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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................3
2. PRINCIPAIS DISPOSIÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL.............................................................7
3. INFORMATIVOS STJ: PRINCIPAIS JULGADOS:................................................................................................19
4. JURISPRUDÊNCIA EM TESE- STJ:....................................................................................................................21
5. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO...............................................................................................22
6. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................................22
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ATUALIZADO EM 25/09/2022
Atenção, amiga e amigo cicleiro, esse é o tema de ouro do Direito Ambiental. Mais certo que aluno ciclos
tomando posse (Amém, Igreja?) é que VAI CAIR questão na sua prova sobre Responsabilidade Civil Ambiental.
Então, atenção total nesse momento: liga os motores, alonga a coluna e mete bronca!
1. INTRODUÇÃO:
No Direito Ambiental, pelo menos desde 1981 a responsabilidade independe da existência de culpa.
Isso porque o § 1º do art. 14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, expressamente determina que:
Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a
terceiros, afetados por sua atividade. O MP da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
Um dos motivos da introdução da responsabilidade objetiva nesta área foi exatamente a circunstância
de que boa parte – senão a maioria – dos danos ambientais foi – e é – causada ou por grandes corporações
econômicas ou pelo próprio Estado, o que torna quase impossível a comprovação da culpa desses agentes
causadores de degradação ambiental.
A responsabilidade objetiva conforma uma obrigação de indenizar, que é atribuída ao agente causador
do dano, pouco importando se agiu ou não com culpa.
Nesse sentido, a responsabilidade objetiva fundamenta-se na noção de risco social, que está implícito
em determinadas atividades, como na indústria, nos meios de transporte de massa, nas fontes de energia.
Assim, a responsabilidade objetiva, calcada na teoria do risco, é uma imputação atribuída por lei a
determinadas pessoas para ressarcirem os danos provocados por atividades exercidas no seu interesse e sob
seu controle, sem que se proceda a qualquer indagação sobre o elemento subjetivo da conduta do agente ou de
seus prepostos, bastando a relação de causalidade entre o dano sofrido pela vítima e a situação de risco criada
pelo agente.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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A teoria do risco integral constitui uma modalidade extremada da teoria do risco em que o nexo causal
é fortalecido de modo a não ser rompido pelo implemento das causas que normalmente o abalariam (v.g. culpa
da vítima; fato de terceiro, força maior). Essa modalidade é excepcional, sendo fundamento para hipóteses
legais em que o risco ensejado pela atividade econômica também é extremado, como ocorre com o dano
nuclear (art. 21, XXIII, “c”, da CF e Lei 6.453/1977). O mesmo ocorre com o dano ambiental (art. 225, caput e §
3º, da CF e art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981), em face da crescente preocupação com o meio ambiente.
Vale ressaltar, contudo, que minoritariamente, há os que defendem a teoria do risco criado. Para esses
autores, a teoria da responsabilidade objetiva aplicada à área ambiental funda-se no risco criado e na reparação
integral, compreendendo como risco criado aquele produzido por atividades e bens dos agentes que
potencializam, aumentam ou multiplicam um dano ambiental. Assim, o agente responde pelo risco criado e não
em razão de eventual culpa, motivo pelo qual deve recompor o dano ambiental em sua integralidade e não de
forma limitada, ainda que possua autorização administrativa.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO
O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto, em local onde,
apesar da existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico, o acesso
de outros particulares seja fácil, consentido e costumeiro, responde objetivamente pelos danos sofridos por
pessoa que, por conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras decorrentes
de contato com os resíduos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.788-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
6/5/2014 (Info 544).
Com efeito, são requisitos para a configuração do dever de indenizar pelo dano ambiental a existência
do evento danoso e do nexo causal entre a atividade e o dano. O evento danoso é o fato que origina a alteração
das propriedades do meio ambiente, de modo a prejudicar a saúde ou as condições de vida da população.
O nexo causal é a dedução de que a atividade do infrator contribuiu para o evento danoso,
independentemente de culpa ou intenção de causar prejuízo ao ambiente.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A empresa “Alta Vista Ltda.” estava transportando toras de madeira
quando foi parada em uma fiscalização do IBAMA. Os servidores da autarquia ambiental constataram que a
empresa estava transportando madeiras serradas em desacordo com a nota fiscal e com a licença de transporte
que possuía. A empresa estava transportando 4.000 m3 de madeira a mais do que estava autorizada. Isso
significa que ela estava transportando cerca de 10% a mais da carga que poderia. A legislação ambiental prevê a
lavratura de auto de infração e a apreensão da carga. Indaga-se: deverá ser apreendida a carga toda (todas as
madeiras) ou apenas aquelas que excederam a autorização prevista na guia de transporte? A carga inteira. A
gravidade da conduta de quem transporta madeira em descompasso com a respectiva guia de autorização não
se calcula com base apenas no quantitativo em excesso. Essa infração compromete a eficácia de todo o sistema
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de proteção ambiental. Logo, a medida de apreensão deve compreender a totalidade da mercadoria
transportada. STJ. 2ª Turma. REsp 1.784.755-MT, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 17/09/2019 (Info 658).
Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.
Mesmo com essa previsão expressa na CF/88 e na Lei n. 9.605/98, surgiram quatro correntes para
explicar a possibilidade (ou não) de responsabilização penal da pessoa jurídica, quando a pessoa física não fosse
responsabilizada. Vejamos:
Adotam essa corrente: Miguel Reale Jr., Cézar Roberto Bitencourt, José
Cretela Jr.
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zafaroni, René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado,
Alberto Silva Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto Delmanto,
LFG, entre outros.
#CUIDADO #PARECEMASNÃOÉ
Não confunda a teoria da dupla imputação com a teoria da dupla garantia, que conta com aplicação no tocante
à responsabilidade civil do Estado e do servidor público que age em seu nome.
*#SÚMULA #STJ: Súmula 613 - Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito
Ambiental. (Súmula 613, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2018, DJe 14/05/2018)
Cuidado! O STJ entende que a responsabilidade ADMINISTRATIVA ambiental tem natureza subjetiva,
ensejando, portanto, a análise de culpa.
*(Atualizado em 23/08/2020) #DEOLHONAJURIS Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco
integral. A pessoa que explora a atividade econômica ocupa a posição de garantidor da preservação
ambiental, sendo sempre considerado responsável pelos danos vinculados à atividade. Logo, não se
pode admitir a exclusão da responsabilidade pelo fato exclusivo de terceiro ou força maior. No caso
concreto, a construção de um posto de gasolina causou danos em área ambiental protegida. Mesmo
tendo havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou equivocada – isso não é causa
excludente da responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Mesmo que se considere que a
instalação do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de erro na concessão da licença
ambiental, é o exercício dessa atividade, de responsabilidade do empreendedor, que gera o risco
concretizado no dano ambiental, razão pela qual não há possibilidade de eximir-se da obrigação de
reparar a lesão verificada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.612.887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
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28/04/2020 (Info 671).
*#SAINDODOFORNO: Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
Art. 3º, inciso IV: poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
#APROFUNDAMENTO
Deep Pocket Doctrine (Doutrina do Bolso Profundo)
Deep Pocket doctrine possui origem no Direito norte-americano e preconiza que havendo vários
responsáveis pelo dano ambiental, e sendo de difícil aferição a responsabilidade de cada um, deve-se transferir
o ônus da reparação aquele que possui as melhores condições financeiras, daí o termo “bolso profundo”, pois se
remeteria a um bolso com bastante dinheiro.
Nesse sentido, afirma Frederico Amado2:
“Há uma tendência específica no Direito Ambiental em buscar responsabilizar quem tem mais
condições de arcar com os prejuízos ambientais, com base na doutrina americana do “bolso profundo”, uma
vez que prevalece que todos os poluidores são responsáveis solidariamente pelos danos ambientais”.
2
(AMADO, Frederico. Direito Ambiental Esquematizado. 7ª ed. São Paulo: Método, 2016, p. 567);
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2.2.1. Classificação do dano ambiental:
O dano ambiental pode ser classificado considerando (i) a amplitude do bem protegido, (ii) a
reparabilidade e os interesses jurídicos envolvidos, (iii) a extensão e (iv) o interesse objetivado, de acordo com a
classificação e conceitos propostos por José Rubens Morato Leite, uma das mais completas, senão a mais
completa da doutrina.
Em relação à amplitude do bem protegido classifica-se em:
a) dano ecológico puro: aquele em que um ou alguns dos componentes naturais do ecossistema é
atingido de forma intensa;
b) dano ambiental lato sensu: abrange todos os componentes do meio ambiente, inclusive o
patrimônio cultural, protegendo-se, pois, o meio ambiente e todos os seus componentes, numa concepção
unitária;
c) dano individual ambiental ou reflexo (ricochete ou refluxo): atinge pessoas individualmente
consideradas e incide sobre interesses próprios do lesado, pois o dano patrimonial ou extrapatrimonial sofrido
por uma pessoa, ou a doença contraída, inclusive a morte, podem decorrer de degradação ambiental.
Quanto à reparabilidade e ao interesse envolvido pode ser:
a) dano ambiental de reparabilidade direta: diz respeito a interesses próprios, tanto os individuais
quanto os individuais homogêneos. O interesse que sofreu lesão será indenizado diretamente;
b) dano ambiental de reparabilidade indireta: relaciona-se aos interesses difusos, coletivos e,
eventualmente, individuais de dimensão coletiva. A reparação é dirigida preferencialmente ao bem ambiental
de interesse coletivo, considerando-se a capacidade funcional ecológica e a de aproveitamento humano do
meio ambiente. Não objetiva, pois, ressarcir interesses próprios e pessoais.
Considerando-se a extensão pode-se dividir em:
a) dano patrimonial ambiental: incide sobre os bens materiais. Trata-se do dano material;
b) dano extrapatrimonial ambiental: é o dano moral ocasionado à sociedade e/ou aos indivíduos
decorrente de lesão ao meio ambiente. Abrange o dano ambiental extrapatrimonial coletivo (quando atingido o
macrobem ambiental) e o dano ambiental extrapatrimonial reflexo, a título individual (quando se referir ao
microbem ambiental).
Relativamente aos interesses objetivados biparte-se em:
a) dano ambiental de interesse da coletividade ou de interesse público: à coletividade interessa
preservar o macrobem ambiental para as presentes e futuras gerações;
b) dano ambiental de interesse individual: aquele que se reflete no interesse particular da pessoa,
inclusive o de defender o macrobem, tutelado via ação popular.
*#OUSESABER: O que se entende por carácter sinérgico do dano ambiental? O caráter sinergético do dano
ambiental corresponde à hipótese em que a degradação do meio ambiente decorre de várias fontes
independentes que somadas resultam em lesão ao bem jurídico ambiental, obrigando solidariamente todos os
poluidores à sua reparação.
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#RESUMO
Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente na forma da lei.
A segunda opção é a compensação ambiental. Esta solução é usada pelo Direito Ambiental como
forma de neutralizar ou contrabalançar um dano ambiental. Contudo, não há um tratamento uniforme.
Em verdade, diversas leis abordam o assunto. É o caso do Código Florestal (*Lei n 12.651, de 25 de
maio de 2012), que estabelece a compensação ambiental para o caso de supressão de vegetação de Áreas de
Preservação Permanente e de Reserva Legal; a Lei da Mata Atlântica (Lei n° 11.428, de 22 de dezembro de 2006)
prevê a compensação para o corte, a supressão e a exploração de vegetação deste bioma; a Lei n° 9.985, de 18
de julho de 2000 (Sistema Nacional das Unidades de Conservação) prevê a compensação ambiental antecipada,
para fins de implantação de empreendimentos causadores de significativa degradação ambiental. A Lei
12.651/12 (Novo Código Florestal) estabelece no art. 25, IV a aplicação de recursos oriundos da compensação
ambiental em áreas verdes.
Assim, a compensação ambiental é cabível quando os danos ambientais forem irreversíveis e não seja
possível a reparação in natura.
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Por fim, subsiste a indenização pecuniária. À evidência, é admissível apenas e tão somente quando a
reconstituição apresentar-se inviável tática ou tecnicamente. O valor da indenização é depositado em um fundo:
o fundo para reconstituição dos bens lesados, que é destinado à compensação ecológica.
Vale ressaltar que mesmo em condutas omissivas, a responsabilidade do Estado por dano ambiental
continuará a ser objetiva.
#TEMCARADEPROVA #ATENÇÃO:
*(Atualizado em 25/09/2022) A omissão na fiscalização e mitigação dos danos ambientais enseja a imposição
judicial de obrigações positivas para o Município a fim de solucionar o problema cuja extensão temporal e
quantitativa revela afronta à dimensão ecológica da dignidade humana. STJ, AREsp 2.024.982-SP, Rel. Min. Og
Fernandes, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 24/06/2022.
De acordo com o STJ, essa previsão de desconsideração da personalidade jurídica, tal qual ocorre na
proteção do direito do consumidor se fundamenta na Teoria Menor da desconsideração da personalidade
jurídica, pois são menores os requisitos aqui do que aqueles que constam do art. 50 do Código Civil. Aqui não se
exige abuso da personalidade jurídica, tendo como norte apenas a reparação, bastando, por exemplo, que o
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Tema cobrado na prova objetiva para Juiz de Direito Substituto do TJ-SC, em 2022.
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ente não tenha patrimônio, mesmo que isto não importe em ações ilícitas perpetradas por seus gestores ou
sócios.
O STJ passou a admitir, desde 2009, a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA nas ações de reparação dos
danos ambientais, com base no interesse público da reparação e no Princípio da Precaução, sendo uma ótima
técnica de julgamento na hipótese de dúvida probatória (non liquet), pois poderá ser carreado ao suposto
poluidor o ônus de comprovar que inexiste dano ambiental a ser reparado, ou, se existente, que este não foi de
sua autoria (vide REsp 972.902, de 25.08.2009; REsp 1.060.753-SP, de 1º/12/2009).
#APROFUNDAMENTO #VÁALÉM
Houve uma evolução interna, bancada pelo Ministro Herman Benjamin e, na atualidade, além do
aspecto material, admite-se também a inversão do ônus da prova em matéria de reparação ambiental no seu
aspecto processual com aplicação ao CDC com expansão a todas as demandas coletivas. Isto é, além de se
fundamentar no aspecto material (ope legis), mormente no Princípio da Precaução (in dubio pro natura ou
salute), a inversão do ônus da prova na ação de reparação do dano ambiental também encontra fundamento
processual (ope judicis), pois a regra do artigo 6º, do CDC, tem aplicação em defesa de todos os direitos
coletivos e difusos (MICROSSISTEMA).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO
Vale destacar que a inversão do ônus da prova não deverá se proceder apenas por ocasião da sentença
(regra de julgamento), e sim anteriormente, preferencialmente no despacho saneador, em respeito ao Princípio
do Contraditório, para que o réu saiba perfeitamente que terá a missão de desconstituir a presunção de
veracidade dos fatos declinados pelo autor, não sendo surpreendido apenas na sentença, consoante acertada
jurisprudência do STJ (REGRA DE INSTRUÇÃO) (REsp 802.832, j. 13.04.2011).
Essa natureza é real, isto é, propter rem. Essa obrigação é um caso raro de responsabilidade civil que
existe mesmo que ausente o nexo de causalidade.
*#STJ #SELIGANASÚMULA: Súmula 623 - As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
É irrelevante a boa ou má-fé do adquirente para haver a exigência desta reparação. Vale salientar que
este entendimento do STJ foi abraçado pelo Novo Código Florestal. O Novo Código Florestal dispõe que:
Art. 3, § 2º: As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de
qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
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A lei faz menção apenas a imóvel rural, mas esta restrição deve ser ignorada, pois o proprietário de
imóvel urbano também a terá, não havendo razão para tal diferenciação, pois, como analisado, existe proteção
especial também em âmbito urbano.
Vimos que o art. 36 da Lei 9.885/2000 prevê a compensação por significativa degradação ambiental, a
ser paga em dinheiro, proporcionalmente ao grau de impacto ambiental e que o patamar mínimo estabelecido
no dispositivo foi declarado inconstitucional pelo Supremo, por violação ao princípio da proporcionalidade.
Assim, quem causa significativa degradação tem que pagar a compensação em dinheiro, compensação esta que
será vertida ao propósito de preservação do meio ambiente.
*Obs.: essa compensação antecipada e paga em dinheiro é diferente da indenização realizada após o
dano. A compensação do art. 36 da Lei 9.885/2000 é, como o próprio nome já diz, antecipada, ou seja, deve
ser realizada antes ou conjuntamente com a execução do empreendimento que gerará o dano ambiental
previsto nos estudos de impactos ambientais (EIA/RIMA), ou seja, a Administração prevê o dano e estabelece,
como condição para que o empreendimento seja realizado, a implementação de compensação antecipada.
Obs: Prevalece que esta compensação tem natureza jurídica (civil) de reparação antecipada do dano.
#ATENÇÃO
O STJ entendeu que se o dano ambiental causado estiver previsto o EIA-RIMA, não será admitida a
perseguição do responsável por ação coletiva, pois aí seria bis in idem, mas, caso o impacto seja um que NÃO
esteja contemplado neste estudo, será possível a responsabilização por ação coletiva. (REsp 896.863).
*[Ou seja, se a Administração pública não previu aquele dano no EIA/RIMA, é possível intentar ação coletiva
contra o causador do dano e requerer a indenização financeira ou a compensação posterior. No entanto, se a
Administração previu aquele dano nos estudos de impacto ambiental, não é possível que o poluidor seja
responsabilizado duas vezes se, lá no início da execução da obra, ele já realizou a compensação antecipada do
dano!]
*#NOVIDADE #SÚMULA #STJ: Súmula 629 - Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à
obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.
#APROFUNDAMENTO #AJUDAMARCINHO
O Ministério Público (ou outro legitimado) poderá ajuizar ação civil pública pedindo que essa empresa seja
condenada a recompor o meio ambiente?
SIM, sem nenhuma dúvida.
Além disso, é possível que, na ACP, seja pedida a condenação da empresa ao pagamento de danos morais em
favor da coletividade? Em outras palavras, é cabível dano moral coletivo em razão de dano ambiental?
SIM. A 2ª Turma do STJ decidiu recentemente que é possível que a sentença condene o infrator ambiental ao
pagamento de quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo (REsp 1.328.753-MG, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013).
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Assim, apesar de existirem precedentes da 1ª Turma em sentido contrário (AgRg no REsp 1305977/MG, julgado
em 09/04/2013), a posição majoritária (não pacífica) é no sentido de ser cabível a condenação por dano moral
coletivo.
É possível, então, que a empresa seja condenada, cumulativamente, a recompor o meio ambiente e a pagar
indenização por dano moral coletivo?
SIM. Isso porque vigora em nosso sistema jurídico o princípio da reparação integral do dano ambiental, de modo
que o infrator deverá ser responsabilizado por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, permitindo-se
que haja a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.
O art. 3º da Lei n.° 7.347/85 afirma que a ACP “poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
Para o STJ, essa conjunção “ou” – contida no citado artigo, tem um sentido de adição (soma), não
representando uma alternativa excludente. Em outras palavras, será possível a condenação em dinheiro e
também ao cumprimento de obrigação de fazer/não fazer.
(...) Segundo a jurisprudência do STJ, a logicidade hermenêutica do art. 3º da Lei 7.347/1985 permite a
cumulação das condenações em obrigações de fazer ou não fazer e indenização pecuniária em sede de ação civil
pública, a fim de possibilitar a concreta e cabal reparação do dano ambiental pretérito, já consumado.
Microssistema de tutela coletiva.
(...)
4. O dano moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo massificado, sendo
desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta a dor, a repulsa, a indignação, tal qual fosse um
indivíduo isolado.
5. Recurso especial provido, para reconhecer, em tese, a possibilidade de cumulação de indenização
pecuniária com as obrigações de fazer, bem como a condenação em danos morais coletivos, com a devolução
dos autos ao Tribunal de origem para que verifique se, no caso, há dano indenizável e fixação do
eventual quantum debeatur. (STJ, REsp 1.269.494, de 24/09/2013).
Competência
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Em 2019, houve o rompimento de uma barragem de rejeitos de
minério, localizada em Brumadinho (MG). O rompimento resultou em um terrível desastre ambiental e
humanitário. Felipe, na condição de cidadão, ajuizou ação popular contra a União, o Estado de Minas Gerais e a
Vale S.A., pedindo para que os réus fossem condenados a recuperar o meio ambiente degradado, pagar
indenização pelos danos causados e pagar multa por dano ambiental. Como Felipe mora em Campinas (SP), ele
ajuizou a ação no foro de seu domicílio e a demanda foi distribuída para a 2ª Vara Federal de Campinas (SP).
Ocorre que na 17ª Vara Federal de Minas Gerais existem ações individuais, ações populares e ações civis
públicas tramitando contra os mesmos réus e envolvendo pedidos semelhantes a essa ação popular ajuizada em
Campinas. Quem é competente para julgar esta ação popular: o juízo do domicílio do autor ou o juízo do local
em que se consumou o ato danoso? O juízo do local onde se consumou o dano (17ª Vara Federal de Minas
Gerais). Regra geral: em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que o dano
tenha ocorrido em outro local. Isso porque como a ação popular representa um direito político fundamental,
deve-se facilitar o seu exercício. Exceção: o STJ entendeu que o caso concreto envolvendo Brumadinho era
excepcional com inegáveis peculiaridades que impõem a adoção de uma solução diferente para evitar tumulto
processual em uma situação de enorme magnitude social, econômica e ambiental. Assim, para o STJ é
necessário superar, excepcionalmente, a regra geral. Entendeu-se que seria necessário adotar uma saída
pragmática para permitir uma resposta do Poder Judiciário aos que sofrem os efeitos desta grande tragédia. A
regra geral do STJ deve ser usada quando a ação popular for isolada. Contudo, no caso de Brumadinho havia
uma ação popular em Campinas (SP) competindo e concorrendo com várias outras ações populares e ações civis
públicas, bem como com centenas, talvez milhares, de ações individuais tramitando em MG, razão pela qual, em
se tratando de competência concorrente, deve ser eleito o foro do local do fato. Em face da magnitude
econômica, social e ambiental do caso concreto, é possível a fixação do juízo do local do fato para o julgamento
de ação popular que concorre com diversas outras ações individuais, populares e civis públicas decorrentes do
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mesmo dano ambiental. STJ. 1ª Seção. CC 164.362-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/06/2019
(Info 662).
#AJUDAMARCINHO
O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto, em local onde, apesar da
existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico, o acesso de outros
particulares seja fácil, consentido e costumeiro, responde objetivamente pelos danos sofridos por pessoa que,
por conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras decorrentes de contato
com os resíduos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.788-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/5/2014
(Info 544)
*(Atualizado em 24/07/2022). A indenização de dano ambiental deve abranger a totalidade dos danos
causados, não sendo possível ser decotadas em seu cálculo despesas referentes à atividade empresarial
(impostos e outras). Caso concreto: ACP ajuizada pela União objetivando condenação dos réus na obrigação de
restauração de área degradada e ao pagamento de valor total do lucro obtido com a extração ilegal de areia e
argila. O TRF fixou a indenização no montante de 50% do faturamento total da empresa proveniente da
extração irregular do minério, por referentes à atividade empresarial (impostos e outras). STJ . ter descontado
as despesas O STJ não concordou com o TRF. A indenização deve abranger a totalidade dos danos causados ao
ente federal, sob pena de frustrar o caráter pedagógico-punitivo da sanção e incentivar a impunidade de
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empresa infratora, que praticou conduta grave com a extração mineral irregular. 2 ª Turma. REsp 1.923.855SC,
Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
As empresas adquirentes da carga transportada pelo navio Vicuña no momento de sua explosão, no Porto de
Paranaguá/PR, em 15/11/2004, não respondem pela reparação dos danos alegadamente suportados por
pescadores da região atingida, haja vista a ausência de nexo causal a ligar tais prejuízos (proibição temporária da
pesca) à conduta por elas perpetrada (mera aquisição pretérita do metanol transportado). Situação concreta:
três indústrias químicas adquiriam uma grande quantidade de “metanol”, substância utilizada como matéria-
prima para a produção de alguns medicamentos. Elas adquiriram o metanol da METHANEX CHILE LIMITED,
empresa chilena que ficou responsável tanto pela contratação quanto pelo pagamento do frete marítimo. O
navio contratado pela empresa chilena para o transporte foi o “BTG Vicuña”, de bandeira do Chile. Ocorre que
quando já estava atracado no porto de Paranaguá/PR, o navio explodiu. Isso provocou uma tragédia ambiental
porque houve o vazamento de milhões de litros de óleo e de metanol. Em razão do derramamento, a pesca na
região ficou temporariamente proibida. STJ. 2ª Seção. REsp 1.602.106-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 25/10/2017 (Info 615).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Até o trânsito em julgado das Ações Civis Públicas n. 5004891-
93.2011.4004.7000 e n. 2001.70.00.019188-2, em tramitação na Vara Federal Ambiental, Agrária e Residual de
Curitiba, atinentes à macrolide geradora de processos multitudinários em razão de suposta exposição à
contaminação ambiental decorrente da exploração de jazida de chumbo no Município de Adrianópolis-PR,
deverão ficar suspensas as ações individuais. STJ. 2ª Seção. REsp 1.525.327-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 12/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 643)
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*#DEOLHONAJURIS #STJ #IMPORTANTE O art. 40 da Lei 6.766/79 prevê um poder-dever do Município de
regularizar os loteamentos irregulares ou clandestinos. Existe o poder-dever do Município de regularizar
loteamentos clandestinos ou irregulares. Esse poder-dever, contudo, fica restrito à realização das obras
essenciais a serem implantadas em conformidade com a legislação urbanística local (art. 40, caput e § 5º, da
Lei nº 6.799/79).
Após fazer a regularização, o Município tem também o poder-dever de cobrar dos responsáveis (ex: loteador)
os custos que teve para realizar a sua atuação saneadora. STJ. 1ª Seção. REsp 1.164.893-SE, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 23/11/2016 (Info 651).
A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de
causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a
invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar
sua obrigação de indenizar. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 681 e 707, letra a).
Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa, explora ou impede a regeneração de Área de
Preservação Permanente - APP, fazendo emergir a obrigação propter rem de restaurar plenamente e de
indenizar o meio ambiente degradado e terceiros afetados, sob o regime de responsabilidade civil objetiva.
O reconhecimento da responsabilidade objetiva por dano ambiental não dispensa a demonstração do nexo de
causalidade entre a conduta e o resultado.
A alegação de culpa exclusiva de terceiro pelo acidente em causa, como excludente de responsabilidade, deve
ser afastada, ante a incidência da teoria do risco integral e da responsabilidade objetiva ínsita ao dano
ambiental (art. 225, §3º, da CF e art. 14, §1º, da Lei n. 6.938/1981), responsabilizando o degradador em
decorrência do princípio do poluidor-pagador. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 438).
O termo inicial da incidência dos juros moratórios é a data do evento danoso nas hipóteses de reparação de
danos morais e materiais decorrentes de acidente ambiental.
Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. (Súmula n. 613/STJ)
Não há direito adquirido à manutenção de situação que gere prejuízo ao meio ambiente.
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O pescador profissional é parte legítima para postular indenização por dano ambiental que acarretou a redução
da pesca na área atingida, podendo utilizar-se do registro profissional, ainda que concedido posteriormente ao
sinistro, e de outros meios de prova que sejam suficientes ao convencimento do juiz acerca do exercício dessa
atividade.
É devida a indenização por dano moral patente o sofrimento intenso do pescador profissional artesanal,
causado pela privação das condições de trabalho, em consequência do dano ambiental. (Tese julgada sob o rito
do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 439).
DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Artigo nº 225
Lei 9.605/98 Artigo nº 4
Lei nº 6.938 Artigo nº 14
6. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA