.4. RESUMO DE COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA ................................................................................ 10
2. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA ............................................................................. 11
3. LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL ............................................................................................. 11
1 3.1.
3.2.
INTRODUÇÃO – PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE.......................................................................................... 11
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL CONCORRENTE E EXCLUSIVA ................................................................... 11
3.3. LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL ....................................................................................................... 12
4. ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA ......................................................................................................... 12
4.1. COMPETÊNCIA TERRITORIAL ............................................................................................................. 12
4.1.1. Foro comum (ou geral ou ordinário) – art. 46 do CPC ...................................................... 13
4.1.2. Direito real imobiliário – art. 47 do CPC ........................................................................... 13
4.1.3. Inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de íltima vontade,
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e ações em que o espólio for réu – art. 48 do CPC
14
4.1.4. Réu ausente – art. 49 do CPC ........................................................................................... 14
4.1.5. Réu incapaz – art. 50 do CPC ............................................................................................ 14
4.1.6. União ................................................................................................................................ 14
4.1.7. Competência por delegação – art. 109, §3º, da CF .......................................................... 14
4.1.8. Estado ou Distrito Federal ................................................................................................ 15
4.1.9. Ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de
união estável – art. 53, I, do CPC. ...................................................................................................... 16
4.1.10. Ação de alimentos – art. 53, II, do CPC ............................................................................. 16
4.1.11. Pessoa jurídica como réu – art. 53, III, “a”, do CPC. ......................................................... 16
4.1.12. Obrigações contraídas pela agência ou sucursal – art. 53, III, “b”, do CPC ...................... 16
4.1.13. Sociedade ou associação que carece de personalidade jurídica figurar como ré – art. 53,
III, “c”, do CPC .................................................................................................................................... 16
4.1.14. Obrigação a ser cumprida – art. 53, III, “d” do CPC ......................................................... 16
4.1.15. Direitos previstos no Estatuto do Idoso – art. 53, III, “e”, do CPC .................................... 16
4.1.16. Sede da serventia notarial ou de registro – art. 53, III, “f” do CPC ................................... 16

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

4.1.17. Reparação de dano – art. 53, IV, “a”, do CPC................................................................... 17


4.1.18. Administrador ou gestor de negócios alheios figurando como réu – art. 53, IV, “b” do
CPC. 17
4.1.19. Reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos – art. 53, V, CPC
17
4.2. COMPETÊNCIA FUNCIONAL............................................................................................................... 17
4.2.1. Conceito............................................................................................................................ 17
4.2.2. Competência funcional ou competência territorial absoluta ........................................... 18
4.2.2.1. Artigo 47 do CPC – Ações reais imobiliárias ............................................................................... 18
4.2.2.2. Art. 2º da Lei 7.347/85 – Ação civil pública ................................................................................ 18
4.3. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA ............................................................................................... 18
4.4. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA ................................................................................................. 19
4.5. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA.................................................................................... 19
4.5.1. Juizados Especiais Estaduais – Lei 9.099/95 ..................................................................... 19
4.5.2. Juizados Especiais Federais – Lei 10.259/01..................................................................... 19
4.5.3. Juizados Especiais da Fazenda Pública – Lei 12.153/09 ................................................... 20
5. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL ........................................................................................... 20
5.1. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA – RATIONE PERSONAE ................................................................... 20
5.1.1. Inciso I e seus desdobramentos ........................................................................................ 20
5.1.1.1. Sujeitos previstos no inciso legal que determinam a competência da Justiça Federal .............. 20
5.1.1.2. Espécie de interesse que motiva a participação dos entes federais no processo ...................... 21
5.1.1.3. União e ação de usucapião ......................................................................................................... 22
5.1.1.4. Intervenção dos entes federais em processos em trâmite perante a Justiça Estadual .............. 23
5.1.1.5. Competência recursal para reconhecer a incompetência absoluta ........................................... 23
5.1.2. Inciso II – “as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município
ou pessoa domiciliada ou residente no País” ..................................................................................... 24
2 5.1.3. Inciso VIII – “os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais” .............................................. 24
5.2. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (RATIO MATERIAE) ..................................................................... 25
5.2.1. Inciso III – “as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado
estrangeiro ou organismo internacional” .......................................................................................... 25
5.2.2. Inciso X – “... a execução da carta rogatória, após o exaquatur, e de sentença
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva
opção, e à naturalização” .................................................................................................................. 25
5.2.4. Inciso V-A “as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º deste artigo” . 25
5.3. CONFLITOS EM SEDE FEDERAL ........................................................................................................... 25
6. PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA .............................................................................................. 26
6.1. CONCEITO .................................................................................................................................... 26
6.2. PRORROGAÇÃO LEGAL..................................................................................................................... 26
6.2.1. Conexão e continência ..................................................................................................... 26
6.2.1.1. Conceito ..................................................................................................................................... 26
6.2.1.2. Requisitos da conexão dispostos no conceito legal – art. 55 e parágrafos ................................ 27
6.2.1.3. Obrigatoriedade ou facultatividade na reunião de processos em razão da conexão ................ 27
6.2.2. Ausência de alegação de incompetência relativa ............................................................ 29
6.3. PRORROGAÇÕES VOLUNTÁRIAS ......................................................................................................... 29
6.3.1. Eleição de foro .................................................................................................................. 29
6.3.2. Vontade unilateral do autor ............................................................................................. 30
7. PREVENÇÃO................................................................................................................................. 30
7.1. PREVENÇÃO DE CAUSAS CONEXAS EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO ...................................................... 30
8. PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS – ART. 43 DO NCPC ............................................... 30
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

9. JURISPRUDÊNCIAS DO BUSCADOR DIZER O DIREITO ................................................................... 31


JUSTIÇA ESTADUAL ................................................................................................................................. 31
JUSTIÇA FEDERAL COMUM ..................................................................................................................... 33
COMPETÊNCIAS ENVOLVENDO O STF .................................................................................................... 35
COMPETÊNCIA TERRITORIAL .................................................................................................................. 37
OUTROS TEMAS...................................................................................................................................... 37
10. ANOTAÇÕES DO MEU CADERNO ............................................................................................. 39

1. Introdução
Tradicionalmente, conceitua-se competência como “medida da jurisdição”, ou ainda,
“quantidade de jurisdição” delegada a um determinado órgão ou grupo de órgãos. Ocorre que
tal conceito encontra-se superado, porque a jurisdição não pode ser fracionada, uma vez que
ela é UNA e indivisível. Quando o CPC diz que os juízes e tribunais tem jurisdição em todo
território nacional, não significa que possa exercer a função jurisdicional de forma ilimitada no
território, de forma que o ato de um juiz investido no poder de jurisdição poderá ser
considerado nulo se praticado fora dos limites traçados pela lei, limites estes conhecidos por
competência.
Logo, a competência é justamente a limitação do exercício legítimo da jurisdição, que
delimita a atuação legítima do juiz. Portanto, percebam: todo órgão tem jurisdição, mas pode
não ter competência. Nunca faltará jurisdição ao juiz, ainda que ele seja incompetente. Prova
disso é o instituto da Kompetenz Kompetenz, que atribuiu ao órgão incompetente a
competência para declarar sua própria incompetência. Essas regras de competência buscam
3 atingir a organização de tarefas e racionalização do trabalho dos juízes.
Portanto, lembrem-se: todos os juízes e tribunais têm jurisdição em território nacional,
mas competência, NÃO. Certa vez eu elaborei uma prova para um concurso de estágio da
Justiça Federal com a seguinte assertiva: A jurisdição é exercida pelos juízes e pelos tribunais
somente na área de sua competência, conforme regimento interno do seu respectivo Tribunal.
Onde está o erro??? A jurisdição é exercida pelos juízes em todo o território nacional! Assim,
um juiz de Roraima pode determinar um ato a ser realizado no interior do Rio Grande do Sul,
através de carta precatória, pois lá ele não tem competência, mas tem jurisdição!
Ainda, há quem divida o conceito de competência em abstrato e concreto. Vejamos:
Competência em sentido abstrato: conjunto de atividades jurisdicionais atribuídas a um
órgão ou grupo de órgãos pela Constituição ou pelas leis.
Competência em sentido concreto: relação de adequação legítima entre o órgão
jurisdicional (Juiz - Tribunal) e a função por ele exercida perante cada caso que se põe para
julgamento.
No que concerne aos princípios que permeiam a competência, Canotilho reconhece dois
princípios: tipicidade e indisponibilidade. Pelo Princípio da Tipicidade, as competências dos
órgãos constitucionais são, em regra, apenas as expressamente enumeradas na Constituição;
pelo Princípio da Indisponibilidade, as competências constitucionalmente fixadas não podem
ser transferidas para órgãos diferentes daqueles a quem a Constituição as atribui.
Entretanto, o STF, de certa forma, admite a mitigação do princípio da tipicidade ao
reconhecer a existência de competências implícitas (implied power) quando não houver regra

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

expressa, mas tendo algum órgão jurisdicional que se manifestar sobre a questão sob pena de
se agredir o princípio da indeclinabilidade da jurisdição.
No âmbito do STJ, por sua vez, se reconhece o princípio da tipicidade ao se inadmitir
recurso especial em face de acórdãos de turmas recursais, por falta de previsão na
Constituição (também admitiu-se a mitigação ao determinar que o STJ conheça das
reclamações propostas em face de decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais
Estaduais Cíveis, enquanto não criada a Turma Nacional de Uniformização nessa seara). Vamos
estudar isso quando falarmos de Juizados Especiais e Juizados Especiais Federais.
MAIS UMA COISA! A competência é sempre do juízo, e não do JUIZ. Assim, pode um juiz
substituto atuar em processo do juiz titular quando este não esteja trabalhando. Ademais,
sobre isso, temos o princípio da identidade física do juiz, que determina que o juiz da
instrução deve ser o juiz sentenciante. O NCPC não tratou sobre o referido princípio, de modo
que inexiste o princípio na atual sistemática. Sabemos que é comum que outros juízes
sentenciem processos instruídos por um juiz diferente.

1. Competência absoluta e relativa


As regras de competência relativa prestigiam a vontade das partes, concedendo-lhes a
opção pela sua aplicação ou não no caso concreto. Já as regras de competência absoluta, são
fundadas em razão de ordem pública, não havendo liberdade do indivíduo, em virtude da
prevalência do interesse público sobre o privado. Estas últimas são normas cogentes que
deverão ser aplicadas sem nenhuma ressalva ou restrição.
As regras de competência possuem natureza jurídica de pressupostos Processuais de
4 Validade, cuja inobservância é causa de nulidade. Para Ada Pellegrini, seguida de alguns
julgados no STF, quando a regra de competência estiver fixada na Constituição, em razão da
ligação com o Princípio do Juiz Natural, ela passa a ter natureza de pressuposto processual de
existência.
1.1. Competência relativa
Competência relativa é aquela que se dá em razão do território ou do valor da causa,
conforme disposto no artigo 63 do NCPC. Essa competência pode se dar por eleição de foro,
bem como, poderá ser modificada em razão de conexão e continência.
1.1.1. Legitimado para arguir a incompetência relativa
A doutrina entende que o autor não pode alegar incompetência relativa, por razões de
preclusão lógica. Isso porque não há compatibilidade entre a proposição da demanda em um
foro e depois alegar suposta incompetência relativa que ele mesmo criou. Ainda sobre tal
assunto, não se pode afirmar que o autor não pode alegar a incompetência relativa sob o
fundamento de que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, isso porque o estado
subjetivo (ignorância, descuido, torpeza) que levou o autor a propor a demanda em foro
incompetente é irrelevante para determinar a ilegitimidade do autor para alegar o vício.
(Agradecimentos ao amigo Hugo Frabrízio, leitor do site, que nos apontou um erro pretérito
neste parágrafo)
O réu, por óbvio, não tem nenhuma escolha no juízo para qual a demanda foi distribuída,
motivo pelo qual é legítimo a alegar o vício e requerer que a regra determinadora de
competência relativa seja respeitada, com a remessa do processo ao juízo competente. É o
legitimado tradicional as alegações de incompetência.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Quanto ao Ministério Público, o NCPC afirma no parágrafo único do artigo 65 que a


incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. Esse
artigo deve ser lido com ressalvas. A maior parte das causas em que o MP atua é com
competência absoluta fixada, como em ações coletivas, fixadas em razão do local do dano. Nas
causas de competência relativa, poderia ele se opor à vontade das partes e alegar
incompetência? Daniel Assumpção diz que em caso de conflito entre a vontade das partes, em
especial representante de incapaz, e a vontade do MP, deve o juiz decidir no caso concreto.
Lado outro, o assistente do autor não tem legitimidade, enquanto o assistente do réu
tem legitimidade. O assistente litisconsorcial sempre terá interesse e legitimidade na alegação
de incompetência. Já o assistente simples terá legitimidade, podendo faltar interesse
processual, pois este não pode atuar contra vontade expressa do assistido, mas em sua
omissão ele pode atuar. Assim, não havendo vontade expressa do assistido, o assistente
simples pode alegar incompetência relativa.
O denunciado à lide pelo autor, que é litisconsorte do autor denunciante, não tem
legitimidade. Já o denunciado à lide pelo réu e o chamado ao processo, até poderiam alegar
incompetência, mas não será possível em razão de já ter ocorrido a preclusão. Isso porque
cabe ao réu alegar a incompetência relativa no primeiro momento em que falar nos autos, de
modo que se ele faz a denunciação à lide, já falou nos autos e, por consequência, haverá a
prorrogação de competência (art. 65, CPC).
1.1.2. Reconhecimento de ofício da incompetência relativa
A regra é que a competência relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, inclusive
era pacificado, conforme a Súmula 33 do STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada
5 de ofício. Ocorre que os Tribunais entendem que em casos de relação de consumo em que
houvesse cláusula abusiva de eleição de foro, em virtude da escolha prejudicial feita pelo
fornecedor nos contratos de consumo, geralmente de adesão, os juízes podem reconhecer de
ofício a incompetência relativa, em prol da garantia do efetivo direito à ampla defesa do réu.
O NCPC positivou esse entendimento no §3º do artigo 63, dispondo que antes da citação,
a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. Trata-se de proteção ao
réu em relação aos contratos de adesão (cláusulas pré-estabelecidas).
Citado o réu, o juiz não pode mais reconhecer de ofício a incompetência, cabendo
exclusivamente ao réu em sua contestação alegar a incompetência relativa para evitar a
prorrogação de competência, conforme o §4º do artigo 63.
Lembre-se: sendo a decisão que decreta a ineficácia da cláusula abusiva de eleição de foro
e determina a remessa do processo ao foro de domicílio do réu prejudicial ao autor, em
respeito ao artigo 9º do CPC, cabe ao juiz intimar o autor para manifestar-se antes de prolatar
sua decisão. É expressão do contraditório e cooperação do NCPC.
Ainda, importante lembrar que nos Juizados Especiais a incompetência territorial pode ser
conhecida de ofício pelo juiz.
1.1.3. Momento para alegação da incompetência relativa
O prazo para alegação da incompetência relativa é o da contestação. O artigo 64 dispõe
que a incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação. Há uma exceção em que a competência é alegada antes da contestação. Trata-se
do artigo 340, ocasião em que o réu é citado por meio de carta precatória e, verificando que o
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

juiz da causa é incompetente, alega por simples petição no juízo deprecado a incompetência
do juízo e protocola a sua contestação no juízo de seu domicílio. A contestação é encaminhada
ao juízo originário e aquele irá decidir sobre a incompetência alegada, caso em que constatada
a incompetência, remeterá os autos ao juízo deprecado.
Não alegada em preliminar de contestação, o artigo 65 dispõe que a competência será
prorrogada, de modo que o juiz relativamente incompetente tornar-se-á competente.
1.2. Competência absoluta
1.2.1. Legitimado para arguir incompetência absoluta
Sendo normas de interesse público, todos os sujeitos processuais são legitimados a
apontar a ofensa a uma regra dessa natureza, até mesmo porque o respeito à ordem pública é
questão incompatível com a limitação de legitimados que pretendem sua concretização.
Assim, pode arguir incompetência absoluta o autor, o réu, terceiros intervenientes, Ministério
Público e o juiz, de ofício. O autor, ainda que seja o responsável pela criação do vício, tem
legitimidade para arguir.
O artigo 64, §1º, dispõe que a incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer
tempo e grau de jurisdição, e deve ser declarada pelo juiz de ofício. É um “dever” do juiz, por
ser matéria de ordem pública. Ainda, o §2º exige que o juiz intime a parte contrária para
manifestação após a alegação de incompetência, de modo que caso a alegação de
incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente (§3º). Ainda,
mesmo que seja a incompetência conhecida de ofício pelo juiz, também deverá intimar as
partes para se manifestar, por força do artigo 9º e 10 do CPC.

6 Importante mencionar que, a parte que deixar de alegá-la no primeiro momento que lhe
couber falar nos autos arcará com as custas do retardamento.
1.2.2. Momento de arguição da incompetência absoluta
O §1º do artigo 64 diz que pode ser arguida em qualquer tempo a incompetência absoluta.
Inclusive, a incompetência absoluta é causa para ação rescisória (art. 966, II, CPC). O
entendimento consolidado é de que é possível arguir em primeiro grau e em segundo grau.
Mas e nas vias extraordinárias? É possível alegar originariamente incompetência?
A doutrina e a jurisprudência majoritária entendem ser inviável tal alegação, alegando que
a necessidade de a matéria ser prequestionada impede a manifestação originária dos Tribunais
Superiores a respeito dessa matéria. Esse entendimento é o posicionamento atual dos
Tribunais Superiores.
Entretanto, há que sustente a teoria da jurisdição aberta, que trata-se de uma concepção
moderna acerca do reconhecimento da incompetência absoluta nas vias extraordinárias. Por
essa teoria, permite-se que matérias de ordem pública sejam questionadas ou reconhecidas de
ofícios em recursos excepcionais, ainda que não prequestionadas, desde que tenha sido o
recurso admitido por qualquer outro motivo.
1.3. Procedimentos
1.3.1. Forma de alegação da incompetência
O artigo 64 diz que a incompetência, independentemente de sua natureza, será alegada
em preliminar de contestação. Registre-se a possibilidade de alegação por simples petição
quando a citação for feita por carta precatória, nos termos do já citado artigo 340.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

1.3.2. Reconhecimento da incompetência e os atos processuais já praticados


O §3º do artigo 64 dispõe que reconhecida a alegação de incompetência, os autos serão
remetidos ao juízo competente.
Nos Juizados Especiais isso não ocorre, uma vez que a incompetência relativa é causa de
extinção do processo (art. 51, III, Lei 9.099/95). Nesse caso a competência relativa tem
natureza peremptória, enquanto no processo ordinário tem natureza dilatória. Em caso de
incompetência absoluta dos Juizados Especiais em virtude de o processo ser da Justiça
Comum, não haverá a remessa dos autos, mas sim a sua extinção. Ainda, em caso de pedidos
cumulados em juízo absolutamente incompetente para os dois pedidos, haverá a extinção do
processo.
Importante mencionar que recentemente o STJ manifestou que a impossibilidade técnica
de remessa dos autos ao órgão competente, em virtude de o processo originário ser eletrônico
e o juízo competente ser de autos físicos, não é motivo razão suficiente para levar o processo à
extinção.
Quanto às matérias já decididas, o CPC prevê no §4º do artigo 64 que, em regra, os atos
praticados por juízo incompetente são válidos, conservando seus efeitos, devendo ser revistos
ou ratificados pelo juízo competente. Entretanto, pode haver disposição em contrário, de
modo que ele poderá decidir que determinados atos praticados por ele poderá deixar de gerar
efeitos até que sejam ratificados pelo juízo competente. Percebam uma coisa: o NCPC não fala
mais em nulidade dos atos praticados, mas sim em decisão sobre a eficácia do ato pelo juízo
competente. No CPC anterior, ao declarar a incompetência, os atos eram nulificados. O novo
código adotou, portanto, a TRANSLATIO IUDICII, que significa transladar para outro processo
7 relação jurídica material que era travada em outro foro. Nesse caso, os atos decisórios deixam
o juízo com presunção de existência, validade e eficácia, até que seja proferida outra decisão
pelo juízo competente.
A natureza da decisão que decide sobre a competência é interlocutória. Assim, é possível
atacar a decisão por agravo de instrumento? Ou deverá ser arguida em preliminares no
recurso de apelação ou contrarrazões??? Lembrem-se: agora o agravo de instrumento possui
um rol exaustivo para suas hipóteses de cabimento (art. 1015). Entretanto, os Tribunais já
decidiram que é possível interpretação extensiva. Vejamos o resumo do julgado pelo Dizer o
Direito:
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à
definição de competência, a despeito de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do
CPC/2015. Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão
interlocutória que acolhe ou rejeita a alegação de incompetência desafia
recurso de agravo de instrumento, por uma interpretação analógica ou extensiva da norma
contida no inciso III do art. 1.015 do CPC/2015 (III - rejeição da
alegação de convenção de arbitragem;), já que ambas possuem a mesma ratio -
, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa, permitindo que o juízo natural e
adequado julgue a demanda. STJ. 4ª Turma. REsp 1.679.909-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
por unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 01/02/2018
Nesse sentido, leciona Fredie Didier: (...) A interpretação extensiva da
hipótese de cabimento de agravo de instrumento prevista no inciso III do art. 1.015 é
plenamente aceitável. É preciso interpretar o inciso III do art. 1.015 do CPC para abranger as
decisões interlocutórias que versam sobre competência. O foro de eleição é um
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

exemplo de negócio jurídico processual; a convenção dearbitragem, também. Ambos, a sua


maneira, são negócios que dizem respeito à competência do órgão jurisdicional.” (DIDIER JR.,
Fredie. Curso de direito processual civil. V. 1. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 237-238)
1.3.3. Do conflito de competência – procedimento no Tribunal – Arts. 951 e
seguintes
Quando um juiz reconhece sua incompetência e outro conhece sua competência, tudo fica
fácil de se resolver, bastando a remessa dos autos aos juízes competentes. Mas quando os dois
se declaram competentes ou incompetentes, há uma complicação.
Assim, o conflito de competência ocorre quando dois ou mais juízes se declaram
competentes para julgar determinada causa (conflito positivo, art. 66, I, CPC) ou quando se
declaram incompetentes (conflito negativo, art. 66, II, CPC).
Somente pode haver conflito se ainda não houver sido julgada uma das causas; não haverá
conflito, também, entre juízos de hierarquia diferentes, quando o de menor hierarquia estiver
subordinado, quanto aos recursos de suas decisões, ao tribunal.
O artigo 951 do CPC dispõe que o conflito de competência pode ser suscitado por qualquer
das partes, pelo Ministério Público ou pelo Juiz, mas a atuação do MP é restrita aos casos
previstos no artigo 178 do CPC, tendo qualidade de parte nos conflitos que suscitar.
Ademais, o artigo 952 dispõe que a parte não poderá suscitar o conflito se já arguiu
incompetência relativa. Entretanto, caso o motivo da incompetência seja superveniente,
poderá ser suscitado o conflito. Veja parte de um julgado do STJ: O anterior oferecimento de
exceção de incompetência não obsta o conhecimento de conflito de competência quando o
8 objeto deste for absolutamente distinto do objeto daquela. Isso porque não se pode
interpretar a regra processual contida no art. 117 do CPC — segundo o qual não pode suscitar
conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência — de modo a gerar uma
situação de impasse, subtraindo da parte meios de se insurgir contra uma situação que repute
injusta, haja vista que o direito processual deve, na máxima medida possível, estar a serviço do
direito material, como um instrumento para a sua realização.
Como esse conflito é suscitado? (art. 953) Pelo juiz, através de ofício ao Tribunal; pela
parte e pelo MP, através de petição nos próprios autos.
E em relação aos Juizados Especiais Federais, quem julga o conflito entre JEF e Juiz
Federal? Vejamos: Compete ao TRF o julgamento de conflito de competência estabelecido
entre Juizado Especial Federal e juiz de primeiro grau da Justiça Federal da mesma Seção
Judiciária. (STF,Plenário, RE 590.409/RJ). Lado outro, se o JEF e o juiz de primeiro grau forem
de seções judiciárias distintas, a competência será do STJ.
Dirigida a petição e o ofício ao Tribunal, após a distribuição, quando o conflito de
competência for positivo, poderá sobrestar o feito (quando negativo ninguém está prestando
a atuação jurisdicional, logo, não há o que se sobrestar). Ainda, no caso de conflito negativo, o
relator irá designar, em caráter provisório, um juiz para resolver as medidas urgentes. O
relator poderá decidir liminarmente o conflito se houver jurisprudência dominante do
tribunal sobre a questão suscitada,
No julgamento do conflito, o tribunal declarará qual aquele competente, PODENDO,
INCLUSIVE, SER DIFERENTE DAQUELES ENVOLVIDOS NO CONFLITO. Além disso, declarará
sobre a validade dos atos praticados pelo juiz incompetente, sempre levando em conta o

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

princípio da instrumentalidade das formas. O conflito sempre terá natureza declaratória, visto
não constituir qualquer nova situação jurídica.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

1.4. Resumo de competência absoluta e relativa

10

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

2. Critérios para fixação da competência


Deve-se observar as variadas normas legais para fixação da competência da Justiça, do
foro e do juízo. Daniel Assumpção traz o seguinte caminho:
 1ª etapa: verificar se é competência da Justiça Brasileira, conforme artigos 21 e 23 do CPC.
 2ª etapa: verificar se a competência é dos Tribunais Superiores ou de órgão jurisdicional
atípico (ex: Senado);
 3ª etapa: verificar se o processo é da justiça especial (Justiça do Trabalho, Militar ou
Eleitoral) ou da justiça comum (Estadual e Federal);
 4ª etapa: sendo da justiça comum, definir se é da Justiça Estadual ou da Justiça Federal. A
Justiça Federal tem sua competência fixada no artigo 108 e 109 da CF, tratando-se de
competência absoluta. Já a competência da Justiça Estadual é residual, ou seja, não sendo
de competência da Justiça Federal e especial, será da Justiça Estadual.
 5ª etapa: descoberta a justiça competente, verificar se o processo é de competência
originária do respectivo Tribunal ou se é do primeiro grau.
 6ª etapa: sendo do primeiro grau, determinar a competência do foro. Foro é a unidade
territorial de exercício da jurisdição. Na Justiça estadual, cada comarca é um foro. Na
Justiça Federal, cada subseção judiciária é um foro.
 7ª etapa: verificado o foro competente, pode-se ter chegado ao fim ou não. Há hipóteses
em que deve-se observar a lei de organização judiciária, à exemplo de varas especializadas
ou ainda hipóteses de conexão e continência de ações que tramitam no mesmo foro.

3. Limites da jurisdição nacional


3.1. Introdução – princípio da efetividade
11 O princípio da efetividade determina que a justiça brasileira só deva se considerar
competente para julgar demandas cuja decisão gere efeitos em território nacional ou em
Estado estrangeiro que reconheça tal decisão, tornando sua atuação útil e eficaz. Os artigos 21
a 23 retiram a jurisdição estrangeira sobre as causas de competência exclusiva brasileira, ou
seja, limitando a sua jurisdição.
3.2. Competência internacional concorrente e exclusiva
Nos artigos 21 e 22 estão as causas de competência concorrente, de modo que tanto o
juízo brasileiro como o juízo estrangeiro têm competência para julgar os processos ali
mencionados. Assim, se a demanda tramitou no juízo estrangeiro, não haverá óbice para que
o Superior Tribunal de Justiça proceda à homologação da sentença estrangeira.
As hipóteses do artigo 21 são quando (i) o réu, qualquer que seja sua nacionalidade,
estiver domiciliado no Brasil; (ii) quando no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação ou quando
(iii) o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Já as hipóteses do artigo 22, também de competência concorrente, são para julgar as
ações de alimento quando: (i) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil ou (ii) quando o
réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedades de bens (móveis e imóveis),
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos. Em cobrança de alimentos por
estrangeiro, através de renda de imóveis situados no Brasil, ainda nesta hipótese haverá
concorrência de competência, de modo que o pedido não versa da posse ou propriedade do
bem, mas dos rendimentos a ele referentes.
Ainda, o inciso II dispõe que sobre as ações decorrentes de relações de consumo, quando o
consumidor, na qualidade de autor, tiver domicílio ou residência no Brasil, como nos casos de
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

e-commerce, pois se for réu, será hipótese do artigo 21, I. Já o último inciso, trata-se da
hipótese de eleição de foro. A convenção deve ser expressa ou tácita.
No artigo 23 encontram-se as hipóteses de competência exclusiva do juízo nacional, de
modo que nenhum outro Estado, ainda que contenha norma interna apontando para sua
competência, poderá proferir decisão que seja eficaz em território nacional. São as ações (i)
relativas a imóveis situados no Brasil; (ii) em matéria de sucessão hereditária, proceder à
confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil,
ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional; (iii) em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável,
proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
O artigo 25 dispõe que não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em
contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. Entretanto, o juiz pode verificar de
ofício e afastar tal cláusula quando verificar se tratar de competência exclusiva nacional,
conforme determina o §1º do referido artigo. Ainda, essa eleição de foro deve ser escrita e ser
sobre negócio jurídico determinado, não sendo válida a elaboração de cláusula genérica:
“todos os conflitos que existirem serão resolvidas em determinado foro”. Deve ser uma
cláusula específica para determinado negócio jurídico.
3.3. Litispendência internacional
O artigo 24 do CPC dispõe que a ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta que a justiça brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são

12 conexas, ressalvadas disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais


em vigor no Brasil.
Ademais, a pendência de causa perante a justiça brasileira não impede a homologação de
sentença estrangeira quando exigida para a produção de efeitos no Brasil (parágrafo único).
Entretanto, devemos saber que, homologada a decisão estrangeira, a ação que tramita no
Brasil deve ser extinta sem a resolução do mérito, por ofensa superveniente à coisa julgada
material formada na homologação da sentença estrangeira.
Lado outro, transitando em julgado decisão proferida em processo nacional, haverá óbice
em homologar sentença estrangeira de ação idêntica, por afronta à coisa julgada. Logo, quem
transitar em julgado primeiro será considerada a decisão soberana, seja a homologação de
sentença, seja a ação nacional.

4. Espécies de competência
Temos três espécies absolutas: funcional, em razão da matéria e em razão da pessoa; e
temos duas espécies relativas: territorial e valor da causa. Estas duas últimas, por vezes,
podem, excepcionalmente, adquirir natureza de competência relativa.
4.1. Competência territorial
Trata-se de espécie de competência relativa que se determina qual é o foro competente
para demanda, ou seja, qual circunscrição territorial judiciária será competente.
Aqui eu vou abrir um parêntese rapidamente para falar o significado de foros regionais:
são descentralizações administrativas, criadas para desinchar o foro central, de forma que as
pessoas que residem nestes bairros não discutam suas demandas no foro central. Na
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

verdade, há uma descentralização de juízos. Trata-se de uma descentralização administrativa


a fim de buscar a efetividade. São normas de competência territorial absoluta.
4.1.1. Foro comum (ou geral ou ordinário) – art. 46 do CPC
O foro comum, tradicionalmente, é o domicílio do réu. Essa regra somente se aplica em
processos sobre direito pessoal ou direito real sobre bens móveis. Portanto, veja: as
demandas fundadas em (i) direito pessoal, seja sobre bem móvel ou imóvel, e (ii) direito real
sobre móvel, tem como regra de foro comum o domicílio do réu.
Em continuidade, o §1º do artigo 46 dispõe que, tendo o réu mais de um domicílio, será
demandado no foro de qualquer deles, a escolha do autor. O §2º dispõe que, sendo incerto ou
desconhecido o domicílio do réu, aquele poderá ser demandado onde for encontrado ou no
foro de domicílio do autor.
Já o §3º dispõe que, quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será
proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será
proposta em qualquer foro. O §4º dispõe que, havendo dois ou mais réus com diferentes
domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
No §5º, o código tratou da competência em sede de execução fiscal, dispondo que será
proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for
encontrado. Lembrando que, nesse caso, quando a autora for a União, a competência é do
domicílio do réu, por expressa disposição constitucional (art. 109, §1º, CF). Lembrem-se
futuros juízes federais: o artigo 5º da LEF dispõe que a competência para processar e julgar a
execução de Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro juízo, inclusive o da
falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário. A execução fiscal NÃO
13 suspende com falência/recuperação.
Lembremo-nos: os juízos estaduais não mais processam execução fiscal federal caso não
tenha juízo federal na cidade, em virtude da lei 13.043, que revogou essa possibilidade. Só
permanecem lá as execuções fiscais federais já em curso, mas as novas demandas deverão ser
propostas na Justiça Federal competente.
4.1.2. Direito real imobiliário – art. 47 do CPC
O artigo 47 do CPC dispõe que para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é
competente o foro de situação da coisa. Trata-se de competência territorial excepcionalmente
absoluta, havendo conveniência de decidir no local as demandas referentes a imóveis,
facilidade de produção probatória e repercussão na vida econômica e social da localidade em
que se situa o imóvel.
Na hipótese de o imóvel estar localizado em mais de um foro, haverá concorrência entre
eles, de modo que torna-se prevendo àquele que receber a petição inicial, podendo conhecer
qualquer outra ação conexa, ainda quem em tese de competência de outro foro, não escolhido
pelo autor (art. 60).
Ademais, o §1º do artigo 47 dispõe que, não se tratando de ações que versem sobre
direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de
obra nova, pode o autor optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição.
Ainda, se a ação for possessória imobiliária, deverá ser proposta no foro de situação da
coisa, cujo juízo tem competência absoluta (§2º)

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

STJ: adjudicação compulsória: o STJ entende que a ação de adjudicação compulsória é de


natureza real, independentemente do registro do contrato de compromisso de compra e
venda, de modo que sempre será aplicável o artigo 47 do NCPC.
STJ: é inaplicável o artigo 47 em ações de rescisão de contrato com a reintegração de
posse, pois segunda pretensão é uma mera consequência da rescisão contratual.
STJ: na ação declaratória de extinção de hipoteca não se aplica o artigo 47, pois nesse caso
há mera repercussão indireta sobre o direito real, sendo a demanda regida pelas regras de
competência relativa.
4.1.3. Inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de última
vontade, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e ações em
que o espólio for réu – art. 48 do CPC
Para todas essas ações, o foro competente é o de domicílio do autor da herança, ainda
que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Caso o autor da herança não tenha domicílio certo,
o foro competente será o da situação dos bens imóveis e, se havendo bens imóveis em foros
diferentes, qualquer dos foros relativos aos imóveis. Caso o falecido tenha domicílio no
exterior e tão somente bens aqui, aplica-se a regra do artigo 48, I.
Ainda, se não houver bens imóveis, o foro competente será o foro de local de qualquer dos
bens do espólio, conforme inciso III do parágrafo único do artigo 48.
Importante o julgamento do STJ que dispõe que “A simples qualidade de credora do de
cujus, embora autorize a União a habilitar seu crédito contra o espólio, não tem o condão de
transferir o processamento do inventário para a Justiça Federal, não se aplicando, ao caso, o
14 art. 109, I, da CF. ”
4.1.4. Réu ausente – art. 49 do CPC
Dispõe o artigo 49 que em caso de réu ausente, a ação será proposta no foro de seu último
domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento
de disposições testamentárias.
4.1.5. Réu incapaz – art. 50 do CPC
A competência do réu incapaz será a do domicílio de seu representante ou assistente.
4.1.6. União
Nas causas em que a União figurar como autora, a competência será do foro do domicílio
do réu. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro do domicílio do autor,
no de ocorrência do ato ou do fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no
Distrito Federal.
Quanto a tal regra, o STJ diz que não pode ser dado interpretação extensiva a fim de incluir
as autarquias, fundações públicas e empresas públicas federais neste artigo. Lado o outro, o
Supremo Tribunal Federal entendeu serem as regras de competência territorial constitucional
também aplicáveis às autarquias.
4.1.7. Competência por delegação – art. 109, §3º, da CF
O artigo 109, §3º da CF prevê a regra da delegação de competência, que ocorrerá sempre
que houver previsão expressa em lei, permitindo-se que, na ausência de vara federal no foro
competente, a vara estadual seja competente para o julgamento do processo. Nesses casos, os
eventuais recursos serão remetidos ao TRF e não ao TJ, conforme §4º do mesmo artigo.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

O §3º prevê a delegação de competência nas demandas que envolvam segurados ou


beneficiários de instituição de previdência social, sempre que a comarca não seja de sede de
vara do juízo federal. A criação ulterior de sede de vara federal no Município implica
deslocamento da causa para o juízo federal, porque se trata de fato superveniente que
altera competência absoluta.
STJ: o segurado, cujo domicílio não seja sede de Vara Federal, poderá aforar a ação
previdenciária perante o Juízo Estadual da comarca de seu domicílio; no Juízo Federal com
jurisdição sobre o seu domicílio ou, ainda, perante Varas Federais da capital do Estado-
membro. 1. Optando o segurado por ajuizar a contenda perante Juízo Estadual, TERÁ DE FAZÊ-
LO EM RELAÇÃO À COMARCA QUE SEJA DE SEU DOMICÍLIO, NÃO EM OUTRO JUÍZO ESTADUAL
ONDE NÃO RESIDA, como na hipótese presente, pois, em relação a esse foro, não há
competência delegada.
Nada impede, entretanto, que o segurado opte por ajuizar a ação perante um juízo federal
da capital ou na vara federal que tenha competência em seu território, não obstante tenha
domicílio no interior em que não haja vara federal; porém, não se lhe autoriza demandar em
outra cidade, perante juízo estadual, se em sua cidade houver vara federal. Essa competência
delegada abrange a competência do procedimento de justificação e do de ausência para fins
previdenciários.
Se, no entanto, o juiz de direito não estiver investido de jurisdição federal, mas analisar
matéria federal, caberá ao TJ conhecer do recurso para anular a sentença. Nunca, entretanto,
poderá o juiz estadual exercer competência delegada para julgar mandado de segurança, já
que o writ tem a competência determinada em função da pessoa.
15 Em relação às execuções fiscais, a lei 5.010/66 permitia que a execução fiscal federal fosse
processada em juízo estadual de primeiro grau, tendo sigo revogada, conforme já mencionado,
pela lei 13.043/14. Essa regra vale para os novos processos, sendo que os processos em
trâmite não deverão migrar para a Justiça Federal. São espécies de ações delegadas a entrega
de certificado de naturalização, a ação de usucapião especial de imóveis rurais, e vistorias e
justificações destinadas a produzir prova perante a administração federal.
Ainda, regra que sempre ocorre na Justiça Federal, dispõe o artigo 237 que nas comarcas
em que não houver vara federal, a carta precatória poderá ser cumprida por vara estadual
(STJ).

4.1.8. Estado ou Distrito Federal


O artigo 52 não possui correspondência com o código anterior, dispondo que a
competência para as causas que tenham como autor Estado ou Distrito Federal será a do foro
do domicílio do réu. Já, caso sejam partes demandadas, poderá ser proposta no foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da
coisa ou na capital do respectivo ente federado.
Isso nos leva a crer que o Estado pode ser demandado em outro estado da federação. Tal
entendimento é corroborado pelo STJ, para quem o “estado-membro” não tem prerrogativa
de foro e pode ser demandado em outra comarca que não a de sua capital.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

4.1.9. Ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento


ou dissolução de união estável – art. 53, I, do CPC.
Aqui teve mudança em relação ao código anterior. Antes o foro competente para
separação, divórcio, era o da residência da mulher. Agora, o CPC cria duas regras, a depender
se tem ou não filho incapaz.
Conforme preconiza o artigo 53, inciso I, se houver filho incapaz, a competência será do
domicílio do guardião. Se não houver, a competência será do foro de último domicílio do casal.
Por último, se nenhuma das partes residir em tal domicílio, será de domicílio do réu. Trata-se
de regra protetiva do incapaz.
4.1.10. Ação de alimentos – art. 53, II, do CPC
Aqui, o foro será o de domicílio ou de residência do alimentando, para as ações em que se
pedem alimentos. Isso se deve à uma proteção à hipossuficiência do alimentando. Segundo a
doutrina majoritária, tal regra só se aplica aos casos de alimentos oriundos de relações de
parentesco, casamento e gravídicos.
4.1.11. Pessoa jurídica como réu – art. 53, III, “a”, do CPC.
A competência será do foro onde se localiza sua sede, para ação em que a pessoa jurídica
for ré. O STJ entende que sendo réu a autarquia federal, a competência é do local de sua sede
ou de sua agência ou sucursal em cujo âmbito de competência ocorreram os fatos que
originaram a lide.
4.1.12. Obrigações contraídas pela agência ou sucursal – art. 53, III, “b”, do CPC
A competência é a do local da agência ou da sucursal, sendo irrelevante o local onde a
16 obrigação foi contraída.
4.1.13. Sociedade ou associação que carece de personalidade jurídica figurar
como ré – art. 53, III, “c”, do CPC
O foro competente para as ações em que figurem como ré sociedade sem personalidade
jurídica (sociedades de fato) será o do local onde esta exerce suas atividades.
4.1.14. Obrigação a ser cumprida – art. 53, III, “d” do CPC
Nas ações que tenham como objeto o cumprimento de uma obrigação, o foro competente
será o do local onde a obrigação deve ser satisfeita. Trata-se de regra aplicável tão somente
para o cumprimento das obrigações contratuais, destinando-se tanto ás pessoas jurídicas
como às físicas.
4.1.15. Direitos previstos no Estatuto do Idoso – art. 53, III, “e”, do CPC
Tutela os interesses dos idosos nas ações em que figurar como autor, já que, atuando
como réu, basta aplicar a regra de foro comum do artigo 46. Assim, se o autor ou réu forem
idosos, aplica-se a regra de domicílio do idoso. Deve-se analisar se o pedido possui relação
com os direitos previstos no Estatuto do Idoso.
4.1.16. Sede da serventia notarial ou de registro – art. 53, III, “f” do CPC
Prevê como competente o foro do lugar da sede da serventia notarial ou de registro na
ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício. Não obstante a tal regra, o
STJ entende que a atividade notarial é regida pelo CDC, sendo competente o foro de domicílio
do autor.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

4.1.17. Reparação de dano – art. 53, IV, “a”, do CPC


Nas ações que tenham por objeto a reparação de dano, o foro competente será o do lugar
do ato ou fato que gerou o dano. Trata-se de regra para facilitar a instrução probatória em
busca da verdade. Aqui estamos falando de danos extracontratuais, pois se for relação
contratual, aí aplica-se o artigo 53, III, “d”. Caso seja danos oriundos de crime, acidente de
veículos, inclusive aeronaves, aplica-se o artigo 53, V, que fixa a competência no foro de
domicílio do autor ou do local do fato.
4.1.18. Administrador ou gestor de negócios alheios figurando como réu – art. 53,
IV, “b” do CPC.
Nas ações movidas contra o administrador ou o gestor de negócios alheios, o foro
competente será do lugar em que o ato ou fato que ensejou o processo judicial foi praticado.
Deve estar relacionado com os atos de administração, pois, do contrário, se aplica a regra
geral.
4.1.19. Reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos –
art. 53, V, CPC
O inciso V do art. 53 do CPC cria regra específica para as hipóteses de dano sofrido em
razão de delito ou de acidente de veículos, fixando como foro o lugar do ato ou fato e do
domicílio do autor. Delito é o criminoso: fato penalmente típico, do direito penal, pois o
contrário seria aplicação do art. 53, IV, “a”.
Ainda, segundo o STJ, na hipótese de ação de cobrança de indenização decorrente de
seguro DPVAT, o inciso V do art. 53 do NCPC deve ser conjugado com o art. 46 do mesmo
diploma, de forma que o autor pode optar pelo foro (a) comum, ou seja, do domicílio do réu;
17 (b) do domicílio do autor; (c) ou do lugar da ocorrência do acidente. É o que dispõe a súmula
540 do STJ.
4.2. Competência funcional
4.2.1. Conceito
Temos quatro classificações para a competência funcional:
a) Pelas fases do procedimento: o juízo que praticou determinado ao processual torna-
se absolutamente competente para praticar outro ato processual previamente
estabelecido em lei. Ex: o juiz que proferiu a sentença genérica é o competente para
sua liquidação.
b) Relação entre a ação principal e ações acessórias incidentais: o juízo da ação principal
é absolutamente competente para as ações acessórias e incidentais. Ex: reconvenção,
oposição, embargos à execução.
c) Pelo grau de jurisdição: a lei escalona determinados órgãos jurisdicionais em
diferentes graus de jurisdição para conhecer e julgar a demanda. Na competência
originária, há indicação expressa da lei de supressão do primeiro grau de jurisdição,
sendo o Tribunal competente em caráter originário.
d) Pelo objeto do juízo: verifica-se quando numa mesma decisão participam dois
diferentes órgãos, como no incidente de inconstitucionalidade. Ex: a turma em que são
suscitados tais incidentes é competente para decidir o processo em si, aplicando a lei
ao caso concreto, mas é do Tribunal Pleno a competência para fixar a interpretação da
lei ou decidir a respeito de sua constitucionalidade.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

A competência funcional opera tanto no plano vertical como no horizontal.


Em sua acepção vertical, há uma fixação de competência em órgão jurisdicional superior
àquele onde tramitou o processo, como acontece na competência recursal (a escolha do
Tribunal faz-se a partir da função jurisdicional já exercida por certo juiz). Por exemplo, de uma
sentença proferida por juiz federal, em regra, cabe apelação para o TRF respectivo.
Pela competência funcional horizontal, opera-se a determinação da competência entre
juízes no mesmo plano jurisdicional, ocorrendo quando um juiz é competente para dado
processo pelo fato de perante ele ter fluído ou estar em curso um outro processo. Como
exemplo, pode-se citar a relação entre processo cautelar e principal, em que o juiz do processo
principal conhece das medidas cautelares correlatas
4.2.2. Competência funcional ou competência territorial absoluta
Quando o legislador fixa uma competência territorial, atribuindo-lhe a característica de
competência absoluta, não o faz levando tão em conta a melhor ou pior qualidade da
prestação jurisdicional (por estar perto dos fatos ou do objeto), mas sim a natureza do direito
material debatido. É essa natureza que faz o legislador a fixar certo território de maneira
absoluta para julgar determinadas demandas judiciais, somente podendo-se afirmar que a
facilidade ou a eficácia da função a ser exercida pelo juiz é apenas algo que motivou o
legislador a criar essas regras de competência absoluta, mas nunca em sua razão de ser.
4.2.2.1. Artigo 47 do CPC – Ações reais imobiliárias
Segundo o referido artigo, tratando a demanda de direito de propriedade, vizinhança,
servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova, a competência será
do local do imóvel. É uma competência absoluta e improrrogável. Alguns dizem ser hipótese
18 de competência funcional, pela suposta facilidade e eficácia na função a ser exercida pelo juiz
se a demanda tramitar no local em que se localiza o imóvel.
4.2.2.2. Art. 2º da Lei 7.347/85 – Ação civil pública
Nas ações civis públicas foi prevista a “competência funcional” do local do dano para as
demandas coletivas. Entretanto, vemos que se trata de competência territorial absoluta para o
feito.
Nesse sentido, é importante trazer o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre as
demandas coletivas e a competência da Justiça Federal. A Suprema Corte entende que a
inexistência de norma expressa no sentido da delegação de competência da Justiça Federal
para a Justiça Estadual impede a sua aplicação nas demandas coletivas, de modo que a
demanda sempre deverá ser proposta em vara federal, ainda que esta se situe em local
diverso daquele em que se verificou o dano. Assim, o dano ocorreu na Subseção Judiciária
competente, ainda que abranja vários municípios.
Ainda, afasta-se tal regra em casos de ACP que versem sobre matérias tutelas pelo ECA ou
pelo Estatuto do Idoso.
4.3. Competência em razão da matéria
É determinada em virtude da natureza da causa (objeto da demanda). Há normas na
Constituição Federal, Constituições Estaduais, nas leis federais e nas leis de organização
judiciária. Aqui nós temos regras de competência absoluta, de modo que sempre
determinarão o interesse público.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Aqui temos, ainda, as varas especializadas, oriundas de normas de organização judiciária


que concentra demandas pertencente a um determinado foro, tomando-se por base matéria
específica. As varas especializadas possuem competência absoluta para a causa em seu foro.
Na Constituição Federal, a matéria determina a competência das Justiças, como a Justiça
do Trabalho, Eleitoral, Militar, comum Estadual e Federal. Sabemos que a Justiça Estadual
possui competência residual, excluindo-se de sua competência todas as matérias que sejam da
Justiça Federal. Todas essas regras são de competência absoluta.
Importante a súmula 206 do STJ, que traz o entendimento de que somente após a fixação
de competência do foro terá alguma relevância a existência ou não de vara especializada em
razão da matéria. Isso porque a vara especializada não modifica a competência do foro, só
passando a ter importância após a fixação de competência do foro.
4.4. Competência em razão da pessoa
Sempre será competência absoluta, existindo regras na Constituição Federal (Justiça
Federal de primeiro grau, STF e STJ), nas Constituições Estaduais (competência de tribunais
estaduais) e nas leis de organização judiciária (competência de juízo). Ex: vara da Fazenda
Pública, que concentra as demandas envolvendo os Estados e os Municípios.
A competência da Justiça Federal, de igual modo, é determinada em razão da pessoa,
como disposto no artigo 109, I, da mesma maneira que ocorre nas varas especializadas da
Fazenda Pública.
4.5. Competência em razão do valor da causa
A relevância dessa competência ocorre em virtude da existência dos Juizados Especiais.
19 Trata-se de espécie de competência relativa. Em Juizados Especiais, temos uma divisão
sistemática: Juizado Especial Estadual (Lei 9.099/95), Juizado Especial Federal (Lei 10.259/01) e
o Juizado Especial da Fazenda Pública (Lei 12.153/09).
4.5.1. Juizados Especiais Estaduais – Lei 9.099/95
Competem aos Juizados Especiais Estaduais as causas que não superem 40 salários
mínimos e que estejam previstas no art. 3º, II, III e IV da Lei 9099, envolvendo sujeitos não
elencados no art. 8º da mesma lei, além de não serem faticamente complexas, não versarem
sobre dirieto coletivo lato sensu, nem seguirem procedimento especial.
Nessa lei, a escolha entre o juízo comum e o Juizado Especial é facultatividade do autor, se
a demanda for inferior a 40 salários mínimos. Sendo maior do que 40 salários mínimos,
obrigatoriamente será da Justiça Estadual, sendo uma regra de competência absoluta, salvo se
o autor renunciar ao excedente a esse valor.
Importante lembra-los que, no caso de reconhecimento de incompetência do Juizado
Especial, os autos não serão remetidos à Justiça Comum, mas sim extinto sem resolução de
mérito, tratando-se de excepcional hipótese em que a incompetência passa a ter caráter
peremptório.
4.5.2. Juizados Especiais Federais – Lei 10.259/01
Aqui a competência se dá em relação a pessoa e ao valor da causa. Compete ao JEF as
demandas de até 60 salários mínimos de competência da Justiça Federal. Ainda, o STF entende
que havendo litisconsórcio ativo, o teto deve ser calculado de forma autônoma para cada
litisconsorte.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Há também várias restrições de matéria, que obrigatoriamente deverão seguir perante a


Justiça Comum Federal: desapropriação, divisão e demarcação de terras, ações populares,
execuções da União, autarquia e fundações públicas federais, anulação ou cancelamento de
ato administrativo federal (ressalvado o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal),
e causas que tenham como objeto impugnação de pena de demissão imposta a servidor
público civil ou de sanção disciplinar aplicada a servidor militar.
Observação importante: onde houver JEF, a sua competência será absoluta, não havendo
nenhuma opção do autor em optar pela Justiça Comum Federal, como ocorre no Juizado
Estadual.
4.5.3. Juizados Especiais da Fazenda Pública – Lei 12.153/09
Aqui há uma conjugação do valor da causa com a pessoa, nos mesmos moldes do JEF, mas
aplicável às Fazendas Públicas Estadual, Distrital e Municipal. Trata-se de regra de competência
absoluta, com competência para julgar causas de até 60 salários mínimos. Aqui, recomenda-se
a leitura da lei, bem como a lei do JEF e a lei 9.099/95.

5. Competência da Justiça Federal


Aqui eu nem preciso falar que a importância é tamanha, certo?????????????????????????
Vamos lá. A competência da Justiça Federal sempre será determinada por normas de
competência absoluta. A previsão decorre do artigo 108 da CF, que determina as regras de
competência originária e recursal da Justiça Federal (TRFs) e no artigo 109, que determina as
regras dos juízes federais (1º grau), que ora são balizadas em razão da pessoa e ora em razão
da matéria.
20 5.1. Competência em razão da pessoa – ratione personae
5.1.1. Inciso I e seus desdobramentos
Segundo o artigo 109, inciso I:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho
e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

5.1.1.1. Sujeitos previstos no inciso legal que determinam a competência da


Justiça Federal
O dispositivo se fere à União, entidade autárquica ou empresa pública federal. A
jurisprudência também inclui as fundações públicas federais e as agências reguladoras federais
e os conselhos de fiscalização profissional, por tratarem-se de autarquias especiais. Não está
incluído na competência da Justiça Federal as demandas que envolvem sociedade de
economia mista, em que, apesar de preponderância do capital da União, serão de
competência da Justiça Estadual. (Aqui há uma exceção: se houver crime praticado contra
sociedade de economia mista, atingindo interesse jurídico da União, a competência criminal
será da Justiça Federal).
Importante observação é em relação ao Ministério Público Federal, pois a simples
presença dele em uma demanda não enseja a competência da Justiça Federal para o feito.
Ademais, os Ministérios Públicos não possuem atuação vinculada às suas respectivas Justiças,
podendo, inclusive, atuar em litisconsórcio, dependendo, para tanto, de demonstração de

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

alguma razão específica que justifique a presença de ambos na lide (INFO STJ 585). Mas
atenção: quando for propositura de ACP por MPF sempre será da Justiça Federal.
Não obstante a tal fato, há um entendimento do STJ que afirma que o MPF é um órgão da
União, de forma que, ainda que se admita um litisconsórcio entre MPE e MPF, a demanda
deverá tramitar perante a JF, por decorrência de interpretação extensiva do rol de sujeitos
previstos no art. 109, I, da CF.
5.1.1.2. Espécie de interesse que motiva a participação dos entes federais no
processo
No que concerne ao inciso I, as pessoas ali previstas poderão participar com autor, réu,
opoente e assistente para a fixação da competência da JF. Essa assistência poderá ser tanto
simples quanto litisconsorcial.
A lei 9.469/97 admite a intervenção desses entes ainda que presente o mero interesse
econômico, não necessitando de interesse jurídico. Nesse sentido, o STJ fixou o entendimento
de que essa forma de intervenção da União leva o processo para a Justiça Federal já em
primeiro grau.
Aqui na Subseção Judiciária de Sinop, em que eu trabalho, ocorre isso em processo de
desapropriação, em que uma usina hidrelétrica (concessionária), assina junto com a AGU, a fim
de que a ação tramite na Justiça Federal, por acreditarem ser uma justiça mais célere.
Não obstante a tal posicionamento, eu trago o entendimento do STF sobre o assunto, bem
como o entendimento do Guilherme Freire, de resumo que eu já elaborei sobre intervenção
anômala para vocês (é só entrar nos materiais do site e baixar): 1. O art. 5º da Lei nº 9.469/97
21 autoriza a União a intervir nas causas em que figurarem como autoras ou rés autarquias,
fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas púbicas federais, ainda que o
interesse seja meramente econômico e não jurídico. 2. Embora tolerável a intervenção
anômala da União autorizada pela norma em destaque, a jurisprudência desta Corte firmou-
se no sentido de que a simples assistência da União, embasada em mera alegação de
interesse econômico, não tem o condão de deslocar a competência para a Justiça Federal, o
que só ocorre no caso de demonstração de legítimo interesse jurídico na causa, nos termos
dos arts. 50 e 54 do CPC/73. 3. No caso, o Juízo Federal afirmou que a União não demonstrou
interesse jurídico, tendo apenas alegado seu interesse econômico na causa, por ser acionista
majoritária da ELETROBRÁS e por ser uma demanda de massa com grande efeito multiplicador.
Assim, com base no art. 5º da Lei 9.469/97, manteve a União na lide como assistente simples,
mas afastou a competência federal no caso, entendimento consentâneo com a jurisprudência
firmada nesta Corte e no STF. 4. Conflito de competência conhecido para declarar competente
a Justiça Estadual, a suscitada.
Em suma: se a demanda estiver tramitando perante a Justiça estadual e houver a
intervenção de alguma das pessoas aptas a ensejar a competência da Justiça Federal, nos
termos do art. 109, I da CR/88, não é o juiz estadual quem deverá analisar se possui ou não
competência; A MERA INTERVENÇÃO JÁ OBRIGA O JUIZ ESTADUAL A ENVIAR OS AUTOS À
JUSTIÇA FEDERAL, órgão competente para analisar sobre o cabimento ou não de intervenção
de tais sujeitos no processo (salvo na intervenção anômala, na qual, repita-se, só há
deslocamento automático para a JF se houver recurso).
Ainda, a presença desses sujeitos no feito através de denunciação à lide e do chamamento
ao processo acarreta inegável hipótese de competência da Justiça Federal. O mesmo pode-se

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

dizer da antiga nomeação à autoria, de modo que, com a saída do polo passivo anterior e a
entrada da União como ré, acarreta o deslocamento para Justiça Federal.
5.1.1.3. União e ação de usucapião
A usucapião especial (urbana e rual) encontra tratamento na lei 6.969/81, e o seu artigo
4º, §1º, dispõe ser uma das hipóteses de delegação prevista no artigo 109, §3º e 4º. Nesse
sentido, se no local do imóvel não houver vara da Justiça Federal, a Justiça Estadual do local
será competente. Isso ocorre porque essas espécies e usucapião têm um alto fator social,
buscando preservar a utilização útil das terras urbanas e rurais e assegurar o direito de
propriedade de forma mais fácil
Mas atenção: não se aplica à ação de usucapião ordinária e extraordinária. Nessas duas a
competência sempre será da Justiça Federal, ainda que não exista no local onde se localiza o
imóvel.
Apenas para lembrar-nos:
a) Usucapião ordinária: exige a posse contínua, exercida de forma mansa e pacífica pelo
prazo de 10 (dez) anos, o justo título e a boa-fé, reduzindo esse prazo pela metade no
caso de o imóvel "ter sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante
em cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem
estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e
econômico", nos termos do artigo 1.242, parágrafo único do CC.
b) Usucapião extraordinária: exige a posse ininterrupta de 15 (quinze) anos,
independentemente de justo título e boa-fé, exercida de forma mansa e pacífica com
ânimo de dono, que poderá ser reduzida para 10 (dez) anos nos casos em que o
22 possuidor estabelecer no imóvel a sua moradia habitual ou nele tiver realizado obras e
serviços de caráter produtivo. (art. 1238, CC)
c) Usucapião especial rural: A usucapião rural, também denominado pro labore, tem
como requisitos a posse como sua por 5 (cinco) anos ininterruptos e sem oposição, de
área rural não superior a cinquenta hectares, desde que já não seja possuidor de
qualquer outro imóvel, seja este rural ou urbano. Ainda apresenta como requisito o
dever de tornar a terra produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia. (art. 1239, CC)
d) Usucapião especial urbana: a usucapião urbana, também denominado depro
misero ou pró-moradia, tem como requisitos a posse sem oposição de área urbana de
até duzentos e cinquenta metros quadrados por 5 (cinco) anos ininterruptos,
utilizando-a como moradia sua ou de sua família, sendo vedada a posse de qualquer
outro imóvel. (art. 1240, CC)
e) Usucapião familiar: possibilidade da usucapião da propriedade dividida com ex-
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar àquele que exercer, por 2 anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel
urbano de até 250 metros quadrados, utilizando-o para sua moradia ou de sua família
e desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
f) Usucapião posse trabalho: aqui ocorre a desapropriação judicial urbana, que é meio
de privar o proprietário do direito que ele possui sobre determinado imóvel de
extensa área, que esteja sobre a posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, as quais nele houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

social e econômico relevante, restando ao proprietário justa indenização (artigo 1.228,


§§4º e 5º do Código Civil). A indenização será por conta do Poder Público.
Quanto à competência delegada, entenderam??? Só a usucapião especial urbana e rural
são de competência delegada da Justiça Estadual quando no local não houver Justiça Federal
no local. O resto é de competência da Justiça Federal.
5.1.1.4. Intervenção dos entes federais em processos em trâmite perante a
Justiça Estadual
Com o advento do NCPC, artigo 45, foi previsto um trâmite procedimental para a hipótese
de ingresso de ente federal em processo que tramite em outra Justiça, consagrando o
entendimento já sumulado pelo STJ (Súmula 150). Assim, se houver a intervenção, como
parte ou terceiro interveniente da União, empresa pública, autarquia e fundação federais e
conselhos de fiscalização de atividade profissional em processos tramitando em outro juízo,
gera a remessa dos autos ao juízo federal competente. São exceção de tal remessa a
recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho, bem como as causas
sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
Súmula 150, STJ: “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico
que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas”.
No caso de intervenção anômala, conforme já dito, há uma exceção a essa regra genérica
do NCPC. Lá só há mudança de competência se houver recurso da administração federal,
conforme já mencionado. Aqui, o juiz federal, ao receber os autos, decidirá sobre o pedido de
intervenção federal. Se o juiz acolhe, fica na JF, se não acolhe, o processo continua na Justiça
Estadual.
23 Em suma: se a demanda estiver tramitando perante a Justiça estadual e houver a
intervenção de alguma das pessoas aptas a ensejar a competência da Justiça Federal, nos
termos do art. 109, I da CR/88, não é o juiz estadual quem deverá analisar se possui ou não
competência; A MERA INTERVENÇÃO JÁ OBRIGA O JUIZ ESTADUAL A ENVIAR OS AUTOS À
JUSTIÇA FEDERAL, órgão competente para analisar sobre o cabimento ou não de intervenção
de tais sujeitos no processo (salvo na intervenção anômala, na qual, repita-se, só há
deslocamento automático para a JF se houver recurso).
Importante lembrar que, quando houver cumulação de pedidos, sendo o juízo estadual
competente para um deles e a Justiça Federal competente para outro(s), o juízo estadual não
poderá analisar o mérito em relação aos pedidos da Justiça Federal, extinguindo o feito em
relação a esse pedido. O mesmo ocorre se a ação for intentada na JF, de modo que os pedidos
de competência de outra justiça devem ser extintos, e haver análise tão somente dos pedidos
federais.
5.1.1.5. Competência recursal para reconhecer a incompetência absoluta
É pacífico o entendimento de que o Tribunal ao qual está vinculado o juízo que proferiu a
sentença viciada é o competente para o julgamento da apelação. Assim, aplica-se o princípio
kompetenz kompetenz, determinando que a única competência que tem o juiz incompetente é
para reconhecer a sua própria incompetência.
Assim, se um ente federal participa de um processo que tramitou perante a Justiça
Estadual, vê-se violada a regra do artigo 109, I, da Constituição Federal, de modo que o
Tribunal Estadual é competente para declarar a incompetência absoluta do feito e remeter os
autos para a Justiça Federal.
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

5.1.2. Inciso II – “as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional


e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País”
De um lado deve estar um Estado estrangeiro ou um organismo internacional, e de outro
lado, um Município ou uma pessoa domiciliada ou residente no País. Atenção: se de um dos
lados houver a União ou Estado, Distrito Federal ou Território, a competência não será mais do
Juiz Federal, passando a ser do Supremo Tribunal Federal, conforme o artigo 102, I, e, da CF).
A Carta Magna criou ainda outra peculiaridade em relação às causas envolvendo Estado
estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no
Brasil. É que a sentença do Juiz Federal não possui recurso de apelação para o Tribunal
Regional Federal. Sua impugnação deve ser dirigida diretamente ao Superior Tribunal de
Justiça, por meio de recurso ordinário (art. 105, lI, c, CF).
5.1.3. Inciso VIII – “os mandados de segurança e os habeas data contra ato de
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais
federais”
Não se tratando de autoridade federal que tenha hipótese de foro privilegiado
(competência originária de tribunal) em sede de mandado de segurança ou habeas data,
compete ao juiz federal de primeiro grau o MS ou o HD impetrado contra autoridade federal.
Atenção: vive caindo em prova MS contra instituição de ensino. Só em uma prova de
algum TRF do ano passado caíram duas questões. Salvo engano foi do TRF-5. Vamos lá.
Conforme o STJ, a competência da Justiça Federal é limitada a atos praticados por autoridade
de entidade educacional privada que age por delegação da União. Nesse sentido, MS contra
ato que indefere matrícula em razão de inadimplemento é de competência da Justiça Federal,
24 bem como nos MS contra ato de retenção do diploma em razão do inadimplemento.
Atenção 2: ação ordinária, em regra, é de competência da Justiça Estadual, salvo se for
para questionar a expedição do diploma.
Anotações muito interessantes do meu caderno:
● STJ SÚM 570: É de competência da JF o processo e julgamento de demanda que discute
ausência ou obstáculo ao credenciamento de instituição particular de ensino superior no
Ministério da Educação como condição de expedição de diploma de ensino a distância aos
estudantes.
o Pode ser ação de conhecimento, normal, ordinária, rito comum do CPC.
o Compete à Justiça Federal, ainda que a instituição seja privada, ação proposta
em razão da demora na expedição de diploma de conclusão de curso em
instituição privada de ensino superior.
AÇÃO COMPETÊNCIA
Se a ação proposta for mandado de segurança Justiça Federal
Ação (diferente do MS) discutindo questões privadas relacionadas ao
contrato de prestação de serviços firmado entre a instituição de ensino e Justiça Estadual
o aluno (exs: inadimplemento de mensalidade, cobrança de taxas etc.).
Ação (diferente do MS) discutindo registro de diploma perante o órgão
público competente ou o credenciamento da entidade perante o Justiça Federal
Ministério da Educação (obs: neste caso, a União deverá figurar na lide).

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

5.2. Competência em razão da matéria (ratio materiae)


5.2.1. Inciso III – “as causas fundadas em tratado ou contrato da União com
Estado estrangeiro ou organismo internacional”
Perceba-se que esse dispositivo dispensa a presença da União no processo, já que nesse
caso aplicar-se-ia o artigo 109, I, da CF. Aqui a União participou tão somente da celebração do
contrato ou do acordo, não participando do processo em que um dos dois será o objeto da
controvérsia. Geralmente são ações que envolvem tratados internacionais.
STJ: É competente a Justiça Federal Comum para a análise da ação ordinária que busca a
revalidação e registro de diploma estrangeiro, com base em Convenção e Acordo
Internacionais, como se deduz do exame conjunto dos arts. 3º da Lei nº 10.259/01 e 109, da
CR.
5.2.2. Inciso X – “... a execução da carta rogatória, após o exaquatur, e de
sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização”
O texto explica-se por si só as matérias de competência da Justiça Federal. Sobre esse
inciso, é importante esclarecer que também serão de competência da Justiça Federal as ações
relativas à retificação de registro, em razão da perda ou aquisição de nacionalidade.
5.2.3. Inciso XI – “a disputa sobre direitos indígenas”
O STJ entende que, tratando-se de competência em razão da matéria, a simples presença
de indígena como parte da demanda não é o suficiente não é o suficiente para a aplicação do
25 art. 109, XI, da CF. Assim, a competência da JF fica restrita às demandas que tenham como
objeto direito da coletividade indígena, conforme previsto no artigo 231 da CF.
5.2.4. Inciso V-A “as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º deste
artigo”
Esse dispositivo legal surgiu com a EC 45/04, com nítida incidência na esfera criminal,
podendo também estar presente em causas cíveis. Trata-se de hipóteses de demandas que
versem a respeito de direitos transindividuais referentes a direitos humanos, havendo
exigência da ocorrência de grave violação de direitos humanos.
Assim, havendo uma grave violação aos direitos humanos, o PGR irá suscitar, perante o
STJ, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal, a fim de assegurar o
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte.
5.3. Conflitos em sede federal
Juiz estadual investido de jurisdição federal em conflito com juiz federal, de quem é a
competência para dirimir o conflito? TRF, porque, se o juiz estadual está investido de jurisdição
federal, o conflito com juiz federal só pode ser dirimido pelo TRF. (Súmula 03 do STJ: Compete
ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região,
entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal)
Se for conflito entre juiz estadual sem jurisdição federal e juiz federal, de quem é a
competência para dirimir o conflito? É do STJ.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

E se for entre juiz estadual que está negando ter competência delegada e o juiz federal?
Predomina entendimento de que a competência também é do STJ.
Se o conflito for entre juiz federal e o TRF ao qual ele está subordinado, de quem é a
competência para dirimir o conflito? Não existe conflito, não pode existir conflito, esse juiz
cumpre a determinação desse Tribunal ao qual está subordinado.
Se for entre juiz federal e Tribunal ao qual ele não está sujeito, a competência é do STJ, é
como se fosse conflito entre Tribunais.

6. Prorrogação de competência
6.1. Conceito
A prorrogação de competência aplica-se exclusivamente às hipóteses de competência
relativa, pois as normas dessa natureza admitem o afastamento de sua aplicação no caso
concreto, conforme já dito anteriormente. A exceção fica por conta da tutela coletiva, que
permite reunião de demandas conexas mesmo tratando-se de competência absoluta do local
do dano, pois os foros absolutamente competentes têm competência concorrente para a ação
coletiva.
Assim, prorrogação da competência nada mais é que fenômeno que ocorre quando o
órgão que era abstratamente incompetente torna-se competente em virtude de determinada
regra que naquela situação modifica a competência. Assim: o órgão abstratamente
incompetente torna-se incompetente e o órgão anteriormente competente torna-se
incompetente.

26 Temos as seguintes hipóteses de prorrogação legal de competência: conexão, continência


e ausência de alegação de competência relativa; e as seguintes hipóteses de prorrogação
voluntária: cláusula de eleição de foro e prorrogação por vontade unilateral do autor.
Temos uma ordem de preferência no que toca às hipóteses de prorrogação, de modo que
a ordem estabelecida é: 1º conexão/continência; 2º ausência de alegação de incompetência
relativa; 3º cláusula de eleição de foro, considerando-se a prorrogação por vontade unilateral
do autor uma forma atípica de prorrogação.
6.2. Prorrogação legal
6.2.1. Conexão e continência
6.2.1.1. Conceito
Em relação aos conceitos de conexão e continência, em seu artigo 55, o código dispõe que
“Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de
pedir”; ainda, conforme o 56, “Dá-se a continência entre duas ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo,
abrange o das demais”. O Daniel Assumpção fala que a continência é uma espécie de conexão,
pois também exige identidade de causa de pedir, acrescentando mais um requisito, que é a
maior abrangência do pedido.
A finalidade é a economia processual e a harmonização dos julgados, de modo a evitar
decisões conflitantes proferidas por dois juízos diferentes.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

6.2.1.2. Requisitos da conexão dispostos no conceito legal – art. 55 e


parágrafos
Em relação aos requisitos da conexão, no que toca à causa de pedir, a doutrina vem
entendendo que basta que um de seus elementos seja coincidente para que haja conexão
entre as ações (seja dos fatos ou dos fundamentos jurídicos). Esse é o entendimento
consagrado pelo Superior Tribunal de Justiça, havendo, também, decisões que flexibilizam tal
entendimento, afirmando não ser necessário que se cuide de causas idênticas quanto aos
fundamentos e objetos, bastando que sejam análogas.
Para tal situação, em que mesmo não havendo identidade de fatos ou dos fundamentos
jurídicos, mas que possam causar prolação de decisões conflitantes ou contraditórias, o NCPC
trouxe o §3º do NCPC: “Serão reunidas para julgamento conjunto os processos que possam
gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididas
separadamente, mesmo sem conexão entre eles”. Logo, mesmo não havendo conexão, é
possível reunião de processos, bastando o risco de decisões conflitantes/contraditórias.
No mesmo sentido, o STJ entendia que existia conexão entre ações de execução fiscal, com
ou sem embargos, e a ação anulatória de débito fiscal, inclusive com a determinação da
reunião das ações perante o juiz prevento para seu julgamento simultâneo. Percebam que
aqui não há identidade de pedido ou causa de pedir, pois a causa de pedir é o título executivo
e o pedido é a satisfação do direito, enquanto em eventuais embargos e ação anulatória possui
a finalidade de discutir o débito.
Nesse sentido, o NCPC trouxe o §2º do artigo 55, dispondo que se aplica a conexão à
execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; às
27 execuções fundadas no mesmo título executivo.
BIZU: Importante julgado do STJ mitiga esse artigo: “Pode ser reconhecida a conexão e
determinada a reunião para julgamento conjunto de um processo executivo com um processo
de conhecimento no qual se pretenda a declaração de inexistência da relação jurídica que
fundamenta a execução, desde que não implique em modificação de competência absoluta.”
Ou seja, se no foro tiver uma vara especializada em execução fiscal ou vara de Fazenda Pública,
essa ação executiva não poderá ser retirada dessa vara especializada para uma vara cível
comum com o fito de reunião com um processo de conhecimento na Vara comum, pois
implicaria em modificação de competência absoluta. Portanto: nem sempre a ação anulatória
poderá ser reunida com a ação de execução.
Considerando-se conexas as ações, os feitos serão reunidos para decisão conjunta, salvo
se um deles já houver sido sentenciado (§1º). Isso é também teor da Súmula 235 do STJ.
6.2.1.3. Obrigatoriedade ou facultatividade na reunião de processos em razão
da conexão
A regra do artigo 55, §1º é que os processos serão reunidos para decisão conjunta, salvo se
um deles já houver sido sentenciado. Isso comporta exceção? Há correntes doutrinárias para
os dois lados sobre a obrigatoriedade ou não da reunião, variando a liberdade de escolha do
juiz conforme a intensidade da conexão e os benefícios reais advindos dessa conexão.
O fato é que uma reunião que não possa alcançar nenhum dos objetivos traçados para o
instituto (economia processual e evitar decisões conflitantes) está totalmente fora de questão.
A aplicação automática, sem nenhuma ponderação a respeito da razão de ser da norma não se
justifica. Esse entendimento é chancelado pelo STJ através da Súmula 235, já mencionada, de
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

modo que se um processo já foi sentenciado e está no tribunal, não haveria razões para
reunião, circunstância que não geraria qualquer economia processual ou harmonia dos
julgados.
O STJ entende haver um verdadeiro juízo de conveniência baseado em juízo de
discricionariedade na reunião de ações conexas, deixando claro não ser obrigatória a reunião
no caso concreto. Nesse sentido, é a Súmula 515 do STJ: A reunião de execuções fiscais contra
o mesmo devedor constitui faculdade do juiz. Assim, o STJ entende que ainda que exista
conexão entre as causas e estas tramitem no mesmo juízo, não há obrigatoriedade de
decisão conjunta, pois, notando o juiz que a solução de uma demanda não influenciará a
decisão da outra, não existe qualquer nulidade em decidi-las em momentos distintos.
Ainda, conforme já dito, havendo ações conexas de diferentes competências absolutas em
trâmite, haverá um impedimento legal para sua reunião perante o juízo prevento. O máximo
que se pode fazer é a suspensão de uma das ações em razão de prejudicialidade externa (art.
313, V, a, do NCPC).
Importante é o entendimento do STJ sobre ação coletiva conexas em trâmite na Justiça
Federal e na Justiça Estadual. O STJ entende que é possível a reunião de ações coletivas
originariamente em trâmite na Justiça estadual e na Justiça Federal perante a segunda. Nesse
sentido, temos a Súmula 489 STJ: Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça
Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.
A reunião por conexão tem tratamento processual de ordem pública, de modo que há uma
legitimidade plena para sua arguição, em qualquer momento. Ademais, sua alegação não
suspende o processo, sendo um pedido incidente a ser considerado pelo juiz. Cuidado: essa
28 reunião pode ser determinada nos Tribunais. Por exemplo, está em fase de apelação,
ninguém havia identificado conexão até então. Foi identificado, agora, na fase de apelação,
logo, as apelações podem ser reunidas. Podem ser reunidos os recursos especiais, podem ser
reunidos os recursos extraordinários. Não tem problema nenhum, DESDE QUE OS PROCESSOS
ESTEJAM NA MESMA INSTÂNCIA.
Sobre a possível nulidade a ser gerada, a melhor doutrina entende que deve ser
comprovado o efetivo prejuízo que o vício da ausência de reunião causou, sendo requisito para
anulação da decisão. Isso ocorre porque o NCPC preconiza a instrumentalidade das formas.
A alegação de incompetência relativa muito se assemelha com a alegação de conexão, mas
prestem atenção que há diferenças. Vejamos:

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

6.2.2. Ausência de alegação de incompetência relativa


Sabemos que o juiz não pode conhecer de ofício a incompetência relativa, salvo a hipótese
de cláusula de eleição de foro abusiva (art. 63, §3º, CPC), em que o juiz poderá pronunciar-se
de ofício acerca da incompetência relativa. O réu, caso não alegue em preliminar de
contestação a incompetência relativa, permitirá que aquele juízo, originariamente
incompetente, se torne competente no caso concreto, verificando-se a hipótese de
prorrogação de competência.
Conforme o artigo 65 do NCPC, a ausência de alegação de incompetência relativa pelo réu

29 é causa de prorrogação de competência, não importando os motivos (ignorância, perda de


prazo, etc.)
6.3. Prorrogações voluntárias
6.3.1. Eleição de foro
Conforme já mencionamos, o artigo 63 disponibiliza a opção de modificação das regras de
competência relativa por meio de celebração de um acordo, escolhendo um foro determinado
para futuras e possíveis demandas. É a cláusula de eleição de foro.
Percebam que, apesar de o artigo falar ser aplicável em competência em razão do valor e
do território, algumas hipóteses dessas últimas são de competência absoluta, conforme já dito
por nós anteriormente, hipótese em que não será possível afastar a competência absoluta por
meio de contrato de eleição de foro.
Ainda, o artigo 62 dispõe que a competência determinada em razão da matéria, da pessoa
ou da função é inderrogável entre as partes, de modo que não se pode haver cláusula de
eleição de foro nesses casos, pois são a regra geral em competência absoluta.
A validade da cláusula de eleição de foro está limitada às ações oriundas de direitos e
obrigações disponíveis. Ademais, requisito dessa cláusula é que conste obrigatoriamente de
instrumento escrito, indicando negócio jurídico específico.
Ademais, o STJ entende que sendo discutida a própria validade do contrato em que está
inserida a cláusula de eleição de foro, essa não deve prevalecer.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

6.3.2. Vontade unilateral do autor


Não há previsão expressa na lei, mas resulta de uma análise sistemática das regras legais
acerca da matéria. Haverá tal espécie de prorrogação sempre que a demanda for proposta
respeitando-se a regra do foro geral (domicílio do réu), na hipótese de haver uma regra
especial protegendo o autor em detrimento da regra de foro geral. Assim, opta o autor em
afastar a norma que teria sido feita em seu favor e escolhe litigar no domicílio do réu.
Mas atenção: a prorrogação fica condicionada à ausência de um efetivo prejuízo para o
RÉU no caso concreto, que deverá ser provado na análise da preliminar de incompetência
relativa. Esse é o entendimento do STJ.

7. Prevenção
Não é forma de prorrogação de competência, mas instituto analisado quando enfrentado
o tema competência por se referir às normas de concentração de competência, responsáveis
por sua fixação nas hipóteses em que abstratamente sejam competentes um ou mais juízos
para a mesma causa.
Uma ação, quando houver mais de um juiz no foro, deve ser distribuída (art. 284), de
modo que para transforma a competência cumulativa de vários juízos em competência
exclusiva de um só entre todos eles no caso concreto.
7.1. Prevenção de causas conexas em primeiro grau de jurisdição
A função da prevenção nas hipóteses de reunião por conexão é definir em qual juízo as
ações serão reunidas, ou seja, determinar qual juízo irá concentrar as ações sob seu comando,
e ao final decidi-las. A prevenção é CRITÉRIO DE EXCLUSÃO DOS DEMAIS JUÍZOS
30 COMPETENTES DE UM MESMO FORO ou tribunal, não sendo uma forma de prorrogação ou
determinação da competência. Veja então que prevenção é algo diametralmente oposto à
prorrogação de competência: ENQUANTO A PREVENÇÃO EXCLUI OS DEMAIS JUÍZOS TAMBÉM
COMPETENTES, A PRORROGAÇÃO TORNA COMPETENTE UM JUÍZO, A PRIORI,
RELATIVAMENTE INCOMPETENTE.
No NCPC, a regra da prevenção está no artigo 59: o registro ou a distribuição da petição
inicial torna o juízo prevento. Tal regra difere do ordenamento anterior, que dizia que a citação
válida tornava prevento o juízo.
Ademais, em Ação Civil Pública, a lei segue a mesma regra, dispondo o parágrafo único do
artigo 2º da Lei 7.347/85 que “A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
objeto.”
Observação importante: o artigo 312 do NCPC dispõe que considera-se proposta a ação
quando a petição inicial for protocolada.

8. Princípio da perpetuatio jurisdictionis – art. 43 do NCPC


O artigo 43 do NCPC dispõe que a competência é determinada no momento do registro ou
da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações de estado de fato ou de
direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a
competência absoluta. Isso é o princípio da perpetuatio jurisdictionis. Aqui, na verdade, não é a
jurisdição que se perpetua, mas sim a competência. Deveria ser, portanto, perpetuação da
compet
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Assim, o processo não é itinerante, ou seja, não tem sua competência modificada sempre
que houver alguma mudança de domicílio do réu, alguma mudança de nova lei sobre
competência relativa, etc. Isso serve para evitar fixação de competência imbuída de má-fé a
fim de escolher um juízo ou postergar a entrega da prestação jurisdicional.
Não obstante a tal fato, em caso de criação de uma nova comarca, a administração da
Justiça tem determinado a remessa imediata dos processos à nova comarca. O STF, entretanto,
já entendeu que a criação de Subseção Judiciária na Justiça Federal não é motivo para
modificação de competência, prestigiando o princípio da perpetuatio jurisdictionis.
Nesse mesmo sentido, o STJ vem entendendo que a criação de varas ou comarcas por
meio de resoluções administrativas ou leis de organização judiciária não se sobrepõem às
regras de competência previstas pelo CPC, de forma que se deve prestigiar a perpetuatio
jurisdictionis.
Mas atenção: O STJ entende que deve-se afastar esse princípio em caso de ação de
alimentos, dado o caráter continuativo da relação jurídica alimentar e a índole social desta
ação. Assim, as ações revisionais de alimentos devem ser propostas no domicílio atual do
alimentando, ainda que esse novo domicílio tenha sido resultado de mudança durante a ação
de alimentos. O mesmo tribunal já decidiu nesse sentido em ações que envolvem a guarda de
incapaz.
Sobre as subseções e seções judiciárias, é importante nós fazermos algumas observações:
O Brasil atualmente tem a Justiça Federal dividida em cinco regiões. Em cada região
encontram-se determinadas seções judiciárias, as quais correspondem, cada uma, a um
estado-membro.
31 As seções judiciárias são ou podem ser, por sua vez, subdivididas em subseções judiciárias,
conforme lei de organização judiciária (as comarcas também podem ser subdivididas em
distritos). TEM-SE ENTENDIDO QUE A CRIAÇÃO DE DISTRITOS E SUBSEÇÕES JUDICIÁRIAS É
HIPÓTESE DE CRIAÇÃO DE FOROS ABSOLUTOS, POIS A SUA INSTITUIÇÃO DECORRERIA DE
RAZÕES DE ORDEM PÚBLICA. Por isso, o desrespeito admite o reconhecimento da
incompetência de ofício pelo magistrado, sendo esta uma orientação bastante consolidada.
Essa é a razão pela qual se considera lícita a redistribuição dos processos para novas
subseções, de acordo com a nova divisão territorial da competência: como se trata de
alteração superveniente de competência absoluta territorial, excepciona-se a regra da
perpetuação da jurisdição prevista no art. 43 do CPC.

9. Jurisprudências do Buscador Dizer o Direito

JUSTIÇA ESTADUAL
ANATEL não é parte legítima em ação de usuário de telefonia contra a concessionária
Súmula 506-STJ: A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o
usuário de telefonia decorrentes de relação contratual. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
26/03/2014.
Competência para demandas que envolvam previdência privada e REFER

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Súmula 505-STJ: A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto
obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a
Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social — REFER é da Justiça estadual. STJ. 2ª Seção.
DJe 10/02/2014 (Info 533).
Cobrança de verbas por profissional liberal
Se o autor ajuíza ação contra empresa alegando que era colaborador autônomo, como
profissional liberal, e pede condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais e
materiais, tal demanda é de competência da Justiça Comum Estadual. Aplica-se, no caso, o
mesmo raciocínio presente na Súmula 363 do STJ: Compete à Justiça estadual processar e
julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente. STJ. 2ª Seção. CC
118.649-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 24/4/2013 (Info 521).
Litígios envolvendo servidores temporários e administração pública
A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a validade de
vínculo jurídico-administrativo entre o poder público e servidores temporários. Dito de outra
forma: a Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores temporários (art. 37, IX,
da CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal). A competência
NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue que houve desvirtuamento do
vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos baseados na CLT ou na lei do FGTS. TF.
Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias
Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).
Ações propostas contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista
32 antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário
Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de
1988 sem prestar concurso. STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
14/09/2016 (Info 839).
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da
Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso
público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza
trabalhista. STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 01/10/2015
(repercussão geral).
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações em que se discute o direito às verbas
trabalhistas relativas ao período em que o servidor mantinha vínculo celetista com a
Administração Pública antes da transposição para o regime estatutário. STF. Plenário virtual.
ARE 1001075, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 09/12/2016.
IMPORTANTE. Competência para julgar greve de servidor público: Justiça comum (estadual
ou federal)
Compete à justiça comum (estadual ou federal) julgar causa relacionada ao direito de greve de
servidor público, pouco importando se se trata de celetista ou estatutário. STF. Plenário. RE
846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
25/5/2017 (repercussão geral) (Info 866).
Ação contra a Eletrobrás nos casos de empréstimo compulsório sobre energia elétrica

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Súmula 553-STJ: Nos casos de empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica, é
competente a Justiça estadual para o julgamento de demanda proposta exclusivamente contra
a Eletrobrás. Requerida a intervenção da União no feito após a prolação de sentença pelo juízo
estadual, os autos devem ser remetidos ao Tribunal Regional Federal competente para o
julgamento da apelação se deferida a intervenção.
Competência para julgar demanda indenizatória por uso de imagem de jogador de futebol
É da Justiça do Trabalho (e não da Justiça Comum) a competência para processar e julgar a
ação de indenização movida por atleta de futebol em face de editora pelo suposto uso
indevido de imagem em álbum de figurinhas quando, após denunciação da lide ao clube de
futebol (ex-empregador), este alegar que recebeu autorização expressa do jogador para ceder
o direito de uso de sua imagem no período de vigência do contrato de trabalho. Na ementa
oficial do julgado, restou assim consignado: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar
ação indenizatória movida contra editora, por suposto uso indevido de imagem de atleta de
futebol, caracterizado por publicação, sem autorização, do autor de sua fotografia em álbum
de figurinhas, na hipótese de denunciação da lide pela ré ao clube empregador. STJ. 2ª Turma.
CC 128.610-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 22/6/2016 (Info 587).
JUSTIÇA FEDERAL COMUM
Demandas contra dirigente de instituição de ensino superior
É da Justiça estadual, via de regra, a competência para julgar a ação em que se discute a
legalidade da cobrança de instituição de ensino superior estadual, municipal ou particular de
taxa para expedição de diploma de curso, salvo quando se tratar de mandado de segurança
cuja impetração se volta contra ato de dirigente de universidade pública federal ou de
33 universidade particular, hipótese de competência da Justiça Federal. STJ. 2ª Turma. REsp
1.295.790-PE, Rel. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/11/2012.
De quem é a competência para julgar as causas propostas contra instituições de ensino (ou
seus dirigentes) em demandas envolvendo educação?
I — Ensino Fundamental: a competência será, em regra, da Justiça Estadual (MS ou outras
ações).
II — Ensino Médio: a competência será, em regra, da Justiça Estadual (MS ou outras ações).
III — Ensino Superior:

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Demanda em que se pede a obtenção de diploma de curso de ensino à distância negado por
problemas de credenciamento da instituição de ensino superior junto ao MEC
Súmula 570-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento de demanda em que se
discute a ausência de ou o obstáculo ao credenciamento de instituição particular de ensino
superior no Ministério da Educação como condição de expedição de diploma de ensino a
distância aos estudantes. MESMO QUE SEJA AÇÃO ORDINÁRIA e contra universidade
particular!
Ação de pensão por morte na qual haverá reconhecimento de união estável
Compete à JUSTIÇA FEDERAL processar e julgar demanda proposta em face do INSS com o
34 objetivo de ver reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber pensão decorrente
da morte do alegado companheiro, ainda que seja necessário enfrentar questão prejudicial
referente à existência, ou não, da união estável. STJ. 1ª Seção. CC 126.489-RN, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 10/4/2013 (Info 517).

IMPORTANTE. Competência para julgar causas envolvendo a OAB


Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual. STF.
Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 31/8/2016 (repercussão geral)
(Info 837).
IMPORTANTE. Ações civis públicas propostas pelo MPF e competência
A simples presença do MPF na lide faz com que a causa seja da Justiça Federal? Em outras
palavras, todas as ações civis públicas propostas pelo Parquet federal serão, obrigatoriamente,
julgadas pela Justiça Federal?
SIM. Esta é a posição que prevalece atualmente tanto no STJ como no STF. STF. 2ª Turma. RE
822816 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 08/03/2016.
IMPORTANTE. Aplicação do § 2º do art. 109 da CF/88 também às autarquias federais
O § 2º do art. 109 da CF/88 prevê que as causas propostas contra a União poderão ser
ajuizadas na seção (ou subseção) judiciária:
• em que for domiciliado o autor;
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

• onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda;


• onde esteja situada a coisa; ou
• no Distrito Federal.
Apesar de o dispositivo somente falar em “União”, o STF entende que a regra de competência
prevista no § 2º do art. 109 da CF/88 também se aplica às ações propostas contra autarquias
federais. Isso porque o objetivo do legislador constituinte foi o de facilitar o acesso à justiça.
STF. Plenário. RE 627709/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/8/2014 (Info 755).

COMPETÊNCIAS ENVOLVENDO O STF


Causas entre União e Estados/DF que caracterizem "conflito federativo"
Segundo o art. 102, I, “f”, da CF/88, compete ao STF processar e julgar “as causas e os conflitos
entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da administração indireta”. O STF confere interpretação restritiva a esse
dispositivo e entende que, para se caracterizar a hipótese do art. 102, I, “f”, da CF/88, é
indispensável que, além de haver uma causa envolvendo União e Estado, essa demanda tenha
densidade suficiente para abalar o pacto federativo. Em outras palavras, não é qualquer causa
envolvendo União contra Estado que irá ser julgada pelo STF, mas somente quando essa
disputa puder resultar em ofensa às regras do sistema federativo.
STF. 1ª Turma. Rcl 12957/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/8/2014 (Info 756).
Compete ao STF julgar MS proposto pelo TJ contra o Governador pedindo o repasse do
35 duodécimo do Judiciário
Compete ao STF julgar mandado de segurança impetrado pelo Tribunal de Justiça contra ato
do Governador do Estado que atrasa o repasse do duodécimo devido ao Poder Judiciário.
Nesta hipótese, todos os magistrados do TJ possuem interesse econômico no julgamento do
feito, uma vez que o pagamento dos subsídios está condicionado ao cumprimento do dever
constitucional de repasse das dotações consignadas ao Poder Judiciário estadual pelo chefe do
Poder Executivo respectivo. Logo, a situação em tela se amolda ao art. 102, I, "n", da CF/88.
STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848).
Causa que interessa a todos os membros da magistratura
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da magistratura
sejam direta ou indiretamente interessados é de competência originária do STF. Vale ressaltar,
no entanto, que a causa não será da competência originária do STF se a matéria discutida,
além de ser do interesse de todos os membros da magistratura, for também do interesse de
outras carreiras de servidores públicos. Além disso, para incidir o dispositivo, o texto
constitucional preconiza que a matéria discutida deverá interessar a todos os membros da
magistratura e não apenas a parte dela. Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é
competente para julgar originariamente ação intentada por juiz federal postulando “ajuda de
custo decorrente de remoção” tendo em vista que esse pedido é comum a diversas carreiras
públicas, o que afasta a competência da Suprema Corte. STF. 1ª Turma. ARE 744436 AgR/PE,
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 30/9/2014 (Info 761). STF. 2ª Turma. AO 1840 AgR/PR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 11/2/2014 (Info 735).

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo que tenha
julgado a lide que originou o cumprimento de sentença
Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual de sentenças
genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal atribuição
cabe aos órgãos judiciários competentes de primeira instância. STF. 2ª Turma. PET 6076 QO
/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2017 (Info 862).
Demandas contra o CNJ e o CNMP
De quem é a competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP:
• Ações ordinárias  Juiz federal (1ª instância)
• Ações tipicamente constitucionais (MS, MI, HC e HD) STF
STF. Plenário. AO 1814 QO/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/9/2014 (Info 760).
STF. 2ª Turma. ACO 2373 AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 19/8/2014 (Info 755).
Competência para julgar MS contra ato de Presidente de TJ que cumpre resolução do CNJ
Compete ao STF julgar mandado de segurança contra ato do Presidente de Tribunal de Justiça
que, na condição de mero executor, apenas dá cumprimento à resolução do CNJ. Isso porque a
competência para julgar MS contra atos do CNJ é do STF. STF. 2ª Turma. Rcl 4731/DF, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753).
Mandado de segurança contra decisões negativas do CNMP
A competência para julgar mandados de segurança impetrados contra o CNJ e o CNMP é do
36 STF (art. 102, I, “r”, da CF/88). Algumas vezes o interessado provoca o CNJ ou o CNMP, mas tais
órgãos recusam-se a tomar alguma providência no caso concreto porque alegam que não têm
competência para aquela situação ou que não é hipótese de intervenção. Nessas hipóteses,
dizemos que a decisão do CNJ ou CNMP foi “NEGATIVA” porque ela nada determina, nada
aplica, nada ordena, nada invalida.
Nesses casos, a parte interessada poderá impetrar MS contra o CNJ/CNMP no STF?
NÃO. O STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisões
negativas do CNMP e do CNJ. Segundo entende o STF, como o conteúdo da decisão do
CNJ/CNMP foi “negativo”, ele não decidiu nada. Se não decidiu nada, não praticou nenhum
ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no STF. STF. 1ª
Turma. MS 33163/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 5/5/2015 (Info 784).
STF não possui competência originária para julgar ação popular
Determinado cidadão propôs “ação popular” contra a Presidente da República pedindo que ela
fosse condenada à perda da função pública e à privação dos direitos políticos. A competência
para julgar essa ação é do STF?
NÃO. O STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular, ainda que
ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A competência para julgar
ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via
de regra, do juízo de 1º grau. STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
25/11/2015 (Info 811).

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Demanda proposta por consumidor por equiparação
O indivíduo considerado consumidor por equiparação poderá propor a ação de indenização
contra o fornecedor de serviços no foro de seu domicílio (foro do domicílio do autor), nos
termos do art. 101, I, do CDC. Em outras palavras, o consumidor por equiparação também tem
direito à regra especial de competência do art. 101, I, do CDC. STJ. 2ª Seção. CC 128.079-MT,
Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/3/2014 (Info 542).
Ação anulatória de escritura pública de cessão e transferência de direitos possessórios
O foro do domicílio do réu é competente para processar e julgar ação declaratória de nulidade,
por razões formais, de escritura pública de cessão e transferência de direitos possessórios de
imóvel, ainda que esse seja diferente do da situação do imóvel. STJ. 2ª Seção. CC 111.572-SC,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/4/2014 (Info 543).
Não se aplica a regra do art. 53, V, do CPC para a ação de indenização proposta pela
seguradora em caso de acidente de veículo envolvendo o locatário
A competência para julgar ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de
veículos é do foro do domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, do CPC/2015). Essa
prerrogativa de escolha do foro não beneficia a pessoa jurídica locadora de frota de veículos,
em ação de reparação dos danos advindos de acidente de trânsito com o envolvimento do
locatário. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgRg no Ag 1.366.967-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para
acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/4/2017 (Info 604).
Ação monitória proposta contra estado-membro
37 Segundo a jurisprudência do STJ, o Estado-membro não tem prerrogativa de foro. Logo,
poderá ser demandado em outra comarca que não a de sua capital. Poderá ser até mesmo
demandado em outro Estado-membro da Federação. No caso de ação monitória proposta
contra o Estado-membro, a competência para julgar a causa é do local onde a obrigação
deveria ser satisfeita e onde deveria ter ocorrido o pagamento da contraprestação, conforme
prevê o art. 100, IV, “d”, do CPC 1973 (art. 53, III, "d", do CPC 2015). STJ. 2ª Turma. REsp
1.316.020-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/4/2013 (Info 517).
OUTROS TEMAS
Reconhecimento de união estável homoafetiva
A competência para processar e julgar ação destinada ao reconhecimento de união estável
homoafetiva é da vara de família. Assim, se houver vara privativa para julgamento de
processos de família, essa será competente para processar e julgar pedido de reconhecimento
e dissolução de união estável homoafetiva, independentemente de eventuais limitações
existentes na lei de organização judiciária local. STJ. 3ª Turma. REsp 1.291.924-RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013 (Info 524).
Reconhecimento de incompetência absoluta e prolação de decisão acautelatória
Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, é válida a decisão que, em ação
civil pública proposta para a apuração de ato de improbidade administrativa, tenha
determinado — até que haja pronunciamento do juízo competente — a indisponibilidade dos
bens do réu a fim de assegurar o ressarcimento de suposto dano ao patrimônio público. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.038.199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013 (Info 524).

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

Dever de remessa dos autos ao juízo competente mesmo em caso de processo eletrônico
Se o juízo reconhece a sua incompetência absoluta para conhecer da causa, ele deverá
determinar a remessa dos autos ao juízo competente e não extinguir o processo sem exame
do mérito. O argumento de impossibilidade técnica do Poder Judiciário em remeter os autos
para o juízo competente, ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico, não
pode ser utilizado para prejudicar o jurisdicionado, sob pena de configurar-se indevido
obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional. Assim, implica indevido obstáculo ao acesso à tutela
jurisdicional a decisão que, após o reconhecimento da incompetência absoluta do juízo, em
vez de determinar a remessa dos autos ao juízo competente, extingue o feito sem exame do
mérito, sob o argumento de impossibilidade técnica do Judiciário em remeter os autos para o
órgão julgador competente, ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico. STJ.
2ª Turma. REsp 1.526.914-PE, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da
3ª Região), julgado em 21/6/2016 (Info 586).
Conflito de competência entre juízo estatal e câmara arbitral
É possível a existência de conflito de competência entre juízo estatal e câmara arbitral. Isso
porque a atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza jurisdicional. STJ. 2ª
Seção. CC 111.230-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2013 (Info 522).
Inaplicabilidade da cláusula de eleição de foro prevista em contrato sem assinatura das
partes
Nos casos em que a parte questiona a própria validade do contrato, ela não precisará respeitar
o foro de eleição referente a esse ajuste. Ex: duas empresas fizeram um contrato e elegeram
38 como foro de eleição a comarca de Florianópolis; ocorre que o contrato, apesar de aprovado,
não chegou a ser assinado. Uma das empresas ajuizou ação questionando a validade desse
ajuste pelo fato de ele não ter sido assinado. Neste caso, em que a própria validade do
contrato está sendo objeto de apreciação judicial pelo fato de que não houve instrumento de
formalização assinado pelas partes, a cláusula de eleição de foro não deve prevalecer, ainda
que ela já tenha sido prevista em contratos semelhantes anteriormente celebrados entre as
mesmas partes. STJ. 3ª Turma. REsp 1.491.040-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j.
3/3/2015 (Info 557).
Conexão por prejudicialidade
A conexão entre duas causas ocorre quando elas, apesar de não serem idênticas, possuem um
vínculo de identidade entre si quanto a algum dos seus elementos caracterizadores. São duas
(ou mais) ações diferentes, mas que mantêm um vínculo entre si. Segundo o texto do CPC
1973, existe conexão quando duas ou mais ações tiverem o mesmo pedido (objeto) ou causa
de pedir. Quando o juiz verificar que há conexão entre duas causas, ele poderá ordenar, de
ofício ou a requerimento, a reunião delas para julgamento em conjunto. Essa é a regra geral,
não sendo aplicável, contudo, quando a reunião implicar em modificação da competência
absoluta. O conceito de conexão previsto na lei é conhecido como concepção tradicional
(teoria tradicional) da conexão. Existem autores, contudo, que defendem que é possível que
exista conexão entre duas ou mais ações mesmo que o pedido e a causa de pedir sejam
diferentes. Em outras palavras, pode haver conexão em situações que não se encaixem
perfeitamente no conceito legal de conexão. Tais autores defendem a chamada teoria
materialista da conexão, que sustenta que, em determinadas situações, é possível identificar a
conexão entre duas ações não com base no pedido ou na causa de pedir, mas sim em outros

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

fatos que liguem uma demanda à outra. Eles sustentam, portanto, que a definição tradicional
de conexão é insuficiente. Essa teoria é chamada de materialista porque defende que, para se
verificar se há ou não conexão, o ideal não é analisar apenas o objeto e a causa de pedir, mas
sim a relação jurídica de direito material que é discutida em cada ação. Existirá conexão se a
relação jurídica veiculada nas ações for a mesma ou se, mesmo não sendo idêntica, existir
entre elas uma vinculação. Essa concepção materialista é que fundamenta a chamada
“conexão por prejudicialidade”. Podemos resumi-la em uma frase: quando a decisão de uma
causa interferir na solução da outra, há conexão. No caso concreto, havia duas ações: em uma
delas o autor (empresa 1) executava uma dívida da devedora (empresa 2). A executada, por
sua vez, ajuizou ação declaratória de inexistência da relação afirmando que nada deve para a
empresa 1. Nesta situação, o STJ reconheceu que havia conexão por prejudicialidade e decidiu
o seguinte: “pode ser reconhecida a conexão e determinada a reunião para julgamento
conjunto de um processo executivo com um processo de conhecimento no qual se pretenda a
declaração da inexistência da relação jurídica que fundamenta a execução, desde que não
implique modificação de competência absoluta.” STJ. 4ª Turma. REsp 1.221.941-RJ, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 24/2/2015 (Info 559).

10. Anotações do meu caderno

● Em fraude de licitação e superfaturamento de obra ocorrido em âmbito estadual, com o


dinheiro do BNDES, não atrai a competência da Justiça Federal, pois o prejuízo foi do Estado, e
39 não da União. O empréstimo terá que ser pago. A União só repassou o dinheiro pedido como
empréstimo, devendo ser devolvido.
• Se a ação for proposta pelo trabalhador contra o empregador envolvendo descumprimento na
aplicação da Lei n.? 8.036/90, a competência será da Justiça do Trabalho; FGTS
• É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao
PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta (Súmula 161-STJ);
• Se a ação for proposta pelo trabalhador contra a CEF em sua atuação como agente operadora
dos recursos do FGTS, a competência será da Justiça Federal considerando que a CEF é uma
empresa pública federal (art. 109, I, da CF/88).
 Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual de sentenças
genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal atribuição
cabe aos órgãos judiciários competentes de primeira instância.
 É competência exclusiva do judiciário brasileiro as ações que tratem de divórcio ou dissolução
de união estável quando houver discussão de partilha de bens situados no Brasil, pois irão
tratar da posse ou propriedade de imóveis situados no Brasil.
 Em cobrança de alimentos por estrangeiro, através de renda de imóveis situados no Brasil,
ainda nesta hipótese haverá concorrência de competência, de modo que o pedido não versa
da posse ou propriedade do bem, mas dos rendimentos a ele referentes: “a de processar e
julgar as ações de alimentos, quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil ou o réu
mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou
obtenção de benefícios econômicos”.
 Competência exclusiva:
o Ações de imóveis situados no Brasil.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

o Sucessão hereditária e inventário de bens situados no Brasil, não importando a


nacionalidade ou domicílio.
o Divórcio, separação, partilha, dissolução, envolvendo bens situados no Brasil,
não importando a nacionalidade ou o domicílio.
 Conforme entendimento do STF, tal como nas causas intentadas contra a União, a ação
ajuizada contra o CADE (ou mais autarquias) pode ser aforada, a critério do autor, na seção
judiciária de seu domicílio, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no DF.
 Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a
lei de software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via
satélite ou cabo, por meio de serviços de card sharing.
 SÚMULAS
 Súmula 1-STJ: O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente
para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.
 Súmula 33-STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.
o Superada, em parte. O CPC 2015 prevê uma exceção a essa súmula no §3° do
art. 63, que tem a seguinte redação: "§ 3° Antes da citação, a cláusula de
eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu."
o Entendimento amplamente defendido pelo TRF1.
 Súmula 206-STJ: A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a
competência territorial resultante das leis de processo.
 Súmula 238-STJ: A avaliação da indenização devida ao proprietário do solo, em razão
40 de alvará de pesquisa mineral, é processada no Juízo Estadual da situação do imóvel.
 Súmula 11-STJ: A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de
usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel. 
Competência delegada
 Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de
segurança contra ato de juizado especial.
 Súmula 363-STF: A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicilio
da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato.
 Súmula 556-STF: É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é parte
sociedade de economia mista.
 Súmula 42-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis
em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu
detrimento. Aqui tem julgado falando que em caso de crime contra S.E.M que
afete interesse da União o feito será processado na Justiça Federal.
 Súmula 517-STF: As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal,
quando a união intervém como assistente ou opoente.
 Súmula 508-STF: Compete a Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e
julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil, S.A.
 Súmula 570-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento de demanda em
que se discute a ausência de ou o obstáculo ao credenciamento de instituição
particular de ensino superior no Ministério da Educação como condição de expedição
de diploma de ensino a distância aos estudantes.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

 Súmula 324-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar ações de que participa a
Fundação Habitacional do Exército, equiparada à entidade autárquica federal,
supervisionada pelo Ministério do Exército.
 Súmula 501-STF: Compete a justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em
ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas
contra a união, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.
o “A presença da União na lide, como sucessora da extinta Rede Ferroviária
Federal, não interfere na fixação do juízo competente, pois as ações de
acidente de trabalho, lato sensu foram expressamente excluídas da
competência federal, nos termos do art. 109, I, da Constituição da República."
(STJ EDcfno CC 99.556/SP, julgado em 24/02/2010).
 Súmula 689-STF: O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária
perante o juízo federal do seu domicilio ou nas varas federais da Capital do Estado-
Membro.
 Súmula 32-STJ: Compete à Justiça Federal processar justificações judiciais destinadas a
instruir pedidos perante entidades que nela tem exclusividade de foro, ressalvada a
aplicação do art. 15, II, da Lei 5010/66.
 Súmula 173-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar o pedido de
reintegração em cargo público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado
antes da instituição do regime jurídico único.
 Súmula 66-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal
promovida por conselho de fiscalização profissional.
 Súmula 365-STJ: A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal
41 S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha
sido proferida por Juízo estadual. Salvo se for acidente de trabalho, Súm. 501-STF.
 Súmula 254-STJ: A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente
federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual.
 Súmula 150-STJ: Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse
jurídico que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou
empresas públicas.
 Súmula vinculante 27-STF: Compete à Justiça Estadual julgar causas entre consumidor
e concessionária de serviço público de telefonia, quando a Anatel não seja
litisconsorte passiva necessária, assistente nem opoente.
 Súmula 506-STJ: A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária
e o usuário de telefonia, decorrentes de relação contratual.
 Súmula 553-STJ: Nos casos de empréstimo compulsório sobre o consumo de energia
elétrica, é competente a Justiça estadual para o julgamento de demanda proposta
exclusivamente contra a Eletrobrás. Requerida a intervenção da União no feito após a
prolação de sentença pelo juízo estadual, os autos devem ser remetidos ao Tribunal
Regional Federal competente para o julgamento da apelação se deferida a
intervenção.
 Súmula 516-STF: O Serviço Social da Indústria (SESI) esta sujeito a jurisdição da justiça
estadual.
 Súmula 15-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes
de acidente do trabalho. (Válida, mas apenas nos casos de ação proposta contra o
INSS pleiteando benefício decorrente de acidente de trabalho)

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Competência
 Apostila 04
 Atualizado em 13/04/2018

 Súmula 161-STJ: É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos


valores relativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da
conta.
 Súmula 137-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de
servidor público municipal, pleiteando direitos relativos ao vinculo estatutário.
 Súmula 218-STJ: Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor
estadual decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em
comissão.
 Súmula 270-STJ: O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente
federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência
para a Justiça Federal.
 Súmula 363-STJ: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança
ajuizada por profissional liberal contra cliente.
 Súmula 55-STJ: Tribunal Regional Federal não é competente para julgar recurso de
decisão proferida por juiz estadual não investido de jurisdição federal.
 Súmula 82-STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas,
processar e julgar os feitos relativos à movimentação do FGTS.
 Súmula 34-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar causa relativa à
mensalidade escolar, cobrada por estabelecimento particular de ensino.
 Súmula 224·STJ: Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual
a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar
conflito.
 Súmula 505-STJ: A competência para processar e julgar as demandas que têm por
42 objeto obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada
firmados com a Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social- REFER é da Justiça
estadual.
 Súmula 540-STJ: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor
escolher entre os foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do
réu.
 Súmula 374-STJ: Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular
débito decorrente de multa eleitoral.
 Súmula 368-STJ: Compete à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de
retificação de dados cadastrais da Justiça Eleitoral.
 Súmula 59-STJ: Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito
em julgado, proferida por um dos juízos conflitantes.
 Súmula 3-STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência
verificado, na respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de
jurisdição federal.
 Súmula 428-STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de
competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
 Súmula 236-STJ: Não compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos de
competência entre juízes trabalhistas vinculados a Tribunais Regionais do Trabalho
diversos. (Trata-se de competência do TST)
 Súmula 235-STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi
julgado.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: contato@diovanefranco.com

Você também pode gostar