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Estado – colectividade de indivíduos que vive num determinado território que possui, detêm e
exerce um poder político3.
Os mais importantes meios de que a Administração publica lança mão para desenvolver a sua
afectividade prosseguindo os interesses de segurança e de bem-estar que lhe estão confiados,
contam-se os bens – bens próprios e bens alheios.
Efectivamente a Administração tanto se serve de bens que se acham sujeito ao seu domínio (quer
domínio publico quer domínio privado, consoante se trate de bens submetidos a um regime de
direito publico ou principalmente a um regime de direito publico ou principalmente a um regime
de direito privado).
1.3. Noção de coisa publica - O código civil de 1966, sempre no intuito de não
versar matérias de Direito Publico, não da qualquer noção de coisa publica, limitando-se
a considerar fora do comercio todas as coisas que não podem ser objecto de direitos
privados, tais como as que se encontram no domínio publico. (art.202°, n.º 2).
Deve notar-se preliminarmente que a classificação de uma coisa como publica depende da lei. Só
são públicas as coisas assim qualificadas por lei (Constituição da republica., art.98°, n.º 2)4.
1
Dicionário da língua portuguesa, “Universal”
2
Idem
3
CAETANO, Marcelo, “Manual de ciências políticas e direito constitucional”, Almedina, Coimbra, Tomo I, pp.
423
4
FREITAS, “Diogo do, Manual de Direito administrativo”, Almedina, Lisboa-1996 pp. 880-881
A qualificação de publica conferida ao comércio jurídico privado e submete-a ao domínio de
uma pessoa colectiva de direito publica para ser aplicada a satisfação de certa necessidade
colectiva.
Não e necessário que haja sido produzida pela pessoa de direito publico (o que alias só é possível
com as coisas publicas artificiais) e como adiante se vera, o domínio por uma pessoa colectiva
desse tipo não carece de ir ate a propriedade pois a lei integra no domínio publico bens que por
sua natureza são inapropriaveis (os espaços marítimos e aéreo, por ex). O domínio da
Administração pode pois consistir apenas em direitos de fruição, administração ou polícia,
quando se trate de bens insusceptíveis de outros. Podemos portanto dar a seguinte noção:
Coisas públicas são as coisas submetidas por lei ao domínio de uma pessoa colectiva de direito
público e subtraídas ao comércio jurídico privado em razão da sua primacial utilidade colectiva.
O conjunto das coisas públicas e direitos públicos que a administração compete sobre elas formar
o domínio público, objectivamente considerado. Por isso as coisas públicas são também
denominadas bens do domínio público.
Num sentido muito amplo, fazem parte do domínio público os direitos da administração sobre as
coisas particulares nomeadamente as servidões administrativas.
As respostas a esta pergunta variam de autor para autor para embora sejam em números
limitados os critérios a que obedecem.
Podem separar se esses critérios em dois grupos consoante atendem ao destino das coisas ou a
algum dos caracteres que apresentam.
Atendendo ao destino dos bens, foram formulados três critérios principais: o do uso público, o do
serviço público e o do fim administrativo5.
A) Pelo critério do uso público: entende-se que devem ser públicas as coisas destinadas ao
uso de todos. Era o critério consagrado no artigo 380. ° do nosso Código civil de 1867: “
são públicas as coisas naturais ou artificiais apropriadas ou produzidas pelo Estado ou
5
Idem pp. 882-883
corporações públicas e mantidas de baixo da sua administração, das quais e licito a todos
indivíduos ou colectivamente utilizar-se, com restrições impostas pela lei ou pelos
regulamentos administrativos.
Critica: Pelo critério de uso público, não seriam públicas, ao contrário do que resulta das nossas
leis, as coisas que fornecem utilidade concreta sob forma de prestação de serviços de que o
publico só faz um uso mediato, ex: linhas férreas e linhas telefónicas. Nem as que alem de
insusceptíveis de uso imediato, não fornecem nenhuma utilidade concreta a este ou aquele
cidadão, e apenas são de utilidade abstracta, indecisa e colectiva: os indivíduos só aproveitam
indirectamente, como membros da colectividade do seu emprego e quando muito apenas poderá
dizer-se que existe um uso indirecto delas pelo público (caso de navios de guerra), dai a
necessidade em que vem os seus sequazes de admitir, a par do domínio por natureza, um
domínio público por disposição da lei.
B) O critério do serviço público: para DUGUIT, a afectação de uma coisa, sob qualquer
forma ou qualquer título, ao serviço público, imprime-lhe carácter público. Tanto faz,
pois, que os bens sejam instrumentos de serviço como simples objecto dele. As estradas e
as florestas do Estado são coisas públicas, porque são objecto de serviços de conservação
e protecção. Os edifícios onde funcionam as repartições são igualmente coisas públicas.
Simplesmente, nem todas as coisas publicas tem o mesmo regime jurídico, originando as
diferenças notadas uma classificação que o eminente jurista fez em seis categorias,
correspondentes a outros tantos graus da “escala jurídica da dominialidade”
Critica: esta doutrina amplia enormemente o âmbito do domínio público e esbate os seus limites
com a esfera do domínio privado, donde resulta o desaparecimento de qualquer vantagem da
distinção visto os regimes jurídicos não se destrinçarem também.
Segundo JEZE, o domínio público só devera abranger os bens pertencentes a administração que
num serviço público essencial desempenham um papel principal. Ex: as casernas, as escolas, os
palácios da justiça, ainda que directamente afectos a um serviço público, não fazem parte do
domínio público, porque o edifício não desempenha no serviço público um papel principal: são
os soldados, os professores, e os juízes que desempenham. Por consequência ainda, os móveis
aplicados nos serviços públicos não fazem [parte do domínio publico, porque o desaparecimento
de uma espingarda, de um canhão, de um cavalo, de um livro ou de um objecto de arte não
compromete o funcionamento do serviço publico.
Critica: esta doutrina, não satisfaz, pois deixa em claro o sentido das expressões “serviço
publico essencial e papel principal”, susceptíveis de muitas interpretações arbitrarias e sem
conter com o facto de excluir a dominialidade de bens sempre considerados administrativos,
como a fortaleza, pois que o papel principal no serviço de defesa nacional cabe, segundo o autor
aos soldados.
Critica: a doutrina é aliciante, mas as dificuldades surgem logo que procuramos a luz dela
explicar certas soluções de direito positivo. Ex: uma linha férrea ‘e considerada coisa publica
pela nossa lei e, todavia, parece que constitui simplesmente meio de desempenho do serviço
publico de transporte ferroviário.
Os critérios que atendem a carácter jurídicos ou naturais das coisas são vários: o critério de
afectação proposto por HAURIOU é costume dizer-se que esse eminente administrativista reputa
públicas todas as coisas destinados a produzir utilidade pública. Para ele o que indica a
publicidade era a afectação formal a utilidade pública de uma coisa que fosse objecto de
propriedade administrativa. Portanto, o acto de afectação a utilidade publica, eis o que imprime
carácter as coisas publica. Ora desde que HAURIO, assim se comportou a um acto que a
administração pode ou não praticar, e nas condições mais arbitrárias, é evidente que renunciou a
descoberta do critério doutrinal6.
6
Idem pp. 885-887
HAURIO, admitia a publicidade como resultante da afectação a qualquer forma de utilidade
pública (serviço ou uso publico), e não a restringia a qualquer delas.
Qualquer teoria elaborada acerca da definição das coisas não poderá aspirara a substituir-se a lei:
têm de assentar as bases dogmáticas e urdir os fios nos preceitos legais de modo a fazer síntese
dos diversos elementos encontrados. Ou põe outras palavras: a teoria visa descobrir a unidade
oculta sob a aparente diversidade das disposições legislativas.
Servira depois para ajudar a compreender a lei nas suas ligações com a ordem jurídica total e
poderá aspirara o legislador de futuras leis: essas são as suas funções práticas e principais.
A utilidade pública consiste na aptidão das coisas para satisfazer necessidades colectivas.
As Coisas que têm utilidade pública inerente devem ser apropriadas pelas pessoas colectivas de
direito público, tendem a ser coisas públicas, e exige o carácter público da coisa. As que tem
mera utilidade funcional podem ser por lei considerada pública quando o legislador entenda que
tal se torne necessário ao perfeito desempenho da função que lhes é atribuída, e não tem tanta
exigência, e apenas justifica, pela importância e necessidade da afectação da coisa á função, uma
disposição especial da lei.
O estado é juridicamente uno, embora exerça direitos públicos e privados. Sem duvida o domínio
sobre as coisas publicas, destinando se a faze-las o máximo de utilidade colectiva, há-de traduzir
se pelo exercício de direitos públicos, o que necessariamente afectara o vinculo que liga o
proprietário ao objecto dos direitos. A defesa da propriedade reflecte-o igualmente. Por isso o
regime jurídico de uso, fruição, disposição e defesa deste tipo de domínio é diferente do da
7
Idem 886-894
propriedade privada, parece indicado fazer a construção de um outro instituto, o da propriedade
pública ou administrativa.
A noção de propriedade pública acentua que a coisa dominial pertence ao seu dono, embora
sujeita a um regime de direito publico, tem ainda a vantagem de permitir compreender como,
intervindo uma desafectação ou desclassificação, essa coisa continua a pertencer em propriedade
ao mesmo sujeito, agora noutros regimes jurídicos – o domínio privado.
Capitulo II
Domínio público significa quer a categoria das coisas públicas, quer os poderes da administração
sobre os bens apropriados, sobre certos espaços sujeitos a mera soberania do estado e, em sentido
lato, sobre as próprias coisas particulares (servidões administrativas). São bens dominiais tudo
aquilo que forma objecto dos direitos de domínio público em sentido estrito.
O domínio é composto por bens naturais e por coisas devidas a acção do homem: os primeiros
formam o domínio público natural; as segundas o domínio público artificial.
O domínio público natural compreende:
O domínio hídrico;
O domínio aéreo;
O domínio mineiro.
O domínio da circulação;
O domínio monumental, cultural e artístico;
E ainda, o domínio militar.
Porem, veremos agora os bens compreendidos no domínio publico, incluindo os espaços que a
lei nele integra.
Aplica-se ao domínio aéreo aquilo que atrás dissemos relativamente ao mar territorial. O
domínio corresponde neste caso a reserva que o estado faz do poder de consentir ou autorizar
certos usos, de proibir ou condicionar outros, mas o espaço atmosférico é como o mar
insusceptível por natureza de apropriação no seu conjunto.
Capitulo III
Capitulo V
Capitulo V