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Alisson P. Costa
I – Administração Pública
1 – Função Administrativa: É a função pública do Estado, realizada debaixo da lei, para cumprir as
finalidades previstas no ordenamento jurídico, na qualidade de parte sujeito de uma relação jurídica,
visando o bem comum (interesse público).
2 – Princípios
a) Constitucionais (art. 37 caput da CF)
Legalidade;
Impessoalidade;
Moralidade;
Publicidade;
Eficiência.
- Legalidade: Significa que o administrador público só pode fazer o que a lei determina ou autoriza.
- Impessoalidade: Significa que o administrador público não pode beneficiar e nem prejudicar pessoas
determinadas, este princípio também veda a promoção pessoal do administrador público quando da
inauguração de obras e serviços públicos (proibição de constar nomes e símbolos).
- Moralidade: Significa atuação dentro do padrão ético.
- Publicidade: Significa a ampla divulgação dos atos da administração pública (salvo hipóteses de
segurança nacional e interesse público).
- Eficiência (EC 19): Significa buscar o melhor resultado, pois visa o interesse público.
b) Essenciais
- Legalidade;
- Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse do Particular: Significa que às vezes para
satisfazer o interesse público será onerado o interesse privado. Ex: Desapropriação.
c) Outros – Lei 9784/99
- Razoabilidade: Significa que o administrador público deve atuar de forma compatível com os fins
que ele deseja atingir.
A proporcionalidade está relacionada com a pena do administrador.
- Motivação: Significa que o administrador público deve apresentar as razões de fato e de direito que
servem de fundamento para o seu ato. Ex: Multa de trânsito.
- Autotutela (Súmula 473 do STF):
A administração pode anular seus próprios atos quando forem ilegais ou revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade , salvo direito adquirido. Enquanto o Poder Judiciário exerce controle
limitado sobre os atos do poder administrativo (controle de legalidade).
“Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.”
- Ato Discricionário: É aquele praticado com margem de liberdade outorgada pela lei ao
administrador público, para que ele dentro de critérios de oportunidade e conveniência possa estabelecer a
alternativa mais adequada diante do caso concreto.
- Ato Vinculado: é aquele que a lei disciplina exaustivamente como ele deve ser. Ex: Licença.
Poderes Administrativos
1 – Poder Normativo/ Regulamentar: É aquele de que dispõe o administrador público para expedir
atos que veiculam normas. Ex: Portarias, decretos, circulares.
2 – Poder Hierárquico: É aquele de que dispõe a administração pública para distribuir e escalonar as
funções de seus órgãos e agentes. Desse poder decorrem faculdades como: Distribuir, delegar avocar.
3 – Poder Disciplinar: É aquele de que dispõe o administrador público para punir internamente a
conduta funcional de seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. Ex: Licitantes,
particular que tem relação específica com a administração pública.
4 – Poder de Polícia:
a) Conceito (art. 78 do CTN): É aquele de que dispõe o administrador público para condicionar e
restringir o uso e gozo de bens e atividades individuais em benefício da coletividade ou do próprio
Estado. Ex: Rodízio de veículos.
b) Atributos:
- Discricionariedade: É a margem de liberdade, outorgada pela lei ao administrador público para que
ele dentro de critérios de oportunidade e conveniência possa escolher a alternativa mais adequada diante
do caso concreto.
- Autoexecutoriedade: É a possibilidade que a administração pública tem de com seus próprios meios
colocar em execução as suas decisões sem necessidade de recorrer ao judiciário. Esta possibilidade deve
estar prevista em lei.
- Coercibilidade: É a possibilidade de a administração pública utilizar medidas coativas diante da
resistência do particular, sendo possível até o uso da força física (desde que moderada). Ex: Lacrar posto
de gasolina.
Entidades Administrativas
1 – Administração Pública Direta/Centralizada: É a situação em que a função administrativa é
exercida pela própria pessoa política (união, estados, municípios e distrito federal). Ex: Serviço de
saneamento básico.
2 – Administração Pública Indireta/Descentralizada: É a situação em que a função administrativa é
exercida por pessoas distintas da pessoa política, neste caso transfere-se a titularidade, criando-se uma
nova entidade (outorga do serviço público.).
São entidades da administração indireta (decreto lei 200/67):
I – Autarquias: São pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei, com privilégios
administrativos, para prestação de serviço público típico. Ex: IBAMA, INSS, CADE, Banco Central.
- Agências Reguladoras: São autarquias sob o regime especial com mandato fixo dos dirigentes e
poder normativo. Ex: Anatel, ANAC.
II – Empresa Pública: São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei, sem privilégios
administrativos, para prestação de serviço público típico ou exploração de atividade econômica, com
capital 100% público e sob qualquer forma (S/A, Ltda.). Ex: Caixa Econômica Federal, Infraero,
Correios.
III – Sociedade de Economia Mista: São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei, sem
privilégios administrativos, para prestação de serviço público típico ou exploração de atividade
econômica, com capital público e privado (a maioria precisa ser público), sob a forma exclusiva de S/A.
Ex: Petrobras, Banco do Brasil.
Obs.: O regime jurídico das empresas públicas e sociedade de economia mista é hibrido, ou seja, em
regra aplicam-se as normas de direito privado sendo derrogadas pelas de direito público naquilo que a lei
e a constituição dispuserem em contrário. Ex: Licitação, controle do tribunal de contas, concursos
públicos.
IV – Fundações Públicas: Elas podem ser constituídas como pessoa jurídica de direito público ou de
direito privado, em regra são pessoas jurídicas de direito público e se aproximam das autarquias. Ex:
IBGE, FUNAI.
V – Consórcios Públicos: (ver aula de serviços públicos);
VI – Entidades Paraestatais ou do Terceiro Setor: São entidades que não fazem parte da
administração pública direta e indireta. Caminha paralelamente ao Estado porem são pessoas jurídicas de
direito privado e que integram o terceiro setor, são elas:
1 – Serviços Sociais Autônomos: Sesc, Sesi, Senai, que atendem um grupo ou categoria.
2 – Organizações Sociais: É uma qualificação a uma determinada pessoa jurídica que ao atuar com o
Estado celebra com este contrato de gestão e há necessidade de participação do poder público em seu
conselho de administração.
3 – OSCIP’S (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público): São pessoas jurídicas de
direito privado que celebram com o Estado termo de parceria e são autorizadas pelo ministério da justiça.
Para as OSCIPI’S há exigência de demonstração de balanço patrimonial e demonstrativos de resultado.
Atos Administrativos
I – Conceito: É a declaração do Estado ou de quem o represente que produz efeitos jurídicos imediatos
com observância da lei e sob regime jurídico de direito público.
II – Características
Presunção de Legitimidade/Legalidade;
Imperatividade;
Autoexecutoriedade;
Tipicidade.
- Presunção de Legitimidade/Legalidade: Significa que os atos administrativos presumem-se legais
até prova em contrário. Esta presunção vem acompanhada pela presunção de veracidade.
- Imperatividade: Significa que o ato impõe independentemente da concordância do particular.
- Autoexecutoriedade: É a possibilidade que a administração pública tem de com seus próprios meios
colocar em execução as suas decisões, sem necessidade de recorrer ao judiciário. Esta possibilidade deve
estar prevista em lei.
- Tipicidade: Significa que o ato administrativo deve corresponder às figuras previamente definidas na
lei.
Obs.: Exigibilidade/Imperatividade: É a possibilidade de aplicar as medidas coercitivas. Há discussão
na doutrina se este princípio vigora ou não nos atos administrativos.
III – Requisitos ou Elementos (art. 2° da Lei 4717/65): Os requisitos ou elementos estão
relacionados com a estrutura do ato administrativo.
Sujeito/Competência;
Conteúdo/Objeto;
Forma;
Finalidade;
Motivo.
1 - Sujeito/Competência: Sujeito é aquele a quem a lei atribui a pratica do ato.
2 - Conteúdo/Objeto: É o efeito jurídico imediato que o ato produz.
3 – Forma: É a maneira pela qual o ato se exterioriza, em regra é a forma escrita.
4 – Finalidade: Em sentido amplo é o interesse público e em sentido estrito é o resultado específico
que cada ato deve produzir.
5 - Motivo: É a explicação das razões de fato e de direito que serve de fundamento para o ato.
IV – Espécies
1 – Atos Normativos: São aqueles que contem um comando geral do Executivo, visando a correta
aplicação da lei. Ex: Decreto, regimentos, regulamentos e resoluções.
2 – Atos Ordinários: São aqueles que visam disciplinar o funcionamento da administração. Ex:
Portarias, circulares, avisos, ofícios, despachos.
3 – Atos Enunciativos: São aqueles que contêm uma declaração da administração pública. Ex:
Certidão, atestados.
4 – Atos Negociais: São aqueles que disciplinam acerca dos negócios jurídicos públicos. Ex: Licença,
Autorização.
5 - Atos Punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta pela administração. Ex: Multa,
advertência, suspensão.
V – Extinção:
1 – Cumprimento dos Efeitos;
2 – Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto;
3 – Retirada:
a) Anulação: Ocorre quando há ilegalidade.
b) Revogação: Ocorre por inconveniência ou inoportunidade.
c) Cassação: É a extinção do ato que ocorre quando o beneficiário do mesmo descumpre condições
que deveriam permanecer atendidas para que ele pudesse continuar desfrutando de uma determinada
situação jurídica. Ex: Construir diferente da licença concedida, limite de pontuação na CNH.
d) Capacidade: É a extinção do ato que ocorre quando norma superveniente torna inadmissível uma
situação antes permitida.
e) Contraposição: Ela ocorre quando é emitido um ato com fundamento em competência diversa da
que gerou o ato anterior, cujo os efeitos lhes são contrapostos. Ex: Nomeação com exoneração.
Agentes Públicos
I – Conceito: É toda a pessoa física que presta serviços ao Estados e as pessoas jurídicas da
administração indireta.
II – Classificação:
1 – Agentes Políticos: São aqueles que ingressam na função por meio das eleições para o exercício de
mandato fixo. Ex: Presidente, governador, deputado.
2 – Servidor Públicos:
a) Estatutários:
b) Empregados Públicos: São aqueles que ocupam emprego público sujeitos ao regime da CLT.
Prestam concurso público, mas não adquirem estabilidade. Ex: Empregados das empresas públicas e
sociedades de economia mista.
c) Temporários: São aqueles contratados por tempo determinado em razão de necessidade excepcional
de interesse público.
* Cargos em Comissão: São aqueles de livre nomeação ou exoneração para as funções de direção,
chefia ou assessoramento. Ex: Ministros dos estados, secretários de estado, chefe de gabinete.
3 – Particulares em Colaboração com o Poder Público: São pessoas físicas que prestam serviços ao
Estado com ou sem remuneração, porém sem vinculo empregatício. Ex: Empregados dos concessionários,
permissionários, jurados, mesários.
III – Servidores Públicos Estatutários Lei 8.112/90
1 – Conceito: São os titulares de cargo público com regime jurídico estatutário. Prestam concurso
público e adquirem estabilidade após três anos de efetivo exercício (Estagio Probatório).
Obs.: Juízes e promotores adquirem vitaliciedade após dois anos de exercício.
2 – Perda do Cargo: Os efetivos só podem perder o cargo nas seguintes situações:
a) Sentença judicial com transito em julgado;
b) Processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa;
c) Por avaliação negativa de desempenho;
d) No caso de diminuição de despesas com pessoal.
3 – Acumulação de Cargo: É vedada a acumulação de cargos, exceto quando houver compatibilidade
de honorários e nas seguintes hipóteses:
a) Dois cargos de professor;
b) Um cargo de professor com outro técnico ou cientifico;
c) Dois cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde com profissões regulamentadas. Ex:
Médico, dentista.
4 – Exercício de Mandato Eletivo:
Não é vedado o exercício de mandato eletivo pelo servidor. As regras são:
a) Prefeito: Ele deve se afastar do cargo e pode optar entre a remuneração de servidor e o subsidio de
prefeito.
b) Vereador: Caso não haja incompatibilidade de horários, poderá acumular a remuneração de
servidor como subsidio de vereador. Do contrário segue a regra do prefeito.
c) Demais Cargos: Ele deve se afastar do cargo e não pode acumular as remunerações.
5 – Acessibilidade: Os cargos públicos são acessíveis aos brasileiros natos, naturalizados e aos
estrangeiros na forma da lei (art. 207 da CF e art. 5°, §3° da lei 8.112/90).
6 – Direitos e Vantagens (art. 40 até o 80 da Lei)
a) Subsídio: É o pagamento em parcela única e serve para os agentes políticos.
b) Vencimento: É a retribuição pecuniária pelo exercício do cargo com valor fixado em lei.
c) Remuneração: É o vencimento acrescido das vantagens (indenizações e gratificações).
7 – Formas de Provimento (art. 8° ao 32 da Lei)
a) Nomeação: Dá-se em caráter efetivo ou em comissão.
b) Promoção: Ocorre quando o servidor passa para um cargo de maior grau de responsabilidade dentro
da carreira.
c) Readaptação: Ocorre em caso de acidente e limitação física ou mental.
d) Reversão: Ocorre em caso de aposentadoria e interesse da administração.
e) Reintegração: Ocorre nos casos de demissão.
f) Recondução: Ocorre no caso de estágio probatório e reintegração.
g) Aproveitamento/Disponibilidade: É o retorno do servidor colocado em disponibilidade a um cargo
de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado (art. 41 da CF).
Obs.: Remoção e redistribuição não são formas de provimentos (art. 36 e 37 da Lei).
8 – Desinvestidura:
a) Demissão: É a punição por falta grave.
b) Exoneração:
- A pedido do interessado;
- De ofício: Ocorre para os cargos em comissão ou quando não satisfeitas as condições do estágio
probatório.
c) Dispensa: Ocorre com relação aos contratados pela CLT quando não há justa causa.
9 – Regras para Aposentadoria (art. 40 da CF):
a) Por Invalidez Permanente: Os proventos são proporcionais.
b) Compulsória: Ocorre aos 70 anos de idade, os proventos são proporcionais.
c) Voluntária: Desde que cumprido tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço público
e 5 anos no cargo em que se dará a aposentadoria observada as seguintes condições:
1° 60 anos de idade e mais 35 de contribuição se for homem, e 55 anos de idade e mais 30 de
contribuição se for mulher.
2° 65 anos de idade se for homem e 60 anos se for mulher.
Serviços Públicos
I – Conceito: São todos aqueles prestados pela a administração ou por seus delegados para satisfazer
necessidades essências da coletividade ou simples conveniência do Estado.
II – Classificação:
1 – Serviços Públicos Propriamente Ditos: São prestados diretamente e exclusivamente pela
administração em razão da sua essencialidade. Ex: Defesa nacional, serviços de segurança pública.
2 – Serviços de Utilidade Pública: São prestados pela administração pública ou por particulares em
razão de sua conveniência. Ex: Transporte coletivo, Energia elétrica, gás, telefonia.
3 – Serviços Gerais “uti universi”: São prestados pela administração sem ter usuários determinados.
São indivisíveis, não mensuráveis. Ex: Segurança pública.
4 – Serviços Individuais “uti singuli”: Possuem usuários determinados, são divisíveis.
III – Formas e Meios:
1 – Serviços Centralizados: É aquele prestado pela a administração pública direta ou centralizada.
2 – Serviços Descentralizados: É aquele prestado pela a administração pública indireta (titularidade)
ou por particulares (transferência só da execução).
3 – Serviços desconcentrados: É a distribuição de competência dentro de um mesmo órgão
decorrentes de um poder hierárquico. Ex: Ministérios, secretarias, subprefeituras, superintendências
regionais.
Consórcio e Convênios
- Convênios Administrativos: São acordos firmados entre entidades públicas de qualquer espécie ou
entre estas e organizações particulares para a realização de interesse comum para os participes.
- Consórcios: São acordos administrativos firmados entre entidades sempre da mesma espécie para
realização de interesses comuns dos participes. Ex: Autarquia com autarquia.
Consórcios Públicos (Lei 11.107/05): Os consórcios públicos podem ser constituídos como pessoa
jurídica de direito público ou pessoa jurídica de direito privado. Se for constituído como pessoa jurídica
de direito público eles integram a administração pública indireta. Se for constituído como pessoa jurídica
de direito privado assumem a forma de associação civil.
- Podem ser celebrados por entidades da mesma espécie ou não;
- Possuem natureza contratual e dependem previamente à sua celebração do chamado protocolo de
intenções;
- O consórcio está sujeito à fiscalização do tribunal de contas;
- Os consórcios podem ser contratados por meio de dispensa de licitação;
- Os consórcios podem celebrar contratos de gestão e termos de parceria;
- Os consórcios celebram dois tipos de contratos:
I – Contratos de Programa: Estabelece as obrigações entre os consorciados.
II – Contrato de Rateio: É aquele em que os entes consorciados comprometem-se a fornecer os
recursos necessários para suprir as despesas do consórcio.