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0023, da Capital
Relatora: Desa. Vera Copetti
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Gabinete Desa. Vera Copetti
RELATÓRIO
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Sra. Dra. Eliana Volcato Nunes, manifestando-se pelo desprovimento do recurso
(pp. 384-387).
O Estado de Santa Catarina requereu sua habilitação nos autos, eis
que o art. 98 da Lei Complementar Estadual n. 741/2019 extinguiu a autarquia
Departamento de Transportes e Terminais – DETER (pp. 408/409).
Este é o relatório.
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VOTO
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Ainda, retira-se do art. 110 da referida lei:
Art. 110. O auto de arrecadação, composto pelo inventário e pelo respectivo laudo
de avaliação dos bens, será assinado pelo administrador judicial, pelo falido ou
seus representantes e por outras pessoas que auxiliarem ou presenciarem o ato.
§2º. Serão referidos no inventário:
[...]
III - os bens da massa falida em poder de terceiro, a título de guarda, depósito,
penhor ou retenção. [...]
Dessa feita, verifica-se que todos os bens pertencentes a sociedade que
se encontra em processo de recuperação judicial, independente de contrato de
comodato realizado anteriormente à falência, devem estar dispostos no
inventário de bens da sociedade.
Ainda, dispõe o art. 66 da Lei n. 11.101/2005:
Art. 66. Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não
poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente
utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o Comitê, com a exceção
daqueles previamente relacionados no plano de recuperação judicial.
Sobre o dispositivo acima, Fábio Ulhoa Coelho realiza o seguinte
apontamento:
A utilidade do ato é presumida em termos absolutos se previsto no plano de
recuperação judicial aprovado em juízo. [...]
Mas, se não constarem do plano de recuperação homologado ou aprovado pelo
juiz, a utilidade do ato para a recuperação judicial deve ser apreciada pelos órgãos
desta. Assim, a alienação ou oneração só poderá ser praticada mediante prévia
autorização do juiz, ouvido o Comitê. (COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à Lei
de Falências e de Recuperação de Empresas. 11. ed. rev., atual. e amp. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 266)
Assim, vê-se que, para o deferimento do pedido realizado pela apelante, o
contrato de comodato deveria estar disposto no referido plano de recuperação
judicial, o que não consta nos autos nem sua previsão no plano, nem prévia
autorização do juiz do processo de recuperação, mediante a ouvida do Comitê.
Dessa feita, o deferimento da presente ação poderia ocasionar prejuízos
aos lucros da empresa que se encontra em processo de recuperação judicial.
Logo, a sentença de primeiro grau não merece reforma, pois não restou
comprovado o direito líquido e certo da apelante para reconhecer seu direito ao
deferimento do registro de veículos em sua posse por meio de contrato de
comodato." (pp. 385/386)
Por tais motivos, não se pode reconhecer ilegalidade no ato
praticado pelo impetrado ao negar o registro de veículos pertencentes à empresa
em recuperação judicial e cedidos à impetrante em razão de contrato de
comodato.
Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e negar-
lhe provimento.
Este é o voto.
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