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 Direito Ambiental
 PNMA e SISNAMA
 Apostila 03
 Dia: 10/05/2018

Fontes: Resumo da Magistratura Federal do TRF1 e Manual de Direito Ambiental do


Frederico Amado de 2017, conjugado com meus conhecimentos, anotações do meu caderno e
atualizações jurisprudenciais do Buscador Dizer o Direito.

A POLÍTICA NACIONAL E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO


AMBIENTE
A POLÍTICA NACIONAL E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ......................................... 1
1. PRINCÍPIOS DA PNMA ....................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 2
3. CONCEITOS IMPORTANTES POSITIVADOS NO ARTIGO 3º ................................................. 3
4. INSTRUMENTOS ................................................................................................................ 3
4.1. DETALHAMENTO DOS INSTRUMENTOS: ........................................................................................ 7
4.1.1. Zoneamento ambiental (Dec. 4297/2002)............................................................... 11
4.1.1.1. Divisão do zoneamento industrial .................................................................................... 12
4.1.1.1.1. Observações importantes......................................................................................... 13
4.1.1.2. Zoneamento costeiro ....................................................................................................... 13
4.1.2. Servidão Ambiental.................................................................................................. 14
5. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA .................................................... 14
5.1. ESTRUTURA DO SISNAMA ..................................................................................................... 15
5.2. SISNAMA E A GESTÃO DO MEIO AMBIENTE ............................................................................... 17
1 5.3.
5.4.
AS TAXAS DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL – TCF ........................................................... 17
ARTIGOS IMPORTANTES SOBRE A ATUAÇÃO DO SISNAMA ............................................................ 17
5.5. IMPORTANTES MATÉRIAS DE COMPETÊNCIA LIGADAS AO SISNAMA – LC 140/11 ............................ 18
6. JURISPRUDÊNCIAS .......................................................................................................... 19
7. ANOTAÇÕES DO MEU CADERNO ..................................................................................... 24

Atenção: leiam essa aula com o vade mecum do lado, ok? Na lei 6.938/81.

1. Princípios da PNMA
O meio ambiente é um bem comum do povo, bem de interesse público, e não bem
público. Isto posto, deverá seguir a Política Nacional do Meio Ambiente. A lei 6.938/81, que
instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, possui como objetivo geral a preservação, a
melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida (art. 2º), visando assegurar
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana.
O art. 2º da Lei 6.938/81 traz uma série de princípios que, na verdade, caracterizam-se
como programas e metas a serem atingidos visando a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à via. São eles: I - ação governamental na manutenção do
equilíbrio ecológico; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; Ill -
planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas,
com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades
potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias
para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da
qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas
de degradação; X - educação ambiental da comunidade.
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2. Objetivos
O art. 4º, por sua vez, elucida de forma mais precisa os objetivos a serem alcançados:
Compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico: trata-se do desenvolvimento
sustentável já previsto desde a Convenção de Estocolmo de 1972
Definição de áreas prioritárias para a ação governamental: de acordo com o Princípio da
Obrigatoriedade da Preservação Ambiental, incumbe ao poder público preservar o meio
ambiente (art. 225, caput, da CF/88), definindo um planejamento sustentável para a nação;
Definição de critérios de qualidade ambiental e de normas atinentes ao uso e manejo
de recursos ambientais: tais padrões visam delimitar o limiar entre impacto ambiental tolerável
e dano ambiental;
Desenvolvimento de pesquisas e tecnologias e a difusão de tecnologia de manejo do
meio ambiente e a divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma
consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico. Neste sentido, foi criado, no âmbito do IBAMA, o CENTRO DE ESTUDOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, através da Portaria 93, de 14 de novembro de 1.995, que
visa a organização de um fórum que permita ao Instituto colocar à disposição dos Órgãos do
Governo e da Sociedade, instrumentos adequados à consecução do desenvolvimento
sustentado efetivo e eficaz. Visa a conscientização pública sobre a necessidade de estruturação
de um Estado Socioambiental de Direito;
2 Preservação e restauração de recursos ambientais, utilização racional: sendo recursos
finitos, a racionalização no emprego de recursos naturais visa atender a disponibilidade
permanente, resguardando os interesses das futuras gerações. Neste ponto, a Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente antecipou o conceito de desenvolvimento sustentável, que veio a
consolidar-se - em 1987 - no Relatório Nosso Futuro Comum – Relatório Brundtland;
Imposição ao poluidor da reponsabilidade de recuperar e/ou indenizar os danos
causados ao meio ambiente e, ao usuário, da contribuição econômica pela utilização de
recursos ambientais: a recomposição integral muitas vezes se mostra inviável. Na medida do
possível, deve-se buscar ao menos a aproximação de uma condição não degradada e, sendo o
dano irrecuperável, fixar-se-á a devida indenização, atendendo-se ao Princípio do Poluidor-
Pagador. Em caso de impossibilidade de restauração ecológica in situ, isto é, de retorno
ao status quo ante das características do local que foi degradado, passar-se-á para a tentativa
de recuperação da área. Nas hipóteses em que a reparação in natura e in situ (restauração e
recuperação) for impossível, caberá a compensação. Uma vez ultrapassados todas as
possibilidades de recuperação in situ ou compensação, haverá, finalmente, a possibilidade de
indenização, como meio indireto de reparação do dano ao meio ambiente. É na PNMA que
reside o corolário da responsabilidade objetiva pela reparação cível dos danos ambientais.
Quanto ao usuário, necessário fixar-se um valor econômico pelo uso de recursos naturais
finitos, como forma de racionalizar seu uso e evitar o desperdício, corolário do Princípio do
Usuário-Pagador. Aqui reside a positivação do poluidor-pagador e usuário-pagador.
Ainda, é importante mencionarmos o artigo 5º da PNMA: As diretrizes da PNMA serão
formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a
preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico , observados os
princípios do artigo 2º (acima elencados).

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No mesmo artigo, o parágrafo único traz uma disposição muito importante: As atividades
empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da PNMA.

3. Conceitos importantes positivados no artigo 3º


Existem vários conceitos na lei de Política Ambiental, que se encontram no art. 3º:
Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Qualquer
manifestação ocorrida nos reinos animal, vegetal e mineral estão incluídos no meio ambiente.
Deve ser interpretado de modo abrangente, abarcando: a) meio ambiente natural ou físico; b)
meio ambiente cultural (arts. 215 e 216, da CF/88), integrado pelo patrimônio artístico,
paisagístico, histórico, turístico, arqueológico; c) meio ambiente artificial (art. 182 e art. 183 da
CF/88), consubstanciado no conjunto de edificações (espaço público) e equipamentos públicos
(ruas, praças, áreas verdes, etc.); d) meio ambiente do trabalho (arts. 7º, XII, e 200, VIII, da
CF/88), protegendo o homem em seu local de trabalho, definindo normas de segurança
laborativa;
Degradação da qualidade ambiental - alteração adversa das características do meio
ambiente; O conceito de meio ambiente é vastíssimo e qualquer modificação não favorável ao
mesmo, passa a ser considerada degradação;
Poluição: trata-se de uma espécie qualificada de degradação. A degradação da qualidade
ambiental, resultante de atividades que direta ou indiretamente:

3 a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
O legislador, foi entrelaçando os temas a partir do principal - meio ambiente - a fim de
que os conceitos, embora autônomos, possam conviver de forma indissociada, para melhor
facilitar sua aplicação, notadamente nos enquadramentos das sanções administrativas e penais,
previstas no próprio diploma legal - artigos 14 e 15.
 Poluidor - A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou
indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental;
 Recursos Ambientais - Atmosfera, as águas interiores, superficiais ou subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

4. Instrumentos
Os instrumentos da PNMA estão previstos no art. 9º 6.938/81. Dentre eles destacam-se:
a) exercício do poder de polícia (exercido pela atividade de licenciamento e fiscalização
dos órgãos ambientais);
b) estabelecimento de padrões ambientais (o estabelecimento de padrões ambientais é
importante porque nem toda atividade humana é poluidora, ainda que, potencialmente o seja.

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Explico: o esgoto humano, apesar de ser um problema ambiental de relevo no mundo moderno,
só será poluidor se for lançado em volume tal que supere a capacidade do ecossistema receptor
de absorver essa matéria orgânica). Quando superado padrão fixado a partir de análises técnicas
e científicas, ter-se-á configurado um dano nocivo, nos moldes do art. 3ª, II, da Lei.6.938/81.
Exemplo de padrão de qualidade de recursos hídricos: Resolução CONAMA n.º 357/2005 ;
c) publicidade das medidas administrativas em matéria ambiental (onde prevalece o
princípio democrático, por permitir o exercício da participação popular);
d) zoneamento ambiental OU zoneamento ecológico-econômico - ZEE (consiste
basicamente no disciplinamento/planejamento da vocação ambiental de determinada área ou
meio, com a divisão deste em regiões específicas para o desenvolvimento das atividades
humanas, de molde a que seja evitado ao máximo a degradação ambiental). Permite a tomada
de decisões pelos agentes públicos e privados quanto aos planos, programas e ações a serem
desenvolvidos, estabelecendo-se vedações e restrições a certas atividades, propondo
alternativas ou até mesmo a realocação de projetos em setores onde inexistam
incompatibilidades com as diretrizes gerais. A LC 140/2011 delimitou a competência dos entes
federados para elaboração dos respectivos ZEE ( União, âmbito nacional e regional; Estados em
âmbito Estadual e Municípios, mediante Plano Diretor, em âmbito local). De acordo com o
Decreto 6.288/07, a implementação das ZEE buscará a sustentabilidade ecológica, econômica e
social, contando para tanto com ampla participação democrática, sempre valorizando o
conhecimento científico multidisciplinar;
e) licenciamento ambiental: é o consentimento estatal para a utilização de recursos

4 naturais, controlando atividades que possam impactar negativamente o meio ambiente. Se dá


através de um procedimento administrativo. É uma espécie de exercício de Poder de Polícia.
Apesar de atos administrativos de concessão de licença serem vinculados, a concessão de
licença ambiental possui controvérsia. Uns entendem pela discricionariedade e outros pela
vinculação. O que importa saber é que a licença possui características discricionárias. Ademais,
a licença pode ser revogada no futuro, se houver modificação das condições fáticas (está
sujeita à cláusula rebus sic stantibus); quando o Poder Executivo demora inescusavelmente no
procedimento de concessão da licença, o Poder Judiciário, se provocado (via MS ou lei
ordinária), não concede a licença ambiental, antes fixa prazo para que isso seja feito.
O Poder Judiciário pode controlar o mérito de uma licença ambiental? De acordo com o
Supremo, não poderá o Poder Judiciário entrar na questão da viabilidade da licença ambiental,
no seu MÉRITO: Se não é possível considerar o projeto como inviável do ponto de vista ambiental,
ausente nesta fase processual qualquer violação de norma constitucional ou legal, potente para
o deferimento da cautela pretendida, a opção por esse projeto escapa inteiramente do âmbito
desta Suprema Corte. Dizer sim ou não à transposição não compete ao Juiz, que se limita a
examinar os aspectos normativos, no caso, para proteger o meio ambiente. 6. Agravos
regimentais desprovidos”.
Observação: o decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental,
não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas
instaura a competência supletiva.
Atribuição para licenciamento:
Federal: IBAMA – originariamente, obras com significativo impacto ambiental de âmbito
nacional ou regional; supletivamente, no caso de inexistência ou inércia do órgão estadual, ou
estadual e municipal, ou de inépcia de seu licenciamento. Não pode o órgão federal discordar
da licença concedida pelo órgão estadual e, na vigência desta, embargar obras, etc. Isso só
deve ocorrer se o órgão federal demonstrar que a licença estadual está eivada de vício.
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O critério da dominialidade incidente sobre um recurso natural não tem o condão, per se,
de definir a atribuição para o licenciamento ambiental. Isso porque a CR/88 define a
competência ambiental, tanto material, como legislativa, ratione materiae e não ratione
dominium (arts. 23, III, IV, VI, VII e 24, VI, VII e VIII), valendo-se, ainda, da predominância do
interesse como critério para essa repartição entre União, Estados e Municípios.
Só há a possibilidade de um único licenciamento para o empreendimento, não podendo
os entes exigir múltiplos licenciamentos. Os demais entes poderão se manifestar no
licenciamento, mas de maneira não vinculante. A LC 140 PREVÊ EXPRESSAMENTE A
POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO DO LICENCIAMENTO, mediante convênio, ao permitir tanto a
delegação das atribuições quanto de ações específicas, desde que o ente destinatário da
delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem
delegadas e de conselho de meio ambiente.
Para o licenciamento federal, há um critério geral, que é o da LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
do empreendimento ou atividade (e não mais do impacto ambiental), e dois critérios
suplementares: o da atividade (militar ou nuclear/radioativa) e o do ente instituidor da unidade
de conservação – instituída pela União, o licenciamento é de competência desse ente (o art. 12
da LC nomeia expressamente esse critério, dizendo não se aplicar às APAs). Destaca-se,
entretanto, que há doutrinador que afirma que o critério da atividade é, na verdade, ditado pela
predominância do interesse (divergência).
Para o licenciamento estadual há dois critérios: o residual, que deve ser orientado pela
regra geral da lei, qual seja, o da localização geográfica do empreendimento ou atividade, e o

5 do ente instituidor da unidade de conservação – se instituída pelo Estado, é desse ente o


licenciamento na área (que não se aplica às APAs);
Para o licenciamento municipal há dois critérios: permanece o do impacto ambiental local
e o do ente instituidor das unidades de conservação (que não se aplica às APAs); Note que,
segundo a LC 140, quem vai definir o que é “impacto de âmbito local”, para fins de
licenciamento, é o Conselho Estadual de Meio Ambiente.
No caso das APAs, o critério é a regra geral da Lei Complementar para as demais
atividades, ou seja, o da localização geográfica do empreendimento ou atividade
Vamos ver licenciamento em aula própria. Tem muita coisa a ser dita.
f) criação de espaços territoriais especialmente protegidos (APP, Reserva Legal e
Unidades de Conservação previstas no Código Florestal e SNUC – Leis 12.251/12 e 9.985/00),
conforme mandamento do art. 225, § 1º da CF/88 e disposições dos arts. 7.º, 8º e 9º da LC
140/11 ;
g) SINIMA;
h) Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
i) penalidades disciplinares e compensatórias pela não adoção de medidas necessárias à
preservação ou mitigação da degradação ambiental;
j) Relatório Anual de Qualidade Ambiental publicado pelo IBAMA;
l) prestação de informações pelo Poder Público;
m) Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras
de recursos naturais;
n) instrumentos de compensação econômica, tais quais servidão, concessão florestal,
seguro ambiental;
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o) exigência prévia do AIA. Trata-se de medida prévia ao desenvolvimento de atividades


ou empreendimentos potencialmente geradores de efeitos deletérios ao meio ambiente. Visa
subsidiar os órgãos públicos na tomada de decisões, em especial na concessão de licenças
ambientais, impondo ao empreendedor medidas compensatórias ou mitigadoras dos dados
ocasionados, internalizando as externalidades negativas, decorrência lógica do risco do
empreendimento. Tem previsão no Princípio 17 da Declaração do RIO/92. De acordo com a
Resolução CONAMA 237/97, deve-se proceder ao estudo (espécie) ambiental anteriormente à
localização, instalação, operação ou ampliação de atividades e empreendimentos efetiva ou
potencialmente impactantes.
IMPORTANTE: AIA é género do qual EIA é espécie. São vários os estudos, que variam de
acordo com o grau do risco gerado, servindo como subsídio para a análise da licença ambiental.
Cite-se, à guisa de exemplo: a) relatório ambiental; b) plano e projeto de controle ambiental;
c)EIA; d) plano de manejo; e) plano de recuperação de área degradada – PRAD; f) relatório
ambiental preliminar; g) diagnóstico ambiental; h) análise preliminar de risco.
O EIA pode ser definido como a análise prévia das prováveis modificações ambientais
em decorrência da implantação de uma obra ou atividade potencialmente nociva.,
O RIMA é o documento final que reúne os dados do EIA, apresentado ao órgão ou
entidade de meio ambiente, geralmente do Estado-membro no qual se localiza ou se pretende
localizar a atividade. Por ser documento final, deve ser elaborado após encerrado o EIA. Ele
sistematiza os estudos realizados, trazendo de forma concatenada todas as informações
obtidas, as discussões da equipe multidisciplinar, suas conclusões e as propostas decorrentes

6 dos levantamentos efetuados na fase de estudo, inclusive quanto a “alternativas tecnológicas


e de localização do projeto”.
Atividades que exigem EIA/RIMA: rol exemplificativo, mas toda atividade que efetiva ou
potencialmente possam impactar o meio ambiente.
Quando o empreendedor solicitar o licenciamento, o órgão ambiental pode: 1) flexibilizar
a sequência desse licenciamento e, 2) flexibilizar a exigência dos estudos ambientais, se
contentando com o relatório ambiental simplificado, porque a atividade não é potencialmente
causadora de significativa degradação ambiental.
Audiências públicas no licenciamento ambiental: a) Requeridas pelo Ministério Público;
b) Requerida por entidade civil com assento no Conselho Estadual do Meio Ambiente – COSEMA;
c) Solicitada por mais de 50 cidadãos (e não pessoas). O STF entende que é de competência do
executivo e não do legislativo analisar sobre a necessidade ou não de realização de audiência
pública para discussão sobre o RIMA. Assim, não cabe ao legislativo autorizar audiência pública
através de uma comissão da Assembleia Legislativa
 Observação 1: EIA é ato vinculado, cabendo ao Judiciário suprir a omissão do Poder Público
ao dispensá-la imotivadamente (STF, ADI 1086/01). O Estudo já realizado, todavia, não
vincula a decisão do órgão ambiental competente, que poderá conceder ou não a licença
requerida. A licença ambiental é ato discricionário, devendo sopesar se será ou não
concedida a licença. A CR exige o estudo prévio de impacto ambiental para as atividades
potencialmente poluidoras. É norma de caráter absoluto, que não comporta exceção.
 A conclusão do EIA-RIMA não vincula a autoridade ambiental. Ainda que
determinado empreendimento tenha se dado em respeito às normas ambientais, o
órgão ambiental competente pode modificar, suspender ou cancelar licenças
ambientais caso haja superveniência de graves riscos ambientais ou à saúde, nos
termos da Resolução do CONAMA, art. 19. Caso o próprio órgão não realize tais

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modificações, é juridicamente possível a pretensão de obrigar a empresa à


implementação de certos critérios mais rigorosos, com base em estudos científicos.
 Observação 2: atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental: rol
exemplificativo da Resolução CONAMA 01/86;
 Observação 3: compete ao empreendedor providenciar a elaboração do EIA às suas custas,
contratando empresa de consultoria cujos membros deverão estar inscritos no Cadastro
Técnico Federal de Atividades administrado pelo IBAMA (art. 17, I, da Lei 6.938/81);
 Observação 4: RIMA é o relatório que visa esclarecer em termos menos técnicos e
complexos os dados constantes do EIA, viabilizando o princípio da informação, publicidade
e da participação democrática da comunidade e dos setores direta ou reflexamente
interessados;
 Observação 5: Audiências Públicas quanto ao EIA/RIMA podem ser solicitadas por entidade
civil, Ministério Público ou por 50 ou mais cidadãos. Se solicitada, e não realizada, não terá
qualquer validade (Resolução CONAMA 09/87);
 Observação 6: EIA/RIMA com informações falsas ou enganosas: crime tipificado no art. 69-
A da Lei 9.605/98.
 Observação 7: A realização do EIA/RIMA NÃO CONFERE DIREITO AO DEFERIMENTO DA
LICENÇA ao empreendedor por parte dos órgãos técnicos, já que é apenas uma etapa no
processo de licenciamento da obra ou atividade. Não vinculam o órgão ambiental.
ENTRETANTO, CASO O EIA/RIMA SEJA APROVADO PELO ÓRGÃO AMBIENTAL
7 COMPETENTE, SERÁ OBRIGATÓRIA A EXPEDIÇÃO DA LICENÇA AMBIENTAL.
Vamos ver isso em aula de licenciamento!
4.1. Detalhamento dos instrumentos:

Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental: dentre os quais citamos: a


Resolução CONAMA 03/90, que estabelece conceitos, padrões de qualidade, métodos de
amostragem e análise de POLUENTES ATMOSFERICOS; a Resolução CONAMA 05/89, que
instituiu o PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA QUALIDADE DO AR - PRONAR; a
Resolução CONAMA 18/86, que instituiu o PROGRAMA DE CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR
POR VEICULOS AUTOMOTORES – PROCONVE, dentre outras. Frederico Amado preceitua que
os estados, o DF e os municípios também poderão fixar padrões de qualidade ambiental,
comumente, mais restritivos. Defende que, normalmente, inexiste qualquer conflito quando as
normas estaduais, distritais e municipais são mais restritivas que as federais, ou seja, instituem
regras mais protetivas ao meio ambiente, desde que a lei federal disponha expressamente
acerca dessa possibilidade. Falamos sobre isso na aula de competências.
Zoneamento ambiental: agora guindado à Constituição Federal, que no artigo 21, IX
dispõe que é competência da União elaborar e executar planos nacionais e regionais de
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social. A Lei 8.171/91, por sua vez,
dispõe no artigo 102, que o solo agrícola é considerado patrimônio natural. Também é previsto
no artigo 19, III desta Lei, o zoneamento agroecológico para disciplinar e ordenar a ocupação
espacial pelas diversas atividades produtivas, bem como para a instalação de hidrelétricas.
Existe, ainda, o Decreto 99.540, de 21.09.90, que instituiu a Comissão Coordenadora do
Zoneamento ecológico-econômico do Território Nacional, em âmbito macrorregional e
regional, para acompanhar e avaliar a execução de trabalhos desse zoneamento, inclusive em

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nível estadual. Atualmente, a matéria é regulamentada pelo Decreto No. 4.297/2002. Vou tratar
disso em um tópico específico logo no final deste tópico, ok?;
Avaliação de impactos ambientais: também elevado ao status constitucional, nos
termos do artigo 225, parágrafo 1º, item IV. A Lei 6.938/81, no seu artigo 8º, item I, inclui entre
as competências do CONAMA a de estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e
critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA. Desta forma, o CONAMA através da
Resolução 01/86 (alterada pelas Resoluções 11/86 e 05/87), tornou obrigatória, para diversas
atividades, a elaboração de EIA - que deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de
localização do projeto, confrontando-se, inclusive, com a hipótese de não execução, e do RIMA
- que deverá ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua compreensão, e que será
acessível ao público. Tal Resolução conceitua, no artigo 1º, o que considera impacto ambiental.
Não é demais lembrar que a institucionalização da AIA, no Brasil e em diversos países, guiou-se
pela experiência americana, face a grande efetividade que os Estudos de Impacto Ambiental
demonstraram no sistema legal da “common law” dos Estados Unidos1, além das exigências
internacionais, anteriormente citadas;
Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras: também
previsto no artigo 9º, inciso IV da PNMA e no artigo 10, como já mencionado, e no artigo 17 do
Decreto no. 99.274/90. Alguns exemplos:
 A Resolução CONAMA 01/86, dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA;
8  A Resolução CONAMA 06/87, dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras de grande
porte, especialmente aquelas nas quais a União tenha interesse relevante, como a geração
de energia elétrica. Tal Resolução dispõe que a Licença Prévia - LP, deverá ser requerida no
início do estudo de viabilidade da Usina; a Licença de Instalação - LI, deverá ser obtida antes
da realização da licitação para construção do empreendimento e, a Licença de Operação -
LO, antes do fechamento da barragem. Necessária, também, a Declaração de Reserva de
Disponibilidade Hídrica – DRDH;
 Resolução CONAMA 05/88 dispõe sobre o Licenciamento de Obras de Saneamento;
 Resolução CONAMA 08/88, dispõe sobre o Licenciamento de Atividade Mineral, uso de
mercúrio metálico e do cianeto;
 Resolução CONAMA 09/90, dispõe sobre o licenciamento de Atividade Mineral das Classes
I, III e VII;
 Resolução CONAMA 10/90, dispõe sobre o licenciamento de Atividade Mineral da Classe II;
 Resolução CONAMA 02/96 que dispõe sobre o licenciamento de Obras de Grande Porte,
bem como a implantação ou fortalecimento de Unidade de Conservação já existente, tendo
revogado a Resolução CONAMA 10/87;
 Resolução CONAMA 237/97 regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental
estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente;
 Resolução CONAMA 279/2001, estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental
simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental;

1
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL - Agentes Sociais, Procedimentos e
Ferramentas. Op. Cit.
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 Resolução CONAMA 284/2001 Dispõe sobre o licenciamento de empreendimentos de


irrigação;
 Resolução CONAMA 289/2001 estabelece diretrizes para o Licenciamento Ambiental de
Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária;
Vamos ver essa matéria em aula específica, ok? Licenciamento é um tema importante.
Incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; Tal previsão tem encontrado
grande eco, atualmente, por força dos processos de certificação da ISO 9.000 e ISO 14.000.
Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público Federal,
estadual ou Municipal, tais como APA, ARIE e RESEX. A matéria foi alçada à esfera constitucional,
vez que o artigo 225, III da Constituição Federal dispõe que incumbe ao Poder Público definir,
em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção, tendo sido regulamentada através da Lei 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza.
Sistema nacional de informação sobre meio ambiente - SINIMA – Trata-se de
instrumento criado como expressão dos princípios da obrigatoriedade da intervenção estatal,
da informação e da participação democrática, visando fortalecer o processo de criação,
sistematização, análise de informações, estatísticas e indicadores ambientais. SINIMA, já

9 totalmente formalizado e fazendo parte da estrutura do IBAMA, no âmbito do CNIA - Centro


Nacional de Informação Ambiental.
À União compete organizá-lo e mantê-lo (LC 140/2011). Aos Estados incumbe prestar
informações para alimentar e atualizar o sistema central, além de organizar e manter o próprio
sistema estadual. Aos municípios, em padrão escalonado, cabe manter os sistemas estaduais e
fornecer informações aos sistemas estaduais e federal. Destaque-se que a LC 140/2011, art. 7º,
VIII, preceitua que compete à União, com auxílio dos demais entes federados, organizar e
manter o Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente – SINIMA. Ademais, a mesma
lei prevê a criação do Sistema Municipal de Informações sobre o Meio Ambiente. Além disso, o
novo Código Florestal instituiu o Cadastro Ambiental Rural – CAR, obrigatórios para todos os
imóveis rurais, para registros de posse e propriedades rurais.
Esse cadastro no CAR não será considerado título para fins de reconhecimento do direito
de propriedade ou posse, tampouco elimina a necessidade de inscrição no Cadastro Nacional de
Imóveis Rurais da Lei 10.267/01.
Cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental: nos termos
da Resolução CONAMA 01/88, este Cadastro tem como objetivo proceder ao registro, com
caráter obrigatório, de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à consultoria técnica sobre
problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e
instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. É
administrado pelo IBAMA, nos termos do artigo 17, I da Lei 6.938/81. Existe ainda o CADASTRO
NACIONAL DE ENTIDADES AMBIENTALISTAS - CNEA, criado pela Resolução CONAMA 06/89.
Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental: matéria também erigida a
sítio Constitucional, nos termos do artigo 225, § 3º da Constituição Federal, tendo sido
regulamentada pela Lei 9.605/1998 (art. 70 e seguintes) e pelo Decreto No. 3.179/1999. No
entanto, sabe-se que a coleção de leis e outros atos normativos dispondo sobre as sanções
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administrativas, cíveis ou criminais é extensa. O que precisa é ser eficazmente implementada,


através do fortalecimento institucional dos órgãos responsáveis pela execução da política
ambiental. Decorre do exercício do poder de polícia ambiental.
Ademais, conforme dispõe o artigo 14 da PNMA, o não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação
da qualidade ambiental sujeitará os transgressores à:
i) multa simples ou diária, agravada em caso de reincidência específica, vedada
sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, DF, ou Municípios.
Ainda, “o pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal
ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência” (art. 76
da Lei 9605/98). Como fica isso? Vejamos: Art. 17 (LC 140). Compete ao órgão
responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um
empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar
processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental
cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. O que o
STJ entende? “Uma sanção imposta pelos Estados, Municípios ou pelo Distrito
Federal substitui a multa imposta pela União em relação ao mesmo fato, mas a
multa estabelecida pela União não impossibilita a imposição de multa por
Município”. Logo, A lei não permite a substituição de multa local por multa
federal, mas apenas o contrário. Nessa mesma esteira, a competência comum dos
entes justifica a imposição de multa local pelo mesmo fato já sancionado na órbita
federal, não havendo ilegítimo bis in idem.
10 ii) Perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder
Público;
iii) Perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimento oficiais de crédito;
iv) Suspensão de sua atividade.
Ainda, o §1º do artigo 14 dispõe que sem obstar a aplicação das penalidades acima, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da
União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por
danos causados ao meio ambiente. Aqui fica positivada a consagração da responsabilidade
objetiva por danos ambientais, na PNMA.
Instituição do RQMA - Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado
anualmente pelo IBAMA: pode-se dizer que este item não tem sido cumprido sistematicamente
por parte do IBAMA, mas vale ressaltar a importância e o relevo do Relatório lançado pelo
mesmo, denominado GEO BRASIL 2002 - Perspectivas do meio ambiente no Brasil.
Garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente: além da edição da
Lei 10.650/2003, acima mencionada, vale destacar os serviços postos à disposição do cidadão,
através da LINHA VERDE, uma Central de Atendimentos integrante da OUVIDORIA do IBAMA
que, além de receber denúncias, presta informações ou encaminha as solicitações às unidades
internas que possam prestá-las. Demais disto, nos licenciamentos de projetos de significativos
impactos ambientais é assegurada a realização de Audiências Públicas, nos termos das
Resoluções CONAMA 01/86, 09/87 e 237/1997. A lei 10.650/2003, no § 1º, do art. 2º, estabelece
que não há necessidade de comprovação de interesse específico para acesso aos processos
administrativos de natureza ambiental. Nesse aspecto, referida norma, por ser específica,
afasta a aplicação do disposto na Lei 9.051/1991, que dispõe de modo diverso.

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Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras


dos recursos ambientais: também em pleno funcionamento por parte do IBAMA que o
administra, nos termos do artigo 17, II, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente e inclusive
cobra uma taxa anual para tal fim, nos termos da Lei 10.165/2000.
Servidão Ambiental: Vou fazer um tópico próprio ao final deste tópico. Ok??? É um ponto
muito importante.
Incentivos governamentais: previsão no art. 12 da Lei 6.938/81. Trata-se de instrumento
econômico para induzir comportamentos ambientalmente recomendados. Condiciona a
concessão de incentivos e financiamentos públicos à comprovação de licenciamento ambiental
e ao cumprimento das normas vigentes. O fomento de atividades econômicas segue os
“Princípios do Equador”, que estabelecem critérios mínimos internacionalmente fixados para
concessão de crédito no âmbito do mercado financeiro. Atento a isso, o Novo Código Florestal
(art. 78 –A) prevê que “após cinco anos da data da publicação desta lei, as instituições
financeiras só concederão créditos agrícola, em qualquer de suas modalidades, para
proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no CAR(...).”
Nota: Por fim, vale destacar que a Lei 11.284/2006 criou novos instrumentos para a
PNMA, tais como a concessão florestal, a servidão ambiental, o seguro ambiental, e os fundos
públicos e privados direcionados ao meio ambiente, de modo que se pode concluir que o rol
previsto na Lei 6.938/81 é aberto.
4.1.1. Zoneamento ambiental (Dec. 4297/2002)
Trata-se do zoneamento ecológico ambiental (ZEE), sendo um dos instrumentos para
11 efetivação da PNMA. É uma modalidade de intervenção estatal sobre o território, a fim de
reparti-lo em zonas consoante o melhor interesse na preservação ambiental e no uso
sustentável dos recursos naturais.
O ZEE deverá observar os princípios da função socioambiental da propriedade, da
prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador, da participação informada,
do acesso equitativo e da integração, conforme expressa previsão regulamentar.
O ZEE é definido como o instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente
seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelecendo
medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos
recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento
sustentável e a melhoria das condições de vida da população.
Seu objetivo geral é organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e
privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente,
utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços
ambientais dos ecossistemas. Isto posto, devem ser considerados no ZEE a importância
ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo-se vedações,
restrições e alternativas de exploração do território e determinando-se, quando for o caso,
inclusive a relocalização de atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais.
Compete ao Poder Público Federal elaborar e executar o ZEE nacional e os regionais,
quando tiver por objeto biomas brasileiros ou territórios abrangidos por planos e projetos
prioritários estabelecidos pelo Governo Federal.
Aos Estados, DF e Municípios, compete elaborar zoneamentos que atendam suas
peculiaridades regionais e locais, respectivamente, respeitando os parâmetros do ZEE federal.
Inexiste previsão específica para os municípios, havendo apenas previsão de elaboração do

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Plano Diretor, observados os zoneamentos ambientais, entendendo a doutrina que em tal


competência estaria embutida a do zoneamento.
O ZEE dividirá o território em zonas, conforme as necessidades de proteção, conservação
e recuperação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável, orientando-se pelos
princípios da utilidade e da simplicidade, de modo a facilitar a implementação de seus limites e
restrições pelo Poder Público.
As alterações no ZEE somente poderão ser feitas após decorrido o prazo mínimo de dez
anos de sua conclusão, ou de sua última modificação. Mas atenção: esse prazo não é exigido
para aumentar o rigor da proteção ambiental da zona a ser alterada, ou de atualizações
decorrentes de aprimoramento técnico-científico. Tais alterações dependerão de consulta
pública e aprovação pela comissão estadual do ZEE e pela comissão coordenadora do ZEE<
mediante processo legislativo de iniciativa do Poder Executivo. Atenção: alteração do ZEE não
poderá reduzir o percentual de reserva legal definido em legislação específica, nem as áreas
protegidas, como unidades de conservação ou não.

4.1.1.1. Divisão do zoneamento industrial

a) Zonas de uso estritamente industrial


Destinam-se, preferencialmente, à localização de estabelecimentos industriais cujos
resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos e vibrações, emanações e radiações possam causar
perigo à saúde, ao bem-estar e à segurança das populações, mesmo depois de aplicação de
12 métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, nos termos da legislação vigente.
A sua localização deverá ser promovida em áreas com elevada capacidade de suporte de
poluição, com a manutenção, no seu entorno, de anéis verdes de isolamento capazes de
proteger as zonas circunvizinhas contra possíveis efeitos residuais e acidentes. Nestas zonas
deverão operar apenas atividades essenciais às funções básicas das indústrias. No caso de
instalações de polos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos, instalações nucleares e
outras definidas em lei, a competência será exclusiva da União, ouvidos os Estados e
Municípios.
b) Zonas de uso predominantemente industrial
Destinam-se, preferencialmente, à instalação de indústrias cujos processos, submetidos
a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, não causem incômodo sensíveis
às demais atividades urbanas e nem perturbem o repouso noturno das populações.
Deverão localizar-se em áreas cujas condições favoreçam a instalação adequada de
infraestrutura de serviços básicos necessária a seu funcionamento e segurança; bem como
dispor, em seu interior, de áreas de proteção ambiental que minimizem os efeitos da poluição
em relação a outros usos.
Tanto as zonas de uso estritamente industrial quanto as de uso predominantemente
industrial, deverão ser classificadas em saturadas, não saturadas, em vias de saturação e
saturadas, o que definirá a formulação das políticas públicas ambientais em cada área.
c) Zonas de uso diversificado
Destinam-se à localização de estabelecimentos industriais, cujo processo produtivo seja
complementar das atividades do meio urbano ou rural que se situem, e com elas se
compatibilizem, independentemente do uso de métodos especiais de controle de poluição, não

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ocasionando, em qualquer caso, inconvenientes à saúde, ao bem-estar e à segurança das


populações vizinhas.
d) Zonas de reserva ambiental
Por suas características culturais, ecológicas, paisagísticas ou pela necessidade de
preservação de mananciais e proteção de áreas especiais, ficará vedada a localização de
estabelecimentos industriais.
4.1.1.1.1. Observações importantes
As indústrias ou grupos industriais já existentes, que não resultarem confinadas nas zonas
industriais definidas de acordo com a lei de zoneamento industrial, serão submetidas à: a)
instalação e equipamentos especiais de controle e, nos casos mais graves, b) à relocalização,
haja vista a inexistência de direito adquirido de poluir.
No caso de relocalização, é possível que haja uma indenização a ser verificada no caso
concreto, mensurando-se se os prejuízos experimentados pela empresa decorreram ou não
diretamente de uma postura comissiva ou omissiva da Administração Pública.
As regras de higiene, de poluição etc., podem perfeitamente ser alteradas pelo Poder
Público, com incidência imediata sobre quem já estava instalado. HÁ DE SE AFERIR QUAL O TIPO
DE ALTERAÇÃO LEGAL FOI PROMOVIDO, SE REGRAS DE CONDUTA E FUNCIONAMENTO OU SE
REGRAS FULMINANTES DO PRÓPRIO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ANTES INSTALADA. AS REGRAS
DE CONDUTA PODEM PERFEITAMENTE SER EXIGIDAS SEM QUE SURJA DIREITO À
INDENIZAÇÃO. Já as regras acerca do exercício da atividade podem acabar por fulminar o direito
de propriedade, implicando em verdadeira desapropriação indireta.
13 O zoneamento interfere diretamente no direito de propriedade, de forma legítima, já que
se trata de manifestação do Poder de Polícia e visa a concretizar a função social da propriedade.
Há precedente do STJ no sentido de que não cabe indenização pela restrição, pura e simples,
imposta pelo zoneamento, salvo se for superveniente e diminuir totalmente a utilidade
econômica da propriedade.

4.1.1.2. Zoneamento costeiro


Definição: Considera-se Zona Costeira o espaço geográfico de interação do ar, do mar e
da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra
terrestre, que serão definida pelo Plano.
Deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar prioridade à
conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens:
I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas
costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias;
promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e
pradarias submersas;
II - sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de preservação
permanente;
III - monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, paleontológico,
espeleológico, arqueológico, étnico, cultural e paisagístico

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4.1.2. Servidão Ambiental


Com previsão no art. 9-A da Lei 6.938/81, é uma espécie de servidão administrativa, com
natureza de direito real sobre coisa alheia, possuindo regramento peculiar. Consiste na renúncia
voluntária do proprietário rural ao direito de uso, exploração ou supressão dos recursos
naturais existentes em sua propriedade.
O proprietário ou possuidor do imóvel rural, pessoa física ou jurídica, voluntariamente
limita o uso de toda sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar
os recursos naturais existentes.
Tratando-se de floresta, deve estar além do limite da Reserva Legal obrigatória e dos
limites da APP, já que em ambas a preservação decorre de lei. A servidão ambiental não pode
ser aplicada em áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente, pois aquelas
decorrem de lei.
Pode ser negociada, onerosa ou gratuitamente, com proprietários ou possuidores de
terras onde a proteção ambiental se mostra deficitária, havendo uma verdadeira compensação.
De acordo com a Lei 12.651/12, o instrumento de servidão deve conter, ao menos, os seguintes
itens: I) memorial descritivo da área de servidão, com levantamento de pelo menos um ponto
georreferenciado; II) objeto da servidão; III) direitos e deveres do instituidor e do beneficiário;
III) prazo da servidão.
O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou
parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro proprietário
ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social.
14 A instituição da servidão ambiental se dará por instrumento público ou particular ou por
termo administrativo, e deverá ser averbada na matrícula do imóvel, bem como alienação
cessão ou transferência. Sua proteção será de, no mínimo, a aplicada para reserva legal, o que
implica impossibilidade de supressão vegetal, salvo sob forma de manejo sustentável.
Imprescindível a averbação da servidão na matrícula do imóvel - ou imóveis envolvidos,
em caso de compensação de áreas de Reserva Legal. Pode ser temporária (mínimo de 15 anos)
ou perpétua. A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários e de
acesso aos recursos de fundos públicos, à Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.
Em caso de transferência, desmembramento, retificação de área ou cessão do imóvel, é
vedada a destinação da área da servidão já instituída durante seu prazo de vigência.

5. Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA


O Sistema Nacional do Meio Ambiente, SISNAMA, é formado pelo conjunto de órgãos e
instituições dos diversos níveis do Poder Público, incumbidos da melhoria da qualidade
ambiental, da proteção ambiental e da implementação da Política Nacional do Meio ambiente
–PNMA. O SISNAMA é o conjunto de órgãos que irá administrar a PNMA.
O antecedente do SISNAMA foi a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, que
surgiu logo após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano- Estocolmo,
1972. Ante a pressão da comunidade internacional, o SEMA surgiu com declarado objetivo de
orientar uma política de conservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais
e foi a resposta brasileira neutralizadora das pressões do momento.

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5.1. Estrutura do SISNAMA


O suporte das atividades de gestão ambiental está desenhado numa estrutura político-
administrativa descrita no art. 6º da Lei 6.938/81. É importante destacar que, atualmente, a lei
6.938/81 precisa ser interpretada conjuntamente com a Lei Complementar 140/2011, que
passou a disciplinar as competências materiais comuns de todos os entes federativos, na forma
do art. 23 da CF/88.
Trata-se, de direito e de fato, de uma estrutura político-administrativa oficial,
governamental, ainda que aberta à participação de instituições não-governamentais, através
dos canais competentes.
Constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do DF, dos Municípios e pelas
Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade
ambiental, tem a seguinte estrutura:
1. Órgão superior: o Conselho de Governo, presidido pelo Presidente da República
ou pelo Ministro Chefe da Casa Civil (na prática, seu lugar tem sido ocupado pelo CONAMA). É
órgão de assessoramento direto do Presidente da República na formulação da política nacional
e das diretrizes governamentais para o meio ambiente.
2. Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA. Presidido pelo Ministro do Meio Ambiente. Visa assessorar, estudar e propor ao
conselho de Governo as diretrizes de políticas nacionais voltadas à proteção ambiental, além de
definir padrões de qualidade ambiental e ações voltadas à manutenção do equilíbrio
ambiental e à proteção e/ou recuperação de áreas degradadas.
15 Destaca-se sua competência normativa, editando normas complementares à lei – atuação
secum legem. Segundo entendimento do STJ (Resp nº 994.881 – SC, Ministro Benedito
Gonçalves, Publi. Dje de 09/09/2009): Pelo exame da legislação que regula a matéria (Leis
6.938/81 e 4.771/65), verifica-se que possui o Conama autorização legal para editar resoluções
que visem à proteção do meio ambiente e dos recurso naturais, inclusive mediante a fixação de
parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente, não havendo o que se
falar em excesso regulamentar.” Logo, suas resoluções possuem força de lei para todo o sistema,
condicionando e subordinando as demais normas ambientais publicadas pelos outros entes.
Por terem força de leis federais (por expressa delegação legislativa), suas resoluções
possuem o caráter de norma geral, no que tange à competência concorrente. Entretanto, suas
deliberações somente podem ser secundum legem, nunca podendo contrariar leis formais,
revogá-las ou inovar o ordenamento. Essa “força de lei” deve ser entendida no sentido de
obrigar os participantes do SISNAMA. Isso porque evidentemente não poderia uma lei (PNMA)
conferir caráter legislativo abstrato e geral a um diploma em acréscimo àqueles previstos no
capítulo do processo legislativo da Constituição da República.
Face sua força de lei, as resoluções do CONAMA estão sujeitas ao controle concentrado
de Constitucionalidade perante o STF, salvo quando seu conteúdo material for de efeitos
concretos ou quando regularem legislação infraconstitucional: somente será cabível controle
de constitucionalidade, na verdade, se regular diretamente dispositivo da constituição.
Ao CONAMA, compete a APRECIAÇÃO, e não a aprovação, dos estudos de impacto
ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional. Conforme o artigo 11 da
PNMA, compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e padrões para implantação,
acompanhamento e fiscalização do licenciamento das obras efetiva ou potencialmente
poluidoras.

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Ademais, o Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas funções, o Presidente


do CONAMA. (art. 8, p.u.)
Sobre as competências do CONAMA, é importante destacar: i) estabelecer, mediante
proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; ii)
determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis
consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando, aos órgãos federais,
estaduais e municipais, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto
ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental, especialmente nas áreas consideradas de patrimônio nacional; iii) determinar,
mediante representação do IBAMA, a perda ou a restrição de benefícios fiscais concedidos pelo
Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em
linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais; iv) estabelecer, normas e padrões
nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves, embarcações,
mediante audiência dos Ministérios competentes; v) estabelecer normas, critérios e padrões
relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso
racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
3. Órgão central: Ministério do Meio Ambiente, a quem incumbe planejar,
coordenar, supervisionar e controlar a Política Nacional e as diretrizes governamentais fixadas
para o meio ambiente. São áreas de atuação: política nacional do meio ambiente e dos recursos
hídricos; melhoria da qualidade ambiental; conservação e utilização sustentável de
ecossistemas, da biodiversidade de florestas e dos recursos naturais; zoneamento ecológico-
16 econômico; políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal.
4. Órgão executor: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
renováveis – IBAMA. Tem natureza de autarquia especial com autonomia administrativa e
financeira e vinculação ao Ministério do Meio ambiente. Apesar da omissão no art. 6º, IV, da Lei
6.938/81, o art. 3º, IV, do Decreto 99.274/90, modificado pelo Decreto 6.792/09, inseriu o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade como órgão executor do Sisnama e
atribuiu-lhe a gestão das unidades de conservação federais. Assim , após a Lei 11.516/07, passou
o IBAMA a contar com atribuição supletiva do poder de polícia ambiental.
Ao IBAMA, inclui-se na sua competência da fiscalização e controle, a análise de projetos
de entidades públicas ou privadas, objetivando a preservação ou a recuperação de recursos
ambientais, afetados por processos de exploração predatórios ou poluidores.
O IBAMA é autorizado a celebrar convênios com os Estados, Municípios e o DF para
desempenharem atividades de fiscalização ambiental, podendo repassar-lhes parcela da receita
obtida com a taxa de controle e fiscalização ambiental.
Relativamente ao IBAMA, o TCU já decidiu que não cabe ao IBAMA, na condição de órgão
executor do SISNAMA, fixar diretrizes para os órgãos executores das esferas estadual, distrital e
municipal, uma vez que não possui posição hierárquica superiores a estes. Tal competência é do
órgão central do referido sistema.
O IBAMA é órgão executor geral, o Instituto Chico Mendes é órgão executor apenas na
atuação das unidades de conservação, é uma autarquia voltada apenas para a gestão das
unidades de conservação. Todas as outras políticas governamentais de meio ambiente, em
nível federal, são executadas pelo IBAMA.

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5. Órgãos setoriais: compreende entes da Administração Federal direta e indireta,


e fundações instituídas pelo poder público, cujas atividades estejam associadas à proteção da
qualidade ambiental ou àquelas que disciplinam o uso de recursos ambientais.
6. Órgãos seccionais: são órgãos ou entidades estaduais constituídos na forma da
lei e por ela incumbidos de preservar o meio ambiente, assegurar e melhorar a qualidade
ambiental, controlar e fiscalizar ações potencial ou efetivamente lesivas aos recursos naturais e
à qualidade do meio. Referida atribuição está em harmonia com o disposto no art. 8º, da Lei
Complementar 140/2011.
7. Órgãos locais: são órgãos ou entidades municipais incumbidos legalmente de
exercer a gestão ambiental no respectivo território e no âmbito de sua competência, na forma
a lei. Referida atribuição está em harmonia com o disposto no art. 9º, da Lei Complementar
140/2011. O Município passa a estar inserido no SISNAMA a partir do momento em que cria,
através de lei, seu Conselho de Meio Ambiente.
5.2. SISNAMA e a gestão do meio ambiente
Deve-se entender que o SISNAMA, como um sistema, não pode exercer a tutela
administrativa do ambiente, contudo, através do fluxo de informações, em seu âmbito, atuarão
os órgãos com poder de polícia administrativa ambiental, notadamente, o IBAMA, o ICMBio e
os órgãos seccionais e locais, investidos de autoridade para praticar atos tutelares necessários à
gestão do meio ambiente.
5.3. As taxas de controle e fiscalização ambiental – TCF
Trata-se de tributo, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido
17 ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama para
controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
naturais. (art. 17-B).
A TCFA é definida pelo cruzamento do grau de poluição e utilização ambiental com o porte
da empresa e deve ser paga trimestralmente pelo empreendedor. O grau de poluição e
utilização ambiental, bem como os valores para cada porte são definidos, conforme a categoria
de atividade, no Anexo VIII da Lei 10.165/00. Nesse sentido decisão do TRF5 ao afirmar que “(...)
a cobrancça da TCFA relaciona-se com a dimensão, com o potencial de poluição e com o grau de
utilização de recursos naturais da empresa, justificando-se uma cobrança maior daqueles que
demandem, em razão de sua extensão, uma maior intensidade da atividade fiscalizadora
prestada pelo IBAMA (AMS 80384/AL). O STF já se manifestou pela constitucionalidade da
referida taxa.
Há previsão de isenção do pagamento da TCFA às entidades públicas federais, distritais,
estaduais e municipais, às entidades filantrópicas, àqueles que praticam agricultura de
subsistência e às populações tradicionais
Rememore-se a possibilidade de instituição de taxas estaduais e municipais com o
mesmo objetivo. De acordo com o art. 17-P da Lei 6.938/81, parte do montante efetivamente
pago pelo empreendedor ao Estado ou ao Município constitui crédito para compensação com o
valor devido a título de TCFA (federal).

5.4. Artigos importantes sobre a atuação do SISNAMA


Neste tópico, resolvi separar os artigos importantes que, por vezes, deixam de ser citados
expressamente nos livros.

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O artigo 10 dispõe que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de


estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de
prévio licenciamento ambiental. Artigo muito importante, ok? A CF fala algo parecido no artigo
225, IV, mas lá ele requer o estudo prévio de impacto ambiental, para as obras potencialmente
causadoras de significativo impacto ambiental. Não confundam.
O artigo 12 também é importante, dispondo que as entidades e órgãos de financiamento
e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses
benefícios ao licenciamento, e ao cumprimento das normas, critérios e padrões expedidos pelo
CONAMA.
Ainda, lembrem-se do artigo 14, §1º que eu disse lá em cima. A PNMA consagra a
responsabilidade objetiva (independentemente de culpa) por danos ambientais!!!
5.5. Importantes matérias de competência ligadas ao SISNAMA – LC
140/11
Até a edição da Lei Complementar 140/2011, a matéria relativa à competência ambiental
era, em boa parte, regulada pela Resolução n.º 237/97 do CONAMA, especialmente em matéria
de licenciamento ambiental.
Ao tratar dos temas relativos à atuação ambiental dos entes políticos, a referida resolução
mostrou-se inconstitucional, posto que o parágrafo único do art. 23, da CF/88, exige lei
complementar para a fixação de normas de cooperação entre os entes, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. Para equacionar a questão,
18 editou-se a Lei Complementar 140/2011. Que falaremos brevemente abaixo. Lembremo-nos
que na aula 02, de competência, eu falei bastante sobre essa lei. Ok? Vamos ver novamente
quando formos falar de licenciamento. Por ora falaremos apenas de questões ligadas à
competência.
Os objetivos fundamentais são os seguintes (art. 3º): a) proteger, defender e conservar o
meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática
e eficiente; b) garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio
ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução
das desigualdades sociais e regionais; c) harmonizar as políticas e ações administrativas para
evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de
atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente; e d) garantir a uniformidade da
política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
A Lei disponibilizou os seguintes instrumentos de cooperação (art. 4º): a) Consórcios
públicos; b) Convênios, acordos de cooperação técnica e outros Instrumentos similares com
órgãos e entidades do Poder Público; c) Comissões Tripartites Nacional, Estaduais e Municipais,
formadas, paritariamente, por representantes de todos os entes federativos; d) Fundos públicos
e privados e outros instrumentos econômicos; e e) Delegação de atribuições e de ações
administrativas de um ente federativo a outro (somente ocorrerá a delegação se o ente
destinatário da delegação dispor de Conselho de Meio Ambiente e Órgão ambiental capacitado,
considerado aquele que possua técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e
em número compatível com a demanda das ações a serem delegadas).
No que se refere às competências, a Lei dispôs que, em matéria de:
Licenciamento ambiental: compete à União o licenciamento de empreendimento e
atividades a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; b)
localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona

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econômica exclusiva; c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; d) localizados ou


desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção
Ambiental (APAs); e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; f) de caráter
militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo,
aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei
Complementar n.º 97, de 9 de junho de 1999; g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir,
beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); ou h) que atendam tipologia estabelecida por
ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a
participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), e
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento. Compete aos Municípios o licenciamento de atividades ou
empreendimentos: a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local,
conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou b) localizados
em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental
(APAs) (a doutrina tem apontado para a inconstitucionalidade do disposto no item a em razão
da ofensa da autonomia do município). A fixação da competência dos estados se dá de modo
residual. Além disso, o DF acumula a competência estadual e a municipal. Em relação ao
licenciamento de atividades em Área de Proteção Ambiental (APA), há regramento próprio, que
impõe observância do disposto nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h”, do inciso XIV, do art. 7º, do
inciso XIV, do art. 8º, e da alínea “a”, do inciso XIV, do art. 9º, ou seja, a competência para o
19 licenciamento será definida, em regra, pelo grau de impacto da atividade, não importando se a
APA é federal, estadual ou municipal.
Supressão Vegetal e Manejo: Compete à União, aprovar o manejo e a supressão de
vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas públicas federais, terras devolutas
federais ou unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs e atividades ou
empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União. Compete aos
Estados aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em
florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental (APAs), imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do
art. 7º, e atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo
Estado. Compete aos Municípios aprovar a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e
formações sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas
pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e a supressão e o manejo de
vegetação, de florestas e formações sucessoras em empreendimentos licenciados ou
autorizados, ambientalmente, pelo Município. Em relação às APAs, segue-se a mesma lógica do
licenciamento.
Fiscalização ambiental: em regra, a competência para a fiscalização ambiental é do ente
licenciador. Há, porém, a possibilidade de fiscalização pelos demais entes federativos. No caso
de cumulação de infrações por entes diversos, prevalece o auto de infração do órgão que
detenha a atribuição de licenciamento ou autorização (art. 17 § 3º).

6. Jurisprudências

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DEMARCAÇÃO. RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO.


... Conforme explicitou o Min. Relator, em nosso sistema normativo (art. 16 e parágrafos
da Lei n. 4.771/1965 – Código Florestal – e art. 99 da Lei n. 8.171/1991), a obrigação de
demarcar, averbar e restaurar a área de reserva legal nas propriedades rurais constitui
limitação administrativa ao uso da propriedade privada, a qual se destina a tutelar o meio
ambiente, que deve ser defendido e preservado. Ademais, por ter como fonte a própria lei e por
incidir sobre as propriedades em si, configura dever jurídico (obrigação ex lege) que se
transfere automaticamente com a transferência do domínio (obrigação propter rem),
podendo, em consequência, ser imediatamente exigível do proprietário atual
independentemente de qualquer indagação a respeito da boa-fé do adquirente ou de outro
nexo causal que não o que se estabelece pela titularidade do domínio. ... REsp 1.179.316-SP,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 15/6/2010.

DANO AMBIENTAL. BREJO. LITISCONSÓRCIO.


Foi ajuizada ação civil pública contra a usina ora recorrida, pois se constatou que ela
promovia a drenagem de um reservatório natural (brejo). Por sua vez, as instâncias ordinárias
consideraram improcedente o pedido ao fundamento de que a usina só deu continuidade ao
que o próprio Poder Público começou. Nesse panorama, afastou-se, preliminarmente, a
necessidade de o órgão federal, também reputado degradador, integrar a lide; pois, mesmo
havendo vários agentes poluidores, a jurisprudência do STJ é firme quanto a não ser obrigatória
a formação de litisconsórcio, visto que a responsabilidade de reparação integral do dano
20 ambiental é solidária (permite demandar qualquer um ou todos eles). Pela mesma razão, a
jurisprudência deste Superior Tribunal entende que os envolvidos não podem alegar que não
contribuíram de forma direta e própria para o dano ambiental, como forma de afastar a
responsabilidade de reparar. Estão assentadas, no acórdão e na sentença, a premissa de que a
usina continuou as atividades degradantes iniciadas pelo Poder Público, o que aumentou a
lesão ao meio ambiente, e a de que sua atividade preservaria uma rodovia construída sobre
aterro contíguo ao brejeiro. Contudo, não há dúvidas de que houve dano ambiental e
contribuição da usina para tanto, mesmo que reconhecido pelas instâncias ordinárias ser o
Poder Público, também, degradador. Assim, aplicam-se os arts. 3º, IV, e 4º, VII, da Lei n.
6.938/1981. Anote-se que a usina poderá, em outra ação, cobrar de quem considere cabível
parte das despesas de recuperação. REsp 880.160-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 4/5/2010.

ACP. DANOS AMBIENTAIS. PÁSSAROS SILVESTRES.


... entendeu-se que, tendo em conta todos os elementos dos autos, é inviável o
acolhimento da pretensão do MP, que, com base em descumprimento de norma
administrativa (necessidade de autorização do Ibama para manter em cativeiro aves
silvestres), pleiteava a responsabilização civil sem a devida comprovação de efetivo dano
ambiental. Isso porque, em se tratando de reparação civil, seria fundamental a comprovação de
tal dano, o que não aconteceu na hipótese. REsp 1.140.549-MG, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 6/4/2010

REPETITIVO. PRESCRIÇÃO. MULTA. MEIO AMBIENTE.


Trata-se de recurso representativo de controvérsia (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-
STJ) em que a questão em debate resume-se à definição do prazo prescricional para a cobrança
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de multa administrativa por infração à legislação federal, no caso, a Lei n. 9.873/1999 (com os
acréscimos da Lei n. 11.941/2009), nos autos de execução fiscal ajuizada pelo Ibama para
cobrança de débito inscrito em dívida ativa. Ressaltou o Min. Relator que a questão já foi
debatida no REsp 1.112.577-SP, DJe 8/2/2010, também sob o regime dos recursos repetitivos,
mas somente quando a multa administrativa decorria do poder de polícia ambiental exercido
por entidade estadual, situação em que não seria pertinente a discussão sob as duas leis federais
citadas. Agora, no caso, como a multa foi aplicada pelo Ibama, entidade federal de fiscalização
e controle do meio ambiente, é possível discutir a incidência daquelas leis federais, o que foi
feito nessa hipótese. Diante disso, a Seção entendeu incidente o prazo de cinco anos (art. 1º
da citada lei) para que, no exercício do poder de polícia, a Administração Pública Federal
(direta ou indireta) apure o cometimento da infração à legislação do meio ambiente. Esse
prazo deve ser contado da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que houver cessado a infração. Observou que o art. 1º da Lei n.
9.873/2009 estabeleceu o prazo para a constituição do crédito, não para a cobrança judicial do
crédito inadimplido. Ressaltou, ainda, que, antes da MP n. 1.708/1998, convertida na Lei n.
9.873/1999, não existia prazo decadencial para o exercício do poder de polícia por parte da
Administração Pública Federal, por isso a penalidade aplicada, nesses casos, sujeita-se apenas
ao prazo prescricional de cinco anos segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, em razão
da aplicação analógica do art. 1º do Dec. n. 20.910/1932. Ademais, a jurisprudência também já
assentou que, por se tratar de multa administrativa, não é aplicável a regra geral de prescrição
do CC, seja o de 1916 ou o de 2002.REsp 1.115.078-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em
24/3/2010.

21 MEIO AMBIENTE. REPARAÇÃO. INDENIZAÇÃO.


O princípio da reparação in integrum aplica-se ao dano ambiental. Com isso, a obrigação
de recuperar o meio ambiente degradado é compatível com a indenização pecuniária por
eventuais prejuízos, até sua restauração plena. Contudo, se quem degradou promoveu a
restauração imediata e completa do bem lesado ao status quo ante, em regra, não se fala em
indenização. Já os benefícios econômicos que aquele auferiu com a exploração ilegal do meio
ambiente (bem de uso comum do povo, conforme o art. 225, caput, da CF/1988) devem
reverter à coletividade, tal qual no caso, em que se explorou garimpo ilegal de ouro em área
de preservação permanente sem qualquer licença ambiental de funcionamento ou autorização
para desmatamento. Com esse entendimento, a Turma deu parcial provimento ao recurso para
reconhecer, em tese, a possibilidade de cumulação de indenização pecuniária e obrigações de
fazer voltadas à recomposição in natura do bem lesado, o que impõe a devolução dos autos ao
tribunal de origem para que verifique existir dano indenizável e seu eventual quantum debeatur.
Precedente citado: REsp 1.120.117-AC, Dje 19/11/2009. REsp 1.114.893-MG, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 16/3/2010.

MEIO AMBIENTE. LEGITIMIDADE PASSIVA. ESTADO.


A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de reconhecer a legitimidade passiva de
pessoa jurídica de direito público (no caso, estado-membro) na ação que busca a
responsabilidade pela degradação do meio ambiente, em razão da conduta omissiva quanto a
seu dever de fiscalizá-lo. AgRg no REsp 958.766-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 16/3/2010.

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EXTRAÇÃO ILEGAL. MADEIRA. INTERPRETAÇÃO. ART. 25, § 2º, DA LEI N. 9.605/1998.


Na espécie, discute-se a possibilidade de doação de toras de madeira apreendidas pelo
Ibama (art. 25, § 2º, da Lei n. 9.605/1998) que, no caso, foram extraídas por invasores, sem
qualquer contribuição dos proprietários do terreno. Houve crime ambiental (extração ilegal de
madeira) e os criminosos não são os proprietários da plantação ou do terreno no qual esta foi
erguida. No caso, há dúvida apenas quanto à propriedade do imóvel donde retirada a madeira.
A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu que, na busca de conciliar a mencionada norma
com o direito de propriedade, em regra, aplica-se aquele dispositivo independentemente de
autorização judicial. Contudo, havendo fundada dúvida sobre a dominialidade dos bens
apreendidos e não sendo caso de os proprietários ou terceiros de boa-fé estarem diretamente
envolvidos com a prática da infração (penal ou administrativa), a alienação deveria ser onerosa,
com o depósito dos valores líquidos auferidos (descontadas as despesas de apreensão,
transporte, armazenagem e processamento da venda) em conta bancária à disposição do juízo,
cuja destinação final (se a União ou quem ela determinar, se os proprietários da terra) será
auferida após incidente processual cabível. Na hipótese de inviabilidade (técnica, de fato ou por
ausência de compradores) da alienação onerosa, o órgão ambiental poderá doar, de imediato,
os bens apreendidos conforme disposto no art. 25, § 2º, da mencionada lei, garantindo-se aos
prejudicados o direito de indenização contra os criminosos. REsp 730.034-PA, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 9/3/2010.

LEIS AMBIENTAIS. APLICAÇÃO. ÁREA URBANA.

22 A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, conheceu do agravo regimental e deu


provimento ao REsp para anular o acórdão recorrido e determinar que o Tribunala quo realize
novo julgamento da apelação na ação popular. Na espécie, trata-se de construção de
supermercado que, segundo o autor da ação popular e o MPF, violou a legislação ambiental. O
Tribunal a quo entendeu que a legislação ambiental é inaplicável à área urbana ao afirmar que
“não há de se cogitar de limitações ambientais ao direito de construir, dentro de zona urbana,
mediante licença da administração municipal”. Assim o Tribunal a quo deve reexaminar a causa
sob pena de supressão de instância com a aplicação das normas atinentes ao meio ambiente
(Decreto de Mata Atlântica e Código Florestal) à área urbana. AgRg no REsp 664.886-SC, Rel.
originário Min. Humberto Martins, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em
4/2/2010.

DANO. MEIO AMBIENTE. PROVA. INVERSÃO.


Constatada a relação interdisciplinar entre as normas de proteção ao consumidor e as de
defesa dos direitos coletivos nas ações civis por danos ambientais, o caráter público e coletivo
do bem jurídico tutelado (e não a hipossuficiência do autor da demanda em relação ao réu)
impõe a extensão de algumas regras de proteção dos direitos do consumidor ao autor daquela
ação, pois ao final busca-se resguardar (e muitas vezes reparar) patrimônio público de uso
coletivo. Dessa forma, a aplicação do princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus
probatório: compete a quem se imputa a pecha de ser, supostamente, o promotor do dano
ambiental a comprovação de que não o causou ou de que não é potencialmente lesiva a
substância lançada no ambiente. Por ser coerente com essa posição, é direito subjetivo do
infrator a realização de perícia para comprovar a ineficácia poluente de sua conduta, não se
mostrando suficientes para tornar essa prova prescindível simples informações obtidas em site
da Internet. A perícia é sempre necessária quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico e se recomenda ainda mais na seara ambiental, visto a complexidade do bioma.
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Precedente citado: REsp 1.049.822-RS, DJe 18/5/2009. REsp 1.060.753-SP, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 1º/12/2009.

ÁREA. PRESERVAÇÃO PERMANENTE. RESTINGA.


Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo MP cujo objetivo é preservar a vegetação de
restinga em razão da degradação de uma praia. Assim, o Tribunal a quo, soberano na análise das
provas constantes dos autos, concluiu que a área caracteriza-se como restinga, que existe, no
local, vegetação de restinga e presente, ainda, vegetação fixadora de dunas. Daí, a Turma
entendeu que o argumento da recorrente de que houve uma confusão na segunda instância
quanto ao conceito de restinga e vegetação de restinga não é suficiente para infirmar o acórdão
recorrido. O art. 2º, f, da Lei n. 4.771/1965 (Código Florestal) considera como de preservação
permanente a vegetação situada em restingas como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangues. Logo, a instância de origem aplicou o mencionado artigo em sua literalidade, pois
afirmou que a área degradada caracteriza-se não só como restinga, mas possui vegetação
fixadora de duna, o que é suficiente para caracterizar área de preservação permanente. Desse
modo, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 945.898-SC, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 24/11/2009.

MEIO AMBIENTE. LIMITES. PARQUE NACIONAL.


A recorrida alega que, afastada a possibilidade de extração das árvores mortas, caídas e
23 secas, seu direito de propriedade estaria malferido. Contudo, tal entendimento encontra
resistência no art. 1.228, § 1º, do CC/2002. A preservação da flora, da fauna, das belezas
naturais e do equilíbrio ecológico, na espécie, não depende da criação de parque nacional. A
proteção ao ecossistema é essencialmente pautada pela relevância da área pública ou privada
a ser protegida. Se assim não fosse, a defesa do meio ambiente somente ocorreria em áreas
públicas. A formalização de qualquer das modalidades de unidade de conservação de proteção
integral invalida as licenças ambientais anteriormente concedidas. Ademais, no caso, a
pretendida extração é danosa ao ecossistema do parque, o que impede a concessão de novas
licenças. REsp 1.122.909-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 24/11/2009.
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA. TAXA DE CONTROLE
EFISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - TCFA. NATUREZA JURÍDICA DA EXAÇÃOQUESTIONADA
DEFINIDA PELO STF, POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DO RE416.601/DF. INCLUSÃO DA TAXA
REFERIDA NA SISTEMÁTICA DE ARRECADAÇÃOSIMPLIFICADA (SIMPLES). DESCABIMENTO.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO NAS LEIS9.317/96 E LC 123/2006.1. Discute-se no recurso especial a
possibilidade de inclusão da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental -TCFA, instituída pela
Lei6.938/81, alterada pela Lei 10.165/2000, destinada ao IBAMA no Sistema Integrado de
Recolhimento de Tributos - SIMPLES.2. O STF, no que diz respeito à natureza jurídica da Taxa
de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA, instituída pela Lei10.165/2000, que alterou a Lei
6.938/1981, por ocasião do julgamento do RE 416.601/DF, decidiu que a hipótese de
incidência da taxa em destaque decorre da fiscalização de atividades poluidoras e utilizadoras
de recursos ambientais, ou seja, remunera o exercício do poder de polícia do Estado exercido
pelo IBAMA.3. A forma simplificada de tributação (SIMPLES) engloba o recolhimento exclusivo
de tributos e contribuições expressamente elencados na Lei 9.317/96 e LC 123/2006. (grifo
nosso). Não se revela possível abranger no sistema de arrecadação diferenciado, por ausência
de previsão legal, a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental -TCFA, cuja finalidade específica
decorre do poder fiscalizador do IBAMA, em face da previsão contida no art. 145, II,da
Constituição Federal de 1988, conforme já decidiu o STF no julgamento do RE 416.601/DF.4.
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Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1242940 PR 2011/0055033-5, Relator: Ministro


BENEDITO GONÇALVES, Data de Julgamento: 23/10/2012, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 26/10/2012)

PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - AMBIENTAL - MULTA - CONFLITO DE


ATRIBUIÇÕES COMUNS - OMISSÃO DE ÓRGÃO ESTADUAL - POTENCIALIDADE DE DANO
AMBIENTAL A BEM DA UNIÃO - FISCALIZAÇÃO DO IBAMA - POSSIBILIDADE. 1. Havendo
omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, pode
o IBAMA exercer o seu poder de polícia administrativa, pois não há confundir competência
para licenciar com competência para fiscalizar. 2. A contrariedade à norma pode ser anterior
ou superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação da sanção não está
necessariamente vinculada à esfera do ente federal que a outorgou. 3. O pacto federativo
atribuiu competência aos quatro entes da federação para proteger o meio ambiente através
da fiscalização. 4. A competência constitucional para fiscalizar é comum aos órgãos do meio
ambiente das diversas esferas da federação, inclusive o art. 76 da Lei Federal n. 9.605/98 prevê
a possibilidade de atuação concomitante dos integrantes do SISNAMA. 5. Atividade
desenvolvida com risco de dano ambiental a bem da União pode ser fiscalizada pelo IBAMA,
ainda que a competência para licenciar seja de outro ente federado. Agravo regimental
provido (STJ - AgRg no REsp: 711405 PR 2004/0179014-0, Relator: Ministro HUMBERTO
MARTINS, Data de Julgamento: 28/04/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
15/05/2009)

24 7. Anotações do meu caderno

● CONAMA: APRECIAÇÃO, e não aprovação, dos estudos de impacto ambiental, e


respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional.
● EIA/RIMA é só para atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente.
● STJ: titulares dos cargos de técnico ambiental detêm poder para lavrar autos de infração
e instaurar processos administrativos, desde que designados para as atividades de
fiscalização.
● STF admite possibilidade de suspensão de atividade que cause dano ambiental grave em
detrimento de prejuízo econômico elevado.
● Lembrar que a licença ambiental é ato discricionário, devendo sopesar se será ou não
concedida a licença. A conclusão do EIA-RIMA não vincula a autoridade ambiental.
● Competência para licenciamento em UC: via de regra é o princípio do ente instituidor,
salvo em APA, que será princípio da extensão do dano.
● A competência de licenciamento dos estados é residual.
● A pena de demolição não possui autoexecutoriedade em caso de imóveis residenciais,
dado o caráter irreversível da medida. Necessário, portanto, o processo administrativo
que garanta contraditório e ampla defesa.
● STJ: obra concluída que afeta o meio ambiente não possui o atributo da
autoexecutoriedade.

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o Só é aplicada pela autoridade ambiental, após contraditório e ampla defesa,


quando verificada a construção de obra em área protegida em desacordo com
a legislação ambiental ou;
o Quando a obra ou construção não atenda às condicionantes da lei e não seja
passível de regularização.
● Quando há iminente risco de agravamento do dano ambiental, é possível a demolição
no ato da fiscalização. Esta não poderá ser utilizada para imóveis residenciais, visto a
irreversibilidade da medida. Necessita de ampla defesa e contraditório.
● A CF não determina expressamente a audiência pública para dar publicidade aos EPIA,
mas tão somente diz que se dará publicidade. Aquilo está expresso em LEI, e não na CF.
● São válidos os autos de infração administrativa lavrados antes de 22/07/2008.,
● AIA: Avaliação de Impacto Ambiental: instrumento de política ambiental, formado por
um conjunto de procedimentos capazes de assegurar que se faça um exame sistemático
dos impactos ambientais de uma ação proposta e de suas alternativas, e que os
resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela
tomada de decisões. É exigido nos projetos públicos e particulares, industriais e não
industriais, urbanos ou rurais, em áreas consideradas críticas de poluição ou não.
● A servidão ambiental não pode ser aplicada em áreas de reserva legal e áreas de
preservação permanente. A instituição da servidão ambiental deverá ser averbada na
matrícula do imóvel, bem como alienação cessão ou transferência. Sua proteção será
25 de, no mínimo, a aplicada para reserva legal.
● Inconstitucional disposição em Constituição Estadual que obrigava a submissão de
projetos ambientais de grande impacto à apreciação do Legislativo local.
● A lei não permite a substituição de multa local por multa federal, mas apenas o
contrário. Nessa mesma esteira, a competência comum dos entes justifica a imposição
de multa local pelo mesmo fato já sancionado na órbita federal, não havendo ilegítimo
bis in idem. Apenas se o examinador exigir uma postura mais reflexiva em uma questão
subjetiva mais aberta ou na prova oral que deve o candidato levantar esse tipo de
críticas.

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