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DIREITO AMBIENTAL

Zoneamento Ambiental e Sistema Nacional de


Unidades de Conservação da Natureza

Por Fernanda Evlaine


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SUMÁRIO

1. ZONEAMENTO AMBIENTAL.............................................................................................................3

2. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.........................................................................................................5

3. DISPOSITIVOS PARA O CICLOS DE LEGISLAÇÃO..............................................................................21

4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................22
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ATUALIZADO EM 29/01/2021

Zoneamento Ambiental e Unidades de Conservação da Natureza

1. ZONEAMENTO AMBIENTAL:

O zoneamento ambiental, também chamado de Zoneamento Econômico-Ecológico (ZEE), é


um dos instrumentos para a efetivação da Política Nacional do Meio Ambiente, nos termos previstos
no art. 9º, II, da Lei 6.938/81, sendo regulamentado pelo Decreto n. 4.297/2002. Trata-se de uma
modalidade de intervenção estatal sobre o território (tipo de limitação administrativa), a fim de
reparti-lo em zonas, consoante o melhor interesse na preservação ambiental e no uso sustentável dos
recursos naturais.

O ZEE deverá observar os princípios da função socioambiental da propriedade, da prevenção,


da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador, da participação informada, do acesso
equitativo e da integração, conforme expressa previsão regulamentar (art. 5º do Decreto n.
4.297/2002).

Cumpre ressaltar que, nos termos do art. 13, § 2º, da Lei 12.651/12 (Novo Código Florestal),
“os Estados que não possuem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos (ZEEs) segundo a
metodologia unificada, estabelecida em norma federal, terão o prazo de 5 (cinco) anos, a partir da
data da publicação desta Lei, para a sua elaboração e aprovação”.

A definição formal de zoneamento ambiental encontra-se prevista no art. 2º, do Decreto


4.297/02: é o instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação
de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelecendo medidas e padrões de proteção
ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo e a
conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das
condições de vida da população.

A finalidade de elaboração do ZEE é assegurar a plena manutenção do capital e serviços


ambientais dos ecossistemas por meio da organização, de forma vinculada, das decisões de agentes

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que utilizem recursos naturais
(art. 3º, caput, Dec. 4.297).

Quanto ao conteúdo, o ZEE dividirá o território em zonas, conforme as necessidades de


proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e desenvolvimento sustentável. Isso será
orientado pelos princípios da utilidade e simplicidade (art. 11, Dec).

Vale destacar que, se o zoneamento vedar a instalação de determinada atividade, por ser de
caráter vinculante, fica vedada a concessão de licença ambiental.

A competência para a realização do zoneamento será da União, em caso de zoneamento


nacional ou regional, quando tiver por objeto biomas brasileiros ou territórios abrangidos por planos e
projetos prioritários estabelecidos pelo Governo Federal (artigo 21, IX, da CRFB c/c o art. 6º do Decreto
4.297/02). A competência da União para elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e
regional também consta da LC 140/2011, na forma do seu artigo 7º, IX.

Já os Estados terão a incumbência de elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual,


em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional.

Apesar de inexistir previsão específica para os municípios, a CRFB, art. 30, VIII, afirma
competir a eles o adequado ordenamento territorial. Para a doutrina, essa previsão contém a
competência para o zoneamento.

Questão complexa é saber se a aprovação do zoneamento ambiental será feita por lei ou
mediante decreto. Muito embora inexista previsão constitucional ou legal para a instituição do ZEE por
lei em sentido estrito, consta do Decreto n. 4.297/2002 a exigência de processo legislativo de iniciativa
do poder executivo para a alteração do zoneamento (art. 19, §1º). Desta forma, no entendimento de
Frederico Amado, é possível concluir que a exigência de lei em sentido estrito para a alteração do ZEE
pressupõe, ainda que implicitamente, a sua aprovação por lei, de acordo com o princípio da simetria.
Calha lembrar que, no âmbito dos municípios, o zoneamento ambiental é um dos instrumentos para a
execução da Política Urbana (artigo 4.º, III, “c”, da Lei 10.257/2001), devendo ser considerado na
elaboração do Plano Diretor.

Salienta-se que a alteração só pode ser feita após 10 anos da conclusão ou última alteração, a
menos que seja para aumentar a proteção ou decorrente aprimoramento científico, e sujeito a
consulta pública e aprovação da comissão (art. 19 do Decreto n. 4.297/2002).

Entre os diplomas legais editados pela União com finalidade de estabelecimento de


zoneamento ambiental, podemos destacar a Lei n. 6.803 (zoneamento industrial), Lei n º 4.504
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(Estatuto da Terra, que estabelece zoneamento agrícola), Lei nº 7661 (Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro) e o Decreto n. 6961 (zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar).

2. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Pessoal, esse tema é importante e muito conceitual. Tenho certeza que no ciclo 1 vocês
ficarão um pouco tontos e confusos com a quantidade de conceitos e tipos de unidades, não se
assustem. Uma boa dica é verificar rapidamente o estilo das questões sobre essa parte do assunto, o
que pode ser feito com uma pesquisa no seu livro ou site de questões. Não precisa resolver, basta ler o
enunciado e a alternativa correta de algumas questões, apenas para sentir a profundidade e a forma
como o assunto é cobrado.

Bom, chega de papo. Vamos lá?

A lei 9.985/2000 institui o SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da


Natureza. Ela corresponde ao mandamento constitucional de definição de espaços territoriais
especialmente protegidos, no art. 225, §1º, III. Antes do SNUC, já havia previsão de alguns desses
espaços, como as áreas de proteção ambiental e estações ecológicas (Lei 6.902/81) e florestas
nacionais (antigo Código Florestal). A primeira UC, no Brasil, foi o Parque Nacional de Itatiaia, em
1937.

*#OLHAOGANCHO #OUSESABER: É inconstitucional a fixação de percentual mínimo para fins de


compensação ambiental no âmbito do SNUC. Na ADI 3378/DF, discutiu-se a constitucionalidade do
instrumento da compensação ambiental prevista no art. 36 da Lei n. 9.985/2000. Na ação, sustentava-
se a violação aos princípios da legalidade, da harmonia e independência dos Poderes, da razoabilidade
e proporcionalidade, além de alegar que o valor pago a título de compensação ambiental no momento
do licenciamento ambiental, sem prévia mensuração e comprovação do dano, acarretaria
enriquecimento ilícito ao Estado. No julgamento da referida ação, o STF, por maioria, julgou
parcialmente procedente o pedido formulado para declarar inconstitucionalidade, com redução de
texto, das expressões “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a
implantação do empreendimento” e “o percentual”, constantes do §1º do art. 36 da Lei n. 9.985/2000,
que preconiza que, nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo
impacto ambiental, o empreendedor fica obrigado a apoiar, nos termos que disciplina, a implantação e
manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Considerou-se que era
necessário retirar as expressões destacadas, em razão da possibilidade de haver empreendimentos
que não causassem impacto ambiental. Assim, o órgão ambiental competente é que fixaria o
montante compatível e proporcional ao grau de impacto ambiental do empreendimento analisado.
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*(Atualizado em 29/01/2021) DEOLHONAJURIS A compensação de danos ambientais ocorridos em
reserva legal em data anterior à vigência da Lei nº 12.651/2012 (Novo Código Florestal) não precisa ser
feita na mesma microbacia, sendo suficiente que ocorra no mesmo bioma do imóvel a ser
compensado. STJ. 1ª Turma. REsp 1.532.719-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
08/09/2020 (Info 679).

Há celeuma na Doutrina quanto ao alcance da expressão “espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos”, do art. 225, §1º, III, CF. Em sentido amplo, seriam
todas as áreas protegidas, englobando, por exemplo, as APPs. Em sentido estrito, Edis Milaré afirma
que seriam apenas os previstos na lei do SNUC e, em último caso, as chamadas unidades de
conservação atípicas, que se adequam ao conceito do art. 2º, I, sem previsão expressa na lei.

O conceito legal de Unidade de Conservação consta do art. 2º, I, da Lei do SNUC:


I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção;

O conceito pode incluir na área de UC o subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na
estabilidade do ecossistema (art. 24 da Lei 9.985/00). Paulo Bessa entende ser norma de
constitucionalidade duvidosa, uma vez que o subsolo é bem da união, cuja propriedade depende da do
solo.

Quanto ao subsolo, os limites serão definidos no ato de criação, para as UC de proteção


integral. Quanto às de uso sustentável, poderá ser ou no ato de criação ou no Plano de Manejo.

A Lei traz definições importantes, que merecem ser conferidas (art. 2º – ex.: conservação,
conservação in situ, preservação, diversidade biológica, proteção integral, uso direto, uso indireto e
uso sustentável, extrativismo, manejo, recuperação, restauração) e que são muito cobradas em
provas.

As UCs são divididas em 2 grandes grupos:

I) Unidades de Proteção Integral (UPI): têm por objetivo básico a preservação da natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na
própria lei. São espécies de UPI:

a. Estação Ecológica
b. Reserva Biológica
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c. Parque Nacional
d. Monumento Natural
e. Refúgio da Vida Silvestre

II) Unidades de Uso Sustentável (UUS): destinam-se à compatibilização entre a conservação


da natureza e o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Admite o uso direto e indireto,
de consumo e coleta. São espécies de UUS:

a. Área de proteção ambiental


b. Área de relevante interesse ecológico
c. Floresta nacional
d. Reserva extrativista
e. Reserva de fauna
f. Reserva de desenvolvimento sustentável
g. Reserva particular do patrimônio natural

#RESUMO

Unidades de Proteção Integral – UPI Unidades de Uso Sustentável – UUS

Estação Ecológica Área de proteção ambiental

Reserva Biológica Área de relevante interesse ecológico

Parque Nacional Floresta Nacional

Monumento Natural Reserva Extrativista

Refúgio da Vida Silvestre Reserva de Fauna

– Reserva de desenvolvimento sustentável

– Reserva particular do patrimônio natural

Excepcionalmente, para atender peculiaridades regionais ou locais, a critério do CONAMA,


podem integrar o SNUC, UC Estaduais e Municipais, que possuam objetivos de manejo que não possam
ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista na Lei do SNUC e cujas características
permitam, em relação a estas, uma clara distinção. Para Vladimir Passos de Freitas, as UCs elencadas
na Lei 9.985/00 são meramente exemplificativas.
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2.1. Gestão do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

A gestão do SNUC é disciplinada no art. 6º da lei n.9.985/2000, e compõe-se de:

a. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA) – órgão consultivo e deliberativo,


com atribuições para acompanhar a implementação do sistema;

b. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – órgão central, com finalidade de coordenar o sistema;

c. INSTITUTO CHICO MENDES (ICMBIO) E IBAMA e, em caráter supletivo, os órgãos estaduais


e municipais – órgãos executores, com finalidade de implementar o SNUC, subsidiar as
propostas de criação e administrar as UC federais, estaduais e municipais, nas suas esferas
de atuação.

2.1.1. Unidades em Espécie – Unidades de Proteção Integral:

Primeiramente analisaremos as unidades de Proteção Integral, conforme o art. 8º, tratam-se


de 5 espécies, vejamos:
#ATENÇÃO #NÃOVÁCONFUNDIR – Nas unidades de conservação de proteção integral não são
permitidas atividades com finalidades lucrativas. (ERRADO).

Atenção! Tais unidades não podem ter finalidade lucrativa, contudo, é possível que dentro de
tais unidades sejam desenvolvidas determinadas atividades que gerem lucro. Por exemplo, muitas
unidades de conservação contam com restaurantes, serviços de turismo ecológico, atividades que
geram lucro, porém, isso não desvirtua a finalidade precípua da Unidade de Conservação que é a
preservação do meio ambiente.

2.1.1.1. Estação Ecológica (art. 9°):


Visa à preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. É de propriedade
pública, devendo as áreas particulares incluídas em seus limites serem desapropriadas.
Permite-se apenas o uso indireto dos atributos naturais, sendo vedado consumo, coleta,
dano, ou destruição dos recursos naturais. A visitação pública é proibida, salvo objetivo educativo. A
pesquisa depende de autorização prévia e condições especificadas pelo órgão responsável pela gestão.
A alteração de ecossistemas é permitida apenas nos casos de medidas que visem:
a) A restauração de ecossistemas modificados;
b) Manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;
c) Coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;
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d) Pesquisas científicas, em área de no máximo 3% da extensão total, limitado a 1.500
hectares.

2.1.1.2. Reserva Biológica (art. 10):


A Reserva Biológica visa à preservação integral da biota2 e demais atributos naturais
existentes, sem interferência humana direta. As modificações ambientais permitidas são apenas:
a) Medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados;
b) Ações de manejo necessárias para recuperar e preservar;
c) Equilíbrio natural;
d) Diversidade biológica;
e) Processos ecológicos naturais.
A reserva biológica é de posse e domínio públicos, devendo as áreas particulares incluídas em
seus limites serem desapropriadas. A visitação pública é proibida, salvo objetivo educativo. A pesquisa
depende de autorização prévia e condições especificadas pelo órgão responsável pela gestão da UC.

2.1.1.3. Parque Nacional (art. 11):


O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de
grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e integração ambiental, de recreação em contato com a
natureza e de turismo ecológico.
#JÁCAIUEMPROVA: Nos parques nacionais, que são unidades de proteção integral, é
permitida a realização de atividades educacionais e de recreação bem como o turismo ecológico.
(CERTO).
O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, e as áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas. É forma de conservação in situ. Nele, é absolutamente vedada a
exploração econômica dos recursos naturais.
#JÁCAIUEMPROVA #CESPE: Áreas particulares dentro do perímetro do parque em
consideração podem ser exploradas economicamente, desde que se observe o plano de manejo da
unidade. (ERRADO).
A visitação pública está sujeita às normas e restrições no Plano de Manejo da unidade, além
das estabelecidas pelo órgão responsável e as previstas em regulamento.

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Conjunto de todos os seres vivos de uma região.
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A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração
da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas
em regulamento.
Se criadas por Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e
Parque Natural Municipal.

2.1.1.4. Monumento Natural (art. 12):


O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares
ou de grande beleza cênica.
Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os
objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.
Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo
aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da
unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área deve ser
desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.
A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo
da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas
em regulamento.

2.1.1.5. Refúgio da Vida Silvestre (art. 13)


O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e
da fauna residente ou migratória.
Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os
objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.
Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo
aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da
unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser
desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.
A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da
unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas
em regulamento.
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A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração
da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas
em regulamento.
#RESUMO

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Proibida a Pesquisa
Preservar a
visitação científica
ESTAÇÃO natureza e Posse e Áreas
pública, depende de Conselho
ECOLÓGICA realizar domínio particulares serão
exceto com autorização Consultivo.
(ART. 9º) pesquisas públicos. desapropriadas.
objetivo prévia do órgão
científicas.
educacional. responsável.

Preservar Proibida a
Pesquisa
integralmente a visitação
RESERVA Posse e Áreas depende de
biota e demais pública, Conselho
BIOLÓGICA domínio particulares serão autorização
atributos exceto com Consultivo.
(ART. 10) públicos. desapropriadas. prévia do órgão
naturais objetivo
responsável.
existentes. educacional.

Preservar
Visitação está
Ecossistemas Pesquisa
sujeita a
PARQUE naturais de Posse e Áreas depende de
normas e Conselho
NACIONAL grande domínio particulares serão autorização
restrições do Consultivo.
(ART. 11) relevância públicos. desapropriadas. prévia do órgão
Plano de
ecológica e responsável.
Manejo.
beleza cênica.

MONUMENT Preservar sítios A lei não Pode ser Visitação está Pesquisa Conselho

O NATURAL naturais raros, fala que constituído por sujeita a depende de Consultivo.

(ART. 12) singulares ou de são de áreas normas e autorização


grande beleza posse e particulares, restrições do prévia do órgão
cênica. domínio desde que haja Plano de responsável
públicos compatibilidade Manejo
entre os objetivos (art. 32, §2º).
da unidade com a
utilização pelo
proprietário.
Caso contrário,
12
haverá
desapropriação.

Pode ser
constituído por
Proteger
áreas
ambientes
particulares,
naturais para a A lei não Visitação está
desde que haja Pesquisa
REFÚGIO DA existência ou fala que sujeita a
compatibilidade depende de
VIDA reprodução de são de normas e Conselho
entre os objetivos autorização
SILVESTRE espécies ou posse e restrições do Consultivo.
da unidade com a prévia do órgão
(ART. 13) comunidades de domínio Plano de
utilização pelo responsável.
flora local e da públicos Manejo.
proprietário.
fauna residente
Caso contrário,
ou migratória.
haverá
desapropriação.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços


territoriais especialmente protegidos, como é o caso das unidades de conservação, por meio de
medida provisória. Isso viola o art. 225, § 1º, III, da CF/88. Assim a redução ou supressão de unidade de
conservação somente é permitida mediante lei em sentido formal. A medida provisória possui força de
lei, mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido estrito. A proteção ao meio ambiente é um
limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do
elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF. Plenário.ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).

2.1.2. Unidades em Espécie – Unidades de Uso Sustentável:


2.1.2.1. Áreas de Proteção Ambiental/APA (art. 15):
A área de proteção ambiental foi criada pela Lei n 6.902/81 e pode ser conceituada como uma
área, em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos,
bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar
das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar
o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

É constituída por terras públicas ou privadas e pode haver normas e restrições para a
utilização da propriedade privada.
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A pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público terá condições
estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário
estabelecê-las, observadas as exigências e restrições legais.

Disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e


constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da
população residente, conforme regulamento.

2.1.2.2. Áreas de Relevante Interesse Ecológico (art. 16):


Previstas inicialmente no Decreto 89.336/84, são áreas em geral de pequena extensão, com
pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abrigam
exemplares raros da biota regional. Têm como objetivo manter os ecossistemas naturais de
importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com
os objetivos de conservação da natureza.
A área de relevante interesse ecológico é constituída por terras públicas ou privadas,
podendo ser estabelecidas restrições para a utilização em propriedades privadas. Nesses casos, em
princípio, não será devida indenização.

2.1.2.3. Floresta Nacional (Art. 17):


É área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo
básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em
métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

É de posse e domínio públicos, e as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas.

Admite-se a permanência de populações tradicionais que a habitavam quando de sua


criação, conforme o regulamento e o Plano de Manejo da unidade. Caso a permanência das
populações tradicionais seja incompatível com a instituição da Floresta Nacional, serão as mesmas
indenizadas e reassentadas em área de características que respeitem seus modos de vida e suas
fontes de subsistência.

A visitação pública é permitida, conforme Plano de Manejo. A pesquisa é permitida e


incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade,
às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento.
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Disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração
e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for
o caso, das populações tradicionais residentes.

Criada por Estado ou Município, chamar-se-á Floresta Estadual ou Floresta Municipal.

2.1.2.4. Reserva Extrativista (Art. 18):


É uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no
extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de
pequeno porte. Tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas
populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.

A Reserva Extrativista é de domínio público, e as áreas particulares incluídas em seus limites


devem ser desapropriadas. Será concedido uso às populações extrativistas tradicionais, o que deve
ser regulado por contrato. A concessão é direito real de uso a título gratuito, intransferível e
condicionado ao cumprimento dos requisitos. As populações se obrigam a participar da preservação,
recuperação, defesa e manutenção da UC. O uso dos recursos naturais deve obedecer, além das
normas do plano de manejo e contrato:

● Proibição de uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que


danifiquem seus habitats.

● Proibição de práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos ecossistemas.

São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional. A


exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações
especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme
regulamento e Plano de Manejo.

A UC será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade
civil e das populações tradicionais residentes na área. O Plano de Manejo da unidade será aprovado
por este conselho.

A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo
com o disposto no Plano de Manejo da área. A pesquisa científica é permitida e incentivada,
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da UC, e sujeitando-se a
normas previstas em regulamento.
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2.1.2.5. Reserva de Fauna (art. 19):
É área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas,
residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico
sustentável de recursos faunísticos. É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional.
É de posse e domínio públicos, e as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de
acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração.
A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao
disposto nas leis sobre fauna e regulamentos.

2.1.2.6. Reserva de Desenvolvimento Sustentável (art. 20):


É uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas
sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às
condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na
manutenção da diversidade biológica.
Tem como objetivo básico preservar a natureza e assegurar as condições e os meios
necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos
recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o
conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações.
É de domínio público, e as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas. A posse e uso da terra pelas populações tradicionais será regulada por contrato. Elas
se obrigam a participar da preservação, recuperação, defesa e manutenção da UC. O uso dos recursos
naturais deve obedecer, além das normas do plano de manejo e contrato:
 Proibição de uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que
danifiquem seus habitats.
 Proibição de práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos
ecossistemas.
A UC será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil
e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de
criação da unidade.
As atividades desenvolvidas obedecerão às seguintes condições:
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 É permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os
interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área;
 É permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à
melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental,
sujeitando-se a prévia autorização do órgão de administração, a condições e
restrições, deles, e ao regulamento;
 Deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a
conservação; e
 É admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de
manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis,
desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área.
O Plano de Manejo definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de
amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo.

2.1.2.7. Reserva Particular do Patrimônio Natural (art. 21):


A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade,
com o objetivo de conservar a diversidade biológica. Este gravame constará de termo de
compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e
será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.3
Só poderá ser permitida, conforme regulamento:
a) a pesquisa científica;
b) a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.
Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica
e científica ao proprietário de Reserva para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de
Gestão da unidade.
São vantagens: isenção de ITR (art. 104, p.u., Lei 8.171/91), preferência na concessão de
recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente e crédito agrícola, nas instituições de crédito oficiais
(Decreto n./ 1.922/96, arts. 12 e 13).
OBS: A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários e de acesso
aos recursos de fundos públicos, à Reserva Particular do Patrimônio Natural (Art. 9º-B, Lei 6.938,
redação pelo Novo CFlo, Lei 12.615/12).

3
Tema cobrado no PC-PA/2016 (FUNCAB).
17
2.2.3 Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação:

2.1.3.1. Normas Gerais:

● Criadas por ato do Poder Público.

Para Paulo Bessa Antunes, a criação se dá por decreto, enquanto para Vladimir Passos de
Freitas, por lei, decreto ou resolução. Frederico Amado entende que a criação ocorre por lei ou
decreto.

A depender da modalidade, podem ser compostas de área pública ou particular. Neste último
caso, será necessária sua desapropriação, por utilidade pública. A Lei do SNUC, no art. 45, exclui da
indenização as espécies arbóreas declaradas imunes ao corte, os lucros cessantes, juros compostos e
áreas sem prova inequívoca do domínio anterior.

A criação deve ser precedida de estudos técnicos e consulta pública. A consulta pública,
concretização do princípio democrático, visa subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos
limites mais adequados (art. 5º, Dec. 4.340/02). O STF (MS 24.184/2003) já decidiu que ela não pode
ser dispensada, sob pena de invalidade do ato de criação, apesar de não ser vinculativa. Frise-se que a
consulta pública é dispensada para estações ecológicas e reservas biológicas, uma vez que o interesse
público é presumido. A mera ampliação dos limites territoriais, sem redução em outras áreas,
depende dos requisitos da criação. No MS 25.347/2010, o STF entendeu não haver ilegalidade na
criação de mais de um tipo de UC pelo mesmo procedimento administrativo 4.

#ATENÇÃO #VAICAIRNAPROVA #JÁCAIU

É possível a transformação de UC de uso sustentável em UC de proteção integral, total ou


parcialmente, por meio de instrumento normativo de mesmo grau hierárquico que o da criação,
obedecendo os procedimentos de prévio estudo técnico e consulta pública. A transformação de UC de
proteção integral para UC de uso sustentável, por sua vez, depende de lei.

A desafetação ou redução dos limites de uma UC apenas pode se dar por meio de lei
específica5 (exceção ao princípio do paralelismo das formas), já que o art. 225, §1º, III, CRFB, afirma
que alteração e supressão somente podem ser feitas por lei.

Durante os estudos técnicos, podem ser instituídas limitações administrativas provisórias ao


exercício de atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação
ambiental, pelo prazo improrrogável de sete meses. Essas limitações visam a proteção cautelar da
área, quando houver risco de dano grave aos recursos ali existentes, a critério do órgão competente.
4
Tema cobrado no PC-PA/2016 (FUNCAB).
5
CAI MUITO EM PROVA, ATENÇÃO! Tema cobrado no TJPR/2017 (CESPE).
18
Nelas, não serão permitidas atividades que importem em exploração a corte raso da floresta e demais
vegetações nativas. Ficam ressalvadas as atividades agropecuárias e outras atividades econômicas
em andamento, bem como obras públicas licenciadas (art. 22-A, Lei 9.985/2000).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

A partir da criação da UC, as licenças ambientais anteriormente outorgadas tornam-se imediatamente


inválidas, pela incompatibilidade de regimes jurídicos, conforme entende o STJ (RESP
1.122.909-SC/2009).

2.1.3.2. Zonas de Amortecimento:

Zona de amortecimento é o entorno de uma UC, onde as atividades humanas estão sujeitas a
normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a UC (art.
2º, XVIII, Lei do SNUC). Todas as UC devem possuir uma zona de amortecimento, salvo as Áreas de
proteção ambiental e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (art. 25, caput).

Pela inexistência de definição dos limites em lei, eles podem ser definidos no ato de criação
da UC ou posteriormente, devendo ser ouvidos os proprietários e possuidores das áreas. 6

Cabe ao órgão de administração da UC estabelecer normas específicas regulamentando a


ocupação e o uso dos recursos da zona. Se o regime for incompatível com o uso anterior da
propriedade, o Poder Público deve indenizar o proprietário, ou, em último caso, deve desapropriar.

A zona de uma UC de proteção integral, uma vez definida formalmente, não pode ser
transformada em zona urbana.

2.3.3.3. Corredor ecológico:

São porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação,


que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de
espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam, para a sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquelas da UC individual (Art.
2º, XIX Lei do SNUC). São instituídos pelo Ministério do Meio Ambiente (art. 11, Dec. 4.340/02) e
terão o mesmo tratamento de uma zona de amortecimento, a menos que integrem um mosaico.

2.3.3.4. Mosaico de UCs:

Conjunto de Unidades de Conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas


ou sobrepostas e outras áreas protegidas, públicas ou privadas. Os corredores integram o mosaico.
Esse mosaico exige gestão integrada e participativa, feita por um conselho de mosaico, que
6
Tema cobrado no TRF 2ª Região/2017.
19
considerará os distintos objetivos de conservação, para compatibilizar a presença da biodiversidade,
valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. É reconhecido
em ato do Ministério do Meio Ambiente, a pedido de órgãos gestores das UC.

2.3.3.5. Plano de manejo – art. 27

É documento técnico mediante o qual se estabelece seu zoneamento e as normas que devem
presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à gestão da UC. Tem caráter vinculante.

OBS: Zoneamento é a definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com


objetivos de manejo e normas específicas, com o intuito de proporcionar os meios e as condições para
que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz.

O plano, que deve ser elaborado em até 5 anos a partir da criação da UC, deve abranger a
área da UC, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, devendo incluir medidas com o
fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.

É garantida a ampla participação da população residente na atualização e implementação em


Reservas Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Áreas de Proteção Ambiental e,
quando couber, das Florestas Nacionais e Áreas de Relevante Interesse Ecológico.

Nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais UC, o plano de
manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de organismos
geneticamente modificados, observada as informações técnicas da CTNBio (Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança) sobre:

a) O registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres;

b) As características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente


modificado;

c) O isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus


ancestrais diretos e parentes silvestres; e

d) Situações de risco do organismo geneticamente modificado à biodiversidade.

● UC de proteção integral: até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e
obras desenvolvidas devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a
20
unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais as condições e os meios
necessários para a satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais.

2.3.3.6. Espécies não autóctones:

São espécies não originárias da unidade de conservação. Em regra, não será permitida a sua
introdução em UC, salvo, na presença de plano de manejo, em:

• APA – Área de Proteção Ambiental

• FLONA – Floresta Nacional

• RESEX – Reserva Extrativista

• RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável

2.3.3.7. Doações:

Os órgãos responsáveis pela administração das UC podem receber doações e recursos


nacionais ou internacionais. A administração desses recursos caberá ao órgão gestor da unidade. Sua
utilização deve se dar exclusivamente na implantação, gestão e manutenção da UC.

2.3.3.8. Conselho Consultivo – art. 29:

Obrigatório nas Unidades de Conservação de Proteção Integral. É presidido pelo órgão


responsável pela administração da UC e constituído por representantes de órgãos públicos,
organizações da sociedade civil, proprietários de terras em UC de Refúgio da Vida Silvestre ou
Monumento Natural, quando for o caso, e das populações tradicionais, enquanto ainda não
remanejadas, nas UC que não as permitem.

Têm Conselho Deliberativo:

a) Reserva Extrativista

b) Reserva de Desenvolvimento Sustentável

c) Reserva de Biosfera (tratada a frente)

2.3.3.9. Gestão compartilhada com OSCIP – art. 30:

Podem ser geridas por organizações da sociedade civil de interesse público com objetivos
afins aos da unidade, mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão.
Frederico Amado entende que a referida possibilidade é inconstitucional, pois importa em delegação
do poder de polícia, que é atividade estatal indelegável.

2.3.3.10. Taxa de Visitação – art. 35:


21
Pode ser cobrada quando se tratar de unidade de conservação de proteção integral, e seus
recursos devem ser aplicados nas áreas. Não foram definidos pressupostos básicos da cobrança.

2.3.3.11. Compensação por significativo impacto ambiental negativo – art. 36:

Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimento de significativo impacto


ambiental, conforme o órgão ambiental competente, fundamentado em EIA/RIMA, o empreendedor é
obrigado a apoiar a implantação e manutenção da unidade de conservação de proteção integral.

O montante de recursos é destinado a essa finalidade, sendo o percentual fixado pelo órgão
ambiental licenciador, conforme o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. É a
realização do princípio do usuário-pagador.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

STF ADI 3.378/2008: declarou inconstitucional a expressão que previa que o montante “não pode ser
inferior a 0,5% dos custos totais de implantação do empreendimento”. Entendeu que o valor da
compensação deve ser fixado proporcionalmente o impacto ambiental, após estudo que assegurasse
contraditório e ampla defesa, que prescinde de fixação percentual sobre os custos do
empreendimento.

Em retrocesso, por ser prejudicial às UC, o Dec. 6.848/2009, que alterou o Dec. 4.340/02,
estabeleceu regras para o cálculo do valor, limitando a 0,5% dos custos totais.

O órgão licenciador definirá as UC beneficiadas, considerando o EIA/RIMA, ouvindo o


empreendedor. Pode, até mesmo, ser criada nova UC. Se o empreendimento afetar UC específica ou
sua zona de amortecimento, o licenciamento dependerá de autorização do órgão responsável por sua
administração, devendo a UC ser beneficiada, mesmo que não seja de proteção integral.

No RESP 896.863/2011, o STJ afirmou que, se o dano ambiental já tiver sido alvo de
compensação ambiental, não deve gerar a responsabilidade civil posterior do empreendedor, sob
pena de bis in idem. Apenas no caso de dano ambiental não previsto no EIA/RIMA é que será possível
a posterior responsabilização.

Destaque-se, por fim, que o Novo Código Florestal proporciona aos proprietários localizados
nas zonas de amortecimento de UC de proteção integral a possibilidade de receber apoio técnico-
financeiro decorrente da compensação ambiental, com a finalidade de recuperação e manutenção
das áreas prioritárias para a gestão da unidade.

2.3.3.12. Populações tradicionais:


22
Em que pese a lei 9.985/2000 não ter definido o termo, a ideia de populações tradicionais
está essencialmente ligada à preservação de valores, de tradições, de cultura. O Decreto 6.040/2007,
art. 3º, I, que aprovou a política nacional de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades
tradicionais define como: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que
possuem recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

São considerados como tal os povos indígenas, quilombolas, seringueiros, pescadores


artesanais, extrativistas, caiçaras, entre outros. É possível sua manutenção, desde que observem o
regime jurídico de utilização dos recursos de cada modalidade, nas:

a) Áreas de proteção ambiental

b) Áreas de relevante interesse ecológico

c) Florestas nacionais

d) Reservas extrativistas

e) Reservas de desenvolvimento sustentável

Nas UC que não podem mantê-los, por manifesta incompatibilidade, as populações serão
indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo poder
público em lugar e condições acordados entre as partes, devendo o poder público priorizar o seu
reassentamento. Até que isso ocorra, serão estabelecidas normas e ações específicas destinadas a
compatibilizar a sua presença.

2.3.3.13. Competência para o licenciamento ambiental em UC:

Nos termos da LC 140/2011, salvo no que concerne às áreas de proteção ambiental (APA), a
competência observará o critério do ente federativo instituidor do referido espaço com regime
especial de proteção. Logo, as UC da União serão licenciadas pelo IBAMA.

2.3.3.14. Outras disposições:


23
A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos
recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de
conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural,
dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a pagamento, conforme disposto em
regulamento.

#ATENÇÃO

Por fim, temos ainda as reservas de biofesra, tema que ocasionalmente é cobrado em provas, vejamos
seus principais aspectos que foram grifados a seguir:

Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada,


participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da
diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a
educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das
populações.(Regulamento)

§ 1º A Reserva da Biosfera é constituída por:


24
I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;

II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não resultem em
dano para as áreas-núcleo; e

III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo
dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis.

§ 2o A Reserva da Biosfera é constituída por áreas de domínio público ou privado.

§ 3o A Reserva da Biosfera pode ser integrada por unidades de conservação já criadas pelo Poder
Público, respeitadas as normas legais que disciplinam o manejo de cada categoria específica.

§ 4o A Reserva da Biosfera é gerida por um Conselho Deliberativo, formado por representantes de


instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se
dispuser em regulamento e no ato de constituição da unidade.

§ 5o A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O Homem e a Biosfera –


MAB", estabelecido pela Unesco, organização da qual o Brasil é membro.

4. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Artigo nº 225
Lei 9985/2000 Leitura Integral
Lei 11.284/2006 Leitura Integral

5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Esse material é uma fusão das seguintes fontes:

1. Direito Ambiental, coleção Sinopses – Talden Faria e outros – Editora Juspodivm.

2. Resumo de Direito Ambiental Esquematizado – Frederico Amado – Editora Juspodivm.

3. Coleção resumos para concursos, Direito Ambiental – Frederico Amado.

4. Informativos esquematizados do Dizer o Direito – Márcio André Cavalcante Lopes.

5. Anotações pessoais de aulas.

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