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DESPADEC 28/11/2023, 10:26

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
1ª Vara Federal de Campo Mourão
Av. Irmãos Pereira, 1390 - Bairro: Centro - CEP: 87300-010 - Fone: (44) 3518-4850 -
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PETIÇÃO Nº 5004936-47.2023.4.04.7010/PR
REQUERENTE: SANDRA REGINA HENRIQUE DOS SANTOS
REQUERIDO: HELITO BIJORA
REQUERIDO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

DESPACHO/DECISÃO

1. Trata-se de ação proposta por SANDRA REGINA


HENRIQUE DOS SANTOS em face de HELITO BIJORA e CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL - CEF em que pretende:

"a) CONCESSÃO A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA,


inaudita altera parte, para determinar:

a.1) A imediata suspensão do registro da carta de arrematação,


referente ao Leilão, sob o Registro nº 23.134, Fatura: 3.676/2023,
2ª Data: 15/09/2023, e 1ª Data: 31/08/2023.

a.2) A proibição de quaisquer atos por parte do sr. Arrematante,


visando a desocupação da Autora no bem objeto da arrematação o
qual a mesma residente com sua família;

a.3) Que a Caixa Econômica Federal se abstenha de praticar


quaisquer atos de alienação do bem imóvel objeto da demanda a
terceiros, sob pena de fixação de cláusula penal.

b) A declaração de nulidade da hasta pública do leilão ocorrido


em 15 de setembro de 2023, sob o Registro nº 23.134, Fatura:
3.676/2023, cancelamento de quaisquer registros subsequentes a
arrematação objeto da nulidade, restaurando-se o status quo ante
a arrematação, bem como a confirmação da antecipação de tutela
pleiteada.

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c) A condenação somente da Requerida Caixa Econômica Federal,


ao pagamento de indenização por danos morais à Requerente, no
valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais);"

Atribui à causa o valor de R$ 450.000,00 (quatrocentos


e cinquenta mil reais).

Narra, em síntese, que ajuizou a ação de Consignação


em Pagamento nº 5003950-64.2021.4.04.7010/PR, a qual foi julgada
procedente para reconhecer à autora o direito à outorga de quitação
quanto ao depósito efetuado no citado processo para fins de quitação
do contrato de alienação fiduciária referente ao imóvel de matrícula nº
30.852 do 1º CRI de Campo Mourão, que a sentença transitou em
julgado e houve o saque dos valores pela Caixa Econômica Federal,
que em 23/08/2023 a autora notificou a CEF solicitando a
transferência do bem para o seu nome, que mesmo diante da decisão
proferida nos Autos n. 5003950-64.2021.4.04.7010/PR o imóvel foi
leiloado e arrematado extrajudicialmente em 15/09/2023 por Hélito
Beggiora, o qual procurou a parte autora solicitando a desocupação do
imóvel, que o arrematante já solicitou o registro da carta de
arrematação na matrícula do imóvel, o que permitirá a propositura de
ação de despejo.

Requer a concessão de tutela de urgência e os benefícios


da assistência judiciária gratuita.

2. À Secretaria para retificar a autuação para


Procedimento Comum.

3. Inicialmente, saliento que o valor da causa deve ser


fixado de acordo com os parâmetros estabelecidos pelos artigos 291 e
292 do Código de Processo Civil.

Vale dizer, o valor da causa deve corresponder ao


proveito econômico postulado na ação, ao conteúdo econômico do
feito.

Tal informação não se presta unicamente como


parâmetro para recolhimento das custas, como também para
orientação das partes e do juízo acerca do efetivo valor envolvido na
lide.

Registro, outrossim, que o valor da causa pode assumir,


em determinadas hipóteses previstas em lei, importância para fixação
de honorários advocatícios e para definição da competência para o
julgamento da ação (Lei nº 10.259/2001).

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No caso concreto, a parte autora requer a declaração de


nulidade da arrematação, efetuada no valor de 262.000,00, e a
condenação da Caixa Econômica Federal em danos morais, no valor
de R$35.000,00. O somatório dos pedidos corresponde ao proveito
econômico pretendido.

Desse modo, com fulcro nos artigo 292, II, VI e §3º do


CPC, retifico, de ofício, o valor da causa para R$ 297.000,00
(duzentos e noventa e sete mil reais).

4. A parte autora não apresentou comprovante de


rendimentos.

Desse modo, a fim de adequar o pedido de gratuidade à


tese fixada no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
(Corte Especial) nº 5036075-37.2019.4.04.0000/PR - TRF4, intime-
se a parte requerente para proceder da seguinte forma:

a) Juntar declaração que seus rendimentos brutos


mensais são inferiores ao teto da Previdência Social e que não possui
condições de arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo
do sustento próprio e de sua família;

b) Caso possua rendimentos superiores ao teto da


Previdência Social e pretenda insistir no requerimento de gratuidade,
retificar o requerimento, declarando e comprovando
documentalmente o valor de seus rendimentos brutos e os “especiais
impedimentos financeiros permanentes” para arcar com as custas e
despesas processuais;

c) Não estando enquadrado nas hipóteses acima, efetuar


o recolhimento das custas iniciais, sob pena de cancelamento da
distribuição (CPC, art. 290).

Constatada falsidade de declaração, incidirá o art. 100,


parágrafo único, do CPC, além das consequências penais cabíveis.

Prazo de 15 (quinze) dias.

4.1. Cumprida a determinação do item "a" acima, resta


desde já deferida a gratuidade nos termos do art. 98 do CPC. Anote-
se.

4.2. Do mesmo modo, recolhidas as custas iniciais,


determino o prosseguimento do feito.

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4.3. Nos demais casos, retornem conclusos para


apreciação.

5. A concessão da tutela de urgência, de natureza


cautelar ou antecipada, exige a comprovação de elementos que
evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in mora),
conforme previsto no artigo 300 do Código de Processo Civil.

No caso dos autos, verifico, neste momento processual,


a presença dos requisitos para concessão da liminar pleiteada.
Explico.

Tramitou neste Juízo a Ação de Consignação em


Pagamento nº 5003950-64.2021.4.04.7010, proposta pela autora em
face da Caixa Econômica Federal, na qual foi requerida a autorização
para depositar judicialmente o valor de R$ 82.081,25 (oitenta e dois
mil oitenta e um reais e vinte e cinco centavos) a fim de liquidar a
dívida existente em relação ao imóvel registrado na matrícula nº
30.852 do 1º CRI de Campo Mourão/PR.

A ação foi julgada procedente e transitou em julgado em


19/10/2022 nos seguintes termos (evento 72, SENT1 ):

Ante o exposto, mantenho a tutela de urgência deferida e, com


fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo
Civil, julgo procedente a pretensão deduzida na inicial, com o
fim de reconhecer que a autora tem direito à outorga de quitação
quanto ao depósito de ev. 16.2 para fins de quitação do contrato
relativo ao imóvel de matrícula 30.852 do 1º Registro de Imóveis
de Campo Mourão (ev. 1.8), de modo que, levantados tais valores
pelo credor, ele não poderá ser alvo de cobranças quanto ao
principal ou quanto a consectários moratórios incidentes sobre
aludidas prestações mensais, extinguindo o feito com resolução de
mérito.

A CEF foi intimada diversas vezes para apropriação dos


valores depositados no citado processo, porém, até o momento, não
cumpriu a determinação judicial, conforme se pode observar pela
última informação prestada pela agência naquele feito ( evento 160,
OFIC4).

Em que pese a Caixa não tenha se apropriado dos


valores, por desídia própria, diga-se, fato é que nos Autos nº
5003950-64.2021.4.04.7010 foi reconhecido o direito de quitação do
contrato relativo ao imóvel de matrícula 30852 em face do depósito

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realizado. Portanto, caberia à Caixa Econômica Federal outorgar a


carta de quitação e transferir o imóvel de matrícula nº 30852 para a
parte autora.

Os documentos que constam nos autos, especialmente a


referência a averbação da consolidação de propriedade Av.11/30.852
em 18/01/2017 constante no edital do leilão extrajudicial (1.16 ),
levam a crer que o imóvel foi leiloado em razão de dívida decorrente
do contrato objeto da consignação em pagamento n. 5003950-
64.2021.4.04.7010.

Portanto, resta demonstrando, em juízo sumário, a


probabilidade do direito alegado.

A urgência decorre da arrematação do bem e do


requerimento do registro da carta de arrematação junto ao CRI,
possibilitando a realização de atos para a desocupação do imóvel
(evento 1, CARTAARREMT15 e evento 1, DOC17).

Ante o exposto, presentes os pressupostos necessários,


DEFIRO o requerimento de tutela de urgência para determinar:

a) a suspensão do registro da carta de arrematação do


imóvel de matrícula 30.852 do 1º CRI de Campo Mourão, arrematado
por HELITO BEGGIORA (CPF 080.657.539-57);

b) a averbação da tramitação da presente ação na


matrícula do imóvel;

c) a proibição de que a parte ré promova qualquer ato


visando a desocupação do citado imóvel; e

d) que a CAIXA se abstenha de praticar qualquer ato de


alienação do imóvel objeto da ação, sob pena de fixação de multa
por ato atentatório à dignidade da justiça (CPC, art. 77, IV).

Intimem-se.

5. Oficie-se ao 1º Cartório de Registro de Imóveis de


Campo Mourão/PR requisitando a imediata averbação da
propositura da presente ação questionando a validade do leilão e da
arrematação extrajudicial do imóvel de matrícula 30.852, arrematado
por HELITO BEGGIORA (CPF 080.657.539-57) sob o Registro nº
23.134, Fatura: 3.676/2023, 2ª Data: 15/09/2023, Hora: 17:00 e 1ª
Data: 31/08/2023, bem como a suspensão do registro da carta/auto de
arrematação até ulterior decisão judicial.

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As averbações deverão ser realizadas independente do


recolhimento de custas, tendo em vista o pedido de assistência
judiciária gratuita.

Cópia desta decisão servirá como Ofício


700014850836 para esta finalidade.

6. Traslade-se cópia desta decisão para os Autos


n. 5003950-64.2021.4.04.7010/PR.

7. Considerando a possibilidade de ser iniciado


procedimento de conciliação a qualquer momento por meio de rotina
própria no processo eletrônico, deixo, por ora, de designar audiência
prévia de conciliação.

Ressalto, todavia, que poderá ser designada audiência de


conciliação futuramente, caso sobressaia o interesse das partes na
autocomposição.

8. Cumprido o item 4, CITE-SE a parte ré para os fins


do art. 335 e seguintes do CPC, no prazo legal.

No mesmo ato, os réus deverão ser intimados acerca do


deferimento da tutela de urgência.

9. Apresentada defesa, intime-se a parte autora para


ciência e manifestação nos casos legais previstos, v.g. os arts. 338,
339, 343, 350 e 351, todos do CPC. Prazo de 15 (quinze) dias.

10. Após, intimem-se as partes para, no prazo de 05


(cinco) dias, especificarem pormenorizadamente as provas,
demonstrando que fato pretendem comprovar com cada modalidade
escolhida, bem como delimitando as teses jurídicas relevantes para a
solução da lide, ex vi do art. 357 do Código de Processo Civil.

Observo que as partes deverão cumprir esse ônus


processual de forma clara e objetiva, ficando cientes que qualquer
requerimento condicional será interpretado como ausência de
intenção de produzir a prova.

Documento eletrônico assinado por JOSÉ CARLOS FABRI, Juiz Federal, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região
nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está
disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 700014850836v16 e do código CRC

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Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): JOSÉ CARLOS FABRI
Data e Hora: 11/10/2023, às 14:33:11

5004936-47.2023.4.04.7010 700014850836 .V16

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