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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MIAS
Nº 70062706445 (N° CNJ: 0463207-10.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

EXECUÇÃO FISCAL. ICMS. PENHORA.


PRECATÓRIO. PREFERÊNCIA. ORDEM LEGAL.
RECUSA. POSSIBILIDADE. DINHEIRO. EMPRESA.
IMPENHORABILDADE. VERBAS TRABALHISTAS.
ALIMENTAR.

1. Precatório pode ser penhorado em execução fiscal.


Julgamento na forma do artigo 543-C do Código de
Processo Civil. REsp 1.090.898/SP.

2. É lícita a recusa de precatório à penhora pela


Fazenda Estadual por não atender a ordem de
preferência do art. 11 da Lei n.º 6.830/80. Precedentes
do STJ.

3. Em caso de recusa dos bens nomeados à penhora


pelo devedor, tem o credor direito de pedir a
constrição de dinheiro em depósito ou em aplicações
financeiras sem necessidade de tentar localizar outros
bens, em razão da preferência instituída pela lei
processual no art. 655-A do CPC. Julgamento na
forma do artigo 543-C do Código de Processo Civil.
REsp 1.112.943/MA.

4. O dinheiro depositado em conta bancária da


empresa devedora não está ao abrigo da
impenhorabilidade de que trata o art. 649, IV e X, do
CPC. Admite, contudo, a jurisprudência a liberação de
verba destinada ao pagamento dos salários dos seus
empregados. Hipótese, contudo, em que o pedido de
liberação deve ser apreciado em primeiro grau.
Negado seguimento ao recurso.

AGRAVO DE INSTRUMENTO VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

Nº 70062706445 COMARCA DE BENTO GONÇALVES


(N° CNJ: 0463207-10.2014.8.21.7000)

MOVELPAR INDÚSTRIA COMÉRCIO E IMPORTAÇÃO AGRAVANTE


LTDA.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVADO

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DECISÃO MONOCRÁTICA

1. Trata-se de agravo de instrumento interposto por


MOVELPAR INDÚSTRIA COMÉRCIO E IMPORTAÇÃO LTDA. contra a
decisão da MM. Juíza de Direito da Vara do Regime de Exceção da Fazenda
Pública da Comarca de Bento Gonçalves que, nos autos da ação de
execução fiscal que lhe move o ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL para
haver a quantia de RF$ 1.322.575,26 relativa a crédito de ICMS declarado,
em atraso, aparelhada nas certidões de dívida ativa n.º 14/25003 a
14/25009, (I) indeferiu o pedido de nomeação à penhora do crédito oriundo
dos precatórios n.º 50.676, 67.240, 93.148, 93.761, 96.389 e 64.206
adquiridos via cessão contratual de Tríade Investimentos Ltda., Leo Marco
Nunes Meira, Katya De Antoni Moreira, Nazi de Lima Machado, Bianca
Fernandes da Silva Machado, Adacir da Lima Rodrigues e Metalúrgica
USIMEC Ltda. e (II) deferiu a penhora de dinheiro por meio eletrônico. Argúi
a impenhorabilidade do valor bloqueado, porquanto se destina ao
pagamento dos vencimentos de seus empregados. Alega que (I) a
jurisprudência admite a penhora de precatórios, (II) a execução deve seguir
o meio menos gravoso ao devedor, nos termos do artigo 620 do Código de
Processo Civil, (III) os créditos oriundos de precatórios possuem privilégio
perante os demais bens previstos no artigo 11 da Lei 6.830/80, uma vez que
se trata de valores devidos pelo próprio Agravado, e (IV) não se trata de
pedido de compensação de crédito tributário, mas de garantia. Pede a
atribuição de efeito suspensivo ao recurso.

2. Penhora de precatório. Consoante a jurisprudência do


Superior Tribunal de Justiça adotada no REsp n.º 1.090.898/SP, Rel. Min.
Castro Meira, julgado no regime do artigo 543-C do Código de Processo

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Civil, "o crédito representado por precatório é bem penhorável, mesmo que a
entidade dele devedora não seja a própria exeqüente", em acórdão assim
ementado:

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL


REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO
CPC. RESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. EXECUÇÃO FISCAL.
SUBSTITUIÇÃO DE BEM PENHORADO POR PRECATÓRIO.
INVIABILIDADE.
1. ‘O crédito representado por precatório é bem penhorável, mesmo
que a entidade dele devedora não seja a própria exeqüente,
enquadrando-se na hipótese do XI do art. 655 do CPC, por se
constituir em direito de crédito’ (EREsp 881.014/RS, 1ª Seção, Rel.
Min. Castro Meira, DJ de 17.03.08).
2. A penhora de precatório equivale à penhora de crédito, e não de
dinheiro.
3. Nos termos do art. 15, I, da Lei 6.830/80, é autorizada ao
executado, em qualquer fase do processo e independentemente da
aquiescência da Fazenda Pública, tão somente a substituição dos bens
penhorados por depósito em dinheiro ou fiança bancária.
4. Não se equiparando o precatório a dinheiro ou fiança bancária, mas
a direito de crédito, pode o Fazenda Pública recusar a substituição por
quaisquer das causas previstas art. 656 do CPC ou nos arts. 11 e 15 da
LEF.
5. Recurso especial representativo de controvérsia não provido.
Acórdão sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC e da Resolução
STJ n.º 08/2008.”

Reconhece, contudo, o Superior Tribunal de Justiça que a


penhorabilidade dos precatórios não exclui o direito de o credor,
justificadamente, recusar a penhora, nos termos da legislação processual.

Nesse sentido, o julgamento do REsp 1180840/PR, Rel.


Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
21/10/2010, DJe 05/11/2010, a cujo teor

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“A jurisprudência deste Tribunal é firme no entendimento de que, não


se equiparando o precatório a dinheiro ou a fiança bancária, mas a
direito de crédito, a Fazenda Pública pode recusar sua nomeação à
penhora por quaisquer das causas previstas no art. 656 do Código de
Processo Civil. 2. Precedentes: REsp 1194992/RS, Rel. Min. Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 16.9.2010; REsp 1199771/PR, Rel.
Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8.9.2010; AgRg no REsp
1172243/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
29.6.2010; AgRg no REsp 1172244/PR, Rel. Min. Eliana Calmon,
Segunda Turma, DJe 22.6.2010; e AgRg no REsp 1173225/PR, Rel.
Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 3.8.2010”.

A esse propósito, ainda, o Agravo Regimental no Recurso


Especial n.º 1.173.176/PR, Relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, publicado em 30 de março de 2010, de seguinte ementa:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO


FISCAL. PENHORA DE PRECATÓRIO JUDICIAL.
PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE (ART. 620 DO CPC).
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
1. Embora reconheça a penhorabilidade dos precatórios judiciais, a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento
de que os referidos bens não correspondem a dinheiro, mas são
equiparáveis aos "direitos e ações" listados no art. 11, VIII, da LEF e
no art. 655 do CPC, sendo lícita a recusa, pelo credor, quando
devidamente justificada, tal como ocorrido na hipótese dos autos.
2. Orientação reafirmada pela Primeira Seção, no julgamento do
REsp. 1.090.898/SP, submetido ao rito do art. 543-C do CPC, e na
edição da Súmula 406/STJ.
3. A análise relativa à aplicação do princípio da menor onerosidade
(art. 620 do CPC) demanda, como regra, reexame da situação fática,
inviável em Recurso Especial. Aplicação da Súmula 7/STJ.
4. Agravo Regimental não provido.

No caso, a recusa está fundada na não comprovação (I), pela


Agravante, da impossibilidade de observância do rol estabelecido no artigo
11 da lei nº 6.830/80, (II) da habilitação da cessão de crédito quanto aos
precatórios indicados à penhora e (III) do preenchimento do disposto no

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artigo 100, parágrafo 14, da Constituição da República (fls. 77/80).

Efetivamente, a nomeação não respeitou a ordem do artigo 11.


Isso porque os direitos e ações, dentre os quais os relativos a precatórios,
figuram no último lugar do rol previsto na Lei 6.830/80, enquanto o dinheiro
figura em primeiro lugar.

Conforme já decidiu a Primeira Turma do Superior Tribunal de


Justiça, no Resp 1033615/SP. Rel. Min. Teori Albino Zavascki, em 23.04.08,
"Não cabe, com base no art. 620 do CPC (que consagra o princípio da menor
onerosidade), alterar, em benefício do devedor, a ordem legal de penhora. Tal ordem
é estabelecida em favor do credor e da maior eficácia da atividade executiva.
Somente em situações excepcionais é que se admite sua inversão e desde que,
reconhecidamente, isso não cause prejuízo algum ao exeqüente (CPC, art. 668)".

Há de se assegurar, dessa forma, a preferência legal dos bens


a serem penhorados. O princípio da menor onerosidade previsto no artigo
620 do Código de Processo Civil não obriga a aceitação da penhora do
precatório nomeado. Isto porque "A execução se opera em prol do exeqüente e
visa a recolocar o credor no estágio de satisfatividade que se encontrava antes do
inadimplemento. Em conseqüência, realiza-se a execução em prol dos interesses do
credor (arts. 612 e 646, do CPC). Por conseguinte, o princípio da economicidade não
pode superar o da maior utilidade da execução para o credor, propiciando que a
execução se realize por meios ineficientes à solução do crédito exeqüendo".

Nesse sentido a decisão prolatada no Agravo de Instrumento nº


70057275034, de minha relatoria, julgado em 07 de novembro de 2013:

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“EXECUÇÃO FISCAL. ICMS. PENHORA. PRECATÓRIO.


DINHEIRO. PREFERÊNCIA. ORDEM LEGAL. RECUSA.
POSSIBILIDADE.

1. Precatório pode ser penhorado em execução fiscal. Julgamento na


forma do artigo 543-C do Código de Processo Civil. REsp
1.090.898/SP.

2. É lícita a recusa de precatório à penhora pela Fazenda Estadual por


não atender a ordem de preferência do art. 11 da Lei n.º 6.830/80.
Precedentes do STJ.

3. Em caso de recusa dos bens nomeados à penhora pelo devedor, tem


o credor direito de pedir a constrição de dinheiro em depósito ou em
aplicações financeiras sem necessidade de tentar localizar outros bens,
em razão da preferência instituída pela lei processual no art. 655-A do
CPC. Julgamento na forma do artigo 543-C do Código de Processo
Civil. REsp 1.112.943/MA.
Negado seguimento ao recurso.”

A propósito, aplica-se a Súmula 406 do Superior Tribunal de


Justiça, pois se trata de recusa do bem ofertado à penhora.1

Registre-se, por fim, que sequer há prova do deferimento da


habilitação das cessões dos respectivos créditos nos processos dos quais se
originaram.

3. A contar da edição da Lei n.º 11.382, de 06 de dezembro de


2006, os depósitos e aplicações em instituições financeiras são os bens
preferenciais na ordem da penhora (artigo 655-A do Código de Processo
Civil). Há de se assegurar, portanto, a preferência legal dos bens a serem
penhorados, independentemente de “prévio exaurimento das medidas destinadas

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“A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório.”
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à localização de bens penhoráveis”.2 Conforme já decidiu a Primeira Turma do


Superior Tribunal de Justiça, no REsp n.º 1.033.615/SP. Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, em 23.04.08, “Não cabe, com base no art. 620 do CPC (que
consagra o princípio da menor onerosidade), alterar, em benefício do devedor, a
ordem legal de penhora. Tal ordem é estabelecida em favor do credor e da maior
eficácia da atividade executiva. Somente em situações excepcionais é que se admite
sua inversão e desde que, reconhecidamente, isso não cause prejuízo algum ao
exeqüente (CPC, art. 668)”.

No dia 15 de setembro de 2010, a Corte Especial do Superior


Tribunal de Justiça firmou entendimento nesse sentido ao julgar o REsp
1.112.943/MA, Relatora Ministra Nancy Andrigui, na forma do artigo 543-C
do Código de Processo Civil, em acórdão assim ementado:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO


CIVIL. PENHORA. ART. 655-A DO CPC. SISTEMA BACEN-JUD.
ADVENTO DA LEI N.º 11.382/2006. INCIDENTE DE PROCESSO
REPETITIVO. I - JULGAMENTO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS
QUE CARACTERIZAM A MULTIPLICIDADE. ORIENTAÇÃO –
PENHORA ON LINE.
a) A penhora on line, antes da entrada em vigor da Lei n.º
11.382/2006, configura-se como medida excepcional, cuja efetivação
está condicionada à comprovação de que o credor tenha tomado todas
as diligências no sentido de localizar bens livres e desembaraçados de
titularidade do devedor.
b) Após o advento da Lei n.º 11.382/2006, o Juiz, ao decidir acerca da
realização da penhora on line, não pode mais exigir a prova, por parte
do credor, de exaurimento de vias extrajudiciais na busca de bens a
serem penhorados.
II - JULGAMENTO DO RECURSO REPRESENTATIVO
- Trata-se de ação monitória, ajuizada pela recorrente, alegando, para
tanto, titularizar determinado crédito documentado por contrato de
adesão ao “Crédito Direto Caixa”, produto oferecido pela instituição
bancária para concessão de empréstimos. A recorrida, citada por meio

2
REsp 1201497/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 05/10/2010, DJe 21/10/2010.
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de edital, não apresentou embargos, nem ofereceu bens à penhora, de


modo que o Juiz de Direito determinou a conversão do mandado
inicial em título executivo, diante do que dispõe o art. 1.102-C do
CPC.
- O Juiz de Direito da 6ª Vara Federal de São Luiz indeferiu o pedido
de penhora on line, decisão que foi mantida pelo TJ/MA ao julgar o
agravo regimental em agravo de instrumento, sob o fundamento de
que, para a efetivação da penhora eletrônica, deve o credor comprovar
que esgotou as tentativas para localização de outros bens do devedor.
- Na espécie, a decisão interlocutória de primeira instância que
indeferiu a medida constritiva pelo sistema Bacen-Jud, deu-se em
29.05.2007 (fl. 57), ou seja, depois do advento da Lei n.º 11.382/06,
de 06 de dezembro de 2006, que alterou o CPC quando incluiu os
depósitos e aplicações em instituições financeiras como bens
preferenciais na ordem da penhora como se fossem dinheiro em
espécie (art. 655, I) e admitiu que a constrição se realizasse
preferencialmente por meio eletrônico (art. 655-A).
RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

Na espécie, estão presentes os requisitos para a penhora em


dinheiro. A um, porque, citada, a Agravante não pagou o débito. A dois,
porque a nomeação de precatório não atendeu à ordem prevista no artigo 11
da Lei n.º 6.830/80. A três, porque o princípio da menor onerosidade previsto
no artigo 620 do Código de Processo Civil não impede a penhora de dinheiro
por meio eletrônico. É que “A execução se opera em prol do exeqüente e visa a
recolocar o credor no estágio de satisfatividade que se encontrava antes do
inadimplemento. Em conseqüência, realiza-se a execução em prol dos interesses do
credor (arts. 612 e 646, do CPC). Por conseguinte, o princípio da economicidade não
pode superar o da maior utilidade da execução para o credor, propiciando que a
execução se realize por meios ineficientes à solução do crédito exeqüendo”.3

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REsp n.º 927.025/SP, Primeira Turma do STJ, Relator Ministro Luiz Fux, julgado em
18.03.2008.
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Daí que, a despeito de não terem sido exauridas as diligências


pelo credor, nem tampouco terem restado frustradas as tentativas de
constrição de outros bens, é possível a penhora de dinheiro.

Não procede, igualmente, a alegada impenhorabilidade dos


valores bloqueados em virtude do seu caráter alimentar, “porquanto a restrição
recai diretamente valores destinados ao pagamento da folha de salários dos
funcionários da empresa agravante” (fl. 15). Com efeito, artigo 649, inciso IV, do
Código de Processo Civil, protege da execução forçada as verbas que
possuem natureza alimentar, destinadas ao sustento do devedor e da sua
família.

É certo que a jurisprudência tem admitido a liberação de


dinheiro da empresa para pagamento de verbas decorrentes da relação de
emprego, pois “as obrigações trabalhistas, fiscais e previdenciárias têm preferência,
por fortes motivações sociais, sobre o pagamento das demais obrigações”4.

Todavia, no caso, não é de ser apreciado tal pedido, porquanto


não formulado em primeiro grau.

Ante o exposto, nego seguimento ao recurso.

Intimem-se

Porto Alegre, 25 de novembro de 2014.


4
REsp 251.151/RJ, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em
15/06/2000, DJ 22/10/2001, p. 327.

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Des.ª Maria Isabel de Azevedo Souza


Relatora

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