Você está na página 1de 8

PRECLARÍSSIMOS MEMBROS DO JURI

ILUSTRES COLEGAS

EXCEPTOS CONVIDADOS

Cumprimento a todos na esperança de encontra-los muito.

1. Uma primeira palavra será para agradecer a palavra


concedida.
2. Em Gesto De Elucubração (Reflexão) Urge a necessidade de trazer um
provérbio latim que Diz: "Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus"
... Assim referia Ulpiano no "Corpus Iuris Civilis".
Ou seja: onde esta o Homem, há sociedade; onde há sociedade há direito. É
a mais pura e inegável das verdades! E até as comunidades com comportamentos
denominados "anti-sociais", ou criminosos, tem as suas regras... O seu "direito".
Assim, Convido vos a fazer uma breve viagem de um
conjunto de reflexões sobre a natureza, pois, a ideia é partilhar
com vos a questão de fundo do tema sobre a problemática da
individualização da reparação do dano ambiental no
ordenamento jurídico moçambicano.
O nosso estudo enquadra-se na cadeira de Direito do
Ambiente. O qual, está focalizado principalmente na análise e
discussão sobre A problemática da individualização da
reparação do dano ambiental no ordenamento jurídico
moçambicano e com particular enfoque nos seguintes aspectos:
Apurar até que ponto a individualização da reparação do
dano ambiental é eficaz para desencorajar os actos de
degradação do ambiente; identificar os aspectos mais
importantes no que se refere à individualização da reparação do
dano ambiental.

Avaliar os efeitos da individualização da reparação do dano


ambiental no ordenamento jurídico moçambicano.

Na componente organizacional, para além da introdução o


trabalho está estruturado em quatro (4) Capítulos,
nomeadamente:
O Primeiro Capitulo procura transmitir os conceitos básicos
para o desenvolvimento de um estudo mais detalhado no âmbito
da questão ambiental.
Ainda neste capítulo, poderá ser vista a relação existente
entre a responsabilidade civil e os danos ambientais, destacando-
se as características como seu carácter objectivo.
No segundo capítulo, tratamos da questão metodológica
para melhor compreensão do trabalho.
O terceiro capítulo, tratamos da apresentação e análise de
dados. Com vista a apresentar a forma como foram recolhidas as
fontes constantes neste trabalho.
No quarto e último capítulo da presente monografia,
dedicamos na discussão dos resultados da pesquisa.
Finalmente, apresentamos a conclusão, sugestões e a
bibliografia que nos serviu de base para a elaboração do
presente trabalho.
Assim:
De acordo com o preceituado no n.º2 do artigo 1º da Lei
nº20/97, de 1 de Outubro (Lei do Ambiente)
Ambiente: é o meio em que o Homem e outros seres vivem
e interagem entre si e com o próprio meio, e inclui:

a) O ar, a luz, a terra e água;


b) Os ecossistemas, a biodiversidade e as relações ecológicas;
c) Toda a matéria orgânica e inorgânica;
d) Todas as condições socioculturais e económicas que
afectam a vida das comunidades.
Na esteira de SERRA E CUNHA O meio ambiente, é o
conjunto de condições, leis, influências e interacções de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas;

Este autor afirma ainda que a

Poluição é um fenómeno que resulta da emissão de


substâncias para o ar, a água ou solo, que manifesta-se por
prejuízos causados ao homem.
Dano ambiental – é todo e prejuízo causado pelo agente.

Entre os aspectos mais relevantes da reparação do dano


ambiental está o facto de se tratar, em grande parte, de
interesses difusos, ou seja, os de interesse juridicamente
reconhecidos, de uma pluralidade indeterminada ou
indeterminável de sujeitos que, potencialmente pode incluir todos
os participantes da comunidade.

As várias hipóteses consideram, em termos de reparação, o


dever de, sempre que possível, a do retorno do ambiente atingido
ao statu quo ante, ou seja, a seu estado anterior, como se pode
depreender da análise exegética que se faz do disposto no art.
562º do CC.

Encontramos duas Formas da reparação do dano ambiental

1- A restauração natural do dano ou in nature

2- A restauração em espécie- indemnização financeira in


pecúnia (dinheiro).

As modalidades de reparação

Ao tratar do assunto, à luz da sua obra de Introdução ao


Direito do Ambiente, José Joaquim Gomes Canotilho, diz que
responsabilidade civil não oferece uma protecção completa e
adequada do ambiente. Assim, sobre o assunto, Canotilho
defende que, tanto na sua vertente mais recente de
responsabilidade objectiva, o instituto da responsabilidade civil
não se revela adequado a certas formas de danos,
nomeadamente danos sem lesados individuais e danos sem
causador determinado. Nestes casos, segundo o autor, não
existiria qualquer esquema de lesante/lesado, mas tão-somente o
interesse global de defesa do ambiente.

Analisando atentamente a as modalidades de reparação do


dano ambiental, poderia ser feito o seguinte questionamento:
degradar o ambiente e posteriormente pagar uma
indemnização é uma solução sustentável? E poluir (não
propositadamente), pagar a indemnização e despoluir,
retornando ao estado anterior, independentemente dos
esforços que tenham que ser feitos, seria uma solução
sustentável?

Em forma de resposta das questões de saber se estes


métodos são plausíveis a reparação de danos conforme
mencionados, CARLOS SERRA refere-se que pode ser
relativamente simples quanto aos danos causados nos direitos e
interesses das pessoas através do ambiente, os chamados
danos ambientais pois, recorre-se, neste caso, às regras gerais
estabelecidas no artigo 483º e seguintes do CC, já que os
lesados preferem normalmente o pagamento de uma
indemnização ou compensação, monetária em detrimento da
restauração natural

Nestes termos, concluímos que, ao abrigo do disposto no n.º


1, do art.º 26.º da Lei do Ambiente, “constituem-se na obrigação
de pagar uma indemnização aos lesados todos aqueles que,
independentemente de culpa e da observância dos preceitos
legais, causem danos significativos ao ambiente ou provoquem a
paralisação temporária ou definitiva de actividades económicas,
como resultado da prática de actividades especialmente
perigosas”.

Sugerimos que a efectiva reparação de lesões ou danos ao


ambiente, seja a reparação in natura ou a compensação
pecuniária, passa pelo reconhecimento da complexidade e das
especificidades do dano ambiental, e requer maior sensibilidade
do operador do Direito do Ambiente

CONSTATAÇÕES
Constatamos que, a responsabilidade objectiva estabelecida
nos termos da Lei do Ambiente ainda não vigora por faltar a
legislação complementar de que depende.

Para além disso, condicionando o recurso ao regime da


responsabilidade civil objectiva (pelo risco) por danos ambientais
ao preenchimento de requisitos de carácter cumulativo, que, na
prática, se tornam extraordinariamente difíceis de reunir,
principalmente por causa do recurso a conceitos indeterminados
desprovidos de qualquer operatividade - “danos significativos” e
“actividades especialmente perigosas”-

Nossas constatações fora ainda além, pois, constatamos


que o legislador contribuiu para que, na maior parte das
situações, o interessado tenha que enveredar pela
responsabilidade civil subjectiva, consagrada no art.º 483.º e
seguintes do Código Civil Moçambicano, que exige, entre outros
requisitos, a prova de culpa. O que torna especialmente difícil de
se conseguir em matéria ambiental.

Ora, acreditamos que não foi, com certeza, isto que o

legislador pretendia com a norma do art.º 11.º, e se foi, deverá o

mesmo ser interpretado correctivamente abarcando.


Recomendamos ao legislador Moçambicano, tal como acontece
no Direito Comparado.
Para uma efectiva individualização da reparação do
dano ambiental no Direito moçambicano, recomendamos a se
usar as sanções de cariz administrativa, na medida em que essas
têm um cunho pedagógico, visarão sempre ao autor da
degradação do dano. Para tanto, recomenda-se a introdução na
lei do ambiente os critérios de sanções administrativas para a
individualização da reparação do dano ambiental.

Para tal, propomos a introdução na Lei do Ambiente os


seguintes tipos de sanções administrativas:
 Advertência (finalidade pedagógica e preventiva);
 Multa simples;
 Multa diária (para infracções continuadas);
 Apreensão dos produtos equipamentos utilizados na degradação do
ambiente;
 Reversão a favor do Estado ou Município dos produtos ou
equipamentos utilizados;
 Suspensão de venda e fabricação dos produtos passíveis de causar
danos ao ambiente;
 Embargo de obra ou actividade que pela sua perigosidade possa
degradar o ambiente;
 Demolição de obra;
 Suspensão parcial ou total das actividades;
 Restrição de direitos.

Você também pode gostar