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Acórdão Nº 1187051
EMENTA
II. Recurso ora interposto pelo requerente contra a sentença extintiva do processo sem resolução do
mérito, em razão: (i) da ausência de interesse de agir quanto ao pedido cominatório (em razão da
obtenção do extrato pelo requerente administrativamente); (ii) da ilegitimidade passiva do requerido,
por ser mero depositário dos valores recolhidos a título de PASEP; (iii) “o pedido indenizatório tem
por fundamento a não disponibilidade para saque de saldo eventualmente existente em conta individual
do PASEP vinculada ao autor, nota-se que, diante da incompetência deste Juízo para julgamento da
pretensão de levantamento de numerário do PASEP, falta, no momento, interesse processual ao autor
quanto à pretensão indenizatória”.
III. Alegações recursais no sentido de que: (i) “de fato, quando o objeto da ação é a cobrança de
valores decorrentes da atualização monetária das cotas individuais, o recorrido não é parte legítima,
uma vez que o cálculo da atualização compete ao Conselho Diretor”; (ii) “por outro lado, em casos
como o dos autos, a jurisprudência é pacífica ao reconhecer a legitimidade passiva do recorrido, uma
vez que a União não tem qualquer responsabilidade pela ausência do pagamento total da cota quando
o recorrente passou para a reserva remunerada”
IV. Consoante disposto no artigo 5º da Lei Complementar nº 8/1970, in verbis: "O Banco do Brasil
S.A., ao qual competirá a administração do Programa, manterá contas individualizadas para cada
servidor e cobrará uma comissão de serviço, tudo na forma que for estipulada pelo Conselho
Monetário Nacional".
V. No caso concreto, a causa de pedir gravita em torno da falha na prestação de serviço da instituição
financeira, respeitante à administração dos recursos do programa PIS/PASEP (disponibilização de
valores para saque bastante aquém dos devidos).
VI. Nesse toar, é inequívoca a relação entre o pedido do requerente - a restituição de valores retidos
em sua conta do PASEP e os danos morais decorrente da suposta indevida retenção - e a função
de administrador desse montante, atribuída por lei ao recorrente. Por conseguinte, o recorrido é
parte legítima para figurar no polo passivo da lide. ). E, via de conseqüência, não há de se falar em
incompetência da justiça estadual ao julgamento da demanda. Precedentes do STJ (CC 44.202/BA, DJ
27/09/2004, p. 181) e do TJDFT (1ª Turma Cível, Acórdão n.548301; 2ª Turma Cível, Acórdão
1164060; 4ª Turma Cível, Acórdão n.1110641; 3ª Turma Recursal, Acórdão 1109737, DJe
24.7.2018.
VII. Ausente, pois, qualquer das hipóteses do Art. 485 do CPC, urge a anulação da sentença extintiva
do feito em face da ilegitimidade passiva e de incompetência, e a devolução dos autos à origem para
regular processamento, uma vez que o processo não reúne as condições para seu imediato julgamento
(CPC, Art. 1013, § 3º), dada, inclusive, a possibilidade de eventual adequação da produção dos meios
de prova às necessidades do conflito.
VIII. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada. Determinado o retorno dos autos ao Juízo
a quo para regular processamento. Sem condenação em custas ou honorários advocatícios (Lei
9.099/95, Art. 55).
ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, EDUARDO HENRIQUE ROSAS - Relator,
CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO - 1º Vogal e ASIEL HENRIQUE DE SOUSA - 2º Vogal,
sob a Presidência do Senhor Juiz ASIEL HENRIQUE DE SOUSA, em proferir a seguinte decisão:
CONHECIDO. PRELIMINAR REJEITADA. PROVIDO. SENTENÇA ANULADA. UNÂNIME, de
acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.
RELATÓRIO
A súmula de julgamento servirá de acórdão, conforme inteligência dos arts. 2º e 46 da Lei n. 9.099/95.
DECISÃO