Você está na página 1de 2

Art.

327
Este artigo analisa brevemente o conceito jurídico-penal referente ao
funcionário público (artigo 327 do Código de Processo Penal) e discute alguns
tipos de crimes cometidos pelo funcionário público contra a administração
pública. A lei penal estabelece em seu artigo 327 que: “Considera-se
funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou


função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de
serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes


previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função
de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.”

A interpretação do dispositivo aparece ampliada nos termos do parágrafo 1º,


notamos a existência do termo entidade paraestatal, que para Hely Lopes
Meirelles: “são pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação é autorizada
por lei específica, com patrimônio público ou misto, para realização de
atividades, obras ou serviços de interesse coletivo, sob normas e controle do
estado”. Esse conceito abrange as entidades que compõem o terceiro setor,
abrangendo empresas públicas, sociedades de economia mista, os serviços
sociais autônomos, as entidades de apoio (fundações, associações e
cooperativas), as chamadas organizações sociais e aquelas organizações da
sociedade civil de interesse público.

No parágrafo 2º, observa-se pela análise do tipo que houve a exclusão da


autarquia revelando manifesto erro legislativo como elucida Luiz Régis Prado
por proibição da analogia in malam partem, mas como o próprio autor revela,
o ente público autárquico é parte integrante da administração direta também
para fins penais, mas que não encontra fundamento legal no direito
administrativo que é a principal fonte desse capítulo.
Mas nos impele a compreender, que a eqüiparação se dá somente para com os
crimes desse delito, aos agentes e nunca como sujeito passivo do crime porque
estaremos face a aplicação de outro tipo penal que não os desse capítulo.
Celso Delmanto assim ensina ao manifestar: “Ao nosso ver, o novo § 2º, deixou
claro que a primeira corrente é a certa, pois limitou a causa de aumento ‘aos
autores dos crimes previstos neste capítulo’, demonstrando que tanto a
equiparação do § 1º como a do § 2º, devem ficar limitadas ao sujeito ativo do
crime” . Então dessa sorte tanto aqueles que ocupem cargos por comissão,
função de direção e função de assenhoramento em sociedades de economia
mista, empresa pública ou fundação estatuida pelo poder público, irão estar na
aplicação da referida qualificadora, mas excluiu logicamente estes se a atuação
no evento for de menor importância, como na participação ou na
cumplicidade.

Você também pode gostar