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EXMO. SR.

DESEMBARGADOR RELATOR DA AÇÃO RESCISÓRIA N° 0001218-


25.1998.8.05.0000 – E. SEÇÃO CÍVEL DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA
BAHIA

BANCO BESA S/A, nos autos da ação rescisória que, perante esse MM. Juízo,
move contra FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS
ALTERNATIVE ASSETS I, vem, por seus advogados abaixo assinados, em atenção à r.
decisão de id. 48535982, expor e requerer o que segue:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DE ID. 47015730


DEVIDAMENTE CADASTRADOS EM AUTOS APARTADOS

1. A r. decisão de id. 48535982 determinou a intimação do peticionário para:


(i) regularizar o cadastro dos embargos de declaração de id. 47015730, a fim de que eles
fossem distribuídos em autos próprios e apensos a este processo; (ii) responder a
manifestação de id. 47977324.

2. Quanto ao ponto (i), o Banco Besa comunica que os embargos de


declaração de id. 47015730 foram devidamente cadastrados, como se comprova pelo
documento ora anexo (doc. 1)

3. Já em relação ao ponto (ii), o peticionário, nos capítulos subsequentes,


aproveita para responder as duas petições protocoladas após os seus aclaratórios, a
2

saber, não apenas a manifestação de id. 47977324 (de Hugo Amaral Villarpando e
Adelmo Fontes Gomes), como determinado no despacho, mas também a manifestação
de id. 47958221 (de José Basano Netto), principiando por essa última, dada sua maior
extensão.

A MANIFESTAÇÃO DE ID. 47958221

4. Em sua manifestação, o Dr. Basano, ao requerer o prosseguimento do


incidente de falsidade documental por ele ajuizado, sustenta duas diferentes teses: (i) a
resposta do Banco Besa ao incidente seria intempestiva, pois o peticionário só veio a
respondê-lo quatro meses após ter sido intimado pela então Relatora desta demanda;
(ii) na sua resposta, o Banco Besa “nada mencionou ou ofertou resistência ao
requerimento que se reitera (...) a imediata ADMISSÃO, INTIMAÇÃO E CONVITE À
COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS, para que venha prestar auxilio à Corte de Justiça,
na modalidade legal de ‘amicus curiae’”

5. Quanto ao ponto (i), como afirmado pelo Dr. Basano, o incidente de


falsidade documental de id. 34951014 foi emendado pelas manifestações de id.
36564222, 39066539 e 39385002, sendo certo que o prazo de resposta deve ser contado
dessa última manifestação, pois foi ela que consolidou os termos do incidente e,
consequentemente, o que cumpriria ser enfrentado pelo Banco Besa.

6. Destarte, considerando que o peticionário tomou ciência de todas essas


emendas apenas em 6 de fevereiro de 2023, quando apresentou o pedido de tutela
provisória de id. 40228974, caso se conte o prazo quinzenal para a resposta a partir de tal
marco, é induvidoso que a sua manifestação foi tempestiva, já que a resposta restou
apresentada no último dia da quinzena legal:

06/02/2023 13/02/2023 20/02/2023 27/02/2023


X (segunda- 5 (segunda- X (segunda- 10 (segunda-
feira) feira) feira) feira) 06/03/2023
07/02/2023 14/02/2023 21/02/2023 28/02/2023 15 (segunda-
1 6 X 11
(terça-feira) (terça-feira) (terça-feira) (terça-feira) feira)
08/02/2023 15/02/2023 22/02/2023 01/03/2023
2 7 X 12
(quarta-feira) (quarta-feira) (quarta-feira) (quarta-feira)
3

09/02/2023 16/02/2023 23/02/2023 02/03/2023


3 X1 8 13
(quinta-feira) (quinta-feira) (quinta-feira) (quinta-feira)
10/02/2023 17/02/2023 24/02/2023 03/03/2023
4 X 9 14
(sexta-feira) (sexta-feira) (sexta-feira) (sexta-feira)
11/02/2023 18/02/2023 25/02/2023 04/03/2023
X X X X
(sábado) (sábado) (sábado) (sábado)
12/02/2023 19/02/2023 26/02/2023 05/03/2023
X X X X
(domingo) (domingo) (domingo) (domingo)

7. Já em relação ao item (ii) supra, basta a leitura dos seguintes parágrafos da


resposta para concluir que o BESA expressamente se opôs ao pedido de intervenção da
Comissão de Valores Mobiliários no presente feito:

“124. Por fim, considerando que, com fundamento nos ilícitos em questão, o
arguente reclama a intervenção da Comissão de Valores Mobiliários nestes autos,
trazendo inclusive parecer jurídico a respeito, mais não é preciso para rechaçar
também esse requerimento.

125. Afinal, o que se está a debater, aqui, são imputações formalmente


incompatíveis com as previsões dos arts. 27-C e 27-D, que, tal como narrado acima,
suporiam a descrição de operações públicas na bolsa de valores, baseadas em
informações confidenciais. Nesse contexto, beiraria o frívolo deferir a intervenção
de uma autarquia federal, quando possível verificar ictu oculi, de modo mesmo
patente, que as alegações do Dr. Basano nem mesmo de longe se adequam aos
delitos tipificados nessas disposições legais.

126. Assim, o peticionário confia na rejeição de mais essa alegação, bem como do
pedido de intervenção que nela se funda.” (grifou-se; id. 41323179, pp. 35-36).

8. Por fim, quanto às demais acusações lançadas sobre os contratos


celebrados pelo Banco Besa, elas são meras repetições de teses expostas no incidente
de falsidade documental, como reconhecido pelo próprio Dr. Basano2, de modo que o
peticionário faz remissão à sua resposta a esse incidente (id. 41323178), na qual todas
essas alegações foram devidamente rebatidas.

9. Diante do que se expôs acima, reitera-se a tempestividade de resposta


apresentada contra o incidente de falsidade, confiando-se, ademais, na rejeição do
pedido de intervenção da Comissão de Valores Mobiliários neste feito.

1Conforme o Decreto Judiciário n° 31, de 17 de janeiro de 2023, não houve expediente forense nos dias 16,
17, 20, 21 e 22 de fevereiro em razão do Carnaval e da Quarta-Feira de Cinzas.

2“4. As provas que foram apresentadas como evidências, por agora são contundentes e estão todas no
procedimento de INCIDENTE DE FALSIDADE (ID 34678332), ADITADO EM (ID 36563154 e 39066538),
acompanhado do parecer do PROFESSOR Newton De Lucca para ingresso da COMISSÃO DE VALORES
MOBILIARIOS no processo (ID 39384998).” (grifou-se; id. 47958224, p. 3).
4

A MANIFESTAÇÃO DE ID. 47977324

10. Na referida manifestação, os Drs. Hugo Villarpando e Adelmo Gomes


fizeram os seguintes pedidos: (i) o reconhecimento ex officio da ausência de condição
necessária para o processamento da presente rescisória, uma vez que ela teria sido
aforada antes do trânsito em julgado da decisão rescindenda; (ii) a revogação da r.
decisão que deferiu a tutela de urgência postulada pelo Banco BESA (id. 46534528), pois
ela violaria a r. decisão que indeferiu o pedido liminar formulado pelo então Banco
Econômico na inicial da rescisória (id. 47977328); (iii) a reunião desta rescisória com as
ações rescisórias nº 0019114-95.2009.8.05.0000 e nº 0019213-65.2009.8.05.0000 para
julgamento conjunto, com o objetivo de se evitarem decisões conflitantes; e (iv) a
intimação do Ministério Público e do Estado da Bahia acerca da multa de litigância de
má-fé imposta nos autos do agravo de instrumento n° 28.014-7/2004 em favor do Estado.

11. Em relação ao pleito (i), essa matéria foi expressamente enfrentada pelo v.
acórdão que julgou procedente a rescisória (id. 24371033), tendo sido decidido que a
decisão rescindenda já se encontrava transitada em julgado quando do ajuizamento da
ação, afastando-se, com isso, a tese de propositura precoce da demanda. Veja-se:

“RESCISÓRIA. ART. 485, INCISOS V, VI, E IX, DO CPC. PROCESSO ANTERIORMENTE


EXTINTO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, ENCAMINHADO PARA A JUSTIÇA FEDERAL EM
DECISÃO MONOCRÁTICA, RECONSIDERADA JUSTIFICADAMENTE POR RELATORA
SUBSTITUTA, EM DECORRÊNCIA DE AGRAVO REGIMENTAL MOTIVADO,
POSSIBILITANDO O PROSSEGUIMENTO DA LIDE NA JUSTIÇA ESTADUAL.
IRRESIGNAÇÕES IMOTIVADAS MANIFESTADAS EM RECURSOS IMPROVIDOS.
ACÓRDÃO ATACADO COM EQUÍVOCO. REPETIÇÃO DE RAZÕES SUSCETÍVEIS DE
EXAME, DISCUSSÃO E JULGAMENTO, PELO COLEGIADO, EM MOMENTO OPORTUNO.
INEXISTÊNCIA DE PREJUIZO PARA AS PARTES LITIGANTES. ADMISSIBILIDADE DA
INTERVENIÊNCIA DO BANCO CENTRAL DO BRASIL NA CONDIÇÃO DE ASSISTENTE DO
BANCO ECONÔMICO S/A EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. INOCORRÊNCIA DA
HIPÓTESE DE DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL.
INDEFERIMENTO JUSTIFICADO DE PEDIDO DE ASSISTÊNCIA À PARTE AUTORA,
FORMULADO POR ASSOCIAÇÃO DOS ACIONISTAS MINORITÁRIOS DO BANCO
ECONÔMICO S/A. SENTENÇA CONDENATÓRIA RESCINDÍVEL. INEXISTÊNCIA DA
REVELIA DECRETADA. OCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DIREITO AO
CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA DO DEMANDADO. VIOLAÇÃO A LITERAL
DISPOSIÇÃO DE LEI. ART. 5º, INCISO LV DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ERRO DE FATO.
PRESENÇA DE CONDIÇÕES DA AÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO EVIDENCIADO.
DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA. PRELIMINARES REJEITADAS. PROCEDÊNCIA.
DECRETAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO RESCINDENDA. REVELIA ELIDIDA. DEPÓSITO
RESTITUÍVEL AO DEMANDANTE. VERBA HONORÁRIA DEVIDA PELA PARTE VENCIDA.
5

REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO COMPETENTE VISANDO TRAMITAÇÃO REGULAR DA


AÇÃO ORIGINÁRIA E NOVO JULGAMENTO.
(...)
Constatável o trânsito em julgado da última decisão de mérito proferida após
acolhimento dos embargos de declaração, contra a qual não foi interposto
recurso.
Inocorre a decadência do direito de rescisão se proposta a ação rescisória em 17
de março de 1998, no prazo de dois anos estabelecido no art. 495 do CPC, a partir
do trânsito em julgado da sentença rescindenda em 18 de março de 1996” (grifou-
se).

12. Portanto, ainda que se tratasse de matéria que pudesse ser conhecida de
ofício por esse MM. Juízo, houve preclusão pro judicato, uma vez que a questão suscitada
pelos advogados já foi enfrentada na presente demanda, sendo vedado, pois, o seu
rejulgamento, nos termos do arts. 5053 e 5074 do CPC. Nesse sentido, dentre tantos
precedentes, colaciona-se um recente julgado do colendo Superior Tribunal de Justiça:

“PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO. RAZÕES QUE NÃO ENFRENTAM O


FUNDAMENTO DA DECISÃO AGRAVADA. AÇÃO RESCISÓRIA. PRECLUSÃO.
PROCEDÊNCIA.
1. As razões do agravo interno não enfrentam adequadamente o fundamento da
decisão agravada.
2. Nos termos da jurisprudência já consolidada desta Corte, a análise do recurso
especial não esbarra no óbice previsto na Súmula 7, do STJ, quando se exige
somente o reenquadramento jurídico das circunstâncias de fato expressamente
descritas no acórdão recorrido.
3. ‘A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido de
que ‘as matérias de ordem pública estão sujeitas à preclusão pro judicato, razão
pela qual não podem ser revisitadas se já foram objeto de anterior manifestação
jurisdicional’ (AgInt no REsp 1.756.189/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 8/6/2020, DJe de 12/6/2020)’ (AgInt no
AREsp 1720808/GO, de minha relatoria, QUARTA TURMA, DJe 11/5/2021).
4. Agravo interno a que se nega provimento.”5

13. Quanto ao pedido descrito no item (ii) supra, destaca-se que ele é mera
repetição de matéria já aventada pelo Dr. Basano em sede de embargos de declaração
contra a r. decisão de id. 46534528 (cadastrados sob o n° 0001218-25.1998.8.05.0000.9),

3 “Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I - se,
tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito,
caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos
em lei”.

4“Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou
a preclusão”.

5 STJ, 4ª Turma, AgInt no REsp n° 1.841.081/DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julg. 17.5.2022, grifou-se.
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razão pela qual se faz integral remissão aos argumentos expostos na resposta do Banco
Besa àquele recurso (id. 48379807, itens 9/11).

14. De igual modo, o pedido descrito no item (iii) também foi formulado pelos
Drs. Hugo Hugo Villarpando e Adelmo Gomes em sede de embargos de declaração
(cadastrados sob o n° 0001218-25.1998.8.05.0000.3), de modo que o Banco Besa, uma vez
mais, faz remissão à sua resposta àquele recurso (id. 40586052, itens 9/17).

15. Por fim, no que diz respeito ao pedido (iv), trata-se de providência
manifestamente protelatória, que bem evidencia a intenção dos advogados de
tumultuar o andamento da rescisória a qualquer preço. Com efeito, não é a primeira vez
em que o Dr. Hugo Villarpando requer a intimação do Estado da Bahia para tomar
ciência acerca da multa fixada no agravo de instrumento n° 28.014-7/2004.

16. Como se observa do anexo ofício da PGE da Bahia, datado de 03 de agosto


de 2015 (doc. 2), o ilustre Procurador do Estado (Dr. Caio Druso de Castro Penalva Vita)
relatou que, até aquela data, já havia respondido outras três provocações
administrativas do Dr. Hugo Villarpando, sempre para confirmar que a PGE entendia que
não havia crédito a ser cobrado diante do julgamento de procedência da rescisória.
Veja-se:

“4. Ao menos por três vezes a provocação administrativa do digno advogado


referido já foi objeto de pronunciamento da Procuradoria Geral do Estado. Nas
ocasiões em que fui instado a me manifestar, nos Processos PGE 200906238-0, PET
0011731-95.2011 e PGE2012834137-0, assim expus as razões pelas quais, em meu
juízo, não há crédito exigível do Estado na questão: (...)
Com efeito, se é verdade que há trânsito em julgado do acórdão que fixou
e quantificou a multa imposta, estabelecendo-a em 2% do valor da
execução postulada, no feito principal, contra o Banco Econômico,
verdade é também que em julgamento da Ação Rescisória n. 44.216-6/2006
(doc. anexo), as Câmaras Cíveis Reunidas do Tribunal de Justiça da Bahia
desconstituiu a condenação em que se lastreou a execução e, portanto,
desconstituiu a própria base de cálculo da multa, que por isso mesmo se
poderá dizer correspondente a zero, ao menos enquanto não sobrevenha
decisão que reforme o acórdão lançado naquela rescisória.
7

Noutros termos, ao menos até que seja revogado o acórdão na referida


ação rescisória, mercê do qual se afastou do mundo jurídico a base de
cálculo da multa — que era o valor da condenação no processo original e
da respectiva execução —, convertendo-a, em compreensão possível e
mesmo razoável, no equivalente a zero, risco sério haverá de que da
cobrança da multa pelo Estado resulte a formação de ônus sucumbenciais
que terminem a transforma-lo em devedor, numa larga extensão, do Banco
Econômico (docs._02-04).”

17. Não há, portanto, qualquer justificativa para que o MP e o Estado da Bahia
sejam intimados para se manifestar sobre a multa imposta no bojo do agravo de
instrumento n° 28.014-7/2004, uma vez que a PGE já respondeu em mais de uma ocasião
que “não há crédito exigível do Estado”.

CONCLUSÃO

18. Diante do exposto, confia-se em que: (i) será dado regular prosseguimento
aos embargos de declaração de id. 47015730, agora devidamente cadastrado em autos
apartados (doc. 1); (ii) serão rejeitados todos os pleitos formulados nas petições de id.
47958221 e id. 47977324.

Nestes termos,
p. deferimento.
Salvador, 4 de agosto de 2023.

Ricardo Tepedino Bruno Poppa


OAB/SP 143.227-A OAB/SP 247.327

Luiz Guilherme Martins Costa Rodolfo Fontana


OAB/SP 315.622 OAB/SP 343.143

Sofia Saad Gonçalves Cainan Gea


OAB/SP 422.628 OAB/SP 438.559

Giovana Ibrahim
OAB/SP465.948

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