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DIREITO AMBIENTAL

PROTEÇÃO ÀS FLORESTAS

Por Fernanda Evlaine


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SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................................................3
2. ÁREAS FLORESTAIS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO CÓDIGO FLORESTAL...............................................5
3. GESTÃO DAS FLORESTAS PÚBLICAS – LEI 11.284/06.....................................................................................18
4. DISPOSITIVOS PARA O CICLOS DE LEGISLAÇÃO.............................................................................................24
5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................................24
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ATUALIZADO EM 05/05/2022

PROTEÇÃO ÀS FLORESTAS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

A Lei 12.651/12, inicialmente denominada “Novo Código Florestal”, teve sua ementa alterada,
suprimindo a menção ao termo “Código”. Assim, a nova lei não se denomina Código, pois o texto não é um
conjunto sistematizado de normas relativas às florestas. Na verdade, a legislação sobre o tema se encontra
dispersa e a abrangência da Lei 12.651/12 é limitada.

Abrangência da Lei 12.651/12

O antigo Código Florestal (1934) disciplinava todas as modalidades de florestas brasileiras, com ênfase
na produção de madeira. Tratava dos monumentos naturais, florestas protetoras, florestas de rendimentos
(produção de madeira), florestas remanescentes (as demais).

O de 1965 manteve basicamente os institutos do anterior, mas sua abrangência diminuiu com o
tempo, devido à criação de leis especiais que tiraram aos poucos seu âmbito de atuação, como a Lei das
Unidades de Conservação, Lei da Mata Atlântica, Lei de diversidade biológica, Lei de Gestão das Florestas
Públicas, dentre outras.

Dessa forma, o novo “Código Florestal” ficou reservado, praticamente, para áreas particulares. Porém,
mantendo a tradição, nos referimos à Lei 12.651 como NCF (Novo Código Florestal).

O principal ponto negativo foi a instituição das chamadas “áreas consolidadas”, espaços degradados
por desobediência à legislação anterior e cujos infratores foram anistiados. Houve, assim, o reconhecimento de
fatos consumados sem medidas de recuperação do que foi desmatado no passado, premiando quem
descumpriu a lei. Por outro lado, os defensores da anistia argumentam que as áreas consolidadas foram criadas
para compatibilizar a proteção do meio ambiente com as atividades já realizadas, por motivo de segurança
jurídica. A ampla anistia foi abrandada por alguns vetos e pela MP 571.

O art. 1º-A estabeleceu que o fundamento central no Novo Código é a proteção e uso sustentável das
florestas e o desenvolvimento sustentável é o objetivo a ser alcançado (art. 1º-A, parágrafo único).

Foram poucas as mudanças com o Novo Código em termos gerais e estruturais, já que a lei aprovada
permitiu somente ajustes pontuais para adequação da situação de fato à situação de direito pretendida pela
legislação ambiental.

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Nesse sentido, a proteção do meio ambiente natural continua sendo obrigação do proprietário,
mediante a manutenção de espaços protegidos de propriedade privada, divididos entre Área de Preservação
Permanente (APP) e Reserva Legal (RL). Uma novidade está na implementação e fiscalização desses espaços,
agora sujeitos ao Cadastro Ambiental Rural (CAR).

#NÃOCONFUNDA

Precisa ser registrada no Cadastro Ambiental Rural -


Reserva Legal (RL)
CAR
Não precisa ser registrada no Cadastro Ambiental
Área de Preservação Permanente (APP)
Rural - CAR

O Código Florestal protege: florestas, demais formas de vegetação e as terras propriamente ditas.
Vejamos:

Art. 2o As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa,


reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País,
exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei
estabelecem.

Exprimir que as florestas e demais formas de vegetação “são bens de interesse comum a todos”
significa que, embora o domínio da floresta seja público ou privado, o interesse deve ser compreendido como a
faculdade legal e constitucionalmente assegurada a qualquer indivíduo de exigir, administrativa ou
judicialmente, do titular do domínio, que ele preserve a sua boa condição ecológica.

#ATENÇÃO: As APP’s e as áreas de Reservar Legal, bem como outros espaços territoriais especialmente
protegidos, estão isentas do pagamento do Imposto Territorial Rural – ITR, de acordo com a Lei n. 9.393/96.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE:

O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu: 1) declarar a


inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações necessárias à realização de
competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº
12.651/2012; 2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se condicionar
a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica
e/ou locacional à atividade proposta; 3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao
art. 4º, IV, para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes
configuram área de preservação permanente; 4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas”
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e “tituladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único; 5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art.
48, § 2º, para permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica; 6) deve-se dar interpretação
conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no decurso da execução dos termos de
compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja
dos ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se
extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará
interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”. Todos os demais dispositivos da Lei foram
considerados constitucionais. STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF,
Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 28/2/2018 (Info 892).

2. ÁREAS FLORESTAIS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO CÓDIGO FLORESTAL:

Área de Preservação Permanente - APP: “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas ” (Art.
3º, II).

A APP é caracterizada pela intocabilidade dos recursos naturais da área, salvo casos de utilidade
pública ou interesse social ou outros definidos na Lei 12.651/12.

Basicamente a APP tem a função de preservar a água, o solo, a paisagem, a fauna e a flora. São dois os
tipos de área de preservação permanente: as legais (ex lege), que são as áreas taxativamente previstas pelo
Código Florestal, e as administrativas, que são as áreas criadas por ato do Poder Público municipal, estadual ou
federal, de acordo com a conveniência e oportunidade do caso concreto.

É importante destacar que as APPs ex lege possuem natureza jurídica de limitação administrativa, que
são restrições gerais impostas à propriedade privada pelo Poder Público mediante lei, tendo em vista a
promoção do bem comum, de maneira que em regra o proprietário não terá direito à indenização.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
(...) 2. A jurisprudência desta Corte está firmada no sentido de que os deveres associados às APPs e à
Reserva Legal têm natureza de obrigação propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou posse,
independente do fato de ter sido ou não o proprietário o autor da degradação ambiental.
Casos em que não há falar em culpa ou nexo causal como determinantes do dever de recuperar a área
de preservação permanente. (AgRg no Resp 1.367.986/SP - Relator: Min. Humberto Martins – decisão publicada
no DJe de 12.03.2014)

#ATENÇÃO
Ainda que haja instituição de APP em parte de imóvel urbano privado, a área não passa para o domínio
público e continua submetida ao pagamento de impostos:
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O fato de parte de um imóvel urbano ter sido declarada como Área de Preservação Permanente (APP)
e, além disso, sofrer restrição administrativa consistente na proibição de construir (nota non edificandi) não
impede a incidência de IPTU sobre toda a área do imóvel. (AgRg no REsp 1.469.057-AC, Segunda Turma, DJe
20/10/2014. REsp 1.482.184-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/3/2015, DJe 24/3/2015. - Info 558).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: É inconstitucional lei estadual prevendo que é possível a supressão de


vegetal em Área de Preservação Permanente(APP para a realização de “pequenas construções com área máxima
de 190 metros quadrados, utilizadas exclusivamente para lazer”. Essa lei possui vícios de inconstitucionalidade
formal e material. Há inconstitucionalidade formal porque o Código Florestal(lei federal que prevê as normas
gerais sobre o tema, nos termos do art. 24, § 1º, da CF/88) não permite a instalação em APP de qualquer tipo de
edificação com finalidade meramente recreativa. Existe também inconstitucionalidade material porque houve
um excesso e abuso da lei estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, cujo titular é a coletividade em face do direito de lazer individual. STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/9/2018 (Info 916).

2.1. FLORESTAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE PELO EFEITO DO CÓDIGO FLORESTAL:

Os Estados poderão estabelecer, em sua legislação própria, outros critérios para que se definam locais
nos quais a flora será considerada de preservação permanente, já que o Código Florestal é tido como lei geral
(nacional).

O disposto no artigo 19, parágrafo 1º da Lei Estadual nº 10.561/91 não conflita com o preceito
contido no artigo 21, parágrafo único do Código Florestal. Trata-se aquela de lei especial, compatível com o
tratamento genérico da norma federal. (REsp 246531/MG)

Nesse sentido, estabelece o art. 4º a definição de Área de Preservação Permanente:

Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos
desta Lei:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os


efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: [...]

A preocupação do art. 4º, I, “a”, “b”, “c”, “d” e “e” do Código Florestal situa-se na preservação da
vegetação que protege os cursos d’água, diante de sua relevância. A remoção da cobertura vegetal reduz o
intervalo de tempo observado entre a queda da chuva e os efeitos nos cursos d’água (deflúvio de base), diminui
a capacidade de retenção de água nas bacias hidrográficas e aumenta o pico de cheias. Ademais, a cobertura
vegetal limita a possibilidade de erosão do solo, minimizando a poluição dos cursos de água por sedimentos.

Note-se que a Lei n. 12.727/12 fez sensível alteração para estabelecer que apenas as faixas marginais
de curso d’água natural perene (que possui água corrente durante todo o ano) e intermitente/temporário
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(aquele que, naturalmente, não apresenta escoamento superficial em alguns períodos do ano; seca em período
de escassez de chuva) são APPs, excluindo os rios efêmeros (que têm escoamento superficial apenas durante
ou imediatamente após períodos de precipitação).

Vejamos tabela que resume as hipóteses do inciso I:

*(Atualizado em 05/05/2022):

Largura do curso d’água Extensão da APP


Curso d’água com menos de 10 metros de largura Faixa de 30 (trinta) metros
Cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 Faixa de 50 (trinta) metros
(cinquenta) metros de largura
Cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 Faixa de 100 (cem) metros
(duzentos) metros de largura
Cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 Faixa de 200 (duzentos) metros
(seiscentos) metros de largura
Cursos d’água que tenham largura superior a 600 Faixa de 500 (quinhentos) metros
(seiscentos) metros

Vale ressaltar que a linha inicial de demarcação da largura das APPs foi alterada, reduzindo a dimensão
das APPs: mede-se, agora, não a partir do nível mais alto do corpo de água (nível alcançado com a cheia
sazonal), mas sim da “da borda da calha do leito regular”. OFF TOPIC: eu sei, não tá fácil pra ninguém... kkkkk
mas quem reclama não aprende, então vamo simbora!

II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:

a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de
superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou


represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação
topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento)
na linha de maior declive;

VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII - os manguezais, em toda a sua extensão;


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VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a
100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e
inclinação média maior que 25°.

X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros.

XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta)


metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.

§ 1º Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água
que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais.

§ 4º Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica
dispensada a reserva da faixa de proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas
de vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente
- SISNAMA. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).

A proteção das florestas e demais formas de vegetação que se encontrem no topo dos morros,
montes, montanhas e serras tem a finalidade de preservar a integridade dos acidentes geográficos, evitando,
ainda, enchentes e inundações nos térreos mais baixos (a vegetação constitui barreira natural).

Ademais, o simples efeito da vigência do Código Florestal fez com que as restingas, fixadoras de dunas
ou estabilizadoras de mangue, fossem consideradas como de preservação permanente.

As florestas de preservação permanente por efeito da lei só podem ser suprimidas por outra lei,
diante do princípio da similitude das formas.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo
de proteção marginal dos cursos d'água, em toda sua extensão, fixado pelo Código Florestal. A norma
federal conferiu uma proteção mínima, cabendo à legislação municipal apenas intensificar o grau de
proteção às margens dos cursos d'água, ou quando muito, manter o patamar de proteção (jamais
reduzir a proteção ambiental). STJ. 2ª Turma. AREsp 1.312.435-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
07/02/2019 (Info 643).

2.2. FLORESTAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE POR ATO DO PODER PÚBLICO:

A instituição dessas áreas de preservação permanente, através de ato administrativo (Decreto, via de
regra), possui conteúdo declaratório. Preenchidos os requisitos do art. 6º, a Administração deverá editar o
decreto declaratório da área de preservação permanente. É declaratório, pois “as áreas que ora estão sendo
tratadas já são consideradas protegidas desde a edição do Código Florestal”.

Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por
ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a
uma ou mais das seguintes finalidades:
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I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.

2.3. REGIME DE PROTEÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE:

A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da
área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário


da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação,
ressalvados os usos autorizados pelo código (obrigação propter rem). A obrigação prevista tem natureza real
(propter rem) e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.

A supressão só pode ser autorizada mediante prévio procedimento administrativo, no qual fique
comprovada a utilidade pública ou interesse social e a inexistência de alternativa técnica e locacional para o
empreendimento.

A autorização é da competência do órgão ambiental estadual, com anuência prévia, quando cabível,
do órgão federal ou municipal competente (arts. 10; 11-A, III; 26, N. Código Florestal).

No caso de supressão não autorizada de vegetação realizada após 22 de julho de 2008, é vedada a
concessão de novas autorizações de supressão de vegetação, enquanto não cumpridas as obrigações de
recomposição.

A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente


ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental.

Houve grande alargamento das hipóteses de utilidade pública e interesse social, que permitem a
intervenção na APP e a supressão de sua vegetação.

É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência,


de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de
acidentes em áreas urbanas.

É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de


água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental.
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Supressão de vegetação em área de preservação Supressão da própria área de preservação
permanente permanente

A supressão de vegetação em APP pode ser autorizada A supressão de uma APP só pode ser autorizada
mediante ato administrativo. mediante lei, de acordo com o inciso III do § 1º do art.
225 da CF.

2.4. APP’S E REGRAS PARA ÁREAS CONSOLIDADAS:

O tema é tratado no Capítulo XIII, Seção II, do novo Código Florestal, nos artigos 61-A usque 65, tendo
sido tomado como marco legal divisor de regime jurídico o dia 23 de julho de 2008, quando foi publicado o
Decreto nº 6.514, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, que instituiu uma
série de novos tipos administrativos para punir os infratores da legislação ambiental, tendo o artigo 61 sido
vetado pela Presidenta da República.

E o que são áreas consolidadas, afinal?

O art. 3º, inciso IV do NCF as define como:

IV – área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de
2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do
regime de pousio;

Além da previsão no Novo Código Florestal, a consolidação da utilização antrópica (aquilo que decorre
da ação humana) das Áreas de Preservação Permanente foi aspecto principal da Medida Provisória 571/12 e dos
vetos da Presidente da República ao projeto de lei aprovado no Congresso Nacional. Assim, podemos visualizar
dois regimes jurídicos que tratam da situação, vejamos:

Regime Jurídico mais flexível Regime Jurídico menos flexível

(Antes de 23/07/2008) (Depois de 23/07/2008)

#RESUMINDO: O regime jurídico mais flexível, que prevê a “anistia” de multas, infrações ambientais e
até mesmo alguns crimes ambientais, caso haja uma reparação parcial do dano causado ao meio ambiente vem
disciplinado nos artigos 59 ao 69 do Novo Código Florestal e se aplica as situações ocorridas até a véspera da
publicação do Decreto 6.514/08 (22/07/08).

Dessa forma, foram estabelecidas diversas condicionantes e limitações para a continuidade do uso
dessas áreas. O art. 61-A traz disciplina detalhada da recomposição das áreas consolidadas, com tratamento
isonômico (mais brando para pequenos proprietários e mais severo para os grandes proprietários), especificado
para cada tipo de APP. Em matéria de APP, ficou bem clara a inexistência de direito adquirido a poluir,
devendo a propriedade se adequar à conformação legal de sua função social ambiental.
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Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das
atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de
2008.

No ponto, aliás, merece destaque importante julgado do STJ relativo à aplicação intertemporal do
novo Código Florestal, especialmente no que diz respeito às regras menos protetoras do meio ambiente:

O novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, direitos ambientais
adquiridos e a coisa julgada, tampouco para reduzir de tal modo e sem as necessárias compensações ambientais
o patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas de extinção, a ponto de transgredir o
limite constitucional intocável e intransponível da ‘incumbência’ do Estado de garantir a preservação e
restauração dos processos ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I). (AgRg no AREsp 327687)

Em suma, todos aqueles que exploraram ilicitamente a vegetação em APP com consolidação até o dia
22 de julho de 2008 foram premiados com o reconhecimento jurídico da situação consolidada, observados os
condicionantes.

Conforme já visto, nos moldes do art. 7º, §3º, do novo Código Florestal, no caso de supressão não
autorizada de vegetação realizada após 22 de julho de 2008, é vedada a concessão de novas autorizações de
supressão de vegetação enquanto não cumpridas as obrigações de recomposição de vegetação.

Ademais, nos termos do seu artigo 8º, §4º:

§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões


de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei.

Vamos estudar, abaixo, as formas de recomposição parcial do dano florestal que deverão ser adotadas
pelos proprietários e possuidores rurais em razão das situações consolidadas até 22 de junho de 2008:

2.4.1. Matas Ciliares (art. 61-A, §§1º a 4º, do novo CFlo):

Os proprietários e possuidores rurais com áreas consolidadas em APP ao longo dos cursos d´água
deverão recompor as faixas marginais a partir da borda da calha do leito regular, variando a dimensão da mata
ciliar a ser recomposta de acordo com o tamanho do imóvel rural, da seguinte forma:

Dimensão do Imóvel Rural APP a ser recomposta

Até 1 módulo fiscal 5 metros

Acima de 1 módulo fiscal até 2 módulos fiscais 8 metros

Acima de 2 módulos até 4 módulos 15 metros

Acima de 4 módulos fiscais Metade da largura do curso de água, com o mínimo


de 20 e o máximo de 100 metros
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Para os imóveis com mais de 4 módulos fiscais, o tema é regulamentado pelo artigo 19, §4º do Decreto
7.830/2012.

§ 4o  Para fins do que dispõe o inciso II do § 4º do art. 61-A da Lei nº 12.651, de 2012, a recomposição
das faixas marginais ao longo dos cursos d’água naturais será de, no mínimo:
 I - vinte metros, contados da borda da calha do leito regular, para imóveis com área superior a quatro
e de até dez módulos fiscais, nos cursos d’água com até dez metros de largura; e
II - nos demais casos, extensão correspondente à metade da largura do curso d’água, observado o
mínimo de trinta e o máximo de cem metros, contados da borda da calha do leito regular. 

2.4.2. Nascentes e olhos d’água perenes (art. 61-A, §§5º, do novo CFlo):

Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de nascentes
e olhos d’água perenes, será admitida a manutenção de atividades agrossivilpastoris, de ecoturismo ou de
turismo rural, sendo obrigatória a recomposição do raio mínimo de 15 metros.

2.4.3. Entorno de lagos e lagoas naturais (Art. 61-A, §6º, do Novo Código Florestal):

Dimensão do Imóvel Rural APP a ser recomposta

Até 1 módulo fiscal 5 metros

Acima de 1 módulo fiscal até 2 módulos fiscais 8 metros

Acima de 2 módulos até 4 módulos 15 metros

Acima de 4 módulos fiscais 30 metros

Cuidado para não confundir com a hipótese das matas ciliares, pois são muito parecidas!

2.4.4. Veredas (Art. 61-A, §7º, do Novo Código Florestal):

Dimensão do Imóvel Rural APP a ser recomposta

Até 04 módulos fiscais 30 metros

Acima de 04 módulos fiscais 50 metros

2.4.5. Regularização Fundiária:

A regularização fundiária consiste no conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais


que são tomadas com o objetivo de resolver a situação de assentamentos irregulares, conferindo titulação aos
seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da
propriedade e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A regularização fundiária pode ser urbana (se o imóvel estiver na zona urbana) ou rural (se estiver na
zona rural).
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*A Lei 13.465/2017 trouxe algumas alterações na regularização fundiária, alterando alguns artigos do
Novo Código Florestal, vejamos primeiro o art. 65 que trata da regularização fundiária de interesse social:

Art. 64.  Na Reurb-S dos núcleos urbanos informais que ocupam Áreas de Preservação Permanente, a
regularização fundiária será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na
forma da lei específica de regularização fundiária urbana. 

§ 1o  O projeto de regularização fundiária de interesse social deverá incluir estudo técnico que
demonstre a melhoria das condições ambientais em relação à situação anterior com a adoção das
medidas nele preconizadas.

§ 2o  O estudo técnico mencionado no § 1 o deverá conter, no mínimo, os seguintes elementos:

I - caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada;

II - especificação dos sistemas de saneamento básico;

III - proposição de intervenções para a prevenção e o controle de riscos geotécnicos e de inundações;

IV - recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização;

V - comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-ambiental, considerados o uso


adequado dos recursos hídricos, a não ocupação das áreas de risco e a proteção das unidades de
conservação, quando for o caso;

VI - comprovação da melhoria da habitabilidade dos moradores propiciada pela regularização proposta;


e

VII - garantia de acesso público às praias e aos corpos d'água.

#RESUMINDO

Regularização de Interesse Social

Regularização de Interesse Específico

Depende da aprovação do projeto de regularização fundiária na


forma da lei específica de regularização fundiária urbana.

2.5. EXERCÍCIO DO DIREITO DE PROPRIEDADE EM ÁREA FLORESTAL:

2.5.1. Noções Gerais sobre Reserva Legal Florestal:

Pelo Código Florestal, a propriedade florestal é regida pelas limitações gerais existentes, tais como
normas de vizinhança e o desempenho da função social da propriedade, delineada na Constituição e regulada
pelo Código Florestal.

A propriedade florestal possui 3 limitações principais: áreas de preservação permanente, reservas


legais e corte somente com autorização do poder público.
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Verifica-se, portanto, que o direito de propriedade não é caracterizado somente pela liberdade de
ação do proprietário, contraposta a um dever geral (“erga omnes”) de todos respeitarem o domínio, mas
também pelos deveres e obrigações a cargo do titular do direito de propriedade.

Dessa forma, é a função social princípio que se manifesta na estrutura do direito de propriedade, mas
as interferências causadas no próprio domínio por esse princípio são diversas dos seus limites externos, pois são
“limitações” que surgem com o próprio direito, sendo-lhes intrínsecas. (AC 00005315320094047007, 3ª Turma
do TRF4).

Reserva legal florestal (RLF) é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 12 do Código, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável
dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e
promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva
Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os
seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei:

I – localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; c) 20% (vinte por cento), no imóvel
situado em área de campos gerais;

II – localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).

Área de florestas 80% de RLF


Amazônia Legal Área de cerrado 35% de RLF
Campos gerais 20% de RLF

Demais regiões 20% de RLF

Ficou definitivamente superada a concepção inicial do Código Florestal de 1965, de que a Reserva
Legal era um limite para o desmatamento. Agora se trata claramente de um ônus inerente ao exercício da
propriedade, cuja responsabilidade é propter rem, acompanha a coisa, independentemente do vínculo pessoal.
Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para assentamentos pelo Programa de
Reforma Agrária, será considerada a área do imóvel antes do fracionamento.

Uma novidade relevante é a possibilidade do cômputo da APP na reserva legal. Esse benefício, que
poderá ser muito útil à regularização de imóveis rurais, está, no entanto, limitado às hipóteses em que:

a) o cômputo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo;

b) a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação; e

c) o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
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Reserva Legal acima do mínimo legal: Área excedente poderá ser utilizada para fins de constituição de
servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental ou outros instrumentos congêneres. Poderá ser instituída
Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades rurais, respeitado o percentual
previsto no art. 12 em relação a cada imóvel.

*(Atualizado em 07/11/20) #DEOLHONAJURIS #STJ O art. 15 da Lei nº 12.651/2012, que admite o


cômputo da área de preservação permanente no cálculo do percentual de instituição da reserva legal do imóvel,
não retroage para alcançar situações consolidadas antes de sua vigência. Em matéria ambiental, deve prevalecer
o princípio tempus regit actum, de forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código Florestal a
fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental. STJ. 1ª Turma. REsp 1.646.193-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/05/2020 (Info 673).

*(Atualizado em 24/01/2021) #NOVIDADELEGISLATIVA LEI Nº 14.119, DE 13 DE JANEIRO DE 2021 Institui a


Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais; e altera as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991,
8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973, para adequá-las à nova política.

Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - ecossistema: complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e de microrganismos e o seu meio


inorgânico que interagem como uma unidade funcional;

II - serviços ecossistêmicos: benefícios relevantes para a sociedade gerados pelos ecossistemas, em


termos de manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais, nas seguintes modalidades:

a) serviços de provisão: os que fornecem bens ou produtos ambientais utilizados pelo ser humano para
consumo ou comercialização, tais como água, alimentos, madeira, fibras e extratos, entre outros;

b) serviços de suporte: os que mantêm a perenidade da vida na Terra, tais como a ciclagem de nutrientes,
a decomposição de resíduos, a produção, a manutenção ou a renovação da fertilidade do solo, a polinização, a
dispersão de sementes, o controle de populações de potenciais pragas e de vetores potenciais de doenças
humanas, a proteção contra a radiação solar ultravioleta e a manutenção da biodiversidade e do patrimônio
genético;

c) serviços de regulação: os que concorrem para a manutenção da estabilidade dos processos


ecossistêmicos, tais como o sequestro de carbono, a purificação do ar, a moderação de eventos climáticos
extremos, a manutenção do equilíbrio do ciclo hidrológico, a minimização de enchentes e secas e o controle dos
processos críticos de erosão e de deslizamento de encostas;

d) serviços culturais: os que constituem benefícios não materiais providos pelos ecossistemas, por meio
da recreação, do turismo, da identidade cultural, de experiências espirituais e estéticas e do desenvolvimento
intelectual, entre outros;

III - serviços ambientais: atividades individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, a recuperação
ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos;

IV - pagamento por serviços ambientais: transação de natureza voluntária, mediante a qual um pagador de
serviços ambientais transfere a um provedor desses serviços recursos financeiros ou outra forma de
remuneração, nas condições acertadas, respeitadas as disposições legais e regulamentares pertinentes;

V - pagador de serviços ambientais: poder público, organização da sociedade civil ou agente privado,
pessoa física ou jurídica, de âmbito nacional ou internacional, que provê o pagamento dos serviços ambientais
nos termos do inciso IV deste caput;
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VI - provedor de serviços ambientais: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, ou grupo
familiar ou comunitário que, preenchidos os critérios de elegibilidade, mantém, recupera ou melhora as
condições ambientais dos ecossistemas.

Art. 3º São modalidades de pagamento por serviços ambientais, entre outras:

I - pagamento direto, monetário ou não monetário;

II - prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas;

III - compensação vinculada a certificado de redução de emissões por desmatamento e degradação;

IV - títulos verdes (green bonds);

V - comodato;

VI - Cota de Reserva Ambiental (CRA), instituída pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.

2.5.2. Regime de Proteção da Reserva Legal:

A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel
rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

Admite-se, no entanto, a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável,


previamente aprovado pelo órgão competente do SISNAMA.

Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos
integrantes do SISNAMA deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação
de tais planos de manejo. É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de Reserva Legal
desmatada irregularmente após 22 de julho de 2008.

Sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, deverá ser iniciado processo de
recomposição da Reserva Legal em até 2 (dois) anos contados a partir da data da publicação desta Lei, devendo
tal processo ser concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa de Regularização Ambiental – PRA.

A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição
no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer
título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei. Na posse, a área de Reserva Legal é
assegurada por termo de compromisso. A transferência da posse implica a sub-rogação das obrigações
assumidas no termo de compromisso.

* LEI Nº 13.887, DE 17 DE 0UTUBRO DE 2019 - Conversão da Medida Provisória nº 884, de 2019 -


Altera a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e dá outras
providências.

“Art. 29.
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§ 3º A inscrição no CAR é obrigatória e por prazo indeterminado para todas as propriedades e posses
rurais.

§ 4º Os proprietários e possuidores dos imóveis rurais que os inscreverem no CAR até o dia 31 de
dezembro de 2020 terão direito à adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), de que trata o art. 59
desta Lei.” (NR)

“Art. 59. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão implantar Programas de Regularização
Ambiental (PRAs) de posses e propriedades rurais, com o objetivo de adequá-las aos termos deste Capítulo.

§ 1º Na regulamentação dos PRAs, a União estabelecerá normas de caráter geral, e os Estados e o


Distrito Federal ficarão incumbidos do seu detalhamento por meio da edição de normas de caráter específico,
em razão de suas peculiaridades territoriais, climáticas, históricas, culturais, econômicas e sociais, conforme
preceitua o art. 24 da Constituição Federal.

§ 2º A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão ao PRA, que deve ser
requerida em até 2 (dois) anos, observado o disposto no § 4º do art. 29 desta Lei.

§ 7º Caso os Estados e o Distrito Federal não implantem o PRA até 31 de dezembro de 2020, o
proprietário ou possuidor de imóvel rural poderá aderir ao PRA implantado pela União, observado o disposto no
§ 2º deste artigo.” (NR)

O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis. Além
disso, o manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito comercial depende de
autorização do órgão competente.

O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito comercial, para consumo no
próprio imóvel, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados
previamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual
a 20 (vinte) metros cúbicos.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Requisito para registro da sentença declaratória de usucapião
João é posseiro de um imóvel rural há muitos anos e propôs ação de usucapião a fim de se tornar o
proprietário do terreno. A sentença foi julgada procedente, declarando que João adquiriu a propriedade.
Vale lembrar que a sentença de usucapião deve ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis para
que nele fique consignado que o novo proprietário é aquela pessoa que teve em seu favor a sentença de
usucapião. Em outras palavras, João deverá averbar a sentença de usucapião no Cartório de Registro de Imóveis
para ser considerado proprietário.
Ocorre que o juiz que sentenciou a ação de usucapião condicionou o registro da sentença no Cartório
do Registro de Imóveis ao prévio registro da Área Legal no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Em outras palavras,
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o juiz afirmou que a usucapião só poderia ser averbada se, antes, o autor inscrevesse a Área de Reserva Legal no
CAR.
Agiu corretamente o magistrado? Ele poderia ter feito essa exigência?
SIM. Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no Cadastro Ambiental Rural
(CAR). STJ. 3ª Turma. Resp 1.356.207-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/4/2015 (Info 561).

Assim, há a necessidade de prévio registro da reserva legal no CAR, como condição para o registro da
sentença de usucapião no Cartório de Registro de Imóveis. (Resp 1356207)

2.5.3. DAS ÁREAS CONSOLIDADAS EM RESERVA LEGAL:

O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva
Legal em extensão inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua situação, independentemente da
adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), adotando as seguintes alternativas, isolada ou
conjuntamente:

I – recompor a Reserva Legal;

II – permitir a regeneração natural da vegetação na área de Reserva Legal; e

III – compensar a Reserva Legal.

2.5.4. INDENIZABILIDADE DA PROTEÇÃO FLORESTAL:

A proteção florestal, seja por RFL ou por APP, não implica desapropriação, nem deve ser indenizada,
exceto se restringir o domínio ou causar alguma espécie de prejuízo.

Sendo imposições de natureza genérica, as limitações administrativas não rendem ensejo à


indenização, salvo comprovado prejuízo. Se alguma perda sofreu o proprietário de terras situadas em área de
preservação permanente, tal prejuízo remonta à edição da Lei 4.771/65, marco inicial do prazo de prescrição.
Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do
Poder Público. (Resp 1233257)

A jurisprudência do STJ sedimentou o entendimento de que não há indenização pela só limitação


administrativa. Se a limitação vai ao ponto de privar o seu proprietário do uso pleno, indeniza-se na mesma
proporção do prejuízo causado. 3. Área de preservação permanente que impede o uso da propriedade, mas
onde não é possível haver exploração econômica do manancial vegetal. Indenização limitada à terra nua, não
se estendendo à cobertura vegetal. (Resp 167070/SP)

A desapropriação indireta pressupõe três situações, quais sejam: (I) apossamento do bem pelo Estado
sem prévia observância do devido processo legal; (II) afetação do bem, ou seja, destiná-lo à utilização pública;
e (III) irreversibilidade da situação fática a tornar ineficaz a tutela judicial específica. A edição do Decreto
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Federal n. 750/93, que os embargantes reputam ter encerrado desapropriação indireta em sua propriedade,
deveras, tão somente vedou o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou em estados avançado
e médio de regeneração da Mata Atlântica, sendo certo que eles mantiveram a posse do imóvel. Logo, o que se
tem é mera limitação administrativa. As vedações contidas no Decreto Federal n. 750/93 não são capazes de
esvaziar o conteúdo econômico da área ao ponto de ser decretada a sua perda econômica. Recurso de
embargos de divergência conhecido e não provido. (STJ. EREsp 922.786/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
Primeira Seção, Dje 15/9/2009).

Por outro lado, o STJ já decidiu em inúmeras oportunidades que a indenização referente à
desapropriação de propriedades detentoras de APP’s não deve abranger a área de preservação permanente
por esta não ser passível de exploração econômica, senão vejamos: Nas demandas expropriatórias, é incabível
a indenização da cobertura vegetal componente de área de preservação permanente. (Resp 1090607/SC)

Com relação à cobertura vegetal (RFL), quando o imóvel for desapropriado, o STJ diz que é necessária
a demonstração de exploração econômica (lícita) para o recebimento de indenização:

#SELIGANADIVERGÊNCIA

É possível a indenização em separado da cobertura vegetal somente se: a) demonstrada a exploração


econômica anteriormente aos atos de expropriação; b) comprovada a viabilidade de exploração da mata
nativa, tanto sob o aspecto da licitude, à luz das normas ambientais pertinentes, quanto do ponto de vista
econômico, sopesados os custos de exploração em confronto com as estimativas de ganho (Resp 1395597/MT).

O STF segue orientação diametralmente oposta, pugnando pela indenizabilidade das áreas de APP e
da cobertura vegetal nos processos de desapropriação: O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de
que as áreas referentes à cobertura vegetal e à preservação permanente devem ser indenizadas, não
obstante a incidência de restrição ao direito de propriedade que possa incidir sobre todo o imóvel que venha
a ser incluído em área de proteção ambiental. (AI 653062)

Uma situação interessante no que diz respeito às desapropriações indiretas é referente à legitimidade
passiva ad causam da União quando estas são manejadas tendo por causa de pedir atos decorrentes da
implantação do Parque Nacional, isto é, quando os atos constitutivos da hipótese de desapropriação indireta
decorrem da constituição de UC por meio de Decreto da Chefia do Poder Executivo Federal.

Nestas hipóteses, a União é indubitavelmente parte legítima, uma vez que a unidade de conservação
da natureza foi por ela instituída mediante decreto da Chefia do Poder Executivo Federal e tendo em vista que a
própria Lei nº 9.985/2000 (SNUC), enquadra os Parques Nacionais na categoria de Unidade
de Proteção Integral, com posse e domínio públicos, afirmando a necessidade de que as áreas privadas,
abrangidas nos limites dos Parques, sejam desapropriadas.
20
3. GESTÃO DAS FLORESTAS PÚBLICAS – LEI 11.284/06:

A Lei 11.284/2006 estabelece no plano jurídico um sistema de gestão de florestas destinado a criar
produtos e serviços em proveito do desenvolvimento sustentável, concebendo a floresta como um
instrumento de exploração econômica eficiente e de largo alcance, compreendendo: I – a criação de florestas
nacionais, estaduais e municipais (...) e sua gestão direta; II – a destinação de florestas públicas às comunidades
locais, nos termos do art. 6º desta Lei; III – a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as
unidades de manejo das áreas protegidas referidas no inciso I do caput deste artigo.

A lei 11.284/2006 é tida como norma geral, de modo que as leis estaduais e municipais deverão se
adequar às suas normas de contornos gerais, bem como, pela competência suplementar, poderão elaborar
normas supletivas e complementares e estabelecer padrões relacionados à gestão florestal.

3.1. PRINCÍPIOS DA GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS:

O Art. 2º da Lei 11.284/2006 estabelece os princípios da gestão de florestas públicas. Vejamos:

I – a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores culturais associados,


bem como do patrimônio público;

II – o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e que
contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País;

III – o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às florestas
públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação;

IV – a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor aos


produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à
utilização e à capacitação de empreendedores locais e da mão-de-obra regional;

V – o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de florestas públicas, nos
termos da Lei no 10.650, de 16 de abril de 2003;

VI – a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacionada à conservação, à


recuperação e ao uso sustentável das florestas;

VII – o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre a importância


da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos florestais;

VIII – a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no
manejo, na conservação e na recuperação das florestas.
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3.2. DA GESTÃO DIRETA:

O Poder Público poderá exercer diretamente a gestão de florestas nacionais, estaduais e municipais,
sendo-lhe facultado, para execução de atividades subsidiárias, firmar convênios, termos de parceria, contratos
ou instrumentos similares com terceiros, observados os procedimentos licitatórios e demais exigências legais
pertinentes.

A duração dos contratos e instrumentos similares fica limitada a 120 (cento e vinte) meses.

Nas licitações para as contratações, além do preço, poderá ser considerado o critério da melhor
técnica previsto no inciso II do caput do art. 26 desta Lei.

3.3. DA DESTINAÇÃO ÀS COMUNIDADES LOCAIS:

As comunidades locais são “populações tradicionais e outros grupos humanos, organizados por
gerações sucessivas, com estilo de vida relevante à conservação e à utilização sustentável da diversidade
biológica” e, antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas por
comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos órgãos competentes.

A destinação pode ser feita nas seguintes formas: I – criação de reservas extrativistas e reservas de
desenvolvimento sustentável; II – concessão de uso, por meio de projetos de assentamento florestal, de
desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou outros similares; III – outras formas previstas em lei.

O Poder Público poderá, com base em condicionantes socioambientais definidas em regulamento,


regularizar posses de comunidades locais sobre as áreas por elas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas, que
sejam imprescindíveis à conservação dos recursos ambientais essenciais para sua reprodução física e cultural,
por meio de concessão de direito real de uso ou outra forma admitida em lei, dispensada licitação.

Estas destinações serão feitas de forma não onerosa para o beneficiário e efetuada em ato
administrativo próprio (art. 6º, § 1º).

A previsão dos instrumentos de destinação acima mencionados não impede que as comunidades locais
participem das licitações destinadas à concessão florestal, por meio de associações comunitárias, cooperativas
ou outras pessoas jurídicas admitidas.

3.3.1. Concessão florestal:

É a delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal
sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa
jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

A concessão florestal é uma espécie de contrato administrativo por meio do qual o Poder Público, por
22
meio de licitação, concede ao particular o direito de explorar os recursos florestais (produtos e serviços) de
forma racional e sustentável, de acordo com o Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS aprovado pelo
governo.

Já a unidade de manejo é o “perímetro definido a partir de critérios técnicos, socioculturais,


econômicos e ambientais, localizado em florestas públicas, objeto de um Plano de Manejo Florestal
Sustentável – PMFS, podendo conter áreas degradadas para fins de recuperação por meio de plantios
florestais” (art. 3º, VII e VIII).

A concessão florestal será autorizada em ato do poder concedente e formalizada mediante contrato,
que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação (art. 7º). O poder
concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a conveniência da concessão florestal,
caracterizando seu objeto e a unidade de manejo (art. 12). Também, as licitações para concessão florestal serão
realizadas na modalidade concorrência e outorgadas a título oneroso, sendo vedada a declaração de
inexigibilidade prevista na Lei 8.666/93.

A publicação do edital de licitação de cada lote de concessão florestal deverá ser precedida de
audiência pública, por região, realizada pelo órgão gestor, nos termos do regulamento, sem prejuízo de outras
formas de consulta pública.

São elegíveis para fins de concessão as unidades de manejo previstas no Plano Anual de Outorga
Florestal – PAOF, que é proposto pelo órgão gestor e definido pelo poder concedente, contendo a descrição de
todas as florestas públicas a serem submetidas a processos de concessão no ano em que vigorar (art. 10), o qual
será submetido ao órgão consultivo da respectiva esfera de governo. Se for federal, ainda requer a manifestação
da SPU/MPOG. Se situado em faixa de fronteira, deverá ouvir o Conselho de Defesa Nacional.

3.3.1.1. Objeto da Concessão florestal:

A concessão florestal terá como objeto a exploração de produtos e serviços florestais,


contratualmente especificados, em unidade de manejo de floresta pública, com perímetro georreferenciado,
registrada no respectivo cadastro de florestas públicas e incluída no lote de concessão florestal.

Art. 16, §1º É vedada a outorga de qualquer dos seguintes direitos no âmbito da concessão florestal:

I – titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição;

II – acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e desenvolvimento, bioprospecção ou


constituição de coleções;

III – uso dos recursos hídricos acima do especificado como insignificante, nos termos da Lei no 9.433,
de 8 de janeiro de 1997;

IV – exploração dos recursos minerais;

V – exploração de recursos pesqueiros ou da fauna silvestre;


23
VI – comercialização de créditos decorrentes da emissão evitada de carbono em florestas naturais.

3.1.1.2. Licenciamento ambiental


Prevê-se, ainda, licenciamento ambiental, compreendendo a licença prévia e a licença de operação,
não se exigindo a licença de instalação.

A licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo será requerida pelo órgão gestor,
mediante a apresentação de relatório ambiental preliminar ao órgão do SISNAMA.

O início das atividades florestais na unidade de manejo somente poderá ser efetivado com a
aprovação do respectivo PMFS pelo órgão do SISNAMA e com a obtenção da licença de operação pelo
concessionário.

Há descrição de procedimento licitatório específico, utilizando-se da Lei 8.666/93 supletivamente,


inclusive no que tange ao contrato administrativo, nos arts. 19 a 35.

O prazo dos contratos de concessão florestal será estabelecido de acordo com o ciclo de colheita ou
exploração, considerando o produto ou grupo de produtos com ciclo mais longo incluído no objeto da
concessão, podendo ser fixado prazo equivalente a, no mínimo, um ciclo e, no máximo, 40 (quarenta) anos.
Mas se for contrato de concessão exclusivo para exploração de serviços florestais, será de, no mínimo, 5
(cinco) e, no máximo, 20 (vinte) anos.

Prazos do contrato de concessão florestal

Exploração de produtos florestais Apenas serviços florestais

Mínimo: 01 ciclo Máximo: 40 anos Mínimo: 05 anos Máximo: 20 anos

3.3.2. Conceitos relevantes (art. 3o):


I – florestas públicas: florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos diversos biomas brasileiros, em
bens sob o domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da
administração indireta;

II – recursos florestais: elementos ou características de determinada floresta, potencial ou


efetivamente geradores de produtos ou serviços florestais;

III – produtos florestais: produtos madeireiros e não madeireiros gerados pelo manejo florestal
sustentável;

IV – serviços florestais: turismo e outras ações ou benefícios decorrentes do manejo e conservação da


floresta, não caracterizados como produtos florestais;
24
V – ciclo: período decorrido entre 2 (dois) momentos de colheita de produtos florestais numa mesma
área;

VI – manejo florestal sustentável: administração da floresta para a obtenção de benefícios


econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do
manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de
múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de
natureza florestal;

VII – concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar
manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante
licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

VIII – unidade de manejo: perímetro definido a partir de critérios técnicos, socioculturais, econômicos
e ambientais, localizado em florestas públicas, objeto de um Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS,
podendo conter áreas degradadas para fins de recuperação por meio de plantios florestais;

XI – auditoria florestal: ato de avaliação independente e qualificada de atividades florestais e


obrigações econômicas, sociais e ambientais assumidas de acordo com o PMFS e o contrato de concessão
florestal, executada por entidade reconhecida pelo órgão gestor, mediante procedimento administrativo
específico;

3.3.3. Recursos financeiros oriundos dos preços da concessão florestal


Os recursos financeiros oriundos dos preços da concessão florestal, via de regra, serão destinados aos
Estados, aos Municípios e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal no sentido de propiciar recursos
econômicos em face do uso da floresta como bem ambiental.

A Lei 11.284/06 e o Decreto (regulamentador) Federal nº 6.063/2007, preveem o pagamento de duas


formas de preço pela outorga:

1. O preço sobre os custos de realização do edital de licitação da concessão florestal federal de cada
unidade de manejo, que deve ser pago ao concessionário, excluído do custo do edital aqueles relacionados às
ações realizadas pelo poder público e que, por sua natureza, geram benefícios permanentes ao patrimônio
público (art. 37, Decreto 6063/2007).

2. O preço da concessão florestal: calculado em função da quantidade de produto ou serviço auferido


do objeto da concessão ou do faturamento líquido ou bruto.

Resultado da exploração, excluído o valor mínimo do art. 36, §3º; (art. 39, II)
Estados = 30% Municípios = 30% FNDF = 40%
Resultado da exploração, excluído o valor mínimo do art. 36, §3º, no caso de concessão florestal de unidades
localizadas em florestas nacionais criadas pela União; (art. 39, §1º, II)
25
Estado = 20% Município = 20% FDF = 20% ICM-Bio = 40%

O art. 36, §3º da Lei 11284/06, prevê que “será fixado, nos termos de regulamento, valor mínimo a ser
exigido anualmente do concessionário, independentemente da produção ou dos valores por ele auferidos com a
exploração do objeto da concessão”, valor este que integrará os pagamentos anuais devidos pelo
concessionário. A distribuição se dá pela seguinte forma:

IBAMA= 30%; para utilização restrita em atividades de


Órgão gestor da floresta = 70% controle e fiscalização ambiental de atividades florestais,
de unidades de conservação e do desmatamento.
Se oriundos dos preços da concessão florestal de unidades localizadas em florestas nacionais criadas pela
União: o valor integral vai para o órgão gestor (art. 39, §1º, I).

4. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Artigo nº 225
Lei 12.651/12 Leitura Integral
Lei 11.284/2006 Leitura Integral
Decreto nº 6.514/2008 Arts. 1º ao 4º

5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Esse material é uma fusão das seguintes fontes:

1. Direito Ambiental, coleção Sinopses – Talden Faria e outros – Editora Juspodivm.

2. Resumo de Direito Ambiental Esquematizado – Frederico Amado – Editora Juspodivm.

3. Coleção resumos para concursos, Direito Ambiental – Frederico Amado.

4. Informativos esquematizados do Dizer o Direito – Márcio André Cavalcante Lopes.

5. Anotações pessoais de aulas.

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