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INTRODUÇÃO
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presente trabalho perquire, especificamente, a análise do quadro actual da responsabilidade
patrimonial extracontratual do poder concedente por danos causados por delegatárias de serviços
públicos, à vista da Constituição da República e da legislação pertinente, da moderna doutrina
administrativista e da jurisprudência recente dos tribunais superiores.
PROBLEMATIZAÇÃO
Os serviços públicos são precipuamente prestados pelo Poder Público, directamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação. Este poder confere a
irrenunciável titularidade do serviço público ao Estado, podendo este delegar a sua execução
material a particulares, actuando sob o regime de colaboração.
Reflexo dos processos “desestatizantes” que passaram a ser implementados em Moçambique, por
influência da ideologia “neoliberal” (em que pesem as críticas a essa nomenclatura), em perfeita
sintonia com a previsão constitucional, a partir da primeira metade da década de 1990, a
prestação de serviços públicos vem sendo, cada vez mais, repassada à iniciativa privada, através
dos institutos da concessão e da permissão – formas de descentralização de serviços por
colaboração, que dão ensejo à chamada delegação poderes.
Ao passo em que tais modelos integram o perfil moderno da Administração Pública, que deve
primar pela eficiência dos serviços e comodidades oferecidos aos administrados,
indubitavelmente dão margem ao surgimento de situações jurídicas problemáticas, merecedoras
da devida tutela, no que tange à responsabilidade civil por danos causados a terceiros (usuários
ou não usuários dos serviços). São as vicissitudes da amplamente difundida “reforma do Estado”.
Destarte, discute-se a amplitude da responsabilidade do Estado pelos prejuízos
provocados por suas delegatárias de serviços públicos, “as pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa”.
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Fazendo uma incursão ao que vem determinado na legislação em vigor em Moçambique,
o n.º 2 do art. 58 da CRM dispõe que “O Estado é responsável pelos danos causados por actos
ilegais dos seus agentes, no exercício das suas funções, sem prejuízo do direito de regresso nos
termos da lei”.
Com feito, prescreve o n° 1 do art. 483 do CC, aquele que, com dolo ou mera culpa, diz o
art. 483, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger
interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação”.
Primeiro, não existe ainda uma tal lei que regule a matéria do direito de regresso no nosso
ordenamento jurídico.
Segundo, esta norma representa uma regra geral de protecção dos particulares num
Estado de Direito Democrático, com a função reparadora, garantindo aos lesados o direito de
serem ressarcidos pelos danos causados pelos actos praticados pelos agentes públicos1.
Como tentativa de contribuir para este cenário, surgem várias questões do autor do
trabalho tais como:
Até que ponto as Pessoas Colectivas Públicas que causarem danos a terceiros na
prossecução do interesse Público respondem civilmente?
OBJECTIVOS
Objectivos gerais
Analisar o quanto a falta da responsabilização civil objectiva ou por risco do Estado traz
prejuízos para a sociedade em geral e apelar ao governo, a Assembleia da República, ao poder
judicial e a sociedade em geral relativamente as fraquezas do não enquadramento legal da
responsabilização civil objectiva ou por risco do Estado em Moçambique.
Objectivos específicos
Determinar como se concretiza e em que casos existem tal direito de regresso
Identificar os casos de responsabilidade por realização de actos lícitos, mas que a sua
execução imponha encargos a terceiros ou mesmo cause danos no Direito Moçambicano.
Descrever a responsabilidade exclusiva dos agentes públicos causadores do dano,
verificando o nível de desenvolvimento ou da propagação dos danos.
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MACIE, Albano, Lições de Direito Administrativo Moçambicano, Edição, Editora, Vol. III, Maputo, 2015, Pag.
365
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Avaliar as consequências da não responsabilização ao Estado e suas possíveis
desvantagens no que concerne ao desenvolvimento sócio-económico do país.