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#costurandoatoga

 Direito Processual Penal


 Inquérito Policial
 Apostila 02
 Atualizado em 02/04/2018

INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR – INQUÉRITO POLICIAL


Atualizado por Diovane Franco Rodrigues em janeiro de 2018, com base no livro do Nestor
Távora de 2018, Renato Brasileiro de 2018 e jurisprudências atuais do Dizer o Direito.
1. PERSECUÇÃO CRIMINAL ................................................................................................................ 3
2. INQUÉRITO POLICIAL ..................................................................................................................... 3
2.1. CONSTITUCIONALIDADE DA AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NO IP ........................................ 4
2.2. VALOR PROBATÓRIO DAS INFORMAÇÕES DO INQUÉRITO POLICIAL E VÍCIOS NO INQUÉRITO POLICIAL: ................. 4
2.3. ATRIBUIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL ....................................................................... 5
2.3.1. Competência para presidir o inquérito policial .................................................................. 6
3. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL .................................................................................. 7
3.1. PROCEDIMENTO ESCRITO ................................................................................................................... 8
3.2. PROCEDIMENTO DISPENSÁVEL ............................................................................................................ 8
3.3. PROCEDIMENTO SIGILOSO.................................................................................................................. 8
3.4. PROCEDIMENTO INQUISITORIAL ........................................................................................................ 11
3.5. PROCEDIMENTO DISCRICIONÁRIO ...................................................................................................... 11
3.6. PROCEDIMENTO OFICIAL .................................................................................................................. 12
3.7. PROCEDIMENTO OFICIOSO ............................................................................................................... 12
3.8. PROCEDIMENTO INDISPONÍVEL ......................................................................................................... 12
3.9. PROCEDIMENTO TEMPORÁRIO .......................................................................................................... 13
4. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL ................................................................. 13
1 4.1. CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA ....................................................................................... 13
4.1.1. De ofício............................................................................................................................ 13
4.1.2. Requisição da autoridade judiciária ou do MP: ................................................................ 13
4.1.3. Requerimento do ofendido ou de seu representante legal: ............................................. 14
4.1.4. Notícia oferecida por qualquer do povo ........................................................................... 14
4.1.5. Auto de prisão em flagrante............................................................................................. 14
4.2. CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA .......................................................................................... 14
5. NOTITIA CRIMINIS ....................................................................................................................... 15
5.1. DELATIO CRIMINIS .......................................................................................................................... 15
5.1.1. Notitia criminis inqualificada: denúncia anônima ............................................................ 16
6. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS ................................................................................................... 17
6.1. PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO CRIME ................................................................................................... 17
6.2. APREENSÃO DOS OBJETOS APÓS LIBERADOS PELOS PERITOS .................................................................... 17
6.3. COLHEITA DAS PROVAS E DAS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS............................................................................. 17
6.4. OITIVA DO OFENDIDO ..................................................................................................................... 18
6.5. OITIVA DO INDICIADO ..................................................................................................................... 19
6.6. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS E ACAREAÇÕES ........................................................................ 20
6.7. EXAME DE CORPO DE DELITO E QUAISQUER OUTRAS PERÍCIAS .................................................................. 20
6.7. IDENTIFICAÇÃO DO ACUSADO............................................................................................................ 20
6.8. AVERIGUAR VIDA PREGRESSA DO INVESTIGADO .................................................................................... 22
6.9. RECONSTITUIÇÃO DO FATO DELITUOSO ............................................................................................... 22
6.10. ACESSO A DADOS CADASTRAIS DE VÍTIMAS E DE SUSPEITOS ..................................................................... 22

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6.11. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES ACERCA DAS ESTAÇÕES DE RÁDIO BASE (ERBS) ........................................... 23
7. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL ........................................................................................................... 23
7.1. DISPOSITIVOS LEGAIS SOBRE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL .......................................................................... 23
7.2. DOCUMENTOS QUE ATESTAM A IDENTIFICAÇÃO CIVIL ............................................................................ 24
7.3. HIPÓTESES AUTORIZADORAS DA IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (ART. 3º, LEI 12.037) ....................................... 24
7.4. IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO (LEI 12.654/12) ......................................................................... 24
8. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO ............................................................................. 25
8.1. REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO E INCOMUNICABILIDADE: ................................................................ 26
9. INDICIAMENTO ............................................................................................................................ 26
9.1. MOMENTO E EFEITOS ..................................................................................................................... 26
9.2. ESPÉCIES ...................................................................................................................................... 27
9.3. PRESSUPOSTOS .............................................................................................................................. 27
9.4. DESINDICIAMENTO ......................................................................................................................... 27
9.5. ATRIBUIÇÃO .................................................................................................................................. 27
9.6. SUJEITO PASSIVO............................................................................................................................ 27
9.6.1. Casos especiais de indiciamento ...................................................................................... 27
10. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL – PRAZOS .................................................................... 29
10.1. ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO – RELATÓRIO DA AUTORIDADE POLICIAL .................................................. 30
10.2. DESTINATÁRIO DO INQUÉRITO POLICIAL – TRAMITAÇÃO DIRETA DE IP ....................................................... 30
10.3. PROVIDÊNCIAS A SEREM ADOTADAS APÓS A REMESSA DO IP ................................................................... 30

2 11.
10.4. REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS – VOLTA DO IP À AUTORIDADE POLICIAL ................................................. 31
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL ............................................................................. 32
11.1. FUNDAMENTOS DO ARQUIVAMENTO.................................................................................................. 32
11.2. COISA JULGADA NA DECISÃO DE ARQUIVAMENTO ................................................................................. 32
11.3. DESARQUIVAMENTO COM BASE EM PROVAS NOVAS E OFERECIMENTO DA DENÚNCIA ................................... 35
11.4. PROCEDIMENTO DE ARQUIVAMENTO ................................................................................................. 35
11.4.1. Arquivamento na Justiça Estadual – regra geral .............................................................. 36
11.4.2. Procedimento de arquivamento na Justiça Federal e na Justiça do DF ............................ 36
11.4.3. Procedimento de arquivamento na Justiça Eleitoral ........................................................ 36
11.4.4. Procedimento do arquivamento na Justiça Militar da União ........................................... 36
11.4.5. Arquivamento de IP na hipótese de atribuição do PGJ ou PGR ........................................ 37
11.5. ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO.............................................................................................................. 38
11.6. ARQUIVAMENTO INDIRETO .............................................................................................................. 39
11.7. DEFERIMENDO DE ARQUIVAMENTO E RECORRIBILIDADE ......................................................................... 39
11.8. ARQUIVAMENTO EM CRIMES DE AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ....................................................... 40
11.9. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE MEMBROS DO MPF E DO MPE ........................................................... 40
11.10. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ARTIGO 28 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL 40
11.11. POSSIBILIDADE DE AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA QUANDO REQUERIDO O ARQUIVAMENTO PELO MP
41
12. TRANCAMENTO (OU ENCERRAMENTO ANÔMALO) DO INQUÉRITO POLICIAL ......................... 41
13. INVESTIGAÇÕES DIVERSAS ...................................................................................................... 42
14. INVESTIGAÇÃO POR DETETIVE PARTICULAR (LEI N. 13.432/17) ............................................... 43
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15. INVESTIGAÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO............................................................................. 44


16. ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL ................................................................................... 46
16.1. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 18 DA RESOLUÇÃO 181 DO CNMP....................................................... 47
16.2. REQUISITOS PARA A CELEBRAÇÃO DO ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL ............................................... 47
16.3. CONDIÇÕES A SEREM IMPOSTAS AO INVESTIGADO................................................................................. 48
16.4. CONTROLE JURISDICIONAL ............................................................................................................... 48
16.5. DESCUMPRIMENTO INJUSTIFICADO DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS ............................................................ 49
17. CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL ........................................................................ 49
18. JURISPRUDÊNCIA DO BUSCADOR DIZER O DIREITO ................................................................. 51

1. Persecução criminal
Delineado em duas fases: primeira, inquisitiva, que é a do inquérito policial. Segunda,
acusatória, baseada no contraditório e ampla defesa, que é a ação penal. Assim, as etapas se
resumem em:
1) Investigação preliminar, gênero do qual espécie é o inquérito policial, cujo objetivo é
formar lastro probatório mínimo para deflagração válida da fase seguinte. Possui
característica:
a. Preservadora, pois sua instauração é apta à precaução contra ações penais
temerárias, sem justa causa ou infundadas, visto que a ação penal fere o
3 status dignitatis;
b. Preparatória, pois colhe elementos de informação, protegendo a prova contra
a ação do tempo, e conferindo subsídios para eventual ação penal.
2) Processo penal, que é desencadeado pela propositura de ação penal perante o Poder
Judiciário.

2. Inquérito Policial
O IP é um procedimento administrativo inquisitório e preparatório para o oferecimento da
denúncia e tem como objetivo a reunião dos elementos de convicção que habilitem o órgão de
acusação para a propositura da ação penal (PÚBLICA ou PRIVADA).
- Órgão responsável: POLÍCIA JUDICIÁRIA.
- Objetivo: “(...)apuração das infrações penais e da sua autoria, a fim de que o titular
da ação penal possa ingressar em juízo”.
Súmula 444 STJ dispõe que é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais
em curso para agravar a pena base, prestigiando-se o princípio da presunção de inocência e
reforçando o caráter preparatório próprio do inquérito.
-Destinatários: a)IMEDIATO: MP ou OFENDIDO; b)MEDIATO: JUIZ
O juiz se utiliza dos elementos constantes no inquérito policial para o recebimento da
peça inicial e para a formação de seu convencimento. Utiliza também para fundamentar

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medidas cautelares aplicadas durante a fase inquisitorial (ex: quebra de sigilo telefônico,
prisão cautelar, etc.).
-Natureza jurídica: PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO-PERSECUTÓRIO DE NATUREZA
INQUISITIVA
Natureza inquisitiva: a autoridade que instaura é a mesma que preside o
procedimento. A natureza inquisitiva não está diretamente relacionada à existência ou não de
contraditório. O traço marcante do SISTEMA INQUISITIVO é a não separação da figura daquele
que inicia, preside e decide o procedimento, e não a existência ou não de contraditório. O
inquérito policial não possui contraditório simplesmente porque o legislador assim não
desejou. Isto porque, no inquérito, sequer há parte, portanto, não há contraditório. No
inquérito não se colhe provas, mas elementos informativos (art. 155, CPP), uma vez que a
prova só pode ser utilizada para os elementos de convicção produzidos sob o crivo do
contraditório e ampla defesa, em regra, na ação judicial.

2.1. Constitucionalidade da ausência de contraditório e ampla defesa


no IP
Inexiste inconstitucionalidade na ausência de previsão de contraditório e ampla defesa
no inquérito policial uma vez que este não é processo e não se destina a decidir litígio algum,
ainda que na esfera administrativa. Não tem por objetivo a aplicação de uma penalidade, mas
de possibilitar o exercício de um direito, qual seja, ação penal. Mesmo assim se reconhece a
4 incidência de alguns direitos fundamentais como é o caso de fazer-se assistir por advogado, o
de não se incriminar e o de manter-se em silêncio.
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.
Mas atenção: é vedado à autoridade policial tomar interrogatório de investigado sem
que seja a este oportunizada a assistência jurídica por advogado. Deve-se dar efetiva ciência
de que ele tem o direito de constituir ou solicitar defensor, antes do seu interrogatório. Se não
desejar, não há nulidade, mas deve manifestar que não desejou advogado. – Alteração recente
no estatuto da OAB, art. 7, XXI.

2.2. Valor probatório das informações do inquérito policial e vícios no


inquérito policial:
O IP possui VALOR PROBATÓRIO RELATIVO, a prova nele produzida não foi realizada
perante o juiz nem sob o crivo do contraditório e ampla defesa. Em verdade se tratam de
elementos de informação e não de prova.
Utilização no processo: POSSIBILIDADE, desde que confirmada com outros elementos
obtidos no processo. Nesse sentido, o STF já decidiu que “os elementos do inquérito podem
influir na formação do livre convencimento do juiz para a decisão da causa quando
complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo. ”
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Atenção para o art. 155, caput, do CPP: fala que no IP são colhidos elementos
informativos. O Juiz não pode fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos. No entanto, pode fundamentar com base nas provas cautelares, não repetíveis
e antecipadas. O Juiz pode fundamentar sua decisão exclusivamente nestas, porque são
provas, não são apenas elementos informativos. Aqui já fala que é prova porque há
contraditório nestes casos: a) prova cautelar, por exemplo, interceptação telefônica: o acusado
vai poder rebatê-las durante a instrução (contraditório diferido); b) não repetíveis: perícias são
feitas por órgãos técnicos do Estado (não é produzida por nenhuma das partes); c) provas
antecipadas: são colhidas perante o Juiz, presente a defesa e a acusação, através de um
incidente (contraditório).
No que concerne aos vícios do inquérito policial, estes não atingem a ação penal, vez que o
inquérito é dispensável, não possuindo o condão de contaminar a ação penal. No máximo,
pode haver invalidade ou ineficácia do ato inquinado, mas não nulidade processual.
Há uma tese minoritária que defende que se o juiz, ao sentenciar, valorar algum
elemento informativo do IP, deverá verificar se há nulidade deste, sob pena de nulidade da
sentença.

2.3. Atribuição para a presidência do inquérito policial


O gênero Polícia pode ser dividido em administrativa, judiciária, investigativa, etc. A
doutrina majoritária destaca duas:
5 a) Polícia administrativa: atividade preventiva, ligada à segurança, visando impedir a
prática de atos lesivos à sociedade. Na CF, art. 144, §5º: às policias militares cabem
a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública.
b) Polícia Judiciária: atividade repressiva, auxiliando o Poder Judiciário. Sua atuação
ocorre depois da prática de uma infração penal e tem como objetivo precípuo
colher elementos de informação relativos à materialidade e à autoria do delito,
propiciando que o titular da ação penal possa dar início à persecução em juízo.
(art. 4º, CPP). Na CF: polícia federal e polícia civil: apurar infração penal e exercer a
atividade de polícia judiciária (cumprir as ordem emanadas pelos juízes).
Diante de tal fato, as atividades investigatórias devem ser exercidas precipuamente
por autoridades policiais, sendo vedada a participação de agentes estranhos à autoridade
policial, sob pena de violação à CF e ao CPP. CPP, Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas
autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração
das infrações penais e da sua autoria.
Importante mencionar que, eventual investigação policial em andamento somente
poderá ser avocada ou redistribuída por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos
procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da
investigação (lei 12.830).
Quem preside a investigação?

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1) Crime militar: polícia judiciária militar.


2) Crime federal: Polícia Federal. Polícia Federal tem competências que não
necessariamente ensejam a competência da Justiça Federal:
I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente
foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;

II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 e dezembro de 1990); e

III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir
em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e

IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual
ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da
Federação.

V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais


e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou
alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal). (Incluído pela Lei nº
12.894, de 2013)

VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos,
quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação. (Incluído
pela Lei nº 13.124, de 2015)

Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal procederá à


apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de
Estado da Justiça.

3) Crime eleitoral: em regra, porque praticados contra a União, é presidido pela


Polícia Federal. Entretanto, se não houver polícia federal no município que ocorreu
o crime, nada impede que sua investigação seja feita por Polícia Civil.
6 4) Crime estadual: Polícia Civil, podendo a Polícia Federal atuar quando houver
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo
dispuser em lei.
2.3.1. Competência para presidir o inquérito policial
A nomenclatura mais correta é AMPLITUDE DA ATRIBUIÇÃO, pois a autoridade policial
não exerce competência. Ler o artigo 1º da lei n 10.446 que prevê a regulamentação da Polícia
Federal no tocante às infrações que tenham repercussão interestadual e internacional e exija
repressão uniforme. Qual delegacia caberá a investigação do fato delituoso??

Critérios de fixação:

1. EM RAZÃO DO LUGAR: circunscrição policial. Ler o artigo 22 do CPP.


2. EM RAZÃO DA NATUREZA: delegacias especializadas ao combate de determinado tipo de
infração.
3. EM RAZÃO DA PESSOA: leva-se em consideração a figura da vítima, del. da mulher, do
idoso, etc.
4. PRECATÓRIAS e REQUISIÇÕES: serão necessários somente quando o pedido ultrapassar os
limites da comarca. [literalidade do art. 22, CPP]

CPP Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição
policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, NOS INQUÉRITOS A QUE ESTEJA
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PROCEDENDO, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de


precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade
competente, sobre QUALQUER FATO QUE OCORRA EM SUA PRESENÇA, noutra circunscrição.

FLAGRANTE pela autoridade policial: a instauração do inquérito policial deve ser feita por
aquele que efetuou a prisão e os atos subsequentes serão realizados pela autoridade do local
onde o crime se consumou. [art. 290 e 308 CPP] [art. 22, parte final, CPP – “(...)bem assim
providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra
em sua presença, noutra circunscrição”.]

Em suma:

 Instauração do inquérito policial: autoridade que realizou o flagrante.


 Condução do IP: autoridade do local onde o crime se consumou.

Ademais, ao inquérito policial não se aplica o art. 5º, LIII da CF (NINGUÉM SERÁ
PROCESSADO NEM SENTENCIADO SENÃO PELA AUTORIDADE COMPETENTE). Na fase do IP
não há processo, nem dele decorrerá sentença. Não se pode alegar nulidade dos atos
investigatórios realizados fora da circunscrição da autoridade, ademais os vícios do IP não
contaminam o processo.

3. Características do inquérito policial


7 PROCEDIMENTO (SENTIDO ESTRITO) – concatenação de atos dentro do processo.
A expressão procedimento deve ser entendida no seu SENTIDO AMPLO, uma vez que
as diligências ocorrem segundo as determinações da autoridade policial na medida da
conveniência e oportunidade. Não existe um rito ou uma ordem predeterminada pela lei.
PROCEDIMENTO deve ser entendido como sinônimo de ATIVIDADE.
Em decorrência de inexistir um procedimento a ser seguido não é possível o
reconhecimento de NULIDADE PROCEDIMENTAL. Ex.: a instauração de uma portaria inepta
não acarreta a nulidade do restante do inquérito.
O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE contém regras que visam garantir a lisura da
situação excepcional que é a prisão em flagrante. O desrespeito de alguma das determinações
da elaboração do auto de prisão em flagrante comprometerá a legalidade da prisão, e não o
caráter investigativo do inquérito que dele decorrer.
Teoria do Juízo Aparente: A aplicação da Teoria do Juízo Aparente tem como principal
consequência a plena possibilidade de aproveitamento dos atos judiciais decisórios proferidos
por juízo incompetente, considerando-os plenamente válidos e legítimos, bastando para tanto
a simples ratificação por parte do magistrado competente. Ou seja, os atos são,
potencialmente, válidos e legítimos, porém, submetidos a uma condição suspensiva: a
ratificação por parte do juízo competente.

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3.1. Procedimento escrito


Tendo em vista o seu objetivo (reunir elementos para a propositura da ação penal) o
INQUÉRITO POLICIAL deve ser escrito.

3.2. Procedimento dispensável


Facultativo e disponível para o titular da ação penal. O titular da ação penal poderá
propor a ação sempre que dispuser de elementos suficientes indicativos de autoria e
materialidade, podendo prescindir do inquérito policial. Vários artigos no CPP denotam isso.

O inquérito policial objetiva reunir os elementos necessários para a propositura da


ação penal, ele visa garantir o mínimo de VIABILIDADE FÁTICA exigido para o início da ação
penal, o que se verifica a partir da existência dos seguintes elementos: MATERIALIDADE DO
CRIME E INDÍCIO DE AUTORIA. Caso o MP disponha de outros meios probatórios a garantir um
substrato mínimo para interposição da ação judicial, torna-se desnecessário o inquérito
policial.

3.3. Procedimento sigiloso


SIGILOSO[art. 20, caput, CPP]. Em regra, o inquérito policial está sob a égide do
segredo externo: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o SIGILO necessário à
ELUCIDAÇÃO DO FATO ou exigido pelo INTERESSE DA SOCIEDADE.

O sigilo previsto no dispositivo não é em favor do acusado, mas PARA A ELUCIDAÇÃO


DO FATO ou EM DECORRÊNCIA DO INTERESSE DA SOCIEDADE. [Necessidade de conveniência
8 no caso concreto]
A competência para decretar o sigilo é do DELEGADO.
Sigilo interno x sigilo externo: o interno é posto para impedir o acesso dos autos à
parte/advogado. O externo é o sigilo para evitar divulgação das informações ao público em
geral, sendo a regra.
O JUIZ só decreta o sigilo quando provocado nos casos de proteção do acusado.
Também, quando é requerida, pelo MP ou pela Autoridade Policial, e deferida a quebra de
sigilo de dados bancários, fiscais, telefônicos, etc. (sigilo telefônico: art. 8º, caput e parágrafo
único, da Lei 9.296/96)
Contra quem pode ser imposto o sigilo:
i)MP – impossibilidade: não faria sentido já que o membro do MP é o destinatário do
IP.

ii)JUIZ – impossibilidade

iii)ADVOGADO – divergência [INTERESSE DAS INVESTIGAÇÕES X PRERROGATIVA DO


DEFENSOR PARA EFETIVO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA]; -o entendimento atual, objeto
do enunciado n. 14 da súmula vinculante do STF é que ao advogado do indiciado não pode
ser oposto o sigilo das investigações: É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO
REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS

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EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA DE


POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA.
Correndo sob sigilo a investigação preliminar, deve o advogado ter procuração
outorgada pelo investigado. Não sendo sigiloso, não precisa de procuração para ter vista dos
autos.
Neste sentido, nos atestados de antecedentes solicitados à autoridade policial, não
poderá haver menção a quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito policial.
Assim, afora as condenações definitivas, quaisquer outras informações de inquéritos em curso
só serão certificadas se requisitadas por magistrado, membro do Ministério Público,
autoridade policial ou agente do Estado, em pedido devidamente motivado, explicitando o uso
do documento. Neste sentido tem se manifestado o STJ.
NECESSIDADE DE PROCURAÇÃO DO ADVOGADO
O art. 7º, XIV, Estatuto do Advogado – garante o direito de acesso aos autos, mesmo
sem procuração. Entretanto, STF e STJ se posicionaram no sentido de que somente poderá ter
acesso aos autos com segredo de justiça, com quebras de sigilo, o advogado que tenha
procuração.
HC 93.767 (trecho do voto do Min. relator Celso de Mello)
No que concerne ao inquérito policial há regra clara no Estatuto do Advogado que assegura o
direito aos advogados de, mesmo sem procuração, ter acesso aos autos (art. 7°, inc. XIV) e

9 que não é excepcionada pela disposição constante do § 1° do mesmo artigo que trata dos
casos de sigilo. Certo é que o inciso XIV do art. 7° não fala a respeito dos inquéritos marcados
pelo sigilo. Todavia, quando o sigilo tenha sido decretado, basta que se exija o instrumento
procuratório para se viabilizar a vista dos autos do procedimento investigatório. Sim, porque
inquéritos secretos não se compatibilizam com a garantia de o cidadão ter ao seu lado um
profissional para assisti-lo, quer para permanecer calado, quer para não se auto incriminar
(CF, art. 5°, LXIII). Portanto, a presença do advogado no inquérito e, sobretudo, no flagrante
não é de caráter afetivo ou emocional. Tem caráter profissional, efetivo, e não meramente
simbólico. Isso, porém, só ocorrerá se o advogado puder ter acesso aos autos.

SIGILO DO INQUÉRITO E CONTEÚDO DO QUE PODER SER ACESSADO PELO


ADVOGADO [HC 90.232 e súmula vinculante n. 14 do STF]
O advogado poderá ter acesso às informações já introduzidas nos autos do inquérito;
aquelas informações cujas diligências estejam em curso não poderão ser acessadas.

HC 90.232 - STF
II. INQUÉRITO POLICIAL: INOPONIBILIDADE AO ADVOGADO DO INDICIADO DO DIREITO DE
VISTA DOS AUTOS DO INQUÉRITO POLICIAL.

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 Inquérito Policial
 Apostila 02
 Atualizado em 02/04/2018

1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito


policial, que não é processo, porque não destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera
administrativa; existência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do
inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de
manter-se em silêncio.
2. Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado - interessado primário no procedimento
administrativo do inquérito policial -, é corolário e instrumento a prerrogativa do advogado de
acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L.
8906/94, art. 7º, XIV), da qual - ao contrário do que previu em hipóteses assemelhadas - não se
excluíram os inquéritos que correm em sigilo: A IRRESTRITA AMPLITUDE DO PRECEITO LEGAL
RESOLVE EM FAVOR DA PRERROGATIVA DO DEFENSOR O EVENTUAL CONFLITO DELA COM OS
INTERESSES DO SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES, de modo a fazer impertinente o apelo ao princípio
da proporcionalidade.
3. A oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado
(CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a
assistência técnica do advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso
aos autos do inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações.
4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as INFORMAÇÕES JÁ
INTRODUZIDAS NOS AUTOS DO INQUÉRITO, NÃO AS RELATIVAS À DECRETAÇÃO E ÀS
VICISSITUDES DA EXECUÇÃO DE DILIGÊNCIAS EM CURSO (cf. L. 9296, atinente às interceptações
telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, em conseqüência a autoridade
10 policial de meios legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu
defensor dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento
investigatório.
5. Habeas corpus de ofício deferido, para que aos advogados constituídos pelo paciente se
faculte a consulta aos autos do inquérito policial e a obtenção de cópias pertinentes, com as
ressalvas mencionadas.

Redação de súmula proposta pela OAB: “O advogado constituído pelo investigado,


ressalvadas as diligências em andamento, tem o direito de examinar os autos de inquérito
policial, ainda que estes tramitem sob sigilo”. Portanto, até mesmo a proposta da OAB excluía
as investigações em andamento.
Importante informação: em regra, o acesso do defensor aos elementos de informação
já documentados nos autos do IP independe de prévia autorização judicial. No entanto, em se
tratando de investigação referente a organizações criminosas, uma vez decretado o sigilo da
investigação pela autoridade judicial competente, o acesso do defensor aos elementos
informativos deverá ser precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às
diligências em andamento (lei 12.850, art. 23)

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3.4. Procedimento inquisitorial


Em regra, não há oportunidade para o exercício de contraditório e ampla defesa, vez
que no inquérito não há partes, mas mero recolhimento de informações. Isto posto, não
havendo contraditório, não pode o juiz proferir sentença só com base nos elementos
informativos do inquérito, uma vez que não houve produção de “prova” no crivo do
contraditório, direito fundamental garantido pela CF.

Entretanto, em 2016 foi editada a lei 13.245, que prevê o direito de o advogado
assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e subsequentemente, de todos os
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou
indiretamente, podendo inclusive apresentar razões e quisitos no curso da respectiva apuração.

O que isso significa? Mudou a característica inquisitorial??? NÃO. Pois não a alteração
legislativa não assegurou contraditório ou ampla defesa, mas somente a presença do
advogado. O inquérito possui contraditório diferido, que será realizado na ação judicial. Assim,
deve ser oportunizado ao investigado, antes de seu interrogatório, o direito de constituir um
advogado, sob pena de nulidade do ato.

Assim, presente o advogado e negado o seu direito de assistir a seu cliente


investigado, aí sim restará caracterizada a ilegalidade do interrogatório policial e por
consequência, de todos os elementos informativos e probatórios dele derivados, direta ou
indiretamente.
11 Na prática, a falta de contraditório e ampla defesa nessa fase pré-processual acaba
sendo compensada por mecanismos legislativos tendentes a evitar que o juiz julgue a
imputação valendo-se exclusivamente dos elementos informativos colhidos na fase
investigatória, excetuando-se as provas antecipadas, não repetíveis e cautelares. Assim, se os
elementos informativos colhidos na fase investigatória são produzidos sem o contraditório, a
utilização dos elementos informativos para decidir pela condenação seria afronta aos direitos
fundamentais. Daí importância da regra do artigo 155, que admite a utilização dos elementos
informativos colhidos na fase pré-processual apenas subsidiariamente.

ATENÇÃO: a observância do contraditório é obrigatória em relação ao inquérito que


objetiva a expulsão e deportação de estrangeiro (arts. 51 e 58 da nova lei de migração – lei
13.445). Portanto, é incorreto afirmar que todo inquérito/investigação preliminar é
absolutamente inquisitorial e sem contraditório.

3.5. Procedimento discricionário


O delegado de polícia deve conduzir as investigações como melhor lhe aprouver, de
acordo com as peculiaridades do caso concreto.
A autoridade policial pode atender ou não aos requerimentos patrocinados pelo
indiciado ou pela própria vítima (art. 14, CPP), fazendo um juízo de conveniência e
oportunidade quanto à relevância daquilo que lhe foi solicitado.
Só não poderá indeferir a realização do exame de corpo de delito, quando a infração
praticada deixar vestígios, pele que se pode afirmar que discricionariedade do inquérito não é
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absoluta (art. 184). Havendo denegação da diligência requerida, nada impede que seja
apresentado) recurso administrativo ao Chefe de Polícia, por analogia ao art. 5°, § 2o, CPP, ou
ainda, o advogado pode reiterar sua solicitação perante o juiz ou o Ministério Público, que
poderão requisitar sua realização à autoridade policial.
Nesse entendimento, o STJ já entendeu ser cabível HC com o objetivo de assegurar
diligências, de modo a se evitar apressado e errôneo juízo acerca da responsabilidade do
acusado. No caso, o acusado havia solicitado ao delegado a oitiva de testemunhas e quebra de
seu sigilo telefônico, caso em que o Delegado indeferiu.
Atenção: deve-se lembrar que uma diligência requisitada por JUIZ ou MP não entra no
crivo da discricionariedade do Delegado, devendo ser cumprida – art. 13, II, CPP

3.6. Procedimento oficial


Incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou federal) a presidência do inquérito policial.
Logo, o inquérito policial fica a cargo de órgão oficial do Estado, nos termos do artigo 144, §1º,
I, c/c art. 144, §4º, da CF.

3.7. Procedimento oficioso


Havendo notícia de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial deve
atuar de ofício, dispensado qualquer autorização para agir, salvo nos casos de foro por
prerrogativa de função, que deverá solicitar permissão ao Juiz competente. Ainda, a
autoridade policial deve abster-se de fazer qualquer análise quanto à presença de excludentes
da ilicitude ou da culpabilidade.
12 Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação e de ação penal
privada, a autoridade policial depende de permissão para poder atuar, vez que o bem tutelado
ofende mais a esfera individual do que a esfera pública. Autorizado a agir, é obrigatório agir de
ofício.

3.8. Procedimento indisponível


Em regra, a AUTORIDADE POLICIAL não tem discricionariedade quanto à instauração
ou não do inquérito policial. Sempre que tomar conhecimento da ocorrência de infração penal
que caiba AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA deverá instaurar o inquérito, sempre que
verificado substrato mínimo para instauração. Entretanto, antes de instaurar, deverá realizar
um procedimento chamado de verificação de procedência de informação.
Instaurado o inquérito, a autoridade policial NÃO PODERÁ ARQUIVAR o inquérito.
Depende de requisição do MP e provimento do juiz.
Hipóteses de desnecessidade de instauração:
 NOTÍCIA INIDÔNEA: hipótese que a notícia criminis não fornece o mínimo de
informação necessária.
 FATO NOTORIAMENTE ATÍPICO: a conclusão da atipicidade não deve demandar uma
análise aprofundada. O que a autoridade policial analisa é a tipicidade formal. Não
cabe a ela a análise da tipicidade material (ex: insignificância).
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: ex.: homicídio evidentemente prescrito.

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 INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO: [Lei dos Juizados Especiais]. Elaboração


do TERMO CIRCUNSTANCIADO.

3.9. Procedimento temporário


O inquérito policial é prejudicial ao sujeito, diante da situação que lhe impõe em ser
objeto de investigação. Isto posto, esta investigação não pode ser eterna, porque essa situação
enseja evidente constrangimento, abalo moral e, muitas vezes, econômico e financeiro. Isso
posto, aplica-se a razoável duração do processo aos inquéritos policiais.

4. Formas de instauração do inquérito policial


4.1. Crimes de ação pública incondicionada
Nos crimes de ação pública incondicionada, o inquérito pode ser instaurado:

 De ofício [art. 5º, i, cpp]


 Requisição do juiz ou do mp [art. 5º, ii, cpp]
 Requerimento do ofendido ou quem tiver qualidade para representá-lo nas ações
privadas e nas ações públicas subsidiárias [art. 5º, ii, cpp]
 Representação do ofendido ou quem tiver qualidade para representá-lo nas ações
penais públicas condicionadas [art. 5º, § 4º, cpp]
 Prisão em flagrante

4.1.1. De ofício
13 Deverá instaurar inquérito, através de portaria, quando tomar conhecimento de fato
delituoso a partir de atividade rotineiras.
4.1.2. Requisição da autoridade judiciária ou do MP:
Quanto à requisição do juiz para que seja instaurado o inquérito policial, a doutrina
atual pensa ser inconstitucional tal prática em virtude de não se coadunar com o sistema
acusatório adotado pela Constituição. Isto posto, o juiz, ao ter conhecimento de um crime,
deverá encaminhar as informações ao MP, nos termos do artigo 40 do Código de Processo
Penal.

No que toca à requisição do Ministério Público, a autoridade policial está obrigada a


instaurar o inquérito. (CF, 129, VIII)

Instrumento: OFÍCIO REQUISITÓRIO.


Natureza jurídica da requisição: ORDEM. Tem caráter obrigatório. [requisitar = exigir
legalmente]. O descumprimento poderá configurar CRIME DE PREVARICAÇÃO.

REQUISIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA AUTORIDADE COATORA


Discussão quanto à figura da autoridade coatora no caso de IP instaurado em
decorrência de requisição (AUTORIDADE POLICIAL x MP).

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STF/TRF1 – A autoridade coatora no caso de IP instaurado em decorrência de requisição é o


MP. (TRF1: HC 2009.01.00.047764-7, HC 2008.01.00.011776-0, C 2005.01.00.061091-0.)
STJ – divergente:
a)AUTORIDADE POLICIAL
b)MP [AgRg no REsp 700115]
4.1.3. Requerimento do ofendido ou de seu representante legal:
Trata-se de hipótese de instauração nos crimes de ação penal pública condicionada,
como por exemplo, nos crimes de furto, roubo. Se o delegado verificar que o fato narrado
constitui crime, será obrigatória a instauração do inquérito. Se ele negar a instauração do
inquérito, a parte poderá socorrer-se de recurso para o Chefe de Polícia (art. 5º, §2º)

4.1.4. Notícia oferecida por qualquer do povo


A autoridade somente estará obrigada a instaurar o IP se procedente as informações.
Art. 5º. § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará instaurar
inquérito.

Não é obrigatória a ação do cidadão em comunicar a prática da infração penal.


Entretanto, há dois casos em que a notícia crime é obrigatória, segundo o qual constitui
14 contravenção deixar de comunicar à autoridade competente (art. 66 DL 3688/41):
a) Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública,
desde que a ação penal não dependa de representação.
b) Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou outra
profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa de representação e a
comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal.

Ademais, autoridades públicas têm o dever de comunicar fatos possivelmente


criminosos, sob pena de responderem administrativamente e de incorrerem no delito de
prevaricação, caso comprovado que a inércia se deu para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
4.1.5. Auto de prisão em flagrante
Se o auto de prisão em flagrante, por si só, for suficiente para elucidação do fato e sua
autoria, constituirá o inquérito, dispensado outras diligências, salvo o exame de corpo de
delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu
valor influir na aplicação da pena.

4.2. Crimes de ação pública condicionada


São os casos subordinados à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da
Justiça (CPP, art. 5º, §4º). Representação, também denominada de delatio criminis

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postulatória, é a manifestação da vítima/representante legal no sentido de possuírem


interesse na persecução penal, não bastando formalismo.

Ação penal privada exclusiva e ação penal privada subsidiária da pública: Nos crimes de
AÇÃO PRIVADA o IP só pode ser iniciado se houver requerimento (art. 5º. § 5º Nos crimes de
AÇÃO PRIVADA, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a REQUERIMENTO
de quem tenha qualidade para intentá-la). No caso de morte/ausência do ofendido, o
requerimento poderá ser formulado por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP,
art. 31). O prazo para requerimento é decadencial de 6 meses, a contar do conhecimento do
autor do fato. Transcorrido o prazo, há a extinção de punibilidade. Pode haver prisão em
flagrante também, ex: estupro, caso em que deverá também haver representação da vítima.

Requisitos do requerimento: [art. 5º, § 1º, CPP]


CPP Art. 5º. § 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
Recurso do despacho que indefere requerimento: recurso para chefe de Polícia. art.
5º, § 2º, CPP (Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
15 recurso para o chefe de Polícia).
Ação penal pública condicionada à representação da vítima: Nos crimes de AÇÃO PÚBLICA
CONDICIONADA o IP só pode ser iniciado se houver representação.

CPP Art. 5º. § 4º O inquérito, nos crimes em que a AÇÃO PÚBLICA depender de
REPRESENTAÇÃO, não poderá sem ela ser iniciado.

5. Notitia criminis
Trata-se do conhecimento, espontâneo ou provocado, pela autoridade policial, de um fato
delituoso. Elas podem ser classificada em:

a) COGNIÇÃO IMEDIATA/ESPONTÂNEA – a autoridade policial tem notícia do crime por


suas atividades de rotina.
b) COGNIÇÃO MEDIATA/PROVOCADA – a autoridade policial tem notícia do crime por
expediente escrito feito por terceiros. Requisição do MP, do Juiz, requerimento da
vítima.
c) COGNIÇÃO COERCITIVA – a autoridade policial tem notícia do crime por meio de
prisão em flagrante. [art. 8º, CPP]

5.1. Delatio criminis


É uma espécie de notitia criminis, tratando-se da comunicação de uma infração penal feita
por qualquer pessoa do povo, e não pela vítima/representante. Diz-se delatio criminis simples

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quando feita denúncia por qualquer um do povo; delatio criminis postulatória quando a vítima
noticia o crime e solicita a instauração do inquérito, através de representação.

5.1.1. Notitia criminis inqualificada: denúncia anônima


Trata-se do disque-denúncia ou outro meio de denúncia anônima. Mas a CF veda o
anonimato (art. 5º, IV). Como fica então? A autoridade policial deve verificar a procedência e
veracidade das informações veiculadas na denúncia anônima a fim de constatar sua
plausibilidade. Trata-se de verificação de procedência de informação (VPI).

O STF entendeu que o escrito anônimo não autoriza, desde que isoladamente
considerado, a imediata instauração de “persecutio criminis”. A delação anônima, enquanto
fonte única de informação, não constitui fator que se mostre suficiente para legitimar, de
modo autônomo, sem o concurso de outros meios de revelação dos fatos, a instauração de
procedimentos estatais.

Nada impede, contudo, que o Poder Público, provocado por delação anônima
(“disque-denúncia”, p. ex.), adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, em
averiguação sumária, “com prudência e discrição”, a possível ocorrência de eventual situação
de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela
denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal instauração da
“persecutio criminis”, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse procedimento
estatal em relação às peças apócrifas.

16 Peças apócrifas não podem ser formalmente incorporadas a procedimentos


instaurados pelo Estado, salvo quando forem produzidas pelo acusado ou, ainda, quando
constituírem, elas próprias, o corpo de delito (como sucede com bilhetes de resgate no crime
de extorsão mediante seqüestro, ou como ocorre com cartas que evidenciem a prática de
crimes contra a honra, ou que corporifiquem o delito de ameaça ou que materializem o
“crimen falsi”, p. ex.).

Princípios envolvidos: vedação do anonimato; inviolabilidade da vida privada;


presunção de inocência X interesse público; efetiva tutela penal; livre manifestação do
pensamento como princípio democrático.

Eugenio Pacelli: A chamada delação anônima, com efeito, não pode ser submetida a
critérios rígidos e abstratos de interpretação. O único dado objetivo que se pode extrair dela é
a vedação da instauração de ação penal com base, unicamente, em documento apócrifo. E
isso, porque, de fato, faltaria justa causa à ação, diante da impossibilidade, demonstrada a
priori, da indicação do material probatório a ser desenvolvido no curso da ação.

HC para trancar inquérito ou ação penal (ou MS contra procedimento administrativo)

 Se o início teve como fundamento a carta/bilhete apócrifo: HC deve ser concedido.


 Se o Início decorreu de investigações iniciadas a partir da carta/bilhete apócrifo: HC
não deve ser concedido.

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6. Diligências investigatórias
Lembrem-se: o artigo 6º e 7º do CPP consubstanciam rol exemplificativo de diligências
investigatórias, de modo que o delegado poderá adotar outras diligências, desde que não
sejam inconstitucionais. Ademais, é discricionário a utilização destes meios, de modo que ele
irá conduzir as investigações de acordo com a peculiaridade do caso concreto.

6.1. Preservação do local do crime


I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
-necessidade de se garantir a conservação do local do crime. Só após a
liberação dos peritos é que os objetos poderão ser apreendidos e a cena do crime poderá ser
alterada. Exceção: acidente de trânsito poderá ensejar imediata remoção das pessoas e
veículos envolvidos, se estiverem no leito de via pública e prejudicarem o tráfego.

6.2. Apreensão dos objetos após liberados pelos peritos


II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;
-tomada de posse dos objetos que têm relação com o fato. Segundo o STJ, a
17 autoridade policial poderá apreender os objetos relacionados com a infração, mesmo antes da
instauração do respectivo inquérito.

6.3. Colheita das provas e das suas circunstâncias


III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
-o inquérito não reúne provas acabadas, serve apenas como início de prova. A
prova definitiva surge no curso do processo.
- para os crimes de tráfico de pessoas (148, 149, 149-A, 158, §3º, e 159): MP
ou autoridade pode requisitar de quaisquer órgãos ou empresas privadas,
independentemente de ordem judicial, informações cadastrais das vítimas ou suspeitos, bem
como, os meios técnicos necessários para localização da vítima ou suspeitos do delito em
curso, com autorização judicial. (Inovação legislativa de 2016, art. 13-A e 13-B do CPP)
- em organização criminosa, MP e autoridade policial terão acesso à dados
cadastrais, independentemente de ordem judicial.
- em crimes de lavagens de capitais, o MP e autoridade policial terão acesso à
dados cadastrais, independentemente de ordem judicial.
-a prova produzida no IP poderá auxiliar na convicção do juiz, mas deverá ser
confirmada por outras provas produzidas no processo. Tal entendimento é reforçado pena
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nova redação do art. 155 CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).

PROVA TESTEMUNHAL no Inquérito Policial: é admitido e não há máximo legal; as


testemunhas são intimadas;

Descumprimento da ordem de comparecimento  possibilidade de CONDUÇÃO COERCITIVA.


aplicação analógica do art. 218, CPP (art. 218. Se, regularmente intimada, a
testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à
autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que
poderá solicitar o auxílio da força pública) .
não há necessidade de autorização judicial, basta a expedição de mandado de
condução coercitiva.
possibilidade de caracterização de CRIME DE DESOBEDIÊNCIA.
 é possível a aplicação da multa.
ATENÇÃO: O Ministro Gilmar Mendes, em julgamento da MC nas ADPF 444 e 395 em
19/12/2017, considerou inconstitucional a prática da condução coercitiva por violar a

18 presunção de inocência e a liberdade de locomoção, sob o argumento de que não existe


obrigação legal de comparecer ao interrogatório, e, por isso “não há possibilidade de forçar
o comparecimento” e, como esse interrogatório é anterior à ação criminal, a condução
coercitiva viola a CF, artigo 5, incisos LIV e LVII. O Ministro declarou o artigo não
recepcionado pela ordem vigente.  O julgamento da ADPF vai à Plenário.

CPP Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha


faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do
processo penal por crime de desobediência, e
condená-la ao pagamento das custas da diligência.
(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
OFENDIDO  presta DECLARAÇÕES

TESTEMUNHA  presta DEPOIMENTO

SUSPEITO  presta INTERROGATÓRIO

6.4. Oitiva do ofendido


IV - ouvir o OFENDIDO;
-o ofendido não presta compromisso, eventual mentira não caracterizará falso
testemunho, poderá caracterizar CALÚNIA, se dê causa à instauração das investigações ou do
processo.
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6.5. Oitiva do indiciado


V - ouvir o INDICIADO, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III
do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas)
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
-crítica à nomenclatura utilizada pelo dispositivo  “indiciado” é espécie do
gênero suspeito.
INDICIAMENTO – conjunto de atos que oficializam a suspeita.

SUSPEITO INDICIADO IMPUTADO ACUSADO/DENUNCIADO/QUERELADO RÉU SENTENCIADO CONDENADO

Apontad
Antes A partir A partir da Após o
o pela Deflagra
de Oferecimento da denúncia/queixa da sentença transito em
autorida do o IPL
indiciar citação condenatória julgado
de

Atos de indiciamento:

19 
1) qualificação e interrogatório
2) identificação criminal
 3) folha de vida pregressa

O termo deve ser assinado por 2 testemunhas [TESTEMUNHAS FEDATÁRIAS OU


INSTRUMENTAIS], mas não é necessário que as testemunhas tenham acompanhado todo o
interrogatório.

ADVERTÊNCIA DO DIREITO AO SILÊNCIO / MIRANDA WARNINGS, AVISO DE MIRANDA


A ausência dessa advertência vicia o ato. Trata-se do direito de não autoincriminação.
CURADOR DE MENOR [art. 15, CPP]
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.
MENOR DE 18 não pode ser indiciado. Segundo a posição dominante, o NCC revogou
tacitamente o art. 15, CPP.
A ausência de curador não é causa de nulidade absoluta, mas relativa (STJ).
Ainda, é necessário a colheita de informações sobre a existência de filhos, respectivas
idades e se possuem alguma deficiência e o nome do contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (inciso X do artigo 6º, inserido em 2016). O
mesmo questionamento deve ser feito no caso de prisão em flagrante. Tudo isso objetiva

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conferir ao magistrado informações mais completas acerca da pessoa presa para fins de
possível concessão de prisão domiciliar.

6.6. Reconhecimento de pessoas e coisas e acareações


CPP Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
ACAREAÇÃO: confronto pessoal entre 2 ou mais pessoas sobre um determinado ponto
divergente. Testemunha, vítima e indiciado podem ser acareados. O investigado não é
obrigado a participar da acareação, por ser um facere, um comportamento ativo. Entretanto,
em provas em que ele apenas deva tolerar sua realização, não há que se falar em vedação de
produzir prova contra si mesmo, motivo pelo qual é possível a realização coercitiva de seu
reconhecimento por terceiros.
ATRIBUIÇÃO DE FALSA IDENTIDADE PARA OCULTAR ANTECEDENTES CRIMINAIS
TRF1: O TRF1 entende pela caracterização do crime.
STF/STJ: Os tribunais superiores parecem ter consolidado o entendimento de que não se
trata de uma manifestação do direito de autodefesa, restando configurado o tipo penal.
Inclusive, em 2015, o STJ sumulou o seguinte entendimento:
Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade
policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
20 Logo, ao atribuir-se falsa identidade ou ao utilizar documento falso, há conduta
típica.

6.7. Exame de corpo de delito e quaisquer outras perícias


VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
PERÍCIA: exame em pessoa ou em coisa por pessoa habilitada (PERITO). É a prova
técnica por excelência.
- Corpo de delito não pode ser substituído por confissão. Entretanto, na
impossibilidade de realização de corpo de delito, é possível suprir sua falta por prova
testemunhal.
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

6.7. Identificação do acusado


III - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer
juntar aos autos sua folha de antecedentes;

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Identificação datiloscópica

-Evolução histórica:
1)[Súmula 568 STF] – a identificação criminal não constitui constrangimento
ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente. não foi cancelada, porém,
é inaplicável hoje.
2)[art. 5º, LVIII, CF] - o civilmente identificado não será submetido à
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
3)[art. 5º, Lei 9.034/95] – obrigatoriedade da identificação datiloscópica das
pessoas envolvidas em ações praticadas por organizações criminosas.

Lei 9.034/95 Art. 5º A IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL de pessoas envolvidas com a ação praticada
por ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS será realizada independentemente da identificação civil.
4)[art. 3º, Lei 10.054/00] – trazia mais 6 hipóteses nas quais deverá ocorrer a
identificação. [REVOGADA]
5)[art. 3º, Lei 12.037/09] – trata da matéria de maneira mais adequada que a
lei antecessora.
Lei 12.037/09 Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer
identificação criminal quando:
21 I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes
entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do
inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para
identificar o indiciado.
REGRA: o civilmente identificado não deve sofrer identificação criminal.
EXCEÇÕES: hipóteses em que, ainda que seja civilmente identificado, deverá ser
submetido à identificação criminal

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Se o suspeito não tiver documentos e não apresentar documentos, a autoridade


policial poderá colher suas digitais.
Coleta de material biológico para obtenção de perfil genético: havendo recusa do
indiciado, não poderá ser obrigado ao fornecimento. Os dados são sigilosos, devendo ser
geridos por entidade oficial de perícia. As informações colhidas não poderão demonstrar
traços somáticos ou comportamentos pessoais, exceto determinação genética e gênero. Em
recente decisão, de 2018, o STJ entendeu que “É legal a prova com material genético
descartado, ainda que não tenha havido consentimento do investigado. ”
Em crimes hediondos, após o trânsito em julgado, a LEP determina coleta de material
genético, ainda que o apenado não permita, podendo recolher materiais dispensados pelo
condenado involuntariamente.

6.8. Averiguar vida pregressa do investigado


IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante
ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento
e caráter.
VIDA PREGRESSA – fornecimento de dados que possam ser úteis. Influenciam na
identificação do valor da multa, individualização da pena etc.

22 6.9. Reconstituição do fato delituoso


CPP Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado
modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta
não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Objetivo: identificação do modus operandi. Segundo o posicionamento da
jurisprudência, o indiciado não é obrigado a fazer a reconstituição, ainda que já tenha
confessado, no entanto, é obrigado a comparecer.
Lembre-se: sempre que a prova exigir um comportamento ativo do
investigado, este não é obrigado fazer, salvo se consentir. A recusa em fazer tais provas é um
direito, e não configura crime de desobediência e desacato, bem como, não pode ser extraída
nenhuma presunção de culpabilidade.
STF entende que é configura constrangimento ilegal a decretação de prisão
preventiva de indiciados diante da recusa destes em participarem de reconstituição do crime.

6.10. Acesso a dados cadastrais de vítimas e de suspeitos


Trata-se de novidade legislativa, de 2016, que incluiu o artigo 13-A e 13-B no CPP. Nos
crimes de: a) sequestro e cárcere privado; b) redução a condição análoga à de escravo; c)
tráfico de pessoas; d) extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima; e) extorsão
mediante sequestro; f) envio de adolescente/criança ao exterior sem observar as formalidades
legais/fito de lucro é possível que o Ministério Público ou o Delegado de Polícia REQUISITE

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aos órgãos públicos ou empresas privadas, independentemente de ordem judicial, dados


cadastrais de vítima ou suspeitos.

6.11. Requisição de informações acerca das estações de rádio base (ERBs)


Conforme o artigo 13-B do CPP, se necessária à prevenção e à repressão dos crimes
relacionados ao tráfico de pessoas, o MP ou Delegado de polícia, poderão requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
Por sinal, entende-se posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade
da radiofrequência. Com isso, é possível saber a localização de aparelhos celulares. O artigo,
no §4º, dispõe que, se o juiz demorar 12 horas para decidir, pode a parte requisitar
independentemente de autorização judicial, comunicando imediatamente ao juízo.

7. Identificação criminal
A pena não pode passar da pessoa do condenado, de modo que a identificação criminal
desempenha um papel importante no auxílio da aplicação do direito penal, porquanto, através
dela, é feito o registro dos dados identificadores da pessoa que praticou a infração penal sob
investigação, possibilitando o conhecimento ou a confirmação de sua identidade para que, ao
fim da persecução penal, lhe sejam impostas as sanções decorrentes do delito praticado.

A identificação criminal é gênero do qual são espécies a identificação datiloscópica,


23 identificação fotográfica e identificação do perfil genético. Conseguida a identificação criminal
do suspeito, será juntado aos autos de prisão em flagrante, ou do inquérito policial.

7.1. Dispositivos legais sobre identificação criminal


a) Art. 109 do ECA: o adolescente civilmente identificado não será submetido a
identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para
efeito de confrontação, havendo dúvida fundada;
b) Art. 5º da revogada lei 9.034/95: a identificação era compulsória quando as pessoas
se envolviam em crime organizado, independentemente da existência de identificação
civil. Foi revogada pela nova lei de organizações criminosas (12.850/13), da qual não
consta nenhum dispositivo expresso acerca da obrigatoriedade de identificação
criminal;
c) Lei n. 10.054/00: revogada pela lei 12.037/09, passou a regulamentar a identificação
criminal no ordenamento. Regulava que em alguns crimes a identificação criminal seria
compulsória.
d) Lei n. 12.037/09: art. 1º: o civilmente identificado não será submetido à identificação
criminal, salvo nos casos previstos em lei. Revogou tacitamente toda as leis anteriores,
inclusive o artigo 109 do ECA.  É a que vigora atualmente.
e) Lei n. 12.654/12: acrescentou alguns artigos na lei 12.037/09. Tratou sobre a
identificação genética.

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7.2. Documentos que atestam a identificação civil


Conforme o artigo 1º da lei 12.037, conclui-se que no caso de o indivíduo não se
identificar civilmente com a apresentação de um dos documentos listados na lei, será possível
a identificação criminal, quando se envolver com alguma prática delituosa.

Quais são os documentos? carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira


profissional, passaporte, carteira de identificação funcional, ou outro documento público que
permita a identificação do indiciado, como CNH ou outro documento que permita a
identificação civil da pessoa, devendo contemplar foto.

7.3. Hipóteses autorizadoras da identificação criminal (art. 3º, lei 12.037)


a) Documento apresentar rasuras ou tiver indícios de falsificação;
b) O documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado,
como os documentos sem fotografia, como a certidão de nascimento.
c) O indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes
entre si;
d) A identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho de
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação. Aqui
poderá incluir a coleta de material biológico para obtenção do perfil genético, que será
confrontado com material genético encontrados no local do crime, no corpo da vítima
para fins de autoria do delito.
e) Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações.

24 f) O estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do


documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

Assim, presentes essas hipóteses, pode-se proceder à identificação criminal,


independentemente do crime. A lei anterior previa os crimes em que poderia ser feito
identificação. Nessa nova lei basta a presença dessas hipóteses. Ademais, presente essas
hipóteses e recusando-se o investigado a colaborar, é perfeitamente possível a sua condução
coercitiva, sem prejuízo de eventual responsabilidade criminal. Aqui não há que se falar em
inconstitucionalidade e direito ao silêncio, pois a própria CF excetua o direito de não
identificação.

7.4. Identificação do perfil genético (Lei 12.654/12)


Com o advento da referida lei, passou-se a permitir a possibilidade de coleta de
material genético para obtenção de perfil genético como forma de identificação criminal.

Esses dados:

a) Deverão ser gerenciados por unidade oficial de perícia criminal;


b) Não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto
determinação genética de gênero, consoante normas constitucionais e
internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos.
c) Os dados terão caráter sigiloso, respondendo civil e penalmente aquele que
permitir ou promover sua utilização para os fins diversos da lei ou da decisão
judicial.

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d) As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser


consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado.

Muitos irão negar-se a tal identificação, alegando o nemo tenetur se detegere (não
autoincriminação). Entretanto, se requerido pela própria defesa, não há que se falar em
violação aos preceitos constitucionais. O cerne da questão reside na hipótese em que o
acusado se negar a fornecer material biológico para obtenção de seu perfil genético. Isto
porque fornecer material genético consiste em um facere e, conforme dito, ninguém é
obrigado a fazer algo para se autoincriminar. Logo, a regra é que o réu não é obrigado a
fornecer material genético.

TODAVIIIIIIAAA, se estivermos diante de amostras de sangue, urina, cabelo, ou de


outros tecidos orgânicos descartados voluntariamente ou involuntariamente pelo investigado
na ceda do crime ou em outros locais, não há qualquer óbice para sua coleta. Isso foi
recentemente afirmado pelo STJ. Segundo o Ministro Relator: não há que falar em violação à
intimidade, já que o indivíduo, no momento em que dispensou o copo e a colher, deixou de ter
o controle sobre o que outrora lhe pertencia (saliva que estava em seu corpo); não podia mais,
assim, evitar o conhecimento de terceiros. O STF também entende assim.

8. Incomunicabilidade do indiciado preso


CPP Art. 21. A INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO dependerá sempre de despacho nos
autos e somente será permitida quando o INTERESSE DA SOCIEDADE ou a CONVENIÊNCIA

25 DA INVESTIGAÇÃO o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 (TRÊS) DIAS, será decretada
por despacho fundamentado do JUIZ, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão
do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no art. 89, III, do
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 4.215, de 27 de abril de 1963).
(Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966)

Quem pode ordenar: JUIZ. [art. 21, parágrafo único, CPP].


Instrumento: despacho fundamentado.
Quem pode requerer: autoridade policial ou MP.
Prazo máximo de duração da incomunicabilidade: 3 DIAS.
Não extensível ao advogado em relação ao preso.

CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 21 DO CPP


Discussão quanto à recepção ou não do dispositivo pelo texto constitucional de 1.988.
a)NÃO RECEPÇÃO: é a posição do TRF1!

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i)se a incomunicabilidade é vedada até mesmo durante o Estado de Defesa (art. 136, § 3º, IV
da CF. Na vigência do ESTADO DE DEFESA: IV - é vedada a incomunicabilidade do preso) por
maior razão ela não seria tolerada em situações normais;
ii)art. 5º, LXIII da CF (o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado) assegura a assistência
moral de pessoa da família e técnica por advogado.
b)RECEPÇÃO:
i) a CF veda incomunicabilidade somente no caso de Estado de Defesa, em outras para outras
situações não existiria vedação;
ii)a regra do art. 5º, LXIII se teria aplicação específica para as prisões em flagrante.

8.1. Regime Disciplinar Diferenciado e incomunicabilidade:


O regime disciplinar diferenciado é aplicado em sede de execução penal, quando há
prática de fato previsto de crime doloso. Isso constitui falta grave e, quando ocasione
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório ou condenado, sem
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
a) duração máximo de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave da
mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada; b) recolhimento em cela individual; c)
visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; d) o
preso terá direito à saída da cela por duas horas diárias para banho de sol

26 Não é previsto incomunicabilidade no RDD, que há tão somente limites de visitação.


Para aplicação do RDD é necessário processo administrativo disciplinar.

9. Indiciamento
Trata-se da cientificação ao suspeito de que ele passa a ser o principal foco do
inquérito. Deve haver um lastro mínimo de prova vinculando o suspeito à prática delitiva,
indicando-se autoria, materialidade e circunstâncias.

É importante lembrar que não se faz indiciamento em casos de termo circunstanciado


de ocorrência (TCO), vez que é incompatível com a simplicidade do rito para os crimes de
menor potencial ofensivo.

9.1. Momento e efeitos


No auto de prisão em flagrante ou até o relatório final. Uma vez recebida a peça
acusatória, não será mais possível o indiciamento, já que se trata de ato próprio da fase
investigatória. STF recentemente reafirmou isso, alegando que o indiciamento formal após o
recebimento da denúncia é causa de ilegal e desnecessário constrangimento à liberdade de
locomoção, visto que não se justifica mais tal procedimento, próprio da fase inquisitorial.

 Efeitos

a) Extraprocessual: aponta à sociedade o provável sujeito ativo do crime.

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b) Endoprocessual: antecedente lógico para propositura da ação, porém,


dispensável.
9.2. Espécies
O indiciamento pode ser direto, quando o agente está presente, ou indireto, quando o
agente se encontra ausente. Pode ser formal, quando reúne as peças essenciais
(interrogatório, boletim de vida pregressa, auto de qualificação) e material ou propriamente
dito, quando o delegado, fundamentando, aponta a autoria de uma infração a alguém.

9.3. Pressupostos
É indispensável a presença de elementos informativos suficientes acerca da
materialidade e da autoria do delito. Não é um ato discricionário do delegado, pois, uma vez
presentes os elementos informativos, não resta à autoridade senão o indiciamento.

9.4. Desindiciamento
Nada impede que a autoridade promova o desindiaciamento se a pessoa não está
vinculada ao fato, ou seja, se não há elementos informativos quanto ao envolvimento da
pessoa aos fatos.

9.5. Atribuição
A lei e o STF entendem que o indiciamento é ato EXCLUSIVO do titular do inquérito
(delegado). O judiciário, o MP e CPI não podem requisitar o indiciamento, uma vez que é
postura incompatível com o sistema acusatório (ao juiz) e cabe ao delegado fundamentar o
indiciamento através de suas ivnestigações. O indiciamento precisa de procedimento anterior,
27 que é atribuição da autoridade investigativa.

9.6. Sujeito passivo


A regra é que todos podem ser indiciados. Mas há exceções:

a) Menor de idade: deve-se nomear um curador para o menor, para o inimputável e


para o índio não socializado.

Vedação ao indiciamento:

9.6.1. Casos especiais de indiciamento


a) Juiz e Ministério Público - não podem ser objeto de indiciamento as pessoas que possuem
foro por prerrogativa de função, quando houver impedimento legal. Ex.: juiz e MP. Deve a
autoridade judicial remeter imediatamente, sob pena de responsabilidade, os autos ao PGJ
ou ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento para que prossigam na
investigação.
b) Autoridades com prerrogativa no STF: é possível que os parlamentares sejam investigados
pela PF, mas existem regras específicas trazidas pela jurisprudência e doutrina para esses
casos.
a. O indiciamento precisa de autorização do Ministro-Relator do inquérito.

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b. Deve a investigação ser supervisionada pelo Ministro durante toda a


tramitação da investigação, até a denúncia.
c. A investigação feita pela PF não é irregular.
d. A iniciativa da investigação deve ser confiada ao MPF, contando com a
supervisão do ministro-relator do STF.
e. A instauração depende de autorização. PF não pode instaurar o IP de
forma direta.
f. IP instaurado sem essa autorização é nulo.
g. No exercício da competência penal originária do STF a atividade de
supervisão judicial deve ser desempenhada durante a tramitação de toda
a investigação (desde a abertura até a propositura da ação penal).
h. Fundamento: caso contrário estaria ocorrendo o esvaziamento da própria
ideia de prerrogativa.
i. Após a conclusão das investigações o IP é remetido para o STF.
Ademais, importante: a simples menção ao nome de um parlamentar
federal/presidente/foro em depoimentos prestados por investigados, sem maiores
esclarecimentos acerca de seu envolvimento no fato delituoso, não há falar em necessidade
de remessa dos autos ao STF para prosseguimento do inquérito.
Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada.
Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a)
Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art.
28 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).

Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com


foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a
autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta
autoridade.

Chamo atenção para o fato de que não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento.
Este ato é privativo da autoridade policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o
Delegado realize o indiciamento.
STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016
(Info 825).

Servidor público e indiciamento por lavagem de dinheiro (art. 17-D, lei 9613): se
indiciado, há afastamento automático de suas funções, sem prejuízo de sua remuneração e
demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão
fundamentada, o seu retorno.
Atenção: entende-se que deve-se aplicar reserva de jurisdição aqui, devendo o
delegado/MP representar ao juiz o afastamento do cargo.

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PROPOSITURA DA DENÚNCIA PELO MP SEM A CONCLUSÃO DO IP  POSSIBILIDADE.


[Inq 2245 - STF]

10. Conclusão do inquérito policial – Prazos


A matéria está regulamentada no CPP e em leis especiais. No CPP, está no artigo 10.

 Indiciado preso: 10 dias, improrrogável.


o Termo inicial: dia da execução da prisão.
 Indiciado solto: 30 dias, com a possibilidade requerer reabertura do prazo.
A inobservância do prazo tem consequências? Se o investigado tiver solto, o prazo de 30
dias é impróprio, não acarretando quaisquer consequências. Lado outro, se o investigado
estiver preso, eventual atraso de poucos dias não gera qualquer ilegalidade, já que tem
prevalecido a tese de que a contagem do prazo para a conclusão do processo é global, e não
individualizada, cabendo, inclusive, compensação na fase processual.
Jurisprudência: tem se admitido compensação de prazos em caso de excesso de prazo
para conclusão do inquérito de indiciado preso. Assim, de o delegado termina o inquérito em
12 dias e o MP oferta a denúncia em 2 dias, não há excesso de prazo, pois juntos, perfizeram
14 dias. A lei dispõe que é 10 para IP + 5 para denúncia = 15 dias, logo, não há que falar em
excesso de prazo.

29 Todavia, se restar caracterizado um excesso abusivo, não respaldado pelas circunstâncias


do caso concreto, impõe-se relaxamento da prisão, sem prejuízo da continuidade da
persecução penal.

PRAZOS – PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO


RÉU PRESO RÉU SOLTO
JUSTIÇA COMUM 10 dias 30 dias
CPPM 20 dias 40 dias + 20 dias
JUSTIÇA FEDERAL 15 dias +15 30 dias, prorrogáveis sem
limite pelo Juiz
NOVA LEI DE DROGAS 30 dias + 30 dias 90 dias + 90 dias
Lei de economia popular: 10 DIAS SOLTO OU PRESO
Hediondos + prisão temporária 30 dias + 30 dias

ATENÇÃO: no caso de crime hediondo, a prisão temporária passa a ser de 30 dias


prorrogáveis por mais 30 dias. Como a prisão temporária só cabe durante fase de investigação,
isso faz com que o prazo para conclusão do inquérito seja regido pelo prazo da prisão
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 Atualizado em 02/04/2018

temporária. “§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso
de extrema e comprovada necessidade.”

A contagem do prazo do inquérito policial é penal ou processual? É um prazo


processual-material, a depender se está preso ou solto. Material inclui-se o dia do começo
(preso, 10, cpp). Processual, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do final (solto)

10.1. Encerramento do inquérito – Relatório da autoridade policial


Encerra-se com elaboração de relatório minucioso que informa tudo quanto foi
apurado. Não deve a autoridade esboçar juízo de valor, cabendo ao órgão acusador a opinião
delitiva, com ressalva da lei de drogas, que determina que a autoridade deve justificar as
razões que a levaram à classificação do delito. Pode o delegado indicar testemunhas que não
tiverem sido inquiridas e o lugar onde podem ser encontradas.

10.2. Destinatário do inquérito policial – tramitação direta de IP


O dominis litis (titular da lide) é o Ministério Público, sendo ele, portanto, o
destinatário do inquérito policial. O caderno inquisitorial servirá para subsidiar a atuação
persecutória do MP. Apesar de o CPP dizer que o inquérito deverá ser remetido ao juiz,
entende-se que deve haver tramitação direta do inquérito entre a polícia e o MP, sem
necessidade de intermediação do judiciário.

Em âmbito federal, há regulamentação por meio da resolução nº 63/2009 do CJF

30 acerca da tramitação direta do IP entre a polícia e o MP. Assim, os autos só devem ser
distribuídos para: a) comunicação de prisão em flagrante ou outra forma de constrangimento;
b) representação ou requerimento de prisões cautelares; c) requerimento de medidas
constritivas ou de natureza cautelatória; d) oferta de denúncia pelo MPF ou queixa crime; e)
arquivamento deduzido pelo MPF; f) requerimento de extinção da punibilidade do 107, CP.
Ainda, quando for para prorrogação, passa no Judiciário só para registro e remete ao MP.

O STJ entende não ser ilegal portaria editada por Juiz Federal fundada na Resolução nº
63/09 do CJF que determina a tramitação direta entre a polícia e o MPF. Há ADI tramitando no
STF sobre a referida resolução. Ainda, o STF já julgou inconstitucional lei estadual que
determinava tramitação direta do inquérito policial entre o MP e a polícia, por entender
padecer a legislação de vício formal.

10.3. Providências a serem adotadas após a remessa do IP


a) Se for crime de ação penal privada, deve-se aguardar em juízo o prazo para
inciativa do ofendido, ou serão entregues ao requerente, se o pedir. (art. 19)
b) Se for crime de ação pena pública, os autos serão remetidos ao MP.

Com os autos em mãos, o MP tem as seguintes possibilidades:

a) Oferece a denúncia;
b) Solicita arquivamento do IP.

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c) Requisita diligências: art. 16: o MP não poderá requerer a devolução do inquérito à


autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento
da denúncia.
d) Declinação da competência: pode requerer ao juiz que remeta os autos ao juiz
competente quando constatado a incompetência do juízo.
e) Conflito de competência: o MP pode suscitar conflito de competência quando um
juízo já tiver se manifestado sobre sua incompetência e o atual juízo também se
manifestar no mesmo sentido.

10.4. Requerimento de diligências – Volta do IP à autoridade policial


Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à
autoridade policial, SENÃO para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
denúncia.
O MP tem a possibilidade de requerimento da devolução do IP relatado à autoridade
policial para a realização de novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
REGRA: MP não pode requerer a DEVOLUÇÃO do IP relatado.
EXCEÇÃO: somente quando houver DILIGÊNCIAS IMPRESCINDÍVEIS para o
oferecimento da denúncia.

INDICIADO PRESO E A APLICAÇÃO DO ART. 16 DO CPP


31 Prof. Frederico (Marcato) interpreta o art. 16 juntamente com a segunda parte do art.
46 de forma a concluir que a devolução do inquérito não pode ocorrer no caso de réu preso.
A segunda parte do art. 46 trata da reabertura do prazo na devolução quando o réu estiver
solto, nada tratando do réu preso. Se não tem substrato para oferecer denúncia, também não
tem substrato para deixa-lo preso.
No caso de diligência imprescindível, estando o réu preso, o membro do MP deve
requerer a diligência diretamente para a autoridade policial.
CPP Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 (cinco)
dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito
policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver
devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o
órgão do Ministério Público receber novamente os autos.

INDEFERIMENTO JUDICIAL DE DILIGÊNCIA REQUERIDA PELO MP


Como regra não é possível que o magistrado indefira a diligência requerida pelo MP,
exceto no caso de réu preso.
A opinio delicti pertence ao MP. O indeferimento nesse caso é inócuo, o MP poderá
requerer a realização da diligência diretamente à autoridade policial.

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Medidas cabíveis no caso de indeferimento: requisição direta à autoridade policial e


correição parcial.

11. Arquivamento do Inquérito Policial


Como já dito, incumbe exclusivamente ao Ministério Público avaliar se os elementos de
informação de que dispõe são (ou não) suficientes para o oferecimento da denúncia, razão
pela qual nenhum inquérito pode ser arquivado sem o expresso requerimento ministerial.
Logo, só o MP pode requerer ao Poder Judiciário o arquivamento, cabendo a este
determinar o arquivamento. Assim, não se afigura possível a autoridade policial ou ao juiz
arquivar de ofício um inquérito. Somente se arquiva com requerimento do MP e concessão
judicial do pedido.

11.1. Fundamentos do arquivamento


As possibilidades se dão através de analogia em relação às hipóteses de rejeição da
denúncia e de absolvição sumária, previstas nos artigos 395 e 397 do CPP. Isso porque se é
caso de rejeição da denúncia ou se está presente hipótese de absolvição sumária, o Promotor
de Justiça não pode/poderia oferecer denúncia. Vamos sintetizar as hipóteses.
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal

32 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz
deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.
a) Ausência de pressuposto processual ou de condição para o exercício da ação
penal: ex: retratação da representação em ação penal condicionada.
b) Falta de justa causa para o exercício da ação penal: ausência de elementos de
informação quanto à autoria do fato delituoso.
c) Quando o fato não constituir crime: ex: aplicação do princípio da insignificância.
d) Existência manifesta de causa excludente da ilicitude: há necessidade de um
juízo de certeza quanto a sua presença e, na dúvida, deve o MP promover à
denúncia, deixando para que a dúvida seja dirimida em juízo.
e) Causa extintiva da punibilidade;
f) Cumprimento de acordo de não-persecução penal;

11.2. Coisa julgada na decisão de arquivamento


A coisa julgada pode ser formal ou formal e material. Diz-se formal quando a decisão é
imutável no processo em que foi proferida. Diz-se coisa julgada material e formal quando ela
produz efeitos externos ao processo, não podendo haver novamente sua discussão sobre o
assunto. No processo penal brasileiro o motivo do arquivamento do IP condiciona o PODER
DECISÓRIO e a EFICÁCIA DO PROVIMENTO emanado do judiciário.
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A decisão que arquiva o inquérito faz coisa julgada formal ou formal e material?

Faz coisa julgada formal quando: for possível discutir novamente o caso.

a) Ausência de pressupostos processuais ou condições da ação para o exercício da


ação penal: ex: retratação da representação em ação penal condicionada. Se
suprida a ausência da representação, o MP poderá oferecer a denúncia. Portanto,
faz coisa julgada formal.
b) Ausência de justa causa para o exercício da ação penal: quando não há elementos
que comprovem a autoria. Havendo novos elementos, novas provas realmente
capazes de alterar o contexto probatório, pode o inquérito ser reaberto e ser
oferecido a denúncia. Portanto, faz coisa julgada formal. Súmula 524 STF:
arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor
de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas. Fala-se em coisa
julgada rebuc sic stantibus.
a. Julgamento tomado com base na cláusula rebus sic stantibus – se alterar o
quadro probatório a decisão poderá ser alterada. [STF - Inq 2.054;STJ – HC
64.564].
b. Jurisprudência: O arquivamento de inquérito policial por excludente de
ilicitude realizado com base em provas fraudadas (certidão de óbito
falsa) não faz coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info 858).

33 Faz coisa julgada material e formal quando: não for possível discutir novamente o caso.

a) Atipicidade da conduta delituosa: aqui o juiz entra no mérito para dizer se o fato
é ou não típico, motivo pelo qual fará coisa julgada material e formal, impedindo
que o acusado seja denunciado posteriormente.
b) Existência manifesta de causa excludente da ilicitude: aqui também há uma
manifestação sobre o mérito da matéria, pois o juiz deverá analisar se houve a
uma excludente da ilicitude. A doutrina majoritária entende pela coisa julgada
formal e material. O STJ e o STF divergem quanto a esse entendimento. Para o STJ
há coisa julgada material, para o STF há coisa julgada formal, conforme
jurisprudência abaixo:
a. Jurisprudência: O arquivamento de inquérito policial por excludente de
ilicitude realizado com base em provas fraudadas (certidão de óbito falsa)
não faz coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
c) Existência manifesta de casa excludente da culpabilidade: faz coisa julgada formal e
material, já que houve pronunciamento de mérito sobre a conduta do agente.
d) Existência de causa extintiva da punibilidade: não se afigura possível a abertura,
fazendo a decisão coisa julgada material e formal. Exceção: certidão de óbito falsa.
Constatado que a decisão foi proferida com base em uma certidão de óbito falsa, a
decisão não está protegida pela coisa julgada material, sendo perfeitamente possível
abertura do inquérito e oferecimento de denúncia.

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a. Prescrição virtual, em perspectiva, prognostical: Pedido de arquivamento sob


o fundamento de que a prescrição ocorrerá durante o curso do processo. O
STF, STJ (súm. 438) e TRF1 não admitem, sob o fundamento de inexistência de
previsão legal; atentaria contra o princípio de inocência, parte do pressuposto
de que o réu seria condenado. Argumentação que justificaria o arquivamento
pela prescrição virtual: faltaria uma das condições da ação penal, qual seja, o
interesse de agir pela falta de utilidade do processo.

Quadro do Dizer o Direito sobre desarquivamento do IP.

Veja as hipóteses em que é possível o DESARQUIVAMENTO do IP:


É POSSÍVEL
MOTIVO DO ARQUIVAMENTO
DESARQUIVAR?
1) Insuficiência de provas SIM
(Súmula 524-STF)
2) Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação penal,
SIM
senadas, é possível reabrir.
3) Falta de justa causa para a ação penal (não há indícios de autoria ou
SIM
prova da materialidade)

34 4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO


5) Existência manifesta de causa excludente de ilicitude STJ: NÃO (REsp
791471/RJ)
STF: SIM (HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade* NÃO
(Posição da doutrina)
7) Existência manifesta de causa extintiva da punibilidade NÃO
(STJ HC 307.562/RS)
(STF Pet 3943)
Exceção: certidão de
óbito falsa

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11.3. Desarquivamento com base em provas novas e oferecimento da


denúncia
CPP Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Após o arquivamento do inquérito policial a autoridade policial somente poderá


proceder novas pesquisas se tiver notícia de novas provas. Assim, diz-se que a decisão é
tomada com base na cláusula rebuc sic stantibus: mantido os pressupostos que
fundamentaram a decisão, esta deve ser mantida; modificando-se o panorama probatório, é
possível o desarquivamento do inquérito policial.
Percebam algo interessante: para o desarquivamento do inquérito policial basta a
notícia de provas novas. Já para que seja possível o oferecimento da denúncia, é necessário
introduzir nos autos provas novas propriamente ditas.
Assim, o artigo 18 regula o desarquivamento do inquérito policial. Já a Súmula 524 do
STF cria uma condição específica para o desencadeamento da ação penal, qual seja, a
produção de novas provas efetivas.
SÚMULA 524 STF Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Essas provas novas devem ser capazes de produzir alteração no panorama probatório
dentro do qual foi concebido e acolhido o arquivamento do inquérito policial. Elas podem ser
substancialmente novas, quando são inéditas, porque ocultas ou inexistentes; ou
35 formalmente novas, que são conhecidas e até já foram utilizadas, mas que ganham nova
versão, como uma testemunha coagida anteriormente e que resolve falar depois.
O STF traz alguns requisitos para caracterizar a prova autorizadora do
desarquivamento: a) que seja formalmente nova; b) que seja substancialmente nova; c) que
seja apta a produzir alteração no panorama probatório.

11.4. Procedimento de arquivamento


O artigo 28 do CPP regula o arquivamento em sede da Justiça Estadual. Na Justiça
Federal, do Distrito Federal, Eleitoral, Militar e em hipóteses de atribuição originária do PGR, e
de PGJ, há diferentes procedimentos quanto ao arquivamento.

Princípio da devolução: o juiz transfere a apreciação do caso ao chefe do MP, ao qual


cabe a decisão final sobre o oferecimento ou não da denúncia. Trata-se de função anômala do
juiz, que fiscaliza o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.
Natureza jurídica do arquivamento: DECISÃO ADMINISTRATIVA do MP. Existe a
discussão quanto à natureza jurídica da decisão que determina o arquivamento do inquérito
policial. Como regra geral trata-se de uma decisão administrativa decorrente do acolhimento
judicial do pedido do membro do MP. A atuação do judiciário seria anômala, visando preservar
o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.

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11.4.1. Arquivamento na Justiça Estadual – regra geral


O MP solicita o arquivamento ao juiz. Se aceita, os autos são arquivados, se não aceita,
os autos são enviados ao Procurador-Geral de Justiça, que deverá decidir sobre o oferecimento
ou não da denúncia. O PGJ deverá: a)oferecer a denúncia; b)requisitar diligências; c)designar
outro órgão do Ministério Público para oferecer denúncia; d)insistir no pedido de
arquivamento, hipótese em que o juiz estará obrigado a atender, pois o MP é o titular da ação
penal.

O PGJ não pode designar o mesmo promotor que havia requerido o arquivamento, em
virtude da sua independência funcional. O novo promotor é obrigado a apresentar a denúncia,
atuando como longa manus do PGJ, como delegação. É o famoso “promotor 28”.

O MP indicado pelo Procurador-Geral é obrigado a pedir a condenação? Não, haverá


obrigatoriedade, tão somente, para propositura da ação e para seu acompanhamento.
ATENÇÃO: Há que se ressaltar que, se o juiz não concorda com a promoção de
arquivamento sob o argumento feito pelo MP de ausência de lastro probatório, deve aplicar o
artigo 28, não podendo requerer novas diligências à Polícia. Deve remeter os autos ao PGJ.
Cabe correição parcial se o juiz requerer novas diligências à Polícia. É o MP que sabe se as
provas são suficientes ou não, pois ele que é o dominus litis. Estão perguntando isso direto em
provas.

36 11.4.2. Procedimento de arquivamento na Justiça Federal e na Justiça do DF


Os Procuradores da República e os Promotores de Justiça do DF são integrantes do
MPU, cuja lei que regula o arquivamento é a LC 75/93, devendo ser lido em cotejo com o
artigo 28 do CPP.

Nesses casos, discordando o juiz do arquivamento, deverá ele remeter os autos à


Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (CCR) ou MPDFT. Essa Câmara irá decidir, conforme
anteriormente explicado em sede de Justiça Estadual.

11.4.3. Procedimento de arquivamento na Justiça Eleitoral


Sabe-se que a Justiça Eleitoral não dispõe de um corpo próprio de magistrados, razão
pela qual são utilizados os magistrados da Justiça Federal e Estadual. Compete ao MPF atuar
na Justiça Eleitoral, perante os juízes e juntas eleitorais, sendo estas últimas composta pelo
Promotor Eleitoral (da estadual). Aqui também vai pra CCR do MPF caso o membro do MP
requeira o arquivamento e o juiz eleitoral discorde.

11.4.4. Procedimento do arquivamento na Justiça Militar da União


O MP aqui também é membro do MPU, portanto, é a CCR que irá dirimir eventual
controversa entre o juiz-auditor militar e o membro do MP, salvo nos casos de competência
originária do Procurador Geral.

Aqui há uma peculiaridade. Caso o juiz-auditor concorde com o arquivamento, deverá


encaminhar os autos ao Juiz Auditor Corregedor da Justiça Militar da União, a quem compete
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analisar a promoção de arquivamento novamente. Se o Corregedor concordar, os autos serão


arquivados definitivamente, lado outro, caso ele discorde por achar que há indícios de crime e
de autoria, deverá interpor correição parcial ao Superior Tribunal Militar para que decida
sobre o arquivamento ou não do inquérito.

Em síntese: se o juiz concorda com o arquivamento, deve ir para o corregedor para


que este chancele. Se não chancelar e achar que há crime/autoria, recorre ao STM.

11.4.5. Arquivamento de IP na hipótese de atribuição do PGJ ou PGR


Nos casos de atribuição originária do Procurador-Geral de Justiça ou do Procurador-
Geral da República, se o órgão ministerial concluir pelo arquivamento do inquérito originário,
entende-se que essa decisão não precisa ser submetida ao crivo do Poder Judiciário, na
medida em que o tribunal respectivo não teria como se insurgir diante da promoção de
arquivamento, sendo inviável a aplicação do artigo 28 do CPP.

Isso porque compete, nas hipóteses de competência originária dos Tribunais, ao PGJ
ou ao PGR a última palavra sobre a pertinência da ação, já que não haveria uma autoridade
superior no âmbito do Ministério Público que pudesse rever o mérito da posição adotada pelo
Procurador-Geral. São verdadeiras decisões de caráter administrativo.

Nessas hipóteses, o acatamento do arquivamento pelo Poder Judiciário é obrigatório e


sequer há necessidade de submeter tal decisão ao crivo do Tribunal, pois a própria acusação
entende não haver motivos para continuidade da investigação.
37 MAS ATENÇÃO, caros. Toda regra tem sua exceção. Há uma ressalva especial quanto a
essa desnecessidade de submeter o pedido de arquivamento do Procurador-Geral à
apreciação do Supremo Tribunal Federal. O STF entende que nas hipóteses em que a decisão
seja capaz de fazer coisa julgada material, ou seja, nas hipóteses de atipicidade do fato e nos
casos de extinção da punibilidade (prescrição), tem-se considerado indispensável que o
Tribunal examine o pedido de arquivamento do Procurador-Geral do MPU.

Então, esquematizando: INFORMATIVO 439 – STF


No pedido de arquivamento pelo PGR, 3 situações devem ser observadas:
 pedido de arquivamento pela EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE;
 pedido de arquivamento pela ATIPICIDADE DE CONDUTA;
 pedido de arquivamento pela INEXISTÊNCIA DE LASTRO PROBATÓRIO.

Na situação (c) o tribunal fica inviabilizado de analizar o pedido. A opinio delicti pertece ao
PGR, não sendo possivel a aplicação do art. 28 do CPP.
1)ARQUIVAMENTO PELA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
-STF pode analisar o mérito das alegações.
-decisão pelo arquivamento gera coisa julgada material.
2)ARQUIVAMENTO PELA ATIPICIDADE DO FATO
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-STF pode analisar o mérito das alegações.


-decisão pelo arquivamento gera coisa julgada material.
3)ARQUIVAMENTO POR FALTA DE PROVAS
-o convencimento pela reunião de fatos suficientes pertence ao
promotor.
-decisão pelo arquivamento gera coisa julgada formal.

AINDA, prestem atenção aqui sobre o STJ: conforme explicado acima, também não se
aplica o disposto no artigo 28 do CPP no STJ. Isso porque o Subprocurador-Geral da República,
conforme entende a jurisprudência do STJ, atua no STJ sob delegação do Procurador-Geral da
República. Assim, aplica-se o entendimento acima.

Questão importante é saber se outro Procurador-Geral, ao assumir o cargo, pode


desarquivar o inquérito e oferecer a denúncia. O STF entendeu que o arquivamento possui
caráter irrevogável, não sendo passível de reconsideração ou revisão, salvo diante do
surgimento de provas novas.

Agora em âmbito Estadual, na hipótese de arquivamento de investigação por parte do


Procurador-Geral de Justiça, caberá pedido de revisão ao Colégio de Procuradores, mediante
requerimento do interessado (ofendido).
38 11.5. Arquivamento implícito
É fenômeno decorrente de situação na qual o PROMOTOR DEIXA DE INCLUIR NA
DENÚNCIA ALGUM FATO INVESTIGADO ou ALGUM DOS INDICIADOS, sem justificação ou
expressa manifestação deste procedimento. Denuncia um dos coautores, mas se omite quanto
ao outro. O arquivamento implícito pode possuir 2 aspectos:
 a)aspecto OBJETIVO: omissão referente a um fato não considerado.
 b)aspecto SUBJETIVO:omissão referente a um agente não considerado.

A jurisprudência: não admite o ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO, pois a simples omissão


não implica arquivamento, o pedido de arquivamento deve ser fundamentado.
Procedimento a ser adotado pelo juiz no caso de omissão do MP: antes de receber a
DENÚNCIA deve solicitar a manifestação do MP. Persistindo a omissão deverá ser aplicado o
art. 28 CPP.
E se houver omissão do MP e do magistrado? Havendo omissão tanto do magistrado
como do promotor, é possível que, caso percebido, posteriormente seja oferecido denúncia,
pois não existe o arquivamento implícito. É o que o STF entende.

Informativo n. 562 – STF


Inquérito Policial e Arquivamento Implícito

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O sistema processual penal brasileiro não agasalhou a figura do arquivamento


implícito de inquérito policial. Com base nesse entendimento, a Turma desproveu
recurso ordinário em habeas corpus interposto contra acórdão do STJ que denegara
writ lá impetrado ao fundamento de que eventual inobservância do princípio da
indivisibilidade da ação penal não gera nulidade quando se trata de ação penal
pública incondicionada. No caso, o paciente fora preso em flagrante pela prática do
delito de roubo, sendo que — na mesma delegacia em que autuado — já tramitava
um inquérito anterior, referente ao mesmo tipo penal, contra a mesma vítima,
ocorrido dias antes, em idênticas condições, sendo-lhe imputado, também, tal fato.
Ocorre que o parquet — em que pese tenha determinado o apensamento dos dois
inquéritos, por entendê-los conexos — oferecera a denúncia apenas quanto ao delito
em que houvera o flagrante, quedando-se inerte quanto à outra infração penal. O
Tribunal local, todavia, ao desprover recurso de apelação, determinara que, depois
de cumprido o acórdão, fosse aberta vista dos autos ao Ministério Público para
oferecimento de denúncia pelo outro roubo. Destarte, fora oferecida nova exordial
acusatória, sendo o paciente novamente condenado. Sustentava o recorrente, em
síntese, a ilegalidade da segunda condenação, na medida em que teria havido
arquivamento tácito, bem como inexistiria prova nova a autorizar o
desarquivamento do inquérito.
RHC 95141/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.10.2009. (RHC-95141)
11.6. Arquivamento indireto
39 Arquivamento indireto surge quando o membro do MP se vê sem atribuição para
oficiar em um determinado feito e o magistrado, por sua vez, se diz com competência para
apreciar a matéria.
Exemplo: promotor de justiça entende que os fatos ali investigados são de
competência da Justiça Federal e requer a remessa dos autos, mas o juiz estadual entende ser
matéria de sua competência. Solução cabível: aplicação analógica do o art. 28 do CPP. A
manifestação do promotor deve ser entendia como pedido de arquivamento indireto.
Arquivamento indireto é diferente de conflito de atribuições.

11.7. Deferimendo de arquivamento e recorribilidade


REGRA: da decisão que defere o arquivamento não cabe recurso.
EXCEÇÃO: caberá REMESSA OBRIGATÓRIA no caso de CRIME CONTRA A ECONOMIA
POPULAR [art. 7º da Lei 1.521/51] e CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA.
Havendo provimento do recurso de ofício, deverá ser aplicado o art. 28 do CPP por
analogia.
Lei 1.521/51 Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados
em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando
determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.

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11.8. Arquivamento em crimes de ação penal de iniciativa privada


O arquivamento na ação penal privada ocorrerá em duas hipóteses:
a)transcurso do prazo decadencial previsto no art. 38 do CPP. [6 MESES]
b)pedido expresso do querelante: o pedido será considerado como renúncia e
acarretará na extinção da punibilidade.

11.9. Conflito de atribuições entre membros do MPF e do MPE


Compete ao Procurador-Geral da República (e não ao STF)
decidir conflito negativo de atribuições entre o Ministério Público Estadual e Ministério Público
Federal.

O PGR decide conflitos de atribuições entre MPE e MPF, seja este conflito positivo ou
negativo, tanto em matéria cível como criminal. O conflito negativo ocorre quando ambos os
órgãos (MPE e MPF) entendem que não possuem atribuição para atuar no caso;
o conflito positivo é o contrário, ou seja, tanto um como o outro defendem que
têm atribuição para a causa.

No caso concreto, o MPE e o MPF divergiram sobre quem teria atribuição para apurar,
em inquérito civil, irregularidades em projeto de intervenção urbana que estaria causando
risco de danos ao meio ambiente e à segurança da população local.

40 STF. Plenário. Pet 5586 AgR/RS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki,
julgado em 15/12/2016 (Info 851).

Resumindo:

QUEM DECIDE O CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO?

MPE do Estado 1 x MPE do Estado 1 Procurador-Geral de Justiça do Estado 1

MPF x MPF CCR, com recurso ao PGR

MPU (ramo 1) x MPU (ramo 2) Procurador-Geral da República

MPE x MPF Procurador-Geral da República

MPE do Estado 1 x MPE do Estado 2 Procurador-Geral da República

Fonte: Dizer o Direito

11.10. Suspensão condicional do processo e aplicação analógica do artigo 28


do Código de Processo Penal
SÚMULA 696 STF - Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao procurador-geral, aplicando-se por analogia o art.
28 do código de processo penal.

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O juiz não pode conceder a suspensão condicional do processo de ofício. A


SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO tem estreita ligação com titularidade da ação penal
pelo MP, implicará o afastamento da ação penal.
É errado o argumento de que a suspensão condicional do processo é direito subjetivo
do réu.
Suspensão condicional do processo aplica-se : pena mínima < 1 ano.
Jurisprudência recente do STF: ainda que a pena mínima cominada for superior a um
ano, se a pena de multa estiver cominada de maneira alternativa, admite-se a suspensão
condicional do processo.

11.11. Possibilidade de ação penal subsidiária da pública quando requerido o


arquivamento pelo MP
A AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA só tem cabimento no caso de
inércia do membro do MP. No pedido de arquivamento não existe inércia do promotor,
portanto, incabível propor ação subsidiária da pública quando o promotor pede o
arquivamento.

12. Trancamento (ou encerramento anômalo) do inquérito


policial
Verificando-se que a instauração do inquérito policial é manifestamente abusiva, o
41 constrangimento causado pelas investigações deve ser tido como ilegal, afigurando-se possível
o trancamento do inquérito policial.

Não se pode confundir arquivamento com trancamento. O arquivamento é consenso


entre o MP e o Judiciário. Já o trancamento, é medida de força que acarreta a extinção do
procedimento investigatório, a qual é determinada, em regra, no julgamento de habeas
corpus.

Sendo medida excepcional, o trancamento é utilizado nas seguintes hipóteses:

a) Manifesta atipicidade formal ou material da conduta delituosa.


b) Presença de causa extintiva da punibilidade.
c) Instauração de inquérito policial em crime de ação penal de iniciativa privada ou de
ação penal pública condicionada à representação sem prévio requerimento do
ofendido ou de seu representante legal.

Em regra, utiliza-se o habeas corpus para trancar o inquérito policial. É necessário que
haja uma ameaça de locomoção para utilizar-se desse writ. Se a pena cominada à infração
cominada não for privativa da liberdade, não há que falar em cabimento de habeas corpus.
Súmula 693 STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa,
ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada.
Nos casos de não cabimento de HC, entende-se possível o uso de mandado de segurança.
Se instaurado por delegado, a autoridade coatora será este, e o HC será julgado em 1ª
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instância. Se instaurado por requisição de MP ou autoridade judiciária, o órgão competente


será o Tribunal.
Outra situação de difícil ocorrência, mas que às vezes acontece: o inquérito é
instaurado por requisição do Juiz do Juizado Especial Criminal Federal. Quem julga o
HC? A jurisprudência, hoje, se pacificou no sentido de que a competência é da Turma
Recursal. Para muitos, a competência teria que ser do TRF, já que o HC é ação
constitucional e a Lei nº 9.099/95 não dá à Turma Recursal a competência para julgar
HC, mas está pacificado que a competência é da Turma Recursal, salvo se não houver.
E se o ato coator advier da própria Turma Recursal Federal? A competência será
dos TRFs. Antigamente o STF reconhecia sua competência para julgar. Porém, como
isso inviabilizou o trâmite processual do tribunal, ele passou a determinar que fossem
competentes os TRFs.

13. Investigações diversas


O artigo 4º, parágrafo único, do CPP, acentua que a atribuição para a apuração das
infrações penais e de sua autoria não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei
seja cometida a mesma função. Assim, temos:

a) Inquéritos Parlamentares: patrocinados pelas CPIs, que remeterão ao MP,


autoridades administrativas ou judiciais, conforme o caso, para decisão. Após
determinada instauração por 1/3 dos parlamentares da respectiva casa, ele é realizado
por prazo determinado, nos termos da portaria de instauração. Súmula 397 STF: O
42 Poder de Polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime
cometido nas suas dependências, compreende, consoante regimento, a prisão em
flagrante do acusado e a realização do inquérito. Não possuem poder de condução
coercitiva, devendo requerer ao Juiz, nos termos dos artigos 218 e 219 do CPP;
medidas cautelares só pedindo ao juiz;
b) Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF: no âmbito do Ministério da
Fazenda, possui a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber,
examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas relacionadas à
lavagem de capitais, sem prejuízo da atribuição de outros órgãos e entidades. Em
relação às instituições financeiras, existindo incompatibilidade de movimentação,
deverá noticiar essa operação à autoridade administrativa, e o COAF comunicará às
autoridades competentes quando concluir pela existência de lavagem de capitais ou
qualquer outro ilícito.
c) Inquéritos Policiais Militares: a cargo da polícia judiciária militar. Mesmo nos crimes
dolosos contra a vida praticados por militar contra civil, que é de competência do
Tribunal de Júri, são passíveis de inquérito militar. Nada impede que seja instaurado
no âmbito da polícia civil, coexistindo procedimentos.
d) Inquérito Civil: presidido pelo MP e visa reunir elementos de prova para propositura
de ACP, podendo perfeitamente embasar ação criminal. Aqui o arquivamento deve ser
revisto pelo Conselho Superior do Ministério Público, como uma espécie de remessa
necessária.

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e) Inquérito Judicial: era tratado na lei de falências, onde o juiz presidia o inquérito,
porém, foi revogado. Em relação aos atos de ofício do juiz em organização criminosa,
também houve sua revogação. Assim, não há que se falar em juiz inquisidor, ainda que
se trate de delito que envolva organização criminosa.
f) Inquéritos por crimes praticados por Magistrados ou Promotores: são presididos pelo
órgão de cúpula de cada carreira.
g) Investigações de autoridade com foro por prerrogativa de função: o delegado não
pode instaurar, pois as investigações são presididas por um Ministro do STF. A
autoridade policial pede autorização ao STF, de modo que o Ministro supervisiona a
investigação.
h) Investigações Particulares: não há óbice, desde que não ofenda direitos individuais,
como intimidade, a honra e a vida privada. – Investigação criminal defensiva.
i) Investigações a cargo do MP: é possível. Eles não irão presidir o inquérito, que é de
competência exclusiva da autoridade policial. Trata-se tão somente de a possibilidade
do órgão ministerial promover a colheita de material probatório para viabilizar o
processo futuro, respeitado a reserva de jurisdição e os direitos fundamentais. Isto
decorre da teoria dos poderes implícitos. Súmula 234 STJ: a participação do MP na
fase investigatória não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento
da denúncia. Lembrar que o MP pode requisitar informações bancárias de entes
públicos, vez que não é acobertado pelo manto do sigilo bancário, em prol do
interesse público e da indisponibilidade do patrimônio público.

43 j) Investigações pelos demais órgãos públicos: possível oferecer ação penal com base
em processos administrativos. Aqui, há contraditório e defesa, mitigando-se pela
súmula vinculante 5, que dispõe que a falta defesa técnica em processo administrativo
não ofende a Constituição.
k) Investigações conjuntas: é possível haver a reunião, formal (através de convênio) ou
informal (ocasional) de esforços de órgãos para determinados delitos.
l) Inquérito de expulsão de estrangeiro: nestes inquéritos a defesa é de rigor.

14. Investigação por detetive particular (Lei n. 13.432/17)


A novel lei regula a profissão de detetive particular, assim considerado “o profissional que,
habitualmente, por conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial, planeje e
execute coleta de dados e informações de natureza não criminal, com conhecimento técnico e
utilizando recursos e meios tecnológicos permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de
interesse privado do contratante. ”

Logo, a investigação não pode ter natureza criminal, de modo que só pode para questões
como familiares, conjugais, identificação de filiação, desaparecimento e localização de pessoas
ou animais, idoneidade de propostos e empregados para fins de possível contratação, etc. Ou
seja, sem relevância penal.

Sua atuação não se confunde com a Polícia Judiciária, vez que atua sem
discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade, inexistindo supremacia do seu agir

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em relação ao particular, ao contrário da atuação do membro da polícia judiciária. Ainda, é


vedado ao detetive particular participar diretamente das diligências policiais.

Apesar de tal vedação, ele pode colaborar com a investigação policial em curso, desde
que expressamente autorizado pelo contratante (vítima ou suspeito). Essa colaboração fica a
critério do delegado, que pode admitir ou rejeitar.

O detetive somente pode coletar informações em fontes abertas, respeitando os direitos


e garantias individuais, sob pena de responsabilização cível e criminal, bem como, as provas
produzidas em desrespeito aos preceitos legais serão declaradas ilícitas (art. 157 CPP).

15. Investigação pelo Ministério Público


Discussão quanto à possibilidade do membro do MP presidir as investigações criminais.
Temos três teses:
a)MP NÃO PODE INVESTIGAR [teses institucional dos delegados de polícia]
i)interpretação literal do art. 144, § 1º, IV da CF (A POLÍCIA FEDERAL, instituída por lei
como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-
se a: IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União) que determina
a atribuição da polícia federal em exercer, COM EXCLUSIVIDADE, as funções de polícia
judiciária da União.
ii)o constituinte especificou em capítulo próprio o exercício do poder de polícia;
44 iii)a investigação presidida pelo MP comprometeria a estrutura do sistema acusatório.
iv)comprometimento da parcialidade da atuação do MP.
b)MP SÓ PODE INVESTIGAR NAS HIPÓTESES DE PREVISÃO EXPRESSA NA LEI. [tese defendida
pelo Min. Nelson Jobim]
c)MP TEM AMPLO PODER DE INVESTIGAÇÃO.
i)a expressão “(...) com exclusividade (...)”, presente no art. 144, § 1º, IV da CF, é
utilizada para delimitar a competência da Polícia Federal em relação a Polícia Estadual. As
funções de polícia judiciária da União são exercidas com exclusividade pela PF, e não pela
polícia estadual.
ii)o sistema vigente na fase do inquérito policial não é acusatório, mas o INQUISITIVO.
O sistema acusatório só tem início com o processo.
iii)imparcialidade se exige do membro do judiciário e não do membro do MP.
iv)a titularidade da ação penal é do MP e a função do inquérito policial é a reunião de
elementos para a fundamentação da denúncia/queixa, não haveria razão para não se permitir
que o MP presidisse as investigações. TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS – (origem nos EUA)–
se a constituição outorga determinado fim a um órgão, implícita e simultaneamente concede a
ele os meios para se desincumbir de tal mister.
v)a lei orgânica do MP prevê tal possibilidade.

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vi)existem normas que prevêem que outras autoridades que não a policial presida
investigações. É o caso da investigação realizada por ministros do STF e do STJ ou por CPI.
TRFs: POSSIBILIDADE.
STJ: POSSIBILIDADE. [Súmula 234 STJ];

SÚMULA 234 STJ A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória


criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória não acarreta, por si só,
seu impedimento ou sua suspeição para o oferecimento da denúncia.
STF. 1ª Turma. HC 85011, Relator p/ Acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/05/2015.
HC 7.445 – STJ
"HABEAS CORPUS" SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL.
ATOS INVESTIGATÓRIOS REALIZADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. VALIDADE. ORDEM
DENEGADA.
I. São válidos os atos investigatórios realizados pelo Ministério Público, que pode requisitar
informações e documentos para instruir seus procedimentos administrativos, visando ao
oferecimento de denúncia.
II. Ordem que se denega.

45 STF – O Plenário entende pela possibilidade. Fonte Dizer o Direito:


O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por
autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação
deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados:
 1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;
 2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por
membros do MP;
 3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja,
determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos
casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo
bancário etc.);
 4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos
advogados;
 5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito
do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”);
 6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;
 7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle
do PoderJudiciário.
 A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de
competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável,
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investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que


assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de
jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em
nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI,
XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade — sempre presente no Estado
democrático de Direito — do permanente controle jurisdicional dos atos,
necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados
pelos membros dessa Instituição.”
STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em
26/5/2015 (Info 787).
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min.
Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).
A função investigatória do Ministério Público não se converteria em atividade ordinária,
mas excepcional a legitimar a sua atuação em casos de abuso de autoridade, prática de delito
por policiais, crimes contra a Administração Pública, inércia dos organismos policiais ou
procrastinação indevida no desempenho de investigação penal, situações que
exemplificativamente justificariam a intervenção subsidiária do órgão ministerial.
Sabe-se que a titularidade dos inquéritos policiais são das autoridades policiais, de modo
que o MP jamais irá presidir o inquérito policial. Assim, o meio que utilizam para suas
investigações é o Procedimento Investigatório Criminal (PIC).
Procedimento investigatório criminal [PIC] – é instrumento de natureza administrativa e
46 inquisitorial, instaurado e presidido pelo membro do MP, terá como finalidade apurar a
ocorrência de infrações penais de natureza pública, servindo como preparação e
embasamento para o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal. [Resolução n. 13
CNMP – disciplina a instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal].
Natureza jurídica: NATUREZA ADMINISTRATIVA E INQUISITORIAL.
Autoridade responsável: MEMBRO DO MP COM ATRIBUIÇÃO CRIMINAL.
Finalidade: apurar ocorrência de infrações de natureza pública com intuito de realizar a
preparação para o juízo de propositura, ou não, da ação penal.

16. Acordo de não-persecução penal


Regulamentado no artigo 18 da Resolução nº 181 do CNMP, trata-se de negócio jurídico
de natureza extrajudicial, necessariamente homologado pelo juízo competente, celebrado
entre o Ministério Público e o autor do fato delituoso – devidamente assistido por seu
defensor –, que confessa formal e circunstanciadamente a prática do delito, sujeitando-se ao
cumprimento de certas condições não privativas da liberdade, em troca do compromisso do
Parquet de promover o arquivamento do feito, caso a avença seja integralmente cumprida.
Admite-se sua celebração tanto em bojo de inquérito policial (IP), quanto em bojo de
procedimento investigatório criminal (PIC).

O procedimento é tido como exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação penal


pública, de modo que a interpretação pela sua possibilidade é extraída do artigo 28 do Código
de Processo Penal, que não especifica nem dispõe expressamente quais devem ser as razões
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invocadas pelo Ministério Público para fazer a promoção do arquivamento do inquérito


policial. Por essas razões, parece possível incluir o cumprimento do acordo de não-persecução
penal.

Em tese, o acordo pode ser celebrado durante a fase investigatória, tendo como limite
temporal o oferecimento da denúncia. O Ministério Público pode aproveitar que irá fazer a
audiência de custódia para, em ato separado desta audiência, propor e celebrar o acordo. Por
que em ato separado? Porque na audiência de custódia é vedado indagar o preso sobre o
mérito da causa, e o acordo de não-persecução pressupõe a confissão da infração penal.

16.1. Constitucionalidade do art. 18 da Resolução 181 do CNMP


Há argumentos para ambos os lados. Vejamos:

a) Inconstitucionalidade: (i) compete à União legislar sobre Direito Processual, de modo


que a exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação penal está inserta em direito
processual. Assim, deve ser editada lei da União, pois cabe ao Ministério Público
promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei (art. 129, I, CF); (ii)
não há previsão legal ou convencional sobre o tema, de modo que a Resolução
padece de vício de constitucionalidade, não podendo ser admitido a celebração com
base em mera Resolução do CNMP.
b) Constitucionalidade: (i) o CNJ e o CNMP possuem poder regulamentar, de modo que
o STF entende que essas resoluções possuem caráter normativo primário, dotados de
abstração e generalidade, extraindo seus fundamentos diretamente da Constituição
47 Federal. A Resolução 18 do CNMP busca concretizar os princípios constitucionais da
eficiência, proporcionalidade e razoabilidade; (ii) Não há violação à competência
legislativa exclusiva da União, já que o acordo de não-persecução penal não tem
natureza processual, uma vez que trata de avença realizada administrativamente, não
havendo exercício da pretensão punitiva por meio de denúncia, não há propriamente
partes, e nem exercício da função jurisdicional, não se fazendo necessária a
observância do contraditório e ampla defesa. Não há processo penal; (iii) a Resolução
tirou seu fundamento em convenção (Resolução 45/110 – Regras de Tóquio, da ONU);
(iv) o MP tem o dever funcional de realizar uma seleção de casos penais que ostentem
maior relevância dentro da política de persecução penal adotada pelo Parquet. Assim,
o MP deve buscar alternativas céleres para os casos penais de baixa e média
gravidade.

16.2. Requisitos para a celebração do acordo de não-persecução penal


a) Infração penal a qual seja cominada pena mínima inferior a 4 (quatro anos):
considera-se as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
b) Infração penal cometida sem violência ou grave ameaça à pessoa;
c) Não ser o caso de arquivamento do procedimento investigatório: por analogia, trata-
se das hipóteses de rejeição da denúncia e de absolvição sumária.

Não será cabível a proposta nos casos em que:

a) For cabível a transação penal;

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b) Dano causado pelo delito for superior a 20 salários mínimos ou a parâmetro diverso
definido pelo respectivo órgão de revisão, nos termos da regulamentação local;
c) Houve presença de uma das hipóteses listadas no artigo 76, §2º da Lei 9.099/95:
condenação criminal à pena privativa da liberdade por sentença definitiva; se o
agente tiver sido beneficiado nos 5 anos anterior por transação penal; se for
verificado que os antecedentes, conduta social e personalidade do agente, bem como
motivos e circunstâncias revelarem ser insuficientes a adoção da medida.
d) Risco de prescrição da pretensão punitiva estatal em virtude da demora para o
cumprimento do acordo.
e) Delito hediondo ou equiparado;
f) Delito praticado no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher;
g) Quando a celebração do acordo não atender ao que seja necessário e suficiente para
a reprovação e prevenção do crime;
h) Delitos cometidos por militares que afetem a hierarquia e disciplina.

16.3. Condições a serem impostas ao investigado


São as condições não privativas de liberdade, que, se cumpridas, esvaziam o interesse
processual no manejo da ação penal, dando ensejo ao arquivamento do procedimento
investigatório. Devem ser prestações disponíveis.

a) Confessar formal e circunstanciadamente a prática do delito: deve o investigado ser


advertido do direito de não produzir prova contra si mesmo e não ser constrangido a
celebrar o acordo;
48 b) Reparação do dano ou restituição da coisa à vítima;
c) Renúncia voluntária a bens e direitos, indicados pelo Ministério Público, como
instrumentos, produto ou proveito do crime:
d) Prestação de serviços;
e) Pagamento de prestação pecuniária
f) Cumprimento de outras condições estipuladas pelo Ministério Público;
g) Informar a mudança de endereço, telefone e comprovar mensalmente o
cumprimento das condições, independente de notificação ou aviso prévio.

16.4. Controle jurisdicional


Há um controle prévio jurisdicional no sentido de verificar o cabimento da avença e suas
condições. Proposto e aceito o acordo, o juiz verificará a regularidade, legalidade e
voluntariedade, podendo ouvir, sigilosamente, o investigado, na presença de seu defensor.

Se o juiz considerar incabível o acordo, fará remessa dos autos ao Procurador-Geral ou


órgão superior interno para apreciação (CCR), para que seja oferecido a denúncia; consignado
outro procurador; complementar as investigações; reformular a proposta de acordo de não
persecução; manter o acordo de não persecução.

Ainda, caso o MP não queira oferecer o acordo e o investigado tiver interesse, o juiz
poderá aplicar o princípio da devolução do artigo 28 do CPP, como já ocorre com a suspensão
condicional do processo e transação penal (Súmula 696 do STF).

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16.5. Descumprimento injustificado das obrigações assumidas


Havendo descumprimento, o investigado estará sujeito ao oferecimento da denúncia. A
denúncia poderá trazer como suporte probatório a confissão formal e circunstanciada feita por
ocasião da celebração do acordo. Ademais, enseja a impossibilidade de suspensão condicional
do processo, caso cabível.

Cumprido o acordo integralmente, o Ministério Público promoverá o arquivamento da


investigação, apresentada ao juízo competente.

17. Controle externo da atividade policial


Conforme o artigo 129, VII, da CF, caberá ao Ministério Público exercer o controle externo
da atividade policial, na forma da Lei Complementar, de iniciativa dos Procuradores-gerais da
União e dos Estados.

Trata-se do sistema de freios e contrapesos previsto no regime democrático. A expressão


controle externo da atividade policial pelo MP não significa ingerência que determine a
subordinação da polícia judiciária ao Ministério Público, mas sim a prática de determinados
atos administrativos pelo Ministério Público, de forma a possibilitar a efetividade dos direitos
assegurados na lei fundamental.

A finalidade de tal fiscalização é um comprometimento com a investigação criminal e


49 amplo domínio e lisura na produção da prova, bem como a manutenção da regularidade e
adequação dos procedimentos empregados na execução da atividade policial, bem como a
integração das funções do MP e das Polícias voltadas para a persecução penal e o interesse
público.

O MP pode reprimir eventuais abusos, mediante instrumentos de responsabilização


pessoal (cível, penal, e administrativa) e também zelar para que as instituições policiais
disponham dos meios materiais para o bom desempenho de suas atividades.

Espécies de controle externo exercido pelo MP sobre a atividade policial (Dizer o


Direito):

Controle difuso Controle concentrado

Exercido por todos os membros Exercido por alguns membros do MP que tenham
do Ministério Público com atribuição a atribuição específica de realizar
criminal, quando do exame dos o controle externo da atividade policial, conforme
procedimentos que lhes forem disciplinado no âmbito de cada Ministério Público.
atribuídos.

Ex: o membro do MP que atua Ex: no MPE, existem promotorias especializadas


na vara criminal, ao receber o no controle externo da atividade policial (normalmente
inquérito policial, deverá verificar se chamadas de PROCEAP). No âmbito do MPF, existe, em
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a autoridade policial cumpriu todas cada Estado, um grupo de Procuradores da República


as exigências legais, se os prazos designados pelo PGR para exercer esta função (é o
foram cumpridos, se as diligências GCEAP).
necessárias foram realizadas etc.
Os membros designados para essa função
Essa atividade consiste em uma
dedicam-se ao controle concentrado
forma de controle externo difuso
da atividade policial e poderão tomar diversas
da atividade policial.
iniciativas, como: a) realizar visitas nas repartições
policiais; b) fiscalizar a destinação de armas, drogas e
objetos apreendidos; c) fiscalizar os mandados de
prisão; d) expedir recomendações; e) instaurar
inquéritos civis ou procedimentos de investigação
criminal para apurar condutas policiais.

Obs: os controles difuso e concentrado não se excluem e são exercidos


concomitantemente.

Jurisprudências sobre controle externo da atividade policial

 MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos


pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal

O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe
garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de
50 Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-
penal.

O controle externo da atividade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-se à


atividade de polícia judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por
essa razão, o acesso aos relatórios de inteligência policial de natureza persecutório-penal, ou
seja, relacionados com a atividade de investigação criminal.

O poder fiscalizador atribuído ao Ministério Público não lhe confere o acesso irrestrito a
"todos os relatórios de inteligência" produzidos pelo Departamento de Polícia Federal,
incluindo aqueles não destinados a aparelhar procedimentos investigatórios criminais
formalizados.

STJ. 1ª Turma. REsp 1439193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info
587).

 O MP, no exercício do controle externo da atividadepolicial, pode ter acesso às


OMPs

O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter


acesso a ordens de missão policial (OMP).
Ressalva: no que se refere às OMPs lançadas em face de atuação como polícia investigativa,
decorrente de cooperação internacional exclusiva da Polícia Federal, e sobre a qual haja

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acordo de sigilo, o acesso do Ministério Público não será vedado, mas realizado a posteriori.
STJ. 1ª Turma. REsp 1439193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 587).

18. Jurisprudência do Buscador Dizer o Direito

Denúncia anônima

As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação
penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de
investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem
constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas elos
órgãos do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de
“denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da
“denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de
procedência, instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial
deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima
ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar
imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao
magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info
819).

Não é possível decretar busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima
51 A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para
ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).

Não é possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em “denúncia


anônima”

A Lei nº 9.296/96 exige, para que seja proferida decisão judicial autorizando interceptação
telefônica, que haja indícios razoáveis de autoria criminosa. Singela delação não pode gerar, só
por si, a quebra do sigilo das comunicações. STJ. 6ª Turma. HC 204.778/SP, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 04/10/2012.

É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em


inquérito policial

A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é


mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Assim,
é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo
jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos
de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal
condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016
(Info 824).

Tramitação direta do IP entre polícia e MP


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É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a
polícia e o Ministério Público. É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o
MP requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-
se de indiciado solto. STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, j.
em 3/4/2014 (Info 741).

Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece
a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
STJ. 5ª Turma. RMS 46.165-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015 (Info 574).
Por meio da Resolução nº 063/2009, o Conselho da Justiça Federal determinou a tramitação
direta do IP entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Por força da Resolução,
atualmente, no âmbito da Justiça Federal, se o DPF pede a dilação do prazo para as
investigações ou apresenta o relatório final, o IP não precisa ir para o Juiz Federal e depois ser
remetido ao MPF. O caminho é direto entre a PF e o MPF, sendo o próprio membro do Parquet
quem autoriza a dilação do prazo. Para o STJ, enquanto não for declarada inconstitucional pelo
STF, a Resolução nº 063/2009-CJF é válida.

Indiciamento é atribuição exclusiva da autoridade policial

O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o


indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. É por meio do indiciamento
que a autoridade policial aponta determinada pessoa como a autora do ilícito em apuração.
Por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por meio da qual o delegado de polícia
52 externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, não se admite que seja
requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento obrigaria o presidente do
inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o responsável pela prática
criminosa, em nítida violação ao sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio.
Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o
indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. STJ. 5ª Turma. RHC
47.984-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/11/2014 (Info 552). STF. 2ª Turma. HC
115015/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013 (Info 717).

Investigação criminal envolvendo autoridades com foro privativo no STF

As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem ser
iniciadas após autorização formal do STF. De igual modo, as diligências investigatórias
envolvendo autoridades com foro privativo no STF precisam ser previamente requeridas e
autorizadas pelo STF. Diante disso, indaga-se: depois de o PGR requerer alguma diligência
investigatória, antes de o ministro-relator decidir, é necessário que a defesa do investigado seja
ouvida e se manifeste sobre o pedido? NÃO. As diligências requeridas pelo Ministério Público
Federal e deferidas pelo Ministro-Relator são meramente informativas, não suscetíveis ao
princípio do contraditório. Desse modo, não cabe à defesa controlar, “ex ante”, a investigação,
o que acabaria por restringir os poderes instrutórios do Relator. Assim, o Ministro poderá
deferir, mesmo sem ouvir a defesa, as diligências requeridas pelo MP que entender
pertinentes e relevantes para o esclarecimento dos fatos. STF. 2ª Turma. Inq 3387 AgR/CE, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015 (Info 812).

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IMPORTANTE. Não é necessário que o Ministério Público requeira ao TJ autorização para


investigar a autoridade com foro privativo naquele Tribunal

Não há necessidade de prévia autorização do Judiciário para a instauração de inquérito ou


procedimento investigatório criminal contra investigado com foro por prerrogativa de função.
Isso porque não existe norma exigindo essa autorização, seja na Constituição Federal, seja na
legislação infraconstitucional. Logo, não há razão jurídica para condicionar a investigação de
autoridade com foro por prerrogativa de função a prévia autorização judicial. STJ. 5ª Turma.
REsp 1563962/RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/11/2016.

• Investigação envolvendo autoridades com foro privativo no STF: é necessária prévia


autorização judicial (STF Inq 2411 QO).

• Investigação envolvendo autoridades com foro privativo em outros tribunais: não é


necessária prévia autorização judicial (REsp 1563962/RN).

Indiciamento envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função

Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem duas
exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a) Magistrados (art.
33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único,
da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é
plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função. No
entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do
53 Tribunal competente para julgar esta autoridade. Ex: em um inquérito criminal que tramita no
STJ para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Delegado de Polícia constata que
já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante disso, a
autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ autorização para
realizar o indiciamento do referido Governador. Chamo atenção para o fato de que não é o
Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é privativo da autoridade policial. O
Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento. STF. Decisão
monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, j. em 18/04/2016 (Info 825).

Juiz deve remeter cópia dos autos ao MP quando verificar indícios de crime

A abertura de vista ao Ministério Público para eventual instauração de procedimento criminal,


após a verificação nos autos, pelo magistrado, da existência de indícios de crime de ação penal
pública, não é suficiente ao cumprimento do disposto no art. 40 do CPP. Isso porque o referido
artigo impõe ao magistrado, nessa hipótese, o dever de remeter ao Ministério Público as
cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia, não podendo o Estado-juiz
se eximir da obrigação por se tratar de ato de ofício a ele imposto pela lei. STJ. 2ª Turma. REsp
1.360.534-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/3/2013 (Info 519).

(Im)possibilidade de reabertura de inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude

É possível a reabertura da investigação e o oferecimento de denúncia se o inquérito policial


havia sido arquivado com base em excludente de ilicitude? STJ: NÃO. Para o STJ, o
arquivamento do inquérito policial com base na existência de causa excludente da ilicitude faz

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coisa julgada material e impede a rediscussão do caso penal. O mencionado art. 18 do CPP e a
Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso surjam provas
novas. No entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em que o arquivamento ocorreu
por falta de provas, ou seja, por falta de suporte probatório mínimo (inexistência de indícios de
autoria e certeza de materialidade). STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 25/11/2014 (Info 554). STF: SIM. Para o STF, o arquivamento de inquérito policial
em razão do reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada material. Logo,
surgindo novas provas seria possível reabrir o inquérito policial, com base no art. 18 do CPP e
na Súmula 524 do STF. STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
10/03/2009. STF. 2ª Turma. HC 125101/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão
Min. Dias Toffoli, julgado em 25/8/2015 (Info 796).

Inaplicabilidade do art. 28 do CPP nos procedimentos que tramitem no STJ

Imagine que um Subprocurador-Geral da República instaurou procedimento de investigação


contra um Governador do Estado (art. 105, I, “a”, da CF/88). Ao final das diligências, o membro
do MPF concluiu que não havia elementos para oferecer a denúncia e requereu ao STJ o
arquivamento do procedimento. O STJ poderá discordar do pedido? NÃO. Se o membro do MPF
que atua no STJ requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação que tramitem originariamente perante o STJ, este, mesmo que não concorde com
as razões invocadas pelo MP, deverá determinar o arquivamento solicitado. Como o pedido foi
54 feito por um Subprocurador-Geral da República, se o STJ discordar, ele não poderá remeter os
autos para análise do Procurador-Geral da República, aplicando, por analogia, o art. 28 do
CPP? NÃO. Não existe esta possibilidade de remessa para o PGR. Não se aplica o art. 28 do CPP
neste caso. Isso porque os membros do MPF que funcionam no STJ atuam por delegação do
Procurador-Geral da República. Assim, em decorrência do sistema acusatório, nos casos em
que o titular da ação penal se manifesta pelo arquivamento de inquérito policial ou de peças
de informação, não há alternativa, senão acolher o pedido e determinar o arquivamento. Em
suma, não há que se falar em aplicação do art. 28 do CPP nos procedimentos de competência
originária do STJ. O MPF pediu o arquivamento, este terá que ser homologado pela Corte. STJ.
Corte Especial. Inq 967-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/3/2015 (Info 558).

Inviabilidade de MS impetrado pela vítima para evitar o arquivamento de IP

Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar o arquivamento do
IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de segurança com o objetivo de impedir que
isso ocorra? NÃO. A vítima de crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo de
impedir o arquivamento do inquérito ou das peças de informação. Considerando que o
processo penal rege-se pelo princípio da obrigatoriedade, a propositura da ação penal pública
constitui um dever, e não uma faculdade, não sendo reservado ao Parquet um juízo
discricionário sobre a conveniência e oportunidade de seu ajuizamento. Por outro lado, não
verificando o Ministério Público que haja justa causa para a propositura da ação penal, ele
deverá requerer o arquivamento do IP. Esse pedido de arquivamento passará pelo controle do
Poder Judiciário, que poderá discordar, remetendo o caso para o PGJ (no caso do MPE) ou para

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a CCR (se for MPF). Existe, desse modo, um sistema de controle de legalidade muito técnico e
rigoroso em relação ao arquivamento de inquérito policial, inerente ao próprio sistema
acusatório. Nesse sistema, contudo, a vítima não tem o poder de, por si só, impedir o
arquivamento. Cumpre salientar, por oportuno, que, se a vítima ou qualquer outra pessoa
trouxer novas informações que justifiquem a reabertura do inquérito, pode a autoridade
policial proceder a novas investigações, nos termos do citado art. 18 do CPP. STJ. Corte
Especial. MS 21.081-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565).

IMPORTANTE. Conflito de atribuições envolvendo MPE e MPF deve ser dirimido pelo PGR

Compete ao PGR, na condição de órgão nacional do Ministério Público, dirimir conflitos de


atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO
924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/5/2016 (Info 826).

Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum.
Em outras palavras, não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o Governador
do Estado seja processado por crime comum.
Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado
criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional.
Assim, é vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem a instauração de
ação penal contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa Legislativa.
55 Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará automaticamente
suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual?
NÃO. O afastamento do cargo não se dá de forma automática.
O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma fundamentada, se
há necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo.
Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma das
medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da comarca,
fiança, monitoração eletrônica etc.).
STF. Plenário. ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863).
STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863).

i) o ato do Delegado de Polícia Federal que indiciou o Senador violou a prerrogativa de foro
de que é titular a referida autoridade, além de incorrer em invasão injustificada da
atribuição que é exclusiva desta Corte de proceder a eventual indiciamento do investigado; e
i) a iniciativa do procedimento investigatório que envolva autoridade detentora de foro por
prerrogativa de função perante o STF deve ser confiada exclusivamente ao Procurador-Geral
da República, contando, sempre que necessário, com a supervisão do Ministro-Relator deste
Tribunal. (STF)
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A apreensão do telefone celular do preso dispensa ordem judicial se ocorrer no contexto de


um flagrante. Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável
ordem judicial para a apreensão de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho
estão protegidas pelo sigilo telefônico. (STJ. 5ª Turma. RHC 67.379-RN, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 20/10/2016 - Info 593)

Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração
de dados e de conversas registradas no WhatsApp presentes no celular do suposto autor de
fato delituoso. Porém, a proteção não abrange os dados contidos na memória dos aparelhos
celulares tais como as agendas telefônicas, podendo, inclusive, a autoridade policial verificar
o conteúdo destas, sem que isso importe em prova ilícita. (STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 - Info 583) Em resumo, o delegado, ao apreender o
telefone celular do preso em flagrante pode acessar as suas últimas chamadas, mas não
pode ter acesso ao conteúdo das conversas (conversas por WhatsApp, inclusive) sem decisão
judicial.

Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando houver
corréus sem prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF apenas a apuração do
investigado com foropor prerrogativa de função e os demais são julgados em 1ª instância.
No entanto, no caso envolvendo o Senador Aécio Neves, sua irmã, seu primo e mais um
56 investigado, o STF decidiu que, no atual estágio, não deveria haver o desmembramento e a
apuração dos fatos deveria permanecer no Supremo para todos os envolvidos. Isso porque
entendeu-se que o desmembramento representaria inequívoco prejuízo às investigações.
STF. 1ª Turma.Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

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