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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO


PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
4ª Turma

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5026813-51.2023.4.03.0000


RELATOR: Gab. 12 - DES. FED. MARLI FERREIRA
AGRAVANTE: MANOEL MESSIAS DA SILVA
Advogados do(a) AGRAVANTE: CEZAR HYPPOLITO DO REGO - SP308690-A, RAFAEL SIMOES FILHO - SP303549
AGRAVADO: CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMOVEIS DA 2 REGIAO
OUTROS PARTICIPANTES:

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
4ª Turma

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5026813-51.2023.4.03.0000


RELATOR: Gab. 12 - DES. FED. MARLI FERREIRA
AGRAVANTE: MANOEL MESSIAS DA SILVA
Advogados do(a) AGRAVANTE: CEZAR HYPPOLITO DO REGO - SP308690-A, RAFAEL SIMOES FILHO - SP303549
AGRAVADO: CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMOVEIS DA 2 REGIAO

R E LAT Ó R I O

A Excelentíssima Senhora Desembargadora Federal MARLI FERREIRA


(Relatora):

Trata-se de agravo de instrumento interposto por MANOEL MESSIAS DA


SILVA em face de decisão que, em execução fiscal, indeferiu o pedido de desbloqueio da
penhora on line realizada por meio do sistema SISBAJUD.

Em síntese, aduz que (...) ainda que se trate de valores presentes em


conta corrente, o entendimento atual e majoritário do STJ é pela
impenhorabilidade estendida a toda e qualquer tipo de conta bancária do
devedor, inclusive conta corrente (...).

Com contraminuta.
É o relatório.

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
4ª Turma

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5026813-51.2023.4.03.0000


RELATOR: Gab. 12 - DES. FED. MARLI FERREIRA
AGRAVANTE: MANOEL MESSIAS DA SILVA
Advogados do(a) AGRAVANTE: CEZAR HYPPOLITO DO REGO - SP308690-A, RAFAEL SIMOES FILHO - SP303549
AGRAVADO: CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMOVEIS DA 2 REGIAO

VOTO

A Excelentíssima Senhora Desembargadora Federal MARLI FERREIRA


(Relatora):

A jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça assentou


entendimento, inclusive no âmbito de julgamento de recurso repetitivo, no
sentido de que, a partir de 20.01.2007 (data da entrada em vigor da Lei n. 11.382/2006), o
bloqueio de ativos pelo Bacenjud tem primazia sobre os demais meios de garantia do
crédito, não sendo mais exigível o prévio esgotamento das diligências para encontrar outros
bens penhoráveis, aplicando-se os arts. 835 e 854 do CPC, c.c. art. 185-A do CTN e art.11 da
Lei 6.830/80.

Nesse sentido:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.


EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA ON LINE. PEDIDO POSTERIOR À ENTRADA EM
VIGOR DA LEI N. 11.382/2006. DESNECESSIDADE DE ESGOTAMENTO DAS
DILIGÊNCIAS EM BUSCA DE BENS.

1. Não há violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da
pretensão deduzida, com enfrentamento e resolução das questões abordadas no recurso.

2. A Corte Especial e a Primeira Seção do STJ, respectivamente, ao apreciarem


o REsp 1.112.943/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15.9.2010, DJ
23.11.2010, e o REsp 1.184.765-PA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado no dia 24.11.2010,
segundo a sistemática prevista no art. 543-C do CPC e na Resolução 8/2008 do
STJ, confirmaram a orientação no sentido de que, no regime da Lei n.
11.382/2006, não há mais necessidade do prévio esgotamento das diligências
para localização de bens do devedor para que seja efetivada a penhora on line.

3. Hipótese em que o pedido foi requerido e deferido no período de vigência da Lei n.


11.382/2006, permitindo-se a localização e a constrição dos ativos financeiros em conta da
executada, por meio do sistema Bacen Jud, até o limite do valor exequendo.

Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 1425055/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma,


julgado em 20/02/2014, DJe 27/02/2014, destaquei)

De outra banda, estabelece o artigo 833, inciso X, do Código de Processo Civil:

São impenhoráveis:

...

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-


mínimos;

A jurisprudência do C. STJ já pacificou o entendimento no sentido de que os


valores depositados em conta-poupança até o limite de 40 salários mínimos são
absolutamente impenhoráveis, não se sujeitando à penhora on line.

Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. BACENJUD.


VALORES DE ATÉ 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. REGRA DA IMPENHORABILIDADE NÃO
ALCANÇA, EM REGRA, A PESSOA JURÍDICA. CASO DOS AUTOS. VALOR IRRISÓRIO.
DESBLOQUEIO. NÃO CABIMENTO.

1. O acórdão recorrido consignou: "Pelo que se vê dos autos, para garantir a execução fiscal
de origem no valor de R$ 196.575,97, foram bloqueados R$ 8.422,29 das contas bancárias
da empresa executada em 04-2019 (cf. extrato do bacenjud do evento 20 do processo
originário). A empresa devedora requer a liberação dos valores sob o fundamento de que
são irrisórios e, portanto, insuficientes à satisfação das custas da execução fiscal (CPC, art.
836), bem como por estarem revestidos da impenhorabilidade prevista no inciso X do art.
833 do Código de Processo Civil. Pois bem, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou
no sentido de que não se pode obstar a penhora on-line de numerário ao pretexto de que os
valores são irrisórios, por não caracterizar uma das hipóteses de impenhorabilidade ("tal
parâmetro não foi eleito pelo legislador como justificativa para a liberação do bem
constrito", cf. REsp 1242852/RS, Segunda Turma, DJe 10-05-2011; ainda, REsp
1241768/RS, Segunda Turma, DJe 13-04- 2011; REsp 1187161/MG, Primeira Turma, DJe 19-
08-2010. AgRg no REsp 1383159/RS, Primeira Turma, DJe 13-09- 2013). Além disso, ao
contrário do que entende a parte agravante, a disposição prevista no art. 836 do CPC não se
aplica ao caso dos autos, seja porque a União é isenta de custas processuais, seja porque o
bloqueio de valores via sistema Bacenjud nada despende, de modo que todo o montante
encontrado nas contas bancárias do executado serve ao abatimento do débito tributário.
Enfim, no que tange ao pedido de liberação dos valores bloqueados na origem com base na
impenhorabilidade prevista no inciso X do art. 833 do CPC (limite de 40 salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança), trata-se de modalidade de
impenhorabilidade que não aproveita às pessoas jurídicas (situação da parte executada), já
que se destina à manutenção dos valores necessários ao sustento do próprio devedor e de
sua família, ou seja, verbas de caráter alimentar. Essa orientação, ademais, está de acordo
com o entendimento desta Segunda Turma, do que é exemplo o seguinte julgado assim
sintetizado: (...) Portanto, não foram apresentados motivos suficientes à reforma da decisão
agravada" (fls. 36-37, e-STJ, grifos acrescidos).

2. A impenhorabilidade inserida no art. 833, X, do CPC/2015, reprodução da


norma contida no art. 649, X, do CPC/1973, não alcança, em regra, as pessoas
jurídicas, visto que direcionada a garantir um mínimo existencial ao devedor
(pessoa física). Nesse sentido: "[...] a intenção do legislador foi proteger a
poupança familiar e não a pessoa jurídica, mesmo que mantenha poupança
como única conta bancária" (AREsp 873.585/SC, Rel. Ministro Raul Araújo,
DJe 8/3/2017).

3. Conforme já assentado na decisão monocrática, o acórdão recorrido está em consonância


com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que não se pode obstar
a penhora on-line pelo sistema Bacenjud a pretexto de que os valores bloqueados seriam
irrisórios.

4. Agravo Interno não provido.

(AgInt no REsp 1878944/RS, Relator Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma,


julgado em 24/02/2021, publicado no DJe 01/03/2021, destaquei)

EXECUÇÃO FISCAL - DEPÓSITO EM POUPANÇA INFERIOR A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS -


IMPENHORABILIDADE - APLICAÇÃO DO ARTIGO 649, INCISO X, DO CPC.

O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que são absolutamente


impenhoráveis quantias depositadas em caderneta de poupança até o limite de 40
(quarenta) salários mínimos, nos termos do artigo 649, inciso X, do CPC.

Agravo regimental improvido.

(AgRg no AgRg no REsp nº 1096337/SP - Rel. Min. HUMBERTO MARTINS - Segunda


Turma - julgado em 20.08.2009 - publicado no DJe em 31.08.2009)

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. CONVÊNIO BACEN-JUD. PENHORA.


DEPÓSITOS BANCÁRIOS. LEI Nº 11.382/06.

1. Esta Corte admite a expedição de ofício ao Bacen para se obter informações sobre a
existência de ativos financeiros do devedor, desde que o exequente comprove ter exaurido
todos os meios de levantamento de dados na via extrajudicial.

2. No caso concreto, a decisão indeferitória da medida executiva requerida ocorreu depois


do advento da Lei 11.382/06, a qual alterou o Código de Processo Civil para: a) incluir os
depósitos e aplicações em instituições financeiras como bens preferenciais na ordem de
penhora, equiparando-os a dinheiro em espécie (art. 655, I) e; b) permitir a realização da
constrição por meio eletrônico (art. 655-A). Aplicação do novel artigo 655 do CPC.
Precedentes de ambas as Turmas da Primeira Seção.

3. Existe, assim, a necessidade de observância da relação dos bens absolutamente


impenhoráveis, previstos no art. 649 do CPC, especialmente, "os recursos públicos recebidos
por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência
social" (inciso VIII), bem como a quantia depositada em caderneta de poupança até o limite
de quarenta (40) salários mínimos (X).

4. Agravo regimental provido.

(AgRg no REsp nº 1077240/BA - Rel. Min. CASTRO MEIRA - Segunda Turma - julgado em
19.02.2009 - publicado no DJe em 27.03.2009).

Releva notar que o SisbaJud - Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário


substituiu integralmente o BacenJud.

Assim, possível a constrição sobre ativos financeiros via sistema SISBAJUD


sem a necessidade de prévio esgotamento das diligências na busca de outros bens.

Ademais, o limite de 40 (quarenta) salários mínimos a que se refere o artigo


833, X, do CPC somente tem aplicabilidade em valores depositados em conta poupança ou
em outras aplicações financeiras.

Entendo que os valores constritos via Bacenjud em conta corrente estão


cobertos sob o manto da impenhorabilidade na hipótese em que comprovado o caráter
alimentar, o que não ficou demonstrado no caso dos autos.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.

É o voto.

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5026813-51.2023.4.03.0000


RELATOR: Gab. 12 - DES. FED. MARLI FERREIRA
AGRAVANTE: MANOEL MESSIAS DA SILVA
Advogados do(a) AGRAVANTE: CEZAR HYPPOLITO DO REGO - SP308690-A, RAFAEL SIMOES FILHO -
SP303549
AGRAVADO: CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMOVEIS DA 2 REGIAO

DECLARAÇÃO DE VOTO
A e. Relatora votou por negar provimento ao agravo de instrumento.

Vênia devida ao entendimento adotado pela e. Relatora, ouso divergir.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por MANOEL MESSIAS DA SILVA em face de


decisão que, em execução fiscal, indeferiu o pedido de desbloqueio da penhora on line realizada por meio do
sistema SISBAJUD.

Em síntese, aduz que (...) ainda que se trate de valores presentes em conta corrente, o
entendimento atual e majoritário do STJ é pela impenhorabilidade estendida a toda e qualquer
tipo de conta bancária do devedor, inclusive conta corrente (...).

A e. Relatora votou por negar provimento ao agravo de instrumento.

Vênia devida ao entendimento adotado pela e. Relatora, ouso divergir.

O c.Superior Tribunal de Justiça já consolidou entendimento, em julgamento submetido ao


rito do artigo 543-C do CPC, no sentido de que, após a vigência da Lei 11.382/2006, é
possível o deferimento da penhora on line mesmo antes do esgotamento de outras
diligências:
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA ON LINE. PEDIDO POSTERIOR À ENTRADA EM VIGOR
DA LEI N. 11.382/2006. DESNECESSIDADE DE ESGOTAMENTO DAS DILIGÊNCIAS EM
BUSCA DE BENS.
1. Não há violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da
pretensão deduzida, com enfrentamento e resolução das questões abordadas no recurso.
2. A Corte Especial e a Primeira Seção do STJ, respectivamente, ao apreciarem o REsp
1.112.943/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15.9.2010, DJ 23.11.2010, e o REsp
1.184.765-PA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado no dia 24.11.2010, segundo a sistemática prevista
no art. 543-C do CPC e na Resolução 8/2008 do STJ, confirmaram a orientação no sentido
de que, no regime da Lei n. 11.382/2006, não há mais necessidade do prévio esgotamento
das diligências para localização de bens do devedor para que seja efetivada a penhora on
line.
3. Hipótese em que o pedido foi requerido e deferido no período de vigência da Lei n.
11.382/2006, permitindo-se a localização e a constrição dos ativos financeiros em conta da
executada, por meio do sistema Bacen Jud, até o limite do valor exequendo.
Agravo regimental improvido. (STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp nº 1.425.055/RS, DJe
27/02/2014, Relator: Ministro Humberto Martins)
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC.
PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA ELETRÔNICA.
SISTEMA BACEN-JUD. ESGOTAMENTO DAS VIAS ORDINÁRIAS PARA A LOCALIZAÇÃO
DE BENS PASSÍVEIS DE PENHORA. ARTIGO 11, DA LEI 6.830/80. ARTIGO 185-A, DO
CTN. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INOVAÇÃO INTRODUZIDA PELA LEI 11.382/2006.
ARTIGOS 655, I, E 655-A, DO CPC. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DAS LEIS. TEORIA
DO DIÁLOGO DAS FONTES. APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI DE ÍNDOLE PROCESSUAL.
1. A utilização do Sistema BACEN-JUD , no período posterior à vacatio legis da Lei
11.382/2006 (21.01.2007), prescinde do exaurimento de diligências extrajudiciais, por parte
do exeqüente, a fim de se autorizar o bloqueio eletrônico de depósitos ou aplicações
financeiras (Precedente da Primeira Seção: EREsp 1.052.081/RS, Rel. Ministro Hamilton
Carvalhido, Primeira Seção, julgado em 12.05.2010, DJe 26.05.2010. Precedentes das
Turmas de Direito Público: REsp 1.194.067/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda
Turma, julgado em 22.06.2010, DJe 01.07.2010; AgRg no REsp 1.143.806/SP, Rel.
Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 08.06.2010, DJe 21.06.2010;
REsp 1.101.288/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em
02.04.2009, DJe 20.04.2009; e REsp 1.074.228/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 07.10.2008, DJe 05.11.2008. Precedente da Corte
Especial que adotou a mesma exegese para a execução civil: REsp 1.112.943/MA, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, julgado em 15.09.2010)...
12. Assim, a interpretação sistemática dos artigos 185-A, do CTN, com os artigos 11, da Lei
6.830/80 e 655 e 655-A, do CPC, autoriza a penhora eletrônica de depósitos ou aplicações
financeiras independentemente do exaurimento de diligências extrajudiciais por parte do
exeqüente.
13. À luz da regra de direito intertemporal que preconiza a aplicação imediata da lei nova de
índole processual, infere-se a existência de dois regimes normativos no que concerne à
penhora eletrônica de dinheiro em depósito ou aplicação financeira: (i) período anterior à
égide da Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006 (que obedeceu a vacatio legis de 45 dias após
a publicação), no qual a utilização do Sistema BACEN-JUD pressupunha a demonstração de
que o exeqüente não lograra êxito em suas tentativas de obter as informações sobre o
executado e seus bens; e (ii) período posterior à vacatio legis da Lei 11.382/2006
(21.01.2007), a partir do qual se revela prescindível o exaurimento de diligências
extrajudiciais a fim de se autorizar a penhora eletrônica de depósitos ou aplicações
financeiras...
19. Recurso especial fazendário provido, declarando-se a legalidade da ordem judicial que
importou no bloqueio liminar dos depósitos e aplicações financeiras constantes das contas
bancárias dos executados. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da
Resolução STJ 08/2008.
(STJ, REsp 1184765/PA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
24/11/2010, DJe 03/12/2010).
Ora, se é certo que a execução deve ser feita da maneira menos gravosa para o devedor, nos
termos do artigo 805 do CPC, não menos certo é que a execução se realiza no interesse do
credor, nos termos do artigo 797, do mesmo Código. E o dinheiro em espécie, ou depósito ou
aplicação em instituição financeira ocupa o primeiro lugar na ordem preferencial de
penhora, nos termos do artigo 11, inciso I e artigo 1º, in fine, da Lei 6.830/1980, c/c artigo
655, inciso I, do CPC, na redação da Lei 11.343/2006.
Por outro lado, o c. STJ já se manifestou acerca da impenhorabilidade de valores
correspondentes a 40 salários mínimos, senão vejamos:
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. IMPENHORABILIDADE DE
VALOR INFERIOR A QUARENTA SALÁRIOS-MÍNIMOS. ALCANCE. MANIFESTAÇÃO DA
PARTE EXECUTADA QUANTO À PENHORA. DESNECESSIDADE. DEVER DO CREDOR
EM DEMONSTRAR ABUSO, FRAUDE OU MÁ-FÉ. APLICAÇÃO DE MULTA. ART. 1.021, §
4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. INADEQUADA AO CASO CONCRETO.
I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o
regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional
impugnado. In casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 2015.
II - Os valores inferiores a 40 (quarenta) salários-mínimos são impenhoráveis, alcançando
não apenas aqueles aplicados em caderneta de poupança, mas, também, os mantidos em
fundo de investimento, em conta corrente ou guardados em papel-moeda. ressalvado o
direito de a exequente demonstrar eventual abuso, má-fé ou fraude.
III - Considerada a presunção de impenhorabilidade de tal montante e o entendimento de
que a impenhorabilidade é matéria de ordem pública, esta Corte firmou compreensão
segundo a qual não existe nulidade no julgado do tribunal a quo que indefere o bloqueio de
ativos financeiros ou determina a liberação dos valores constritos, independentemente da
manifestação da parte executada.
IV - Em regra, descabe a imposição da multa, prevista no art. 1.021, § 4º, do Código de
Processo Civil de 2015, em razão do mero improvimento do Agravo Interno em votação
unânime, sendo necessária a configuração da manifesta inadmissibilidade ou
improcedência do recurso a autorizar sua aplicação, o que não ocorreu no caso.
V - Agravo Interno improvido. (STJ, AgInt no REsp 2068634/ SC, 2023/0091134-1,
Relatora Ministra Regina Helena Costa, 1ª Turma, Data do Julgamento 29/05/2023, DJe
31/05/2023).
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. IMPENHORABILIDADE. 40 (QUARENTA)
SALÁRIOS MÍNIMOS. ALCANCE.
1. De acordo com a jurisprudência firme desta Corte Superior, é impenhorável a quantia de
até quarenta salários mínimos depositada em conta corrente, aplicada em caderneta de
poupança ou outras modalidades de investimento, exceto quando comprovado abuso, má-fé
ou fraude. Precedentes.
2. O disposto no art. 854, § 3º, I, do CPC/2015 não afasta o entendimento consolidado no
Superior Tribunal de Justiça de que os valores inferiores a 40 salários mínimos são
presumidamente impenhoráveis.
3. Agravo interno desprovido. (STJ, AgInt no AREsp 2258716 / PR, 2022/0373580-6,
Relator Ministro GURGEL DE FARIA, 1ª Turma, Data do Julgamento 15/05/2023, DJe
19/05/2023).
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VALORES BLOQUEADOS EM
CADERNETA DE POUPANÇA. IMPENHORABILIDADE. ART. 649, INCISO X, DO CPC.
ALCANCE. LIMITE DE IMPENHORABILIDADE DO VALOR CORRESPONDENTE A40
(QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. MÁ-FÉ NÃO ANALISADA PELO TRIBUNALLOCAL.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.1. "É possível ao devedor,
para viabilizar seu sustento digno e de sua família, poupar valores sob a regra da
impenhorabilidade no patamar de até quarenta salários mínimos, não apenas aqueles
depositados em cadernetas de poupança, mas também em conta-corrente ou em fundos de
investimento, ou guardados em papel-moeda."(REsp 1340120/SP, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe 19/12/2014).2.
"Reveste-se, todavia, de impenhorabilidade a quantia de até quarenta salários mínimos
poupada, seja ela mantida em papel moeda, conta-corrente ou aplicada em caderneta de
poupança propriamente dita, CDB, RDB ou em fundo de investimentos, desde que a
única reserva monetária em nome do recorrente, e ressalvado eventual abuso, má-fé ou
fraude, a ser verificado caso a caso, de acordo comas circunstâncias do caso concreto (inciso
X)." (REsp 1230060/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 13/08/2014, DJe 29/08/2014).3. A ressalva para aplicação do entendimento
mencionado somente ocorre quando comprovado no caso concreto o abuso, a ma-fé ou a
fraude da cobrança, hipótese sequer examinada nos autos pelo Colegiado a quo.4.
Agravo interno não provido. (c. STJ, AgInt no AREsp 13105033/SP, 2018/0157959-7,
Relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, Data do Julgamento 06/11/2018, DJe
19/11/2018).

No mesmo sentido, esta e. Corte se manifestou, senão vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. SISBAJUD. VALOR


CORRESPONDENTE A 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. IMPENHORABILIDADE.
1. O c.Superior Tribunal de Justiça já consolidou entendimento, em julgamento submetido
ao rito do artigo 543-C do CPC, no sentido de que, após a vigência da Lei 11.382/2006, é
possível o deferimento da penhora on line mesmo antes do esgotamento de outras
diligências.
2. Ora, se é certo que a execução deve ser feita da maneira menos gravosa para o devedor,
nos termos do artigo 805 do CPC, não menos certo é que a execução se realiza no interesse
do credor, nos termos do artigo 797, do mesmo Código. E o dinheiro em espécie, ou depósito
ou aplicação em instituição financeira ocupa o primeiro lugar na ordem preferencial de
penhora, nos termos do artigo 11, inciso I e artigo 1º, in fine, da Lei 6.830/1980, c/c artigo
655, inciso I, do CPC, na redação da Lei 11.343/2006.
3. No entanto, o c. STJ e a Quarta Turma desta e. Corte já se manifestaram acerca da
impenhorabilidade dos valores até quarenta salários mínimos, ainda que depositados em
conta corrente de pessoas físicas.
4. No caso dos autos, verifica-se que os valores bloqueados nas contas de titularidade das
agravantes não extrapolam o limite de impenhorabilidade considerado pelo c. STJ,
conforme acima exposto, razão pela qual, deve ser determinado o seu levantamento.
5. Agravo de instrumento provido. Agravo interno prejudicado.(TRF3ª Região, 4ª Turma .
AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO/SP5008892-16.2022.4.03.0000, Relator:
Desembargador Federal MARCELO SARAIVA, Data do Julgamento: 07/11/2022

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. BLOQUEIO DE VALORES. IMPENHORABILIDADE. CPC, ARTIGO 833
X. VALOR INFERIOR A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. LIBERAÇÃO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO PROVIDO. 1. Sem prejuízo da discussão acerca da natureza dos valores
bloqueados, o montante total bloqueado é inferior a 40 salários mínimos, sendo de rigor o
reconhecimento de sua impenhorabilidade. 2. Ainda que o montante tenha sido bloqueado
em outra forma de aplicação financeira, tal circunstância não afasta a regra protetiva
diante do entendimento da jurisprudência pátria de que a impenhorabilidade que protege
quantia depositada em caderneta de poupança deve ser estendida à conta corrente e outras
aplicações financeiras. 3. Por consequência, deve ser determinado o desbloqueio dos valores
constritos em conta de titularidade da agravante. 4. Agravo de Instrumento provido. (AI -
AGRAVO DE INSTRUMENTO / SP
5028766-21.2021.4.03.0000, Relator Desembargador Federal Dr. WILSON ZAUHY FILHO,
Primeira Turma, Data do Julgamento 25 de marco de 2022).

No caso dos autos, revela-se cabível o desbloqueio dos valores da conta de


titularidade do agravado, conforme considerado pelo c. STJ. Assim, a r. decisão agravada
não merece reparos.

Ante o exposto, dou provimento ao agravo de instrumento.

É como voto.

MARCELO SARAIVA

Desembargador Federal

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA.


SISBAJUD (ANTIGO BACENJUD).

1. A jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça assentou entendimento, inclusive no


âmbito de julgamento de recurso repetitivo, no sentido de que, a partir de 20.01.2007 (data
da entrada em vigor da Lei n. 11.382/2006), o bloqueio de ativos pelo Bacenjud tem
primazia sobre os demais meios de garantia do crédito, não sendo mais exigível o prévio
esgotamento das diligências para encontrar outros bens penhoráveis, aplicando-se os arts.
835 e 854 do CPC, c.c. art. 185-A do CTN e art.11 da Lei 6.830/80.

2. Nos termos do artigo 833, inciso X, do Código de Processo Civil, são absolutamente
impenhoráveis: a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos.

3. O SisbaJud - Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário substituiu integralmente o


BacenJud.

4. Possível a constrição sobre ativos financeiros via sistema SISBAJUD sem a necessidade
de prévio esgotamento das diligências na busca de outros bens.

5. O limite de 40 (quarenta) salários mínimos a que se refere o artigo 833, X, do CPC


somente tem aplicabilidade em valores depositados em conta poupança ou em outras
aplicações financeiras.

6. Os valores constritos via Bacenjud em conta corrente estão cobertos sob o manto da
impenhorabilidade na hipótese em que comprovado o caráter alimentar, o que não ficou
demonstrado no caso dos autos.

7. Agravo de instrumento desprovido.


ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Quarta Turma, por
maioria, decidiu negar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do voto da Des. Fed.
MARLI FERREIRA (Relatora), com quem votou a Des. Fed. MÔNICA NOBRE. Vencido o Des.
Fed. MARCELO SARAIVA, que dava provimento ao agravo de instrumento. Fará declaração de
voto o Des. Fed. MARCELO SARAIVA. Ausente, justificadamente em razão de férias, o Des. Fed.
ANDRÉ NABARRETE (substituído pelo Juiz Fed. Convocado SIDMAR MARTINS) , nos termos do
relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

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