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Direito Ambiental
PNMA e SISNAMA
Apostila 03
Dia: 10/05/2018
Atenção: leiam essa aula com o vade mecum do lado, ok? Na lei 6.938/81.
1. Princípios da PNMA
O meio ambiente é um bem comum do povo, bem de interesse público, e não bem
público. Isto posto, deverá seguir a Política Nacional do Meio Ambiente. A lei 6.938/81, que
instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, possui como objetivo geral a preservação, a
melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida (art. 2º), visando assegurar
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana.
O art. 2º da Lei 6.938/81 traz uma série de princípios que, na verdade, caracterizam-se
como programas e metas a serem atingidos visando a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à via. São eles: I - ação governamental na manutenção do
equilíbrio ecológico; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; Ill -
planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas,
com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades
potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias
para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da
qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas
de degradação; X - educação ambiental da comunidade.
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Apostila 03
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2. Objetivos
O art. 4º, por sua vez, elucida de forma mais precisa os objetivos a serem alcançados:
Compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico: trata-se do desenvolvimento
sustentável já previsto desde a Convenção de Estocolmo de 1972
Definição de áreas prioritárias para a ação governamental: de acordo com o Princípio da
Obrigatoriedade da Preservação Ambiental, incumbe ao poder público preservar o meio
ambiente (art. 225, caput, da CF/88), definindo um planejamento sustentável para a nação;
Definição de critérios de qualidade ambiental e de normas atinentes ao uso e manejo
de recursos ambientais: tais padrões visam delimitar o limiar entre impacto ambiental tolerável
e dano ambiental;
Desenvolvimento de pesquisas e tecnologias e a difusão de tecnologia de manejo do
meio ambiente e a divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma
consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico. Neste sentido, foi criado, no âmbito do IBAMA, o CENTRO DE ESTUDOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, através da Portaria 93, de 14 de novembro de 1.995, que
visa a organização de um fórum que permita ao Instituto colocar à disposição dos Órgãos do
Governo e da Sociedade, instrumentos adequados à consecução do desenvolvimento
sustentado efetivo e eficaz. Visa a conscientização pública sobre a necessidade de estruturação
de um Estado Socioambiental de Direito;
2 Preservação e restauração de recursos ambientais, utilização racional: sendo recursos
finitos, a racionalização no emprego de recursos naturais visa atender a disponibilidade
permanente, resguardando os interesses das futuras gerações. Neste ponto, a Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente antecipou o conceito de desenvolvimento sustentável, que veio a
consolidar-se - em 1987 - no Relatório Nosso Futuro Comum – Relatório Brundtland;
Imposição ao poluidor da reponsabilidade de recuperar e/ou indenizar os danos
causados ao meio ambiente e, ao usuário, da contribuição econômica pela utilização de
recursos ambientais: a recomposição integral muitas vezes se mostra inviável. Na medida do
possível, deve-se buscar ao menos a aproximação de uma condição não degradada e, sendo o
dano irrecuperável, fixar-se-á a devida indenização, atendendo-se ao Princípio do Poluidor-
Pagador. Em caso de impossibilidade de restauração ecológica in situ, isto é, de retorno
ao status quo ante das características do local que foi degradado, passar-se-á para a tentativa
de recuperação da área. Nas hipóteses em que a reparação in natura e in situ (restauração e
recuperação) for impossível, caberá a compensação. Uma vez ultrapassados todas as
possibilidades de recuperação in situ ou compensação, haverá, finalmente, a possibilidade de
indenização, como meio indireto de reparação do dano ao meio ambiente. É na PNMA que
reside o corolário da responsabilidade objetiva pela reparação cível dos danos ambientais.
Quanto ao usuário, necessário fixar-se um valor econômico pelo uso de recursos naturais
finitos, como forma de racionalizar seu uso e evitar o desperdício, corolário do Princípio do
Usuário-Pagador. Aqui reside a positivação do poluidor-pagador e usuário-pagador.
Ainda, é importante mencionarmos o artigo 5º da PNMA: As diretrizes da PNMA serão
formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a
preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico , observados os
princípios do artigo 2º (acima elencados).
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No mesmo artigo, o parágrafo único traz uma disposição muito importante: As atividades
empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da PNMA.
4. Instrumentos
Os instrumentos da PNMA estão previstos no art. 9º 6.938/81. Dentre eles destacam-se:
a) exercício do poder de polícia (exercido pela atividade de licenciamento e fiscalização
dos órgãos ambientais);
b) estabelecimento de padrões ambientais (o estabelecimento de padrões ambientais é
importante porque nem toda atividade humana é poluidora, ainda que, potencialmente o seja.
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Explico: o esgoto humano, apesar de ser um problema ambiental de relevo no mundo moderno,
só será poluidor se for lançado em volume tal que supere a capacidade do ecossistema receptor
de absorver essa matéria orgânica). Quando superado padrão fixado a partir de análises técnicas
e científicas, ter-se-á configurado um dano nocivo, nos moldes do art. 3ª, II, da Lei.6.938/81.
Exemplo de padrão de qualidade de recursos hídricos: Resolução CONAMA n.º 357/2005 ;
c) publicidade das medidas administrativas em matéria ambiental (onde prevalece o
princípio democrático, por permitir o exercício da participação popular);
d) zoneamento ambiental OU zoneamento ecológico-econômico - ZEE (consiste
basicamente no disciplinamento/planejamento da vocação ambiental de determinada área ou
meio, com a divisão deste em regiões específicas para o desenvolvimento das atividades
humanas, de molde a que seja evitado ao máximo a degradação ambiental). Permite a tomada
de decisões pelos agentes públicos e privados quanto aos planos, programas e ações a serem
desenvolvidos, estabelecendo-se vedações e restrições a certas atividades, propondo
alternativas ou até mesmo a realocação de projetos em setores onde inexistam
incompatibilidades com as diretrizes gerais. A LC 140/2011 delimitou a competência dos entes
federados para elaboração dos respectivos ZEE ( União, âmbito nacional e regional; Estados em
âmbito Estadual e Municípios, mediante Plano Diretor, em âmbito local). De acordo com o
Decreto 6.288/07, a implementação das ZEE buscará a sustentabilidade ecológica, econômica e
social, contando para tanto com ampla participação democrática, sempre valorizando o
conhecimento científico multidisciplinar;
e) licenciamento ambiental: é o consentimento estatal para a utilização de recursos
O critério da dominialidade incidente sobre um recurso natural não tem o condão, per se,
de definir a atribuição para o licenciamento ambiental. Isso porque a CR/88 define a
competência ambiental, tanto material, como legislativa, ratione materiae e não ratione
dominium (arts. 23, III, IV, VI, VII e 24, VI, VII e VIII), valendo-se, ainda, da predominância do
interesse como critério para essa repartição entre União, Estados e Municípios.
Só há a possibilidade de um único licenciamento para o empreendimento, não podendo
os entes exigir múltiplos licenciamentos. Os demais entes poderão se manifestar no
licenciamento, mas de maneira não vinculante. A LC 140 PREVÊ EXPRESSAMENTE A
POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO DO LICENCIAMENTO, mediante convênio, ao permitir tanto a
delegação das atribuições quanto de ações específicas, desde que o ente destinatário da
delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem
delegadas e de conselho de meio ambiente.
Para o licenciamento federal, há um critério geral, que é o da LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
do empreendimento ou atividade (e não mais do impacto ambiental), e dois critérios
suplementares: o da atividade (militar ou nuclear/radioativa) e o do ente instituidor da unidade
de conservação – instituída pela União, o licenciamento é de competência desse ente (o art. 12
da LC nomeia expressamente esse critério, dizendo não se aplicar às APAs). Destaca-se,
entretanto, que há doutrinador que afirma que o critério da atividade é, na verdade, ditado pela
predominância do interesse (divergência).
Para o licenciamento estadual há dois critérios: o residual, que deve ser orientado pela
regra geral da lei, qual seja, o da localização geográfica do empreendimento ou atividade, e o
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nível estadual. Atualmente, a matéria é regulamentada pelo Decreto No. 4.297/2002. Vou tratar
disso em um tópico específico logo no final deste tópico, ok?;
Avaliação de impactos ambientais: também elevado ao status constitucional, nos
termos do artigo 225, parágrafo 1º, item IV. A Lei 6.938/81, no seu artigo 8º, item I, inclui entre
as competências do CONAMA a de estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e
critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA. Desta forma, o CONAMA através da
Resolução 01/86 (alterada pelas Resoluções 11/86 e 05/87), tornou obrigatória, para diversas
atividades, a elaboração de EIA - que deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de
localização do projeto, confrontando-se, inclusive, com a hipótese de não execução, e do RIMA
- que deverá ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua compreensão, e que será
acessível ao público. Tal Resolução conceitua, no artigo 1º, o que considera impacto ambiental.
Não é demais lembrar que a institucionalização da AIA, no Brasil e em diversos países, guiou-se
pela experiência americana, face a grande efetividade que os Estudos de Impacto Ambiental
demonstraram no sistema legal da “common law” dos Estados Unidos1, além das exigências
internacionais, anteriormente citadas;
Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras: também
previsto no artigo 9º, inciso IV da PNMA e no artigo 10, como já mencionado, e no artigo 17 do
Decreto no. 99.274/90. Alguns exemplos:
A Resolução CONAMA 01/86, dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA;
8 A Resolução CONAMA 06/87, dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras de grande
porte, especialmente aquelas nas quais a União tenha interesse relevante, como a geração
de energia elétrica. Tal Resolução dispõe que a Licença Prévia - LP, deverá ser requerida no
início do estudo de viabilidade da Usina; a Licença de Instalação - LI, deverá ser obtida antes
da realização da licitação para construção do empreendimento e, a Licença de Operação -
LO, antes do fechamento da barragem. Necessária, também, a Declaração de Reserva de
Disponibilidade Hídrica – DRDH;
Resolução CONAMA 05/88 dispõe sobre o Licenciamento de Obras de Saneamento;
Resolução CONAMA 08/88, dispõe sobre o Licenciamento de Atividade Mineral, uso de
mercúrio metálico e do cianeto;
Resolução CONAMA 09/90, dispõe sobre o licenciamento de Atividade Mineral das Classes
I, III e VII;
Resolução CONAMA 10/90, dispõe sobre o licenciamento de Atividade Mineral da Classe II;
Resolução CONAMA 02/96 que dispõe sobre o licenciamento de Obras de Grande Porte,
bem como a implantação ou fortalecimento de Unidade de Conservação já existente, tendo
revogado a Resolução CONAMA 10/87;
Resolução CONAMA 237/97 regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental
estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente;
Resolução CONAMA 279/2001, estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental
simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental;
1
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL - Agentes Sociais, Procedimentos e
Ferramentas. Op. Cit.
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6. Jurisprudências
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de multa administrativa por infração à legislação federal, no caso, a Lei n. 9.873/1999 (com os
acréscimos da Lei n. 11.941/2009), nos autos de execução fiscal ajuizada pelo Ibama para
cobrança de débito inscrito em dívida ativa. Ressaltou o Min. Relator que a questão já foi
debatida no REsp 1.112.577-SP, DJe 8/2/2010, também sob o regime dos recursos repetitivos,
mas somente quando a multa administrativa decorria do poder de polícia ambiental exercido
por entidade estadual, situação em que não seria pertinente a discussão sob as duas leis federais
citadas. Agora, no caso, como a multa foi aplicada pelo Ibama, entidade federal de fiscalização
e controle do meio ambiente, é possível discutir a incidência daquelas leis federais, o que foi
feito nessa hipótese. Diante disso, a Seção entendeu incidente o prazo de cinco anos (art. 1º
da citada lei) para que, no exercício do poder de polícia, a Administração Pública Federal
(direta ou indireta) apure o cometimento da infração à legislação do meio ambiente. Esse
prazo deve ser contado da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que houver cessado a infração. Observou que o art. 1º da Lei n.
9.873/2009 estabeleceu o prazo para a constituição do crédito, não para a cobrança judicial do
crédito inadimplido. Ressaltou, ainda, que, antes da MP n. 1.708/1998, convertida na Lei n.
9.873/1999, não existia prazo decadencial para o exercício do poder de polícia por parte da
Administração Pública Federal, por isso a penalidade aplicada, nesses casos, sujeita-se apenas
ao prazo prescricional de cinco anos segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, em razão
da aplicação analógica do art. 1º do Dec. n. 20.910/1932. Ademais, a jurisprudência também já
assentou que, por se tratar de multa administrativa, não é aplicável a regra geral de prescrição
do CC, seja o de 1916 ou o de 2002.REsp 1.115.078-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em
24/3/2010.
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Precedente citado: REsp 1.049.822-RS, DJe 18/5/2009. REsp 1.060.753-SP, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 1º/12/2009.
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