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DIREITO ADMINISTRATIVO II

PROFESSORA PAULA RAMOS NORA DE SANTIS

UNIDADE II. SERVIÇO PÚBLICO

SERVIÇOS PÚBLICOS: 1 Conceito, 1.1 Serviço público em sentido amplo, 1.2 Serviço público em sentido
restrito, 1.3 Evolução, 1.4 A pretensa crise na noção de serviço público, 2 Princípios 3 Classificação, 4
Formas de gestão; 5 Titularidade; 6. Formas De Prestação

1 Conceito- 1.1 Serviçopúblicoem sentidoamplo -1.2 Serviçopúblicoem sentidorestrito,

As primeiras noções de serviço público surgiram na França, com a chamada Escola de Serviço Público,
eforamtão amplasqueabrangiam,algumasdelas,todasasatividadesdoEstado.

Liderada por Leon Duguit e integrada também por Gaston Jeze, Roger Bonnard, Louis Rolland, dentre
outros, formulou as primeiras noções de serviço público, algumas delas tão amplas que abrangiam
todas as atividades do Estado

Hely Lopes Meirelles (2003: 319) define o serviço público como "todo aquele prestado pela
Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer
necessidades essenciaisou secundárias da coletividade, ou simplesconveniênciasdo Estado". O conceito é
um pouco mais restrito do que o de Cretella Júnior, porque, ao fazer referência à Administração e
não ao Estado, exclui as atividades legislativa e jurisdicional. No entanto, ainda é amplo, porque não
distingue o poder de polícia do serviço público.Vale dizer,abrange todas as atividades exercidas pela
Administração Pública.

Odete Medauar (2007:313) faz referência ao serviço público em sentido amplo, que abrange
inclusive as atividades dos PoderesLegislativo e Judiciário, mas observa que, "como um capítulo do
direito administrativo, diz respeito a atividade realizada no âmbito das atribuições da
Administração Pública, inserida no Executivo". E acrescenta que o serviço público "refere-se a atividade
prestacional, em que o poder público propicia algo necessário à vida coletiva, como, por exemplo,
água, energia elétrica, transporte urbano".

Restritos são os conceitos que confinam o serviço público entre as atividades exercidas pela
Administração Pública, com exclusão das funções legislativa e jurisdicional; e, além disso, o
consideram como uma das atividades administrativas, perfeitamente distinta do poder de polícia
do Estado. Parte-se da distinção entre atividadejurídica e atividadesocial.

Restrito é o conceito de Celso Antônio Bandeira de Mello (1975b :20 e 2010:679). Ele considera dois
elementos como integrantes do conceito: o substrato material, consistentena prestação de utilidade
ou comodidade fruível diretamente pelos administrados; e o substrato formal, que lhe dá justamente
caráter de noção jurídica, consistente em um regime jurídico de direito público, composto por
princípios e regras caracterizadas pela supremacia do interesse público, sobre o particular e por
restrições parciais. Para ele, "serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou
comodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem
lhe faça as vezes, sob um regime de direito público - portanto consagrador de prerrogativas de
supremacia e de restrições especiais - instituído pelo Estado em favor dos interesses que houver
definido como próprios no sistema normativo"
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Marçal Justen Filho (2010:692) adota um conceito também restritivo. Diz ele que "serviço
público é uma atividade pública administrativa de satisfação concreta de necessidades
individuais ou transindividuais, materiais ou imateriais, vinculadas diretamente a um direito
fundamental, insuscetíveis de satisfação adequada mediante os mecanismos da livre iniciativa privada,
destinada a pessoas indeterminadas, qualificada legislativamente e executada sob regime de direito
público".

Maria Sylvia Zanella di Pietro, serviço público é “toda atividade material que a lei atribui ao Estado
(Funções típicas e atípicas) para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados (Art.
175 CF/88), com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas (Conforme
descrito na Constituição e na Lei), sob regime jurídico total ou parcialmente público.”

1.3 Evolução

A evolução que se deu no conceito de serviço público e como, diante das dificuldades de
conceituação e da sua flutuação no tempo, chegou-se a falar em "crise na noção de serviço público".
Em suas origens, os autores, sob a influência da Escola do Serviço Público, adotavam três critérios para
definir o serviço público: 1. o subjetivo, que considera a pessoa jurídica prestadora da atividade: o
serviço público seria aquele prestado pelo Estado; 2. o material, que considera a atividade exercida: o
serviço público seria a atividade que tem por objeto a satisfação de necessidades coletivas; 3. o
formal, que considera o regime jurídico: o serviço público seria aquele exercido sob regime de direito
público derrogatório e exorbitante do direito comum.

Quando surgiram as primeiras noções de serviço público, era válida a combinação desses três
elementos. Isso ocorreu no período do Estado liberal, em que o serviço público abrangia as
atividades de interesse geral, prestadas pelo Estado sob regime jurídico publicístico. No entanto,
duas dissociações, pelo menos, ocorreram quanto àqueles três elementos, tal como considerados em
suas origens. Em primeiro lugar, o fato de que o Estado, à medida que foi se afastando dos princípios
do liberalismo, começou a ampliar o rol de atividades próprias, definidas como serviços públicos,
pois passou a assim considerar determinadas atividades comerciais e industriais que antes eram
reservadas à iniciativa privada.

O regime jurídico a que se submete o serviço público também é definido por lei. Para
determinados tipos de serviços (não comerciais ou industriais) o regime jurídico é de direito
público: nesse caso, os agentes são estatutários; os bens são públicos; as decisões apresentam
todos os atributos do ato administrativo, em especial a presunção de veracidade e a
executoriedade; a responsabilidade é objetiva; os contratos regem-se pelo direito
administrativo. Evidentemente, isso não exclui a possibilidade de utilização de institutos de
direito privado, em determinadas circunstâncias previstas em lei, especialmente em matéria de
contratos como os de locação, comodato, enfiteuse, compra e venda. Quando, porém, se trata
de serviços comerciais e industriais, o seu regime jurídic o é o de direito comum (civil e comercial),
derrogado, ora mais ora menos, pelo direito público. Em regra, o pessoal se submete ao direito
do trabalho, com equiparação aos servidores públicos para determinados fins; os contratos com
terceiros submetem -se, em regra, ao direito comum; os bens não afetados à realização do serviço
público submetem-se ao direito privado, enquanto os vinculados ao serviço têm regime
semelhante ao dos bens públicos de uso especial; a responsabilidade, que até recentemente era
subj etiva, passou a ser objetiva com a norma do artigo 37, § 6º, da Constituição de 1988. Aplica -se
também o direito público no que diz respeito às relações entre a entidade prestadora do serviço e
a pessoa jurídica política que a instituiu. Vale dizer, o regime jurídico, nesse caso, é híbrido,
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podendo prevalecer o direito público ou o direito privado. Paralelamente, outro fenômeno se


verificou; o Estado percebeu que não dispunha de organização adequada à realização desse tipo de
atividade; em consequência, passou a delegar a sua execução a particulares, por meio dos
contratos de concessão de serviços públicos e, posteriormente, por meio de pessoas jurídicas de
direito privado criadas para esse fim (empresas públicas e sociedades de economia mista), para
execução sob regime jurídico predominantemente privado.

A partir daí, dois elementos foram afetados; o elemento subjetivo, porque não mais se pode
considerar que as pessoas jurídicas públicas são as únicas que prestam serviço público; os
particulares podem fazê-lo por delegação do Poder Público. E o elemento formal, uma vez que nem todo
serviço público é prestado sob regime jurídico exclusivamente público.

I. IMPORTANTE: DISTINGUIR A DIFERENÇA ENTRE AS DIVERSAS ATUAÇÕES DO


ESTADO (COMPARANDO A AÇÃO ESTATAL NOS ARTIGOS 170 A 173 e 175 a 176 da
Constituição Federal/88)

II. Alexandre Mazza:

Características fundamentais do serviço público:

1) é uma atividade material: significa que o serviço público é uma tarefa exercida no
plano concreto pelo Estado, e não simplesmente uma atividade normativa ou
intelectual;

2) de natureza ampliativa: ao contrário do poder de polícia, o serviço público não


representa limitação ou restrição imposta ao particular. Pelo contrário. O serviço
público é uma atuação ampliativa da esfera de interesses do particular, consistindo no
oferecimento de vantagens e comodidades aos usuários. O serviço público é sempre
uma prestação em favor do particular, e não contra o particular;

3) prestada diretamente pelo Estado ou por seus delegados: o serviço público, como
regra, é prestado diretamente pelo Estado. Porém, por opção do legislador, a prestação
poderá ser delegada a particulares, por meio de concessão ou permissão, caso em
que os particulares assumem a prestação, responsabilizando- se direta e objetivamente
pelos eventuais danos causados aos usuários;

4) sob regime de direito público: os serviços públicos têm toda a sua disciplina
normativa baseada nos princípios e regras do Direito Administrativo. Entretanto, é
possível notar, pelos conceitos acima apresentados, que alguns autores falam em regime
parcialmente público, admitindo a incidência de algumas regras de direito privado, tais
como as normas de defesa do consumidor. É importantíssimo lembrar que o art. 7º da Lei
das Concessões (Lei n. 8.987/95) admite expressamente a aplicabilidade subsidiária
das regras do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) no que diz respeito
aos direitos do usuário. Em razão do critério da especialidade, é a Lei n. 8.987/95
(norma especial) que incide primariamente sobre o que doutrina e jurisprudência chamam
de “relação jurídica especial de consumo” (usuário de serviço público), cabendo ao CDC
uma aplicação apenas subsidiária;

5) com vistas à satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da


coletividade: como regra, a transformação, por vontade do legislador, de uma
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atividade em serviço público é baseada na sua relevância social. Porém, nada impede
que algumas atividades sem tanta importância para a sociedade sejam qualificadas
como serviços públicos. Assim, a relevância social não é condição suficiente ou
necessária para a transformação de certa atividade em serviço público. No fundo,
desde que observados certos parâmetros constitucionais, a definição de quais são os
serviços públicos depende exclusivamente da vontade do legislador

2 Princípios específicos

1) adequação: de acordo com o disposto no art. 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/95, serviço adequado é o que
satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas (art. 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/95). Nota-se,
portanto, que a adequação constitui verdadeiroprincípio geral da prestação dos serviços públicos,
impondo à Administração e aos seus delegados privados o dever de prestar o serviço do modo
exigido pela legislação e pelocontrato,e não segundooscritériose preferências do prestador;

2) obrigatoriedade: o Estado tem o dever jurídico de promover a prestação do serviço público, não
sendo essa prestação uma simples faculdade discricionária;

3) atualização, modernidade ou adaptabilidade: a técnica empregada na prestação do serviço público,


embora não tenha de ser a mais avançada disponível, precisa mostrar-se compatível com o estágio de
desenvolvimento tecnológico vigente à época da prestação. Em termos práticos, o princípio da
atualização proíbe o retrocesso da técnica. Assim, por exemplo, o princípio da atualidade proíbe a
substituição, no serviço de transporte de passageiros, do ônibus por bondes com tração animal. Nesse
sentido, o art. 6º, § 2º, da Lei n. 8.987/95 afirma que “a atualidade compreende a modernidade das
técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do
serviço”;

4) universalidade ou generalidade: a prestação do serviço público deve ser estendida à maior


quantidade possível de usuários;

5) modicidade das tarifas: significa que o valor exigido do usuário a título de remuneração pelo uso do
serviço deve ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente necessário para remunerar o
prestador com acréscimo de pequena margem de lucro. Daí o nome “modicidade”, que vem de
“módico”, isto é, algo barato, acessível. Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço
remunerado por meio de taxa, o mais apropriado seria denominá-lo princípio da modicidade da
remuneração. Tal princípio é um instrumento para atender à universalidade na medida em que,
quanto menor o valor exigido, maior a quantidade de usuários beneficiados pela prestação. Com
o objetivo de reduzir ao máximo o valor da tarifa cobrada do usuário, a legislação brasileira prevê
alguns mecanismos jurídicos especiais, como a existência de fontes alternativas de remuneração do
prestador (exemplo: espaços publicitários explorados pelo concessionário ao lado da rodovia) e a
definição do menor valor da tarifa como um dos critérios para decretar o vencedor da concorrência
públicaque antecede aoutorgada concessão de serviços públicos (arts. 9ºe 11 da Lei n. 8.987/95);

6) cortesia: significa que o serviço e as informações de interesse do usuário devem ser prestados com
polidez e educação; 7) transparência: o usuário tem direito de receber do poder concedente e da
concessionária informações para defesa de interesses individuais ou coletivos (art. 7º, III, da Lei n.
8.987/95);
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8) continuidade: significa que a prestação do serviço público não pode sofrer interrupção, devendo
ser promovida de forma contínua e intermitente. Porém, é importantíssimo lembrar que o § 3º do art. 6º
da Lei n. 8.987/95 disciplinou o alcance do referido princípio nos seguintes termos: “Não se caracteriza
como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso,
quando: I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II – por
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade”. Assim, pondo fim à grande
polêmica quanto à legitimidade do corte do fornecimento do serviço em caso de falta de
pagamento, a Lei de Concessões admite expressamente que o inadimplemento é causa de interrupção
da prestação de serviço, desde que observada a necessidade de prévio aviso;

9) igualdade: os serviços públicos devem ser prestados de modo isonômico a todos os usuários, sem
privilégios ou discriminações. Com base no mesmo princípio, deve -se dar tratamento especial a
usuários em condições faticamente diferenciadas, como ocorre nos casos de transporte público
adaptado para portadores de deficiência e das tarifas mais reduzidas para usuários economicamente
hipossuficientes;

10) motivação: todas as decisões relacionadas com a prestação do serviço dev em ser
fundamentadas;

11) controle: as condições de prestação do serviço público estão sujeitas a fiscalização por parte da própria
Administração (controle interno) e pela via judicial (controle externo);

12) regularidade: a prestação do serviço deve observar as condições e horários adequados diante dos
interesses da coletividade, sem atrasos ou intermitências;

13) eficiência: o serviço público deve ser prestado buscando a melhor qualidade e os mais altos índices de
aproveitamento possíveis;

14) segurança: a prestação do serviço não pode colocar em risco à integridade dos usuários ou a segurança
da coletividade.

3 Classificação de Serviço Público

Segundo Hely Lopes Meirelles, os serviços públicos podem ser clas sificados:

1) quanto à essencialidade:

a) serviços públicos propriamente ditos: são privativos do Poder Público por serem considerados
indispensáveis e necessários para sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. A doutrina
também os denomina de serviços pró-comunidade (ex.: polícia, saúde, defesa nacional); b) serviços de
utilidade pública: sua prestação não é indispensável para a sociedade, mas conveniente e oportuna na
medida em que facilita a vida do indivíduo. São também chamados de serviços pró-cidadão (ex.:
transporte,telefonia,energiaelétrica);

2) quanto à adequação:

a) serviços próprios do Estado: são aqueles vinculados às atribuições essenciais do Poder Público,
sendo em regra prestados diretamente pelo Estado, de modo gratuito ou mediante baixa remuneração.
Exemplo: saúde pública e segurança pública; b) serviços impróprios do Estado: aqueles que não afetam
substancialmente as necessidades da coletividade, razão pela qual podem ter a prestação outorgada a
entidades estataisdescentralizadas ou delegada a particulares. Exemplo: telefonia fixa.
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3) quantoà finalidade:

a) serviços administrativos: prestados para atender necessidades internas da Administração. Exemplo:


imprensa oficial;

b) serviços industriais: consistem na exploração de atividades econômicas pelo Estado, produzindo


renda e lucro para o prestador. Exemplo: venda de refeiçõesa preços populares por empresa pública
municipal.

Hely Lopes Meirelles fala ainda em Serviço de fruição geral (uti universi): é o serviço
remunerado por tributos, não possuindo, portanto, usuários definidos. A doutrina entende
que esta espécie de serviço não é passível de corte, suspensão, má- prestação ou interrupção; e
Serviçoindividual(uti singuli):diferentementedo serviço de fruição geral, o serviço individual,
na dicção de parte da doutrina, pode ser suspenso ou cortado se o usuário, por exemplo,
não realizar o pagamento da tarifa correspondente, na medida em que seus usuários são
individualizados (conhecidose predeterminados).

4) Formas de gestão

Art. 175 e 176 da Constituição Federal de 1988;

Lei 8.987/95, Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no
art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.

Lei 11.079/04, Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da
administração pública.

5. Titularidade

Art. 175 da CF/88, c/c 21; 23; 25 §1º; 30....

REGISTRA-SE: 1. Ao Distrito Federal, são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios. Pode-se afirmar, com base nessa norma, que cabe ao Distrito Federal prestar todos os
serviçospúblicosdecompetênciaestadualemunicipal(art.32,§1º, da CF).

2. Existem serviços públicos de titularidade comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios
(art. 23 CF/88), como saúde, educação, previdência social e assistência social. Tais serviços, chamados ainda
de serviços sociais, também podem ser prestados por particulares mediante autorização estatal. Porém,
só serão considerados serviços públicos propriamente ditos quando prestados pelo Estado;

3. Os serviços públicos notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público (art. 236 da CF). Tais serviços são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a
publicidade, a autenticidade, a segurança e a eficácia dos atos jurídicos (art. 1º da Lei n. 8.935/94). O
ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se
permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção,
por mais de seis meses (art. 236, § 3º, da CF). O concurso será realizado pelo Poder Judiciário, com a
participação, em todas as suas fases, da Ordem dos Advogados do Brasil, do Ministério Público, de um
notário e de um registrador. Ao concurso público, poderão concorrer candidatos não bacharéis em
direito que tenham completado, até a data da primeira publicação do edital do concurso de provas e
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títulos, dez anos de exercício em serviço notarial ou de registro (art. 15 da Lei n. 8.935/94). Notário (ou
tabelião) é oficial de registro (ou registrador) são profissionais do direito, competentes para praticar
atos dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro (art. 3º da Lei
n. 8.935/94). Os titulares de serviçosnotariais e de registro compreendem os: a) tabeliães de notas; b)
tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos; c) tabeliães de protesto de títulos; d) oficiais de
registro de imóveis; e) oficiais de registro de título s e documentos e civil das pessoas jurídicas; f)
oficiais de registro civil das pessoas naturais e de interdições e tutelas; g) oficiais de registro de
distribuição (art. 5º da Lei n. 8.935/94). São requisitos para ingressar nas funções notariais e registrárias:
1) habilitação em concurso público de provas e títulos; 2) nacionalidade brasileira; 3) capacidade civil;4)
quitação com as obrigações eleitoraise militares; 5) diploma de bacharel emdireito; 6) verificação de
conduta condigna para o exercício da profissão.

6. Formas De prestação

1) prestação direta: é aquela realizada pelo próprio Estado (Administração Pública direta). Se houver
cobrança em troca da prestação direta, a remuneração terá natureza tributária de taxa. A prestação direta
pode ser realizada de dois modos:
a) pessoalmente pelo Estado: quando promovida por órgãos públicos da Administração Direta. Exemplo:
varrição de ruas;

b) com o auxílio de particulares: os prestadores são selecionados por procedimento licitatório, celebrando
contrato de prestação de serviços. Exemplo: coleta de lixo feita por empresa terceirizada. A
prestação direta com auxílio de particulares é feita sempre em nome do Estado, e não em nome próprio
pelo prestador, razão pela qual, havendo prejuízo decorrente da prestação, a responsabilidade pela
reparação é exclusiva do Estado.

2) prestaçãoindiretaporoutorga: se houverlei específicanesse sentido, aprestação de serviços públicos pode


ser realizada por meio de pessoas jurídicas especializadas criadas pelo Estado. É o que ocorre com as
autarquias, fundações públicas, associações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. A
remuneração paga pelo usuário ao prestador tem naturezade taxa. A responsabilidade pela reparação de
danos decorrentes da prestação de serviços outorgados é objetiva e direta do prestador, e não da
Administração direta. Poré m, o Estado responde subsidiariamente pelo valor da indenização na hipótese
de o orçamento da autarquia, fundação, associação pública, empresa pública ou sociedade de economia
mista não serem suficientes para suportar o montante indenizatório. Exemplode prestação indireta por
outorga: serviço postal exercido pela Empresa de Correios e Telégrafos;

3) prestação indireta por delegação: é realizada, após regular licitação, por meio de
concessionários e permissionários, desde que a deleção tenha previsão em lei específica (concessão)
ou autorização legislativa (permissão). Prestação indireta por delegação só pode ocorrer em relação a
serviços públicos uti singuli. A responsabilidade por danos causados a usuários ou terceiros em razão da
prestação do serviço é direta e objetiva do concessionário ou permissionário, respondendo o Estado
somente em caráter subsidiário. Nota-se, portanto, que as regras aplicáveis ao serviço delegado
continuam sendo de direito público. A remuneração paga pelo usuário tem natureza jurídica de tarifa ou
preço público. Exemplos de prestação indireta por delegação: rodovia dada em concessão, transporte
aéreo de passageiros, telefonia fixa e radiodifusão sonora (rádios) ou de sons e imagens (emissoras de
televisão).
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7. Contratos de prestação de serviço

É todo aquele que tem por objeto a prestação de uma atividade destinada a obter determinada utilidade
de interesse para a Administração Pública ou para a coletividade, predominando o fazer sobre o
resultado final. Exemplos: coleta de lixo, demoli ção, conserto, instalação, montagem, operação,
conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou
trabalhostécnico-profissionais (art.6º,II, da Lei n.8.666/93).

Segundo Hely Lopes Meirelles, os serviços contratados podem ser de diversos tipos: a) serviços
comuns: são aqueles realizáveis porqualquer pessoa. Exemplo: limpeza.

A contratação dessa espécie de serviço sempre exige licitação; b) serviços técnicosprofissionais


generalizados: exigem alguma habilitação específica, mas não demandam maiores
conhecimentos.

Exemplo: serviços de engenharia. A celebração do contrato também pressupõe procedimento licitatório; c)


serviços técnicos profissionais especializados: exigem conhecimento mais apurado do que nos serviços
comuns. Exemplo: elaboração de pareceres.

A contratação desses serviços pode caracterizar hipótese de inexigibilidade se o contratado tiver notória
especialização; d) trabalhos artísticos: são atividades profissionais relacionadas com escultura, pintura e
música. Contratação de serviços artísticos, em regra, depende de prévia licitação na modalidade concurso,
exceto se as circunstâncias recomendarem a escolha de artista renomado e consagrado pela crítica
especializada ou pelo público em geral, caso em que haverá contratação direta por inexigibilidade de
licitação.
7.1 Contrato de concessão

O nome “concessão” é utilizado pela legislação brasileira para designar diversas espécies de contratos
ampliativos nos quais a Administração Pública delega ao particular a prestação de serviço público, a
execução de obra pública ou o uso de bem público.

Todas as modalidades de contrato de concessão são bilaterais, comutativos,remuneradose


intuitu personae.

7.1.1. 1 Concessão de serviço público

A concessão de serviço público é o mais importante contrato administrativo brasileiro, sendo utilizado
sempre que o Poder Público opte por promover a prestação indireta de serviçopúblico mediante
delegação a particulares.

Exemplos de serviços sob concessão: transporte aéreo de passageiros, radiodifusão sonora (rádio) e de
sons e imagens (televisão), concessão de rodovias etc.

A base constitucional do institutoé o art. 175 da Constituição Federal, segundo o qual: “Incumbe ao Poder
Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das
empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de
sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão; II – os direitos dos usuários; III – política tarifária; IV – a obrigação de manter serviço
adequado”.

O referido dispositivo autoriza concluir que ocorre prestação direta quando for realizada
pessoalmente pelo próprio Estado (Administração direta), enquanto será indireta a prestação quando
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estiver a cargo de concessionários e permissionários, ou aos entes da administração indireta (outorga).

A delegação da prestação a concessionários e permissionários, por expressa determinação


constitucional, depende da realização de procedimento licitatório. No caso da concessão, a licitação
deve ser processada na modalidade concorrência pública, ao passo que na permissão pode ser utilizada
qualquer modalidade licitatória.

A matéria encontra-se disciplinada na Lei 8.987/95 e na Lei 11.079/04.

ATENÇÃO. As concessões, permissões e autorizações de rádio e televisão, entretanto, não se sujeitam à Lei
n. 8.987/95 (art. 41: O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, permissão e autorização para o serviço
de radiodifusão sonora e de sons e imagens).

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