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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Curitiba
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PROCEDIMENTO COMUM Nº 5049476-26.2017.4.04.7000/PR


AUTOR: RODONORTE - CONCESSIONARIA DE RODOVIAS INTEGRADAS S/A
ADVOGADO: ROMEU FELIPE BACELLAR FILHO
RÉU: AGENCIA REGULADORA DE SERVICOS PUBLICOS DELEGADOS DE INFRA-ESTRUTURA DO
PARANA
ADVOGADO: ANTÔNIO CARLOS CABRAL DE QUEIROZ
RÉU: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DO PARANÁ - DER/PR
RÉU: ESTADO DO PARANÁ
RÉU: AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT
RÉU: DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT
RÉU: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO

SENTENÇA

1. Trata-se de AÇÃO DE PROCEDIMENTO COMUM DE CUNHO


DECLARATÓRIO E PRECEITO COMINATÓRIO, cujo escopo é a declaração de nulidade
de processos administrativos sancionatórios por parte da ré AGENCIA REGULADORA DE
SERVICOS PUBLICOS DELEGADOS DE INFRA-ESTRUTURA DO PARANA.

Defende que, nos termos dos convênios de delegação da concessão que explora,
não há autorização para que a AGEPAR exerça as competências fiscalizatórias, eis que
remanesce a titularidade do serviço com a UNIÃO FEDERAL, e, para fins de fiscalização,
com o DER/PR.

Afirmou ter sido autuada pela AGEPAR sob alegação de irregularidades


referentes ao objeto do contrato de concessão, consistentes em má qualidade e falta de
obediência a padrões contratuais do serviço.

Defendeu que, nos termos da Lei Complementar Estadual 94 - 23 de Julho de


2002, que criou a AGEPAR, essa agência não tem características de agência executiva - tal
como a ré ANTT, por exemplo -, e, no texto dessa mesma norma, é exigido um convênio
administrativo para que possa exercer fiscalização de serviços/bens de outros entes
federativos.

No mérito, afirma ainda que as alegadas irregularidades e falhas, ou já foram


corrigidas, ou não existiram nos termos em que aponta a ré AGEPAR.

Disse estarem presentes os requisitos para concessão de tutela antecipada.

Juntou documentos, e requereu a concessão de tutela antecipada para inibir


procedimentos fiscalizatórios da ré, suspender os processos administrativos em curso, e
decretar a suspensão da exigibilidade das multas aplicadas, com a cosequente inibição de
inscrição em dívida ativa.

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No mérito, requereu a citação dos réus, e a procedência da ação para declarar a
incompetência da ré para promover a fiscalização do objeto do contrato de concessão que
titulariza, confirmando-se a antecipação de tutela; a condenação da ré ao pagamento dos
encargos advindos da sucumbência.

Deu à causa o valor de R$ 50.000,00(cinquenta mil reais).

2. No evento 3 foi alterado o valor da causa para R$ 1.146.664,48(um milhão,


cento e quarenta e seis mil, seiscentos e sessenta e quatro reais e quarenta e oito centavos), e
deferida em parte a medida de antecipação de tutela.

3. Apresentados embargos de declaração da decisão do evento 3


pela AGÊNCIA REGULADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DELEGADOS DE
INFRAESTRUTURA DO PARANÁ - AGEPAR(evento 28).

4. Contestação do DNIT(evento 31).

Alega ser parte ilegítima, eis que o convênio foi assinado pelo antigo DNER, e,
nos termos da Portaria nº 89, de 09 maio de 2006, do Ministério dos Transportes, a sucessão
se deu pelo Ministério(ou seja, pela UNIÃO).

Postula, em caso de procedência, a dispensa dos honorários advocatícios.

5. Contestação da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres(evento


32).

Alega ilegitimidade passiva, eis que a competência para administração das


referidas rodovias foi repassada ao ESTADO DO PARANÁ por meio da Lei 9.277/1996, e a
competência regulatória, portanto, ao DER.

Postula, em caso de procedência, a dispensa dos honorários advocatícios.

6. O ESTADO DO PARANÁ aponta a necessidade de acompanhamento da


demanda - no entanto, menciona não ter interesse em ser parte(evento 34).

7. Contestação da AGEPAR(evento 36).

Após historiar os eventos da causa, postula a existência de competência para


fiscalização do referido contrato. Alega que o delegatário, no referido convênio, é o ESTADO
DO PARANÁ, o qual transferiu, nos termos da Lei Complementar Estadual nº 94/2002, a
competência para a agência.

Alega que:

não há que se falar em necessidade de convênio específico ou em ausência de competência da


AGEPAR para fiscalizar e autuar a Requerente quanto ao exercício das atividades decorrentes
do Contrato de Concessão nº 75/1997, uma vez que resta amplamente demonstrado nos
presentes autos que, não só o poder de polícia administrativa foi devidamente delegado ao
ESTADO DO PARANÁ através do Convênio de Delegação nº 6/96, como a AGEPAR é a

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entidade pertencente à administração pública do Delegatário competente para o exercício das
atividades daí decorrentes. Razão pela qual, pugna-se, desde já pela TOTAL
IMPROCEDÊNCIA da presente demanda

Afirma não haver bis in eadem, e que o processo administrativo obedeceu às


regras de contraditório - sendo a decisão devidamente motivada.

Alegou ser imprescindível a revogação da tutela antecipada, eis que em


evidente prejuízo da segurança jurídica e do interesse público.

Anota os seguintes pedidos:

Diante do exposto e por tudo o mais que nos autos consta, requer-se:

a) Seja revogada a tutela de urgência deferida parcialmente no evento nº 3, conforme exposto


no item III.4;

b) No mérito, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral, nos termos expostos nos
itens “III.1”, “III.2.” e “III.3”, haja vista a atuação regular da Requerida, ausente de
qualquer tipo de nulidade, notadamente para:

b.1) Rejeitar o pedido de declaração de suposta incompetência da Requerida para atuar na


fiscalização e exercer o poder sancionatório em relação à autora nos trechos concessionados,
eis que a AGEPAR atuou de forma regular e no exercício de sua competência, conforme
demonstrado no item “III.2.” e “III.3.” da presente peça;

b.2) Rejeitar o pedido de confirmação da tutela antecipada, para que a requerida se abstenha
de exercer a fiscalização no âmbito da concessão outorgada à autora em se tratando dos
trechos concessionados à esta, porquanto restou amplamente demonstrada a competência da
Requerida, conforme abordado no item “III.2” e “III.3.”;

c) Requer-se a condenação da Requerente por litigância de má-fé, nos termos do previsto no


art. 81 do CPC e conforme fundamentos apresentados no item “III.5” da presente
contestação.

d) Ao final, requer a condenação da parte contrária ao pagamento dos honorários


advocatícios de sucumbência, nos termos do art. 85, do Código de Processo Civil.

Desde já, protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito,
reservando-se no direito de juntar outras se necessário, nos termos dos artigos 370 e 373,
todos do CPC

8. Contestação da UNIÃO FEDERAL/AGU(evento 37).

Alega, em preliminar, inépcia da petição inicial, por não haver pedido


endereçado à UNIÃO FEDERAL.

Defende sua ilegitimidade passiva, eis que não reservou para si a competência
para tratar de infrações ao contrato de concessão.

Postula, em caso de procedência, a dispensa dos honorários advocatícios.

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9. Manifestação do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL(MPF)(evento 53).

Alega não haver interesse de ente federal na demanda, e que o processo deve
ser remetido ao MM. Juízo Estadual.

10. Houve réplica(evento 58).

11. Citado(evento 15), o DER/PR não apresentou resposta.

12. Vieram conclusos para sentença em 09/05/2018.

Fundamentação

Preliminares

UNIÃO - Inépcia da Petição Inicial

Não verifico a existência de inépcia da petição inicial no que tange à UNIÃO


FEDERAL/AGU.

Isso porque a condição de litisconsorte decorre da principal tese defendida: de


que a AGEPAR teria usurpado sua(=UNIÃO) competência para fiscalização, ao alterar
unilateralmente o convênio anteriormente firmado. Mesmo que não haja pedido expresso
contra si, sua legitimidade decorre do interesse processual no resultado da demanda.

Aliás, isso não é situação nova: basta lembrar que, em diversas ações, a UNIÃO
FEDERAL postula ressarcimento de danos havidos à PETROBRAS - justamente sob o
argumento de manifesto interesse público em manutenção da lisura de contratos
administrativos, mesmo não sendo parte direta em nenhum deles.

Pode a UNIÃO defender o ato estadual - mas, então, o tema é de mérito, não se
tratando de preliminar.

Destarte, afasto a preliminar apontada pela UNIÃO FEDERAL.

DNIT - ANTT - UNIÃO - Legitimidade Passiva

Aponto que reiteradas decisões do e. Tribunal Regional Federal(TRF) da 4ª


Região apontam a legitimidade da UNIÃO, do DNIT e da ANTT para ações envolvendo
contratos de concessão de rodovias ao Estado Federado:

ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE CONCESSÃO. PEDÁGIO. REAJUSTE DE


TARIFAS. LEGITIMIDADE PASSIVA DA ANTT. INTERESSE DE AGIR. NÃO
CONFIGURADO.
1. A Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT ostenta legitimidade para integrar o

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pólo passivo de ação versando sobre reajuste de pedágio em rodovia federal, ainda que haja
delegação de sua administração e exploração ao Estado-membro. Precedentes do Superior
Tribunal de Justiça e desta Corte.
2. Se o Contrato de Concessão prevê que a não-homologação pela autoridade competente no
prazo avençado dos cálculos de reajuste tarifário apresentados pela concessionária equivale à
homologação tácita, falece de interesse processual a ação que visa a autorização para
implementar tal reajuste, se este já estava autorizado contratualmente antes mesmo da
propositura da ação.
3. Caso em que não há qualquer prova de que os réus da presente ação estivessem a impedir a
implantação do aumento.
4. Configurada a ausência de interesse de agir.
5. Inversão sucumbencial.

(Classe: APELREEX - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO


Processo: 2005.70.00.034003-0UF: PR Data da Decisão: 29/04/2014Orgão
Julgador: QUARTA TURMA Inteiro Teor:Citação: FonteD.E. 07/05/2014 Relator LUÍS
ALBERTO D'AZEVEDO AURVALLE)

ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE CONCESSÃO. PEDÁGIO. REAJUSTE DE


TARIFAS. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO E DA ANTT. CONFLITO
CONFEDERATIVO NÃO-CONFIGURADO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Agravo
retido da União conhecido e analisado na preliminar ao mérito, no qual objetiva o
reconhecimento de sua ilegitimidade passiva. 2. A União e a Agência Nacional de Transportes
Terrestres - ANTT ostentam legitimidade para integrar o pólo passivo de ação versando sobre
reajuste de pedágio em rodovia federal, ainda que haja delegação de sua administração e
exploração ao Estado-membro. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e desta Corte. 3.
Inexiste conflito entre os entes políticos na dimensão reclamada pelo Texto Constitucional a
impor a competência originária do Supremo Tribunal Federal com fundamento no art. 102, I,
"f", da Constituição Federal, porquanto esse dispositivo retrata hipótese excepcional de
competência originária a colisão de interesses entre os entes federativos, de modo que ela só
deve ser caracterizada quando estiver comprometido o próprio equilíbrio federativo, o que
não se verifica no caso, pois o Estado do Paraná e a União não ocupam posições antagônicas
no processo e suas defesas são convergentes. 4. Não tendo apresentado os fundamentos para
infirmar o percentual obtido pela autora, deve ser aceito aquele ofertado pela concessionária,
pois este é o critério eleito pelo próprio contrato. Da mesma forma que ocorreu no âmbito
administrativo, em juízo o Estado do Paraná novamente faz uso apenas de fundamentos de
cunho eminentemente político, abordando unicamente a questão de suposta contrariedade ao
interesse público, não havendo a apreciação de questão técnica pertinente ao percentual de
reajuste da tarifa, do que se presume sua regularidade. 5. Afastamento da condenação da
União e da ANTT em honorários, pois, a despeito de sua legitimidade passiva, no presente
caso, há absoluta ausência de causalidade por parte dos entes federais para o surgimento da
ação, cujo objetivo é apenas suprir omissão do DER/PR e do Estado do Paraná no
cumprimento do contrato de concessão. (TRF4, AC 0026929-92.2008.404.7000, Terceira
Turma, Relator Nicolau Konkel Júnior, D.E. 21/08/2012)

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE CONCESSÃO. PEDÁGIO. REAJUSTE TARIFÁRIO


ANUAL. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO E ANTT. PROVA PERICIAL. 1. "A matéria
acerca da legitimidade passiva da União e da ANTT encontra-se pacificada no STJ. A
jurisprudência tem entendido que ambas são partes legítimas para figurarem na demanda
quando trata-se de rodovias federais delegadas aos Estados." 2. "Conforme a cláusula XIX do
contrato, os reajustes anuais serão propostos pela concessionária, conforme fórmula definida
no item 4, e submetidos à fiscalização do DER/PR, para verificação de sua correção. Assim,
cumpre ao DER/PR verificar a correção da aplicação da fórmula prevista contratualmente, e
não negar a homologação do reajuste com fundamento em existirem processos judiciais para
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discussão sobre a composição, da tarifa básica ." 3. Desnecessária a produção de prova
pericial. (TRF4, APELREEX 2007.70.00.032494-0, Terceira Turma, Relatora Maria Lúcia Luz
Leiria, D.E. 16/02/2011)

DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE OUTORGA E CONCESSÃO DE RODOVIAS.


EXPLORAÇÃO DE PEDÁGIO. LEGITIMIDADE DO DNIT E DA ANTT PARA FIGURAR NA
LIDE. VIGÊNCIA DA CONCESSÃO. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA. ORDEM DE
INÍCIO DA OPERAÇÃO. TERMO INICIAL DO PRAZO CONTRATUAL. DEZEMBRO DE
1998. ESTIPULAÇÃO. APELAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA PROVIDA. AGRAVO RETIDO
PREJUDICADO. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA.
1. O Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte - DNIT, por ser o órgão
responsável pela administração dos programas de operação, manutenção e conservação
das rodovias federais, bem como pela fiscalização dos convênios é parte legítima para
ostentar no pólo passivo da demanda. 2. Em se tratando de contrato de outorga
de concessão para exploração de rodovia federal mediante cobrança de pedágio a Agência
Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, a seu turno, também possui legitimidade passiva
para integrar a lide. 3. A contagem do prazo de 15 anos para fins de estipulação da data final
da concessão parte da data da efetiva operação e não das obras iniciais, conforme a previsão
expressada no item 3.2 do contrato celebrado entre o Poder Público e a concessionária. 4. No
caso, a estipulação da data final da vigência concessão encetada pelo Contrato PJ/CD nº
087/98, deve partir da data da ordem de início da operação expedida pelo DAER/RS em
29-12-1998 e não das obras iniciais. 5. Assim sendo, o prazo de 15 anos da concessão dos
pólos rodoviários transferidos para controle e exploração da Metrovias, tem o seu termo em
30 de dezembro de 2013, razão pela qual deve ser provido o seu recurso, restando prejudicado
o exame do agravo retido que solicitava a anulação da sentença e o retorno dos autos à
origem para produção de prova pericial. 6. Por conta do provimento do recurso da Metrovias
S/A, inverte-se a condenação das despesas processuais e da verba sucumbencial, devendo o
valor dos honorários advocatícios (R$ 5.000,00) ser pago individualmente por cada parte ré
da demanda, incluindo o DNIT e a ANTT.

(Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL Processo: 5015205-21.2013.4.04.7100UF: RS Data da


Decisão: 10/06/2015Orgão Julgador: TERCEIRA TURMA Relatora DES. FED. MARGA
INGE BARTH TESSLER)

No mesmo sentido já decidiu o STJ que: "A União e a Agência Nacional de


Transportes Terrestres - ANTT ostentam legitimidade para integrar o pólo passivo de ação
versando sobre reajuste de pedágio em rodovia federal, ainda que haja delegação de sua
administração e exploração ao Estado-membro. Precedentes do STJ: AgRg no REsp
1119560/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJ de
25/09/2009; REsp 1103168/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA
TURMA, DJ de 27/04/2009; RESP 848.121/PR, Relatora Ministra Denise Arruda, DJ de
28.11.2008; RESP 1.025.754/PR, Relator Ministro Herman Benjamin DJ de 02.6.2008; REsp
851.421/PR, Relator Ministro Humberto Martins, DJ de 16.10.2007. (AgRg no REsp
1139423/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe
02/02/2010)".

Destarte, afasto as preliminares aventadas.

Quanto ao ESTADO DO PARANÁ, a situação é um tanto diversa. Eis o teor de


sua resposta:
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O ESTADO DO PARANÁ, por sua Procuradora, vem informar que não tem interesse em ser
parte na demanda, uma vez que figuram como requeridas duas autarquias estaduais, dotadas
de personalidade jurídica própria e autonomia administrativa e financeira, reservando-se à
posição de acompanhamento do feito.

Disso compreendo que milita litigar como assistente simples da ré AGEPAR e


do DER/PR(art. 121 do CPC). Este último, aliás, citado(evento 15), não apresentou
contestação.

Mérito

Fiscalização - Convênio - Sucessão do DER/PR pela AGEPAR - Efeitos

Como já frisei nas decisões anteriores, a questão central não é se a AGEPAR


pode efetuar atos de fiscalização - isso é inarredável. O que se discute é se, além desses atos
materiais, pode ela igualmente aplicar penalidades pelo descumprimento do referido
convênio.

Reitero o que afirmei por ocasião da decisão de antecipação de tutela:

No mérito, há verossimilhança na alegação de que a AGEPAR não possui competência para


promover as referidas autuações. Isso porque, como é notório, a titularidade dos bens e do
serviço, mesmo com a delegação da Lei 9.277/1996, permanece com a UNIÃO FEDERAL:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO


PÚBLICO EM 1ª INSTÂNCIA. MANIFESTAÇÃO DA PROCURADORIA EM 2º GRAU.
AUSÊNCIA DE NULIDADE PORQUE AUSENTE PREJUÍZO. LEGIMITIDADE PASSIVA
DA UNIÃO, DNIT E ANTT. AÇÃO DISCUTINDO TARIFAS DE PEDÁGIOS
EM RODOVIAFEDERAL CONCEDIDA. INDISPENSABILIDADE DE MAIOR DILAÇÃO
PROBATÓRIA.
1. Não merece acolhida a alegação de nulidade do processo por ausência de intervenção do
Ministério Público em primeira instância, quando há manifestação da Procuradoria em
segundo grau de jurisdição, especialmente porque não demonstrado efetivo prejuízo às partes
ou ao andamento do processo. Prevalência dos princípios da celeridade processual e da
instrumentalidade, erigidos em direito fundamental. Precedentes do E. STJ.
2. O contrato de concessão que instrui os autos é resultado de convênio de delegação firmado
entre a União e o Estado do Paraná, com fundamento na Lei nº 9.277/1996. Em se tratando de
delegação para a realização de serviços públicos, transfere-se a execução do serviço, não a
titularidade do bem. Tanto assim que, no contrato, a União atua como interveniente, através
do Ministério dos Transportes. Assim, forçoso reconhecer o interesse jurídico da União, tendo
em vista se tratar de bem de sua propriedade. Precedentes do E. STJ.
3. A legitimidade do DNIT para a causa se configura na medida em que sucedeu o DNER, que
firmou a concessãojuntamente com a União. Uma vez que é de competência da ANTT
fiscalizar o cumprimento das cláusulas contratuais de concessão que integram rodovias
federais, inclusive as formalizadas antes da edição da Lei nº 10.233/2001, como é o caso dos
autos, em que a concessão se iniciou no ano de 1997, resta configurada a sua legitimidade
para figurar no pólo passivo da ação.
4. Considerando a complexidade da causa e a incompletude e a unilateralidade da prova
técnica produzida - e a deficiência da instrução dela decorrente -, é devida a anulação da
sentença a fim de proporcionar a dilação probatória indispensável ao julgamento da causa.

Classe: APELREEX - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO


Processo: 0006678-58.2005.4.04.7000UF: PR Data da Decisão: 23/03/2011Orgão

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Julgador: QUARTA TURMA Relatora Des. Fed. MARGA INGE BARTH TESSLER

Veja-se que as autuações foram efetuadas por descumprimento de cláusula contratual relativa
ao dever de conservação das rodovias:

Logo, em princípio a atividade de ficalização é da UNIÃO FEDERAL - ou de sua agência


específica, a ANTT. Ademais disso, nos termos da cláusula contratual LVII, item 7 e 9, a
competência para aplicação da multa com base em descumprimento contratual foi, se se
considerar o contrato como modalidade de convênio, repassada ao Diretor-Geral do DER/PR.

Num juízo próprio deste momento processual, a criação da AGEPAR, portanto, não tinha o
condão de modificar essa cláusula - até porque, nos termos da própria legislação que a
criou(LCE 94/2002), art .5º, §1º:

Art. 5º. À AGÊNCIA compete regular, fiscalizar e controlar, nos termos desta Lei, os serviços
públicos delegados de infraestrutura do Paraná, conforme definidos nos incisos VII e VIII do
art. 2º desta Lei.

§ 1º. Com exceção do disposto no § 2º deste artigo, a competência da AGÊNCIA, nos casos em
que o serviço público delegado não for de titularidade do Estado do Paraná, nos termos dos
incisos VII e VIII do art. 2º desta Lei, dar-se-á por delegação prévia e expressa, por meio de
convênio específico, a ser firmado com o ente titular do serviço público, de qualquer nível
federativo.
(Redação dada pela Lei Complementar 202 de 27/12/2016)

§ 2º. Nos casos em que houver gestão associada entre o Estado do Paraná e os municípios
para a prestação dos serviços de saneamento básico previstos na alínea “i” do inciso VII do
art. 2º desta Lei, nos termos das Leis Federais nºs 11.107, de 6 de abril de 2005 e 11.445, de
2007, a delegação das competências de regulação e fiscalização deverá constar do Convênio
de Cooperação firmado entre os entes federados convenentes, figurando a AGÊNCIA como
interveniente.
(Incluído pela Lei Complementar 202 de 27/12/2016)

Se o serviço era da UNIÃO, e a UNIÃO por convênio o repassa ao ESTADO DO PARANÁ, e,


nesse mesmo convênio, essas partes elegem o DER/PR como responsável pela fiscalização, a
conclusão é que apenas por um adendo ao convênio ao adendo ao convênio original, do qual
participe a UNIÃO, poderia ser alterada essa competência - como exige a norma estadual.

Ou seja, não se nega que a AGEPAR possa vir a fiscalizar o cumprimento do contrato, mas
precisará, para isso, refazer o convênio atual. Até que esse convênio venha, poderá atuar
como qualquer pessoa e usuário do serviço: verificando alguma desconformidade, incumbe-
lhe representar ao órgão competente, para que este tome as providências devidas.

Aliás, pode até haver convênio do DER/PR com a AGEPAR para atos materiais de
fiscalização - tal como existe entre o IPEM/PR e INMETRO, p. ex. -, mas não competência
própria para aplicar multas e autuações.

Repiso, a própria norma estadual coloca que a atuação da AGEPAR , no caso de


serviço delegado da UNIÃO, depende de convênio expresso e específico:

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Art. 5º. À AGÊNCIA compete regular, fiscalizar e controlar, nos termos desta Lei, os serviços
públicos delegados de infraestrutura do Paraná, conforme definidos nos incisos VII e VIII do
art. 2º desta Lei.

§ 1º. Com exceção do disposto no § 2º deste artigo, a competência da AGÊNCIA, nos casos em
que o serviço público delegado não for de titularidade do Estado do Paraná, nos termos dos
incisos VII e VIII do art. 2º desta Lei, dar-se-á por delegação prévia e expressa, por meio de
convênio específico, a ser firmado com o ente titular do serviço público, de qualquer nível
federativo.
(Redação dada pela Lei Complementar 202 de 27/12/2016)

Continuo a compreender que não se pode falar em simples sucessão do


DER/PR pela AGEPAR - até porque os entes continuam a existir. Se houve alteração de
competências internas a entidades da administração estadual, a solução é a repactuação do
convênio.

Ademais disso, como já explicitado, isso não significa que os concessionários


fiquem impunes - basta que a AGEPAR acione o DER/PR para uso de suas competências de
aplicação de penalidades.

A ação é parcialmente procedente.

Quanto aos honorários advoactícios:

a) os réus UNIÃO, ANTT e DNIT respondem por eles, por serem partes
legítimas para a causa - se não por ação, mas por omissão em seus deveres fiscalizatórios do
convênio;

b) o ESTADO DO PARANÁ, como assistente simples, está dispensado dos


ônus de sucumbência - até porque não apresentou qualquer defesa em favor dos assistidos;

c) o DER/PR, este sim, por força da causalidade, está dispensado dos ônus de
sucumbência. É que a presente sentença reconheceu ser prerrogativa dele a aplicação de
sanções - logo, seria contraditório condená-lo ao pagamento de verbas de sucumbência.
Tampouco, por não ter sequer contestado o feito, pode ser beneficiado com as referidas
verbas.

Dispositivo

Ante o exposto, AFASTO as preliminares aventadas, e decreto a extinção do


feito com resolução de mérito(art. 487, I, do CPC), julgando parcialmente procedente a ação
para:

a) ANULAR os atos administrativos de aplicação de sanções da ré AGEPAR


em face da autora(AI 001/2017, 002/2017 e 003/2017);

b) DECLARAR a competência do réu DER/PR para aplicação de sanções à


autora, até que se efetue adendo aos convênios de delegação das rodovias federais ao Estado
5049476-26.2017.4.04.7000 700004900909 .V10

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:: 700004900909 - eproc - :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_impr...

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Curitiba
do Paraná.

Quanto ao item "b", aponto que a AGEPAR poderá atuar como qualquer pessoa
e usuário do serviço: verificando alguma desconformidade, incumbe-lhe representar ao órgão
competente, para que este tome as providências devidas. E, além disso, poderá formular
convênio com o DER/PR para atos materiais de fiscalização.

Ante a proibição de compensação de honorários(art. 85, §14, do CPC):

a) CONDENO a parte autora ao pagamento de metade das custas processuais, e


honorários advocatícios aos réus UNIÃO FEDERAL, DNIT, AGEPAR E ANTT, os quais
fixo em 10%(dez por cento) do valor atribuído à causa(art. 85 do CPC). Cada réu terá direito
a 1/4 do valor desses honorários.

b) CONDENO os reús UNIÃO FEDERAL, DNIT, AGEPAR E ANTT ao


pagamento de honorários advocatícios à parte autora os quais fixo nos patamares mínimos da
tabela do art. 85, §3º, do CPC(10%(dez por cento) do valor atribuído à causa até o valor de
200 salários-mínimos, e sucessivamente) e obedecido o §5º do mesmo artigo. Cada ré arcará
com 1/4 do valor desses honorários, não havendo falar em solidariedade.

Sem condenação dos réus ao pagamento/ressarcimento de custas.

Isentos o ESTADO DO PARANÁ e o DER/PR dos ônus de sucumbência.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Documento eletrônico assinado por MARCUS HOLZ, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de
19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do
documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o
preenchimento do código verificador 700004900909v10 e do código CRC 8dcfd984.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): MARCUS HOLZ
Data e Hora: 10/5/2018, às 17:51:35

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