Você está na página 1de 15

#costurandoatoga

 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

Elaborado com base no Daniel Assumpção e jurisprudência selecionada no Buscador


Dizer o Direito

PROCESSO
PROCESSO.............................................................................................................................................. 2
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 2
1.1. PROCESSO COMO PROCEDIMENTO....................................................................................................... 2
1.2. PROCESSO COMO CONTRATO ............................................................................................................. 2
1.3. PROCESSO COMO RELAÇÃO JURÍDICA ................................................................................................... 2
1.4. PROCESSO COMO SITUAÇÃO JURÍDICA .................................................................................................. 2
1.5. PROCESSO COMO PROCEDIMENTO EM CONTRADITÓRIO ........................................................................... 3
1.6. PROCEDIMENTO ANIMADO POR UMA RELAÇÃO JURÍDICA EM CONTRADITÓRIO .............................................. 3
1.7. CONCLUSÃO.................................................................................................................................... 3
2. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................. 3
3. PROCEDIMENTO ............................................................................................................................ 4
4. RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL .................................................................................................. 4
4.1. COMPOSIÇÃO .................................................................................................................................. 4
4.2. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................................. 4
4.3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS ............................................................................................................. 5
4.3.1. Pressupostos processuais subjetivos .................................................................................. 5
1 4.3.1.1.
4.3.1.2.
Investidura ................................................................................................................................... 5
Imparcialidade .............................................................................................................................. 5
4.3.1.3. Capacidade de ser parte – legitimidade ad causam ..................................................................... 5
4.3.1.4. Capacidade de estar em juízo – legitimidade ad processum ........................................................ 6
4.3.1.5. Capacidade postulatória............................................................................................................... 6
4.3.2. Pressupostos processuais objetivos .................................................................................... 6
4.3.2.1. Extrínsecos ................................................................................................................................... 6
4.3.2.2. Intrínsecos .................................................................................................................................... 7
4.3.2.2.1. Demanda ................................................................................................................................. 7
4.3.2.2.2. Petição inicial apta .................................................................................................................. 7
4.3.2.2.3. Citação válida .......................................................................................................................... 7
4.3.2.2.4. Regularidade formal ............................................................................................................... 7

5. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS ............................................................................................................. 8


5.1. DEVIDO PROCESSO LEGAL .................................................................................................................. 8
5.2. CONTRADITÓRIO .............................................................................................................................. 8
5.3. PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO E INQUISITIVO ............................................................................................. 8
5.4. MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES ................................................................................................................ 9
5.4.1. Artigo 489, §1º e a ausência de fundamentação ............................................................... 9
5.4.2. Colisão entre normas........................................................................................................ 10
5.5. ISONOMIA .................................................................................................................................... 10
5.6. PUBLICIDADE................................................................................................................................. 10
5.7. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL ............................................................................................... 11
5.8. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS ................................................................................. 11
5.9. PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO................................................................................. 12

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

5.10. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ............................................................................................................. 12


5.11. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ E LEALDADE PROCESSUAL.................................................................................... 12
5.12. PRIMAZIA NO JULGAMENTO DO MÉRITO ............................................................................................. 13
6. JURISPRUDÊNCIA DO DIZER O DIREITO ........................................................................................ 14

Então vamos lá 

PROCESSO

1. Introdução
Inicialmente, tratamos sobre jurisdição, que é o poder do estado de dizer o direito
aplicado ao caso concreto. Posteriormente, falamos sobre ação, que é um direito da parte
lesada em pedir o bem da vida ao judiciário. Agora, trataremos sobre processo, que é nada
mais nada menos do que a forma em que será exteriorizado e exercitado o direito de ação.

Vamos ver agora as teorias que justificam a natureza jurídica do processo.

1.1. Processo como procedimento


O processo era entendido como procedimento, imaginando-se que os atos processuais
praticados durante a reação de buscar um direito violado/ameaçado perante o Poder
Judiciário, e que formavam o procedimento necessário para a efetiva proteção do direito
material, representassem o processo.

2 1.2. Processo como contrato


Para essa teoria, o processo representava a concordância das partes em sofrer os efeitos
da demanda, denominado litiscontestatio.

1.3. Processo como relação jurídica


Nessa teoria, houve a distinção entre relação jurídica processual e relação jurídica materla.
Bullow, que trouxe essa teoria, entendia que a relação de direito material é objeto de
discussão no processo, enquanto a relação de direito processual é a estrutura por meio da qual
essa discussão ocorrerá.

Nessa teoria ele trouxe os pressupostos processuais: sujeito, objeto e requisitos formais.
Para ele a relação jurídica processual há vários liames jurídicos entre o Estado-juiz e as partes,
criando a esses sujeitos a titularidade de situações jurídicas a exigir uma espécie de conduta ou
a permitir a prática de um ato.

Segundo forte entendimento da doutrina, é a corrente mais aceita até os dias de hoje,
entendendo-se processo como relação jurídica de direito processual, exteriorizada pelo
procedimento.

1.4. Processo como situação jurídica


Essa corrente foi uma crítica à corrente da relação jurídica. Entendia que o processo tem
um dinamismo que transforma o direito objetivo, antes estático, em meras chances,
representadas por simples possiblidades de praticar atos que levem ao reconhecimento do

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

direito, expectativas da obtenção desse reconhecimento, perspectivas de uma sentença


favorável e os ônus representados pelos encargos de assumir determinadas posturas como
forma de evitar a derrota.

Assim, justamente essa sucessão de diferentes situações jurídicas, capazes de gerar para
os sujeitos deveres, poderes, ônus, faculdades e sujeições, representava a natureza jurídica do
processo.

1.5. Processo como procedimento em contraditório


Defende que o procedimento contém atos interligados de maneira lógica e regidos por
determinadas normas, sendo que o posterior, também regido por normas, dependerá do
anterior, e entre eles se formará um conjunto lógico com um objetivo final. Para a prática de
cada ato deve-se permitir o contraditório das partes, sendo justamente essa possibilidade de
contraditório em paridade que o torna processo.

1.6. Procedimento animado por uma relação jurídica em contraditório


Aqui, a relação jurídica processual representa a projeção e a concretização da exigência
constitucional do contraditório, de modo que as faculdades, poderes, deveres, ônus e estado
de sujeição das partes no processo significam que esses sujeitos estão envolvidos numa
relação jurídica que se desenvolverá em contraditório.

1.7. Conclusão
Processo, portanto, pode ser entendido como relação jurídica autônoma em que há
3 contraditório. Diante das várias correntes, para fins didáticos, temos que analisar os três
elementos que, façam parte ou não da natureza jurídica do processo, estarão presentes no
processo: a) procedimento; b) relação jurídica processual e c) contraditório.

2. Conceito e natureza jurídica


Processo é o método pelo qual se opera a jurisdição, com vistas à composição dos litígios.
É o instrumento de realização da justiça (acesso à Justiça): é relação jurídica, portanto, é
abstrato e finalístico. Processo é a relação jurídica entre as partes, visa à atuação da ordem
jurídica objetiva, para a composição de um litígio, como instrumento da jurisdição estatal. Para
Dinamarco, processo jurisdicional é o procedimento, realizado em contraditório, animado por
uma relação jurídica processual. O conceito de processo não é exclusivo do direito processual.
Há processos em outras áreas da atividade estatal diversa da jurisdição, como os processos
administrativos e o processo legislativo. Há, além disso, processos não-estatais, como a
arbitragem.

Processo não se confunde com procedimento.

Procedimento é o modo como os atos processuais se exteriorizam e se desenvolvem, para


revelar o processo, servindo-lhe de instrumento. O processo está para o contrato (relação
jurídica) assim como o procedimento está para o instrumento do contrato (materialização da
relação jurídica).

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

O processo pode ser caracterizado como uma relação jurídica autônoma de direito público
(maior recepção na doutrina). Existem várias outras correntes sobre o assunto, conforme se
pode observar pelo item 1 acima (“teorias sobre o processo”).

3. Procedimento
Trata-se de sucessão de atos interligados de maneira lógica e consequencial visando a
obtenção de um objetivo final. Procedimento é a exteriorização do processo, voltada para a
finalidade de exercício da função jurisdicional no caso concreto. É a maneira que o processo irá
se desenvolver para atingir a finalidade.

4. Relação jurídica processual


4.1. Composição
São três os sujeitos que compõem uma relação jurídica processual: demandante,
demandado e Estado-juiz, motivo pelo qual falamos que a relação processual é tríplice ou
triangular. Triangular porque há uma inegável existência de posições jurídicas diretas entre
demandante e demandado, como:

O dever de lealdade de boa-fé recíproca entre as partes; a obrigação da parte derrotada


em reembolsar as custas processuais adiantadas pela parte vencedora; possibilidade de
convenção para suspensão do processo, situação na qual a decisão do juiz que homologa
tal acordo tem efeito ex tunc, considerando-se o processo suspenso desde a celebração da
convenção.
4
A relação jurídica só se completa com a citação válida do réu. Antes disso só há uma
relação entre o demandante e o juiz. É uma relação jurídica processual, mas incompleta.
Então, entenda: a citação não faz surgir o processo, mas tão somente regulariza. O processo
surge desde o protocolo da petição inicial, de modo que é possível que o juiz extinga o
processo (já existente) antes mesmo de citar o réu. Portanto, há uma formação gradual do
processo.

4.2. Características
Autonomia: a relação jurídica processual é autônoma quando comparada com a relação
jurídica de direito material, de modo que mesmo não havendo relação material, haverá
relação processual. Assim, é possível que ao julgar uma inicial, o juiz declare que a relação
material não existe, sem, contudo, afetar a relação jurídica processual formada pelo
demandante, demandado e juiz.

Complexidade: decorre das inúmeras e sucessivas situações jurídicas que se verificam


durante o trâmite procedimental, como os ônus, faculdades, direitos, deveres, poderes.

Dinamismo: a relação jurídica processual é continuada e desenvolve-se durante o tempo,


de modo que esse desenvolvimento faz com que o procedimento caminhe rumo ao seu final
durante certo lapso temporal. A atuação dos sujeitos processuais torna dinâmica a relação
jurídica processual.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

Unidade: os atos praticados pelos sujeitos estão todos interligados de forma lógica,
dependendo o posterior de como foi praticado o anterior, o que forma a unidade da relação
jurídica processual.

Natureza pública: possui natureza pública em virtude da participação do juiz como


representante do Estado. Ademais, a boa prestação jurisdicional é de interesse da
coletividade.

4.3. Pressupostos processuais


A doutrina possui discordância a respeito das classificações. Entretanto, majoritariamente
há a divisão entre pressupostos objetivos e subjeteivos.

4.3.1. Pressupostos processuais subjetivos


4.3.1.1. Investidura
O Estado se investe no juiz para exercer o Poder Jurisdicional. Com a ausência de sujeito
investido de jurisdição não pode ser não pode haver a consideração de processo. É
pressuposto de existência do processo.

4.3.1.2. Imparcialidade
Trata-se de pressuposto de validade do processo, de modo que o juiz não deve ter
interesse direto no conflito em razão de determinada vantagem pessoal. Imparcialidade não
significa omissão, de modo que o juiz deve ser ativo e participar do processo, em sua condição
e desenvolvimento, havendo nele, portanto, interesse em resolver o mérito, que é o fim do

5 processo. O NCPC dispõe de maneiras para arguir a imparcialidade do juiz (art. 146).

Tem um julgado recente importante: A declaração pelo magistrado ("autodeclaração")


de suspeição por motivo superveniente não tem efeitos retroativos, não importando em
nulidade dos atos processuais praticados em momento anterior ao fato ensejador
da suspeição. STJ. 1ª Seção. PET no REsp 1339313-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para
acórdão Min. Assusete Magalhães, julgado em 13/4/2016 (Info 587).

4.3.1.3. Capacidade de ser parte – legitimidade ad causam


Trata-se da capacidade do sujeito de gozo e exercício de direitos e obrigações. Todos a
têm, inclusive os que não possuem personalidade jurídica (legimidade ad causam). Entretanto,
nem sempre vêm acompanhada de capacidade de estar no processo ou estar em juízo
(legitimidade ad processum), necessitando de um representante, como ocorre com os
incapazes.

Importante mencionar que os órgãos, que são entes despersonalizados, possuem


capacidade de ser parte, ou seja, personalidade judiciária, para que atuem estritamente na
defesa de seus interesses institucionais (Súmula 525 STJ).

É pressuposto de existência processual, de modo que:

STJ: o falecimento do autor antes da propositura da ação é caso de inexistência jurídica do


processo, mas, quando o falecimento ocorre durante o processo, o ingresso de espólio,
herdeiros ou sucessores depois do prazo legal é entendido como mera irregularidade.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

4.3.1.4. Capacidade de estar em juízo – legitimidade ad processum


Trata-se da possibilidade de, por si só, o sujeito realizar a prática de atos processuais.
Assim, um incapaz deve ser representado ou assistido, conforme o caso. No NCPC, a
capacidade de estar em juízo das pessoas jurídicas está no artigo 75 do NCPC. A doutrina é
pacífica em entender como pressuposto de validade do processo, sendo um vício sanável.

Em relação ao de cujus, sempre há confusão de quem o representa: o espólio ou os


herdeiros. Para saber qual, devemos verificar se o direito originariamente se dirigia ao de cujus
enquanto vivo, ou se o direito se deu depois de morto. Se era enquanto vivo, o STJ entende
que é o espólio que deverá ser parte legítima, e será representado pelo inventariante. Lado
outro, em relação à danos morais enquanto morto, os herdeiros serão legitimados, por força
do Código Civil. Interessante tabela foi trazida pelo Dizer o Direito:

Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto O espólio é legitimado a


viva, tendo esta ajuizado ação de indenização, mas prosseguir na demanda.
falecido antes do trânsito em julgado.

Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto O espólio é legitimado a propor


viva. Esta faleceu sem ter ajuizado a ação. a ação de indenização.

Os herdeiros (e não o espólio)


Ofensa à memória da pessoa já falecida. são legitimados para propor a
ação de indenização.

6 Os herdeiros (e não o espólio)


Dor e sofrimento causado pela morte da pessoa. são legitimados para propor a
ação de indenização.

4.3.1.5. Capacidade postulatória


A regra é que as partes deverão ser assistidas por advogado, de modo que as partes
tenham capacidade postulatória. Entretanto, pode ser dispensada, como nos Juizados
Especiais, Justiça Trabalhista, ADIn e ADCon.

Nos juizados especiais cíveis, da lei 9099/95, a dispensa de advogado é até 20 salários
mínimos. Entre 20 e 40 precisa de advogado. Nos Juizados Especiais Federais e da Fazenda
Pública, a desnecessidade de advogado atinge todas as causas, ou seja, com valor inferior a 60
salários mínimos.

Entretanto, em todos os juizados especiais é necessário advogado para apresentar


recursos. Lado outro em sede de HC, para interpor agravo interno quando a ação é julgada
monocraticamente, o STF entende pela desnecessidade de advogado.

4.3.2. Pressupostos processuais objetivos


4.3.2.1. Extrínsecos
São analisados fora da relação jurídica processual. São pressupostos negativos, porque, se
eles forem verificados, geram vício; ao contrário dos outros elementos, que devem ser

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

verificados para que haja a gerar regularidade. Assim, a doutrina aponta como pressupostos
desta espécie: a) coisa julgada material; b)litispendência; c)perempção; d)transação;
e)convenção de arbitragem; f)ausência de pagamento de custas processuais em demanda
idêntica extinta anteriormente por sentença terminativa.

São pressupostos processuais de validade. Na coisa julgada, deve-se observar que, caso
surja uma segunda coisa julgada material, não alegada a coisa julgada na segunda ação, esta
deverá ser rescindida por ação rescisória. O STJ vem entendendo que havendo conflito entre
duas coisas julgadas, prevalecerá a que se formou por último, enquanto não desconstituída
mediante ação rescisória.

4.3.2.2. Intrínsecos
São pressupostos processuais analisados na própria relação jurídica.

4.3.2.2.1. Demanda
Para que surja a jurisdição, é necessário demandar. A demanda surge a indispensável
provocação realizada pelo sujeito que afirma ser titular de um direito material violado ou
ameaçado. É pressuposto de existência, uma vez que sem a provocação do interessado por
meio do ato de demandar, a relação jurídica processual de direito processual nem mesmo
chegará a existir.

4.3.2.2.2. Petição inicial apta


O primeiro ato processual praticado pelo interessado quando exerce o ato de demandar é
a petição inicial, de forma que a doutrina diz ser a petição inicial um ato solene, havendo
7 alguns requisitos formais a serem preenchidos para que seja considerada apta. A inépcia da
petição inicial enseja o seu indeferimento (art. 330, CPC)

4.3.2.2.3. Citação válida


A relação jurídica processual surge desde o momento da propositura da demanda, já
havendo litispendência. Com a citação válida do demandado, completa-se a relação jurídica
processual. A citação válida é pressuposto de validade processual (art. 239, CPC), quando for o
caso de citação, pois há casos em que o juiz pode extinguir o processo sem resolução de
mérito mesmo sem citar a parte demandada.

A ausência da citação gera nulidade absoluta sui generis, pois nunca se convalida, nem
mesmo com o trânsito em julgado. Pode ser alegado até mesmo após o prazo da ação
rescisória, através do procedimento querela nullitatis. Trata-se de vício transrescisório que
jamais se convalida.

4.3.2.2.4. Regularidade formal


Os atos processuais devem ser praticados na forma prevista pela lei. Assim, em regra, os
atos devem preencher os requisitos legais, podendo ser afastada quando o ato processual
atingir sua finalidade e não gerar prejuízo, ainda que praticado em desconformidade com a
forma legal. Trata-se do princípio da instrumentalidade das formas.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

5. Princípios Processuais
5.1. Devido processo legal
Incorpora e abrange os demais princípios processuais. Ninguém pode ser privado de sua
liberdade ou de seus bens sem que tenha sido submetido a um julgamento prolatado com
base no pertinente instrumento estatal previsto em lei para a solução daquele conflito
específico de interesses.

 Vertente processual: conjunto de garantias processuais mínimas.


 Vertente substancial: atua no campo de elaboração e exigência de
razoabilidade/proporcionalidade das decisões (STF).

5.2. Contraditório
Participação e poder de influência. Direito fundamental inerente ao processo e com dupla
dimensão. Decisões provisórias são constitucionais na medida em que se submetem a um
contraditório posterior.

• Dimensão formal – direito a participação e informação dos atos processuais.


• Dimensão substancial – poder de influência no conteúdo da decisão.

O STJ entende que o contraditório se renova continuamente durante o procedimento, de


forma que do vício gerado pela não intimação da parte em momento adequado pode não
resultar nulidade se posteriormente for permitida sua manifestação a respeito da matéria.
Trata-se da vedação da “nulidade de algibeira”, que consiste em esperar o momento mais
8 oportuno para requerer a nulidade em decorrência de violação ao contraditório.

O novo CPC traz uma figura mais forte do contraditório, inclusive como modo de evitar
surpresa às partes. Nesse sentido, nas matérias que o juiz pode conhecer de ofício, deve dar
oportunidade às partes para que se manifestem antes de decidir (art. 9 e 10), comportando
exceções.

Essas exceções são conhecidas como contraditório diferido, hipótese em que é autorizado
realizar o ato sem ouvir a parte, sob pena de ineficácia do ato (art. 9º). É o que acontece com
as tutelas provisórias de urgência, tutela de evidência substanciada em alegações de fatos
comprovadas documentalmente e que haja tese firmada em casos repetitivos ou súmulas
vinculantes ou ainda, tutela de evidência lastreada em pedido reipersecutório fundado em
prova documental adequada do contrato de depósito, e, por último, em ação monitória
quando evidente o direito do autor.

Ainda, não obstante o artigo 9º tenha sido omisso, há liminares em processo possessório
(art. 562) e em embargos e terceiro (art. 678), que também são espécies de tutela de evidência
ausentes no rol do artigo 311. Podem ser concedidas inaudita altera partes.

5.3. Princípio do dispositivo e inquisitivo


No princípio inquisitivo o juiz é a figura central do processo, cabendo a ele a instauração e
a condução, sem necessidade de provocação das partes. No princípio do dispositivo puro, o
juiz passa a ter uma participação condicionada à vontade das partes, que devem propor a

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

demanda e sua extensão, bem como o desenvolvimento do feito, que dependerá de


provocação das partes para que ele prossiga.

O sistema brasileiro é misto, com preponderância do princípio do dispositivo. Dizemos


isso porque o artigo 2º diz que é necessário a provocação do interessado para que exista
processo (dispositivo) a ser desenvolvido por impulso oficial (inquisitivo). Ademais, as provas
dos fatos podem ser determinadas de ofício pelo juiz (art. 370).

5.4. Motivação das decisões


Segundo o art. 93, IX, da CF, todas as decisões preferidas em processo judicial ou
administrativo devem ser motivadas, sendo obrigatória aos julgadores a tarefa de
exteriorização das razões de seu decidir, com a demonstração concreta do raciocínio fático e
jurídico que desenvolveu para chegar às conclusões contidas na decisão.

A fundamentação/motivação é base para que o sucumbente possa recorrer, bem como


para que o tribunal possa verificar algum equívoco no julgamento impugnado, ademais,
demonstra a lisura do julgador ao proferir a decisão judicial, permitindo um controle jurídico e
político amplo das decisões judiciais por toda a coletividade

ATENÇÃO AQUI: Uma das técnicas admitidas em termos de fundamentação, é a


motivação per relationem, com ampla aceitação pelo STJ, inclusive no processo penal. Trata-
se de técnica de fundamentação referencial pela qual se faz expressa alusão a decisão anterior
ou parecer do Ministério Público, incorporando, formalmente, tais manifestações ao ato
jurisdicional. Essa forma de fundamentação só é vedada no julgamento de agravo interno,
9 sendo nulo o acórdão desse recurso se limitado a transcrever as razões do decidir monocrático
(art. 1021, §3º, CPC).

5.4.1. Artigo 489, §1º e a ausência de fundamentação


O artigo 489, §1º, trouxe um rol de espécies de decisões que se considera não
fundamentada. Assim, não se considera fundamentada qualquer decisão judicial (sentido
amplo), seja interlocutória, sentença ou acórdão, que:

a) Se limite à indicação, reprodução ou paráfrase de ato normativo, sem explicar sua


relação com a questão decidida. Assim, deve o juiz expor a sua interpretação da norma
jurídica e a correlação entre elas e os fatos do caso concreto.
b) Empregue conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar motivo concreto de sua
incidência no caso. Conceito jurídico indeterminado é quando o legislador fixa a
situação fática mas deixa a consequência jurídica em aberto. Cláusulas gerais, o
legislador prevê uma situação fática vaga e um efeito jurídico indeterminado, sendo o
grau de indefinição ainda maior do que no conceito jurídico indeterminado. Portanto,
o juiz, ao utilizar-se desses conceitos e cláusulas, deve fundamentar sua decisão
coerentemente.
c) Invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão. Busca evitar a
utilização de fundamentação-padrão, sem trazer os seus motivos para concessão ou
não concessão do pedido. Atenção: isso não impede a utilização de decisões padrões
para a solução de processos repetitivos.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

d) Quando não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de infirmar


a conclusão adotada pelo julgador. Quando o juiz deixa de analisar as teses das partes,
seu julgamento pode ser nulo. A motivação pode ser exauriente, quando o juiz
enfrenta todas as alegações das partes, ou suficiente, bastando que ele enfrente todas
as causas de pedir e todos os fundamentos de defesa do réu. O STJ e o direito
brasileiro adotam a fundamentação suficiente, ao afirmar que o juiz não é obrigado a
enfrentar todas as alegações das partes, bastando ter um motivo suficiente para
fundamentar a decisão.
e) Se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos. Exige que o juiz identifique os fundamentos que o caso se ajusta
àquele enunciado ou precedente, devendo justificar sua aplicabilidade ao caso
concreto.
f) Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a
superação do entendimento. O juiz deve demonstrar a distinção do caso
(distinguishing) ou a superação daquele precedente/enunciado (overrruling) como
fundamento para deixar de decidir de acordo com a súmula ou precedente vinculante.

5.4.2. Colisão entre normas


O §2º do artigo 489 dispõe que, havendo no caso concreto uma colisão entre normas, o
juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões

10 que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamental a


conclusão. Norma é gênero, da qual princípios e regras são suas espécies. Assim, no conflito
entre princípios, utiliza-se a ponderação, e no conflito entre regras, utiliza-se os critérios
tradicionais de solução (hierarquia, cronologia e especialidade).

No caso de conflito dentre regra e princípio, deve haver um critério de razoabilidade, uma
vez que, em muitos casos, as regras podem violar determinado princípio. Assim, deve-se
resolver com base em uma ponderação fundamentada e racional entre os valores conflitantes.

5.5. Isonomia
É a paridade de armas entre as partes, de forma a manter equilibrada a disputa judicial.
Ainda, é forma de o juiz demonstrar imparcialidade, porque demonstra que não há
favorecimento a uma das partes. Podemos dizer que, ainda, é o tratamento desigual na
medida das desigualdades, buscando atingir a isonomia para que as partes atuem no mesmo
patamar (hipossuficiência).

Lembremo-nos: fazenda pública, MP, hipossuficientes.

5.6. Publicidade
Forma mais eficaz de controle do comportamento no processo do juiz, dos advogados, do
promotor e das partes. Em regra, todos os atos são públicos, sendo restritos quando assim
exigirem a intimidade e o interesse social (CF, art. 5º, LX). Ainda, o art. 189 do CPC traz várias
hipóteses em que o processo tramitará em segredo de justiça.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

São eles: quando exija o interesse público ou social; os processos de família e crianças;
quando constar dados protegidos constitucionalmente por direito à intimidade; processos que
versem sobre arbitragem, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja
comprovada perante o juízo.

Segundo o artigo 11, parágrafo único do CPC, nos casos de segredo de justiça, pode ser
autorizado, nos julgamentos, somente a presença das partes, de seus advogados ou
defensores públicos, ou ainda, quando for o caso, do Ministério Público.

5.7. Princípio da economia processual


Há duas óticas: do ponto de vista sistêmico, é obter menos atividade judicial e mais
resultados. As ações coletivas, o litisconsórcio, e o aumento da eficácia vinculante contribuem
significativamente para isso.

Já no segundo aspecto, há no sistema processual alguns institutos que evitam a repetição


de atos processuais, como a reunião de ações perante o juízo prevento em razão de conexão
ou continência, a suspensão por prejudicialidade externa, a prova emprestada, o julgamento
por amostragem dos recursos especiais e extraordinários repetitivos e os incidentes de
resolução de demandas repetitivas.

Nesse sentido é o entendimento do STJ ao determinar obrigatória a suspensão dos


processos individuais em razão de processo coletivo em trâmite, mesmo que o art. 104 do
CDC, preveja a possibilidade de o autor continuar com seu processo, caso essa seja sua
vontade.
11
5.8. Princípio da instrumentalidade das formas
Sempre que o ato processual tenha uma forma prevista em lei, deve ser praticado segundo
a formalidade legal, sob pena de nulidade. Entretanto, pelo princípio da instrumentalidade das
formas, ainda que a formalidade para a prática de ato processual seja importante, não é
conveniente considerar o ato nulo somente porque praticado em desconformidade legal.

Assim, praticado o ato em descompasso com a forma legal, mas atingido sua finalidade,
aproveita-se o ato. Isso alcança tanto as possíveis nulidades relativas quanto as absolutas.
Exemplo disso é a ausência do Ministério Público quando ele deveria participar. O STJ entende
que sem a prova de efetivo prejuízo decorrente da ausência do Parquet não haverá nulidade a
ser declarada.

Há alguns dispositivos no CPC que tratam desse princípio: Art. 188: Os atos e termos
processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir,
considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade.

Art. 277: Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação
desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.

Art. 283, parágrafo único: Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não
resulte prejuízo à defesa de qualquer parte.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

5.9. Princípio da razoável duração do processo


Encontra-se previsto na CF (art. 5º, LXXVIII) e encontra-se previsto no art. 4 do NCPC,
dispondo que as partes têm direito de obter em prazo razoável a integral solução do processo,
incluída a atividade satisfativa. Mas atenção: não se pode sacrificar os direitos fundamentais
das partes visando somente a obtenção da celeridade processual. Deve-se conciliar uma
duração razoável com a satisfação das necessidades das partes.

5.10. Princípio da Cooperação


O artigo 6º do NCPC consagra o princípio da cooperação, passando a exigir expressa
previsão legal para que todos os sujeitos (e não só as partes) do processo cooperem entre si
para que se obtenha a solução do processo com efetividade e em tempo razoável. Nesse
sentido, o juiz deverá atuar mais, passando a ser integrante do debate, de modo que quanto
mais cooperação tiver, melhor será a qualidade da prestação jurisdicional.

Três vertentes do princípio da cooperação relacionado ao juiz:

a) Dever de esclarecimento, consubstanciado na atividade do juiz de requerer às partes


esclarecimentos sobre suas alegações e pedidos;
b) Dever de consulta, exigindo que o juiz sempre consulte as partes antes de proferir
decisão;
c) Dever de prevenir, apontando às partes eventuais deficiências e permitindo suas
devidas correções, evitando-se assim a decretação de nulidade, dando-se ênfase ao
processo como genuíno mecanismo técnico de proteção de direito material.
12 5.11. Princípio da boa-fé e lealdade processual
As partes devem proceder com boa-fé e lealdade entre si (art. 5º CPC). Isso está persente
em diversos artigos do CPC, prestando-se a evitar exageros no exercício da ampla defesa,
prevendo condutas que violam a boa-fé e lealdade processual e indicando quais são as sanções
correspondentes.

Essa boa-fé processual, conforme o STJ, é objetiva e se apresenta como uma exigência de
lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever de que
cada pessoa ajuste a própria conduta a esse modelo, agindo como agiria uma pessoa honesta,
escorreita e leal.

Neste sentido, é possível prever que há alguns institutos relacionados à boa-fé de direito
material que se aplicam ao processo civil, como a supressio, surrectio e tu quoque.

a) Supressio: renúncia tácita de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu não
exercício com o passar do tempo. O STJ entende que não se admite a chamada
“nulidade de algibeira ou de bolso”, ou seja, embora a parte tenha o direito de alegar a
nulidade, mantem-se inerte durante longo período, deixando para exercer seu direito
somente no momento em que melhor lhe convier. Entende o STJ que a parte
renunciou ao seu direito de alegar nulidade, inclusive absoluta.
b) Surrectio: surgimento de um direito em razão de comportamento negligente da outra
parte.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

c) Tu quoque: situação de abuso que se verifica quando um sujeito viola uma norma
jurídica e depois tenta tirar proveito da situação em benefício próprio. Art. 276 NCPC:
Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta
não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.

Ainda, podemos destacar a máxima venire contra factum proprium, que impede que
determinada pessoa exerça direito do qual é titular contrariando um comportando anterior, já
que tal conduta despreza a confiança e o dever de lealdade. (Ex: NCPC art. 1000). Essa vedação
aplica-se inclusive ao juiz, não podendo indeferir um pedido de prova, entendendo pela
desnecessidade de dilação probatória, e depois julgar com base na regra do ônus da prova
porque faltou prova para formação do seu convencimento. STJ entende nula tal decisão, por
cerceamento de defesa.

No mesmo sentido, o STJ entende pela nulidade da decisão que desrespeita homologação
de suspensão de processo e lhe dá andamento com publicação de decisão e início de
contagem de prazo. Portanto, vedado comportamento contraditório do juiz e das partes.

O artigo 77 descreve deveres de condutas das partes e para as pessoas que participam do
processo. Interessante o conceito de contempt of court, trazido nos incisos IV e VI do referido
artigo. Aquele que a) deixa de cumprir com exatidão as decisões judiciais e que cria embaraços
à efetivação dos provimentos judiciais ou b) pratica inovação ilegal no estado de fato de bem
ou de direito litigioso, pratica ato atentatório à dignidade da justiça, que acarreta multa de
até 20% do valor da causa e eventual proibição de falar nos autos até a purgação do atentado.
13 O valor é revertido para o fundo do poder judiciário, a fim de melhorar a máquina judiciária.
(art. 97)

Atenção: Ministério Público, Defensor Público, advogados públicos e privados, não se


aplica a multa, devendo ser apurada responsabilidade disciplinar pelo respectivo órgão, ao
qual o juiz oficiará.

Ainda, o artigo 80 do NCPC elenca as hipóteses de litigância de má-fé. Quanto às hipóteses


previstas, o STJ entende que é desnecessária a comprovação de prejuízo para que haja
condenação ao pagamento da multa por litigância de má-fé. Aquele que litiga de má-fé
poderá ser condenado em: (i) multa de 1 a 10% do valor da causa, ou, sendo irrisório, até 10
salários mínimos; (ii) indenização pelos prejuízos sofridos pela parte contrária (aqui deve
comprovar o dano); (iii) condenação nos honorários advocatícios e despesas, não se
confundindo essa condenação com a da sucumbência. Todas essas verbas vão para a parte
contrária. Essas medidas podem ser aplicadas de ofício, observado o contraditório.

Deem atenção aos artigos sobre as responsabilidades das partes. Arts. 77 e seguintes.

5.12. Primazia no julgamento do mérito


O juiz e as partes devem fazer o possível para evitar uma sentença terminativa, buscando,
com todo o esforço, chegar a um julgamento do mérito. Diversas são as passagens do NCPC
sobre isso, como as oportunidades de as partes sanarem os vícios que impeçam o julgamento
de mérito, os efeitos regressivos dos recursos no caso de sentenças terminativas e inúmeros
outros.
_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

6. Jurisprudência do Dizer o Direito


 Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.
 Súmula 644-STF: Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a
apresentação de instrumento de mandato para apresentá-la em juízo.
 Nome da ação é irrelevante

O nome atribuído à ação é irrelevante para a aferição da sua natureza jurídica, que tem a sua
definição com base no pedido e na causa de pedir. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 778.247/RJ,
Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 28/06/2016.

 Princípio da primazia do julgamento de mérito (art. 4º do CPC/2015)

Enunciado 372-Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): O art. 4º tem aplicação em


todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclusive em incidentes processuais e na
instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios para
examinar o mérito, sempre que seja possível a sua correção.

 Princípio da boa-fé objetiva (art. 5º do CPC/2015)

Enunciado 374-FPPC: O art. 5º prevê a boa-fé objetiva.

 Boa-fé objetiva e a "nulidade de algibeira"


14 A "nulidade de algibeira" ocorre quando a parte se vale da “estratégia” de não alegar a
nulidade logo depois de ela ter ocorrido, mas apenas em um momento posterior, se as suas
outras teses não conseguirem ter êxito. Dessa forma, a parte fica com um trunfo, com uma
“carta na manga”, escondida, para ser utilizada mais a frente, como um último artifício. Esse
nome foi cunhado pelo falecido Ministro do STJ Humberto Gomes de Barros. Algibeira = bolso.
Assim, a “nulidade de algibeira” é aquela que a parte guarda no bolso (na algibeira) para ser
utilizada quando ela quiser. Tal postura viola claramente a boa-fé processual e a lealdade, que
são deveres das partes e de todos aqueles que participam do processo. Por essa razão, a
“nulidade de algibeira” é rechaçada pela jurisprudência do STJ. STJ. 3ª Turma. REsp 1.372.802-
RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. em 11/3/2014 (Info 539).

 Juiz deve respeitar o princípio da boa-fé objetiva

O princípio da boa-fé objetiva é aplicado ao direito processual civil. Se o processo estava


suspenso, não era possível que fosse praticado nenhum ato processual, ressalvados os
urgentes a fim de evitar dano irreparável. Desse modo, ao homologar a convenção pela
suspensão do processo, o Poder Judiciário criou nas partes a legítima expectativa de que o
processo só voltaria a tramitar após o prazo convencionado. Não se pode admitir que, durante
o prazo de suspensão deferido pelo juiz, seja publicada a sentença (ato processual) e, o pior,
que a partir de então comece a correr o prazo para recurso contra a decisão. Ao agir dessa
forma, o Estado-juiz incidiu na vedação de venire contra factum proprium considerando que

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com
#costurandoatoga
 Processo Civil
 Processo
 Apostila 03
 Atualizado em 29/03/2018

praticou ato contraditório, incompatível com a suspensão. STJ. 2ª Turma. REsp 1.306.463-RS,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 4/9/2012 (Info 503).

 Enunciado 375-FPPC: O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com


a boa-fé objetiva.
 Enunciado 376-FPPC: A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão
jurisdicional.

Enunciado 377-FPPC: A boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a
alteração, decisões diferentes sobre uma mesma questão de direito aplicável às situações de
fato análogas, ainda que em processos distintos.

 Aplica-se o venire contra factum proprium para atos praticados pelos serventuários

A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo serventuário não
pode retroagir para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas partes. Dessa forma, no
processo, exige-se dos magistrados e dos serventuários da Justiça conduta pautada por
lealdade e boa-fé, sendo vedados os comportamentos contraditórios. Em outras palavras,
aplica-se também o venire contra factum proprium para atos do juiz e dos serventuários da
justiça. STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 91.311-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
6/12/2012 (Info 511).

 Princípio da cooperação (art. 6º do CPC/2015)

15 Enunciado 373-FPPC: As partes devem cooperar entre si; devem atuar com ética e lealdade,
agindo de modo a evitar a ocorrência de vícios que extingam o processo sem resolução do
mérito e cumprindo com deveres mútuos de esclarecimento e transparência.

 Não fere o princípio da segurança jurídica a aplicação imediata de novo entendimento


jurisprudencial. Isso porque não se trata de alteração normativa, mas apenas mudança
de interpretação. Diante disso, a modificação de entendimento jurisprudencial deve
ser aplicada aos recursos pendentes de análise, ainda que interpostos antes do
julgamento que modificou a jurisprudência. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1595438/SP,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/12/2016. STJ. 4ª Turma. AgInt no
REsp 1205143/MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/11/2016.

_____________________________________________________________________________
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!
www.diovanefranco.com
Instagram: @diovanefranco
E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com

Você também pode gostar